O Filho Eterno de Deus

No evangelho de João 8:58, o Senhor Jesus fez mais uma das maiores declarações já feitas: “Em verdade, em verdade vos digo, antes que Abraão existisse, eu sou.”

“Verdadeiramente, verdadeiramente” nos diz que o que se segue é fundamentalmente importante. E o que se segue é a afirmação de Cristo de Sua própria eternidade e divindade! Os judeus ouviram nas palavras ditas por Jesus, a linguagem de Isaías 41:4: “Eu, o SENHOR, o primeiro e com o último; Eu sou ele."

Eles entenderam as reivindicações de Cristo e tentaram apedrejá-lo por blasfêmia.

Nos séculos seguintes, muitos atiraram pedras nessas mesmas verdades.

O presbítero Ário de Alexandria/Egito, ensinou que o Filho não era eterno, levando a uma avalanche de conclusões heréticas. Ele raciocinou que o Filho “foi gerado atemporalmente, antes dos tempos de vida”, mas que “houve um tempo quando ele não existia”.

Se o Filho não fosse “eterno” e se “gerado” significasse começo, então, Ário concluiu, “o Filho tem uma origem, mas Deus não tem origem”.

Isso significaria que o Pai e o Filho não são iguais e que o Filho não é Deus. Ário mergulhou ainda mais nessas mentiras diabólicas e concluiu que Cristo era apenas um ser criado.

Atanásio estava entre aqueles que se opuseram a Ário. Ele argumentou que se Cristo não fosse Deus (o que Ele não poderia ser se não fosse eterno), então Cristo não poderia ter revelado Deus ao homem, não fomos redimidos por Deus, nem fomos unidos a Deus em Cristo. Na verdade, se Cristo não fosse eternamente Deus, então seríamos idólatras flagrantes por adorá-lo. Claramente, a eternidade de Cristo é uma verdade fundamental!

O apóstolo João tratou isso como fundamental. Ele abriu seu Evangelho ecoando Gênesis 1:1.

Quando o tempo, o espaço e a matéria foram trazidos à existência, ali, presente, afirma João, “estava o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1).

A expressão “Era (Deus)” em João 1:1, justapõe, une-se a expressão “tornou-se, se fez (carne)” no versículo 14.

A existência da Palavra fora do tempo contrasta com o momento no tempo em que Ele “se tornou” carne.

Aquele cuja glória é “do Filho único do Pai”, este sempre foi, e este se tornou o homem que João conheceu.

Quando João afirma que Ele estava "no princípio com Deus" é uma salvaguarda inserida para evitar a ideia falsa que diz que o Verbo (o Filho) foi criado. Tanto Ele como Deus já existiam na Divindade, no princípio. Esta existência não foi produzida por qualquer causa inicial - as Escrituras desconhecem tal coisa, pois Ele não teve "princípio de dias", era um estado eterno. (Hebreus 7:3)

Cristo declarou Sua própria existência pré-terrena em várias ocasiões. Por exemplo, Ele disse a Nicodemos que “ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu” (João 3:13).

Ele perguntou a Seus discípulos: “E se vísseis o Filho do Homem subindo para onde estava antes?” (João 6:62).

E Ele orou: “Pai, glorifica-me junto de ti, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse” (João 17:5).

Paulo também afirma a preexistência do Filho. Aos romanos ele escreveu: “Deus... enviando seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa” (Romanos 8:3)

Aos gálatas Paulo disse: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher. ” (Gálatas 4:4).

Paulo também lembrou aos coríntios “que, (o Filho eterno) sendo rico, por amor de vós se fez pobre” (2 Coríntios 8:9), o que só faz sentido se a vida de pobreza de Cristo na terra foi precedida por riquezas em outros lugares.

E aos Colossenses, Paulo afirmou que pelo “Filho amado... todas as coisas foram criadas... e ele é antes de todas as coisas.” (Colossenses 1:13, 16-17).

O escritor aos Hebreus afirma o mesmo, iniciando com a declaração de que Deus “nos falou por meio de seu Filho... por meio de quem também criou o mundo” (1:2, 10).

Mais tarde, o escritor descreve Melquisedeque, cujo sacerdócio foi “feito como o Filho de Deus”, “não tendo princípio de dias nem fim de vida” (Hebreus 7:3).

Cristo não foi feito como Melquisedeque, mas o sacerdócio contemporâneo de Abraão foi modelado segundo o que já era verdade para o Filho de Deus: sem começo nem fim.

Muito mais poderia ser dito sobre esses e outros versículos que ensinam que Cristo é o eterno Filho de Deus.

A primeira coisa que os opositores, desta verdade de tão fácil compreensão encontrada na Bíblia, fazem, é tirar o leitor das traduções já existentes, para leva-los aos “tais originais gregos”, que dizem eles, até agora ninguém percebeu, mas que eles têm a “chave” da interpretação correta, mais evolutiva. E por trás da mão deste “mágico tradutor fiel”, vem sua doutrina diabólica, rastejando como uma serpente mortal.

O apóstolo Paulo falou desses homens a Timóteo: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.

Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles. Tu, porém, tens seguido a minha doutrina.”  

(2 Timóteo 3:1-10)

Mas, antes de terminar o vídeo, talvez pode ser útil tocar brevemente em dois termos bíblicos relacionados as expressões: “primogênito” e “gerado”.

Cristo é “o primogênito de toda a criação” (Colossenses 1:15).

“Primogênito”, algumas vezes na Bíblia pode se referir à ordem de nascimento, mas esse título também é usado para significar ocupar o lugar de privilégio.

Como mostram Êxodo 4:22 e Salmo 89:27, “primogênito” nem sempre significa onde de nascimento.

Êxodo 4:22 diz: “Então dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito.” Bem, se formos para Jacó, que foi chamado de Israel, e Esaú seu irmão; Esaú seria o primogênito e não Jacó/Israel. Neste caso vemos que primogênito e dignidade, preeminência, elevação. E se falarmos de Israel como nação, que deve ser o caso aqui neste versículo, o termo continua tendo o mesmo significado, pois a nação Israelita não foi a primeira.

O Salmo 89:27 diz: “Também o farei meu primogênito mais elevado do que os reis da terra.” Estas palavras do Senhor Deus se refere a Davi, mas ele era o mais novo dos filhos de Jessé. Portanto o primogênito aqui também tem o sentido e preeminência, honra, dignidade. Não está ligado ao tempo, mas sim a sua posição de dignidade ocupada.

O arianismo erroneamente concluiu que “primogênito” significava um começo.

Hebreus 1:5 cita o Salmo 2: “Tu és meu Filho, hoje te gerei”.

E João fala de Cristo como o “unigênito”.

(João 1:14,18; 3:16,18; 1 João 4:9).

“Unigênito” transmite a singularidade de Cristo como o Filho, e Sua essência é a mesma do Pai.

Em termos humanos, entendemos que o que fazemos não compartilha de nossa natureza, mas sim o que geramos.

O “Filho unigênito” compartilhou eternamente a natureza de Seu Pai.

Devemos lembrar que os relacionamentos humanos pai-filho são uma imagem imperfeita do arquétipo – o perpétuo e divino relacionamento Pai-Filho Deus.

Seria um retrocesso interpretar a filiação de Cristo com base nos limites do paralelo humano.

Se negarmos a filiação eterna de Cristo, perdemos nossa medida do amor divino. A força de uma passagem como João 3:16 deriva do relacionamento único de Cristo com o Pai. Ele não se tornou o Filho de Deus por ser dado ao mundo; ele foi dado como Filho de Deus.

A primeira coisa que temos de ver no assunto da nossa salvação, é que o Senhor Jesus é Deus.

Se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado a levar nossos pecados de maneira justa. Jesus de Nazaré era Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados.

Podemos dizer que somente Deus pode levar o pecado do homem. Nunca considere o Senhor Jesus como uma terceira pessoa vindo para sofrer uma morte substituta. Não pense que Deus seja uma parte, nós outra parte e o Senhor Jesus a terceira parte. A Bíblia nunca considera o Senhor Jesus como uma terceira parte. Pelo contrário, ela O considera como a primeira parte. Podem ter-lhe dito que o evangelho é comparado a um devedor, um credor e o filho do credor. O devedor não tem dinheiro para quitar seu débito; o credor, sendo muito severo, insiste no pagamento. Mas o filho do credor se prontifica a pagar o débito em lugar do devedor e o devedor fica livre.

Esse é o evangelho que o homem prega hoje. Mas não é o verdadeiro evangelho. Se esse fosse o caso, pelo menos dois pontos não seriam corretos e seriam contrários à Bíblia. Primeiro, esse tipo de entendimento mostra Deus como o malvado, e o Senhor Jesus o bondoso. Em tal ilustração, não vemos Deus amando o mundo. Antes, vemos apenas Sua justa exigência e a exigência da lei. Vemos um Deus severo, Alguém sem a graça e cujas palavras para o homem são sempre ásperas; e vemos que é o Senhor Jesus quem nos ama e nos dá graça. Esse evangelho está errado.

A Bíblia diz que Deus amou o mundo de tal maneira que nos deu Seu Filho (João 3:16).

Deus enviou Seu Filho porque nos amou. Eis por que fomos levados de volta a Deus após o Senhor Jesus ter cumprido Sua obra na cruz. Se Deus não nos tivesse amado e não nos tivesse enviado o Senhor Jesus, o máximo que o Senhor Jesus poderia ter feito era levar as pessoas de volta a Si mesmo; Ele não poderia levar as pessoas de volta a Deus. Graças ao Senhor porque quem nos amou foi Deus. Agradecemos-Lhe porque foi o próprio Deus quem enviou Seu Filho a nós. O Pai é quem foi movido por compaixão. O Pai é quem nos amou. Foi o Pai quem planejou a salvação. Foi o Pai quem teve uma vontade na eternidade passada. Primeiramente, o Pai propôs todas as coisas e, então, o Filho veio. Assim, é errado o homem pensar que há três partes. Há somente duas partes: Deus e o homem.

O Senhor Jesus é a dádiva de Deus ao homem. Contudo, essa dádiva é algo vivo e com uma vontade, não sem vida e sem vontade. Graças a Deus porque a salvação é algo entre Deus e o homem. O Senhor Jesus é uma dádiva. Hoje, é a Deus que devemos voltar-nos. Nós nos achegamos a Deus por meio do Senhor Jesus. Essa é a primeira coisa que temos de perceber.

Segundo, se houvesse três partes, o Senhor Jesus não teria sido qualificado a morrer por nós. É verdade que quando o Senhor Jesus morreu por nós, a justiça de Deus foi cumprida e os pecados humanos foram perdoados.

Mas foi justo para o Senhor Jesus?

Suponha que tenhamos dois irmãos aqui. Suponha que um dos irmãos tenha cometido um crime capital e tenha sido condenado à morte. O outro irmão quis muito morrer por ele e, por isso, foi executado em seu lugar. Ele é inocente, e também uma terceira parte. Agora, ele morre em lugar do outro. A Bíblia nunca nos mostra que o Senhor Jesus morreu por nós deste modo. Ela nunca nos mostra que Deus tinha uma exigência, que Sua lei tinha de ser satisfeita e que para que o homem cumprisse a exigência da lei, o Senhor Jesus veio para cumprir a lei de Deus. Não há tal coisa.

Que posição o Senhor Jesus tomou quando Ele veio cumprir a redenção?

O mundo pensa que há apenas um modo de lidar com o problema do pecado. Os pregadores que pregam ensinamentos errados dizem que há três maneiras de lidar com o pecado. Mas para Deus há somente dois modos de lidar com o pecado.

Antes de ler a Palavra de Deus, alguém pode pensar que um desses três modos pode resolver o problema: o homem pode resolvê-lo, Deus pode resolvê-lo ou uma terceira parte também pode resolvê-lo por substituição. Os que não são salvos, que não conhecem a Deus, consideram que há apenas uma solução: que é o homem quem deve resolver o problema por si mesmo. Mas a justiça de Deus mostra-nos que há somente dois modos de resolver o problema: Um é pelo próprio Deus e o outro é pelo próprio homem.

Que quero dizer com isso?

Vamos primeiro considerar o que o homem pensa. Ele pensa que é pecador e deve, portanto, sofrer o julgamento do pecado e da ira de Deus. Ele pensa que deveria perecer e ir para a perdição. A única maneira é ele resolver o problema por si mesmo, indo para o inferno. Ele se responsabilizará pelo que fez. Se alguém peca, vai para o inferno e sofre julgamento do pecado. Essa é uma maneira de resolver o problema. Quando alguém deve dinheiro, ele vende tudo o que tem. Ele pode até mesmo ter de vender sua esposa, filhos, casa e terra, se isso for necessário para resolver o problema. Isso é justo.

Então, há outro conceito errado. Para os que ouviram o evangelho, há a consideração de que o Senhor Jesus é a terceira parte vindo tomar nosso lugar e resolver o problema do nosso pecado. O homem pecou e incorreu no julgamento do pecado. Agora, todo o julgamento está sobre o Senhor Jesus; Ele sofre todo o julgamento. Tal ensinamento parece correto. Mas vocês verão resumidamente que ele não é exato.

Na Bíblia, há duas importantes doutrinas, que são: levar os pecados e o resgate pelos pecados.

Por favor, não pensem que não creio na substituição. Mas a substituição sobre a qual alguns falam não é a substituição da Bíblia, porque é um tipo de substituição que envolve injustiça. Se o Jesus imaculado deve ser um substituto para nós, homens pecadores, é claro que isso nos é um bom negócio.

Mas é justo tratar o Senhor Jesus dessa maneira? Ele não pecou.

Por que Ele deveria ser morto? Esse não é o tipo de substituição que a Bíblia fala.

Se o Senhor Jesus veio morrer em lugar de todos os pecadores do mundo, então os que crêem em Jesus, assim como os que não crêem Nele, serão igualmente salvos. O Senhor morreu por ambos, quer creiam ou não. Não se pode voltar atrás e revogar a morte do Senhor apenas porque alguns não crêem. Pode-se voltar atrás em outras coisas. Mas isso não é algo reversível.

Por que a Bíblia diz que os que não crêem já foram julgados e perecerão? (João 3:16,18).

A razão é que o Filho de Deus teve apenas uma morte substitutiva por nós os que cremos. Ele não é um substituto para os que não crêem.

Qual, então, é a maneira de resolver o problema do pecado de acordo com a Bíblia?

Há somente duas maneiras justas para resolver o problema. Uma é tratar com quem pecou e a outra é tratar com aquele contra quem se pecou. Há apenas duas partes que são qualificadas para lidar com esse problema. Há apenas duas pessoas no mundo que têm o direito de tratar com o problema do pecado.

Uma é aquela que pecou contra outra. A outra é aquela contra quem se pecou.

Quando uma pessoa processa outra num tribunal, nenhuma outra parte tem o direito de dizer coisa alguma. No proceder do tribunal, somente os dois envolvidos têm o direito de falar. A respeito da salvação do pecador, se ele mesmo não cuida disso, então Deus o faz por ele. O pecador é a parte pecaminosa e Deus é a parte contra quem se pecou. Ambos podem lidar com o problema do pecado da maneira mais justa. Do lado do pecador, é justo que ele sofra o julgamento e a punição, pereça e vá para a perdição. Mas há uma outra maneira que é igualmente justa: a parte contra quem se pecou pode assumir a punição.

Isso pode ser totalmente inconcebível para nós, mas é um fato.

É a parte contra quem se pecou que suporta os pecados. Não é uma terceira parte que leva nossos pecados. Uma terceira pessoa não tem autoridade ou direito de intervir. Se uma terceira pessoa intervier, é injustiça. Somente quando a parte contra quem se pecou está disposta a sofrer a perda, é que o problema pode ser solucionado. Visto que Deus tem amor e também tem justiça, Ele não permitiria que um pecador carregasse os próprios pecados, pois isso significaria que Deus é justo, mas sem amor. A única alternativa é a parte contra quem se pecou carregá-los. Somente por Deus suportar nossos pecados é que a justiça será mantida.

Você sabe o que significa o perdão?

No mundo, nós temos perdão. Entre pessoas, há perdão. Entre um governo e seu povo também há perdão. Até entre nações há perdão. Entre Deus e o homem também há perdão. O perdão é algo universalmente reconhecido como um fato. Ninguém pode dizer que o perdão seja algo injusto. É algo que alguém concede alegremente ao outro.

Mas a questão é: quem tem o direito de perdoar?

Se um irmão me roubou dez dólares, e eu o perdoo, isso significa que eu tenho de suportar a consequência do seu pecado. Eu assumi a perda desses dez dólares. Também como outro exemplo, digamos que você me bateu no rosto. A força foi tanta que sangrou. Se eu disser que o perdoo, significa que você comete o pecado de bater e eu sofro a consequência do golpe. O pecado foi cometido por você, mas eu sofro a consequência dele. Isso é perdão. Perdoar significa que alguém peca e outro sofre a consequência desse pecado. Perdão é assumir a responsabilidade da parte pecadora pela parte contra quem se pecou. Uma terceira parte não tem o direito de intervir para perdoar. Ela não pode interferir na retribuição. Se uma terceira parte intervém para perdoar e para retribuir, isso é injustiça.

Se o Senhor Jesus interferisse como uma terceira parte para substituir o pecador, poderia ser bom para o pecador e Deus também poderia não ter problemas com isso, mas haveria um problema com o Senhor Jesus. Ele não tem pecado. Por que Ele teve de sofrer o julgamento?

Somente o pecador pode suportar a consequência do pecado; ele tem o direito de assumir a responsabilidade e sofrer o julgamento pelo seu pecado. E há somente um que pode levar os pecados do pecador — aquele contra quem se pecou. Somente aquele contra quem se pecou pode assumir o pecado do pecador. Isso é justiça. Esse é o princípio do perdão. Tanto a lei de Deus como a lei do homem reconhecem que isso é justo. O homem tem a obrigação de sofrer a perda. Visto que o homem tem livre arbítrio, Deus também tem livre arbítrio. Uma pessoa com livre arbítrio tem o direito de escolher sofrer a perda.

Então, que é a redenção de Cristo? A obra redentora de Cristo é o próprio Deus vindo para levar o pecado do homem cometido contra Si. Esta palavra é mais amável de se ouvir do que todas as músicas do mundo.

Que é a obra redentora de Cristo? É Deus suportando o que o homem pecou contra Si. Em outras palavras, se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado a levar nossos pecados de maneira justa. Jesus de Nazaré era Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados. Hoje, é Deus quem leva os nossos pecados em lugar do homem. Eis por que foi uma ação justa. Não podemos suportá-los por nós mesmos. Se fôssemos tomá-los, estaríamos acabados. Graças a Deus que Ele mesmo veio ao mundo para suportar os nossos pecados. Essa é a obra do Senhor Jesus na cruz.

Por que, então, Deus teve de tornar-se um homem?

Já é suficiente que Deus ame ao mundo. Por que Ele teve de dar Seu Filho unigênito?

É preciso perceber que o homem pecou contra Deus. Se Deus exigisse que o homem suportasse seu pecado, como o homem faria isso? O salário do pecado é a morte. Quando o pecado induz e age, ele acaba em morte. A morte é a cobrança justa do pecado (Romanos 5:12).

Quando o homem peca contra Deus, ele tem de suportar a consequência do pecado, que é a morte. Por isso, Deus é a outra parte. Se Ele viesse e assumisse nossa responsabilidade e sofresse a consequência do nosso pecado, Ele teria de morrer.

Mas em 1 Timóteo 6:16 é-nos dito que Deus é imortal; Ele não pode morrer. Mesmo que Deus quisesse vir ao mundo tomar nossos pecados, morrer e ir para a perdição, para Ele seria impossível fazê-lo. A morte simplesmente não tem efeito em Deus. Não há a possibilidade de Deus morrer. Portanto, para Deus sofrer o julgamento do pecado do homem contra Si, Ele teve de tomar o corpo de um homem.

Por isso Hebreus 10:5 diz-nos que quando Cristo veio ao mundo, Ele disse: “Corpo me formaste”. Deus preparou um corpo para Cristo, com o propósito de Cristo se oferecer como oferta queimada e oferta pelo pecado. O Senhor diz: “Não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado” (Hebreus 10:6).

Agora Ele oferece Seu próprio corpo para tratar com o pecado do homem. Então, o Senhor Jesus se tornou um homem e veio ao mundo para ser crucificado.

O Senhor Jesus não é uma terceira parte; Ele é a parte primeira. Por ser Deus, Ele é qualificado para ser crucificado. Por ser homem, Ele pode morrer na cruz em nosso lugar. Devemos fazer clara distinção entre essas duas declarações. Ele é qualificado para ser crucificado porque é Deus, e pode ser crucificado porque é homem. Ele é a parte oposta; Ele se colocou ao lado do homem para sofrer punição. Deus se tornou um homem. Ele habitou entre os homens, uniu-se ao homem, tomou o fardo do homem e levou todos os pecados do homem. Se a redenção tem de ser justa, Jesus de Nazaré deve ser Deus. Se Jesus de Nazaré não for Deus, a redenção não é justa.

Todas as vezes que olho para a cruz, digo a mim mesmo: “Este é Deus”. Se Ele não for Deus, Sua morte se torna injusta e não pode salvar-nos, pois Ele não é senão uma terceira parte. Mas agradecemos e louvamos ao Senhor, pois Ele é a outra parte. Por isso declarei que apenas duas partes são capazes de lidar com os pecados. Uma parte somos nós mesmos, e nesse caso temos de morrer. A outra parte é Deus, contra quem pecamos, e nesse caso Ele morre por nós. Além dessas duas partes, não há uma terceira que tenha direito ou autoridade para lidar com nossos pecados.

 

 

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