46) Acerca do perdoar e do servo malvado 
 
1. Do perdoar e do reconciliar: Mt 18:15-20. 
2. O acerto de contas do rei, e o seu modo de pensar: v. 21-27. 
3. A crueldade do servo perdoado: v. 28-30. 
4. A sentença sobre o servo cruel: v.31-35. 
 
Explicação e ensinamentos: 
O Senhor agia neste mundo em graça absoluta. A graça deve caracterizar, neste tempo, todo o discípulo do Senhor Jesus. Contudo, o mal não deve ser tolerado em nosso meio, porém, deve ser ponderado e retirado. Quando houver ofensa ou injustiça, deve-se primeiramente procurar ganhar o irmão errado, com o espírito de brandura. Caso ele dê ouvidos, a ofensa deve ser perdoada e esquecida. Se ele não atender, o irmão que foi ofendido ou injustiçado, deve levar mais um ou dois irmãos (v. 16; Dt 19:15) para despertar a consciência de quem fez a injustiça. Se nem isso for suficiente, o caso deve ser levado ao conhecimento da Igreja. Somente depois que o errado não atender a igreja, o irmão que sofreu a injustiça tem o direito de tratar o outro como gentio ou publicano. [Pode acontecer que, conforme a situação, o irmão que fez a injustiça tenha de ser excluído da Assembleia. Esta pode e deve agir de acordo com a Palavra do Senhor, tirando o iníquo do seu meio (v. 18 e 1 Co 5: 13). O que a Assembleia "ligar" ou "desligar", se ela o fizer sob a direção do Senhor, será reconhecido no céu. Porque ela age por Ele e com Ele. A Assembleia dispõe do Espírito Santo e da Palavra de Deus, e pode recorrer ao Senhor em oração (v.19) quantas vezes ela tiver de admitir à - ou excluir da ¬Mesa do Senhor. O Senhor quer estar pessoalmente no meio dos seus, em espírito, toda vez que eles estiverem reunidos em torno dEle, reconhecendo-O como cabeça e guia (v.20)) 
Quantas vezes devo estar disposto a perdoar? O Senhor o diz: 70 x 7 vezes, quer dizer, quantas vezes for que aquele que me ofendeu ou injustiça reconhece o erro e se arrepende. Quanto ao perdão e ao amor devemos ser imitadores de Deus, como Filhos amados (*Ef. 4:32, 5:1). Com quanto prazer, quantas vezes e quão cabalmente Deus perdoa quando vê em nós um arrependimento verdadeiro e uma confissão aberta! - Deus, porém, não nos perdoa, não nos dá a Sua paz, quando nós não perdoamos ao nosso irmão (* v.35).
[Temos aqui, simultaneamente, uma parábola que se aplica ao caminho de Deus para com os judeus. Eles tinham uma dívida impagável para com Deus (10.000 talentos = 2.330.000 vezes o salário mínimo*), pois haviam transgredido a lei, e matado os profetas e o Filho de Deus. Deus os perdoou quando o Seu Filho, na cruz, por eles intercedeu: "Pai, perdoa-os". Deus enviou o Espírito Santo, e, por meio de Pedro e Estevão (At 3:17-21 e cap.7), mandou pregar-lhes mais uma vez o reino; mas não deram ouvidos, antes mataram a Estevão. Afora isso vedavam também os 
que queriam levar o evangelho aos gentios, que em comparação com os judeus deviam a Deus somente 100 denários - (quase 4 vezes o salário mínimo). Essa atitude dos judeus entristeceu os outros conservos, que então os acusaram perante Deus. E assim aconteceu que um pleno juízo se desencadeou sobre os judeus (At 18:6; I Ts 2:15-16). Deus os entregou aos atormentadores, e eles não sairão da prisão, até que tenham pago tudo, sim, até haverem recebido em dobro da mão do Senhor por todos os seus pecados (*Is 40:2). Os judeus então hão de implorar: "Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”. Ao invés de estarem amargurados sobre a conversão dos gentios e do perdão a estes concedido, o próprio Israel irá anunciar aos gentios as "boas-novas" divinas de que está bem próximo o reino de Cristo (Is 66:19). 
* Uma conversão para valores por nós hoje conhecidos pode se orientar em Mt  20:2, onde o salário acordado para a jornada de um dia é de 1 Denário. 1 Talento equivale a 6.000 Denários. 10.000 Talentos seriam então 60.000.000 de Denários, ou seja, o equivalente a 194.000 anos de trabalho segundo o "salário mínimo". 
 
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