O que queremos dizer com “autonomia” de uma assembleia local?

A palavra “autonomia” não é encontrada no nosso Novo Testamento. No dicionário, esta palavra significa: “O direito de autogoverno; um país ou região autônoma; liberdade de controle ou influência externa; independência."

A palavra deriva do grego do início do século XVII, autonomia, que significa “ter suas próprias leis”.

Vemos que a definição deixa algo a desejar. Uma assembleia não é “autogovernada” nem tem “suas próprias leis”.

Talvez “ser governado sem controle ou influência externa”, seja mais o que os crentes têm em mente quando usam a palavra “autonomia”.

Embora a palavra não esteja presente em nossa Bíblia, o princípio da autonomia é visto em Apocalipse 1-3.

Encontramos as sete igrejas da Ásia em Apocalipse 1:11, e então vemos o próprio Senhor Jesus “no meio dos sete candeeiros” (v.13).

No versículo 20, o Senhor Jesus fala das “sete estrelas que viste na minha mão direita e dos sete candeeiros de ouro”, sendo os anjos das sete igrejas e as próprias sete igrejas.

É precioso ver que Ele caminha entre eles e, ao mesmo tempo, os segura em Suas mãos, ilustrando tanto Sua comunhão com eles quanto Seu controle sobre eles.

O elo mais importante para uma igreja local é com o próprio Senhor Jesus.

Ele é o Cabeça da Igreja, e cada assembleia local é responsável perante Ele. (Efésios 4:15)

Por isso, a ideia de “autogoverno” não é correta. Ele governa, e Sua Palavra reina suprema na assembleia local. A única autoridade na assembleia é derivada de Sua autoridade e da Sua Palavra.

Devido à sua ligação com o Senhor ressuscitado, as assembleias locais têm uma ligação entre si. Todas as ilustrações têm limitações, mas poderíamos pensar nos raios de uma roda, com o Senhor Jesus no centro e as assembleias locais na parte externa da roda, interligadas apenas por sua ligação com o próprio Senhor Jesus.

Os anciãos de cada igreja local são responsáveis ​​somente perante o Senhor pelas decisões que tomam no temor de Deus. Por esta razão, as assembleias não possuem, nem exigem, uma “junta de presbíteros” que tome decisões em determinada região.

Não há comitês ou conselhos, mas homens semelhantes a Cristo em cada assembleia que guiam seus respectivos rebanhos.

Encontramos isso no chamado de Paulo em Mileto aos anciãos de Éfeso (Atos 20:17-38).

A responsabilidade deles era “cuidar de si mesmos e de todo o rebanho (…) apascentar a igreja de Deus”; sua responsabilidade estava em sua própria igreja local.

Há comunhão entre as igrejas locais que buscam seguir os preceitos e os princípios da Palavra de Deus. Lucas escreve sobre Paulo e Barnabé levando alívio financeiro de Antioquia para os crentes necessitados na Judeia e entregando-o aos anciãos (Atos 11:27-30).

Vemos em Atos 14:27 que Paulo e Barnabé voltaram novamente a Antioquia e “recontaram tudo o que Deus havia feito com eles”.

Não existia a ideia de uma “igreja-mãe”, mas havia uma medida de comunhão entre as assembleias.

Pode haver diferenças na forma como alguns princípios são executados devido à cultura ou circunstâncias, mas uma assembleia local não deve tentar influenciar outra assembleia nessas diferenças.

Podemos ser rápidos em julgar outra igreja local em suas práticas, mas fazemos bem em lembrar que eles são responsáveis ​​perante o Senhor, e não perante outra assembleia local fazer isto. Precisamos respeitar a autonomia da outra assembleia local.

O corpo de anciãos de cada assembleia local, é responsável perante o Senhor Jesus pela direção que a assembleia toma.

Finalmente, com relação às cartas de recomendação de uma assembleia para outra, lembremos que estas não são um “passe automático” a ser recebido na outra assembleia.

É uma “recomendação”, mas os anciãos prestarão contas a Deus, vigiando o rebanho.

Não dependemos de influência e controle externos como assembleia local, mas somos completamente dependentes da Palavra de Deus e a influência e o controle do Cabeça, Cristo.

 

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