54)  O mordomo infiel
 
1. O sábio procedimento do mordomo: Lc 16:1-7. 
2. A sentença do seu senhor: v.8-13. 
 
Explicação e Ensinamentos: 
Mencione alguns mordomos fiéis do Velho Testamento, como Elieser, José e outros. - Qual era o dever deles? O mordomo(1) de nossa parábola, porém, foi injusto e infiel. Ele, por essa razão, não continuaria no cargo. Quando o seu senhor o avisa que será demitido, ele aproveita o pouco tempo que lhe resta no cargo, para tratar do seu futuro. 
Essa sabedoria, pois, de que o mordomo fez uso (não a sua injustiça), é louvada pelo seu senhor (este "senhor" do verso 8 não é o Senhor Jesus).(2) O mordomo não estava acostumado a trabalhar, talvez até tinha preguiça; e para mendigar, tinha vergonha. O que fez então visa cultivar a simpatia daqueles que arrendavam as terras que administrava ("os devedores"): 
Ele os chama e lhes propõe condições muito mais favoráveis para o arrendamento em safras futuras. Como recompensa disso, assim raciocina o mordomo, esses devedores o receberiam mais tarde em suas casas. 
 
Aplicação: 
O "Senhor Rico" é Deus, e o homem (especialmente Israel) é o mordomo. "Os Bens" são as coisas desta terra. Em virtude da infidelidade do homem (desde a queda de Adão), Deus lhe anunciou sua demissão, mas por um pouco de tempo o homem ainda está na posse dos bens. Será que ele agora voltará o seu coração e os seus anseios para o porvir, deixando de lado as coisas visíveis, os bens fúteis, o mamom injusto? Deus usa estes termos justamente porque há tanto pecado e culpa envolvidos com o dinheiro. Se o pecado não existisse no mundo, certamente o dinheiro também não existiria. O crente deveria, no entanto, aproveitar o dinheiro dentro dos planos de Deus e para o bem dos outros. Onde há fé verdadeira e amor divino, o coração está livre de ganância, de amor ao dinheiro e ao mundo, ali também há compaixão e atenção para a necessidade do pobre. Quem ama o dinheiro e as coisas transitórias, não acha prazer nos tesouros e bênçãos divinas e eternas. Deus não dá aquilo que é "verdadeiro" àquele que tem prazer nos tesouros e riquezas passageiras. O Senhor disse aos discípulos: "Se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará, o que é vosso?" (* Lc 16:10-13). "O alheio”, para os crentes, significa aquilo que é terreno: posses e bens; "O vosso", são bens e bênçãos espirituais e celestiais. Estas são as "verdadeiras riquezas". Nenhum servo pode servir a dois senhores. Tampouco, e menos ainda, um coração humano pode buscar agradar e servir a Deus, e ao mesmo tempo procurar dinheiro e bens mundanos, para possuir e gozar deles. 
A próxima história, a do homem rico, neste mesmo capítulo (Lc 16:19-31), que vivia todos os dias regalada e esplendidamente, só pensava em si, e não se importava com Deus e Sua obra, nem com o Seu povo, nem com o pobre Lázaro e, portanto, não era um mordomo fiel, mostra-nos qual é o fim e a parte eterna de tal pessoa. Deus não pôde revelar a Sua salvação a um coração que tanto amava o dinheiro e o luxo. Esse homem não aproveitou para conquistar amigos por meio dessas suas riquezas injustas. Quando, então, o seu "mamom" acabou (v. 9), isto é, quando a morte chegou, onde o dinheiro não mais tinha valor, Deus não o pôde acolher nos tabernáculos eternos. Ao centurião Cornélio (At. 10), porém, que tinha prazer em ajudar os pobres, Deus confiou as riquezas "verdadeiras". A ele foi apresentado o evangelho, o qual ele aceitou pela fé, e pelo qual também foi salvo. Nem suas orações, nem as esmolas podiam salvá-lo e fazê-lo feliz (compare At 10:2 com 11:14). Não é pelas obras que a pessoa é justificada (Rm 3:20; Ef 2:8-9). Mas daqueles que abençoou com bens materiais, Deus espera que sejam os Seus mordomos; daqueles que já conhecem a sua graça, espera que "façam o bem e sejam ricos em boas obras" (* 1 Tm 5:17-19). Aqui (v. 9), o ensino do Senhor Jesus não é como chegar ao céu por meio de esmolas, mas como a atenção e o coração de alguém, que queira ir ao céu, precisam necessariamente estar voltados para a eternidade. 
(1) o Mordomo é um Administrador de Bens. 
(2) Aquilo que o mordomo estava fazendo agora (v. 5-7) com certeza não foi injusto, e nem para prejuízo do seu senhor, do contrário não teria sido louvado, mas preso e castigado. Sua proposta não consistia num desconto feito sobre o débito existente, mas de uma redução da comissão para futuros arrendamentos, importância essa que caberia quase toda ao mordomo. O mordomo pagava ao seu senhor em uma cota única, anual, fixa, daquilo que recebia como comissão do arrendamento. O que sobrava (e que consistia em produtos como azeite, trigo, etc.), geralmente pertencia a ele, digo, aos mordomos. Ele tinha poder para aumentar ou diminuir o valor do arrendamento. Talvez o mordomo até então havia cobrado demais, pelo que o arrendatários defraudavam o valor da colheita, o que indiretamente estaria prejudicando o seu Senhor. Esta talvez fosse a causa da sua demissão. 
 
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