Autonomia da igreja local

A palavra, “autonomia”, normalmente significa “autogoverno”, mas usarei o termo para significar o governo de uma assembleia local a partir de dentro, sem que nenhuma pessoa ou instituição externa lhe imponha decisões. Estritamente falando, uma igreja local do Novo Testamento não é “autogovernada” porque se submete à autoridade das Escrituras e é governada pelo Senhor. A expressão “autonomia de assembleia” não é encontrada no Novo Testamento, mas a verdade é encontrada por toda parte. Veremos algumas das passagens que ensinam a autonomia da igreja local e algumas de suas implicações para nós hoje.

Autonomia e Disciplina da Igreja

Este pode parecer um lugar incomum para começar, mas foi onde nosso Senhor começou quando falou pela primeira vez sobre a igreja local. Quando Ele introduziu o conceito de igreja local em Mateus 18:15-20, parece claro que Ele pretendia que ela fosse autônoma em questões de disciplina. Se você seguir os passos explicados na passagem, os dois últimos envolvem o pecado de um irmão impenitente sendo irformado “à igreja”, e se o homem ainda se recusar a se arrepender, o grupo aplicará disciplina de acordo com a disciplina do céu. “A igreja”, neste contexto, deve ser uma reunião local, pois seria impossível dizer “a Igreja”, no sentido de todos os cristãos. O Senhor Jesus também deu a entender aqui que não haveria nenhum nível de responsabilidade acima do grupo local de crentes – não há nada entre a autoridade da assembleia e a autoridade do céu.

Autonomia e Obreiros Enviados

Paulo e Barnabé foram usados ​​poderosamente por Deus na implantação de assembleias, na nomeação de presbíteros e no ensino dos santos (Atos 13-14). E como apóstolo, a autoridade de Paulo excedeu qualquer autoridade encontrada entre os crentes hoje (2 Coríntios 10:8; Efésios 2:20). Tudo isto torna Atos 13:1-3 particularmente impressionante – o Espírito de Deus instruiu a igreja local em Antioquia a separar e enviar Paulo e Barnabé. Esses homens talentosos, que foram fundamentais no ensino desta assembleia (Atos 11:25), ficaram sob sua autoridade e foram por ela recomendados ao Senhor. A prestação de contas também está implícita no fato de eles darem um relatório a toda a assembleia quando retornarem (Atos 14:27). Não encontramos nenhuma base no Novo Testamento para um corpo regional ou uma junta missionária com autoridade – apenas igrejas locais individuais, a quem todos na sua irmandade, incluindo professores e obreiros enviados, prestam contas.

Autonomia e Anciãos Locais

Paulo exortou os presbíteros de Éfeso: “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” (Atos 20:28). Mais uma vez, a autonomia da igreja é destacada. O Espírito Santo nomeou um grupo de homens como superintendentes de uma única “igreja de Deus”, uma assembleia de crentes vistos independentemente como tendo sido distintamente comprados com sangue precioso. Aos anciãos é dada a autoridade e a responsabilidade de supervisionar uns aos outros e ao resto do rebanho sob seus cuidados (Leia 1 Pedro 5:2). Parte desta responsabilidade inclui a proteção contra aqueles que tentarão obter influências minando a autoridade estabelecida por Deus, resultando no dano às ovelhas (Atos 20:29-30). Embora toda a assembleia deva reconhecer e respeitar a autonomia, são os mais anciãos que são, em última análise, chamados a mantê-la.

Autonomia e Responsabilidade

Já vimos a autonomia de uma assembleia local em Mateus, Atos e nas Epístolas. Chegando agora ao Apocalipse, João dirigiu-se às “sete igrejas que estão na Ásia”, contando-lhes como no Espírito ele as via como “sete candeeiros de ouro” (Apocalipse 1:4,12,13,20). O Senhor Jesus então se revelou andando “entre os sete candeeiros de ouro” (Apocalipse 2:1). Os capítulos 2 e 3 deixam claro que cada uma das sete igrejas estava sendo avaliada individualmente. É preocupante ver que cada assembleia está sendo revisada por seus próprios trabalhos. Ninguém é responsável perante ou pelos outros. Todos são responsáveis ​​perante Ele.

Autonomia e outras assembleias

Mas autonomia não significa isolamento da assembleia. Embora o Novo Testamento apresente igrejas locais individuais sendo governadas internamente, ele também identifica assembleias coletivamente, idealmente unidas em doutrina e exercício. Por exemplo, quando se tratou da doutrina da cobertura da cabeça, Paulo apontou para a unidade entre “as igrejas de Deus” (1 Coríntios 11:16). Quando se tratou de um exercício para os necessitados em Jerusalém, as “igrejas da Macedónia” foram reconhecidas pela sua generosidade colectiva (2 Coríntios 8:1-2). Mas em nenhum lugar a unidade entre assembleias é ensinada à custa da autonomia. O padrão parece ser cada assembleia desejando estar em unidade com todas as outras assembleias. Mas se a doutrina ou prática na igreja local B realmente mina a capacidade da igreja local A de funcionar fielmente diante do Senhor, impedindo a assembleia A de governar a partir de dentro, em submissão à Sua autoridade, então a assembleia A perderia autonomia através de uma associação com a assembleia B. Seria igualmente uma violação da autonomia da assembleia se as igrejas locais A, C e D decidissem juntas, ou exercessem pressão umas sobre as outras, não terem nada a ver com a assembleia B. Cada assembleia é chamada a tomar as suas próprias decisões perante o Senhor relativamente às associações que tem com outras assembleias.

Autonomia: incentivada ou prejudicada?

Está claro que o Novo Testamento ensina a autonomia da igreja local. A questão agora é: estou respeitando isso? Encorajo a autonomia na assembleia, submetendo-me à Palavra de Deus e à liderança dos meus próprios anciãos (Hebreus 13:17). Eu a mino apelando para a autoridade de homens fora da minha igreja local. Se estou envolvido na implantação de assembleias, ou se estou ensinando entre assembleias, encorajo a autonomia da assembleia quando, como Paulo, esclareço os limites da minha autoridade e apoio a tomada de decisões locais (1 Coríntios 16:1-3). Verei erros cometidos, mas causarei danos maiores ao desrespeitar a autonomia e minar o governo local de uma assembleia.

Finalmente, como presbíteros (anciãos), mantemos a autonomia supervisionando com responsabilidade uns com os outros e perante o Senhor, e respeitando a autonomia de todas as outras assembleias. Nós a minamos ao nos envolvermos em questões que não são nossas, ou ao permitir que as decisões de outras assembleias se sobreponham ao que teríamos feito diante do Senhor. Que o Senhor nos dê a todos uma maior apreciação do valor que Ele atribuiu a cada igreja local e à sua autonomia perante Ele! (Atos 20:28; Apocalipse 2:1).

Shawn Clair

 

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