O A-MILENIALISMO FALHA EM NÃO DISTINGUIR ENTRE ISRAEL E A IGREJA

Os A-Milenista apontam, e com razão também, que nas Escrituras o termo “Israel” é empregado de uma forma dupla para se referir à raça escolhida que surgiu de Abraão. Geralmente é usado em seu sentido mais amplo e denota seus descendentes naturais através de Jacó. Como tal, a grande maioria do povo carecia da fé de Abraão, e quando o Messias, há muito prometido veio, eles O rejeitaram. Ao longo dos tempos, contudo, tem havido uma pequena minoria espiritual na nação que acreditou em Deus e que acolheu a Cristo quando Ele apareceu, e o termo “Israel” também é usado para este remanescente, em contraste com a nação como um todo. É o verdadeiro “Israel”, pois como diz o Apóstolo: “Nem todos os que são de Israel são Israelitas”, (Romanos 9 verso6); e “²⁸ Porque não é judeu o que o é exteriormente, mas é judeu o que o é no interior”, (Romanos 2 versos 28 e 29).

Os A-Milenista ensinam, no entanto, que esta verdadeira minoria espiritual, e a Igreja do Novo Testamento, são um e o mesmo corpo. O A-Milenista, William James Grier, em seu livro intitulado, “The Momentous Event”, demonstrarão isso. “Insistamos aqui”, diz ele, “que havia uma Igreja nos tempos do Antigo Testamento; e que os crentes do Antigo Testamento e do Novo Testamento formam uma Igreja – a mesma oliveira de (Romanos 11),... e que os profetas do Antigo Testamento apontam direta e definitivamente para a Igreja do Novo Testamento.” Ele segue dizendo que, “a alegação da maioria dos pré-Milenistas é que o chamado da Igreja do Novo Testamento foi escondido dos profetas do Antigo Testamento. Durante o intervalo entre os adventos, Cristo estabeleceu Sua Igreja, que é, dizem eles (os pré-Milenistas), não um cumprimento em qualquer sentido das promessas e profecias do Antigo Testamento, mas algo novo e desconhecido para os profetas - é um 'parêntese', agora totalizando quase dois mil anos, dos quais nenhuma Palavra é claramente falada pela profecia do Antigo Testamento. Esta é a opinião do Dr. Henry Allan Ironside. Ele diz: ‘O relógio profético parou no Calvário. Nenhum tique foi ouvido desde então'.”

O escritor, William James Grier, declara ainda que, “dizer que os profetas do Antigo Testamento não falam da Igreja Cristã é ultrajante, tendo em vista muitas passagens do Novo Testamento, como Romanos 9 versos 24 e 26, onde temos a declaração de Paulo de que o chamado para fora dos Judeus e Gentios na Igreja Cristã, é o cumprimento direto de uma profecia de Oséias.” Duas outras passagens às quais o Sr. Grier se refere como confirmação de sua afirmação são, Atos 2 versos 16 a 21; e Capítulo 26 verso 22. Ele então tenta justificar os títulos da Bíblia em inglês, Versão Autorizada, em capítulos como Isaías Capítulos 30, 34, 43, 45, 50, 54 e 64, em que cada um dos quais a “Igreja” é nomeada; e conclui seu parágrafo dizendo que “Estêvão falou de uma Igreja no tempo de Moisés (Atos 7 verso 38), e Paulo diz que os crentes do Antigo e do Novo Testamento formam uma oliveira”.

Já foi citado o suficiente para deixar clara esta posição dos A-Milenismo, e que pode ser resumida da seguinte forma:

  1. Que havia uma Igreja no Antigo Testamento.
  2. Que Atos 7 verso 38 prova que havia uma Igreja no Antigo Testamento.
  3. Que os crentes do Antigo Testamento e do Novo Testamento formam uma Igreja.
  4. Que esta Igreja é a Oliveira de Romanos 11.
  5. Que os títulos dos capítulos da Versão Autorizada do Antigo Testamento nos quais a Igreja é nomeada não estão “totalmente errados”.
  6. Que o chamado da Igreja do Novo Testamento não foi escondido dos profetas do Antigo Testamento.
  7. Que os profetas do Antigo Testamento predisseram a Igreja do Novo Testamento.
  8. Que o relógio profético não parou no Calvário, mas que ainda funciona.

Examinaremos agora este ensino à luz da Palavra de Deus.

Em primeiro lugar, havia uma Igreja no Antigo Testamento? Nossa resposta é que, se houve, nunca foi mencionado ali. Lemos sobre Israel, uma nação terrena, sendo plantada como um testemunho de Deus entre os pagãos circundantes. Lemos frequentemente sobre a “congregação do Senhor”, e muitas referências são feitas aos fiéis em Israel que em dias de declínio se associaram; mas nunca lemos sobre uma Igreja no Antigo Testamento. Como veremos mais adiante, as características essenciais de uma Igreja são evidentes pela sua ausência.

O que dizer então da declaração de Estêvão em Atos 7 verso 38, onde ele se refere à “igreja no deserto”? Como é bem sabido, a palavra “Igreja”, significa, “uma companhia chamada”. Pode ser usado para qualquer corpo ou grupo que para qualquer propósito, secular ou sagrado, tenha sido convocado da reunir-se. Assim, é a palavra que é traduzida três vezes como “assembleia” em Atos 19. Nos versículos 32 e 41 denota uma multidão indisciplinada, e no versículo 39, uma assembleia de cidadãos legalmente constituída. A palavra “Igreja”, no entanto, é usada mais de 100 vezes no Novo Testamento num sentido técnico e teológico para descrever os salvos desta era, quer no seu conjunto, quer num aspecto local; mas em Atos, nos Capítulos 7 e 19, o termo é usado em seu sentido original, não técnico e não teológico. Portanto, a palavra “igreja” em Atos 7 não deve ser escrita com “I” maiúsculo. A referência de Estêvão não prova que havia uma Igreja no Antigo Testamento, e evitaria confusão de ideias se a sua expressão fosse lida como na margem em algumas versões bíblicas, “congregação no deserto”. A palavra “Igreja” seria tão justificada no capítulo 19 como no capítulo 7 de Atos. No entanto, quão totalmente fora de lugar e enganoso seria substituir apalavra, “Igreja”, por “assembleia” ali! Isto ilustra que o princípio de traduzir sempre a mesma palavra grega para o mesmo termo português não é praticável.

Do que foi dito segue-se que os crentes do Antigo Testamento e do Novo Testamento, NÃO formam uma Igreja. É verdade, claro, que eles têm muito em comum. Existem muitos pontos de semelhança entre o povo de Deus nas eras passada e presente. Assim, todos eles: — foram amados por Deus, — arrependeram-se do pecado, — foram salvos pela fé, — foram redimidos pelo sangue, — foram vivificados pelo Espírito, — foram trazidos para um relacionamento de aliança com Deus, — foram tornados eternamente seguros, — foram descritos como descendentes de Abraão, — compartilharam muitas das mesmas promessas, — testemunharam por Deus, — desfrutaram da comunhão com Ele, — viveram como estrangeiros e peregrinos aqui em baixo, — tiveram conflito com o mesmo inimigo triplo, — ansiaram pelo descanso eterno do Céu, — e assim todos um dia serão glorificados.

Aqui estão cerca de quinze semelhanças, às quais sem dúvida outras poderiam ser acrescentadas. Será que isto, no entanto, prova que os crentes no Antigo Testamento e no Novo Testamento formam uma Igreja? – Nem por um momento. Duas fotografias podem ser extremamente semelhantes, mas seria tolice argumentar que devem, portanto, ser imagens do mesmo original.

Passaremos agora a salientar que embora existam tantas semelhanças, a Igreja do Novo Testamento possui características que são bastante peculiares a si mesma, o que prova conclusivamente que Israel e a Igreja não são idênticos. Pois crentes nesta dispensação:

1º. São batizados no Espírito Santo, formando o Corpo místico de Cristo (1ª Coríntios 12 verso 13). Isto não era verdade para nenhum crente do Antigo Testamento.

2º. Os salvos da Igreja, são habitados pelo Espírito Santo (João 14 verso 17). No Antigo Testamento, o Espírito Santo simplesmente, “se encontrou, ou vinha sobre”, os homens. Leia por exemplo Juízes 3 verso 10; Capítulo 14 verso 6.

3º. Os salvos da Igreja, todos são um, sejam Judeus ou Gentios (Gálatas 3 verso 28). No Antigo Testamento, “a parede intermediária de separação” ficava entre eles, (Efésios 2 verso 14).

4º. Os salvos da Igreja, são membros do Corpo cuja Cabeça está no Céu (Efésios 1 verso 22; e Capítulo 5 verso 23). Isto não poderia ser dito de nenhum crente do Antigo Testamento.

5º. Os salvos da Igreja, foram “escolhidos em Cristo antes da fundação do mundo” (Efésios 1 verso 4). Nada disso é dito dos crentes do Antigo Testamento; é dito somente, “está preparado desde a fundação do mundo”. (Mateus 25 verso 34)

6º. Os salvos da Igreja, são “feitos para assentar-se com o Senhor Jesus nos lugares celestiais”, (Efésios 2 verso 6). Nunca se diz que nenhum crente do Antigo Testamento esteja em uma associação tão exaltada.

7º. Os salvos da Igreja, são “abençoados com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Efésios 1 verso 3). Nunca se diz que nenhum crente do Antigo Testamento tenha desfrutado de tal bênção, pois as suas são terrenas.

8º Os salvos da Igreja, “são edificados casa espiritual, e um sacerdócio santo”, (1ª Pedro 2 verso 5). No Antigo Testamento, os crentes tinham um sacerdócio separado, – o de Aarão, e adoravam numa casa material.

9º Os salvos da Igreja, não devem esperar nada no mundo a não ser tribulações como recompensa por uma vida piedosa (João 15 versos 19 e 20; Capítulo 16 verso 33; e 1ª Timóteo 3 verso 12). No Antigo Testamento, aos crentes foi prometida prosperidade material e bênçãos terrenas como recompensa por uma vida piedosa.

10º. Os salvos da Igreja, devem orar por bênçãos sobre seus inimigos (Mateus 5 verso 44). No Antigo Testamento, os crentes oravam por vingança contra seus inimigos.

Estas dez diferenças vitais provam de uma vez por todas que Israel e a Igreja não são idênticos. A Igreja é única, possuindo características que lhe são peculiares. Não há Igreja no Antigo Testamento. O fato de que este é um caso incontestável é confirmado pelas próprias palavras de nosso Senhor Jesus que disse: “EU EDIFICAREI A MINHA IGREJA”, (Mateus 16 verso 18). Observe que Ele não disse: “Estou construindo a Minha Igreja”, mas, “EU EDIFICAREI a Minha Igreja”. Portanto, a Igreja ainda era futura que Ele falou assim. Ele ainda não havia começado a construí-lo. Cristo teve que morrer, ressuscitar, ascender ao Céu e enviar o Espírito Santo antes que a Igreja pudesse existir. Quão néscio e absurdo é, portanto, que os homens falem da Igreja do Antigo Testamento!

Ora, foi somente no Calvário que o fundamento da Igreja foi lançado. Portanto, Como poderia a Igreja ter existido antes de seu fundamento ser lançado? Não, não, as palavras claras e simples de nosso Senhor nos proíbem de acreditar que a Igreja existiu no Antigo Testamento. Sua linguagem é inequívoca: “EU EDIFICAREI A MINHA IGREJA”.

As palavras de Pedro em Atos 11 verso 15, também são corroborativas e decisivas, ele disse: “O Espírito Santo desceu sobre eles como sobre nós no princípio”. A referência é ao dia de Pentecostes registrado em Atos 2.

Me responda, por favor, o que, teve seu “começo” ali em Atos 2? Só há, uma resposta: o período da Igreja.

No Novo Testamento, Israel nunca é chamado de Igreja, e a Igreja nunca é chamada de Israel. Em Gálatas 6 verso 16, onde Paulo se dirige ao “Israel de Deus”, não é exceção.

Perguntamos: a Igreja alguma vez foi chamada de Israel?

Em Gálatas 6 verso 16, fala de judeus crentes, a Igreja não é Israel.

Já foi dito o suficiente para demonstrar que não havia Igreja no Antigo Testamento e que, portanto, Israel e a Igreja não são idênticos. O ensino de que são idênticos, é doutrinária e historicamente incorrecto, e deve ser visto como um erro grave por aqueles que valorizam a Verdade bíblica, e desejam manejar bem, a Palavra da Verdade.

Por William Bunting

 

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