É de conhecimento comum que a ressurreição de Jesus Cristo é central para o cristianismo.
Também é evidente, a partir do Novo Testamento, que a ressurreição de Cristo e sua ascensão ao céu não eram doutrinas teológicas difíceis, que os primeiros cristãos precisaram se esforçar para acreditar.
Esses foram dois eventos poderosos que desencadearam um poder enorme, que transformou os primeiros discípulos, que eram pessoas assustadas, em pregadores irrepreensíveis do evangelho. Sua fé não sofreu nenhum abalo com a ressurreição de Cristo, mas, sim, um aumento incrível. Ela os levou a conhecer a realidade do Deus vivo, como nunca antes. Veja o que eles falaram:
“E por ele (Jesus Cristo) credes em Deus, que o ressuscitou dos mortos e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus” (1 Pedro 1:21).
Sua esperança aumentou muito também. Sem Deus, a morte é o fim de toda a esperança, a indignidade final para o corpo, o absurdo final e a frustração que encerra toda a luta pelo progresso. Mas a ressurreição de Cristo mudou tudo isso. O apóstolo Pedro diz: “Deus... nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós” (1 Pedro 1:3-4).
Os cristãos logo viram que a ressurreição do Homem, Jesus Cristo, abriu a porta da glória eterna para toda a humanidade redimida. A ressurreição de Cristo foi, portanto, o protótipo e a promessa de sua própria ressurreição (1 Coríntios 15:20-23).
Além disso, a ressurreição de Cristo produziu um fenômeno notável: os primeiros cristãos, mesmo aqueles que nunca tinham visto Jesus, o amaram verdadeiramente. Ouça como eles falaram sobre isso:
“Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso” (1 Pedro 1:8).
Se alguém disser: “Eu amo Tchaikovsky”, você acharia que ele quis dizer “Eu amo a música de Tchaikovsky”, não “Eu amo Tchaikovsky como pessoa”. Ninguém entenderia que essa pessoa quis dizer que ama Tchaikovsky como pessoa, isso não faria sentido. Tchaikovsky está morto, e você não pode amar uma pessoa morta. Uma viúva normalmente diz: “Eu amava o meu marido”, mas não “Eu amo o meu marido”.
Mas é assim que todos os cristãos falam de Cristo. Para eles, Jesus não é apenas uma figura histórica, um professor de moral do passado, ele é uma Pessoa viva. Embora eles nunca tenham visto a ele, eles o amam, falam com ele (em oração), ouvem-no falar na mente com eles (através da Bíblia), cantam para ele, adoram-no, e vivem sua vida pelo poder dele e para agradar a ele. Esse é o tipo de fé que a realidade da ressurreição produz.
“Mas isso não é necessariamente uma realidade”, alguém pode dizer. “Toda esta experiência ocorre em pessoas que assumem primeiro que a ressurreição de Cristo é um fato histórico. Eles se persuadem a crer que Jesus está vivo, formam uma imagem mental dele idealizada e se apaixonam por essa imagem. Certamente é apenas uma pura fantasia subjetiva, pois quais são as evidências históricas objetivas de que Jesus realmente ressuscitou dos mortos?”
A resposta são evidências muito poderosas e cumulativas de várias espécies, de um grande número de fontes diferentes. Nós podemos dar exemplos aqui.
 
1. A prova do túmulo vazio. Está bastante claro, a partir dos registros do Novo Testamento, que os primeiros visitantes ao túmulo de Cristo, no domingo, depois que ele foi enterrado, esperavam encontrar seu corpo ainda no túmulo. Eles tinham vindo com especiarias para embalsamar o corpo, com a intenção de, por esse processo, preservar o corpo morto enquanto podiam.
Quando eles relataram aos apóstolos que eles haviam encontrado o túmulo vazio, os apóstolos ficaram admirados, e João e Pedro imediatamente correram ao sepulcro para tentar descobrir o que realmente aconteceu (João 20:1-10). Eles nos dizem o que eles encontraram. A sepultura não estava exatamente vazia.
O corpo havia desaparecido, mas as roupas fúnebres que haviam sido enroladas em torno do corpo, da forma que ocorria em um enterro judaico, ainda estavam lá na posição que ocupavam, quando o corpo ainda estava dentro das vestes, exceto pelo fato de que agora elas estavam vazias e planas. Os panos que haviam sido colocados em volta da cabeça estavam levemente distantes das outras roupas na borda rasa do túmulo, que foi projetado como uma almofada para apoiar a cabeça do cadáver.
Esses dois discípulos dizem-nos que esta foi a primeira evidência que os fez acreditar que Jesus deve ter ressuscitado dos mortos: o corpo havia transpassado as roupas, deixando-as sem perturbações. Que outra explicação poderia haver? Eles sabiam que nenhum dos outros apóstolos tinha removido o corpo, nem poderia, nem ninguém teria feito isso, já que as autoridades haviam posto uma guarda de soldados em volta do túmulo precisamente para este fim: impedir que alguém roubasse o corpo para fingir uma ressurreição.
Foram os soldados que, ao descobrir que o corpo não estava mais lá, espalharam o boato de que os discípulos vieram e roubaram o corpo enquanto dormiam (Mateus 27:62-66; 28:11-15). Mas isso nos leva a pensar que, em face dessa alegação, como eles poderiam ter visto o que aconteceu, se eles estavam dormindo? Porém, em um nível mais profundo, é difícil acreditar que alguns discípulos passariam pelos guardas, depois tirariam a lápide pesada na entrada do túmulo, roubariam o corpo, escondê-lo-iam, e então, deliberadamente inventariam a mentira de que Jesus tinha ressuscitado dos mortos. É difícil acreditar nisso devido às seguintes duas razões.
 
2. O comportamento dos apóstolos quando submetidos à pressão. Charles Colson foi um dos assessores do ex-presidente Nixon. Ele inventou uma história falsa para encobrir o ato criminoso do Presidente ao invadir as instalações de seus adversários políticos – o chamado caso Watergate.
Por um tempo, esses homens durões mantiveram a sua história falsa. Mas, quando a pressão surgiu, e eles foram ameaçados de punições severas, eles se traíram um após o outro e confessaram a verdade. Eles perceberam que não podiam sofrer por uma mentira que eles próprios tinham inventado.
Colson tira essa conclusão a partir de sua própria experiência. Os apóstolos não eram homens sofisticados, política e diplomaticamente. Se a sua história da ressurreição foi uma mentira de sua própria invenção, então, quando uma enorme pressão veio sobre eles, como de fato ocorreu, eles não poderiam ter mantido a solidariedade: um ou outro deles teria cedido e confessado que a coisa toda era uma fraude. Mas nenhum deles fez, nem mesmo quando eles viram muitas pessoas perseguidas e executadas inocentemente por acreditar em sua história da ressurreição, nem mesmo quando eles próprios sofreram o martírio.
No entanto, suponha que admitimos que eles poderiam ter mantido a solidariedade sob pressão, como é que a sua história teria convencido um homem como Saulo de Tarso?
 
3. O testemunho de Saulo de Tarso. Costuma-se dizer que as evidências da ressurreição de Cristo são seriamente enfraquecidas pelo fato de que todas elas vêm de cristãos. Afirma-se que nenhum descrente já testificou que Jesus ressuscitou dos mortos. Bem, claro que não. Todos os não-cristãos que se tornam convencidos da ressurreição de Cristo tornaram-se, naturalmente, cristãos. Mas o ponto que devemos entender é que eles não eram cristãos antes de eles se convencerem da ressurreição, e foi a ressurreição que os convenceu.
Saulo de Tarso é um caso famoso disso. Antes de sua conversão, ele não só se recusou a acreditar em Jesus e em sua ressurreição relatada: ele vigorosamente perseguiu todos os que o fizeram. Então, a eventual conversão de Saulo de Tarso é um evento histórico inquestionável. O mundo ainda traz as marcas do grande impacto disso. O que, então, causou sua conversão? O Cristo vivo e ressuscitado, diz Saulo, que ele pensava estar morto e enterrado, encontrou-o no caminho de Damasco (Atos 9).
Alguém pode argumentar que Saulo era um caso muito especial. Mas ele não foi o único a ser convencido da ressurreição pela experiência pessoal de Cristo ressuscitado.
 
4. O comportamento das mulheres cristãs. As primeiras pessoas a visitar o túmulo de Cristo no terceiro dia eram mulheres cristãs que vieram para embalsamar o corpo. Podendo agir como quisessem, elas, sem dúvida, transformariam o túmulo em um santuário e um local de peregrinação, como tem sido feito por muitos outros líderes religiosos e como foi feito, de fato, mais tarde, pelas gerações supersticiosas da cristandade.
Mas essas mulheres não fizeram isso. Elas, e todos os primeiros cristãos, praticamente abandonaram o túmulo. Por quê? Porque o túmulo estava vazio, e elas encontraram o Senhor Jesus em pessoa, ressuscitado dos mortos. Ninguém faz um santuário em torno de alguém que está vivo! (Mateus 28:1-10; João 20:11-18).
 
5. O depoimento de testemunhas oculares. A Primeira Epístola aos Coríntios é uma das primeiras cartas de Paulo. No capítulo 15 (versículos 3-8), ele resume o evangelho. Ele inclui não apenas a proclamação de que Cristo ressuscitou dos mortos no terceiro dia, mas uma lista de testemunhas que tinham realmente visto Cristo após sua ressurreição. Essa lista não pretende ser exaustiva, mas isso mostra que as pessoas de tipos de personalidade muito diferentes foram testemunhas oculares. As circunstâncias em que eles viram o Cristo ressuscitado também foram variadas: algumas pessoas estavam sozinhas, algumas em pequenos grupos, outras em grupos de mais de 500. Nós aprendemos em outro lugar que Cristo apareceu para algumas pessoas à tarde e com portas fechadas (João 20:19-23), para outras, em plena luz do dia em um lado da montanha (Mateus 28:16-20), para outras pela manhã, à beira do lago perto de seus barcos de pesca (João 21) e para outras, ainda, em uma viagem (Lucas 24).
Seria difícil argumentar que todas essas personalidades variadas foram vítimas de alucinação ou hipnotismo em massa.
Há ainda muito mais evidências históricas que poderiam ser citadas. Mas devemos considerar outra objeção: “De acordo com o Novo Testamento, os apóstolos tiveram de ver e tocar fisicamente o Cristo ressuscitado antes de estarem preparados para acreditar em sua ressurreição. Como, então, você pode esperar que eu acredite, a menos que eu também possa vê-lo e tocar nele?”
A objeção é compreensível, mas não é tão razoável quanto pode parecer. Vamos usar uma analogia. Suponha que eu venho de um país muito primitivo e nunca tive contato com a luz elétrica. Quando eu visitar seu apartamento, você diz: “Pressione o interruptor na parede do seu quarto, e uma luz se acende”. Eu pergunto: “Como é possível?” Você responde: “A luz é produzida pela eletricidade que vem de um edifício chamado de estação de energia que está a quilômetros de distância”. Eu pergunto: “Você já viu essa eletricidade?” “Não”, você diz. “Você já viu a estação de energia?” “Eu nunca estive lá”, você admite. Posso perguntar, “Por que, então, você acredita nesta estação de energia e nessa energia, o que quer que ela seja?” Você pacientemente explica: “Quando nos mudamos para o apartamento, um homem que nos visitou disse que veio da estação de energia. Ele explicou que o nosso apartamento estava desconectado da fonte de eletricidade, mas ele estava indo de volta para a estação de energia e iria conectar-nos. A eletricidade então iria fluir e, quando o botão fosse pressionado, a luz viria. Nós acreditamos no que ele disse, apertamos o botão, e a luz veio. Então, agora vá para o seu quarto, pressione o interruptor, e a luz vai acender em seu quarto também”.
Suponha que eu respondo: “Não, eu não estou preparado para fazer isso. Eu poderia acabar me enganando e imaginando que eu vi a luz. Eu insisto que, antes, eu veja o homem da estação de energia por mim mesmo, assim como você fez antes de pressionar o botão.” Você provavelmente acharia que eu sou louco.
Os apóstolos nos dizem que Jesus lhes informou, antes de morrer, e depois que ele ressuscitou dos mortos, que ele iria deixá-los, deliberadamente. Ele estava voltando para o Pai, de quem ele tinha vindo, para que ele pudesse enviar-lhes o Espírito Santo (João 16:7-14,28). Eles deviam esperar em Jerusalém alguns dias e depois iriam receber o Espírito Santo. Ele, então, deixou-os e subiu ao céu (Atos 1:4-9). Eles creram e esperaram conforme Jesus lhes disse e depois receberam o Espírito Santo e com ele a luz, a paz e o poder para viver uma vida em comunhão diária com Deus.
Eles, então, disseram a seus contemporâneos que se houvesse arrependimento de seu pecado e crença em Cristo, eles também receberiam o Espírito Santo (Atos 2:38). Eles não iriam nem poderiam ver o Espírito Santo, mas eles teriam sua luz e poder. Os apóstolos nos dizem o mesmo hoje. Eles mesmos precisaram ver o Cristo ressuscitado, para que pudessem ser capazes de assegurar ao mundo que ele era o mesmo Jesus com quem eles viveram por três anos (Atos 1:21-22). Mas nós não precisamos ver “o homem da estação elétrica”. Podemos descobrir que ele está realmente vivo sem vê-lo. Pressione o interruptor de arrependimento e de fé, e a luz e o poder do seu Espírito iluminarão os nossos corações.
Nós temos uma outra salvaguarda contra o perigo do mero subjetivismo. A ressurreição de Jesus não foi a ressurreição de um homem qualquer. As Escrituras do Antigo Testamento eram o livro de Deus de instruções dizendo às pessoas o que elas deviam esperar que o Salvador fizesse quando ele viesse. Ele teria primeiro de morrer como sacrifício nomeado de Deus pelos pecados do mundo. Deus então validaria esse sacrifício, ressuscitando-o dos mortos (Isaías 53:4-6,10-12). Jesus afirmou ser esse Salvador. É por isso que o evangelho cristão não é meramente que Cristo morreu e ressuscitou. É que “Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras... e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Coríntios 15:3-4). Leia as Escrituras e então prove com a ação apropriada que este evangelho é verdadeiro.
Por John Lennox
 
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