Há no coração de cada cristão verdadeiro o desejo sincero de servir ao Senhor. Entretanto, é necessário um exercício de oração e estudo detalhado da Palavra de Deus para aprender, inicialmente, a renúncia da vontade própria e o discernimento da vontade do Senhor.
 
Devemos reconhecer, com humildade, que falhamos muito, e estamos sempre aquém de onde deveríamos estar no propósito de Deus para com cada um dos que Lhe pertencem.
 
Olhando superficialmente a Palavra de Deus, podemos ser levados a concluir que há muito serviço e atividade para os homens, e quase nada para as mulheres piedosas. Lembramo-nos dos apóstolos, todos homens. Quando olhamos para o livro de Atos, vemos tantos homens em viagens, perseguições, prisões, pregações, porém quase nada das “santas e piedosas”. Lemos o evangelho apresentado por quatro homens. Algumas mulheres entram em cena e logo desaparecem.
 
No Velho Testamento, encontramo-nos com os profetas … homens, com raríssimas exceções. Os reis de Israel foram dezenove, e nenhuma rainha. Em Judá também, dezenove homens reinaram, e somente uma rainha (péssima rainha).
 
Aparentemente, somos levados a concluir que as mulheres salvas não podem fazer nada, ou quase nada, no serviço do Senhor. O que as Escrituras ensinam sobre a esfera de serviço e atuação das irmãs?
 
Antes, porém, de responder a essa pergunta, devemos observar três detalhes de grande importância:
 
a) A intenção de fazer — Deus sabe exatamente porque fazemos aquilo que fazemos. “O Senhor não vê como o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração” (I Sm 16:7). Também o Senhor Jesus Cristo disse: “…Eu sou aquele que sonda os rins e os corações…” (Ap 2:23).
 
Essas verdades devem fazer-nos parar para um auto-exame na presença do Senhor. Como o salmista orou, devemos orar: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos…” (Sl 139:23).
 
É próprio da natureza humana o orgulho, pois cada um pensa que está certo e faz tudo certo. O sábio rei Salomão, orientado pelo Espírito Santo, adverte-nos dizendo: “Todo caminho do homem é reto aos seus olhos, mas o Senhor sonda os corações” (Pv 21:2).
 
b) O reconhecimento no fazer — Somos apenas servos. Isso mesmo! Não somos donos da obra, e nem de nós mesmos! Fomos comprados por bom preço (I Co 6:20; 7:23). Na verdade, somos escravos do Senhor Jesus Cristo, como Paulo e Timóteo (Fl 1:1), sem direito a fazer a nossa própria vontade, satisfazendo o nosso ego. Tenhamos em mente, também, o exemplo do próprio Senhor em Fl 2:5-8 e Mc 10:45.
 
Muitos erros seriam evitados se, de fato, todos nós, incluindo aqueles que se julgam mais importantes, lembrássemos que somos apenas, e igualmente, “pequenos servos dum grande Senhor”.
 
c) A obediência ao fazer — A repreensão dada a Saul é bem clara, e igualmente válida para os nossos dias: “…eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (I Sm 15:22).
 
Não resolve apenas fazer e fazer; é necessário obedecer para então fazer conforme a instrução dada na Palavra de Deus. Vamos prestar contas Àquele que nos disse como fazer (Rm 14:10; II Co 5:10). Tenha em mente também I Co 3:12-15, imaginando o volume da palha e o valor do ouro. Lembrando-se ainda que quem atribui o devido valor ao serviço feito é o próprio Senhor (“Procura apresentar-te a Deus aprovado”, não aos homens).
 
Sugiro, com reverência, que obediência vale ouro. Seja qual for o serviço, o importante é obedecer. Não importa a escala de valores apresentada por homens, pois “…mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5:29).
 
Com estes pensamentos fixos em nossa mente, analisaremos em três pontos a alegria que uma mulher piedosa pode causar no coração de Deus, quando esta se submete à Sua inteira e soberana vontade e, de coração, dispõe-se a obedecê-Lo fiel e integralmente.
 
1. Apresentação silenciosa
 
Apresentar-se sem dizer palavra alguma é um tanto difícil! Mas é assim que tem que ser. As instruções na Palavra de Deus são absolutamente claras e não deixam dúvidas. Observe, porém, que esse silêncio “fala” muito alto:
 
1.1. O véu “fala”
O “sinal de poderio” escolhido por Deus, usado pelas irmãs durante as reuniões da igreja, indica, inicialmente, que ela aceita sua posição: “Cristo é o cabeça de todo varão, e o varão a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo” (I Co 11:3).
 
Voltando ao jardim do Éden, aprendemos o plano maravilhoso de Deus na criação. Entre tantas maravilhas, Ele fez a mulher do próprio homem, para que lhe fosse adjutora idônea. Ela foi criada por causa do homem. Ela é a glória do homem (I Co 11:7-9). No mundo, a mulher não quer ser a glória do homem; luta para ser a cabeça do homem. Exatamente o oposto do plano de Deus!
 
Usando véu, a mulher salva mostra (ou “fala”) que compreendeu o propósito de Deus na criação.
 
Deus deu uma glória à mulher também: o cabelo comprido. Porém, nas reuniões da igreja, nem a glória do homem (a mulher), nem a glória da mulher (o seu cabelo comprido) devem aparecer. Não há necessidade de cortar o cabelo para cobrir a glória, basta usar o véu!
 
Infelizmente, o v. 15 de I Co 11 é muito mal compreendido: “porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu”. Este versículo não invalida os demais quanto ao uso do véu. A instrução dada é em relação ao comprimento do cabelo e a devida explicação (porque tem que ser assim).
 
Nos versículos 4, 6 e 7, onde lemos “coberta”, “se cobre”, “cobrir” (ARC) ou “coberta”, “usa véu”, “cobrir” (ARA) a palavra grega é katakalupto, ou seja, ocultar ou cobrir completamente. No v. 15, a palavra usada no original é outra — peribolaiõn, que significa vestimenta, véu, vestido ao redor de alguém.
 
A primeira palavra foi usada pelo Espírito Santo para uma cobertura não natural, para ocultar as glórias do homem e da mulher. A segunda palavra mostra algo que Deus mesmo fez, isto é, uma cobertura natural para a mulher, o cabelo comprido. Em Hb 1:12 esta mesma palavra é traduzida “manto”. Não haveria necessidade de usar palavras diferentes, com significados diferentes, para dizer a mesma coisa no mesmo contexto.
 
Além dos homem (seres humanos) poderem ver e aprender o plano e propósito de Deus, os anjos também observam tudo e ficam impressionados, sendo levados a glorificar a Deus.
 
Sem dúvida alguma, a obediência ao uso do véu é algo de valor indizível.
 
1.2. As vestes “falam”
Lendo o capítulo 2 de I Timóteo, observamos num primeiro plano as reuniões da igreja, pois Paulo fala de homens orando e mulheres em silêncio.
 
Num segundo plano, temos a vida diária, pois são usadas expressões como “…orem em todo lugar…”; “…autoridade sobre o marido…”; “…dando à luz filhos…”, etc.
 
Neste “contêxto duplo” o Espírito Santo “encaixa” a instrução, tão controvertida, da vestimenta feminina (para mulheres salvas, obviamente).
 
Especificar peças de roupa que podem ou não ser usadas é ir além das Escrituras. Se o Espírito Santo não fez isto, por que iríamos fazê-lo? Entretanto, os detalhes são tantos e tão claros que qualquer mulher que de fato é piedosa saberá escolher suas roupas de maneira digna da fé que professa. Observe os detalhes:
 
a) Honestidade (decência) — a palavra no original é kosmios, que segundo J. Allen (Comentário Ritchie vol. 12, pág. 73) indica algo arrumado ou ordeiro. O cristão deve ser ordeiro em todos os aspectos. Podemos identificar traços do caráter de uma pessoa pela sua maneira de se vestir (por exemplo: arrumado-relaxado, moderado-extravagante, etc). Pessoas não salvas observam-nos com critérios rígidos. Ocasionalmente o cristão encontrar-se-á andando na moda, mas nunca deverá acompanhar a moda. As pessoas do mundo sempre desejam algo novo, diferente. O verdadeiro cristão, porém, ocupa-se com coisas eternas. Não obstante, aos olhos do mundo estará sempre em perfeita ordem e decência na maneira de vestir.
 
b) Pudor — aidos no original. Segundo o mesmo comentarista, é “uma repulsa a tudo o que é impróprio”. Eu diria que é uma apurada sensibilidade no sentido moral, que só é possível àquele que tem o Espírito Santo habitando em si mesmo, ou seja, aquele que é salvo. Muitas mulheres, verdadeiramente salvas, vivem tão longe da presença de Deus que nem sequer imaginam que determinadas roupas que usam são totalmente inadequadas para uma serva do Senhor Jesus Cristo. Quando nossos primeiros pais perceberam que estavam nus, Deus mesmo fez vestimentas para cobrir a sua nudez. No caso específico das mulheres, a vestimenta mundana cobre a nudez em parte. Detalhes ousados deixam à mostra algumas partes do corpo, tornando a mulher um mero objeto de paixão lasciva. Infelizmente, muitas irmãs que deveriam ser vistas como “santas e piedosas” são facilmente confundidas com o mundo pela sua vulgaridade.
 
c) Modéstia — no grego, sophosune, “mente sadia, mente equilibrada”. Indica seriedade. Exatamente o oposto daquilo que é extravagante ou mesmo irreverente. A Palavra de Deus ensina-nos que somos sacerdotes (Ap 1:6; I Pd 2:9; etc.). No Velho Testamento os sacerdotes vestiam-se de maneira que eram facilmente identificados. As mulheres espirituais serão também facilmente identificadas pela sua reverência e seriedade ao escolherem suas roupas.
 
d) Tranças — Faz-nos pensar no tempo excessivo gasto com aquilo que é desnecessário. Além de mudar com freqüência o penteado, mudam até a cor dos cabelos! No chamado “Sermão da Montanha”, o Senhor Jesus Cristo disse: “Não podes tornar um cabelo branco ou preto”, falando da capacidade do homem. Em nossos dias, talvez até desafiando a Deus, mulheres (e homens também!) mudam a cor dos cabelos não apenas para branco ou preto, mas qualquer cor! Até pessoas idosas fazem isto, esquecendo-se que Deus chama cabelo branco de “coroa de honra” (Pv 16:31). Aquilo que os homens dizem ser “efeito do tempo”, Deus diz que é “a beleza dos velhos” (Pv 20:29). A atitude da mulher espiritual será desligar-se das vaidades passageiras e pensar “nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra” (Cl 3:2).
 
e) Ouro, pérolas, vestidos preciosos — Objetos, jóias e roupas caras demonstram ostentação, vontade de aparecer. Lembre-se de “…nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo rico, por amor de nós se fez pobre; para que pela Sua pobreza enriquecêsseis” (II Co 8:9). Também o mesmo Senhor, sendo Deus, “não teve por usurpação o ser igual a Deus. Mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens; e achado na forma humana, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2:6-8). O Rei dos reis veio ao mundo numa manjedoura! O Senhor dos senhores lavou os pés dos discípulos! Quantas lições!
 
Creio que as palavras “ouro e pérolas” descrevem mais que enfeites na roupa; descrevem o uso de enfeites no corpo também. Colares, pulseiras, anéis, brincos, pendentes diversos… Qual é a instrução dada na Palavra de Deus? “Não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos” (I Tm 2:9). “O enfeite delas não seja o exterior, no frisado de cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura de vestidos” (I Pd 3:3). É interessante como os dois apóstolos ensinam a mesma coisa. Sem dúvida é a vontade de Deus. Será que é tão difícil ser diferente do mundo, ficando sem esses aparatos? Ainda que seja difícil, é uma ordem do Senhor. Não adianta fazer o que Ele não pede; é necessário fazer o que Ele manda. Prezada irmã, mesmo em silêncio você pode mostrar a quem é que pertence. Obediência vale ouro!
 
Há ainda um outro detalhe que encontramos no Velho Testamento acerca da distinção de vestimentas entre os sexos. Desde o Éden Deus fez esta distinção tão clara: “…macho e fêmea os criou” (Gn 1:27). Muitos anos depois, Moisés instruiu a nação de Israel dizendo: “Não haverá traje de homem na mulher, e não vestirá o homem vestido de muher” (Dt 22:5). Mais uma vez não é necessário explicar o que é roupa de homem ou roupa de mulher. O que é masculino no ocidente, pode não ser no oriente, e vice-versa. Entretanto, cada pessoa em sã consciência, dentro da sua cultura, saberá fazer distinção entre uma veste típica de homem e uma veste típica de mulher. Satanás não gosta desta distinção; ele gosta de confusão. O mundo segue Satanás e faz a confusão que ele gosta. Entretanto, cabe ao cristão verdadeiro o discernimento para não fazer aquilo que o mundo faz.
 
Nesse pormenor, as irmãs têm um grande privilégio de testemunhar o quanto são diferentes das mulheres incrédulas.
 
  • Agora, atente para dois exemplos na Palavra de Deus, de mulheres piedosas que se “apresentaram em silêncio”, que foram notadas pela sua humildade:
 
Rebeca — o namoro sem palavras (Gn 24:63-67). Abraão enviou seu servo de confiança para buscar uma esposa para seu filho. Provavelmente, Isaque ficou sabendo disto e começou a orar. Creio que ele ficava imaginando como seria ela! Nunca a tinha visto! A resposta veio de camelo.
 
Rebeca, ao vê-lo, cobriu-se com o véu (o véu oriental que cobre o rosto). Sei que isto é um costume oriental, mas indica a discrição e recato que são um exemplo a ser seguido pelas moças de hoje.
 
O servo de Abraão contou as virtudes de Rebeca, e mesmo ela estando empoeirada da longa viagem no deserto, sem tempo de se arrumar com joias, penteado e pintura no rosto (é interessante notar que ela cobriu o rosto em vez de pintá-lo), Isaque trouxe-a, tomou-a e amou-a.
 
Ester — simplesmente sábia. Fico imaginando se ela tivesse se casado com Salo-mão! Descontração à parte, o livro de Ester é muito negligenciado, infelizmente.
 
No cap. 2:15-17, encontramos Ester no cativeiro, órfã de pai e mãe, sendo levada ao rei Assuero. Ela foi comparada com muitas outras. Todas foram igualmente preparadas durante um ano. Na hora da apresentação, podiam pedir o que quisessem para se enfeitar. Ester usou apenas o que lhe foi dado. Ganhou a coroa real.
 
Há uma lição aqui para as irmãs: use na sua “apresentação” somente aquilo que Deus lhe deu para usar: uma vestimenta decente para cobrir a nudez; o cabelo comprido que é seu manto natural (os homens não têm esse manto — usam cabelo curto); e o véu nas reuniões da igreja.
 
Sem dúvida alguma, você receberá do “Esposo” uma coroa de aprovação, quando comparecermos perante Ele no Seu Tribunal.
 
A. S. Torres
 
Extraído da Revista O Caminho – Números 21.
https://periodicoocaminho.blogspot.com.br/p/indice-cronologico-dos-artigos-de-o.html

 

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