OS DIFERENTES NOMES  E ASPECTOS DO REINO
 
1- O REINO DE DEUS:
 
É o governo de Deus sobre todas as criaturas e coisas, independente da ocasião. Mateus 12:28 "Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é conseguintemente chegado a vós o Reino de Deus." 
 
O Reino de Deus se apresenta em dois caráteres:
 
a) Interior e divino:
 
Em Romanos 14: 17 "porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.", e 
 
1 Coríntios 4:20 "Porque o Reino de Deus não consiste em palavras, mas em virtude.", temos a descrição do caráter interno do Reino de Deus - o seu caráter divino.
 
b) Exterior e humano:
 
Em Lucas 13: 18-21 "E dizia:  A que é semelhante o Reino de Deus, e a que o compararei?  É semelhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou na sua horta; e cresceu e fez-se grande árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu. 
 
E disse outra vez: A que compararei o Reino de Deus? É semelhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em três medidas de farinha, até que tudo levedou.", temos a descrição de sua condição exterior - seu caráter humano.
 
2- O REINO DOS CÉUS:
 
Este nome, é alusão ás exposições que temos
 
na lei,
 
Deuteronômio 11: 18-21 "Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por testeiras entre os vossos olhos, e ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te; e escreve-as  nos umbrais de tua casa e nas tuas portas, para que se multipliquem os vossos dias  e os dias de vossos filhos na terra que o Senhor jurou a vossos pais dar-lhes, como os dias  dos céus sobre a terra.",
 
nos Salmos 89:29
 
"E conservarei para sempre a sua descendência; e, o seu trono, como os dias do céu.",
 
e nos profetas Daniel 4:26
 
"E, quanto ao que foi dito, que deixassem o tronco com as raízes da árvore, o teu reino voltará para ti,depois que tiveres conhecido que o céu reina.
 
Visto que este Reino foi rejeitado, este Reino tomou um novo curso, assumindo um caráter oculto, e nesta configuração ainda prosseguirá após o arrebatamento até o início do Reino milenário. Ai, então, se manifestará em sua verdadeira forma exterior. Terá, contudo, duas distintas faces:
 
a) O Reino do Pai:
 
Em tudo quanto estiver ligado aquilo que é do alto. Mateus 13: 43       
 
"Então, os justos resplandecerão como o sol, no Reino de seu Pai."
 
b) O Reino do Filho do Homem:
 
Em tudo quanto estiver ligado aquilo que é da terra.
 
Salmos 8 "Ó Senhor Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus! Da boca das crianças e dos que mamam tu suscitaste força, por causa dos teus adversários, para fazeres calar o inimigo e vingativo. Quando vejo  os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre  as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés: todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo; as aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares. Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra!"
 
Mateus 13:41 "Mandará o Filho do Homem os seus anjos, e eles colherão do seu Reino tudo o que causa escândalo e os que cometem iniqüidade."
 
Então, o Reino Milenário ostentará um caráter celestial e outro terrestre, sendo que o primeiro caso só compreende os santos glorificados; o último, os crentes (que estiverem crido no evangelho do Reino) cujos corpos ainda não estarão glorificados.
 
3- O REINO DO FILHO DO SEU AMOR:
 
Colossenses 1:13 "Ele nos tirou da  potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor." É a esfera onde Cristo, sendo o objeto do amor do Pai, é o ponto central. É a essa esfera que nós, os crentes, fomos introduzidos; ao passo que o mundo, que não O conhece, está fora.
 
4- O REINO ETERNO DE NOSSO SENHOR E SALVADOR JESUS CRISTO:
 
2 Pedro 1: 11 "Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." Este, em contraste com as cousas ao nosso redor, as quais são passageiras, é de duração eterna. Está adiante de nós; haveremos de entrar nele; mas devemos ser diligentes para que esta entrada seja amplamente concedida.
Por John Nelson Darby
 
 
VÁRIOS ASPECTOS DO REINO
 
Na Palavra de Deus temos mencionados vários aspectos do reino e é bom entender as diferenças entre eles. Temos o reino de Deus, o reino dos céus, o reino do Pai, o reino do Filho do Homem, o reino do Filho do Seu Amor e o reino Eterno de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
 
O Reino De Deus
 
Somos apresentados ao primeiro em conexão com o Senhor Jesus aqui na terra, quando os fariseus interrogaram “quando havia de vir o reino de Deus” (Lucas 17.20). Ele respondeu a eles, “O reino de Deus está entre vós” (Lucas 17.21). O reino de Deus pode ser descrito como a manifestação do poder governante de Deus sob qualquer circunstância. É um estado moral que caracteriza o reino de Deus. Na pessoa de Seu Filho, Deus mostrou seu poder governante naquele tempo – Deus estava lá Nele.
 
O reino de Deus é também mencionado como existente no tempo presente. Lemos “o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14,17) e outra vez, “o reino de Deus não consiste em palavras, mas em virtude” (I Coríntios 4.20). Aqui o poder governante de Deus é outra vez exibido, não no Filho, mas pelo Espírito, o qual, por meio de Sua presença na terra, produz justiça prática naqueles que crêem e dá a Seus servos poder para corrigir o mal quando preciso. O reino era visto em Cristo enquanto Ele estava na terra, mas agora é visto pelo Espírito. Até que Cristo tivesse subido, ninguém, a não ser Ele, podia estar neste reino. Deste modo o poder governante de Deus é agora manifestado naqueles que são habitados pelo Espírito Santo.
 
Entretanto, o termo “o reino de Deus” é também aplicado nas escrituras ao que o homem tem feito daquilo que Deus deu no início – aquilo que conhecemos como Cristandade. A “árvore” e o “fermento” de Lucas 13.18-21 nos dão sua dimensão externa e sua condição interna. O que era apenas um grão externamente, em Pentecoste, se tornou uma grande árvore que abriga até os emissários do diabo, enquanto o mal interno e a doutrina corrupta penetraram aquilo que tinha como intenção ser o alimento do crente. Que descrição da Cristandade – um vasto sistema, mas podre por dentro!
 
Assim Romanos 14.17 e I Coríntios 4.20 descrevem o aspecto divino do reino de Deus, enquanto Lucas 13.18-21 descreve sua condição externa.
 
O Reino Dos Céus
 
O termo “o reino dos céus” é usado só em Mateus, pois aqui a verdade é direcionada à consciência dos judeus. Em essência é o governo dos céus reconhecido aqui na terra. Os judeus estavam familiarizados com este pensamento através das escrituras do Velho Testamento. Por exemplo, foi profetizado a Nabucodonosor que seu poder iria continuar após ele ter conhecimento de que “o céu reina” (Daniel 4.26). O Senhor ensinou seus discípulos a orar para que a vontade de Deus fosse feita “assim na terra como no céu” (Mateus 6.10). Assim, quando João Batista veio para apresentar o Messias, anunciou que “é chegado o reino dos céus” (Mateus 3.2). Assim também Jesus fez a mesma afirmação (Mateus 4.17) e mais tarde os doze apóstolos (Mateus 10.7). Entretanto, o rei legítimo foi rejeitado e conseqüentemente o reino dos céus assume uma forma misteriosa – a de um reino cujo rei está ausente. O Senhor se torna um semeador e o reino dos céus toma um novo caráter que os profetas não mencionaram – uma esfera dominada pelo mal e com uma colheita misturada. Alguns são verdadeiros, enquanto outros aceitam a autoridade de Cristo só nominalmente, como professantes.
 
João Batista não estava no reino dos céus, pois a porta não estava amplamente aberta até que Pedro a abrisse no dia de Pentecoste. Assim “se faz violência ao reino dos céus” (Mateus 11.12) – ou seja, aqueles que realmente desejam é que alcançam o objetivo que têm buscado desde os dias de João Batista. Quanto às formas interna e externa, algumas semelhanças são aplicadas a ambos os reinos dos céus e de Deus – o grão de mostarda se tornando uma grande árvore e uma medida de farinha se tornando levedada.
 
Externamente, então, o reino dos céus é como um campo de joio, uma árvore e o fermento – uma mistura do povo de Deus com aqueles que são de Satanás. É a esfera de profissão cristã na terra – um sistema amplamente espalhado, externamente poderoso, mas internamente corrupto. Mas para a fé há uma forma íntima ou divina e isto é visto no “tesouro” e na “pérola” (Mateus 13.44-46). Estes dois são o reino dos céus do ponto de vista de Deus. Assim o reino dos céus é propriamente o governo dos céus sobre a terra. Foi recusado pelo homem e assim existe hoje de um modo misterioso. Naquele tempo será conhecido em parte como o reino do Pai e em parte como o reino do Filho do Homem.
 
O Reino do Pai e o Reino do Filho do Homem
 
Ambos se iniciam simultaneamente. O Reino do Pai se refere às coisas lá acima e o Reino do Filho do Homem às coisas aqui abaixo.
 
Os santos celestes, incluindo aqueles do remanescente judeu, “resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai” (Mateus 13.43). Do mesmo modo o Senhor, falando aos discípulos quando Ele instituía o Seu próprio memorial, pôde dizer, “não beberei deste fruto da vide até aquele dia em que o beba de novo convosco no reino de meu Pai” (Mateus 26.29). O reino do Pai é para o povo celeste.
 
Por outro lado, o reino do Filho do Homem é para o povo terreno, uma vez que Ele toma a liderança de tudo aqui abaixo, o lugar que Adão perdeu. Como Filho do Homem Ele exerce juízo e como Filho do Homem dá as boas-vindas para Seu reino aos benditos de Seu Pai – as ovelhas (Mateus 25.32-34) que foram fiéis a Ele em Sua ausência.
 
Assim o reino milenar “de nosso Senhor e do Seu Cristo” (Apocalipse 11.15) tem um aspecto celeste e um terreno. Um é a esfera da glória do Pai, o outro, o cenário do governo do Filho do Homem.
 
O Reino do Filho do Seu Amor
 
Finalmente devemos notar as expressões “o reino do Filho do Seu Amor” (Colossenses 1.13) e o “reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (II Pedro 1.11). Estes são distintos daqueles que já mencionamos e nos dão o pensamento mais de posição que de manifestação. Cada um deles é mencionado uma só vez na Escritura e podem ser mais sentidos que descritos. Cristo tem um reino presente, um que o amor do Pai conferiu a Ele, o Filho de Suas afeições e para dentro deste, nós que cremos, fomos já trasladados. É uma região de bênção na qual Cristo é o centro.
 
O outro, o “eterno reino de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”, está diante de nós e é um bendito contraste das coisas que estão se esvaecendo à nossa volta. É eterno e iremos compartilhar com Ele. Seu desejo é o de que entremos nele, podemos dizer, “a toda vela”. Que isto possa ser nosso para acrescentarmos à nossa fé todas as coisas que II Pedro 1.5-7 contém, de modo que uma entrada ampla àquele reino possa ser ministrada a nós.
 
D. T. Grimston (cerca de 1870), traduzido de “The Christian” de Março 2007
 
Desenvolvido por Palavras do Evangelho.com