Você gostaria de ser exatamente como é hoje para sempre, sem nenhuma mudança? Um dos fatos mais terríveis para aqueles que morrem em seus pecados é que irão passar a eternidade sem nenhuma mudança em sua espantosa condição, tendo os seus desejos e a sua incredulidade imutáveis, bem como sua natureza pecaminosa, e sem ter como satisfazê-los. Até mesmo o desejo de ter seu estado de tormento amenizado por uma gota de água não será satisfeito.

Por outro lado, nós que cremos temos a maravilhosa oportunidade de contemplarmos a Cristo estando Ele já em glória e então, sendo transformados a cada dia pelo Espírito, sermos cada vez mais como Ele. A transformação será completa quando formos arrebatados, vendo-O como Ele é. Assim, sendo como Ele, nunca mais teremos que mudar, nem mesmo iremos querer mudar.

“Porque Eu, o SENHOR, Não Mudo”

 

Vivemos em um mundo que está em constante mudança. Temos que lidar com as mudanças políticas, econômicas, tecnológicas e sociais neste mundo, e o que é mais difícil é que também temos que, às vezes, lidar com mudanças nas pessoas. Aqueles a quem amamos e que apreciamos estar juntos podem ser tirados de nós, enquanto aqueles em quem confiamos podem se voltar contra nós. Em vista de tudo isso, quão doce e confortante é considerar que fomos aceitos, em graça, por Aquele que não muda!

Em primeiro lugar devemos nos lembrar de que Deus não muda. Somos lembrados desse fato no título deste artigo, tirado de Malaquias 1:6 “Porque eu, o SENHOR, não mudo” Apesar de todo Israel ter pecado e se afastado dEle, Ele permaneceu imutável, quer seja em Seu amor quer em Seus julgamentos. Isso também nos dá conforto nas coisas temporais, porque é pelo nosso Senhor Jesus Cristo que “tudo subsiste.” (Cl. 1:17). Deus prometeu que: “Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” (Gn 8:22). Todos os fatores que influenciam o aquecimento global não podem afetar a Sua promessa!

Os princípios morais e padrões de Deus também não mudam, nem mesmo de uma dispensação para a outra. Seus padrões absolutos do que é certo e errado permanecem os mesmos, e por isso Seu ponto de vista a respeito do pecado não muda com a opinião pública ou a mudança dos tempos.

Promessas

 

Da mesma forma, as promessas de Deus nunca mudam, “Porque todas quantas promessas há de Deus são nele sim; e por ele o Amém, para glória de Deus” (2 Co 1:20). Os homens fazem promessas e não as cumprem ou não são capazes de cumpri-las. Porém, Deus nunca será frustrado em nenhuma de Suas promessas, e podemos contar com isso. Alguém disse de forma apropriada: “As promessas de Deus são preceitos de Si mesmo, vinculados a Ele, e como são Suas promessas para nós, Ele nos mostra como Ele é em Si mesmo”.

A graça e o amor de Deus não mudam. Quantas vezes neste mundo vemos o amor natural minguando com o tempo, e um amor que outrora parecia queimar com grande fervor não somente começa a esfriar, mas também a se tornar em ódio. Quão diferente é o amor de Deus! No final da história de Israel, quando estavam prestes a ser levados cativos por causa do seu pecado, podemos ver o Senhor dizendo: “Com amor eterno te amei” (Jr. 31:3). Da mesma forma com a Igreja, quando ela falhou seriamente em seu testemunho, podemos ler: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo” (Ap. 3:19) Sua palavra para nós hoje é: “Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor” (Jo 15:9). As maneiras de Deus agir conosco podem mudar, porque frequentemente precisamos de correção e disciplina, mas Seu amor nunca muda. Mesmo que tenhamos falhado, se nos aproximamos de Deus, sempre iremos nos deparar com o amor.

A Palavra

 

Finalmente, devemos nos lembrar de que a Palavra de Deus não muda. O Salmista nos recorda que: “Para sempre, ó SENHOR, a tua palavra permanece no céu” (Sl 119:89), enquanto Pedro nos diz que: “A palavra do Senhor permanece para sempre” (1 Pd. 1:25). O homem tem atacado a Palavra de Deus por milhares de anos, ele tem tentado mudá-la e corrompê-la de todas as formas. Ainda assim Ela permanece a mesma e infalivelmente verdadeira. Nós crentes podemos descansar nisso, como algo estável em um mundo cheio de mudanças. É o único livro no mundo que pode nos dar luz no meio das trevas morais que existem aqui, nos confortar em todos os tipos de tristeza, e sobretudo, revelar a Deus na pessoa de Cristo.

Mas, enquanto apreciamos essas coisas que são imutáveis, devemos nos lembrar de que a mudança é algo de Deus e que, às vezes, é necessária para nós. Existem provavelmente três áreas onde a Palavra de Deus retrata a mudança como algo positivo.

Caminhos Dispensacionais

 

Em primeiro lugar, o próprio Senhor, ao conduzir Seus propósitos, reserva a Si mesmo o direito de lidar com o homem de diferentes maneiras, em diferentes dispensações. Assim, por exemplo, Ele pôs Israel debaixo da lei como um teste, para ver se havia algo de bom no homem natural. Mas então, quando os homens falharam em todos os testes que Deus os submeteu, enviou a Seu Filho para morrer por eles, para tirá-los da prisão da lei para a liberdade da graça. Enquanto os homens amaram a liberdade da graça em certo sentido, ainda assim os judeus resistiram a essa mudança e se agarraram àquilo que conheciam por aproximadamente 1500 anos. Ficaram preocupados em ter que renunciar àquilo que eles tinham praticado por tanto tempo, e especialmente com a forma como o Cristianismo tirou aquilo que apelava para os sentidos do homem natural.

Até hoje os homens resistem a essa mudança e têm, por isso, introduzido muitas coisas do judaísmo dentro da cristandade. Construções impressionantes, músicas belas, uma forma de culto ritualístico e uma classe sacerdotal de pessoas colocadas entre o povo e Deus, são exemplos de coisas que Deus tirou para introduzir uma adoração “em espírito e em verdade”. Mas a mudança do judaísmo para o cristianismo é algo de Deus, e não somente está de acordo com sua Palavra, como também é para a glória de Deus e para nossa benção.

Conformidade com Cristo

Em seguida, o Senhor espera ver mudanças em nós. Lemos em 2 Coríntios 3:18: “E todos nós, contemplando a glória do Senhor, com o rosto desvendado, somos transformados de acordo com a sua imagem de glória em glória, como pelo Senhor, o Espírito.” (JND Livre) Ser transformado é ser mudado, pois enquanto não formos perfeitos como Cristo quando vier para nós, Deus estará começando a nos transformar aqui. À medida que caminhamos, como cristãos, Deus espera que “contemplando a glória do Senhor” nos tornaremos mais como Ele. Às vezes essa mudança é difícil para nós, porque gostamos muito de nós mesmos. Podemos querer ser iguais a Cristo, mas o processo é frequentemente doloroso, e nosso coração natural se rebela contra isso. Porém, isso pode ser conquistado pela simples contemplação da glória do Senhor. Sua glória cobre todas as coisas, e inconscientemente muitas vezes, nos tornamos mais como Ele a Quem contemplamos.

Mudança no Mundo

 

Finalmente, é necessários reconhecermos as mudanças que acontecem em nós e no mundo para que possamos nos ajustar a isso. Lemos em Atos 13:36 que “tendo Davi servido à sua própria geração, conforme o desígnio de Deus”. De uma forma mais ampla, todos nós somos produtos da era na qual fomos criados, e à medida que ficamos mais velhos nossa adaptação a um mundo diferente se torna mais difícil. Somadas às mudanças deste mundo estão as fraquezas e as enfermidades da velhice, quando não somente nossos corpos, como também nossa mente, não serão tão maleáveis como costumavam ser. Como ilustração disso podemos citar que quando Davi era jovem ele matou a Golias, deixando um exemplo de fé no Senhor. Ele continuou sua caminhada com muitas outras vitórias, e sua coragem era uma inspiração para os outros que o seguiam. Ainda assim, anos depois em sua vida podemos ler em certa batalha que “Davi se cansou. Isbi-Benobe descendia dos gigantes… e que cingia uma espada nova, este intentou ferir Davi. Porém Abisai, filho de Zeruia, o socorreu, e feriu o filisteu, e o matou” (2 Sm 21:15-17). O homem que tinha matado Golias estava velho agora, e o esforço excessivo da batalha o fez ficar exausto, ele não conseguia lidar com uma nova geração de gigantes, e então um homem jovem, Abisai, teve que vir resgatá-lo.

Assim também acontece conosco hoje em dia. À medida que vamos envelhecendo, percebemos que Satanás tem um novo armamento, que talvez seja uma figura dos novos dispositivos e tecnologias – coisas com as quais talvez não sejamos capazes de lidar. Será que isso significa que nosso serviço para o Senhor teve um fim? De maneira nenhuma. Mas pode significar que devemos deixar algumas dessas batalhas para os mais jovens que são mais equipados para lidar com os novos ataques de Satanás.

A Mudança de Gerações

 

Esse incidente também deveria servir de encorajamento e como um exercício para os mais jovens aprenderem a estar prontos para tomar o lugar dos mais velhos que têm dificuldade para acompanhar todas as mudanças que acontecem neste mundo. Ao mesmo tempo que foi algo humilhante para Davi, sem dúvida ele estava agradecido por Abisai estar ali para ajudá-lo. Também é importante notar que Davi não estava “afastado” da parte ativa do serviço do Senhor, nem Abisai o rebaixou ou menosprezou de forma alguma. Aqueles que sugeriram que ele não saísse mais à batalha ainda assim o chamaram de: “A luz de Israel” e deram a ele o respeito devido como o rei justo de Deus. Mas reconheceram, e ele também reconheceu, as mudanças que tinham ocorrido.

Nestes dias de mudanças rápidas, nós que somos mais velhos precisamos da sabedoria do Senhor para entender quando renunciar a algumas responsabilidades e passar para os mais jovens, e especialmente quando sentimos que nossas condições mentais e físicas não são as mesmas que eram antes. Da mesma forma, os jovens devem ser exercitados para tomar o lugar e a ter a energia espiritual e força (como teve Abisai) para vir e ajudar aqueles que são mais velhos.

W. J. Prost

O Imutável Amor de Deus

 

Existe uma clara e crescente tendência à frouxidão e ao desleixo entre os cristãos hoje em dia, para qualquer um que esteja analisando a situação da igreja. A Cruz, na qual um dia nos gloriamos, é vista agora simplesmente como a transação na qual nossos pecados foram postos de lado, e ali paramos relutantes em aceitar a cruz também como o fim de nós mesmos para o mundo e o fim do mundo para nós, “Mas longe esteja de mim gloriar-me” (Gl 6:14), deixou de ser a nossa oração. Não queremos ver o mundo como um objeto de desprezo e vergonha para nós, nem queremos ser vistos assim pelo mundo, e ainda assim essa é a posição que a cruz nos traz.

Nosso Objeto de Afeição

 

Perdemos Cristo, talvez não como o objeto de nossa fé, mas como o objeto de nossas afeições. Todo o declínio começa aqui. Para muitos de nós parece ser suficiente conhecer a Ele como Salvador. Estamos propensos a usar Sua dor e sofrimentos para nos separar de nossos pecados, mas não queremos, por esses mesmos meios, a separação de nós mesmos e daquilo que nos cerca. Com o indivíduo, assim como com a Igreja, estamos debaixo da culpa: “abandonaste o teu primeiro amor”, e somos solenemente chamados: “Lembra-te, pois, de onde caíste” (Ap. 2:4-5). Deve haver muito em nós que Ele possa condenar, mas se Ele perdeu o Seu lugar em nosso coração, se as afeições estão esfriando, nós estamos “caindo”. Intensa e solene acusação! E qual é Sua palavra para nós?“Arrependa-se!”

Não é o bastante estarmos “no terreno” e “ter a verdade” nós, porém, repetimos o pecado dos fariseus quando nos tornamos satisfeitos e complacentes com nosso exterior. A verdade deve nos dar um estado que atenda e concorde com o lugar no qual estamos. Se isso é efetuado, não andaremos da mesma forma que o mundo do qual Sua Cruz nos separou.

Será que o bendito Espírito tem sido tão entristecido que não pode mais ter êxito em nós naquilo que é verdadeiro para nós em Cristo? Será que perdemos o sentido de Sua preciosidade para nossas almas (1 Pd 2:7)? Qual disposição ou desejo pode ser satisfeito longe de Cristo em quem toda a beleza, todo o encanto, e toda a glória são encontrados? Tudo o mais será decepcionante, efêmero e vazio. Corremos o risco de deixar para traz a alegria que estamos procurando, quando viramos as costas para Ele. Antes, considerávamos as paixões e os prazeres, seu brilho e sua glória, como perda por causa da excelência do conhecimento de Cristo Jesus nosso Senhor. “Onde está então a bem-aventurança falada?” A iniquidade é abundante, e o amor de muitos está esfriando.

Ele É o Mesmo

 

Mas Ele é o mesmo e nossas falhas não diminuíram Sua plenitude, que ainda é por nós, mesmo que meu coração esteja frio ou tenha sido rebelde em minha caminhada, posso ouvi-Lo dizer “Eu ainda te amo”. Não existe uma mensagem da cruz, onde a mais doce história de amor foi completamente contada, onde nos tornamos Seus por um preço tão terrível, onde Ele nos comprou tão carinhosamente?

“Eu dei tudo por ti;

O que tens dado por mim?”

Quanto estamos perdendo por deixá-Lo fora das nossas vidas! E quanta falta Ele está fazendo! Estar com Ele lá é o passo seguinte de tê-Lo conosco aqui, ter sua presença consciente, e então ter parte com Ele. Quando tudo estava se desequilibrando, Paulo escreveu para Timóteo: “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito…” Será que conseguimos entender isso? É o primeiro passo para já estarmos no céu. Ele foi dado por nós, glória ao Seu nome! Mas será que O perdemos como Aquele que Se entregou por nós? Ah, que grande perda, já que “Cristo é tudo”. Ele, o Exaltado, “que subiu acima de todos os céus,” e nós, não apenas o objeto de Suas considerações, mas também de Seu amor!

Será que começamos a compreender o quão alto Ele foi elevado, “acima de todos os céus?” Ele tem a preeminência em todas as coisas, e “Eu sou do meu amado, e ele me tem afeição”. A que segredo nós fomos incluídos, um segredo que os anjos não podem compreender! Que nós possamos esperar diante dEle até que Ele nos preencha com Sua própria plenitude. Porque quando alguém pôde vê-Lo lá, Paulo considerou “por perda todas as coisas”. Não é de se admirar que ele tenha passado por tal êxtase e tenha ficado “fora de si”. Estevão, ocupado com o Senhor e Sua glória, tinha a face de um anjo. Que possamos olhar de maneira persistente o rosto de onde flui a luz de Sua glória, e ela sombreará tudo o que é inferior.

Será então que estamos desconsiderando tudo isso? Isso seria nossa perda agora e eternamente. Uma vez conhecedores do mistério de quem Cristo é, as alegrias terrenas serão obsoletas, e assim como Sua vinda lança a luz da glória vindoura por um “breve momento”, ela tirará o fardo da nossa cruz e a dor dos espinhos enquanto esperamos pelo retorno do Noivo.

F. C. Blount (adaptado)

 

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A Mudança da Lei para a Graça

O ministério de Eliseu foi muito diferente do ministério de Elias, embora Eliseu tivesse passado um tempo acompanhando o velho profeta Elias como seu servo. O Ministério de Elias trazia o testemunho da lei e chamava Israel a retornar ao Senhor. Seus milagres foram demonstrações de poder e julgamento para fazer com que Israel temesse e obedecesse a Deus. O ministério de Eliseu só começou quando Elias foi retirado. Eliseu ministrou graça a Israel quando eles estavam em circunstâncias difíceis. Esses dois homens em seus respectivos ministérios demonstram o contraste entre a lei e a graça. Eles são um exemplo da mudança de ministério que veio através de Cristo, como é dito em João 1:17, “Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”. A transição do ministério de Elias para o ministério de Eliseu é mostrada na última jornada de Elias antes deste ser levado aos céus no redemoinho. Elias testou o seu jovem servo Eliseu, enquanto ele fazia sua jornada, deixando para trás seu povo e sua terra. Será que Eliseu permaneceria com ele até que seu ministério terminasse? Muitos outros profetas sabiam que o Senhor estava prestes a retirar Elias, mas somente Eliseu permaneceu com ele e viu Elias enquanto estava sendo levado ao céu. O mero conhecimento das coisas celestiais não é o bastante, devemos estar dispostos a andar nesse caminho. Não podemos apreciar a graça de uma forma apropriada se não conseguimos entender que: “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” (Rm. 10:4). “A lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo” (Gl. 3:24). “Ora, àquele que faz qualquer obra, não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida” (Rm. 4:4). 

Elias Rejeitado

A esperança de haver uma reforma através do ministério de Elias acabou quando ele foi rejeitado pelo Rei Acabe, Jezabel e todo Israel. Porém, Deus daria a Israel mais uma oportunidade antes de julgá-los. Foi o ministério da graça, por meio de Eliseu. Porque para Eliseu conseguir poder ele teve que seguir Elias nos três últimos lugares que este visitou: Betel, Jericó e o Jordão. Cruzando o rio Jordão, eles foram para o deserto onde Eliseu foi levado vivo ao céu. Essa jornada a Betel, a Jericó e ao Jordão era o inverso do que Josué percorreu quando entrou na terra prometida com a nação de Israel. O caminho do homem sob a lei falhou quando a nação de Israel rejeitou a Cristo, assim como Elias foi rejeitado. Mas a morte, ressurreição e ascensão do Senhor Jesus abriu um novo caminho para um novo ministério, o que é tipificado no ministério de Eliseu. A graça de Deus fluiu de maneira mais plena do que nunca, depois da redenção conquistada no Calvário. “Mas, quando apareceu a benignidade e caridade de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo” (Tt 3:4-5).

Betel

Quando Elias deixou Gilgal, o primeiro passo foi ir a Betel, que significa “Casa de Deus”. Como poderia tal lugar ser a “casa de Deus” se o profeta Elias foi rejeitado? Apenas no nome. Como Deus poderia se encontrar com eles lá? Uma mudança foi necessária. Os filhos dos profetas professavam saber que Elias estava partindo, mas não estavam dispostos a deixar sua cidade e seguir o profeta do Senhor. Somente Eliseu seguiu com ele: “Vive o SENHOR, e vive a tua alma, que te não deixarei” (2 Re 2:4).

Depois, quando Eliseu retornou a Betel depois de ter recebido o manto que caiu de Elias, ele foi zombado por crianças. Eliseu, então, pronunciou uma maldição contra eles e uma ursa rasgou 42 das crianças. A lição é que se nós rejeitarmos a graça, a maldição da natureza nos rasgará em pedaços.

Jericó

Jericó era a próxima parada na jornada que os profetas faziam. É conhecida como “a cidade das palmeiras”, mas no começo da conquista da terra, Josué pronunciou uma maldição contra aquela cidade. Todo o ouro, prata, bronze e ferro deveriam ser consagrados ao Senhor. Muitas das belezas deste mundo foram arruinadas por essa maldição, Raabe foi salva de Jericó por causa de sua fé, porém Acã foi julgado porque cobiçou e roubou suas riquezas. Elias foi constrangido a deixar Jericó, ele era ligado ao céu, então ele e Eliseu seguiram para o Jordão.

Mais tarde, quando Eliseu retorna a Jericó, os cidadãos reclamam que mesmo que fosse um lugar prazeroso, as águas eram ruins. Eliseu pediu que trouxessem uma nova jarra, colocou sal nela e jogou na água, e isso sarou as águas para eles. Isso demonstra como o crente, com sua nova natureza, tem o poder para distinguir as coisas limpas deste mundo das imundas, e então, ser capaz de usar do alimento natural deste mundo para o bem, de acordo com o uso correto deles, de acordo com Deus. Assim lemos no Novo Testamento “os que usam deste mundo, como se dele não abusassem como se fossem deles, porque a aparência deste mundo passa” (1 Cr. 7:31 JND).

Jordão

O terceiro lugar na jornada dos profetas era o rio Jordão. Eliseu observa enquanto Elias envolve seu manto e fere o rio assim como Moisés feriu o Mar Vermelho com seu cajado. As águas se dividem e eles passam pelo rio em terra seca. Esse era um testemunho de que o ministério de Deus através de Elias tinha terminado. Israel não poderia ser abençoado sob o ministério de Elias. Uma mudança era necessária. Era importante que Eliseu entendesse isso, porque a lei e a graça nunca podem se misturar. Deve ser um ou outro.

Quando Eliseu retorna ao Jordão depois de ter visto Elias subir no redemoinho, ele feriu as águas do rio e disse: “Onde está o SENHOR, Deus de Elias?” E o Senhor respondeu do céu separando as águas para que ele pudesse passar (ver nota na tradução JND). Era uma demonstração de que o Senhor estava com Eliseu assim como esteve com Elias. Os filhos dos profetas também entenderam isso. O resultado foi que Eliseu tinha graça e poder para ir ao encontro de todas as necessidades de Israel. Da mesma forma como o Senhor Jesus foi levado ao Céu – o Verdadeiro Elias – graça ilimitada flui de Deus para o mundo.

Elias Recebido no Céu

Uma vez que os dois estavam no deserto, Elias perguntou a Eliseu: “Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti” (2 Rs. 2:9). Ele então pediu uma porção dobrada do espírito do Elias. A promessa foi feita com uma condição — que Eliseu visse Elias quando ele fosse tomado. Eliseu o viu ser levado e gritou, “Meu pai, meu pai”. Eliseu recebeu porção dobrada e estava capacitado a voltar a Israel com uma mensagem de poder e graça para o povo. A ascensão do Senhor Jesus abriu o caminho para as bênçãos celestiais. A fonte da graça vem dAquele que agora conhecemos como Pai. Por causa da perfeita obra de redenção do Senhor Jesus e a satisfação de Deus nEle, a graça de Deus pode ser proclamada em toda parte. O evangelho não compromete Sua justiça nem limita o que o pecador pode receber. Isso glorifica ao Senhor Jesus Cristo. Somente Deus poderia escrever um plano tão maravilhoso. Se alguém pensar que contribuiu de qualquer forma com sua salvação, ele falhou em ver como Cristo é o fim da lei.

A graça nos Ensina

Esta história de Elias e Eliseu demonstra o princípio imutável da justiça, amor e misericórdia de Deus, que permanece o mesmo em todas as eras. Por outro lado, as formas dispensacionais de Deus agir com o homem mudaram no novo Testamento. Em Cristo não estamos debaixo da lei, e não podemos atribuir nossas justiças a nenhuma de nossas bênçãos. Devemos tudo a Ele. À medida que desfrutamos desse favor, que nossa consagração a Cristo possa ser como a de Eliseu enquanto servia a Elias. O favor mostrado a nós deveria nos ensinar a obedecermos a Ele. A obediência de Cristo vai além da obediência à lei dada a Israel. O Senhor Jesus aumentou o padrão muito além do que os Dez Mandamentos requisitavam, e somos privilegiados em obedecê-los na liberdade da nova vida, longe de qualquer fardo e prisão. “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tt 02:12). Não existe nenhuma razão para transformar a graça de Deus em desculpa para pecar. “porque bom é que o coração se fortifique com graça e não com manjares, que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram” (Hb. 13:9).

D. C. Buchanan

O Paradoxo da Mudança

Provavelmente ninguém vivo iria discordar da observação de que vivemos em um mundo que está em constante mudança. De fato, mudanças têm sido parte do nosso mundo em toda a história da humanidade. Guerras e outras forças resultaram na ascensão e queda de impérios, novas formas de governo têm tomado o lugar das formas mais antigas, e grupos de pessoas se mudaram de um lugar para outro. Juntamente com essas mudanças de larga escala, outras coisas como línguas, costumes, cultura, estilo de roupas e o formato de prédios têm sido alterados, pois a mudança dos tempos tem trazido um desejo por algo novo. Novas descobertas e novas tecnologias têm sua vez também, e às vezes, uma nova invenção traz uma mudança tremenda, alterando o curso da história.

No entanto, há um paradoxo em toda essa mudança. Por um lado, o homem quer mudanças. Desde a queda de Adão, o homem natural tem buscado achar a felicidade nas coisas deste mundo, e visto que ele tem um coração que nada neste mundo pode satisfazer, ele procura constantemente por algo novo ou diferente. Deus “pôs o mundo no coração deles” (Ec. 03:11), e a palavra “mundo” também pode ser traduzida como “eternidade” ou “infinito”. Esse aspecto da forma de ser do homem tem alimentado sua incansável procura por algo novo que ele espera que irá, ao menos, prover uma satisfação permanente para seu coração. Uma vez que ele deixa a Deus fora da jogada, inevitavelmente ele confirma o veredito do rei Salomão: “eis que tudo era vaidade e aflição de espírito” (Ec. 1:14).

Resistência à Mudança

Por outro lado, existe uma resistência teimosa à mudança no coração do homem natural – uma resistência que se ressente com tudo aquilo que invade sua “zona de conforto” ou altera a maneira como ele está acostumado a fazer as coisas. Assim, não é incomum ouvir pessoas reclamando das mudanças, já que elas pressionam as pessoas a revisar seus padrões de pensamento, realizar suas tarefas de uma forma diferente, e talvez até mesmo ajustar completamente todo seu estilo de vida. Mudanças podem ser tão significativas que indivíduos, e, às vezes, populações inteiras devem ser reeducadas, encontrar novos empregos, e talvez até mesmo mudar para uma nova área. Mesmo que a mudança não seja tão importante, alguns ainda se sentem desconfortáveis com o mundo que não é “como costumava ser”. A Palavra de Deus reconhece essa dificuldade, porque no mesmo Livro de Eclesiastes podemos ler: “Nunca digas: Por que foram os dias passados melhores do que estes? Porque nunca com sabedoria isso perguntarias” (Ec. 7:10). Normalmente são pessoas mais velhas que tendem a olhar para os dias passados pensando que as coisas eram melhores antigamente, enquanto se esquecem das dificuldades e problemas dos “bons dias passados”. No entanto, até mesmo os mais jovens podem ter esse tipo de pensamento, e então vemos Donald Trump eleito com o slogan, “Make America Great Again” (Fazer a América Grande Novamente).

O Ritmo da Mudança

Em nenhum lugar esse paradoxo é mais visível do que em nosso mundo moderno. Embora mudanças tenham afetado este mundo, na maior parte da história da humanidade as mudanças vieram relativamente devagar, especialmente se tratando de tecnologias e invenções. Os governos mudaram, trazendo com eles novas leis e ocasionalmente alguns ajustes maiores, mas na maior parte da história a vida continuou como tinha sido anteriormente. Gerações viviam e morriam, vivendo de uma forma bem parecida com seus antepassados. No entanto, esse ritmo de mudança começou a acelerar no século XVIII com a Revolução Industrial, e se acelerou ainda mais no século XIX. A generalização do uso de motores a vapor mudou radicalmente o estilo de viagem, tanto em terra quanto no mar, porque até o uso dos motores a vapor, nada na terra correu mais rápido do que um cavalo. Invenções como o telefone, o motor de combustão interna e a fotografia tiveram todo um tremendo impacto no mundo, assim como a produção e distribuição de energia. Com o século XX vieram o avião e o uso extensivo do automóvel, bem como rádio, televisão, submarinos e a energia nuclear. A descoberta dos antibióticos e outras drogas poderosas revolucionaram a prática da medicina, enquanto o uso de computadores, e eventualmente a internet, alteraram radicalmente nossas vidas. O século XXI trouxe com ele o iPhone, Facebook e o Youtube, para nomear uma forma mais refinada de tecnologia. Na esfera política, muitos países conquistaram o status de soberania, ao ponto que entre os anos de 1900 e 2000 cerca de 140 nações foram adicionadas ao total de nações independentes.

Moral e Espiritual

Mais importantes têm sido as mudanças morais e espirituais que aconteceram. Por outro lado, o século XIX viu um avivamento tremendo, não apenas na pregação do evangelho, mas também na restauração da verdade sobre a igreja. Porém, Satanás estava trabalhando também, e como a Fonte dessa restauração foi gradualmente sendo abandonada durante os últimos cinquenta anos, os padrões morais também têm mudado drasticamente. Essa tendência decadente acelerou em proporções gigantescas durante os últimos dez anos. Muitos se perguntam onde tudo isso irá acabar e se sentem como se estivessem sendo levados por uma corrente na qual não têm controle.

Tecnológico e Político

As mudanças tecnológicas têm trazido benefícios e por isso são ansiosamente abraçadas, ainda assim existe um desconforto que de alguma forma as coisas estão “saindo do controle”. A vida tem se tornado tão complicada e com um ritmo tão acelerado que muitos são incapazes de acompanhá-la. Mudanças políticas e términos de impérios têm liberado alguns dos males do colonialismo, ainda assim a proliferação de nações soberanas no mundo tem promovido outros dilemas e às vezes crises devastadoras. Existe um forte desejo em quase todos os grupos étnicos de ter seu próprio governo e status neste mundo, porém, em alguns casos existem falta de sabedoria, recursos e habilidade para usar dessa liberdade. O homem quer as mudanças, porém, descobre que as mudanças não resolvem seus problemas, ao invés disso, traz novos enigmas de uma forma diferente.

Há inúmeras razões para essas mudanças. Talvez a primeira seja a tecnológica. Como citamos, durante séculos o homem viveu de uma maneira muito igual à de seus ancestrais, porém, nos últimos cem anos uma explosão virtual de descobertas tem mudado o mundo. Quer seja na esfera militar, quer na esfera comercial, ou na área da mídia social, a tecnologia que Deus permitiu que o homem criasse teve um impacto que não se poderia esperar. O Senhor disse a Daniel que no “fim do tempo”, “muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará” (Dn. 12:4). Certamente, isso está acontecendo nos dias de hoje.

Inquietação

Em segundo lugar, a inquietação das nações é um dos maiores fatores nas mudanças neste mundo. O Senhor Jesus nos disse de antemão que chegaria um tempo onde haveria “angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas” (Lc 21:25). O mar é frequentemente uma figura das nações em agitação, e apesar de sabermos que o cumprimento dessa profecia está no futuro, podemos ver o começo do cumprimento já hoje. Como um exemplo durante o século XX, é bem conhecido que os hindus, os muçulmanos e os siks viviam juntos na Índia por séculos, frequentemente no mesmo estado, cidades e vilas. Porém, depois de dois anos do fim da Segunda Guerra Mundial, a violência e a sangria que surgiu lá pelo fanatismo religioso não pode ser controlado. A Grã-Bretanha foi forçada não somente a garantir a independência à Índia, mas contra o desejo de muitos, até mesmo na Índia, também dividi-la e criar o Paquistão como um estado primariamente muçulmano. A crise foi tão séria que aquela importante tarefa foi efetuada em poucos meses.

Outros fatores contribuíram para essa mudança, como a decadência moral, que já mencionamos. O crescimento populacional também afetou este mundo de uma forma real. Desde 1900 a população do mundo quadruplicou, drenando, assim, os recursos que são finitos.

Os Propósitos de Deus

Mas talvez a maior razão para mudança neste mundo é que Deus está cumprindo Seus propósitos, porque Ele tem diante de Si a honra e a glória do Seu Filho amado. O Bendito que veio a este mundo em amor e graça foi rejeitado pelos homens. Mas, Ele será vindicado no mesmo mundo que o rejeitou, e Paulo nos lembra de que “convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés” (1 Cr. 15:25). Estamos nos aproximando do tempo do fim, Deus está pondo todas as coisas em seus devidos lugares para que Seu Filho possa julgar este mundo e reinar em Sua glória milenial. Os homens podem ter seus propósitos, porém, como alguém disse de maneira correta, “Os caminhos de Deus estão por trás dos bastidores, mas Ele move todas as cenas em que Ele está por trás. Temos que aprender isso e deixá-Lo trabalhar e não pensar sobre os movimentos ocupacionais humanos: Eles realizarão os propósitos de Deus – o resto deles irá perecer e desaparecer. Temos somente que, na paz, realizar Sua vontade”.

Nós, como crentes, podemos ser gratos porque o Senhor Jesus disse a nós, “tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer” (João 15:15). Como aqueles que sabem onde tudo isso irá terminar, podemos continuar caminhando em paz, procurando os interesses de Cristo aqui e confiantes “Porque todas quantas promessas há de Deus são nele sim; e por ele o Amém, para glória de Deus, por nós” (2 Cr. 1:20).

W. J. Prost

Reforma Não É Cura

Você perceberá que o homem muda suas formas de agir, porém nunca cura a si mesmo. Essa verdade tem várias ilustrações em toda a história deste mundo e pode ser um aviso oportuno para nós neste momento.

Israel no deserto mostrou isso. Primeiramente eles fizeram um bezerro; e depois fizeram um líder. O ídolo imundo foi abandonado por causa do pensamento presunçoso de elevar um dentre eles mesmos (Arão), porém isso era apenas uma mudança e não uma cura.

Quando Israel estava na terra prometida fez o mesmo outra vez. Por muitos anos eles tiveram os ídolos das nações como seus deuses, até que a Babilônia se tornou o lugar de seu cativeiro e julgamento. Porém, quando eles retornaram à terra, apesar de não terem voltado a seus deuses, eles se tornaram infiéis e presunçosos. Leia seus caminhos em Esdras e Neemias, e especialmente em Malaquias. Novamente houve uma mudança e não uma cura.

A Casa Imunda

O Senhor em seu ensino contempla isso. (Veja Mateus 12:43 – 45.) Primeiro era a casa imunda, e depois a casa varrida e ornamentada. Mas essa não era nenhuma cura. Alguns disseram que o Senhor fez Sua obra pelo poder de Belzebu, e outros O desafiaram a mostrar um sinal. Eles podiam variar em suas formas de inimizade, mas ainda era inimizade. E ao invés de toda essa mudança resultar em uma cura, seu último estado se tornou pior do que o primeiro. O que transpareceu na casa varrida foi ainda pior daquilo que foi testemunhado e praticado na casa imunda.

Isso, amados, é uma verdade muito séria, mas muito oportuna. As nações estão inquietas e prontas para uma mudança. O coração dos homens está batendo alto e prometendo a eles grandes coisas. Mas é bom lembrar que o homem pode mudar a sua maneira de agir, mas ele nunca pode curar a si mesmo. A mudança termina apenas em algo pior. Nos “últimos tempos” da cristandade, vemos determinadas formas de mal (1 Tm. 4), mas quando lemos “os últimos dias”, vemos somente uma mudança dos mesmos males que já existiam anteriormente (2 Tm. 3). Ainda é maldade e não cura.

No terrível desenrolar de Apocalipse, podemos ver isso novamente. É mudança e não cura. A mulher que corrompia a terra será removida, mas a besta e seu exército tomarão a liderança e porão suas forças contra o Senhor (Ap. 19). Os reis da terra poderão até odiar a prostituta e derrubá-la, porém será apenas para dar o seu poder para a besta e fazê-la emergir (Ap. 17).

Julgamento – Não é Mudança

Assim, mudanças são testemunhadas. Uma forma de mal dá lugar a outra forma de mal. Não existe cura. Julgamento deve ser executado, e isso não é cura, mas é o abrir caminho para algo novo. O julgamento irá tirar o homem de sua posição e corrupção e preparar o caminho para Cristo e Seu poder e retidão.

O mal é incurável e deve ser destronado pelo julgamento. E assim como a mudança do homem não gerou nenhuma cura, também as diferentes formas do Senhor lidar com ele não resultaram em correção. “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende a justiça” (Is. 26:10). Tudo nos mostra que não resta mais nada além de juízo. Como diz o mesmo profeta, “havendo os teus juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.” (Is. 26:9). E novamente, “todas as nações virão e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos” (Ap. 15:4). Julgamento, portanto, fecha o cenário e abre caminho para coisas novas – não algo remendado. E então a Glória sucede o Julgamento

Palavras da verdade (adaptado)

O Poder para Mudar

Em outra parte desta publicação nos referimos ao fato de que Deus espera mudanças no cristão, à medida que ele caminha em sua vida Cristã. Porém, às vezes, pensamos que estas mudanças não aparecem, ao menos na medida em que deveriam. Talvez em nossa própria vida e talvez na vida de outros, continuamos a ver os mesmos padrões antigos de pensamento e comportamento que nos caracterizavam antes de sermos salvos. Isso pode, e deveria, nos trazer ao ponto de perguntarmos o motivo pelo qual não estamos mudando e nos tornando mais como Cristo.

Em primeiro lugar, devemos lembrar a nós mesmos que o homem na carne não muda para o bem. Mudanças que ocorrem no mundo ao seu redor podem modificar seus comportamentos, porém a raiz maligna permanece. Por milhares de anos, o homem tem tentado de maneira vã negar suas quedas e persuadir a si mesmo que ele tem a bondade inata em si. Se o ambiente certo e as boas influências pudessem resolver o problema, então tudo estaria bem! Porém, a história do homem confirma a palavra das Escrituras: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso;” (Jr. 17:9). Até mesmo o cristão muitas vezes tem que passar por experiências difíceis antes que possa dizer juntamente com o apóstolo Paulo: “porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm. 7:18).

O Coração Natural

Eu sugeriria que existem no mínimo duas razões principais para a falta de mudança em nós cristãos. A primeira razão nos leva de volta para o tempo antes de sermos salvos. Naquela época não pensávamos em Deus, exceto que nossos corações eram “inimizade contra Deus” (Rm. 8:7). Mas então, o Espírito de Deus começou a trabalhar em nossos corações para nos convencer de nosso estado pecaminoso e nossa necessidade de um Salvador. Talvez naquela época nós até mesmo tentássemos melhorar a nossa condição com nossas próprias forças, mas eventualmente nós percebemos que não podíamos fazer nada para ajudar a nós mesmos. Éramos completamente dependentes da graça de Deus, e porque entendemos nossa necessidade, de bom grado aceitamos a provisão de Deus para nós em Cristo.

Mas como é sutil o coração humano! Paulo pôde então perguntar àqueles nas assembleias da Galácia: “tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?” (Gl. 3:3) Quão facilmente nossos corações caem da graça, pensando que, de alguma forma, poderemos ajudar a nós mesmos a crescer em Cristo e nos tornarmos mais como Ele. Essa maneira errônea de pensar e também não cristã tem permeado a cristandade hoje em dia, e todos nós, se formos honestos conosco, admitiremos que às vezes nossos pensamentos ultrapassam essa linha. Fomos salvos pela graça – não existe dúvida sobre essa verdade – mas então sentimos que precisamos acrescentar alguma coisa de nós mesmos à graça e ao poder de Deus.

A Graça e o Poder do Senhor

Mais uma vez, devemos ser trazidos de volta ao lugar no qual fomos salvos e percebemos que foi através da graça e poder de Deus que nos foi dada a vida eterna, então, será o poder e a graça de Deus que irá nos transformar “de glória em glória” (2 Cr. 3:18). A mudança surge por “contemplarmos a glória do Senhor” e não por qualquer um de nossos esforços. Então, percebemos que o poder do Espírito de Deus – um poder fora de nós mesmos – conquista a mudança para nós, talvez até despercebida por nós. Quando Moisés estava no monte com Deus, sua face brilhou porque ele esteve na presença de Deus. Outros viram, porém, o próprio Moisés não sabia disso: “Moisés não sabia que a pele do seu rosto resplandecia” (Ex. 34:29). Assim também acontece hoje, o cristão que tem contemplado a glória do Senhor irá irradiar a glória de Cristo, e outros verão, apesar dele mesmo não perceber isso. Talvez até mesmo inconscientemente, velhos hábitos, padrões de pensamentos e comportamentos mudam, e nós pareceremos cada vez mais com Cristo. Portanto, assim deveria ser, porque o Espírito de Deus nunca nos ocupa com nossas próprias coisas, exceto para julgar nossa natureza pecaminosa. Ao nos ocuparmos com Cristo, Sua glória será vista.

Orgulho

Contudo, existe outra razão pela qual não ocorrem mudanças mais frequentes em nós. Nós podemos até mesmo admirar o que vemos de Cristo em outras pessoas, e sinceramente desejar que nos tornemos mais como Ele. Porém, com o tempo ficamos frustrados ao ver os mesmos comportamentos em nós – comportamentos do nosso ser e não de Cristo. Alguém escreveu a razão para isso em uma sentença: “Nós podemos até querer nos tornar mais como Cristo, mas frequentemente nós gostamos muito mais de nós mesmos do que de nos tornar como outro Homem”. O orgulho nos nossos corações clama para fazermos aquilo que é nato em nós – uma natureza que resiste a Deus. Características nacionais e raciais, traços familiares, hábitos pessoais, comportamentos culturais – tudo isso pode ser produto da carne, e podemos relutar em mudá-los. Podemos justificá-los, sentindo que existe algum bem neles. Ou podemos suavizá-los e tentar controlar esses impulsos com a energia humana. Mas eles se põem no caminho do nosso crescimento como Cristãos. Existe somente um remédio para essa velha natureza – a morte. A raiz do problema deve ser reconhecida, devemos perceber que muitas das coisas que apreciamos devem ser consideradas como pecaminosas e julgadas, sem dúvida, na presença de Deus. Isso pode ser uma tarefa difícil, à medida que procuramos mudar aquilo que nos caracterizava por tantos anos. Ainda assim o poder de Deus é suficiente, e quando olhamos para Cristo e ganhamos a vitória, entenderemos o que o hino diz: “cada vitória ajudará à outra conquistar”.

Um dia, quando o Senhor vier, cada um dos que creem será perfeito como Cristo. Porém, quão abençoado é o caminho daqueles que procuram ser como Ele agora, não importando o custo!

W. J. Prost

Transformado – Transfigurado

A palavra que é traduzida como “transformado” é encontrada apenas quatro vezes no Novo Testamento. Usada tanto em Mateus quanto em Marcos para descrever a mudança na aparência do nosso bendito Senhor no monte da transfiguração, quando “seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz”. Nessas passagens significa “transfigurado”. E apresentada, finalmente, em 2 Coríntios 3:18 traduzida como “transformado”. Quem discordaria de que essas passagens são intencionalmente conectadas? Quando o Senhor foi “transfigurado” no monte, Deus mostrou, antecipadamente, o estado glorificado no qual Seu Filho entraria depois de Sua morte e ressurreição. (Veja João 17:5). Porém, nós, como crentes, seremos glorificados por Sua graça juntamente com Ele (Jo 17:22; Rm. 8:17), e aprendemos através dessas passagens nas Escrituras como isso acontecerá. Romanos 12:2 é o quarto lugar onde podemos encontrar essa palavra traduzida como ‘transformado’, e nela aprendemos que, primeiramente, é uma obra moral interior – uma mudança espiritual efetuada pela renovação de nossa mente. Em 2 Coríntios 3:18 sabemos que enquanto Cristo em glória é o modelo ao qual devemos ser moldados, contemplando sua glória é que gradualmente somos ‘transfigurados’ – de glória em glória – de acordo com Sua imagem. Assim, Deus usa, pelo Espírito Santo, a glória do Senhor para nos mudar à semelhança de Seu Filho amado. Mas, assim como em 1 João 3:2 nos é dito, nós não seremos como Ele até que O vejamos como Ele é. Nós esperamos, então, até Sua vinda, para o cumprimento completo dos propósitos de Deus, quando nossos corpos e nossas almas serão conformados à imagem de Seu Filho. (Veja Filipenses 3:21). Enquanto isso, nosso crescimento moral à Sua semelhança será proporcional a nossa ocupação no presente com Ele no lugar onde Ele está.

E. Dennett (adaptado)

Providência Divina

Em Daniel 7, o profeta diz: “Eu estava olhando, na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu combatiam no mar grande. E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar”. Foi dado a ele ver o efeito dos ventos sobre o mar. Esses ventos representam as providências de Deus na terra – eles são “os quatro ventos do céu”. São correntes que têm a permissão de Deus para afetar o curso das nações. Políticas e opiniões públicas, grandes circunstâncias e outras aparentemente triviais, tudo está realizando Sua vontade. O mar representa a massa inquieta de pessoas que atuam sobre essas coisas. Quando João, olhando adiante, vê esses quatro ventos em Apocalipse 7, eles estão sendo retidos até que o remanescente de Israel seja selado antes do tempo da aflição de Jacó. João fala dos ventos como “os quatro ventos da terra”. A diferença entre Daniel e João é que o primeiro fala da fonte de onde eles surgem, e o último, o objeto de sua ação.

Os Ventos sobre os Mares

Em Daniel 7 a atividade desses ventos sobre o mar produz a agitação que traz os grandes impérios, e essa agitação sempre precedeu grandes mudanças entre as nações. Às vezes acontecimentos que aparentemente não têm relação um com o outro provam ser nada mais do que obra da providência Divina para produzir alguma situação complexa de onde surgem grandes líderes e grandes nações. Olhando para a história e vendo o cenário que gerou aquelas grandes bestas de Daniel 7 – os impérios da Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma. Todos vieram à tona com a agitação dos povos, e foram trazidos pela providência dos ventos do céu.

Os Ventos do Céu

Então quando chegamos a Apocalipse 13 vemos que a besta que aparecerá no futuro – o grande e terrível império Romano do futuro – sairá do meio do mar, que sem dúvida será agitado pelos ventos do céu que agirão sobre a terra. Certamente estes últimos anos têm testemunhado o soprar dos ventos do céu sobre a Terra, e as mudanças têm sido importantes e drásticas. Ventos tempestuosos têm cumprido o Seu propósito, e em breve o ator final deste cenário do dia do homem virá à tona pronto para cumprir o que foi dado a ele fazer. Porém, não devemos nos esquecer como a profecia em todos os lugares termina com a vinda do reino de nosso Senhor Jesus Cristo. Daniel diz, quando contemplava os quatro reinos gentios, especialmente o reavivamento do império Romano: “Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e esse reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos e será estabelecido para sempre” (Dn. 2:44).

Paul Wilson

Os Corpos Serão Transformados

“Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas” (Fl. 3: 20-21).

É importante vermos a tradução correta dessa parte do versículo; “o qual transformará nosso ‘corpo de humilhação”’ e não “corpo vil”. O corpo não é visto nas escrituras como algo ruim ou vil. Nossos corpos são preparados pela graça para serem apresentados a Deus como sacrifício vivo. Eles são corpos de humilhação porque são marcados pelas fraquezas e enfermidades, e também com a possibilidade de decomposição pela morte. Porém, o corpo nas escrituras não é mostrado como ruim ou vil.

Por essa razão a ideia dos monges de punir seus corpos como se fosse algo vil não é correta. Quando Paulo fala de esmurrar seu corpo e reduzi-lo a escravidão, ele não está falando de algo físico, mas da concupiscência na carne. O corpo humano não é visto com vil e pode ser o templo do Espírito Santo.

Já com o Cristão, esse corpo é o templo do Espírito Santo. Devemos glorificar a Deus nele. Esse corpo poderá finalmente se desfazer e voltar ao pó, porém, pouco a pouco ele irá se transformando para tomar forma de um que nunca mais voltará ao pó – um corpo que é feito para a glória. Quando Deus nos deu um corpo e nos pôs neste mundo, Ele deu um corpo apropriado para este mundo. Quando Ele nos levar para glória, Ele nos dará um corpo apropriado para a glória.

C. H. Brown

Racionalismo

É um principio mortal que corre no meio de todos os racionalistas, que fazem da maneira de pensar do homem atual, a medida do padrão da Palavra de Deus para este mundo, isso gradualmente leva à crença que a Palavra foi o produto da época e do país onde tudo foi escrito. Se eu mudar as Escrituras para adaptá-la ao século XXI, logo também mudarei para o que convém a mim mesmo, e logo não teremos nada da Palavra.

Tesouro Bíblico

Minha Mente

Uma pessoa pode apresentar a verdade, mas se Deus não mudar o querer de quem ouve, isso só produzirá ira. A mente do homem é sempre de um ateu quando faz uma escolha, então quando a mente trabalha por si só, ela é necessariamente a mente de um ateu. Minha mente não pode ir além de si mesma, ao contrário não seria a minha mente, porém se Deus não pode ir além da minha mente, Ele não é Deus.

Alimento Para o Rebanho

Isto Eu Sei

Eu não sei o que pode vir em seguida

No meu caminho peregrino;

Eu não sei a estrada do amanhã,

Nem sei ver além do hoje;

Mas isto Eu sei: Meu Salvador sabe

O caminho, que não consigo ver,

E posso confiar em sua mão machucada

Para guiar e cuidar de mim.

Eu não sei o que pode acontecer

Se haverá luz do sol ou chuva;

Eu não sei o que pode vir a ser meu

Se a dor ou o prazer;

Mas isto Eu sei: Meu Salvador sabe

E o que quer que seja,

Ainda posso confiar em seu amor para dar

O que será o melhor para mim.

Eu não sei o que ainda me espera

Ou o que o futuro trará;

Mas com a feliz saudação de fé

Eu saúdo de braços abertos!

Por que isto eu sei: Que em meu Senhor

Todas as minhas necessidades serão atendidas,

E posso confiar no coração dAquele

Que ainda não falhou comigo.

E. M. Clarkson

 

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