Por que a “Revelação” foi dada pelo Pai e não pelo próprio Jesus Cristo (Apocalipse 1:1)?

Lemos em Apocalipse 1:1: “Revelação (ou Desvendar) de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo.”

A Revelação é dada por Deus, que, claro, entendemos nesta passagem, que é o Pai.

O retrato definidor do Senhor Jesus no Apocalipse é “Um semelhante ao Filho do Homem” (Apocalipse 1:13; 14:14).

Como tal, Ele tem autoridade para executar o julgamento (João 5:27) e para estender o governo de Deus por toda a criação de Deus (Hebreus 2:6-8).

O Apocalipse nos dá o curso dos eventos que levam a esse cumprimento, quando a palavra vem do trono: “Está feito” (Apocalipse 21:6).

Em Seu papel como Filho de Deus e como Filho do Homem, o Senhor Jesus sempre se move em sujeição a Seu Pai e em dependência de Seu Deus, respectivamente.

Por ser Deus, o Senhor tinha pleno conhecimento de todos esses acontecimentos e não lhe faltava a capacidade de comunicá-los. Não podemos deixar de adorar quando o vemos sempre agindo dentro do papel que lhe foi confiado.

Quando era o propósito de Deus fortalecer Seu povo e capacitá-lo a ser fiel ao Soberano que viria em breve, Ele confiou essa comunicação a Jesus Cristo, o Homem ascendido. Seu papel, como Filho de Deus e Filho do Homem, é comunicar.

Como Seu Deus e Pai, o papel de Deus é determinar o que, quando e como comunicar.

Apocalipse 1:1, mostra que o próprio Cristo é a gloriosa Pessoa a ser revelada; outros assuntos relevantes terão o seu lugar (como às "coisas que brevemente devem acontecer"), mas Ele ocupa o centro do palco, e tudo é considerado em relação à Sua Pessoa.

O fato do anjo ser apresentado como um simples canal através do qual a revelação é dada, apoia esta interpretação. A pessoa de Cristo será revelada com as consequências inevitáveis para esta Terra onde Ele foi rejeitado e levantado sobre uma cruz.

Este "desvendar" é o assunto do livro.

Aquele que andou como homem sobre a Terra (Jesus) e que cumpriu a expectativa messiânica (Cristo) está agora glorificado, e se aproxima o dia no qual o véu será removido e todos serão obrigados a reconhecer o senhorio absoluto do Senhor.

Em antecipação àquele dia, Deus o Pai dá uma previsão aos Seus servos.

A gloriosa pessoa de Cristo, nos seus vários relacionamentos, é o tema central:

Cristo nas igrejas (Apocalipse 2-3);

Cristo no cosmo (Apocalipse 4-5);

e Cristo na conquista (Apocalipse 4-16).

Este desvendar é feito através de figuras sucessivas, emocionando os santos que ainda não viram o Salvador, enquanto a Sua grandeza e glória enchem o coração, à medida que este livro é estudado.

Se o assunto do livro é Cristo, a fonte do livro é Deus o Pai. Em absoluta harmonia com a perfeita humanidade (Jesus) e o caráter messiânico (Cristo), Deus oferece a Ele esta revelação de como irá vindicar este Homem rejeitado na Terra, mas ungido no céu.

No seu evangelho, João destaca como o Filho, em perfeita humanidade e dentro dos propósitos da redenção, age em santa submissão ao Pai.

A explicação do Senhor é que o Pai "também concedeu ao Filho ter vida em Si mesmo" e "lhe deu autoridade para julgar" (João 5:26-27). Aqui, nestas dois versículos de João, os verbos estão no passado e indicam que estes relacionamentos não estão ligados a um determinado momento no tempo, mas pertencem ao Seu eterno relacionamento como Filho do Pai.

Agora, abrindo o Apocalipse, outro verbo no passado é usado, "Deus lhe deu" (v.1), e mostra que na execução do propósito divino da redenção, Cristo recebe uma dádiva que Ele encaminha aos homens.

Neste contexto o verbo "dar" significa "confiar". Esta é a revelação que Deus confiou a Cristo, e como perfeito Mediador, Ele agora passa a comunicá-la aos outros.

Em contraste com as dádivas de João 5, esta dádiva está dentro do Seu relacionamento com Deus como Homem dependente, e à luz de Filipenses2:9 é visto como o reconhecimento da Sua completa obra de redenção.

A verdade de humanidade dependente foi enfatizada pelo próprio Senhor Jesus em relação à Sua doutrina (João 7:16), Suas obras (João 14:11,12) e Suas palavras (João 17:8).

Assim sendo, na glória, Ele ainda é o Homem dependente, até que os propósitos de Deus se completem plenamente na Terra (1 Coríntios 15:24-26).

O primeiro versículo deste livro mostra-nos que o Homem Jesus Cristo, ainda que desprezado na Terra, é honrado por Deus e está agora no céu. A glória associada com este Homem ressurrecto está prestes a ser revelada.

 

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