Ministério Presente de Cristo

Para aqueles que já leram Êxodo 17, vão lembrar do campo de batalha naquele dia em Refidim, e a visão teria sido tanto desconcertante quanto intrigante. No vale estavam os dois exércitos em combate, Israel, sob o comando de Josué, e Amaleque, seu inimigo de longa data. Mas na colina com vista para o campo de batalha estava um homem com as mãos estendidas para o céu. Surpreendentemente, enquanto suas mãos permaneciam levantadas, Israel prevaleceu, mas quando suas mãos abaixavam, Amaleque moveu-se com poder prevalecente. À medida que o dia avançava, ficou claro que o que estava acontecendo no vale estava sendo dramaticamente afetado de cima.

Maravilhosamente, nós também temos um Homem na glória, pois nosso Senhor não apenas morreu por nós, mas agora vive por nós em nossa jornada de peregrinação.

Hebreus 9:24 deixa esta grande verdade bem clara: “Cristo não entrou num santuário feito por mãos... mas no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus”. Embora o Calvário tenha resolvido a grande questão do nosso pecado, dia a dia estamos sendo salvos por Seu ministério contínuo no céu. Como pecador, eu precisava de um Mediador com um Deus justo (1 Timóteo 2:4); como filho na família, precisava de um Advogado junto ao Pai; mas como peregrino, precisava de um Intercessor em vista das minhas fraquezas e enfermidades. Nosso Senhor Jesus Cristo realizou tudo isso e muito mais. Então, o que exatamente Ele está fazendo agora?

As jornadas pelo deserto não foram fáceis para os israelitas, nem são para nós. Mas nosso Deus não nos deixou enfrentar essas dificuldades sozinhos, pois Cristo, nosso Grande Sumo Sacerdote, nos convida a nos aproximarmos para experimentar Sua presença e poder. Sua intercessão em nosso favor não está relacionada ao nosso pecado, mas sim às fraquezas e enfermidades que nos marcam.

A Bíblia Corrigida Fiel, usa a palavra “socorrer” em Hebreus 2:18, quando fala Cristo como nosso Sumo Sacerdote junto a Deus; isto na verdade significa que Ele pode “ajudar” em vista de nossas necessidades.

A mulher de Canaã que apelou ao Senhor em nome de sua filha finalmente gritou em desespero: “Senhor, ajuda-me!”, e o Senhor graciosamente curou sua filha. (Mateus 15:25)

Muitos de nós clamamos a mesma oração na grandeza de nossa necessidade, com resultados semelhantes. Que recurso tremendo temos n'Aquele que conhece todos os detalhes sobre nós, que se lembra de nossa fragilidade, que se compadece de nós como um pai se compadece de seus filhos, e que tem prazer em atender nossas carências. Ele esteve onde nós estamos e, “porque ele mesmo padeceu quando tentado, pode socorrer os que são tentados” (Hebreus 2:18).

Ele realmente simpatiza conosco em nossas fraquezas, pois Ele “em tudo foi tentado como nós, mas sem pecado”, e assim podemos ir com ousadia ao trono da graça para obter a misericórdia e a graça para o julgamento. (Hebreus 4:15)

Nosso acesso a Ele é ilimitado – 24 horas por dia, 7 dias por semana – pois Jesus Cristo é apresentado como um sacerdócio eterno e imutável.

Por causa disso, “ele é capaz de salvar perfeitamente [ou, em todos os momentos] aqueles que se aproximam de Deus por meio dele, pois vive sempre para interceder por eles” (Hebreus 9:25).

Mas as intercessões de nosso Senhor nem sempre começam quando nos aproximamos Dele. No caso de Pedro, Cristo revelou a ele que já havia orado por ele para que sua fé não falhasse. Sua intercessão precedeu a provação e a tentação e, embora Pedro tenha falhado tristemente com seu Senhor, a graciosa intercessão do Senhor finalmente o preservou e restaurou a uma vida e ministério de grande bênção.

Cristo não apenas é marcado pela intercessão em nosso favor, mas também é nosso advogado junto ao Pai em vista do pecado em nossa vida.

A única referência a esta grande obra é encontrada em 1 João 2:1: “Se alguém [crente] pecar, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo”. Um advogado (grego, parakletos) é aquele que “se aproxima para ajudar” no momento em que o pecado rompeu a comunhão com o Pai. Nosso pecado nunca é minimizado ou desconsiderado, mas por causa de quem Jesus é e do que Ele fez, nosso Advogado pleiteia os méritos de Seu próprio sacrifício no Calvário diante do Pai, pois Ele é a “propiciação [satisfação] pelos nossos pecados”.

Por Jesus ser o “Justo”, nossa união com o Pai é mantida. O Calvário é o lugar onde a propiciação foi realizada, mas aqui em 1 João 2, é a maravilhosa pessoa do próprio Cristo que satisfez as justas exigências de um Deus ofendido. Que bênção tremenda ter Alguém na glória que está apto e disposto a nos representar como advogado de defesa e defender nossa causa.

Mas há outro foco em Sua defesa, pois a palavra grega contém a ideia de “consolador”. No Cenáculo, Nosso Senhor prometeu enviar outro Consolador, o Espírito Santo; e exatamente como Ele prometeu, o Espírito veio no Pentecostes. Assim, temos um Consolador acima mantendo nossa ligação com o Pai e um Consolador abaixo que nos mantém em nossa caminhada de fé. A defesa de Cristo por nós é contínua e sem falhas, pois Ele pagou um preço tremendo para nos tornar Seus e ternamente cuida de nós ao longo do caminho. Ele garante nossa segurança na família e procura manter nosso desfrute do Pai.

Existem outros aspectos do ministério atual de Cristo, mas preciso acrescentar um breve lembrete de Seu trabalho contínuo como o Bom Pastor. Seu cuidado e sacrifício pelos Seus enquanto aqui na terra é o tema de nossa adoração e louvor, mas Ele ainda não está pastoreando Seu rebanho?

Parte desse trabalho foi dado a homens fiéis que receberam o dom de Cristo, e no meio do povo do Senhor, atuam como “pastores auxiliares”, “querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor.”

(Efésios 412-16)

Em 1 Pedro 1:5 diz-se: “Sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo”. O último passo da salvação é a redenção na vinda do Senhor Jesus. A salvação pode ser dividida em três estágios. A salvação abordada neste trecho refere-se à nossa redenção na volta do Senhor Jesus. Mediante a fé somos guardados pelo poder de Deus para a redenção.

Somos nós que seguramos Deus ou é Deus quem nos segura?

Somos nós que nos guardamos ou somos guardados por Deus?

A Bíblia diz que é Deus quem nos guarda. O guardar do poder de Deus pressupõe que se eu me perdesse, a responsabilidade não seria minha, mas de Deus. Eu falo reverentemente: se nós nos perdêssemos, maior responsabilidade recairia sobre Deus do que sobre nós. Por isso, não devemos ter qualquer pensamento de que os cristãos podem perder-se. Falaremos sobre esse assunto nos próximos capítulos deste livro. O problema hoje é a salvação. A salvação é algo totalmente relacionado com Deus.

Por que seremos totalmente salvos?

Em 2 Timóteo 1:12 diz-se: “Porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia”. Tudo o que Paulo depositou no Senhor, o Senhor guardará até o dia de Sua volta. Portanto, estamos salvos o tempo todo até aquele dia.

Para mim, ir para o inferno e perecer, não importaria muito, mas para a glória de Deus a perda significaria muito. Minha perdição não seria importante; mas se eu perecesse, Deus certamente não seria glorificado. Sua glória certamente seria danificada, porque indicaria que Deus não guarda bem. Se eu perecesse, isso aconteceria porque Deus não me guardou bem. Por causa da glória de Deus, todos os que conhecem Deus e Seu poder protetor dirão que não há como perder a salvação de Deus. Não há possibilidade de perdê-la. A Palavra de Deus é mais do que clara a esse respeito.

Em relação aos versículos sobre a segurança da salvação do crente, o que mais gosto é Judas 24-25a.

Ele é mais peculiar do que qualquer dos outros versículos. Ele nos diz o que o nome de Deus é. O nome de Deus é “Àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da Sua glória, ao único Deus, nosso Salvador”.

Que é o nome de Deus? O nome de Deus é Aquele que é poderoso para nos guardar de tropeços; o nome de Deus é Aquele que é poderoso para nos apresentar com exultação, imaculados diante de Sua glória; o nome de Deus é Aquele que é o único Deus, nosso Salvador. Este é nosso Deus.

Que é não tropeçar? Aqui não diz que Deus nos livrará de cair, e, sim, que Ele nos guardará de tropeços. Cair é deitar no chão. Mas tropeçar é somente cometer um deslize. Ele diz que Deus pode guardar-nos de deslizes. Deus não apenas pode livrar-nos de cair, mas pode livrar-nos de deslizes.

Nenhum ensinamento na Bíblia pode ter os pecadores como ponto de partida; todos os ensinamentos devem ter o Senhor Jesus como ponto de partida. Seria terrível se os pecadores fossem tomados como ponto de partida; mas se o Senhor Jesus é tomado como o ponto de partida, as coisas ficarão esclarecidas. Se tomarmos os pecadores como ponto de partida, o problema do pecado se tornará obscuro para nós. Haverá muitas coisas que não consideraremos como pecados. Muitas questões imundas serão consideradas limpas; muitas questões fracas serão consideradas fortes; muitas coisas vergonhosas serão consideradas gloriosas. Mesmo após nos tornarmos cristãos, ainda consideraremos muitas coisas pecaminosas como gloriosas. Entre os que conhecem a Deus, há ainda muitos pecados que não foram julgados. Há ainda muitos pecados que um cristão considera como gloriosos.

Se um cristão não tem clareza a respeito da questão do pecado, quanto mais um pecador?

Há muitos pecados que Deus já julgou no Senhor Jesus, que não nos foram manifestados como pecados quando éramos pecadores. Somente após crermos no Senhor Jesus é que fomos esclarecidos de que eram pecados. Quando éramos pecadores, não tínhamos clareza; somente após crermos no Senhor Jesus fomos esclarecidos. Contudo, mesmo os cristãos não são tão dignos de confiança; há ainda muitas coisas que eles não vêem.

Quanto a perder a salvação, se considerarmos a questão do ponto de vista humano, nunca veremos coisa alguma. Se considerarmos as verdades da Bíblia do nosso ponto de vista, tudo se tornará confuso. Podemos pensar que uma coisa é maior que as demais. Somente quando consideramos as coisas do ponto de vista do Senhor é que teremos clareza. A questão não é se somos capazes ou não de conservar a nossa salvação. A questão é se o Senhor Jesus é ou não capaz de conservar a nossa salvação. E quanto a isto Ele mesmo afirma:

“E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um.”

(João 10:28-30)

 

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