As Escrituras falam do Pai abandonando o Filho na cruz?

As Escrituras, tanto as proféticas quanto as históricas, registram que Deus abandonou o Sofredor na cruz.

(Salmos 22:1-2; Mateus 27:46; Marcos 15:34)

Aquele que clama ao Seu Deus no Salmo 22, afirma: “Tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe” (v. 10), voltando à Sua encarnação.

Então o Sofredor é um homem.

Estamos no terreno bíblico para falar do homem Cristo Jesus, abandonado na cruz por Deus (1 Timóteo 2:5).

Mas alguns perguntariam: “O sofredor não era o Filho de Deus?” Sim.

“Aquele que O abandonou não era o Pai?” Sim.

As Escrituras, porém, não retratam o quadro com essas palavras. E deve haver uma razão.

Quando o Senhor foi tentado no deserto, o tentador disse: “Se Tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães”. (Mateus 4:3).

O Senhor, citando Deuteronômio 8:3, respondeu: “Nem só de pão viverá o homem…” (v. 4).

O tentador o convidou a fazer o que só Deus poderia fazer, transformar pedras em pães. O Senhor não afirmou Seu poder divino para fazer pão nem para vencer o tentador. Ele enfrentou a tentação como um homem dependente de Seu Deus e vivendo pela fé na Palavra de Deus: “Está escrito”.

Isso não negava que Ele era Deus, nem sugeria que parte Dele agia como Deus e outra parte agia como homem.

No momento da encarnação, Ele permaneceu, e permanecerá para sempre, plenamente Deus: “Nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade” (Colossenses 2:9).

Desde o momento da encarnação, Ele se tornou, e sempre permanecerá, totalmente homem: “O Verbo se fez carne” (João 1:14); Ele “tomou sobre Si a forma de servo, e foi feito (nascendo) na semelhança dos homens” (Filipenses 2:7).

Ele é perfeito e eternamente Deus e homem em uma Pessoa única e gloriosa.

Sendo ungido pelo Espírito Santo (Atos 10:38) e dirigido pelo Pai como “Meu Filho amado” (Mateus 3:17), Ele foi apresentado a Israel como o Cristo (“o Ungido”), o Filho de Deus (veja Salmo 2:2, 7).

Ungido por Deus, Ele é o Profeta, Sacerdote e Rei prometido.

Depois dessa apresentação, esse homem sem pecado (de fato, santo), perfeitamente sujeito a Seu Deus, encontrou o tentador. Ele demonstrou sua aptidão para esses ofícios.

Ele é “Jesus, o Autor e Consumador”, do tipo de fé que deriva sua força da Palavra de Deus. (Hebreus 12:2)

Tendo demonstrado que a Palavra de Deus é suficiente para vencer toda tentação (Lucas 4:13), Ele mostra o caminho para o “justo [que] viverá pela fé” (Hebreus 10:38).

Por causa da maneira como esse homem respondeu à tentação mais feroz, Ele tem autoridade moral para fortalecer o tentado (como Sacerdote), trazer outros à sujeição a Deus (como Rei) e conduzi-los a uma maior revelação de Deus (como Profeta).

Da mesma forma, a obra de redenção exigia Sua humanidade.

“Ele levou os nossos pecados em Seu próprio corpo” (1 Pedro 2:24).

“Fomos santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas” (Hebreus 10:10).

Ele “fez a paz pelo sangue da sua cruz… e vós… reconciliou-vos no corpo da sua carne…” (Colossenses 1:20-22).

Ele era tão plenamente Deus na cruz quanto no trono eterno.

Ele orou: “Pai, perdoa-lhes” (Lucas 23:34); “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (v. 46).

Da mesma forma, Ele era um homem perfeito, totalmente dependente de Seu Deus, sendo Seu corpo o meio pelo qual Ele expressava Seu prazer em fazer a vontade de Deus (Salmos 40:8 com Hebreus 10:5).

Ele viveu “de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4:4).

Ele era um homem que nunca tentou o Seu Deus saindo de Sua vontade (Mateus 4:7).

Ele era um homem sujeito à lei de Deus, adorando e servindo somente a Ele (Mateus 4:10, veja Salmos 22:3).

Somente este homem perfeito e santo poderia nos libertar do pecado.

Seu corpo, representando a totalidade de tudo o que Ele é (assim como o sacrifício de nossos corpos, Romanos 12:1), foi dado para cumprir a vontade de Deus. (Lucas 22:19)

Naquele corpo Ele sofreu (Hebreus 13:12; 1 Pedro 3:18) infinitamente enquanto o Deus de quem Ele dependia “fazia com que se encontrasse com Ele, a iniquidade de todos nós ” (Isaías 53:6).

Seu clamor: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” expressa sofrimento infinito no corpo de um homem.

O primeiro homem que rejeitou a Palavra de Deus em um paraíso trouxe o pecado ao mundo (Gênesis 2:17; 3:6; Romanos 5:12).  

O Segundo Homem que viveu pela Palavra de Deus mesmo em Seus sofrimentos mais profundos “afastou o pecado” (Hebreus 9:26).

O fato de Ele permanecer perfeitamente submisso enquanto foi abandonado por Seu Deus magnifica Suas perfeições inigualáveis.

O pecado veio por um homem, a libertação prometida também viria por um Homem, a Semente da mulher (Gênesis 3:15).

Essa libertação, teve um alto custo! Ele foi abandonado por Seu Deus.

Falar de Deus abandonando um homem santo é consistente com as declarações das Escrituras e expressa muita verdade.

 

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