Qual é o significado de “Aquele que padeceu na carne, cessou do pecado” (1 Pedro 4:1)?

“Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com este mesmo pensamento, que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado; para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus. Porque é bastante que no tempo passado da vida fizéssemos a vontade dos gentios, andando em dissoluções, concupiscências, borrachices, glutonarias, bebedices e abomináveis idolatrias; e acham estranho não correrdes com eles no mesmo desenfreamento de dissolução, blasfemando de vós. Os quais hão de dar conta ao que está preparado para julgar os vivos e os mortos. Porque por isto foi pregado o evangelho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito."

(1 Pedro 4:1-6)

As primeiras palavras, “Ora, pois”, conecta os primeiros 6 versículos do capítulo 4 com o final do capítulo 3 que diz:

“Porque também Cristo padeceu uma vez...; a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água; que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo; o qual está à destra de Deus, tendo subido ao céu, havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potências.”

(1 Pedro 3:18-22)

O contexto no capítulo 3 trata do sofrimento por causa da justiça e por fazer o bem (vs. 14, 17).

A frase, “Portanto, visto que Cristo padeceu por nós na carne”, nos leva de volta para 1 Pedro 3:18: “Porque também Cristo padeceu uma vez…”

Nesse contexto, Pedro acaba de falar do batismo (v. 21), “que também agora nos salva pela ressurreição de Jesus Cristo” (v. 21).

Nos versículos iniciais do capítulo 4, Pedro amplia essa afirmação.

A salvação a que ele se refere não é da penalidade do pecado, mas de uma vida de pecado (Leia com atenção, 1 Pedro 4:3, 4).

Por causa da justiça (1 Pedro 3:14), Cristo sofreu por nós.

Os crentes a quem Pedro escreve foram batizados e, consequentemente, sofreram por causa da justiça. Sendo identificado conosco, Cristo sofreu por nossa causa; sendo identificados com Ele no batismo, os crentes sofreram por causa dEle.

É apropriado que esses crentes perseguidos tenham a mesma mentalidade de Cristo, submetendo-se à vontade de Deus (1 Pedro 3:17).

Esses crentes estavam sendo impedidos de seus pecados anteriores (“cessaram do pecado”).

Eles foram salvos de sua vida anterior, uma vida de pecado, por dois fatores.  

Primeiro, ao serem batizados na água, eles colocam publicamente uma barreira entre eles e os “desobedientes”, seus perseguidores.

Em segundo lugar, o batismo na água expressa o que aconteceu no momento da salvação. Unidos a Cristo e à sua morte, os crentes estão mortos para o pecado (Romanos 6:2).

Mas Pedro disse que esta salvação é pela ressurreição de Cristo, não por Sua morte. Ser impedido de pecar não é um fim em si mesmo, mas um meio para o propósito de Deus de que os crentes agora vivam “segundo a vontade de Deus” (v. 2).

Uma paráfrase livre desses versículos poderia ser assim:

“Portanto, uma vez que Cristo sofreu por nós em Seu corpo carnal, os crentes devem igualmente se submeter à vontade de Deus quando sofrem reprovação por Ele porque foram batizados. Aqueles que assim sofreram foram contidos ('cessaram') de sua vida anterior de pecado para que não vivessem para satisfazer as concupiscências usuais da humanidade; eles devem viver o resto de seu tempo de acordo com a vontade de Deus”.

 

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