(Walla Walla, WA – 27 de junho de 2003)

 

Vamos abrir em João 14:16-17: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de verdade…; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.

Eu gostaria de falar sobre a presença e o poder do Espírito de Deus, e como ter uma Pessoa divina habitando em nós e que é capaz e está disposta a nos ajudar, é o grande recurso em nosso caminho cristão.

Nós temos sido abençoados com muitas maravilhosas provisões de Deus para nos ajudar em nosso caminho por este mundo. 2 Pedro 1:3 diz: “Ele nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade.” Mas a maior de todas as provisões é o dom da presença interior do Espírito.

Quando o Senhor Jesus estava prestes a voltar para o céu, Ele anunciou aos Seus discípulos que a vinda do Espírito de Deus como o “Consolador” seria conhecida de duas maneiras:

Ele iria habitar “com” eles.

Ele iria estar “dentro” deles.

Essas são as duas maneiras pelas quais o Espírito reside na terra hoje. Eu quero falar especialmente sobre a última – a presença do Espírito “no” crente – e mostrar como Ele é capaz e está disposto a nos ajudar em nosso caminho para o céu.

Vamos olhar agora para algumas funções da presença do Espírito de Deus e ver como Ele trabalha para o nosso bem e benção. Eu gostaria de apontar pelo menos cinco diferentes coisas que o Espírito faz para nos ajudar a viver para a glória de Deus.

O SELO DO ESPÍRITO

Vamos ler em Efésios 1:13, “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”. Essa passagem nos diz quando o Espírito vem residir (habitar) em uma pessoa – é quando ela crê no evangelho de sua salvação. Se você não creu no Senhor Jesus Cristo e não colocou sua fé em Sua obra consumada na cruz, você não está salvo e, portanto, não pode ter este grande presente de Deus. Entretanto, assim que uma pessoa crê no evangelho de sua salvação, o Espírito de Deus vem para selar e habitar nela daquele momento em diante.

Há muitas ideias confusas a respeito de como o Espírito de Deus é recebido. Algumas pessoas acreditam que elas deveriam se reunir e orar, clamar, invocar a Deus para receber o Seu Espírito. Alguns irão repetir e repetir, “Senhor, dá-me o Espírito, dá-me o Espírito…” Eles irão frequentemente entrar em um delírio doentio clamando pela vinda do Espírito. Mas eu posso dizer que esta não é a maneira pela qual o Espírito de Deus é recebido. A Escritura que acabamos de ler determina isso; ela diz que o Espírito é recebido após crermos no evangelho de nossa salvação. Receber o Espírito não é algo que temos que suplicar e implorar a Deus. Não! O Espírito nos é dado, como um selo, imediatamente após crermos no evangelho da graça de Deus, e Ele habita em nós, a partir desse momento.

Aqui nós descobrimos a primeira grande função do Espírito de Deus. Tendo chegado para habitar no crente, Ele coloca o selo de Deus nele como pertencendo a Cristo. O selo do Espírito é o meio pelo qual é dada ao crente a garantia de sua salvação – “tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.” Essa é a primeira obra que o Espírito de Deus faz em um crente – dar a garantia de que ele está salvo. De novo, eu confio que cada um de nós aqui tenha ouvido e crido no evangelho. Espero que você saiba que Jesus Cristo morreu por você na cruz, que Ele levou seus pecados e que você tenha a certeza de que está salvo. Não com um sentimento difuso e agradável, mas um entendimento de fato, seguro na alma que é o que o Espírito nos dá.

A presença interior do Espírito de Deus está em cada cristão. A habitação do Espírito não ocorre com um enorme estrondo de trovão, ou com alguma experiência ardente, ou algum sentimento; é algo silencioso que acontece quando nós, pela fé, recebemos o Senhor Jesus como nosso Salvador.

O selo do Espírito é algo como um fazendeiro que vai ao mercado de gado e compra algumas cabeças de gado. Depois de adquirir os animais, ele coloca sua marca (seu selo) neles para mostrar que agora eles pertencem a ele. A ilustração está aquém da plena verdade do selo do Espírito, porque os animais não saberiam que eles tiveram uma mudança de senhorio. O crente, por outro lado, tem esse conhecimento.

É verdade que um cristão pode perder a alegria de sua salvação (Sl 51:12), mas ele não perde o conhecimento do fato de que ele é salvo. “Você tem a bendita certeza em sua alma de que você pertence ao Senhor Jesus? Você sabe, sem sombra de dúvidas, que está salvo por toda a eternidade por causa do sangue derramado do Senhor Jesus Cristo?” Após crer no evangelho da salvação e descansar na obra consumada de Cristo na cruz, o Espírito de Deus, como um Hóspede divino, passou a residir em sua alma e dá agora a certeza de sua salvação.

O PENHOR DO ESPÍRITO

 

Agora, vamos olhar para outra coisa – o penhor do Espírito. Efésios 1:14 diz, “O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória”. Esta segunda obra da presença interior do Espírito, como o “penhor,” é para dar ao crente um antegosto do céu – o gozo da porção que é sua em Cristo. O “selo” do Espírito me dá conhecimento de que eu sou posse dEle, mas o “penhor” do Espírito me dá o conhecimento de que eu tenho posses também! O selo me diz que eu pertenço a Ele, mas o penhor me diz que há coisas que pertencem a mim.

Hoje, quando você compra uma propriedade, as pessoas da imobiliária vão pedir a você um “depósito de garantia” – uma entrada, que é um pagamento parcial adiantado. Isso mostra que você está sério na compra pretendida e não vai desistir do negócio mais tarde. Então, o Espírito de Deus dado a nós como o “penhor” é um sinal de que Deus tem toda a intenção de concluir a transação no momento combinado. Até Cristo vir nos levar para casa na glória, o objetivo do Espírito é nos ocupar com a nossa porção em Cristo – nos fazer saber o quão ricamente temos sido abençoados (1 Co 2:12). Ele quer colocar diante de nós toda a gama de bênçãos que são nossas em Cristo, para que possamos desfrutar de nossa porção antes de chegarmos lá.

Que privilégio maravilhoso é ter o Espírito habitando dentro de nós! Ele nos ajuda a apreciar a terra para onde estamos indo antes de chegarmos lá. Ele toma das coisas de Cristo e nos mostra enquanto ainda estamos aqui neste mundo – dando-nos um antegosto do céu (Jo 16:14). Sr. H. P. Barker tinha uma adorável ilustração desta obra do Espírito. Ele planejou fazer uma viagem ao exterior e prometeu levar seu filho com ele. Para se divertir a bordo do navio, ele comprou um telescópio para o menino – não um brinquedo, mas um instrumento verdadeiramente útil. Quando a viagem estava quase terminando, o aviso de que a terra estava à vista se espalhou pelo navio. Ele disse que não podia enxergar nada, mas seu filho, com seu telescópio, podia ver as colinas muito claramente. Logo ele pôde traçar o contorno das colinas, mas seu filho exclamava, “Pai, eu posso ver as casas e as pessoas andando no cais!” O telescópio tinha lhe dado uma visão mais clara da terra para onde iam. Isso lhe permitiu obter visões rápidas da terra antes de chegarem. Isso é o que o Espírito Santo como o “penhor” faz por nós. Ele nos traz para o presente gozo das grandes coisas que constituem nossa porção eterna reservada nos céus para nós (1 Pe 1:4).

George Cutting também tinha uma boa ilustração do “penhor do Espírito”. Ele falava de um fazendeiro que comprou algumas ovelhas no mercado, e depois de levá-las para casa, ele as entregou na mão de seu empregado, dizendo-lhe para colocá-las no curral na frente do celeiro. Depois lhe disse para ir ao redor do campo, cortar algumas braçadas de trevo doce e colocá-los no curral para as ovelhas desfrutarem. Ele disse, “De manhã, nós vamos soltá-las nesse campo de trevos para que elas possam desfrutar deles plenamente!” Esta é uma bela ilustração do que o Espírito está fazendo por nós agora. De manhã (quando o Senhor vier) nós vamos ser libertados, por assim dizer, em nossa porção, em nosso estado glorificado. Enquanto isso, o Espírito está pegando doces “punhados” (Rt 2:16) das coisas de Cristo e dando a nós como alimento enquanto ainda estamos aqui.

O que sabemos sobre o quão ricamente estamos sendo abençoados? Quanto dessas coisas nós desfrutamos? Acredito que se nós tomamos posse de algumas delas, nós não estaríamos tentando encontrar nossa satisfação e prazer nas coisas deste mundo.

A UNÇÃO DO ESPÍRITO

Vamos ver outra função da habitação do Espírito – a unção”. 1 João 2:18-21, 24-27 diz, “…E vós tendes a unção do Santo, e sabeis todas as coisas…” Aqui nós temos a “unção” do Espírito de Deus. Pensar na obra do Espírito como uma “unção” nos dá discernimento para o caminho e poder para andar nele.

Aqui em 1 João 2, a partir do versículo 18, João está falando para os “filhinhos” – as crianças na família. Ele tem algo para dizer a eles e eu suspeito que seja porque, sendo jovens na fé, eles eram mais suscetíveis aos perigos no caminho. Ele diz três coisas a eles. Primeiramente, que era “a última hora” e o testemunho cristão estava em ruínas. Ele aponta que tinham surgido muitos maus mestres que rejeitaram o ensino dos apóstolos e estavam desviando crentes desavisados. Quão cuidadoso o crente precisa ser nestes últimos dias! Em segundo lugar, ele diz que eles “sabem todas as coisas.” Uma vez que eles tinham a “unção” do Espírito, eles não tinham a necessidade de que ninguém lhes ensinasse, porque o Espírito habitando neles iria dar-lhes a conhecer, ou discernir, a verdade do erro.

O fato de que Espírito de Deus é capaz de nos ensinar a verdade não significa que estas criancinhas em Cristo conheciam todas as doutrinas do Cristianismo. Se esse fosse o caso, Deus as teria feito mestres na assembleia. Não, elas não conheciam as Escrituras muito bem – e é por isso que João não disse, “Provem aqueles mestres que vêm até vocês com a Palavra de Deus.” Elas não tinham um conhecimento sólido da verdade ainda, sendo meros bebês, não poderiam fazer isso. Mas disse a elas que tinham o Espírito de Deus habitando em seus corações, e como a Unção, Ele lhes daria a capacidade para discernir a verdade e o erro no confronto com tais mestres. Então quando maus mestres viessem até eles com suas falsas doutrinas, eles teriam a capacidade de discernir se estariam corretas ou não.

Eu tenho visto exemplos deste discernimento em novos convertidos que foram confrontados pelos que espalham má doutrina. Esses jovens crentes não tropeçaram em suas falsas doutrinas, mas disseram: “Eu não achei que estava certo e não sabia o que eu poderia ter feito para mostrar a eles na Bíblia que aquilo não estava certo, mas eu senti que não era de Deus”. João sublinha este ponto com os jovens crentes, lembrando-lhes de que eles tinham o Espírito de Deus habitando neles e Ele lhes daria a conhecer se essas coisas eram verdade ou não.

Em terceiro lugar, João diz para eles permanecerem com “o que desde o princípio ouvistes” (vs. 24). Então ele diz no versículo 27 para “permanecer nEle” – no Senhor, e se manter em comunhão com Ele, porque muitos jovens, e mais velhos também, haviam se desviado. Não há garantia de que, só porque o Espírito de Deus habita em nós, não vamos ser enganados por aqueles que nos afastam do bom caminho. É preciso haver comunhão diária com o próprio bendito Senhor, o que é um resultado de estar em um bom estado de alma.

Também não devemos olhar para estes versículos e pensar que nós não precisamos dos dons que Deus deu à Igreja – isto é, homens levantados por Deus para nos ensinar e ajudar no caminho (Ef 4:11). Alguns podem dizer, “Já que eu tenho o Espírito, tudo o que eu preciso são as Escrituras e o Espírito me ensinará. Eu não preciso de livros de ministério! Eu não preciso do que os homens dizem sobre as Escrituras!” Eu quero advertir a cada um de nós que isso não é uma boa atitude para se ter. Se Deus levantou mestres para nos instruir na verdade e nos ajudar no caminho, nós precisamos tirar proveito disso. É por isso que nós vamos às reuniões para ouvir a explicação da Palavra. Eu não estou minimizando o poder do Espírito para nos instruir, mas quando Deus nos deu estes dons – seja em ministério escrito, ou ministério falado, gravado em fita cassete ou em reuniões presentes – nós não deveríamos deixá-los de lado como se não precisássemos disso. Alguns falam dessa maneira, mas isso é desculpa para sua preguiça. Então vamos tirar essa ideia das nossas cabeças agora mesmo. Não é o que o versículo 27 está ensinando.

O que o apóstolo está dizendo no versículo 27 é que quando o erro ou a verdade nos é apresentado, há a capacidade dentro de cada crente, como resultado da habitação interior do Espírito, para discernir se isso está certo ou errado. Isso é porque nós temos uma consciência em nossas almas da voz do Pastor; isto é, se nós estivermos andando em comunhão com Ele.

A LEI DO ESPÍRITO

Abra agora em Romanos 8:1-2 “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus… Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Essa é outra função da presença interior do Espírito.

Observe que a última metade do versículo 1, como está na versão JFA Corrigida Fiel aqui utilizada, não consta nos manuscritos originais. As melhores traduções, com razão, a deixam de fora porque o versículo está falando da nossa posição em Cristo – não da nossa condição. Estas palavras legitimamente aparecem no final do versículo 4, onde diz, “que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Isso tem a ver com nossa condição, a qual pode mudar, dependendo de como andamos. Nossa posição, por outro lado (vs. 1), nunca muda.

O primeiro versículo diz que os crentes estão “em Cristo.” Esta é uma expressão usada por Paulo em suas epístolas para denotar a posição de aceitação do crente diante de Deus. Estar “em Cristo” é estar no lugar de Cristo diante de Deus. Esta é a posição de todo cristão. O próprio local de aceitação que Cristo ocupa diante de Deus pertence ao crente.

Se você é – um cristão – você está em Cristo diante de Deus. Isso não descreve o que nós somos, mas onde estamos. Nós estamos no lugar de Cristo diante de Deus. Essa posição de aceitação é verdadeira para todo cristão, seja a condição (estado) dele boa ou ruim. Todo cristão tem uma posição igual diante de Deus como estando “em Cristo.

O assunto aqui neste capítulo é a libertação do pecado – da atividade da natureza pecaminosa que habita em nós. Paulo começa a explicar sobre a libertação falando da aceitação do crente (vs. 1). Ele menciona isso para mostrar como o Espírito de Deus (que vai agir por nós na libertação) é recebido. No momento em que o crente vê o seu lugar em Cristo, o Espírito de Deus vem habitar dentro dele. Portanto, o versículo 1 é aceitação, o versículo 2 é libertação.

Aqui nós temos outra função do Espírito de Deus no crente. Ele é mencionado como “a lei do Espírito de vida.” O Espírito de Deus está habitando em nós não apenas para nos dar a certeza da salvação, a antecipação das coisas celestiais e discernimento em nosso caminho. Ele está também aqui a fim de nos dar poder para andar para a glória de Deus. Quanto “à lei do Espirito de vida,” Ele é o Fornecedor desse poder. O poder do Espírito de Deus no crente realiza a libertação das obras da natureza caída (“a carne”) que existe em cada pessoa neste mundo. A natureza caída só quer fazer o que é a sua própria vontade, e isso é pecar. Mas o Espírito de Deus está lá para sobrepor essas obras para que possamos viver uma vida santa para Deus. A libertação da presença interior da natureza pecaminosa ninguém pode conhecer enquanto viver neste mundo; mas a libertação do seu poder todos podem conhecer, se eles agirem sobre os princípios destas Escrituras que estão diante de nós.

Então, em primeiro lugar, o apóstolo fala de como essa grande libertação e poder pode estar ativa em nossas vidas. Ele começa nos versículos 1 e 2 estabelecendo a posição e a condição cristã normal. O Espírito é mencionado neste capítulo muitas vezes – dando-nos tudo o que precisamos no caminho – nos controlando, nos confortando, nos conduzindo, nos guiando, etc. Este capítulo é uma exposição maravilhosa sobre o Espírito de Deus. No capítulo 7 de Romanos o Espírito não é mencionado, por isso você vê uma alma lutando contra a natureza pecaminosa. Mas quando você vai para o capítulo 8 você vê o Espírito de Deus sendo mencionado muitas vezes, tendo o Seu lugar apropriado na vida do crente, e não há mais luta. Isto é porque “a inclinação do Espírito é vida e paz” (vs. 6).

Assim, o aspecto que o Espírito de Deus é visto aqui mostra o poder e a liberdade da “lei do pecado e da morte.” A “lei do pecado e da morte” são as obras interiores da velha natureza (a carne) querendo fazer seus próprios desejos e vivendo para o pecado; isso somente produz morte moral na vida do crente. Mas Deus traz para a vida do crente este novo grande princípio chamado “a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus,” para ajudá-lo a viver acima (e não ser escravos) das propensões (tendências) da natureza pecaminosa caída. No versículo 3, nós temos a morte de Cristo aplicada à própria natureza pecaminosa – isto é, ao P-E-C-A-D-O. Quando “pecado” (singular) é mencionado nos escritos de Paulo, ele está falando da natureza pecaminosa, a qual todos nós temos – com suas tendências, desejos e cobiças pelo pecado. Quando “pecados” (plural) são mencionados, ele está se referindo ao fruto dessa velha natureza – os atos que ela produz. Como é que o crente vai viver acima dessas tendências da natureza pecaminosa, de modo que ele viva uma vida santa para a glória de Deus? Pelo poder que Deus tem suprido através da presença interior do Espírito de Deus – e nós agradecemos a Ele por isso!

Para ilustrar isso, pense na lei científica da gravidade. Todo objeto está sendo atraído para baixo, em direção ao centro da Terra, por uma força invisível chamada gravidade – isso acontece sobre toda a Terra; é uma coisa universal. É chamada lei da gravidade ou princípio da gravidade. Pegue qualquer objeto sólido em sua mão – digamos um livro; segure na altura do braço e solte-o, o que acontece? Ele cai no chão. Se fizéssemos isso dez vezes seguida, ele cairia no chão todas as vezes. Isso é um princípio universal e não há nada que possamos fazer para mudá-lo. Em relação ao nosso assunto da natureza pecaminosa (“a lei do pecado e da morte”), ela é também um princípio universal, estando presente em todo ser humano que vive neste planeta. Quando ela é solta, quer fazer somente uma coisa – ir para baixo em direção ao pecado.

Seguindo adiante com o nosso exemplo, suponha que nós queiramos mudar as coisas, de modo que quando nós soltarmos o livro ele não caia no chão com o poder da gravidade. Imagine que amarramos no livro alguns balões que estão cheios de gás hélio (que é mais leve do que o ar) e temos quantidade suficiente desses balões de maneira que a força de elevação deles é maior que o peso do livro. Agora o que acontece se nós soltarmos o livro? Ele vai começar a subir em vez de cair. E por que isso? Porque o princípio da gravidade foi retirado ou tornado inativo pelos balões? Não. A gravidade ainda está lá, mas nós trouxemos ao caso um princípio dominante para agir sobre o livro – uma força mais poderosa. A gravidade ainda está operando, mas a força para cima dos balões é maior que a força para baixo da gravidade e, consequentemente, nosso livro não cai, mas sobe pelo efeito do hélio.

Isso ilustra o que Deus fez com o crente. A natureza caída não é retirada quando uma pessoa é salva. Deus achou por bem nos deixar aqui neste mundo com a natureza caída ainda em nós e o estado de nossos corações está constantemente sendo testado por isso. Em vez de remover a natureza caída, Deus fez uma provisão completa para vivermos livres do poder dessa coisa má. “O Espírito de vida em Cristo Jesus,” como o gás hélio, é trazido para nossas vidas para sobrepor a atração descendente da natureza pecaminosa. Isto é libertação!

O versículo 3 é trazido para mostrar que Deus desistiu da velha natureza caída. Ele não está procurando por nada de bom nela porque Ele provou que ela não é capaz de produzir o que é bom. Ele a “condenou” na morte de Cristo e isso nos ensina que nós também não deveríamos estar procurando nada de bom na natureza caída. Nós não deveríamos ficar surpresos ou desapontados quando a velha natureza se mostra ou age. Nós precisamos entender que Deus tratou judicialmente com ela na cruz, e Ele não está mais procurando nada de bom vindo da carne. E nós precisamos julgá-la também, se nós temos permitido ela agir em nossas vidas (1 Jo 1:9). Agora não há razão para a carne de sempre agir na vida do crente por causa desta provisão da presença interior do Espírito de Deus. Ele é verdadeiramente o poder para viver uma vida santa.

O FRUTO DO ESPÍRITO

Em Gálatas 5:22-25 vemos mais um grande benefício da habitação interior do Espírito. “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.

Em 2 Coríntios 3:17-18, lemos: “Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.

Aqui há outra coisa. O Espírito de Deus habita no crente para produzir fruto em sua vida. Observe: a palavra é fruto,” não frutos. Embora existam nove diferentes partes dele, há apenas um fruto. O que o Espírito gostaria de fazer em sua e em minha vida é produzir conformidade moral com Cristo (nos tornar semelhantes a Cristo). Os nove fragmentos do “fruto do Espírito” são as características de Cristo – Seu caráter mostrado nos santos. Como isso acontece? O Espírito de Deus „escreve‟ Cristo nas “tábuas de carne dos nossos corações” como 2 Coríntios 3:3 diz; e como Cristo está impresso em nossos corações, nós nos tornamos mais semelhantes a Ele; e isso virá à tona no caráter de nossa vida.

O que está sendo dito aqui no versículo 17, de 2 Coríntios 3, é que o Senhor é o “espírito” de todas as Escrituras do Antigo Testamento. Isto é, Ele é a essência de tudo o que nele está escrito. A palavra “espírito” é usada em outros lugares da mesma maneira – veja Apocalipse 19:10 – O testemunho de Jesus é o espírito da profecia.” De qualquer maneira, ao ler as Escrituras do Antigo Testamento, devemos ver Cristo lá, porque quando Deus escreveu as Escrituras, Ele tinha Cristo diante dEle. Se vamos ler as Escrituras e quisermos a essência delas, precisamos ter Cristo diante de nós também. (Compare com João 5:39). Paulo está falando da leitura das Escrituras do Antigo Testamento no versículo 14 de 2 Coríntios 3 e está dizendo que o Senhor é o espírito de todas aquelas passagens. Mas agora ele diz, “E onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.” Nós (no Cristianismo) temos a habitação interior do Espírito, e Ele nos dá a liberdade de olhar para a face do Senhor Jesus Cristo onde Ele está agora na glória. E como nós estamos ocupados com Cristo e nosso lugar nEle, o versículo 18 nos diz que o Espírito realiza uma obra silenciosa em nós – „escrevendo‟ Cristo sobre o coração, e assim, somos transformados em Sua imagem. Em outras palavras, somos feitos como Cristo moralmente. Paulo acrescenta, “de glória em glória;” isso significa que esta obra acontece um pouco de cada vez – passo a passo, um pouquinho aqui, um pouquinho lá. E isto é como nós somos transformados – como a conformidade moral de Cristo é produzida em nós. À medida que crescemos e progredimos em nossa vida cristã, nós nos tornaremos mais semelhantes a Cristo!

Esta é outra grande função do Espírito de Deus – nos tornar moralmente semelhantes a Cristo, o Filho de Deus. Foi dito que Deus amou tanto Seu Filho que propôs encher o céu com filhos como Ele. E está atualmente no processo de trazer “muitos filhos à glória” (Hb 2:10). Na medida em que estamos ocupados com o Filho de Deus, essa transformação realizada pelo Espírito acontece.

Nós vimos cinco diferentes coisas as quais o Espírito de Deus, estando presente em nós, faz.

Ele nos dá a certeza de nossa salvação.

Ele nos faz conhecer e desfrutar de nossas bênçãos.

Ele nos dá discernimento para o caminho.

Ele nos dá poder para viver uma vida santa para a glória de Deus.

Ele nos transforma conforme a própria imagem do Senhor.

SENDO CHEIOS DO ESPÍRITO

Pode-se perguntar, “Se todas estas coisas são o resultado de ter a habitação interior do Espírito, por que há tão pouco de Cristo em mim? Por que é que eu desfruto tão pouco de minhas bênçãos? Por que é que eu luto com a carne e tenho tão pouco poder para viver uma vida santa para Cristo”?

Vamos abrir em Efésios 5:18-21, “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração… Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus.

Aqui nós temos a resposta para essas perguntas – precisamos ser cheios do Espírito! Não é suficiente ter a presença interior do Espírito, nós precisamos estar cheios do Espírito. Ser “cheio do Espírito” significa ter o Espírito de Deus no controle de cada parte de nossas vidas. Não há nenhuma exortação na Escritura que diga que nós devemos ser habitados pelo Espírito (porque Deus faz isso acontecer após crermos no evangelho de nossa salvação, como nós já observamos), mas há uma exortação na Escritura que diz para sermos cheios do Espírito, e isso é bastante diferente. Nós possuirmos o Espírito de Deus é uma coisa, e outra bastante diferente é o Espírito de Deus nos possuir! Ou seja, deixá-Lo ter o controle de cada parte de nossas vidas.

Às vezes você ouve este assunto de dar ao Senhor cada parte de nossas vidas apresentado de tal forma como se os cristãos já tivessem feito isso, exceto que eles possam estar segurando uma pequena parte para si mesmos para fazer a própria vontade em suas vidas – e essa pequena parte reservada para si mesmo está impedindo que eles tenham progresso espiritual. Sabe, isso pode ser verdade com alguns, mas na verdade muitos de nós não precisamos ir tão longe! Nós vivemos em dias em que a maior parte do tempo, seria até mesmo mais preciso dizer que a maior parte das vidas dos cristãos são vividas para si mesmos, e apenas um pouco para Cristo. Nossas vidas são frequentemente preenchidas com os nossos próprios interesses e ambições, e isso, é claro, impede o Espírito de Deus de operar em nós, de maneira que nós não obtemos o benefício dessas coisas maravilhosas que nós temos considerado. Portanto, o encher-se do Espírito é algo essencial – algo que todos nós precisamos!

Na Alemanha, há muitos anos, um órgão de tubos conhecido mundialmente foi construído em uma grande catedral – era uma coisa magnífica! Um dia, houve um visitante que veio até a catedral e perguntou se ele poderia tocar o órgão. O zelador disse ao visitante que ele não tinha a permissão de deixar estranhos tocarem o instrumento. O visitante insistiu e persistiu, e finalmente, o zelador lhe permitiu sentar-se no órgão. Imediatamente, a mais bela música fluiu daquele órgão e encheu a catedral. O zelador ficou atônito e paralisado no chão, com espanto, ao ouvir os sons maravilhosos reverberando através da catedral. Depois que o visitante tinha tocado por algum tempo e estava prestes a sair, o zelador correu até ele e perguntou, “Quem é você”? Ele respondeu, “Mendelssohn” – era o próprio grande compositor! Em seguida, o zelador ficou envergonhado e disse, “Imagina só; aqui estava eu impedindo você, um homem de tal reputação e habilidade, e o maior compositor na Europa, de tocar este órgão! Eu estou envergonhado comigo mesmo.”

Eu gosto de pensar nessa história com respeito à presença do Espírito de Deus. Muito maior do que qualquer compositor famoso, ao Espírito de Deus – porque Ele é uma Pessoa Divina – foi dada a entrada em nossos corações porque nós fomos salvos, selados e habitados por Ele ao crermos no evangelho. Mas temos, assim como aquele zelador, proibido o maior Compositor de tudo de sentar-se no controle de nossas vidas para criar, por assim dizer, “bela música” para a glória de Deus? Isso é o que acontece com muitos cristãos hoje. Se formos honestos, teremos que admitir que nós resistimos, de modo que o Espírito não teve a oportunidade de preencher nossas vidas com aquilo que seria para a glória de Deus e para nossa benção. Precisamos nos render ao Senhor e sermos cheios do Espírito, permitindo que Ele tenha o Seu lugar de direito em nossas vidas. Nós não iremos nos arrepender se fizermos isso. Ele irá encher nossos corações com as coisas de Cristo e nos tornará as pessoas mais felizes e satisfeitas neste mundo.

Tenho notado em Atos 2 que o fato de tornar-se cheio do Espírito está associado à comunhão, no capítulo 4 à oração e à Palavra de Deus, no capítulo 7 está associado ao testemunho para Cristo, e no capítulo 11 está associado ao ministério das necessidades dos santos. Em Efésios 5, tornar-se cheio do Espírito está conectado com cantar e salmodiar em nossos corações. Se nós estivermos ocupados com estas coisas, seremos cheios do Espírito.

Por Que Falta Poder Em Nossas Vidas

 

Vamos abrir em Romanos 8 por um minuto, porque eu quero destacar um pouco mais em como nós somos responsáveis por deixar o Espírito de Deus fazer Sua obra em nós, e nos preencher. Romanos 8:13 diz, “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”. O que o apóstolo está dizendo nos versículos que vão até o 13 é que há uma forma de libertação prática contínua para os cristãos. Uma coisa é termos o Espírito de Deus presente em nós como o poder de libertação, e outra coisa bastante diferente é tê-Lo agindo por nós sustentando nossas vidas de uma maneira contínua.

O que Paulo está pondo diante de nós nos versículos 5 a 11 são dois domínios ou esferas: uma esfera de coisas que pertence à carne e uma esfera de coisas que pertence ao Espírito. Em primeiro lugar, ele fala das “coisas da carne,” de uma maneira abstrata – sem entrar em detalhes, mas todos nós sabemos que tipo de coisas a carne gosta; eu não preciso enumerá-las. Então, em segundo lugar, ele fala das “coisas do Espírito” de novo, de uma maneira abstrata ou geral, sem entrar em detalhes. São coisas que têm a ver com os interesses de Cristo neste mundo. E poderia ser o estudo das Escrituras, a oração, o cantar e salmodiar em nossos corações, a ida às reuniões de estudo da Bíblia ou de oração, escrever cartas para companheiros cristãos, visitar pessoas com palavras de encorajamento, pregar o evangelho, ou distribuir folhetos evangelísticos, etc. Estas coisas têm a ver com a gama de objetos conectados com Cristo e Seus interesses, O qual é o centro de todos os conselhos e propósitos de Deus.

Estas duas esferas são exatamente opostas uma a outra. Uma estrada se divide tendo uma direção contrária do caminho da outra. Uma leva para aquilo que é verdadeiramente “vida e paz” e a outra leva para a “morte” – morte moral. Então, Paulo conclui nos versículos 12 e 13, mostrando-nos que temos que viver na esfera correta se quisermos o poder do Espírito em nossas vidas. Ele também avisa, “Se viverdes segundo a carne, morrereis” Esta é uma palavra solene! Queridos jovens, vocês ouviram isso? Se vocês viverem na esfera da carne, isso irá levar a morte moral em suas vidas! A pergunta é, “Em qual dessas duas esferas estamos vivendo?”

Isso é o que eu quero colocar diante de vocês, queridos jovens. Se vivermos nossas vidas da manhã até à noite na esfera de coisas que pertencem à carne, não poderemos esperar ter o fluir do Espírito de Deus em nossas vidas. Nós não teremos estes resultados práticos, que temos comentado, presentes em nossas vidas. Simplificando, se você gasta o dia todo jogando bola e depois você vai a uma pizzaria onde há uma música de rock bombando – e talvez esse mesmo tipo de música no seu carro, no caminho até lá. E depois disso, você vai para casa e liga a TV. E se ainda restar um pouco de tempo, você joga alguns jogos de computador e lê uma revista ou duas. E então, você vai dormir. O que aconteceu foi que você viveu seu dia basicamente na esfera de coisas naturais e coisas que têm a ver com a carne. Eu não estou dizendo que cada uma destas coisas são pecaminosas, mas elas certamente não são as coisas do Espírito, as quais são coisas que pertencem aos interesses de Cristo. Mas deixe-me perguntar, “Isso soa algo parecido com um dia em sua vida?”

Observe o que é dito no versículo 5, “Os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne.” “Inclinar-se” significa algo como “prestar atenção”. Aqueles que prestam atenção para as coisas da carne são segundo a carne. É aí onde o homem perdido vive: ele não conhece nenhuma outra esfera. E é possível para os cristãos viverem nessa esfera de coisas também. O que Paulo está dizendo no versículo 13 é que se você viver segundo a carne, você vai morrer. A maneira na qual a morte é falada aqui é diferente na maioria dos outros lugares na Bíblia. Morte, como nós sabemos, sempre carrega a ideia de separação. O sentido de morte neste versículo é que a comunhão com Deus é quebrada – uma separação em nossa comunhão prática acontece, e nossa vida se torna um fracasso. Ele não está falando sobre morte física ou espiritual nessa passagem, mas uma morte moral que ocorre na vida do crente. Está dizendo que se você vive na esfera da carne, pode esperar que ela vai trazer morte em sua vida. Mas se você vive na esfera do Espírito, haverá abundância de poder para viver para a glória de Deus. Isso é o que significa estar cheio do Espírito. Os fatos são notoriamente simples; nós apenas gastamos muito tempo na esfera errada, nos inclinando para as coisas da carne – está na hora de entrarmos na esfera correta.

Qual é o objetivo de sua vida? O que ocupa o seu tempo em primeiro lugar? Este ponto que eu estou tocando agora é a razão pelo qual há uma “carência de poder” na vida de muitos cristãos. Tem sido dito que “se afagarmos a carne, atrapalharemos o Espírito” – e todos nós sabemos que isso é verdade. Se nós gostamos das coisas que têm a ver com a esfera da carne, não podemos esperar que o Espírito de Deus esteja trabalhando de uma maneira apreciável em nossas vidas. E vamos lembrar que aquilo que nos preenche hoje não vai ser o mesmo de amanhã! Nós precisamos deixar o Espírito de Deus ter o controle de nossas vidas todos os dias. Nós não podemos dizer, “Bem, eu passei algum tempo no dia do Senhor indo à reunião e lendo sobre a Palavra – isso deve ser bom o suficiente para a semana”. Não, nós temos que procurar viver na esfera do Espírito todos os dias. A Escritura apresenta estas várias funções do Espírito como cristianismo natural. É natural que o cristão ande para agradar a Deus e tenha as coisas de Cristo diante de si todos os dias de sua vida. É natural que um cristão viva na esfera do Espírito. Mas nós, cristãos, frequentemente vivemos longe disso – e pagamos o preço por isso.

Em 2 Reis 4:1-7 há um exemplo disso. A mulher tinha dívidas e por isso os credores iam tomar seus dois filhos como escravos. “E Eliseu lhe disse: Que te hei de fazer? Dize-me que é o que tens em casa. E ela disse: Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite. Então disse ele: Vai, pede emprestadas, de todos os teus vizinhos, vasilhas vazias, não poucas. Então entra, e fecha a porta sobre ti, e sobre teus filhos, e deita o azeite em todas aquelas vasilhas, e põe à parte a que estiver cheia. …e disse ele: Vai, vende o azeite, e paga a tua dívida; e tu e teus filhos vivei do resto.

Que importância poderia ter essa passagem, com o nosso assunto? Bem, vemos que havia um estado de pobreza. Essa mulher precisava de ajuda, estando desamparada; ela tinha apenas uma botija de azeite sobrando. O azeite aqui é uma figura do Espírito de Deus, como é em toda a Palavra de Deus. Um milagre foi então realizado por Eliseu: nós vemos como ela continuou a derramar de sua botija para as vasilhas vazias e que o suprimento de azeite não parou ou diminuiu, mas continuou até que todas as vasilhas vazias estivessem completamente cheias! Deixe-me fazer esta pergunta, “Você notou na história o que foi que fez o azeite fluir, permitindo aquela enorme provisão de valioso azeite?” Isso aconteceu quando ela fechou a porta! Eliseu insistiu que ela fechasse a porta quando ela estivesse lá dentro com seus filhos. Ela teve que primeiro fechar a porta, e só então começar a derramar.

Esse foi o segredo para liberar esta grande provisão de azeite

– o início deste maravilhoso milagre.

Sabe o que isso ensina? Isso ensina que nós precisamos ter nossas portas fechadas para a comunhão com o mundo – e para aquelas coisas que pertencem à carne!

Quando nossa porta está fechada para essas coisas, o Espírito de Deus está livre para derramar de Sua fonte infinita de poder, que precisamos para nossas vidas cristãs.

Um último versículo antes de encerrarmos: Deuteronômio 33:24-25, “E de Aser disse: Bendito seja Aser com seus filhos; agrade a seus irmãos, e banhe [mergulhe] em azeite o seu pé.” Você pode dizer, “Isso é uma coisa estranha para se dizer”. Mas quando você entende a figura, então faz todo o sentido! Nós temos aqui uma exortação a Aser para mergulhar seu pé no azeite. Isso é uma figura do “andar em Espírito,” é claro! Gálatas 5:16 diz, Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne”. “Andar em Espírito” é andar na esfera do que é do Espírito, ou seja, na esfera das coisas que têm a ver com os interesses de Cristo.

Qual foi o resultado? A continuação diz, “Seja de ferro e de metal o teu calçado; e a tua força seja como os teus dias.” Quando Aser tivesse o seu pé mergulhado no azeite, seu calçado se tornaria como “ferro e de metal”. “Isso traz diante de nós o pensamento de que vai haver um andar muito estável – isso fará com que você tenha bastante firmeza em seus pés. Outro pensamento sobre usar calçados de ferro, é que eles, sem dúvida, deixariam uma pegada muito perceptível no caminho atrás de nós – haverá um testemunho bem definido em nosso caminhar. Isso é o que acontece quando o homem está andando no poder do Espírito de Deus – ele tem um andar consistente e estável, e deixa um testemunho atrás dele que todos podem ver! É bastante óbvio quando uma pessoa está cheia do Espírito – você pode ver isso! É por isso que a embriaguez é contrastada com estar cheio do Espírito em Efésios 5:18, “Não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito.” Ambas as condições são evidentes na maneira pela qual a pessoa anda e fala. Quando um homem é vencido por muito vinho, é possível ver isso em seu andar cambaleante e em sua fala arrastada, e assim é quando uma pessoa vive no reino da carne – é evidente em seu andar e falar. E é igualmente assim quando nós andamos na esfera do Espírito; percebemos quando uma pessoa vive nessas coisas pela maneira como ela anda e fala. E é tudo relacionado a dar a Cristo o Seu lugar como Senhor sobre tudo em nossas vidas.

Isso é ilustrado na vida do profeta Eliseu. Ele passou pela casa da mulher sunamita, e ela disse para seu marido que percebeu que havia algo na maneira como aquele homem andava que a fez acreditar que ele era um homem de Deus – e ela estava certa (2 Rs 4:9).

Extinguindo e Entristecendo o Espírito

Muitas vezes tem sido perguntado, “Qual é a diferença entre „extinguir‟ e „entristecer‟ o Espírito?” Primeiramente, eu diria sem hesitação, que tais coisas você definitivamente não vai querer fazer. Nós precisamos deixar o Espírito de Deus ter Seu lugar de direito em nossas vidas – qualquer coisa que possa impedir Sua obra em nós deve ser evitada. Portanto, nós não queremos “extinguir” ou entristecer” o Espírito.

É dito em 1 Tessalonicenses 5:19, “Não extingais o Espírito.” Isso é porque o Espírito de Deus gostaria de nos usar como um canal através do qual Ele possa trabalhar para a benção de outros. O Senhor disse, “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem” (João 7:38). Deus deseja trabalhar através de nós pelo Espírito e nossa responsabilidade é permitir ao Espírito essa liberdade. Nós não devemos impedi-Lo em Sua obra.

Meu tio costumava ilustrar isso nos pedindo para imaginarmos uma mangueira de jardim com água correndo por ela, a qual alguém pega e dobra, fazendo com que a água pare de fluir. Isto é como extinguir o Espírito; o fluir do Espírito foi parado em nós. Ele pode nos levar a fazer algo para a glória de Deus, e nós não fazemos isso e resistimos. Talvez isso seja sugerir um hino em uma reunião, ou talvez entregar um folheto evangelístico para alguém. Se nós não fizermos isso, estaremos extinguindo o Espírito.

Isso é ilustrado na história do servo de Abraão, o qual é uma figura do Espírito de Deus, que foi enviado para trazer uma noiva (Rebeca) para Isaque (Gênesis 24), como uma figura do Espírito sendo enviado a este mundo para buscar uma noiva para Cristo. Tendo permissão de Betuel (pai de Rebeca), o servo queria levá-la para Isaque imediatamente. Entretanto, a mãe e o irmão dela procuraram detê-lo pois eles tinham outros objetivos para ela e estas coisas impediram o servo de fazer a jornada. Isto é uma fraca figura de como se pode extinguir o Espírito. O servo então disse, “Não me detenhais, pois o SENHOR tem prosperado o meu caminho; deixai-me partir, para que eu volte a meu senhor” (Gn 24:56). Isto é o que o Espírito está dizendo para nós: “Não me detenhais”. Ele quer conduzir nossos corações para Cristo e nos usar para benção de outros, e não quer que nada se interponha no caminho.

Não muito tempo atrás, eu comprei uma máquina profissional de fazer milk-shake. Eu tinha visto a marca e o modelo quando estávamos em um restaurante, depois fui e comprei uma para nossa família. Quando eu a trouxe para casa, estava todo animado. Nós a tiramos da caixa e ligamos, mas não funcionou. Eu não conseguia descobrir o que estava errado e estava ficando chateado. Finalmente, eu perdi minha paciência dizendo, “Olhe pra isto, você gasta um bom dinheiro em algo e quando vai usá-lo, nem funciona!” Então uma das minhas filhas disse, “Fique calmo, pai, está bem aqui. Vê isso aqui? É um interruptor!” Oh! Sim, é claro, o interruptor precisa estar ligado! E quando o interruptor foi ligado, a eletricidade fluiu através do cabo e a máquina funcionou. O mesmo acontece conosco. Se nós vamos ter um fluxo contínuo de poder do Espírito de Deus em nossas vidas, não deve haver nada que O impeça, e a permissão de coisas carnais em nossas vidas é o que impede o Espírito mais que qualquer outra coisa.

Em seguida é dito em Efésios 4:30, “Não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção.” Entristecer o Espírito é fazer algo que Ele não nos conduziu a fazer. É o pecado que entristece o Espírito. Ele é uma Pessoa divina que sente as coisas e quando nós fazemos aquilo que Ele não nos conduziu a fazer, nós O entristecemos. O próximo versículo (vs. 31) lista algumas coisas. “Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós.

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Simplificando, extinguir o Espírito é não fazer algo que Ele quer que nós façamos, e entristecer o Espírito é fazer algo que Ele não nos conduziu a fazer.

Assim, gostaria de insistir, queridos jovens, ao encerrarmos este pequeno estudo sobre a habitação do Espírito em nós, se você quiser desfrutar dos benefícios da presença interior do Espírito naquelas várias funções que nós comentamos, você terá que viver na esfera correta – assim você será cheio do Espírito de Deus e sua vida terá valor para a glória de Deus.

 

Bruce Anstey

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