Hamer Bay, Ontario – 11 de outubro de 2008

 

Eu gostaria de falar sobre o assunto do tribunal de Cristo nesta tarde. Enquanto sua mais larga aplicação inclui crentes e incrédulos, é sobre o lado dos crentes que eu quero limitar minhas observações.

O tribunal de Cristo em conexão com os crentes é um evento que irá acontecer logo após sermos chamados para estar com o Senhor em sua vinda – o arrebatamento. Depois de sermos levados para a casa do Pai, todos nós compareceremos diante do tribunal de Cristo para termos nossas vidas revistas e avaliadas pelo próprio Senhor.

Vamos olhar antes de tudo, para Ap 19:7-8, “Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado [concedido] que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos.” [Ver Nota 1]. Este versículo não menciona o tribunal de Cristo diretamente, mas está implícito no fato de que a maneira na qual a noiva (a igreja) tem conduzido a si mesma na terra é refletida no que lhe é “dado” para se vestir para “as bodas do Cordeiro“. No tribunal, nos serão “concedidos” os resultados de nossas vidas, e eles serão vistos naquele momento e durante todo o dia milenar. O ponto que eu gostaria de destacar aqui é que ela “se apronta” para essa ocasião. Isto significa que o que nós fazemos AGORA em nossas vidas, afeta em como nós iremos parecer naquele dia. Isso deve ser um exercício para todos nós.

O Que não é

Alguns cristãos olham para o tribunal com trepidação e até mesmo com medo. Mas nós não temos nada a temer, porque não será um julgamento de nossos pecados em um sentido penal. Não é a pessoa que está sendo julgada, mas suas obras. O tribunal de Cristo não é um exame para ver se nós estamos aptos para o céu – se somos verdadeiramente salvos ou não. Nossa aptidão para o céu depende inteiramente da redenção que Cristo realizou na cruz. A Bíblia diz “dando graças ao Pai, que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz. Ele nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor” (Cl 1:12-14).

A questão inteira de nossos pecados foi resolvida de uma vez por todas quando nós fomos salvos. O Senhor disse “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” (Jo 5:24). O que mais poderíamos precisar de garantia do que ter essa promessa vinda da boca do próprio Senhor que nós “não entraremos em condenação!” O apóstolo Paulo confirma isso dizendo “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1). “Em Cristo” é um termo paulino usado muitas vezes em suas epístolas para denotar o lugar de aceitação do cristão diante de Deus. Estar “em Cristo” significa “estar no lugar de Cristo diante de Deus”. Ele foi aceito por nós, e a medida de Sua aceitação é nossa! Portanto, não há nada para temermos a respeito do tribunal de Cristo. A Escritura nos diz, “Nisto é perfeito o amor para conosco, para que no Dia do Juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo” (1 Jo 4:17) Assim como Cristo permanece diante de Deus em perfeita aceitação, “somos nós também” até mesmo enquanto estivermos aqui neste mundo. Nós estamos aptos para o céu agora assim como para sempre estaremos!

Dois Tipos de Juízes

Há dois tipos de juízes na sociedade atual, e o Senhor irá exercer julgamento no caráter de ambos. Primeiramente, há um magistrado. Este tipo de juiz é investido de autoridade nos tribunais judiciais da região e tem autoridade para proferir a sentença de um julgamento a um infrator da lei e condená-lo a prisão, se necessário. E também há um juiz (um árbitro) em uma exibição, isto é, uma mostra de artes. Este último tem conhecimento em certa área de especialização para decidir sobre os méritos dos objetos diante dele. Ele está na exibição para avaliar a qualidade e o acabamento dos artigos ali mostrados.

Como mencionado, o Senhor exercerá julgamento no caráter de ambos os juízes. Ele irá lidar com aqueles que estão perdidos como um magistrado lida com criminosos (Ap 20:11-15). Isto não é algo que Ele queira fazer, mas o pecado do homem O força a agir desta maneira. Julgamento desse tipo é a “estranha obra” do Senhor, porque isto é estranho a Ele (Is 28:21). Sua verdadeira natureza é amor e suas mais profundas intenções para com os homens são para abençoá-los (Gn 1:28). Entretanto, santidade é também a essência de Seu ser e a justiça divina exige que o pecado seja punido. De maneira grata nós podemos dizer que enquanto a santidade de Deus requer juízo contra o pecado, o amor de Deus providenciou uma maneira de escape, pela redenção que há em Cristo Jesus (Rm 3:24). Como mencionado, o crente nunca irá encarar este tipo de julgamento por causa da poderosa obra de Cristo na cruz. Mas o Senhor irá revisar a vida do crente como um árbitro em uma mostra de arte, avaliando sua vida e recompensando-o pelas coisas que foram feitas por causa do Seu nome. O caráter de toda sessão será: revisão, recompensa e regozijo.

O Duplo Propósito do Tribunal

A grande pergunta que muitos cristãos têm a respeito do tribunal de Cristo é, “Por que nós precisamos passar por isso? É realmente necessário para o crente ser julgado desta maneira?” A resposta, claramente, é sim. O Senhor não fará algo que não seja necessário. Eu creio que há duas principais razões para o tribunal. Uma tem um impacto futuro e a outra um impacto presente em nossas vidas.

1) Para Aumentar o Eterno Louvor de Deus e de Seu Filho

Nós todos concordamos que o Senhor merece o mais completo louvor de cada um de nós. O resultado de comparecer diante do tribunal de Cristo fará exatamente isso – aumentará a quantidade de nosso louvor por toda a eternidade. Nós temos um hino que enfatiza isso. Ele diz, “Contudo Salvador, Tu terás completo louvor” (Little Flock #195). Agora poderíamos perguntar como que tal experiência aumentaria nosso louvor.

Eu creio que há, talvez, três maneiras pelas quais isto irá se realizar:

A) O Senhor exaltará a graça de Deus diante de nossos olhos, por meio da qual nossa apreciação será aprofundada significativamente, e assim produzirá uma quantidade maior de louvor vindo de nossos corações. O Senhor examinará toda a nossa vida, desde antes de nós sermos salvos até o nosso último dia na terra, e nós veremos os nossos pecados à luz de um Deus infinitamente santo. Coisas que podemos não pensar ser pecado agora, veremos que são de fato pecado. Tudo estará em verdadeira luz nesse dia. J. N. Darby disse, “Naquele dia, nós aprenderemos a verdadeira maldade de nossa carne (nossa natureza caída).” Quando pensamos em nossos pecados agora, nós os vemos como uma pilha (amontoado) – e nós certamente não nos orgulhamos disso – mas naquele dia Ele nos mostrará que eles eram uma montanha!

Então nós iremos ver a graça de Deus elevando-se ao topo de todos os nossos pecados ao lançar todos eles sobre a justa base da obra consumada de Cristo. Nós iremos entender, de uma maneira profunda, a verdade de Romanos 5:20 que diz, “Onde o pecado abundou, superabundou a graça“. E veremos que Deus glorificou a Si mesmo sobre toda a questão do pecado. O resultado será um alto e fervoroso louvor dos redimidos no céu. A quantidade de louvor será muito maior do que se nós não tivéssemos passado pelo processo de revisão no tribunal.

Albert Hayhoe costumava usar um exemplo hipotético a respeito disso. Ele nos pedia para supormos que o Senhor deu a cada um de nós a opção de comparecer diante do tribunal ou não. E quando esse dia chegou, todos os santos concordaram em comparecer, exceto um homem. Quando tudo acabou, o louvor que fluiu daqueles que passaram pelo processo abafou o pobre louvor daquele que se recusou ter a experiência. Eu acredito que você pode entender a questão. Se nós queremos verdadeiramente que o Senhor tenha o mais completo louvor, nós nos alegraremos pela revisão no tribunal.

B) O Senhor revelará a sabedoria de Seus caminhos para conosco na terra. Isso também acrescentará a quantidade de louvor que procederá do coração dos santos. Todos nós passamos por alguma dificuldade e coisas desconcertantes acontecem em nossas vidas, e esta revisão justificará a Deus em Seus caminhos para conosco. O Senhor vai nos levar através de nossas vidas, passo a passo, e mostrará a nós que Ele não cometeu nenhum erro naquilo que Ele permitiu. Naquele dia, Ele vai responder todas as perguntas difíceis que nós tivemos sobre o porquê de certas coisas acontecerem a nós. Ele vai nos mostrar que havia um propósito divino de amor por detrás disso e uma “necessidade” para isso tudo (1 Pe 1:6).

Hoje nós temos muitas perguntas sem respostas sobre coisas em nossas vidas, mas naquele dia nós iremos conhecer as respostas. Talvez nós tivemos sofrimentos com relação aos nossos filhos. Ou talvez algo concernente a um relacionamento rompido. Ou talvez um sofrimento por uma enfermidade que nós tivemos que passar. Talvez seja o falecimento de um ente querido. O que quer que seja, diante do tribunal o Senhor vai mostrar para nós que não derramamos uma lágrima desnecessária. Lembre-se, todos nós estamos em Sua escola, e Ele está nos treinando para sermos participantes de Sua santidade (Hb. 12:10). Nós aprenderemos que cada grama de sofrimento que nós tivemos que passar foi pesado em Sua divina balança, no mais terno amor, antes de ser lançado sobre nós. E Ele nos mostrará que isso tem sido usado para nos fazer conformes, moralmente, à Sua imagem (Rm 8:28-29).

Quando nós olhamos para o que o Senhor está fazendo em nossas vidas agora, parece uma bagunça, mas naquele dia nós saberemos o porquê de tudo isso – e isso fará perfeito sentido. Nós conheceremos de uma maneira mais profunda a verdade do versículo que diz, “O caminho de Deus é perfeito” (Sl 18:30). E nós O louvaremos por isso. De fato, nós O louvaremos de uma maneira mais grandiosa e mais significativa que nós nunca faríamos se não tivéssemos passado pela experiência do tribunal.

C) O Senhor nos recompensará por coisas que nós fizemos por causa do Seu nome. Ele usará a ocasião do tribunal para determinar nossas recompensas no reino. Quando nós vermos as recompensas que Ele nos dará pelas menores coisas que fizemos por Ele, isso produzirá ainda mais louvor para Ele.

Naquele dia, Ele vai encontrar algo para recompensar cada um de nós – até mesmo se nós tivermos gastado a maior parte de nossas vidas para nós mesmos! A Bíblia diz, “Então, cada um receberá de Deus o louvor” (1 Co 4:5). É difícil de acreditar, mas quando o Senhor revisar nossas vidas, Ele na verdade vai encontrar coisas para nos recompensar. Ele não se esquece de nada. Ele vai procurar com Seu olho que tudo vê por qualquer grão de bondade, independente de quão microscópico seja, e se tiver sido feito para Ele, isso será recompensado. Coisas como dar um copo de água para alguém em Seu nome serão recompensadas naquele dia! (Mt 10:42). Ele encontrará coisas feitas para Si mesmo que nós já tínhamos esquecido há muito tempo, e nós iremos nos maravilhar por Ele estar nos recompensando por isso. Ele vai dizer para cada um de nós, “Bem está, servo bom e fiel” (Mt 25:21).

 

Obras de grandeza, como foram observadas,

Ele irá mostrar, eram apenas pecado

Ações de bondade, há muito não lembradas,

Ele irá mostrar, para Ele foi dado.

 

É até mais difícil de acreditar que quando nós chegarmos lá, ELE VAI NOS LOUVAR! Mas isso é o que esse versículo diz, Cada um receberá de Deus o louvor.” Eu costumava pensar que nós iríamos para o céu para louvar a Deus – o que certamente é verdade – mas este versículo diz que nós vamos para o céu para receber louvor de Deus! Isso é espantoso! Mas é o que vai acontecer. Cada um terá “glória só em si mesmo e não noutro” (Gl 6:4). Porém, mais do que apenas se gloriar em nós mesmos pelo o que nos foi dado, haverá um maior louvor derramado de nossos corações para Ele. Nós seremos grandemente humilhados por Sua graça e bondade, e isso nos fará louvá-Lo muito mais. O grande resultado disso tudo será que nós encheremos os céus com Seu louvor porque Ele é digno.

 

2) Para nos motivar a viver para Cristo

 

Outro propósito do tribunal de Cristo é nos motivar a viver para Cristo agora enquanto nós estamos aqui neste mundo (2 Co 5:10-11). A primeira razão tem a ver com o futuro, mas esta segunda razão tem a ver com o presente. Deus tem a intenção de que isso tenha um efeito presente em nós. Quando nós percebemos que tudo que nós fazemos para o Senhor terá uma recompensa naquele dia vindouro, isso nos motiva a começar a ajuntar tesouros para aquele dia. O Senhor diz, “Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Mt 6:20-21).

 

Às vezes as pessoas dirão, “Mas nós não deveríamos fazer coisas apenas para ganhar uma recompensa. Isso deveria ser feito para Cristo”. E isso é verdade. Nosso maior motivo para as coisas que nós fazemos deveria ser puramente porque nós amamos o Senhor e queremos fazer coisas que irão agradá-Lo. Entretanto, quando o Sr. Kohler ouviu alguém falar isso, ele disse, “Eu quero conseguir todas as coroas que eu puder, porque naquele dia eu terei mais para lançar aos Seus pés!” (Ap 4:10).

 

Cinco Áreas de Revisão

 

Cada vez que o tribunal de Cristo é mencionado no Novo Testamento, ele é visto de um ponto de vista diferente. Quando nós colocamos todos eles juntos, nós aprendemos que o Senhor examinará todos os aspectos de nossas vidas. As várias áreas que o Senhor revisará são:

 

Nosso Caminhar (2 Coríntios 5:9-10)

É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis. Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito [obras] por meio do corpo.” [JFA Revista e Atualizada] Esta passagem tem a ver com nossas vidas em geral.

Sr. Kelly mostrou em seus escritos que o “todos nós” neste versículo tem uma conjugação no grego diferente do “todos nós” em 2 Coríntios 3:18. Aqui ele é tão amplo que inclui incrédulos, enquanto que lá é estritamente a crentes. Incrédulos receberão pelas coisas que fizeram por meio de seus corpos, que são “más“. Os crentes receberão pelas coisas que fizeram por meio de seus corpos, que são “boas.

As “obras feitas por meio do corpo” incluiriam todas aquelas praticadas em nossa vida inteira, até mesmo antes de sermos salvos. Alguém questionou isto em uma reunião de leitura bíblica anos atrás, pensando que isso pudesse só envolver nossas vidas depois que fomos salvos. Mas o irmão Brown disse, “Isso fala das obras ‘feitas por meio do corpo.’ Nós estávamos em nossos corpos antes de sermos salvos? Sim, nós estávamos.” Um exame de nossas vidas inteiras (nossos pecados e tudo mais) é necessário para exaltar a graça de Deus diante de nossos olhos. Também será necessário para o Senhor revisar nossas vidas inteiras para revelar Seu terno cuidado sobre nós, mesmo antes de sermos salvos. Tudo que aconteceu conosco em nossas vidas, é parte de Seu treinamento em Sua escola.

A lição para nós aqui é entender que somente o que é feito para o Senhor vai continuar a existir no reino de Deus. Isto deveria fazer todo cristão sensato reavaliar a sua vida e buscar, a partir deste momento em diante, viver mais para Cristo e menos para si mesmo. Nós não podemos fazer nada a respeito do “tempo passado” em nossas vidas, mas nós podemos fazer algo sobre o “tempo que nos resta” (1 Pe 4:2-3).

Só uma vida, que logo vai passar.

Só o que foi feito para Cristo, isto vai ficar.

Nossas Palavras (Mateus 12:36)

Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo.” Outra área que será examinada será a das palavras que nós falamos. Agora você pode dizer, “Deus realmente vai considerar uma pessoa responsável por cada palavra que ela disser?” Sim, Ele vai. Um estudo que eu li uma vez indicava que, em média, os homens falam 25.000 palavras por dia! E as mulheres falam significativamente mais! (Por favor, irmãs, eu não estou criticando. É o que o estudo dizia.)

Tiago nos diz que nossas línguas podem nos levar a um barco cheio de problemas, e todos nós sabemos que é verdade (Tiago 3). Quantos de nós gostaria de voltar atrás em algumas palavras que nós falamos? Eu sei que eu certamente voltaria. Todos nós temos, como Moisés, falado “imprudentemente com nossos lábios” (Sl 106:32-33). O livro de Provérbios diz, “O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína.” [JFA Revista e Atualizada] (Pv 13:3; 21:23).

A lição que nós queremos aprender disso é tentar estar em um estado de oração quando abrirmos nossas bocas. Talvez, se nós pesássemos nossas palavras no santuário da presença do Senhor antes de abrirmos nossas bocas e deixá-las voar, nós não nos meteríamos em encrenca como nós nos metemos. Davi ilustra essa atitude de estar em oração. Ele disse, “Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios.” (Sl 141:3). Eu sei que isso promoveria a paz nas assembleias também. 

Nossas Obras (1 Coríntios 3:12-15)

E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão.” O contexto aqui são as obras de serviço do crente. Tudo o que nós fazemos em serviço para o Senhor será revisado. O ponto aqui nesta passagem é que só porque uma coisa é feita para Ele não significa necessariamente que seja aprovada por Ele! Há muito na profissão cristã hoje que está sendo feito para Deus, mas infelizmente, não é de Deus. Ele não é o autor disso. E Ele nem poderia ser, já que é contrário a Ele e aos princípios de Sua Palavra.

Paulo disse a Timóteo que o trabalhador na casa de Deus deve “militar legitimamente” a fim de obter sua coroa (2 Tm 2:5). Nós fazemos isso trabalhando de acordo com os princípios da Palavra de Deus. Se nós usarmos métodos carnais e dispositivos humanos para alcançar resultados, isso não pode ser recompensado (2 Co 10:4). A grande pressão no serviço cristão de hoje é para se obter resultados – resultados visíveis. Isto se torna uma grande tentação ao compromisso (de obter um resultado visível). O perigo no serviço cristão é que podemos nos pegar em busca da aprovação de homens e não necessariamente a do Senhor. Nós precisamos nos perguntar seriamente, “Eu quero a aprovação de quem?”

Hoje, muitos obreiros cristãos ministram em ignorância para com os princípios de Deus e não tem escrúpulos ao recorrer a princípios carnais para atrair seu público. Alguns usam bandas de rock e atletas famosos para atrair pessoas para o alcance de seu evangelho. Entretenimentos carnais e coisas do tipo vão atrair pessoas. Elas podem ser incitadas a fazer uma confissão de fé, mas pode não haver nenhuma obra real em suas almas. É um princípio falso usar a carne para atrair pessoas. É sem dúvida usar a carne para atrair a carne. Na cruz Deus “condenou o pecado na carne” e não procura nada de bom nela (Rm 8:3). Usar a carne no ministério cristão é acreditar que ainda há algo de bom nela. Paulo disse, “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7:18). Infelizmente, alguns cristãos não têm aprendido isto.

Isso mostra que tudo o que nós fazemos em Seu serviço pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um” (1 Co 3:13). Eu temo que não permaneça muita coisa ao passar pelo fogo. Isso me lembra de um sonho que eu escutei que C. H. Brown teve. Ele sonhou que estava diante do tribunal de Cristo, e viu pilhas de obras que ele reconheceu serem aquelas que ele tinha feito para o Senhor. Havia um anjo ali com um grande maçarico, e ele estava aplicando a chama em uma das pilhas. Sr. Brown ficou horrorizado quando ele viu a pilha ser reduzida a cinzas. Então ele viu o anjo levar seu maçarico até outra pilha, e o irmão Brown pensou, “Lá se vai essa também!” Mas naquele momento, o anjo virou para ele e disse “Não se preocupe, Brown, nós encontraremos alguma coisa aqui!”

Nossos Pensamentos e Motivos (1 Coríntios 4:3-5)

Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado [examinado] por vós ou por algum juízo humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo. Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga [examina] é o Senhor. Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas e manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá de Deus o louvor.” O contexto do tribunal de Cristo aqui tem a ver com os nossos pensamentos e motivos. Paulo está falando nessa passagem dos motivos daquele que serve ao Senhor. Mas isso é tão amplo que inclui os nossos motivos em todos os aspectos de nossas vidas. Isto é algo que será examinado também.

Os coríntios estavam examinando o apóstolo Paulo e os motivos de seu ministério. Ele diz para eles que ele realmente não estava preocupado com a avaliação deles de seu trabalho; era a avaliação do Senhor que importava pra ele. No dia vindouro quando o Senhor revisar as coisas, Ele não avaliará apenas a obra que fizemos (1 Co 3:12-15), mas também o motivo por detrás dela (1 Co 4:5). Uma pessoa pode ignorantemente, em serviço ao Senhor, fazer algo que não esteja de acordo com os princípios da Palavra de Deus, porém ser genuíno em seus motivos, desejando honrá-Lo. No tribunal, o Senhor pode recompensar seu motivo, mas não sua obra. Ele não apenas sabe o que nós fazemos, mas também por quê nós fazemos. É dito, em 1 Samuel 2:3, “O Senhor é o Deus de conhecimento, e por ele são as obras pesadas na balança.” [JFA Corrigida Fiel] Ele pode pesar uma ação e saber se o motivo é puro.

E vice versa, é possível fazer uma coisa certa de uma maneira errada (ou em um espírito errado), e o Senhor separará o que estava verdadeiramente correto e o que não estava. Nós não podemos fazer isso, porque nós não temos poderes de onisciência. De fato, nós somos avisados para não julgar os motivos dos outros. O Senhor disse, “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt 7:1).

Nós podemos ser rápidos para julgar os motivos dos outros, mas isso nunca é bom. A insensatez de fazer julgamentos precipitados aos outros é ilustrada pela história que o falecido bispo Potter de Nova York costumava contar de si mesmo. Ele estava navegando para a Europa em um dos navios transatlânticos. Quando ele subiu a bordo, ele encontrou outro passageiro que iria dividir a cabine com ele. Depois de ver suas acomodações, ele foi até a mesa do comissário de bordo e perguntou se ele poderia deixar seu relógio de ouro e outros objetos de valor no cofre do navio. Ele explicou que não costumava pedir por tal favor, mas após conhecer o homem que iria dividir o dormitório com ele, e julgando-o pela aparência, ele pensou que seria prudente tirar aqueles objetos do quarto. O comissário disse, “Eu ficarei feliz em tomar conta deles para você. O outro homem esteve aqui e deixou os seus objetos pela mesma razão!”

Nossos Exercícios Pessoais Quanto a Questões de Consciência (Rm 14:10-12)

Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo. Porque está escrito: Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” O tribunal de Cristo é mencionado aqui, mas, de novo, em um contexto completamente diferente. O apóstolo está exortando os santos em Roma a não criticar seus irmãos no que diz respeito a questões de consciência pessoal.

Neste capítulo, Paulo fala sobre aqueles que têm uma consciência sobre certos alimentos. Um não tem problema em comer todos os alimentos, enquanto o outro come apenas ervas (vegetais). Outro cenário que ele menciona é alguém estimando um dia como tendo alguma excelência religiosa enquanto que outro via todos os dias da mesma forma. Ele disse que eles não deveriam julgar uns aos outros por estas questões de exercício pessoal. Ele então lembra a eles que todos iriam estar diante do tribunal um dia e o Senhor iria julgar aqueles exercícios pessoais. Então será conhecido se eram coisas que emanavam da carne ou se eram exercícios piedosos verdadeiros vindos do Senhor.

Alguns de nós temos alguns exercícios pessoais bem esquisitos e você se pergunta se eles estão sendo usados para diferenciar nós mesmos dos outros irmãos como sendo pseudo-espirituais. Mas nós temos que deixar isso com o Senhor. A carne é tão sutil que pode se envolver em questões espirituais e podemos não saber disso. Algumas dessas coisas parecem crescer do tentar ser melhor do que o outro em super-espiritualidade. Por exemplo, alguém pode ter um exercício piedoso de ter sua esposa e filhas vestindo saias, e eu sou um que defende isso. Mas outro irmão vem de encontro a este exercício e diz que elas deveriam estar usando um vestido 24 horas por dia. Então vem outro irmão de encontro a isso e diz que não somente elas deveriam usar um vestido 24 horas por dia, mas que ele deveria ser até os pés – até mesmo quando elas forem nadar! Não ria. Estas coisas acontecem. O que pode começar como um exercício piedoso pode ser reduzido a nada mais do que a carne tentando ser melhor que a carne nas coisas de Deus. Algumas dessas coisas são apenas um jogo de “quem é melhor”.

Há algum tempo atrás quando eu estava pensando sobre essas cinco diferentes áreas de revisão em nossas vidas, eu tinha uma palavra para cada uma que começasse com a letra “W” (em inglês), exceto para esta última. Eu tinha nosso caminhar (walk), nossas palavras (words), nossas obras (works), nossos caminhos (ways), mas não conseguia pensar em uma palavra para esta última. Eu perguntei a algumas de minhas filhas e depois de pensarem a respeito elas disseram, “Que tal ‘nossas esquisitices’ (weirdnesses)!” Não era exatamente isso o que eu estava procurando, mas quanto mais você pensa, é provável que não vá muito longe. Alguns dos exercícios pessoais que você escuta são extremamente esquisitos.

A observação de Paulo aqui é que nós não deveríamos criticar nossos irmãos enquanto eles procuram andar diante do Senhor, porque há um dia vindouro quando todas essas coisas serão julgadas. Pessoas que vemos com alguns exercícios diferentes e incomuns podem não estar de todo certas a nosso ver, mas não somos juízes nestas coisas. Naquele dia, o Senhor vai nos mostrar se aquelas coisas eram verdadeiramente exercícios piedosos dEle mesmo ou se era apenas a carne tentando ser admirada. O Senhor disse a Abraão, “Anda em minha presença e sê perfeito” (Gn 17:1). Entretanto, se nós começarmos a andar diante de nossos irmãos – procurando a aprovação deles em vez da aprovação do Senhor – nós poderemos cair neste tipo de coisas.

No final do capítulo, ele adverte os santos que eles não deveriam deixar suas liberdades se tornar um objeto de crítica e mal-entendido (vs. 16-23). Isto é importante, porque nós podemos tomar liberdades tais que ofendam aqueles que tenham uma consciência sobre essas coisas. Seguir adiante sem considerar suas consciências não é amor. Nossos irmãos devem ser considerados embora nós andemos em liberdade. O amor abre mão de coisas para que outros não tropecem.

Sumário das Várias Áreas de Revisão

Nosso caminhar em geral (2 Co 5:9-10). o Nossas palavras (Mt 12:36).

Nossas obras de serviço (1 Co 3:12-15).

Nossos pensamentos e motivos (1 Co 4:3-5)

Nossos exercícios pessoais quanto a questões de consciência (Rm 14:10-12).

Será uma Exposição Pública Diante de Todos os Santos?

Quando eu era mais jovem, eu sustentava má doutrina sobre o assunto do tribunal de Cristo. Eu costumava pensar que isso seria uma exposição pública de nossas vidas diante de todos os santos no céu. Eu me confortava um pouco no fato de que todos nós estaríamos glorificados naquele momento, e não teríamos a carne. Então, isso realmente não nos preocuparia. Mas eu sempre estava um pouco incomodado com isso. Quando o irmão Clark ouviu-me dizer algo sobre isso, ele me mostrou seis ou sete referências do ministério escrito de escritores respeitados, mostrando que seria uma revisão privada entre o Senhor e nós, individualmente. Como esses homens tinham muito mais conhecimento sobre estes assuntos do que eu, eu me submeti a seus melhores julgamentos. De fato, eu fiquei bastante feliz ao receber aquela correção. Eu não gostava da minha doutrina de qualquer forma! Minha preocupação era que se fosse uma exposição pública diante de todo mundo, quem iria primeiro? Seria por ordem alfabética? Com o meu nome, eu estava um pouco preocupado. Eu costumava pensar, “Por que meu nome não poderia ser Zaharik ou Zaqueu?”

Brincadeiras à parte, eu pessoalmente penso que a revisão de nossas vidas, provavelmente, acontecerá todas ao mesmo tempo. Eu não acredito que passaremos por isso um de cada vez de acordo com a idade, ordem alfabética ou algo parecido. Sr. Hayhoe costumava nos dizer que será uma sessão íntima com o Senhor pessoalmente. Ele disse que o Senhor irá colocar os braços ao nosso redor, por assim dizer, levar-nos através de nossas vidas e explicar os “porquês” de tudo para nós.

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Os Valentes de Davi

No Antigo Testamento, nós temos vários tipos (figuras) do tribunal de Cristo. Eu gostaria de olhar para eles porque eles trazem algumas lições muito práticas. Deus quer que o assunto do tribunal de Cristo tenha um efeito prático em nós enquanto vivemos neste mundo.

Vamos abrir em 2 Samuel 23, onde nós temos a revisão dos valentes de Davi. Esse capítulo ocorre no final da vida de Davi, quando todas as batalhas haviam terminado e seus inimigos subjugados. Então, Davi examina seus homens e escolhe alguns, dando a eles uma menção honrosa e um lugar de honra no seu reino. Davi, como você sabe, é uma figura de Cristo. A revisão de seus homens é uma figura do tribunal de Cristo.

Quando olhamos para essas coisas, você pode se perguntar como estes valentes sempre realizavam tais proezas incríveis. Mas se você olhar cuidadosamente, você verá que é dito mais de uma vez no capítulo que eles estavam “com Davi.” Esse é o segredo do sucesso deles. Nós nunca iremos conseguir nada se nós não tivermos aprendido a andar em comunhão com o Senhor.

Como eu disse, essas figuras ilustram os grandes princípios envolvidos em viver com o tribunal em vista. Nós queremos olhar para estes homens e obter lições práticas para nossas vidas. “O que vela pelo seu senhor será honrado” (Pv 27:18); certamente, isso é o que os caracterizava.

Adino

Estes são os nomes dos valentes que Davi teve: Josebe-Bassebete, filho de Taquemoni, o principal dos capitães; este era Adino, o eznita, que se opusera a oitocentos e os feriu de uma vez.” (vs. 8). Podemos muito bem perguntar, “Agora quem é este?” Através de todos os muitos capítulos em que lemos de batalhas que os homens de Davi lutaram, não há uma palavra sobre este homem. O ponto aqui é que ele serviu sem ser notado. Mas Davi notou e lembrou-se de seu serviço. Agora ele é escolhido e recebe a maior menção de todas.

O que nós aprendemos disso é que no tribunal, Deus revelará heróis não reconhecidos (se é que poderíamos chamá-los assim) e recompensá-los com as mais altas honras. Isso nos ensina que não é necessário fazer algum grande serviço público para o Senhor a fim de obter a maior recompensa. A carne quer servir para que os outros vejam. Jeú ilustra isso. Ele disse, “Vai comigo e verás o meu zelo para com o Senhor” (2 Rs 10:16). Ele queria que outros vissem o que ele estava fazendo para o Senhor. Este era o princípio básico dos fariseus a quem o Senhor condenava (Mt 23:5-12). O Senhor ensinou a seus discípulos que quando eles dessem “esmolas” (atos de justiça), não era para eles fazerem barulho em relação a isso, mas para fazê-lo em silêncio, sabendo que seu Pai estava tomando conhecimento de tudo isso (Mt 6:1-4). É preciso fé para fazer isso. Nós realmente cremos que o Senhor está observando e recompensará como Lhe convém em Seu tempo?

A lição que nós aprendemos disso é para se contentar em servir sem ser notado, sabendo que o Senhor vê tudo e irá recompensar em conformidade. Há algo lindo sobre servir silenciosamente e sem ser notado pelos olhos da multidão. Nós podemos pensar que alguém como Martinho Lutero ou Billy Graham vai receber as maiores honras naquele dia porque eles são tão bem conhecidos pelos seus serviços. Mas isso poderia muito bem ser dado a uma irmã que serviu o Senhor silenciosamente nos bastidores.

Irmãos, se esse for o caso, vamos nos ocupar em Seu serviço, e silenciosamente fazer coisas por amor de Seu nome.

Eleazar

E depois dele Eleazar, filho de Dodó, filho de Aoí, entre os três valentes que estavam com Davi quando provocaram os filisteus que ali se ajuntaram à peleja, e quando se retiraram os homens de Israel. Este se levantou, e feriu os filisteus, até lhe cansar a mão e ficar a mão pegada à espada; e naquele dia o Senhor efetuou um grande livramento; e o povo voltou junto dele, somente a tomar o despojo” [JFA Corrigida Fiel] (vss. 9-10).

Eleazar foi um homem que permaneceu no calor da batalha quando seus irmãos se retiraram. Eles recuaram e foram embora, mas ele ficou lá e enfrentou o inimigo, até mesmo quando ficou cansado. Ele poderia ter argumentado que, como os outros estavam indo embora, ele poderia, do mesmo modo, ter ido também. Mas ele permaneceu fiel. E o Senhor o usou para obter uma vitória e também efetuar uma restauração em seus irmãos. Observe: o final do versículo 9 diz, “se retiraram os homens de Israel,” mas o final do versículo 10 diz, “e o povo voltou junto dele.

A lição para nós aqui é que Deus valoriza fidelidade em tempos de infidelidade. Você vê pessoas deixando o terreno que uma vez valorizaram? Você também sente vontade de desistir? Bom, deixe este homem servir de encorajamento para você. Eu percebo que, quanto mais e mais pessoas deixam o verdadeiro terreno de reunião e vão embora, fica cada vez mais difícil ir à assembleia. Mas vamos aguentar firme e não desistir. Quem sabe, nós podemos ser usados pelo Senhor para efetuar uma restauração em alguns de nossos irmãos que foram embora. Deus recompensa a fidelidade daqueles que continuam no testemunho da assembleia – mesmo se houver apenas dois ou três. Lembre-se, quanto maior a dificuldade no caminho, maior será a recompensa.

Note que, quando os irmãos de Eleazar retornaram, ele não os repreendeu por terem ido embora. Ele poderia ter dito a eles, “Onde vocês estavam quando eu precisei de vocês?” Mas não há nenhuma palavra parecida dita por ele. Irmãos, vamos não repreender aqueles que voltarem. E vamos não tratá-los como cidadãos de segunda classe ou algo assim. O Senhor certamente não aprovará isso.

Sama

E, depois dele, Sama, filho de Agé, o hararita, quando os filisteus se ajuntaram numa multidão, onde havia um pedaço de terra cheio de lentilhas, e o povo fugira de diante dos filisteus. Este, pois, se pôs no meio daquele pedaço de terra, e o defendeu, e feriu os filisteus; e o Senhor operou um grande livramento” (vss. 11-12).

Este homem valorizou o alimento da herança de Deus e não deixou o inimigo tomá-lo. Ele não queria ver o povo do Senhor passar fome. Nós podemos estar inclinados a pensar que só porque era apenas um campo de “lentilhas”, o qual é o mais barato dos alimentos, não valeria a pena lutar por isso. Mas isso não era o que ele estava pensando. O Senhor o usou para obter uma grande vitória e preservar o alimento para Seu povo.

O alimento de nossa herança é a verdade de Deus. A lição aqui é que o Senhor recompensa aqueles que valorizam a verdade e a sustentam. É dito em Provérbios 23:23, “Compra a verdade e não a vendas.” Eu entendo que na tradução francesa diz, “Não vendas um ponto dela.” Deus não quer que abramos mão de nem mesmo um pequeno ponto da verdade. E isso é o que nós vemos simbolicamente em Sama. Ele primeiramente “se pôs” no meio do pedaço de terra onde a comida estava, e em seguida o “defendeu“. Há uma ordem moral aqui. Nós não podemos defender adequadamente a verdade se não nos pomos pessoalmente nela e a tornamos nossa.

O Senhor aprecia todo o esforço daqueles que trabalham em palavra e doutrina para ter Seu povo alimentado. Sabendo disto, vamos fazer tudo o que pudermos para espalhar a verdade a todos que irão recebê-la. Vamos edificar um ao outro na santíssima fé” (Jd 20).

Os Três Chefes

Também três dos trinta cabeças desceram e vieram no tempo da sega a Davi, à caverna de Adulão; e a multidão dos filisteus acampara no vale dos Refains. Davi estava, então, num lugar forte, e a guarnição dos filisteus estava, então, em Belém. E teve Davi desejo e disse: Quem me dera beber da água da cisterna de Belém que está junto à porta! Então, aqueles três valentes romperam pelo arraial dos filisteus, e tiraram água da cisterna de Belém que está junto à porta, e a tomaram, e a trouxeram a Davi; porém ele não a quis beber, mas derramou-a perante o Senhor. E disse: Guarda-me, ó Senhor, de que tal faça; beberia eu o sangue dos homens que foram a risco da sua vida? De maneira que não a quis beber. Isso fizeram aqueles três valentes” (vss. 13-17).

Eu presumo que estes três homens são os três já mencionados. Nós os encontramos trabalhando juntos aqui para dar de beber a Davi a água da cisterna de Belém. Nós descobrimos que, por causa disto, estes homens recebem a mais alta menção. Havia um outro grupo de três mencionados no capítulo, mas eles não alcançaram este grupo de três (vss. 19,23). Podemos nos perguntar por que estes homens receberam maior aclamação de Davi. É simplesmente por isso: enquanto todos eles fizeram coisas maravilhosas por Davi, estes três atentaram para a necessidade de Davi. A busca deles pela água para dar de beber a Davi foi direto ao coração dele, e isso foi uma expressão do que eles pensavam dele. Eles atentaram para o seu deleite pessoal, e isso foi considerado mais precioso do que todas as façanhas que os outros fizeram por ele.

A lição aqui é que dar para o Senhor é uma coisa maior do que fazer coisas pelo Senhor. Nós damos para o Senhor na adoração – isso atenta para o Seu coração, e Ele valoriza isso mais do que nosso serviço. Isso é uma importante lição que nós precisamos aprender bem. Não me entenda mal, o Senhor aprecia o nosso serviço, mas adoração é algo que Ele valoriza mais. Agora, se este for o caso, então sabemos onde a ênfase de nossas vidas deve estar. Vamos estar bem atentos quando estivermos em Sua presença, atentando para o Seu coração.

Agora eu sei que podemos ficar desequilibrados nisso e pensarmos que o serviço não é importante. Mas isso não é o que eu estou dizendo. Nosso serviço, como você sabe, deve fluir de nossa adoração. Estes três chefes fizeram muitas façanhas por Davi – de fato, o que eles fizeram em batalha excedeu tudo o que os outros fizeram neste capítulo. Talvez seja porque eles tinham um equilíbrio adequado nestas coisas.

Abisai

Também Abisai, irmão de Joabe, filho de Zeruia, era cabeça de três; e este alçou a sua lança contra trezentos, e os feriu, e tinha nome entre os três. Porventura, este não era o mais nobre dentre estes três? Pois era o primeiro deles; porém aos primeiros três não chegou” (vss. 18-19).

Este homem foi honrado por Davi, mas ele não alcançou o posto mais alto. Ele matou a mesma quantidade de inimigos do Senhor como os três primeiros, então não foi por falta de esforço que ele perdeu o lugar no primeiro grupo. Então o que foi que o colocou na segunda divisão? Bem, quando olhamos para sua vida, vemos que ele era bastante fiel, mas faltavam-lhe graça e paciência para com as falhas de outros. Sempre que alguém saía da linha, ele queria cortá-los imediatamente. Davi teve que controlá-lo algumas vezes, como no caso de Saul e Simei (1 Sm 26:8-11; 2 Sm 19:21-22). Ele não parecia ter o coração de longanimidade, paciência e misericórdia que Davi tinha. Consequentemente, ele não foi contado nos três primeiros.

Sabe, nós podemos ser como Abisai. Podemos ser sempre tão fiéis e justos, mas faltando graça ao lidar com os outros. Alguns parecem pensar que podem dizer ou fazer qualquer coisa – até mesmo chegar perto de ser desagradáveis – porque eles estão apoiando o que é correto. Vamos ser cuidadosos aqui. É possível fazer uma coisa correta de uma maneira errada e perder uma recompensa. Jovens irmãos que querem agradar ao Senhor e fazer o que é correto são, em especial, vulneráveis aqui. Nós podemos querer ser valentes pela verdade, mas podemos também nos deixar levar nesse ponto. Podemos ser fanáticos fervorosos, tentando sempre ser tão fieis em relação a certas verdades, e acabar sendo cabeça-dura, insensível e acabar ofendendo ou espantando as pessoas. O que pode começar no Espírito pode deteriorar-se na carne lutando por Deus em alguma questão.

A lição aqui é que o Senhor não está somente levando em conta o que nós fazemos por Ele, mas também como nós fazemos. Ele está observando o espírito com o qual nós fazemos as coisas. Podemos muito bem perguntar, “Como é minha atitude quando eu interajo com os outros?” Você pode se perguntar se o Senhor realmente desconta pontos por não fazer coisas em um espírito correto, mas Ele desconta. Ele é “o Pai dos espíritos” e está preocupado com nossas atitudes (Hb 12:9). Ele está nos treinando para ter “um espírito excelente” como Daniel (Dn 5:12).

Benaia

Também Benaia, filho de Joiada, filho de um homem valoroso de Cabzeel, grande em obras, este feriu dois fortes leões de Moabe; e desceu ele e feriu um leão no meio de uma cova, no tempo da neve. Também este feriu um homem egípcio, homem de respeito; e na mão do egípcio havia uma lança, porém Benaia desceu a ele com um cajado, e arrancou a lança da mão do egípcio, e o matou com a sua própria lança. Estas coisas fez Benaia, filho de Joiada, pelo que teve nome entre os três valentes. Dentre os trinta, ele era o mais nobre, porém aos três primeiros não chegou; e Davi o pôs sobre os seus guardas” (vss. 20-23).

As coisas vistas aqui em conexão com Benaia não foram feitas no campo de batalha como os outros – foram batalhas privadas e pessoais que ele venceu. Mas Davi tomou nota disso e as mencionou aqui. O que Benaia fez pode não parecer muito comparado com ganhar um livramento para os filhos de Israel, mas isso era valioso para Davi.

Os três inimigos sobre os quais ele foi vitorioso são figuras dos três maiores inimigos do cristão – o mundo, a carne e o diabo. “Moabe” fala da carne, o “leão” fala do poder do diabo e o “egípcio” fala do mundo. Benaia obteve uma vitória sobre cada um deles, e depois nós o encontramos como general do exército de Davi! (1 Rs 2:35). Isto não é coincidência. A lição para nós nisso é que se nós praticarmos autojulgamento e julgarmos o mundo, a carne e o diabo em nossas vidas pessoais, o Senhor pode nos usar de uma maneira maior em Seu serviço. Observe: ele ganhou essas vitórias usando o seu “cajado” – um apoio externo dele; isso fala da dependência do Senhor. Ele também “desceu” para fazer isso; isso fala de humildade. A obra de Deus é realizada através de instrumentos humildes.

Isto nos ensina que o Senhor valoriza e recompensa aqueles que buscam manter a carne e o mundo fora de suas vidas.

O Lugar Vazio

Agora chegamos a um lugar vago na lista. Apenas dois homens são mencionados nesse segundo grupo de três, deixando um lugar vazio. É-nos dito no último versículo que o número de homens era trinta e sete, mas quando você contá-los verá que tem apenas trinta e seis. A única maneira para alcançar trinta e sete é contar este lugar vazio. Consequentemente, há dois grupos de três (vss. 8-23), e em seguida trinta e um outros (vss. 24-39).

E ter deixado esse lugar vago não foi um acidente. Não devemos pensar que Davi não sabia contar, ou que o Espírito de Deus cometeu um erro. A questão aqui é que alguém perdeu o seu lugar e recompensa. Davi o tinha marcado para uma menção honrosa no segundo grupo, mas por alguma razão isso não foi dado a ele. Nós não sabemos quem ele era. Alguns dizem que era Joabe, e outros sugerem Jônatas, mas eu não acho que esse seja o importante aqui. Eu acredito que foi deixado vago para exercitar nossas consciências. Isso enfatiza a possibilidade de perdermos nossa recompensa. O Senhor disse para a igreja em Filadélfia, “Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3:11). Isso mostra que é bem possível para nós perder nossa recompensa. Deixar de lado a verdade de alguma maneira poderia muito bem significar a perda de nossa recompensa. O apóstolo João diz, “Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que temos ganhado; antes, recebamos o inteiro galardão” (2 Jo 8).

O Cântico de Débora e Baraque

Em Juízes 5 nós temos outro tipo (figura) do tribunal de Cristo. No quarto capítulo, havia ocorrido uma grande batalha, que agora havia terminado, e nós vemos Débora e Baraque revisando as tropas das tribos. Eles levaram em consideração quem saiu para ajudar na batalha e quem não foi. Como resultado, alguns receberam uma menção honrosa e outros não. Um dia, quando nosso conflito espiritual acabar, o Senhor vai revisar a batalha e avaliar nossa vontade de ajudar ou nossa falta dela. Dez das tribos de Israel são mencionadas, e eu acredito que há uma lição para nós em como cada uma se comportou. Vamos examiná-las uma de cada vez.

Efraim

De Efraim desceram os que tinham a sua raiz em Amaleque” [JFA Revisada Imprensa Bíblica] (vs. 14). Efraim é mencionado primeiro. Ele teve que superar uma dificuldade para estar lá, mas ele fez isso e isso foi muito apreciado por Débora e Baraque. Esta tribo havia permitido que os amalequitas ganhassem um lugar entre eles. É triste, mas é verdade. Quando eles foram enviados por Josué para tomar posse de sua herança, eles não eliminaram estes inimigos de suas terras como eles deveriam ter feito. Consequentemente, uma parte dos amalequitas permaneceu entre eles e habitaram com os efraimitas (Jz 12:15). Após algumas gerações houve casamentos entre eles. Dessa forma, Efraim teve uma “raiz” em Amaleque. Amaleque, como todos nós sabemos, é uma figura da carne e das operações de Satanás sobre a carne. Isto talvez explique por que Efraim era uma tribo tão orgulhosa e carnal, sendo difícil conviver com eles (Js 17:14; Jz 8:1; 12:1).

Efraim é uma figura de um crente que falhou de alguma forma e permitiu a carne ter espaço em sua vida. Mas o que é tão louvável em Efraim aqui é que eles não deixaram que isso os impedisse quando se tratava de ser uma ajuda no serviço do Senhor. Eles saíram para a batalha, independentemente de terem falhado. E eles receberam uma menção honrosa por isso.

Quando um cristão falha, muitas vezes ele deixa isso desencorajá-lo até o ponto em que ele pensa que o Senhor não pode usá-lo em Seu serviço. Então, ele desiste e não tenta ser uma ajuda. Mas nós podemos ver pelo exemplo de Efraim que isso não é verdade. Deus pode e usa aqueles que falharam. A lição aqui é que se nós falhamos de alguma forma, não vamos deixar isso nos impedir de seguir em frente e servir ao Senhor. Se nós apenas deitarmos e desistirmos, nós estaremos fazendo exatamente o que o inimigo quer. A coisa certa a entender é que Deus pode usar aqueles que falharam (Jo 21:15-17; 2 Tm 4:11). E quem aqui nunca falhou de alguma maneira?

Benjamim

E após ti vinha Benjamim dentre os teus povos” (vs. 14). Benjamim era a menor tribo numericamente. Eles são, na verdade, chamados de “pequeno Benjamim” (Sl 68:27). O relato de como eles foram reduzidos a um número tão pequeno é vergonhoso (Jz 19-21). O incidente a que eu estou me referindo aconteceu em algum momento durante o curso de eventos neste livro, então isso poderia muito bem ter ocorrido neste momento. Eu não sei. A coisa que é tão louvável em Benjamim é que, apesar de serem pequenos, eles apareceram para a batalha e fizeram o que puderam.

Nós podemos cair numa síndrome de pequenez e pensar que só porque nós não temos um dom específico, não podemos ser de ajuda para o povo do Senhor e, portanto, nem sequer tentar ser. Eu já ouvi pessoas dizerem, “Eu não sou nada, não tenho nada para contribuir. Eu não poderia ser de ajuda na obra do Senhor.” Isso soa como uma desculpa para mim. Amigos, Deus pode e usa pessoas pequenas. A Escritura está repleta de exemplos de Deus usando pessoas pequenas e aparentemente insignificantes em Seu serviço. De fato, Ele tem prazer em fazer isso, porque isso torna maior Sua graça e poder quando algo é alcançado. Não é essa a lição que devemos aprender de Gideão e seus homens? (Jz 6-7) Em 2 Reis 5, não lemos a respeito de uma “menina” que foi uma ajuda? Em João 6 nós lemos do “rapaz” que tinha cinco pães e dois peixes. Ele estava disposto a colocar aquelas coisas nas mãos do Senhor, e o Senhor as usou para alimentar Seu povo.

A lição aqui é tornar a nós mesmos disponíveis para o Senhor e Ele nos usará conforme Lhe aprouver.

Maquir

De Maquir desceram os legisladores” [JFA Corrigida Fiel] (vs. 14). Maquir é o nome que foi dado à meia tribo ocidental de Manassés. Suponho que aqueles que vieram de Maquir eram governantes ou aristocratas. Talvez eles fossem os chefes dessa tribo. A questão aqui é que eles não consideraram arregaçar suas mangas e se sujar na batalha sob eles. Eles não disseram, “Deixamos isso com os soldados de nossa tribo.” Não, eles perceberam a necessidade, apresentaram-se e seus esforços foram grandemente apreciados. Será que eu estou disposto a fazer as tarefas mais humildes no serviço do Senhor? Estas pessoas estavam dispostas a fazer isso, e isso é louvável.

Zebulom

De Zebulom os que levaram a cana do escriba” [JFA Corrigida Fiel] (vs. 14). Estes homens também não eram qualificados como guerreiros, mas ainda assim eles vieram para a batalha. No que se diz respeito ao seu conjunto de habilidades, eles eram completamente inadequados para este trabalho. A margem de nossa Bíblia (versão King James) diz, “Aqueles que desenham…” Estes homens eram artistas, de tudo! Eles estavam bem longe de serem soldados, mas eles vieram e foram uma ajuda.

Às vezes podemos ter a ideia de que só porque nós não temos o dom para um serviço específico, nós não deveríamos considerar tentar ser uma ajuda nessa obra em particular. Mas isso é uma ideia errada. Paulo disse a Timóteo para “fazer a obra de um evangelista,” ainda que ele não fosse um evangelista (2 Tm 4:5). É uma ótima palavra para nós, e especialmente em um tempo de ruína no qual aqueles que possuem um certo dom não o estão usando. Ainda mais do que antes, nós deveríamos tentar ocupar o lugar e ser uma ajuda onde pudermos. Alguns se escondem atrás do fato de não possuírem o dom para um trabalho específico e acham que isso os dispensa. Bom, isso não desencorajou aqueles homens de Zebulom.

Issacar

Também os principais de Issacar foram com Débora; e, como Issacar, assim também Baraque foi enviado a pé para o vale” (vs. 15). Isto parece um pouco com o caso de Maquir. Estes príncipes não consideraram a si mesmos como sendo superiores aos soldados. Eles vieram e foram uma ajuda. O “vale” fala de um lugar baixo. Estes homens aparentemente acompanharam Baraque “a pé” para dentro do vale a fim de assegurar a vitória. Eles não tinham cavalos ou carruagens, os quais você poderia imaginar que um príncipe teria. Mas isso não os desencorajou. De novo, nós vemos vontade e humildade sendo as chaves para o sucesso em servir ao Senhor.

Rúben

Junto aos ribeiros de Rúben grandes foram as resoluções do coração. Por que ficastes entre os currais a escutar os balidos dos rebanhos? Junto aos ribeiros de Rúben grandes foram as resoluções [deliberações] do coração” [JFA Revisada Imprensa Bíblica] (vss. 15-16). Começando com Rúben, nós temos um número de tribos que são repreendidas por não terem vindo à batalha do Senhor. Eles não recebem uma boa recomendação. No caso de Rúben, aconteceu que eles tiveram boas intenções, mas eles nunca as colocaram em prática. Havia “grandes resoluções do coração,” mas nada saiu disso. Eu posso imaginá-los nos “ribeiros” (pequenos leitos de riacho onde eles davam de beber aos seus rebanhos) discutindo a necessidade de subir e ajudar seus irmãos na batalha. Suas “deliberações” levaram a mais deliberações, mas no final do dia, eles nunca vieram para a batalha. O problema com Rúben é que lhe faltava bom senso. Pedro fala da importância de acrescentar “virtude” à nossa fé (2 Pe 1:5). Isso é coragem moral. Nós precisamos de coragem moral para colocar em ação o que nossa fé apreende nas coisas de Deus, mas isso estava faltando em Rúben.

Os rubenitas deixaram a alimentação de suas ovelhas os desencorajarem para ir à batalha. Isso fala de deixar os “cuidados” desta vida nos impedir de servir ao Senhor (Lc 8:14). Eles não poderiam conseguir alguém para tomar conta de suas ovelhas por alguns dias enquanto eles compareciam na batalha do Senhor? Estas coisas são testes. A questão é: nós queremos realmente agradar e servir ao Senhor?

A coisa que nós devemos aprender disto é que o Senhor não aprecia procrastinação (deixar para depois). Isto era o problema dos rubenitas. Sr. Hayhoe costumava dizer, “Alguns de nós temos uma boa fúrcula, mas uma má espinha dorsal.” [Ver Nota 2] Nós podemos ter todos os tipos de bons desejos e intenções, mas se nós nunca os colocamos em ação, nós não iremos obter uma recompensa. Portanto, se o Senhor colocou algo em nossos corações para fazermos alguma coisa por Ele, devemos levantar e fazer, se nós quisermos Sua aprovação.

Gileade

Gileade ficou além do Jordão” [JFA Corrigida Fiel] (vs. 17) Gileade é o nome da meia tribo oriental de Manassés que se estabeleceu com Rúben e Gade nas terras transjordânicas. O relato dos gileaditas é que eles simplesmente ficaram em casa! Eles tinham ouvido sobre a batalha, mas simplesmente nem se incomodaram em ir. Eles não estavam interessados em terem parte nesta obra do Senhor. Talvez eles simplesmente não tinham a fé para isso.

Há muitas pessoas que simplesmente ficam em casa quando se trata da obra do Senhor. Indiferença é uma doença universal entre os cristãos hoje. Apatia está rastejando em todos os lugares. Tudo o que posso dizer é que o Senhor está tomando nota disso, e isso aparecerá no tribunal. Temo que todos nós vamos sofrer uma perda de recompensa naquele dia por causa de nossa apatia.

E Dã por que se deteve em navios?” (vs. 17). “Navios” na Escritura fala sobre comércio. Aparentemente, Dã tinha uma grande negociação em andamento, e isso o impediu de ir à batalha. Ele pode ter pensado que tinha uma desculpa legítima porque, afinal de contas, nós temos que ter cuidado de nossas famílias (1 Tm 5:8). Mas quando isso foi revisado aqui, não foi colocado em um aspecto favorável.

Eu sei que todos nós temos responsabilidades a este respeito, mas eu acho que nós usamos demais as nossas responsabilidades de trabalho para cobrir o nosso estado apático.

A revisão no tribunal de Cristo mostrará que tais desculpas não são aceitáveis.

Aser

Aser se assentou na beira dos mares, e ficou junto às suas baías” [JFA Corrigida Fiel] (vs. 17). Aser estava na praia quando o chamado para a batalha chegou. Ele escolheu ficar lá em vez de sair e ser uma ajuda. Ele gostava mais do seu prazer do que da obra do Senhor. Isso fala de permitir que o lazer atrapalhe a nossa chamada para o serviço. Alguns cristãos são inebriados pelo prazer – tão inebriados que eles nem sequer consideram servir ao Senhor. Deus quer que nós tenhamos um pouco de descanso e relaxamento (Mc 6:31), mas não até o ponto em que isso fique entre nós e o Senhor. Sejamos cuidadosos em ter um equilíbrio correto em nossas vidas no que diz respeito a essas coisas.

Naftali

Zebulom é um povo que expôs a sua vida à morte, como também Naftali, nas alturas do campo” (vs. 18). Aparentemente, essas pessoas perderam uma parte de seus irmãos neste conflito através da morte. Eles morreram por causa do Senhor. Isto, é claro, foi lembrado e recebeu altas honras. Nós podemos não ser chamados para dar nossas vidas no sentido de martírio, mas nós ainda deveríamos procurar oportunidades para entregar nossas vidas por causa de Cristo neste mundo. “Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos” (1 Jo 3:16). Isto é um sacrifício que devemos fazer pelo Senhor e Seu povo. Isso exige usar nosso tempo e talvez dinheiro, mas será lembrado pelo Senhor e recompensado naquele dia vindouro.

Meroz

Amaldiçoai a Meroz, diz o Anjo do Senhor; acremente amaldiçoai os seus moradores, porquanto não vieram em socorro do Senhor, em socorro do Senhor, com os valorosos” (vs. 23). Isto não é uma tribo, mas uma cidade no próprio vale onde a batalha ocorreu. Estas pessoas receberam a repreensão mais severa de todas por sua falha de não ter ido para a batalha. Apresso-me em dizer que não haverá nenhuma maldição no tribunal de Cristo. Isto é um tipo, dando-nos uma figura destas coisas.

Meroz” significa “aqueles que habitam em palácios de cedro.” Aparentemente, eles eram uma classe rica de pessoas – pelo menos é o que alguns pesquisadores dizem sobre eles. Com os meios que essas pessoas tinham, eles poderiam ter sido uma verdadeira ajuda neste conflito. E a batalha aconteceu bem na porta deles! Eles nem precisavam ir muito longe para participar desta obra do Senhor, mas eles não saíram para ajudar.

Paulo diz a Timóteo para lembrar aqueles que foram “ricos deste mundo” para usar suas riquezas para apoiar o testemunho do Senhor. Ele diz que eles deveriam “fazer boas obras“, “repartir de boa mente” (prontos para distribuir) e que sejam comunicáveis.” Ao fazer isso, eles “entesourariam” para si mesmos um bom fundamento no reino vindouro (1 Tm 6:17-19). Tem sido dito que o apoio financeiro da obra do Senhor geralmente vem de santos de condição comum, não dos ricos. Há exceções, é claro. Um dos antigos obreiros (irmãos que tomam parte na obra do Senhor) disse que ele conseguiu (servir na obra) no período da Grande Depressão com moedas de 10 e 25 centavos que os santos pobres davam a ele. E isso não era do que aqueles que possuíam um pouco mais poderiam ter dado. Eu não acho que seja muito diferente hoje. Um obreiro me disse há não muito tempo atrás, “Bruce, se eu tivesse que escrever pra você agora um cheque de 500 dólares, eu não acho que eu conseguiria!” Acho que precisamos nos exercitar sobre isso.

Jael

Bendita seja sobre as mulheres Jael, mulher de Héber, o queneu; bendita seja sobre as mulheres nas tendas. Água pediu ele, leite lhe deu ela; em taça de príncipes lhe ofereceu manteiga. À estaca estendeu a sua mão esquerda, e ao maço dos trabalhadores, a sua direita; e matou a Sísera e rachou-lhe a cabeça, quando lhe pregou e atravessou as fontes. Entre os seus pés, se encurvou, caiu, ficou estirado; entre os seus pés, se encurvou, caiu; onde se encurvou, ali ficou abatido” (vss. 24-27). Jael é a única pessoa mencionada, mas que elogio ela recebe! Ela ilustra o que eu estava dizendo antes sobre as maiores recompensas talvez serem dadas a uma irmã em oculto trabalhando nos bastidores. Que contraste ela é para os habitantes de Meroz. Eles moravam em palácios de cedro, mas ela morava apenas em uma “tenda.” Ela não devia ter muito dos recursos deste mundo, mas ela fez o que podia e ajudou a vencer a batalha. O ponto que eu quero enfatizar aqui é que ela serviu ao Senhor no lugar que Ele a colocou, e ela foi “bendita sobre as mulheres” por causa disso. Ela não precisou ir para uma terra distante para servir ao Senhor e receber este grande elogio. Ela fez isso em sua própria casa!

Coisas Pelas Quais O Crente Será Recompensado No Tribunal de Cristo

Por temer ao Senhor e pensar em Seu nome (Ml 3:16). Algo simples como separar um tempo para meditar no Senhor será lembrado com uma recompensa.

Por semear justiça prática (Pv 11:18). Haverá mais recompensa no tribunal por obedecer a Palavra de Deus do que por um grande número de atos feitos em serviço onde não houve justiça.

Por andar em separação do mundo (Hb 11:24-26).

Por sofrer reprovação por causa de Seu nome (Lc 6:22-23).

Por atos de bondade – até mesmo algo pequeno como dar um copo d’água a alguém (Mt 10:42).

Por ter confiança em Deus – por confiar nEle nas provações da vida (Hb 10:35).

Por resistir à tentação (Tg 1:12).

Por manter um espírito de perdão para com alguém que o ofendeu (Pv 25:22).

Por levar uma vida disciplinada de autocontrole e ordenada (1 Co 9:24-27).

Por exercitar nosso dom fielmente de acordo com a vontade do Senhor (Mt 25:21-23; Lc 19:16-19).

Por cuidar, pastorear e ensinar novos convertidos (2 Jo 8-“inteiro galardão”). Não podemos deixar nossos novos convertidos ao seu próprio caminho sem correr o risco de perder parte de nossa recompensa (galardão).

Por dar suporte ao testemunho do Senhor financeiramente (1 Tm 6:17-19; 2 Co 9:6-11). Se não podemos estar envolvidos diretamente na obra do Senhor, nós podemos pelo menos colocar nosso dinheiro “no banco” e então receberemos “juros” em forma de recompensa na vinda do Senhor (Lc 19:23). A palavra para “banco” no idioma original pode também ser traduzida como “comunhão.” Portanto, se colocarmos nossos recursos em comunhão com a obra do Senhor, isso será lembrado com uma recompensa.

Eu acho que podemos ver por meio destas coisas que haverá mais recompensas por obedecer a Palavra do Senhor do que por fazer grandes coisas por Ele. Eu acho que também podemos ver que Ele coloca um prêmio em ter uma atitude correta em como nós fazemos as coisas. Paulo disse, “Vamos nos ocupar em serviço” (Rm 12:7 – versão J. N. Darby). Isto é bom, mas vamos nos certificar de que nós tenhamos um espírito correto em tudo o que fazemos, porque isso é muito importante para o Senhor (Mt 9:13).

Várias Coroas

A coroa de ouro (Ap 4:4).

A coroa incorruptível (1 Co 9:25).

A coroa de regozijo (1 Ts 2:19) [KJV em inglês].

A coroa da justiça (2 Tm 4:8).

A coroa da vida (Tg 1:12; Ap 2:10).

A coroa de glória (1 Pe 5:4).

A coroa do vencedor (Ap 3:11).

Sr. Hayhoe costumava nos dizer que a maneira na qual vivemos nossas vidas é uma expressão do que nós realmente pensamos do Senhor e Suas pretensões sobre nós. Ele costumava dizer que nossas vidas são como um presente que estamos preparando para Ele e no tribunal vamos dar esse presente a Ele. Eu imagino que um dia meu nome vai ser chamado e eu vou levantar-me para entregar minha vida de presente para Ele. Eu vou dizer, “Aqui Senhor, isto é o que eu penso de Ti.” E eu vou ver o olhar no Seu rosto quando Ele abrir. O que Ele encontrará lá? Será nada além de madeira, feno e palha porque eu vivi minha vida para mim mesmo? Ou haverá algum ouro, prata e pedras preciosas porque eu tentei viver para agradá-Lo? Eu sei que todos nós receberemos o Seu “Bem está, servo bom e fiel,” porque Ele encontrará algo em cada uma de nossas vidas para recompensar (Mt 25:21-23; 1 Co 4:5). Mas, para mim, é muito tocante pensar nisso dessa maneira. É muito sério também, porque o que eu faço agora em minha vida vai ter um efeito sobre o que será apresentado para Ele naquele dia. Isso me desperta a querer viver “o tempo que vos [me] resta” para Sua glória (1 Pe 4:2).

Poderia Ter Sido

 

“Quando eu estiver no tribunal de Cristo, E Ele Seus planos me mostrar,

O plano de minha vida como ela poderia ter sido

Ele tinha feito ao Seu modo, eu vou enxergar”

Como eu me opus a Ele aqui,

E concordei com Ele lá,

Minha vontade estive a entregar,

Haverá tristeza nos olhos de meu Salvador,

Apesar de ainda me amar?

Ele poderia ter me feito rico, mas ali estou pobre,

Roubado de todos, menos de Sua graça;

Enquanto minha memória corre como uma caça

Pelos caminhos que não há quem refaça.

Senhor, dos anos que me restam,

Eu os entrego na Tua mão;

Toma-me, quebranta-me, molda-me,

Do jeito que Teus planos são.

A maior recompensa ou “prêmio” de todos será estar com e como Cristo, tanto fisicamente quanto moralmente em um estado glorificado (Fp 3:14).

Eu e Ele, em radiante glória,

Iremos profundo gozo desfrutar;

Meu gozo será estar pra sempre com Ele,

E o dEle, de ter-me no Seu lar.

B. Anstey (Adaptado)

 

Notas do tradutor:

Nota 1: quando não especificado, a tradução bíblica das citações é JFA Revista e Corrigida [ARC].

Nota 2: Fúrcula (do inglês ‘wishbone’ que literalmente significa osso do desejo) é um osso em forma de V, localizado entre o pescoço e o peito de uma ave cozida, que é tradicionalmente removido da ave e puxado por duas pessoas, permitindo que aquele que pegar o pedaço maior faça um desejo em segredo. Espinha dorsal ou coluna vertebral (do inglês ‘backbone’ que literalmente significa osso das costas) é o conjunto de ossos articulados que formam o eixo de sustentação do corpo.

Tradução: Matheus Gurgel e Ana Julia Ferreira

Revisão: Ana Julia Ferreira

 

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