A COMPOSIÇÃO DA BÍBLIA

1. Como surgiu a designação de "Bíblia" ?
Em nenhum lado da Bíblia consta que a mesma assim se deva intitular. Porque a palavra "Bíblia" significa "livro" ou "livros", passou a ser utilizada para designar o conjunto dos livros que constituem as Sagradas Escrituras.
Além disso, a uma folha de papiro os gregos chamavam "biblos" e a um rolo pequeno de papiro chamavam "biblon", cujo plural é "bíblia".
Todavia, já na época do Senhor Jesus Cristo, a Bíblia distinguia-se dos demais livros, designando-se por Escrituras (Mateus 21:42), Santas Escrituras (Romanos 01:02), Livro do Senhor (Isaías 34:16) e Palavra de Deus (Marcos 07:13 e Hebreus 04:12).
 
2. Qual a composição e estrutura da Bíblia ?
A Bíblia é composta por 66 livros (39 no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento). Os 66 Livros não estão sequenciados em ordem cronológica, mas sim de forma temática:
 
Antigo Testamento
 
Lei
 
5 livros (Gênesis a Deuteronômio), também chamados de Pentateuco.
 
História
 
12 livros (de Josué a Ester), com a narração da história do Povo de Israel;
 
Poesia
 
5 livros (de Jó a Cantares de Salomão);
 
Profecia
 
17 livros, subdivididos em "profetas maiores" e "profetas menores" (esta designação versa unicamente sobre o tamanho dos livros e não sobre a importância dos profetas).
 
Novo Testamento
 
Evangelhos
 
4 livros (Mateus, Marcos, Lucas e João), que descrevem a biografia de Jesus Cristo
 
História
 
1 livro (Atos), que narra a história da Igreja do I século.
 
Doutrina
 
21 livros (ou epístolas): cartas a Igrejas ou a pessoas.
 
Profecia
 
1 livro (Apocalipse).
 
 
3. O que são os livros apócrifos ?
Os livros apócrifos são aqueles que, embora a religião Católica Romana os aceite como pertencendo ao cânone bíblico, não podem ser considerados como pertencentes à Bíblia, por serem contraditórios ou e origem duvidosa. A religião Católica Romana aprovou os apócrifos em 8 de abril de 1546 para combater a Reforma protestante. Nessa época, os protestantes opunham-se violentamente às doutrinas romanistas do purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras, etc.
A palavra apócrifo significa precisamente oculto, e foi o termo inicialmente utilizado por certas seitas a respeito de livros seus, que eram guardados para seu próprio uso.
 
Livros apócrifos do Antigo Testamento
 
Estes livros não faziam parte do cânone hebraico, mas eram aceites pelos judeus de Alexandria que liam o grego. Alguns deles são citados no Talmude.
III Esdras
 
Relata factos históricos desde o tempo de Josias até Esdras, sendo a maior parte da matéria tirada dos livros das Crônicas, de Esdras, e de Neemias. Foi escrito no século I aC.
IV Esdras
 
Série de visões e profecias, especialmente apocalípticas, que alegadamente Esdras terá anunciado.
Tobias
 
É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael. Apresenta a justificação pelas obras (4.7-11;12.8), a mediação dos santos (12.12), superstições (6.5, 7.9,19) e um anjo engana Tobias e o ensina a mentir (5.16-19).
Judite
 
História da libertação de judeus do poder do general persa Holofernes, realçando a coragem da heroína Judite, viúva e formosa que salva sua cidade enganando um general inimigo e decapitando-o. Grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios.
Ester
 
Capítulos adicionados ao livro canônico de Ester, do século II a.C.
Sabedoria
 
Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e idolatria do epicurismo ( filosofia grega na era cristã). Apresenta o corpo como prisão da alma (9.15), a doutrina sobre a origem e o destino da alma (8.19 e 20) e a salvação pela sabedoria (9.19), todas contrárias à Bíblia.
Eclesiástico
 
Ou "Sabedoria de Jesus, filho de Siraque". Coleção de ditados prudentes e judiciosos, semelhante ao livro dos Provérbios. Apresenta, todavia, a justificação pelas obras (3.33,34), o trato cruel aos escravos (33.26 e 30; 42.1 e 5) e incentiva o ódio aos samaritanos (50.27, 28)
Baruque
 
Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus aquando da destruição de Jerusalém. Mas é de data muito posterior, quando da segunda destruição de Jerusalém, no pós-Cristo. Tem, entre outras doutrinas, a intercessão pelos mortos (3.4)
II Daniel
 
Aditamento ao livro de Daniel, com "cântico dos três jovens" (o cântico dos três jovens na fornalha), "história de Susana" (representando Daniel como justo juiz, em que segundo esta lenda, Daniel salva Suzana num julgamento fictício baseados em falsos testemunhos), "Bel e Dragão" (conta histórias sobre a necessidade da idolatria).
Manassés
 
Oração de Manassés, rei de Judá, no seu cativeiro da Babilônia.
I Macabeus
 
Descreve a história de três irmãos da família “Macabeus”, que no chamado período inter-bíblico(400 a.C.- 3 d.C.) lutam contra inimigos dos judeus visando a preservação do seu povo e da sua terra.
II Macabeus
 
Não é a continuação de I Macabeus, mas um relato paralelo, cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeu. Apresenta a oração pelos mortos; culto e missa pelos mortos; intercessão pelos santos e o próprio autor não se julga inspirado.
III Macabeus
 
História fictícia de 217 a.C, enunciando as relações do rei egípcio Ptolomeu IV, com os judeus da Palestina e Alexandria.
IV Macabeus
 
Ensaio homilético, feito por um judeu de Alexandria, conhecedor da escola estoica sobre II Macabeus.
Livros dos Jubileus
 
Ou "Pequeno Gênesis", tratando de particularidades do Gênesis duma forma imaginária e legendária, escrito por um fariseu entre os anos de 135 e 105 a.C.
Testamento dos 12 Patriarcas
 
Livro de modelo de ensino moral.
 
Oráculos Sibilinos
 
Descrições poéticas das condições passadas e futuras dos judeus.
 
Livros apócrifos do Novo Testamento
 
Sob este nome são algumas vezes reunidos vários escritos cristãos de data primitiva, que pretendem dar novas informações acerca de Jesus Cristo e seus apóstolos, ou novas instruções sobre a natureza do Cristianismo em nome dos primeiros cristãos. Eis a lista desses livros:
"Evangelhos"
  • Evangelho segundo os Hebreus;
  • Evangelho dos Egípcios;
  • Evangelho dos Ebionitas;
  • Evangelho de Pedro;
  • Protoevangelho de Tiago;
  • Evangelho de Tomé;
  • Evangelho de Filipe;
  • Evangelho de Bartomeu;
  • Evangelho de Nicodemos;
  • Evangelho de Gamaliel;
  • Evangelho da Verdade

"Epístolas"

  • I Clemente,
  • As Sete Epístolas de Inácio;
  • Aos Magnésios;
  • Aos Trálios,
  • Aos Filadélfeos,
  • Aos Esmirnenses e a Policarpo;
  • A Epístola de Policarpo
  • A Epístola de Barnabé

"Atos"

  • Atos de Paulo;
  • Atos de Pedro;
  • Atos de João;
  • Atos de André;
  • Atos de Tomé.

"Apocalipses"

  • Apocalipse de Pedro;
  • Pastor de Hermas;
  • Apocalipse de Paulo;
  • Apocalipse de Tomé;
  • Apocalipse de Estêvão
 
4. Observação sobre os livros apócrifos
Os chamados livros apócrifos não devem ser considerados como bíblicos por várias razões:
4.1. Tais livros nunca foram reconhecidos pelos judeus e esse facto é fundamental, considerando a doutrina de Romanos 3:2. Os Judeus perceberam que a inspiração profética terminara com Esdras. Esta é a conclusão a que chegamos através das palavras de Flávio Josefo: «Desde Artaxerxes até os nossos dias, escreveram-se vários livros; mas não os consideramos dignos de confiança idêntica aos livros que os precederam, porque se interrompeu a sucessão dos profetas. Esta é a prova do respeito que temos pelas nossas Escrituras. Ainda que um grande intervalo nos separe do tempo em que elas foram encerradas, ninguém se atreveu a juntar-lhes ou tirar-lhes uma única sílaba; desde o dia de seu nascimento, todos os judeus são compelidos, como por instinto, a considerar as Escrituras como o próprio ensinamento de Deus, e a ser-lhes fiéis, e, se tal for necessário, dar alegremente a sua vida por elas» (Discurso Contra Ápion, capítulo primeiro, oitavo parágrafo).
4.2. Nesses livros há muitos ensinos falsos, em contradição com os livros canónicos. Exemplos:
Justificação pelas obras
Em Eclesiástico 3:33 e Tobias 4:7-11 defende-se a justificação (salvação) pelas obras, o que é negado por Efésios 2:8,9.
Em Tobias 12:8,9 ensina-se que as ofertas caridosas podem expiar o pecado, mas lemos em I Pedro 1:18,19 que não é com coisas corruptíveis, como prata ou ouro que somos salvos, mas pelo precioso sangue de Cristo.
Mediação dos santos
Em Tobias 12:12 narra-se a mediação dos santos, doutrina que é completamente repudiada na Bíblia. Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo Homem (I Timóteo 2:5). Ele disse: "Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim" (S.João 14:6).
Oração pelos mortos
Em II Macabeus 12:44-46 doutrina-se a oração pelos mortos, o que a Bíblia não admite (cfr. Hebreus 9:27 e S.João 3:18,36).
Superstições e feitiçarias
Em Tobias 6:5-8 promove-se o ensino da arte mágica. Porém, coração de um peixe não possui poder mágico e sobrenatural para espantar "toda a espécie de demônios". Satanás não pode ser expulso por algum truque (cfr. Marcos 16:17 e Atos 16:18)
Pedido de desculpas
Em II Macabeus 15:38,39, o autor do livro pede desculpas, algo que é completamente inaceitável perante o texto bíblico inspirado por Deus (cfr. II Pedro 1:20,21) !
Ensino do Purgatório
A Religião Católica baseia a sua crença no purgatório, particularmente devido ao livro de Sabedoria 3:1-4. Porém, esse ensino aniquila completamente a expiação feita pelo Senhor Jesus. Se o pecado pudesse ser extinguido pelo fogo do purgatório, não tínhamos necessidade de Cristo, nem Ele tinha tido a necessidade de morrer na Cruz do Calvário (I João 1:7).
Relatos impossíveis.
Os apócrifos do Novo Testamento não constituem nenhum problema, porque são rejeitados por todas as igrejas cristãs, face à fragilidade desses escritos. Basta citar o exemplo do "Evangelho" de São Tomás: «Jesus atravessava uma aldeia e um menino que passava correndo, esbarra-lhe no ombro. Jesus irritado, disse: não continuarás tua carreira. Imediatamente, o menino caiu morto. Seus pais correram a falar a José; este repreende a Jesus que castiga os reclamantes com terrível cegueira». Este relato, que não se coaduna com a sublimidade dos ensinos de Cristo, é suficiente para provar que este evangelho é espúrio.
4.3. O Senhor Jesus citou, por diversas vezes, as Escrituras do Antigo Testamento, porém, nunca citou qualquer texto dos chamados livros apócrifos. Vejamos alguns exemplos das citações que Jesus fez no Velho Testamento. Cfr., as seguintes citações do Antigo Testamento, constantes em Lucas 24:27 e 44; Mateus 4:4; Mateus 4:7; Mateus 4:10; Mateus 19:4-5; Lucas 17:26-29; Mateus 12:40; Marcos 12:36 e João 5:46-47.

 

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