Romanos 11, ensina que os crentes do Antigo e Novo Testamento formam uma Igreja, a mesma Oliveira”?

Será que podemos concordar com aqueles que afirma que, os termos “Igreja”, e “Oliveira”, de Romanos 11, são sinônimos? Não, nem por um momento.

A verdade da Igreja não entra em Romanos 11. Pois Romanos 11, trata da verdade dispensacional. É de extrema importância ver isso. É verdade que da apostasia de Israel há, “neste tempo, um remanescente segundo a eleição da graça” (verso 5), e que faz parte da Igreja. Esse, no entanto, não é o argumento aqui.

A Oliveira representa Israel no lugar de privilégio e responsabilidade para Deus na terra. Por causa da incredulidade, “os ramos naturais”, isto é, o povo Judeu, foram cortados e uma “oliveira brava” enxertada (verso 17). Não precisamos ter nenhuma dúvida quanto ao povo que a oliveira brava representa. Representa “os gentios”. Observe com que frequência, eles são mencionados no capítulo. Observe também que, ao se dirigir aos seus leitores romanos no versículo 13, Paulo não se dirige a eles como “cristãos”, ou mesmo como “santos”, como havia feito no capítulo 1 verso 7. “Eu falo”, diz Paulo, “a vocês, gentios”. Isto é, ele se dirige a eles como representantes dos gentios, que, agora, após o fracasso de Israel, são, na soberania de Deus, colocados no lugar de privilégio e responsabilidade. Eles são avisados, no entanto, que se falharem, também serão afastados do seu lugar de bênção (verso 21). Sabemos, é claro, que todos os gentios salvos nesta era estão na Igreja, mas essa verdade não é o que Paulo está ensinando em Romanos 11. Sugerir que a Oliveira é a Igreja seria um absurdo. Quem já ouviu falar do Corpo de Cristo ter membros “naturais”, (verso 21), ou de algum de seus membros ser cortado (verso 20)? Não, a Oliveira não é, nem pode ser, a Igreja.

Pouco precisa ser dito sobre os demais pontos. Em vista do que foi escrito, deveria ser óbvio para todo leitor honesto que os títulos ou cabeçalhos, colocados em alguns capítulos do Antigo Testamento, nos quais “a Igreja” é mencionada, são totalmente enganosos. Esses títulos não fazem parte das Escrituras originais. Eles foram adicionados como resumos para ajudar os leitores a dividir os capítulos em diversas partes. Aqueles que os compuseram eram, sem dúvida, homens eruditos e sinceros, e devemos agradecer a Deus pelo seu trabalho infatigável, mas certamente estavam “todos errados” ao inserir as palavras, “a Igreja”, nos títulos.

Acreditamos que a verdade da Igreja estava escondida dos santos da velha economia, os crentes do Antigo Testamento. Contudo, o A-Milenista, Sr. William James Grier, afirma com segurança que não foi assim. Os profetas antigos, diz ele, “apontam direta e definitivamente para a Igreja do Novo Testamento”.

Mas o que diz a Escritura? Efésios 3 versos 4 a 6, fala das principais características da Igreja como sendo “um mistério, que em outras épocas não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como agora é revelado aos seus santos apóstolos e profetas pelo Espírito Santo, em que os gentios deveriam ser co-herdeiros, e do mesmo corpo, e participantes de sua promessa em Cristo pelo evangelho”.

Agora, o que é um mistério? É um segredo que é revelado apenas aos iniciados. E essas verdades sobre a natureza da Igreja eram um segredo que em épocas passadas era desconhecido do homem. (Compare  com Romanos 16 versos 25 e 26).

Como então os profetas do Antigo Testamento poderiam ter tido conhecimento deles? Não há ambiguidade na linguagem de Paulo.

Em quem devemos acreditar, – no Apóstolo inspirado ou nos A-Milenista?

Como podemos verificar se os profetas do Antigo Testamento conheciam a Igreja?

Onde, por favor, eles falam sobre isso?

A citação de Romanos 9 versos 24 a 26, à qual o Sr. Grier alude, é tirada de Oséias 2 verso 23. Esta profecia, prediz ricas bênçãos espirituais para os gentios, assim como muitas outras passagens do Antigo Testamento. Em vão, porém, procuramos nele a menor referência à Igreja. O mesmo se aplica a Atos 26 verso 22. Pois os versículos que se seguem, (23 e 24), nos dizem que “as coisas que Moisés e os profetas disseram que deveriam acontecer”, ou seja, que Cristo deveria morrer e ressuscitar, “e deveria trazer luz ao povo e aos gentios”. Mas não há aqui uma sílaba sobre a Igreja.

Quanto a Atos 2 versos 16 a 21, é uma citação de Joel 2, a respeito do derramamento do Espírito Santo. É verdade que isto teve um cumprimento parcial no dia em que a Igreja nasceu; mas onde na profecia há a mais leve que seja, em alusão à própria Igreja? Não há nenhum.

O Novo Testamento tem muito a dizer sobre a Igreja, – a sua origem, o seu custo, o seu fundamento, a sua natureza, a sua composição, a sua preciosidade para Deus, o seu conflito, o seu progresso e o seu destino celestial.

É o Corpo de Cristo (Efésios 1), o Edifício de Deus (Efésios 2), a Noiva do Senhor Jesus (Efésios 5).

Em vão, porém, procuramos nos livros do Antigo Testamento alguma revelação dessas verdades gloriosas. Eles não estão lá. Se estiverem, onde, por favor, devemos encontrá-los?

No entanto, os A-Milenista insistem que os profetas do Antigo Testamento falam da Igreja Cristã. É preciso graça para ter paciência com esses pensadores vãos. Nós nos perguntamos como eles lêem suas Bíblias. Se alguma coisa é “ultrajante”, certamente é que os homens não acreditam nas declarações claras das Sagradas Escrituras.

Mais uma vez, citamos o Sr. Grier, pois rejeita o significado óbvio de Efésios 3 versos 5 e 6, tomando as palavras de Paulo que diz, “como agora é revelado”, como uma cláusula qualificativa. Isto é, quando Paulo declara “que os gentios deveriam ser co-herdeiros e pertencer ao mesmo corpo, ele de forma alguma diz que isso era totalmente desconhecido nas épocas passadas, mas não conhecido tão completa e claramente como é agora”.

A este argumento a seguinte resposta parece conclusiva: Para que não se deva presumir da palavra, 'como', na frase, “como agora é revelado”, em Efésios 3, que esta afirmação é comparativa, não absoluta, significando apenas que a revelação foi de fato feita através dos profetas anteriores, mas em alguns obscuridade que agora havia sido esclarecida, as palavras de Colossenses 1 verso 26,que diz: “o mistério que esteve oculto desde os tempos e gerações, mas agora foi manifestado aos seus santos”, corrigem esta impressão. A ordem das palavras também mostra que não se trata dos profetas que precederam os apóstolos, mas daqueles que vieram com eles e depois deles. É inútil, portanto, recorrer ao Antigo Testamento em busca de instruções a respeito da Igreja da qual o Senhor e Seus apóstolos falaram.

O relógio profético parou no Calvário e o intervalo atual entre os Adventos de Cristo é um “parêntese, dos quais nenhuma palavra é claramente falada pela profecia do Antigo Testamento”?

Ao procurar responder a estas questões, admite-se imediatamente que a ressurreição de nosso Senhor, (que se lê no, Salmos 16 verso 10; e Salmos 110 verso 1), o derramamento do Espírito Santo, (visto em Joel 2 verso 28), a consequente iluminação e bênção dos gentios até os confins da terra (citado em Isaías 42 verso 6; e Capítulo 49 verso 6), e a rejeição temporária de Israel (conforme Oséias 3 versos 4 e 5); todos os quais são posteriores ao “Calvário”, foram preditos no Antigo Testamento

Até agora, porém, no que diz respeito à história de Israel durante sua dispersão, a ascensão e queda dos grandes poderes gentios e o propósito divino na formação do Corpo místico de Cristo, nesta era da Igreja, não há uma palavra em profecia do Antigo Testamento. No que diz respeito ao futuro das nações, a profecia tem a ver principalmente com Israel, mas como Israel está agora posto de lado, esta era presente é ignorada em todas as previsões do Antigo Testamento. Essas previsões predizem o “Calvário”, mas aí, como disse o Sr. Ironside, “o relógio profético parou”.

A Igreja, como já vimos, não é objeto da profecia do Antigo Testamento. Esta era cristã é um “parêntese”. Assim que terminar, o relógio da profecia começará a funcionar novamente, e as previsões da reunificação de Israel e da derrubada da dominação gentia no mundo terão o seu cumprimento completo, tão certo como estas coisas foram ditas por homens movidos pelo Espírito Santo.

Podemos concluir, então, que quando mãos iníquas ergueram a cruz no Calvário, e Deus pronunciou o terrível, 'Lo-Ami; porque vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus', de (Oséias 1 versos 9 e 10), sobre Seu povo Israel, o curso da era profética cessou. Nem fluirá novamente até que a autonomia de Judá seja restaurada.

A afirmação de que esta era da Igreja é um parêntese não precisa nos surpreender de forma alguma. Existem lacunas ou parênteses na história do Antigo Testamento, como todo estudante sabe. Da mesma forma, várias Escrituras que apresentam os dois Adventos de Cristo, desconsideram totalmente esta era cristã. Contudo, é interessante notar que estas Escrituras estão redigidas de modo a deixar espaço para o período atual. Isto deve, sem dúvida, ter sido muito desconcertante para os profetas do Antigo Testamento, e podemos apreciar a declaração de Pedro de que o que os intrigava não era tanto o fato dos “sofrimentos de Cristo e a glória que se seguiria”, mas o “tempo” e a “maneira”, ” em que essas coisas seriam cumpridas. (1ª Pedro 1 verso 11).

Das numerosas passagens do Antigo Testamento nas quais o Espírito Santo, inspirador, ignora intencionalmente esta era da Igreja, podemos mencionar as seguintes: — Salmo 118 verso 22; Isaías 9 versos 6 e 7; Capítulo 53 versos 10 e 11; Capítulo 61 verso 2; Oséias 3 versos 4 e 5; Daniel 7 versos 23 e 24; Capítulo 8 versos 22 e 23; Capítulo 9 versos 26 e 27; Zacarias 9 versos 9 e 10.

Por William Bunting

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