O Arrebatamento

Na véspera de Sua crucificação, o Senhor Jesus e Seus apóstolos se reuniram no cenáculo. A noite estava escura e forças sinistras estavam em operação. Em apenas algumas horas, o Salvador seria preso, julgado, condenado, conduzido ao local da execução e sofreria uma morte agonizante, uma morte que falava de rejeição e vergonha. Os homens que se reuniram com o Senhor estavam prestes a passar pelas horas e dias mais traumáticos e difíceis de suas vidas. E sabendo de tudo isso, o Senhor Jesus os tranquilizou: “Não se turbe o vosso coração” (João 14:1).

Na boca de qualquer outro homem, essas palavras teriam sido o pior dos chavões. Mas foi o Senhor quem falou e, nos momentos que se seguiram, delineou os recursos que deram sentido à sua segurança. Ele falou de um lugar preparado, de Sua pessoa, de Sua oração, do Paráclito, de Sua presença e de Sua paz. Muito do que Ele revelou introduziu novos aspectos da verdade familiar, mas a promessa que Ele fez a Seus discípulos era distintamente nova. “Se eu for”, declarou Ele, “voltarei e vos levarei para Mim mesmo, para que, onde Eu estiver, estejais vós também” (João 14:2).

Com essas palavras de promessa, o Salvador introduziu a grande esperança de Seu retorno iminente e pessoal para os Seus. Os discípulos sabiam que um dia Cristo se manifestaria em poder e glória para subjugar Seus inimigos e estabelecer Seu reino, mas esse retorno foi algo diferente, único em sua forma de tempo, pois seria imediata e único em seu propósito.

Este evento veio a ser conhecido como o Arrebatamento. Embora esse termo não seja encontrado nas Escrituras, ele efetivamente transmite a natureza do evento. Usamos agora com mais frequência para descrever um transporte de prazer, mas a palavra latina em sua raiz significa “arrebatar” e foi originalmente usada para descrever as ações de um exército invasor que atacaria e tomaria pessoas e propriedades. Ele fornece uma imagem vívida da rapidez e iminência do retorno do Senhor para remover Seu povo do território do inimigo.

É essa rapidez que é enfatizada na promessa do Senhor. O retorno que Ele descreve é ​​iminente – pode acontecer a qualquer momento. Ele menciona apenas uma condição a ser cumprida antes que o Arrebatamento possa acontecer – Sua partida. Desde o momento em que Ele voltou ao céu, todas as pré-condições para Seu retorno foram cumpridas. E a iminência de Seu retorno é confirmada pela gramática da passagem. A frase verbal traduzida como “Eu voltarei” está no tempo presente e poderia ser traduzida como “Eu volto”.

O Senhor Jesus não encorajou os Seus com a promessa de Seu retorno em algum ponto remoto no futuro. Em vez disso, Ele garantiu que mesmo os dias mais sombrios e difíceis pelos quais passaram seriam iluminados pelo pensamento de que, a qualquer momento, Ele voltaria, com o terno propósito de recebê-los para Si mesmo. Esta esperança permanece para nós hoje. A volta de nosso Senhor pode acontecer a qualquer momento, e essa esperança radiante deve lançar seu brilho transformador sobre todos os aspectos de nossas vidas.

A verdade do Arrebatamento, revelada pelo Senhor em João 14:2, é desenvolvida nas epístolas de Paulo. Escrevendo aos Tessalonicenses, ele tratou do programa do Arrebatamento. Os tessalonicenses estavam preocupados com o fato de os crentes que já haviam morrido terem perdido o arrebatamento. Paulo escreve para garantir que eles não se entristeçam, como aqueles que não tinham esperança. E, ao traçar o programa do Arrebatamento que ele próprio recebeu “pela palavra do Senhor” (1 Tessalonicenses 4:15), sublinha que “os vivos, que restarem para a vinda do Senhor, de modo algum anteciparão os que adormeceram” (versículo 15).

Ele demonstra isso dando-nos o relato mais detalhado do Arrebatamento que encontramos em nossa Bíblia.

Os eventos que Paulo descreve são dramáticos - o brado do arcanjo e a trombeta do Senhor. Esta convocação celestial não será ouvida nem atendida pela maioria na terra. Mas seu chamado chegará aos ouvidos daqueles que estão em Cristo. Primeiro os mortos e depois os vivos ressuscitarão “para encontrar o Senhor nos ares”.

Também no reino espiritual, o impacto deste evento glorioso será tremendo.

O Salvador invadirá triunfantemente a esfera da influência de Satanás e, enquanto “o príncipe das potestades do ar” (Efésios 2:2) permanece impotente, Cristo comandará as fileiras cerradas daqueles a quem Ele amou e Satanás odiou. E aqueles que se reunirem não apenas refletirão a glória de Cristo, mas serão transformados para compartilhá-la.

Ali, no ar, a graça alcançará um grande auge, e Satanás experimentará novamente a amargura de sua derrota irreparável no Calvário.

Apesar do drama da cena, a maior emoção no coração dos remidos é a sua intimidade. É o próprio Senhor que vem para reivindicar os Seus. Quando chegar a hora de reunir a Israel dispersa, Ele “enviará os Seus anjos, e reunirá os Seus eleitos” (Marcos 13:27).

No entanto, para o arrebatamento de Sua Igreja, para o chamado de Sua noiva, nenhum emissário será suficiente. “O próprio Senhor” está vindo para nós.

Os tessalonicenses ficaram confusos sobre o programa do arrebatamento, mas a verdade da volta de Cristo para os seus não era novidade para eles.

A importância central do Arrebatamento é confirmada em 1 Tessalonicenses 1:10. Eles “se voltaram para Deus, dos ídolos” e se tornaram trabalhadores e vigilantes. Eles começaram a “servir ao verdadeiro Deus” e “a esperar do céu o seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos” (versículo 10).

Paulo expande isso, não porque os tessalonicenses tivessem alguma dúvida sobre a identidade do Filho de Deus, mas para enfatizar a preservação associada ao arrebatamento. A vinda do Filho de Deus é “Jesus, nosso libertador da ira vindoura” (versículo 10).

Paulo não está dizendo que, porque os tessalonicenses haviam confiado em Cristo, eles nunca estariam no inferno, por mais maravilhosa que fosse essa verdade. Em vez disso, ele os está lembrando de que Jesus é o Salvador deles da tribulação, o período de sete anos em que a ira de Deus será derramada sobre a terra em um cataclismo de sofrimento. Naqueles dias terríveis, a Igreja não estará presente. “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançarmos a salvação por nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tessalonicenses 5:9).

Como Enoque que foi levado para o céu sem passar pela morte e antes do dilúvio que é uma figura da Tribulação (Gênesis 5:24), seremos arrebatados antes do julgamento, preservados da ira vindoura.

Quando Paulo fala do arrebatamento aos coríntios, é o poder do evento que ele enfatiza. Dirigindo-se ao erro deles, ele demonstra a ligação que existe entre a ressurreição de Cristo e os crentes. Duvidar de um é negar o outro. A ressurreição de Cristo é o protótipo e a prova de nossa ressurreição.

Mas o poder da ressurreição tem implicações tanto para os vivos quanto para os mortos. O apóstolo está revelando um mistério oculto nas eras anteriores e esse mistério é a verdade do Arrebatamento. “Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta” (1 Coríntios 15:51 e 52).

Que impacto poderoso o poder ressuscitador de Deus terá naquele instante – “os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados”. “Num instante, ao som de uma trombeta”, todo defeito, todo traço do domínio sombrio da morte será dissipado e compartilharemos a glória de nosso Salvador.

O Arrebatamento é uma verdade preciosa. É precioso para nós e precioso para Cristo, pois até aquele momento Ele não receberá a resposta à Sua oração para que possamos estar com Ele, onde Ele está, para que possamos contemplar Sua glória (João 17:24).

É também uma verdade prática. A esperança de que nosso Senhor está vindo para nós e a consciência de que Ele pode vir a qualquer momento deve moldar nossas prioridades, nossos valores e nossas ações; deve nos estimular a viver cada dia para Ele, como se fosse o último que tivéssemos para dar.

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