À luz de Efésios 4:5, por que praticamos o batismo nas águas?

Lemos em Efésios 4:4-6: “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós.”

O raciocínio por trás dessa pergunta parece ser que “um batismo” é o batismo do Espírito Santo (Lei Atos 1:5; 1 Coríntios 12:13) e, portanto, os cristãos não têm outro batismo – nenhum batismo nas águas.

Duas respostas possíveis para isso dependem de como interpretamos “um só batismo”.

Alguns baseiam sua interpretação no agrupamento que veem nas sete “coisas únicas” em Efésios 4:4-6.

Os três primeiros formam um grupo: um Corpo, um Espírito (que formou o Corpo), uma esperança (pertencente ao Corpo, veja Efésios 1:18).

Os próximos três formam um outro grupo: um Senhor (a quem todos obedecem), uma fé (pela qual todos confiaram em Cristo, e também refere-se a um corpo de verdade revelada que todos guardam pela obediência), e um batismo (pelo qual todos expressaram sua união com Cristo).

O último grupo é um só Deus e Pai de todos.

O primeiro grupo, (Um Corpo, Um Senhor e Uma esperança), nos fala do que é posicional (o que Deus fez).

O segundo grupo, (Uma fé, um batismo) nos fala do que é prática (o que devemos fazer).

O terceiro grupo, (um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós), é teológico e resume os grupos anteriores.

Se aceitarmos esta interpretação, o único batismo é o batismo nas águas que Deus ordenou para cada crente nesta era.

Pode haver razão, entretanto, para ver o único batismo como o batismo do Espírito Santo.

A palavra “há” no início do versículo 4, foi acrescentada pelos tradutores, não se encontra no original grego.

Esta palavra pode obscurecer a conexão dos versículos 4 a 6 com o versículo 3, que diz: “Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.”

Paulo está expandindo sua declaração, “a unidade do Espírito Santo”.

No Pentecostes, o Espírito Santo formou uma entidade única que nunca existiu antes.

Essa unidade, o sujeito do mistério de (Efésios 3), é composta por judeus e gentios (Efésios 1 e 2).

Nesses versículos, Paulo resume o ensino posicional dos capítulos anteriores. Ele o usa como o pivô no qual baseia sua exortação prática (“esforçando-se para manter a unidade do Espírito Santo”).

O único Senhor é Aquele em quem todos estão unidos e, antecipando o restante da epístola, a quem todos devem obedecer.

A única fé é o corpo revelado da verdade ou doutrina, incluindo agora o mistério sobre a Igreja.

O único batismo é o único evento que formou o Corpo.

Além dessa interpretação, Paulo estaria falando sobre a unidade do Espírito Santo sem mencionar quando o Espírito a formou.

Se essa é a interpretação de “um batismo”, nesses três versículos (vs. 4-6), Paulo está lidando com nossa posição (o que Deus fez por nós).

Esse batismo nunca será repetido e não ocorre quando um crente é salvo.

O Senhor disse que isso aconteceria não muitos dias depois que Ele estivesse com Seus discípulos (Atos 1:5).

Paulo ensina que o batismo nas águas expressa nossa união com Cristo e é nossa responsabilidade prática ser batizado.

Lemos em Romanos 6:4, 5: “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição.”

Lemos em Gálatas 3:26, 27: “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, já vos revestistes de Cristo.”

Em Gálatas, Paulo ao falar dos judeus, ele usa a expressão "nós", e ele mostra que estavam confinados sob a lei até a vinda de Cristo. A lei manteve-os, como um povo separado para quem a justificação pela fé poderia ser pregada.

Depois de serem justificados, deixaram de estar debaixo da lei, e seu caráter distintivo como judeu cessou. Daqui até o fim do capítulo, o pronome vós, inclui os salvos entre os judeus e os gentios. Todos esses são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus.

A união com Cristo, que acontece no momento da conversão, é confessada pelo batismo em água.

Esse batismo não torna a pessoa membro de Cristo, ou herdeira do reino de Deus. Trata-se apenas de uma identificação pública com Cristo, o que Paulo descreve aqui como "revestir-se de Cristo".

Assim como um soldado se declara membro do exército por "vestir" a farda, do mesmo modo um crente se identifica como pertencendo a Cristo por ser batizado na água.

Por esse ato, ele confessa publicamente sua submissão à liderança e autoridade de Cristo. Ele mostra visivelmente que é filho de Deus.

É claro que o apóstolo não está sugerindo que o batismo na água une uma pessoa a Cristo. Seria repudiar completamente sua tese básica de que a salvação é somente pela fé.

Tampouco Paulo em Gálatas 3:27, trata do batismo do Espírito Santo, o que coloca o crente no corpo de Cristo e é tratado em 1 Coríntios 12:13. O batismo do Espírito Santo é invisível e aconteceu somente uma vez, no dia de Pentecostes.

Não há nada que corresponde a um "revestimento" público de Cristo.

Esse é um batismo em Cristo. Como os israelitas foram batizados em Moisés, identificando-se com ele como seu líder, da mesma maneira os crentes hoje são batizados em Cristo, significando que o reconhecem como seu verdadeiro Senhor.

O batismo na água, do crente significa também o sepultamento da carne, junto com os esforços dela para conseguir justiça própria. Significa o fim da velha maneira de viver e o começo da nova.

Sendo batizados na água, os gálatas confessaram que haviam sido mortos com Cristo e que foram sepultados com ele.

Assim como Cristo morreu para a lei, do mesmo modo os gálatas estavam mortos para a lei e não deviam desejar estar sujeitos a ela como regra de vida. Assim como Cristo, por sua morte, derrubou a distinção entre judeus e gentios, eles devem fazer morrer suas diferenças nacionais.

Revestiram-se de Cristo no sentido de que levavam uma vida nova — a vida de Cristo.

Depois da morte, ressurreição e antes de volta para o céu, o Senhor associa o batismo ao discipulado e à mensagem do evangelho nesta era (Mateus 28:19, 20; Marcos 16:15, 16).

Ele também indica que o crente é responsável por ser batizado na água e isso não é feito pelo Espírito Santo, mas por aqueles que “vão”, “fazem discípulos”, “batizando-os”, “ensinando-os” (Mateus 28:19, 20).

 

Desenvolvido por Palavras do Evangelho.com