As almas humanas diferem das almas dos animais

A Bíblia deixa bem claro que o homem é único de todas as outras criaturas. “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1:26).

Observe que Deus discute apenas a criação do homem, não dos animais. A formação do homem difere da das outras criaturas: somente o homem é criado como indivíduo, formado pessoalmente do pó, e separadamente recebe o sopro da vida diretamente de Deus.

Esta vida única equipa o homem com entendimento espiritual e uma consciência.

Lemos em Jó 32:8: “Na verdade, há um espírito no homem, e a inspiração do Todo-Poderoso o faz entendido.”

E lemos em Provérbios 20:27: “O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, que esquadrinha todo o interior até o mais íntimo do ventre.”

Feito à imagem de Deus, somente o homem representa Deus; feito à semelhança de Deus, só o homem se assemelha a Deus. Somente o homem tem um espírito, capacitando-o de maneira única para a comunhão com Deus. Somente Adão era o “filho de Deus” pela criação, e ele, com Eva, tinha domínio sobre o resto da criação. (Lucas 3:38)

Devemos reconhecer, no entanto, que os animais também são almas viventes.

Gênesis 1:20, 21, 24 e 30 usa a expressão, “hebraico: nephesh hayyah” (literalmente “uma alma de vida”) para peixes, pássaros e criaturas terrestres, e Gênesis 2:7 usa a mesma expressão para o homem.

Os animais têm alma no sentido de que sua vida, como a nossa, não pode ser reduzida apenas ao funcionamento biológico de suas células. Eles têm uma força vital imaterial.

No entanto, a Bíblia em nenhum lugar sugere que as almas dos animais existem sem fim.

Milhares de almas de animais acompanharam Noé na arca, mas em 1 Pedro 3:20 afirma que apenas  oito almas foram salvas.

As almas humanas são, portanto, totalmente diferentes das almas animais.

Apenas as almas humanas são responsáveis ​​perante Deus, apenas as almas humanas sobrevivem a seus corpos e apenas as almas humanas habitam o céu ou no inferno para sempre.

Em relação aos sacrifícios do Antigo Testamento, é imperativo ver o significado da vida da alma animal.

Levítico 17:11 ensina que “a vida (hebraico: nephesh, alma) da carne está no sangue”.

O sangue derramado de animais faz expiação pela alma humana.

O próprio sangue permeia todo o corpo, trazendo uma única vida coerente ao organismo; o sangue ilustra a existência de uma força vital imaterial dentro do corpo físico.

Lemos em Deuteronômio 12:23: “O sangue é vida; pelo que não comerás a vida com a carne.”

O sangue correndo sinaliza a presença de uma vida anímica interior e informe que transcende a mera vida biológica.

O derramamento de sangue animal significava o gasto de uma alma animal, que fornecia limpeza cerimonial para almas humanas.

Deus não soprou nos animais e, portanto, eles não possuem espíritos.

Reconhecidamente, Gênesis 6:17 e 7:15, 22 usam o termo (hebraico: ruach - “espírito” ou “fôlego”) para animais, mas esses versículos da narrativa do Dilúvio referem-se a respiração literal.

Todos os animais que respiram ar morreram afogados no dilúvio, exceto os que estavam na arca de Noé. Os animais não têm espíritos reais ou almas sem fim.

Tem outras passagens na Bíblia que também falam de respiração literal, como Salmos 104:29 e Eclesiastes 3:21.

A morte entrou no mundo por meio da queda do homem.

Aqui se faz referência à morte espiritual que separa o homem de Deus. Entrou por meio do pecado no princípio e continuou fazendo-o desde então. A morte sempre chega através do pecado. Notemos o que nos diz Romanos 5:12 sobre este assunto. Em primeiro lugar, que “o pecado entrou no mundo por meio de um homem”. Adão pecou e introduziu o pecado no mundo.

Segundo, que “a morte (entrou no mundo) através do pecado”. A morte é o resultado invariável do pecado.

E, finalmente, que como consequência “a morte se estendeu a todos os homens porque todos os homens pecaram”.

A morte não “se estendeu a” ou “passou aos homens simplesmente”, mas sim literalmente “passou para todos os homens”.

A morte impregnou o espírito, o alma e o corpo de todos os homens. Não há nenhuma parte de um ser humano pela que não tenha passado.

Por isso é indispensável que o homem receba a vida de Deus. A salvação não pode chegar por uma reforma humana porque “a morte” é irreparável. O pecado tem que ser julgado antes de que possa haver resgate da morte para os homens. Isto é exatamente o que tem feito a salvação do Senhor Jesus.

O homem que peca deve morrer. Isto está anunciado na Bíblia.

Nenhum animal nem nenhum anjo podem sofrer o castigo do pecado em lugar do homem. É a natureza do homem a que peca, por isso é o homem que deve morrer. Só o humano pode expiar pelo humano. Mas como o pecado está em sua humanidade, a morte do homem não pode expiar por seu próprio pecado. O Senhor Jesus veio e assumiu a natureza do homem, para poder ser julgado em lugar da humanidade.

Não corrompida pelo pecado, sua santa natureza humana pôde deste modo expiar pela humanidade pecadora por meio da morte. Morreu como substituto, sofreu todo o castigo do pecado e ofereceu sua vida como resgate por muitos.

Como consequência, todo aquele que crê nEle já não será julgado (João 5:24).

Falando do Senhor Jesus, a Bíblia diz que, quando o Verbo se fez carne, levava em si toda carne.

Assim como a ação de um homem, Adão, representa a ação de toda a humanidade, a obra de um homem, Cristo, representa a obra de todos. Temos que ver quão completa é a obra de Cristo antes de poder compreender o que é a redenção.

Por que o pecado de um homem, Adão, é julgado como o pecado de todos os homens passados e presentes?

Adão é o cabeça da humanidade da qual vieram ao mundo todos os demais homens. De uma forma similar, a obediência de um homem, Cristo, faz-se justiça de muitos, passados e presentes, posto que Cristo constitui o Cabeça de uma nova humanidade, originada por um novo nascimento.

Estava em Suas mãos livrar-se destes sofrimentos da cruz do calvário, mas voluntariamente ofereceu seu corpo para suportar todas as insondáveis provações e dores sem acovardar-se nem um momento até que soube que “tudo estava consumado”. Só então entregou seu espírito. (João 19:28-30)

Não só seu corpo; sua alma também sofreu. A alma é o órgão da própria consciência. Antes de ser crucificado, deram a Cristo vinho misturado com mirra como calmante para mitigar a dor, mas Ele o rejeitou porque não estava disposto a aceitar nenhum sedativo mas sim a estar plenamente consciente do sofrimento. As almas humanas desfrutaram plenamente do prazer dos pecados; por conseguinte, Jesus ia suportar em sua alma a dor destes pecados. Preferiu beber a taça que Deus lhe deu do que a taça que anestesiaria sua consciência.

Que vergonhoso era o castigo da cruz, utilizava-se para executar os escravos fugidos.

Um escravo não tinha propriedades nem direitos. Seu corpo pertencia a seu dono, e por conseguinte podia ser castigado com a cruz mais vergonhosa. O Senhor Jesus tomou o lugar de um escravo e foi crucificado.

O profeta Isaías o chamou “o servo”, e Paulo disse que tomou a forma de um escravo. Sim, veio como um escravo para nos resgatar aos que estávamos sob a escravidão perpétua do pecado e de Satanás. Fomos escravos da paixão, do temperamento, dos costumes e do mundo. Estivemos a mercê do pecado. No entanto, Ele morreu por nossa escravidão e carregou com todo nosso opróbrio.

A Bíblia traz o relato de que os soldados ficaram  com a roupa do Senhor Jesus (João 19:23).

Estava quase nu quando o crucificaram. Esta é uma das vergonhas da cruz. O pecado nos tira nossa veste radiante e nos deixa nus.

Nosso Senhor foi despido diante de Pilatos e logo depois de novo no Calvário. Como reagiu sua santa alma diante de semelhante maus tratos?

Acaso não era um insulto à santidade de sua personalidade e uma vergonha?

Quem pode sondar seus sentimentos naquele trágico momento?

Como todos os homens tinham desfrutado da glória aparente do pecado, o Salvador tinha que suportar a autêntica vergonha do pecado.

“Verdadeiramente (Deus) cobriste-o de vergonha..., com que os teus inimigos, ó Senhor, têm difamado os passos do teu ungido.”; e até “suportou a cruz, desprezando a vergonha.”

(Salmos  89:45, 51; Atos 12:2).

Ninguém poderá jamais constatar o muito que sofreu a alma do Salvador na cruz. Contemplamos frequentemente seus sofrimentos físicos, mas passamos por cima dos sentimentos de sua alma. Uma semana antes da Páscoa o ouviram dizer: “Agora a minha alma está perturbada” (João 12:27). Isto assinala a cruz.

No Jardim do Getsêmani o ouviram de novo dizer: “A minha alma está triste até a morte” (Meteus 26:38).

Se não fosse por estas palavras quase não poderíamos pensar que sua alma tinha sofrido.

Em Isaías 53:10-12, menciona três vezes que sua alma foi oferecida pelo pecado, que sua alma sofreu e que derramou sua alma até a morte.

Pois que Jesus suportou a maldição e a vergonha da cruz, quem crê nele já não será maldito nem envergonhado.

Seu espírito também sofreu terrivelmente. O espírito é a parte do homem que o equipa para comunicar-se intimamente com Deus. O Filho de Deus era santo, inocente, imaculado, separado do pecado.

Seu espírito estava unido ao Espírito Santo em perfeita unidade. Nunca teve seu espírito um momento de perturbação nem de dúvida, porque sempre teve a presença de Deus com Ele.

Jesus disse: “Não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou... E aquele que me enviou está comigo” (João 8:16, 29).

Por isso pôde orar: “Pai, graças te dou, porque me ouviste. Eu sabia que sempre me ouves” (João 11:41,42).

Enquanto pendurado na cruz — e se houve algum dia que o Filho de Deus necessitasse desesperadamente da presença de Deus deve ter sido esse dia — Ele gritou: “meu Deus, Meu Deus, por que me desamparaste?” (Mateus 27:46).

Seu espírito estava separado de Deus. Quão intensamente sentiu a solidão, o abandono, a separação!

O Filho eterno ainda estava cedendo, o Filho ainda estava obedecendo a vontade de Deus-Pai; sem dúvida, o Filho tinha sido abandonado: não por causa dEle, mas sim por causa de outros.

O pecado afeta muito profundamente o espírito e, por conseguinte, embora o Filho de Deus fosse santo, tinha que ser separado de Deus porque levava o pecado de outros.

É certo que nos incontáveis dias da eternidade, como Ele mesmo disse: “eu e o Pai somos um” (João 10:30).

Inclusive durante sua estada na Terra continuou sendo assim, porque sua humanidade não podia ser uma causa de separação do Deus.

Só o pecado podia separá-los, embora esse pecado fosse de outros.

Lemos em 2 Coríntios 5:19-21: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.”

Abandonado Por Deus, Cristo sofreu, pois, a mais amarga dor do pecado, suportando na escuridão a ira castigadora de Deus sobre o pecado sem o apoio do amor de Deus ou a luz de seu rosto.

Ser abandonado por Deus é a consequência do pecado.

Agora nossa humanidade pecadora foi julgada totalmente porque foi julgada na humanidade sem pecado do Senhor Jesus. Nele, a humanidade santa conquistou sua vitória. Toda sentença sobre o corpo, a alma e o espírito dos pecadores foi lançada sobre Ele. Ele é nosso representante. Por fé estamos unidos a Ele. Sua morte é considerada como nossa morte, e sua sentença como nossa sentença. Nosso espírito, alma e corpo foram julgados e castigados nele. Seria o mesmo que se tivéssemos sido castigados em pessoa.

“Assim, agora não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1).

Isto é o que Ele tem feito por nós e esta é agora nossa posição diante de Deus.

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2 Coríntios 5:19)

Nossa posição real é de que já morremos no Senhor Jesus, e agora só falta que o Espírito Santo transporte este fato para nossa experiência. A cruz é onde o pecador — seu espírito, alma e corpo — é julgado.

É por meio da morte e da ressurreição do Senhor que o Espírito Santo de Deus pode nos transmitir as realidades da natureza divina.

A cruz ostenta o julgamento do pecador, proclama a ausência de valor do pecador, crucifica o pecador e proporciona a vida do Senhor Jesus. Desde então, qualquer que aceitar a cruz nascerá de novo pelo Espírito Santo e receberá a vida do Senhor Jesus.

“Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.”

(1 Coríntios 1:18)

A Bíblia é clara: “Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.”

(João 3:17, 18; Efésios 2:8, 9)

Não há uma única pessoa no céu que tenha chagado lá sem ter sido salva pela graça de Deus, mediante a fé.

“Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna.”

(Tito 3:5-7)

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