Por que vocês não tem um pastor?

Um jovem casal percebe que falta algo na placa do lado de fora do prédio da assembleia ou igreja local. Eles entram enquanto uma reunião está acontecendo. Um homem está orando. Ele é o pastor? Então, outro pede um hino? É ele? Ao final da reunião eles ainda não têm uma resposta. Quando um crente se aproxima, ele vai direto à pergunta: “Por que você não tem um pastor?”

As assembleias têm um Pastor celestial (Pastor) em Cristo (1 Pedro 2:25) e pastores terrenos também (Efésios 4:17, Atos 20:28). Mas nosso casal está pensando em um indivíduo que seja o ministro oficial e chefe da igreja, da congregação. A pergunta deles é relevante. Afinal, as organizações geralmente têm um líder que preside suas “reuniões” oficiais. Um presidente ou primeiro-ministro se dirige a uma legislatura, um CEO se reporta a uma empresa, um coach instrui uma equipe e geralmente um pastor lidera e prega para uma congregação. Então, por que, em uma assembleia local, participam vários homens em vez de um pastor?

Antes de responder a esta pergunta, é importante lembrar que uma assembleia local é diferente de qualquer organização humana. Foi chamada (1 Coríntios 1:9), comprada (Atos 20:28) e habitada (1 Coríntios 3:16,17) pelo próprio Senhor. A assembleia é descrita como “corpo de Cristo” em 1 Coríntios 12:27 e é melhor comparada a um organismo com cada membro compartilhando a mesma vida espiritual (1 Coríntios 10:17). Como tal, a assembleia funciona de forma diferente de uma mera organização humana.

A primeira razão pela qual a assembleia está estruturada e funciona desta forma é porque a sua prática se baseia em realidades espirituais. Na Bíblia, as verdades não são apenas peças de museu para contemplar e admirar. Eles foram planejados pelo Senhor para serem implementados e desfrutados. Especificamente, as três grandes realidades que se relacionam com a participação nas reuniões da assembleia são o sacerdócio de todos os crentes (1 Pedro 2:5-9), a direção do Espírito Santo na assembleia (1 Coríntios 3:16; 12:3-11) e a apresentação de dons espirituais pelo Senhor aos presentes na assembleia (1 Coríntios 12:4-7).

O sacerdócio de todos os crentes é uma bênção maravilhosa que acompanha a salvação. Significa que, através do Senhor Jesus, o crente pode entrar diretamente na presença de Deus em oração e adoração (Hebreus 10:19; 13:15) a qualquer momento. Quando o crente entra na comunhão de uma assembleia, ele ou ela tem agora o privilégio de funcionar como parte de uma companhia de sacerdotes santos, tal como o Senhor planejou. Embora todos os crentes sejam sacerdotes, as Escrituras afirmam claramente que apenas os homens têm a responsabilidade de exercer o seu sacerdócio liderando a assembleia em adoração audível, oração e ensino (1 Coríntios 14:34; 1 Timóteo 2:11,12).

A presidência do Espírito Santo na assembleia significa que, em vez de um pastor ter a posição oficial em todos os cultos, o Espírito Santo tem autoridade e liberdade para presidir e dirigir a reunião. A Reunião da Ceia do Senhor e a de Oração são as ocasiões em que isso é especialmente evidente, à medida que diferentes irmãos solicitam hinos, lideram a oração ou ministram a Palavra conforme a orientação do Espírito Santo. Existem, é claro, algumas reuniões de assembleia vistas no Novo Testamento, como uma reunião do evangelho ou uma reunião de ministério, quando irmãos com dons específicos são selecionados para falar em uma única ocasião (Atos 20:7) ou para uma série extensa de reuniões (Atos 6:4). Estas reuniões não negam a presidência do Espírito Santo porque o próprio Senhor as sancionou e os indivíduos escolhidos para falar receberam essa responsabilidade para a ocasião. Eles não têm nenhum papel oficial e permanente na assembleia, com exclusão de outros. A apresentação dos dons espirituais pelo Senhor aos homens na assembleia é descrita em 1 Coríntios 12:4-12. O ponto principal a ser observado é que o Senhor dá a cada homem um dom ou dons e nunca confere a um homem todos os dons ou responsabilidades na igreja. Ter apenas um pastor ou uma seleta equipe de homens responsáveis ​​pela participação pública nas reuniões da igreja é uma negação desta grande realidade espiritual. É importante lembrar que a oração e a adoração não são dádivas, mas privilégios concedidos a todos os irmãos da assembleia.

Uma segunda razão pela qual vários homens participam numa reunião de assembleia é porque ela segue o padrão bíblico. Como um modelo, o Novo Testamento apresenta um padrão positivo para a ordem das reuniões numa assembleia local. O padrão funcionou nas primeiras assembleias, conforme sugerido em Atos 13:1 e 1 Coríntios 14. Embora os dons de sinais descritos em 1 Coríntios 14 fossem para aquela época (1 Coríntios 13:8-10), no entanto, quando o Espírito de Deus presidiu, vários os homens edificaram a assembleia (1 Coríntios 14:26) participando com espírito e entendimento (vs. 14, 15).

Uma terceira razão seria que fazê-lo cumpre a intenção do Senhor. No Antigo Testamento, o Senhor originalmente queria que Israel fosse um reino de sacerdotes (Êxodo 19:4-6). Por causa do seu fracasso, Deus selecionou a família de Arão para servir como sacerdotes para a nação (Êxodo 28:1). Mesmo assim, a intenção original do Senhor era que todo o Seu povo fosse sacerdote e participasse na adoração (João 4:23). Isto encontrou o seu cumprimento no Novo Testamento, pois agora, na igreja local, temos o tremendo privilégio de funcionar como sacerdócio nas nossas reuniões.

Uma quarta razão prática para uma pluralidade de homens participarem numa assembleia é que isso facilita o crescimento espiritual do crente individual e da assembleia como um todo (1 Coríntios 14:26). Serve tanto para preservar uma pessoa, que está no centro das atenções, do orgulho e da auto-exaltação, como também para proporcionar a outros uma oportunidade de se prepararem e participarem. Ao fazer isso, eles desenvolvem sua inteligência e exercício espiritual. Além disso, a grande variedade de participação na reunião pode proporcionar edificação espiritual e enriquecimento para as diferentes personalidades dos crentes que compõem a assembleia.

Uma razão final, e talvez a mais importante, pela qual uma assembleia funciona dessa maneira é que ela promove a glória de Deus (2 Coríntios 1:20, Efésios 3:21). A assembleia O honra diante dos observadores visíveis e invisíveis que veem os crentes obedecendo à Palavra de Deus, mesmo na ordem de suas reuniões (1 Coríntios 11:10, 14:25).

Então, não existe liderança na igreja local?

Existe, o Espírito Santo, como também existe os anciãos que foral levantados por Ele.

Em Atos 20:17 faz-se referência aos anciãos da Igreja. A versão brasileira traduz a palavra por "presbítero" em vez de ancião, que significa o mesmo.

Depois, em Atos 20:28, os mesmos "anciãos" ou "presbíteros" são chamados superintendentes e a palavra em causa é "bispos".

Em Tito 1:5, Paulo instrui Tito a estabelecer presbíteros; e no versículo 7 dá-nos as suas qualificações, referindo-se a eles como "bispos", indicando mais uma vez que "anciãos" e "bispos" significam o mesmo.

a). Em primeiro lugar, os ancião devem apascentar o rebanho de Deus (1 Pedro 5:2; Atos 20: 28). Eles fazem isto pelo ministério da Palavra de Deus. Isto não implica necessariamente ministério público, mas pode ser particular

b). Em segundo lugar, devem fazer o trabalho dos que cuidam do rebanho, segundo Pedro nos diz. Que significa isto? O resto do versículo explica o que não significa, e também o que significa:

Não significa serviço imposto. Deve ser espontâneo.

Não é trabalho com fins lucrativos, "nem por torpe ganância", mas de boa vontade.

Não significa dominar sobre a herança de Deus. O ancião não é um ditador, nem um capataz. Mas é um exemplo do rebanho. O ancião deve lembrar-se que o Bom Pastor não impele as suas ovelhas - guia-as. Todo o "sub-pastor" devia fazer o mesmo. 

Do ponto de vista humano, parece mais fácil centralizar a autoridade para facilitar a emissão de ordens e requerer obediência. Mas esse não é o propósito de Deus. Os anciãos conseguem superintender a igreja local convenientemente, tornando-se exemplos do rebanho.

c). Dum modo real os anciãos são o exemplo da Igreja. Onde houver anciãos piedosos, que dêem ao Senhor o primeiro lugar nas suas vidas e que irradiem a graça do Senhor, aí podemos ver uma Igreja espiritual e próspera; por outro lado, onde os anciãos se deixam dominar pelas coisas, do mundo e por outros interesses materiais, a ponto de lhes faltar tempo para ler a Palavra de Deus e orar, é de esperar que haja frieza e fraqueza no rebanho.

d). Os anciãos também são exortados a suportar os fracos - "Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber" (Atos 20:35). O contexto implica que deviam estar prontos a ajudar os que estavam passando necessidades. E interessante notar aqui que, em vez dos anciãos viverem do rebanho, são exortados a repartir com o rebanho.

e). Finalmente, os anciãos devem redarguir, repreender e exortar (2 Timóteo 4:2; Tito 1:13; 2:15). Tudo o que for contrário a fé deve ser repreendido com toda a autoridade. Todos os que não suportam a sã doutrina, devem ser redarguidos e exortados. O ancião deve lutar diligentemente pela Fé.

Don Draper

 

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