Que significa quando Jesus disse ao Pai: “Conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro”?

Com a vinda de Cristo ao mundo e o início do cristianismo, o monoteísmo ainda é mantido, embora a existência de Deus em três Pessoas divinas também seja claramente vista. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são co-iguais em poder e glória. “A Trindade” (uma verdade bíblica, se não um termo bíblico) é um conceito tão grande que não podemos entendê-lo completamente, mas é tão importante que devemos acreditar nele e tão maravilhoso que devemos apreciá-lo.

Mas o que o Senhor Jesus quis dizer, quando chamou o Pai de o único Deus verdadeiro e disse também que o Pai era maior do que Ele? (Joao17:3; 14:28)

Alguns argumentam, portanto, que as próprias palavras de Jesus subvertem a doutrina da Triunidade de Deus, e qualquer conversa sobre três pessoas em um só Deus é antibíblica.

Bem, devemos acreditar em tudo o que esses dois versículos dizem e de estabelecer o que eles dizem interpretando-os no contexto de todo o Evangelho de João. O livro inteiro é a Palavra de Cristo tanto quanto as citações de Cristo que ele registra.

Quando fazemos isso, começamos a detectar um padrão. Podemos chamá-lo de padrão de ambos.

Duas vezes no prefácio, João identifica o Filho como Deus e O distingue de Deus (João 1:1,18).

No meio do Evangelho, Jesus faz o mesmo, distinguindo-se de Deus – e identificando-se como o único Deus de Israel (João 8:54,58).

Agora, conforme avançamos neste Evangelho até o final do livro, veremos João usar o padrão novamente.

Também veremos outra característica surgir – a estrutura geral do livro.

João não apenas encerrou a introdução com a divindade de Cristo (João 1:1,18), mas todo o seu Evangelho.

O auges do corpo principal de sua obra é Tomé dizendo: “Meu Senhor e meu Deus” (João 20:28).

Este é o tipo de expressão que um israelita diria a Javé, ou os habitantes do céu a Deus Pai (Salmos 99:8; Apocalipse 4:11). 

Tomé diz isso a Jesus Cristo. Jesus é Deus no início e no fim deste Evangelho (João 1:1; 20:28).

Os que negam que Jesus é Deus, têm maneiras engenhosas de contornar o sentido claro deste texto de Tomé chamando Jesus de Deus.

A maioria destes argumentos bem elaborados por eles, até mesmo colocando em dúvida as traduções que temos de nossas Bíblias, é refutada quando observamos que Tomé é um judeu monoteísta.

A aparição repentina e o conhecimento sobrenatural de Jesus implicam Sua divindade (João 20:27).

Tomé está respondendo a Jesus, chamando-o de Deus (sem olhar para o céu).

Longe de repreender Tomé, Jesus endossa sua fé (João 20:29).

Os que não crêem em Jesus é Deus, tentam ma objeção mais sincera indica que Tomé não é a primeira pessoa a dizer “meu Deus” na passagem. Alguns versículos antes, Jesus diz as mesmas palavras ao Seu Deus, o Pai (João 20:17).

Jesus é o Deus de Tomé, com certeza, mas o Pai é o Deus de Jesus.

“Vejam”, dizem eles, o que esta visão diz, “tudo se encaixa com João 14:28 e João 17:3. E seguem argumentando, como Filho de Deus, Jesus é divino por natureza. Mas somente o Pai é o único Deus verdadeiro, o mais alto em posição. Por que outra razão o Filho O chamaria de ‘meu Deus’?”

Mas infelizmente, essa interpretação falha em detectar o padrão de João em seu Evangelho, Aquele que ele espera que reconheçamos no versículo inicial do Evangelho.

João está novamente identificando Jesus como Deus ao mesmo tempo em que o distingue de Deus.

As palavras “meu Deus” ditas a Cristo por Tomé, estabelecem Sua divindade; as palavras “meu Deus” ditas por Cristo distinguem Sua Pessoa – Ele não é o Pai Deus, mas o Filho Deus.

“Mas, podemos perguntar a João, como pode o Filho chamar o Pai de seu Deus, se o Filho é igual ao Pai?”

Um João exasperado poderia responder: “Você não leu minha introdução do Livro? Já não expliquei que o Filho que é Deus se fez homem?”

É exatamente como vimos em Hebreus 1:8-9.

“Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de equidade é o cetro do teu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros.”

Para nos salvar, o Filho teve que se tornar um homem perfeito, obediente a todos os mandamentos, não tendo outros deuses diante de Javé.

Quando Jesus chama o Pai de Seu Deus, Ele não está diminuindo Sua divindade, mas expressando Sua humanidade.

Jesus é Deus, que tem Deus, como Seu Deus.

E porque Ele permanecerá um homem por toda a eternidade, Ele sempre terá – mesmo no céu – Deus como Seu Deus (Apocalipse 3:12).

Longe de sinalizar alguma inferioridade da parte de Cristo, as duas instâncias de “meu Deus” em João 20 transmitem poderosamente que há duas Pessoas em um Deus, e que uma dessas Pessoas (o Filho) é Deus e homem.

Mas já hora de voltar para João 17:3 e João14:28, onde o Senhor Jesus chamou o Pai de o único Deus verdadeiro e disse que o Pai era maior do que Ele.

Toda a estrutura do Evangelho de João é projetada para defender – não diminuir – a divindade e a humanidade de Cristo. E em todo o caminho, João implantou o padrão de ambos, uma estratégia eficiente para comunicar tanto a unidade no único Deus quanto a distinção nas Pessoas. No entanto, alguns insistem que quando Jesus chama o Pai de o único Deus verdadeiro, Ele não está apenas excluindo os falsos deuses pagãos, mas também a si mesmo.

Mas observe:

  • No mínimo, João 17:3 afirma o monoteísmo, um componente crucial da doutrina da trindade.
  • Jesus não diz que somente o Pai é o único Deus verdadeiro.
  • O padrão de ambos ressurge: a vida eterna é conhecer Deus o Pai e Jesus Cristo. Veja o que esse emparelhamento implica? Quem mais poderia colocar seu nome ali senão Aquele que é o próprio Deus? A vida eterna é conhecer a Deus... a vida eterna é conhecer a Cristo.
  • Cristo é o Filho encarnado. Como um homem orando a Seu Deus, não é apenas apropriado, mas reconfortante ouvi-lo reconhecer o Pai como o único Deus verdadeiro. De que outra forma esperaríamos que o Homem perfeito orasse?
  • Porque a vida eterna é conhecer a Deus, é algo que só Deus pode dar. No entanto, o Filho tem autoridade para dá-la, assim como o Pai (João 17:2).
  • João não tem medo de chamar Cristo de “o verdadeiro Deus” em outro lugar (1 João 5:20).

Ainda não tem certeza?

Se João 17:3 significa que somente o Pai é o verdadeiro Deus, mas João 20:28 diz que Jesus é Deus, então que tipo de “deus”, isso faz de Jesus? Um “deus” falso ou um “deus” separado.

No primeiro caso, então Jesus endossa a adoração de Tomé a um “deus” falso.

Se for o último, então Tomé (e todos os cristãos) adoram dois “deuses”, em contradição com o monoteísmo de João 17:3!

Pedro disse em 2 Pedro 1:1: “ Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo.”

A única maneira de se apegar a toda a palavra de Cristo no Evangelho de João é entender que tanto o Pai quanto o Filho são o único Deus verdadeiro.

Não há nada em João 17:3 que contradiga essa interpretação, e há tudo em todo o Evangelho para apoiá-la. Nossas únicas, outras opções são o politeísmo (Pai e Filho são “deuses” separados) ou negar a divindade de Cristo.

A Palavra de Deus nos constrange.

Mas o que dizer de João 14:8, que “o Pai era maior do que Ele”, e o fato de que em João 17:3, “o Filho é enviado?” E mais, nunca lemos sobre “o Pai sendo enviado pelo Filho”.

É verdade: o Pai envia, o Filho é enviado. O Pai dá ao Filho autoridade para conceder a vida eterna (João 17:2), e não o contrário.

João já nos ensinou como entender esse padrão também, ensinando-nos que o Filho é eternamente gerado pelo Pai (João 1:14,18).

Alguns acreditam que é esta a “geração eterna do Filho” que está por trás das palavras de Cristo: “O Pai é maior do que eu” (João 14:28).

Uma explicação mais provável é a da humanidade de Jesus - Igual ao Pai no que diz respeito à Sua Divindade e inferior ao Pai no que diz respeito à Sua humanidade.

A melhor visão apela não apenas para a encarnação de Cristo, mas para a humilhação que ela implicou. Aquele que era igual a Deus se humilhou para se tornar um servo (Filipenses 2:6-7).

Um servo não é maior que seu mestre (João 13:16).

A partida do Senhor da terra para o céu após Sua morte, abriria mais bênçãos para os discípulos (João 14:12,16), e restauraria tal bem-aventurança ao Senhor, pois que seria egoísmo míope da parte dos discípulos, invejar a exaltação do Filho eterno, quando estaria volta à glória e presença do Pai, agora não somente como Deus verdadeiro, mas também Homem (João 17:5).

Portanto, Ele não estaria mais andando pelas estradas poeirentas da Galileia, cercado pelo pecado, doença e miséria. Ele não seria mais alvo de ataque e ridicularizado por legiões de escribas e fariseus.

Em vez disso, Ele estaria à direita do Pai no próprio céu. Assim, vemos que o termo 'maior' fala da posição do Pai no céu em contraste à posição do Filho na terra de servo.

Mais uma vez, João exige que acreditemos em ambos: o Pai é maior que o Filho (João 14:28), e o Filho é igual ao Pai (João 5:18; 10:30; Filipenses 2:6).

O mesmo apostolo João, em 1 João 5:20 diz aos salvos que, “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que conheçamos ao Verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.”

Portanto, conhecer o verdadeiro Deus e ter a vida eterna estão indissoluvelmente ligados e isso foi confirmado pelo Senhor Jesus quando Ele disse. “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3).

Então, “nós - conhecemos aquele que é verdadeiro ” e indo além, muito além disso, “estamos naquele que é verdadeiro ”.

A vida eterna por meio da qual tanto o Pai quanto o Filho são glorificados, se manifesta no verdadeiro conhecimento daquele que enviou e do enviado.

Em João 17:3 não temos uma definição de vida eterna, porém mostra como ela se revela e quão maravilhosa ela é.

Conhecer o Pai e Jesus Cristo, pois ele é o único caminho para o Pai (João 14.6), não se refere meramente ao conhecimento abstrato, mas ao prazeroso reconhecimento de sua soberania (João 1.10), alegre aceitação de seu amor e comunhão íntima com Sua Pessoa (por meio das Escrituras, isto é, por meio de sua Palavra a nós dirigida; e por meio da oração, isto é, por meio de nossa palavra a ele dirigida).

Devemos notar com muita atenção o que Jesus, o Filho Deus, expressa ao referir-se ao Pai como, “o único Deus verdadeiro”, pois dissipava a não fantasia da imaginação dos judeus, que tentaram cultuar um Pai que não tinha se revelado no Filho; nem o objeto do culto pagão, que era dirigido à criatura em lugar do Criador; mas ao Pai como revelado no Filho.

Paulo escrevendo aos Tessalonicenses disse: “Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus o seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura.”

1 Tessalonicenses 1:9,10

Quando a pessoa experimenta a vida eterna, ela tem comunhão com Deus em seu Filho Unigénito, que como o Cristo ou Ungido (separado e qualificado para a obra) é Jesus, o Salvador.

A obra redentora de Cristo é o próprio Deus vindo para levar o pecado do homem cometido contra Si (Deus).

Que é a obra redentora de Cristo? É Deus suportando o que o homem pecou contra Si (Deus.

Em outras palavras, se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado a levar nossos pecados de maneira justa. Jesus de Nazaré era Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados.

Hoje, é Deus quem leva os nossos pecados em lugar do homem. Eis por que foi uma ação justa. Não podemos suportá-los por nós mesmos. Se fôssemos tomá-los, estaríamos acabados. Graças a Deus que Ele mesmo veio ao mundo para suportar os nossos pecados. Essa é a obra do Senhor Jesus na cruz.

Por que, então, Deus teve de tornar-se um homem?

Já é suficiente que Deus ame ao mundo. Por que Ele teve de dar Seu Filho unigênito?

É preciso perceber que o homem pecou contra Deus. Se Deus exigisse que o homem suportasse seu pecado, como o homem faria isso?

O salário do pecado é a morte. Quando o pecado induz e age, ele acaba em morte. A morte é a cobrança justa do pecado (Romanos 5:12).

Quando o homem peca contra Deus, ele tem de suportar a consequência do pecado, que é a morte. Por isso, Deus (Jesus Cristo) é a outra parte. Se Ele viesse e assumisse nossa responsabilidade e sofresse a consequência do nosso pecado, Ele teria de morrer.

O Senhor Jesus não é uma terceira parte na obra da redenção; Ele é a parte primeira. Por ser Deus, Ele é qualificado para ser crucificado. Por ser homem, Ele pode morrer na cruz em nosso lugar.

“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.”

(Romanos 6:23)

 

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