A igreja local e suas coletas

Uma das características maravilhosas da natureza do nosso Deus é que Ele é um Deus que dá. Alguém expressou isto da seguinte maneira: “Deus sempre vive, perdoa, existe, e sempre está de mãos estendidas, e enquanto Ele vive Ele dá, pois a prerrogativa do Amor é dar, e dar e dar”. Adão foi a primeira pessoa a usar a palavra, como vemos em Gênesis 3:12: “Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira”.

Assim, de acordo com esta característica louvável da Divindade vista desde Gênesis até Apocalipse, vemos o nosso Deus como um “Deus que dá” (veja Gn 12:7; Ap 22:12). Israel, como nação redimida e liberta da escravidão do Egito, quando recebeu a ordem de Deus sobre os materiais necessários para a construção do Tabernáculo, agiu diligentemente e com devoção, como lemos em Êxodo 35:1-36:7. Esta contribuição foi devida ao seu coração voluntário: “Assim vieram homens e mulheres, todos dispostos de coração; trouxeram fivelas, e pendentes, e anéis, e braceletes, todos os objetos de ouro; e todo o homem fazia oferta de ouro ao Senhor” (Êx 35:22), e os sábios de coração usaram o que foi trazido para construir o Tabernáculo. Notamos, por exemplo: “e venham todos os sábios de coração entre vós, e façam tudo que o Senhor tem mandado” (Êx 35:10); “e todas as mulheres sábias de coração fiavam com as suas mãos e traziam o que tinham fiado, o azul e a púrpura, o carmesim e o linho fino” (Êx 35:25); “assim trabalharam Bezalel e Aoliabe, e todo o homem sábio de coração a quem o Senhor dera sabedoria e inteligência, para saber como haviam de fazer toda a obra para o serviço do santuário, conforme a tudo o que o Senhor tinha ordenado” (Êx 36:1). Eles se sentiram tão impelidos a trazer materiais a Moisés que foi necessário dizer, como diríamos na nossa língua: “Basta!” Assim, está escrito em 36:5-7: “E falaram a Moisés dizendo: O povo traz muito mais do que basta para o serviço da obra do santuário que o Senhor ordenou que se fizesse. Então mandou Moisés que proclamassem por todo o arraial, dizendo: Nenhum homem, nem mulher, façam mais obra alguma para a oferta alçada do santuário. Assim o povo foi proibido de trazer mais.” Devemos perguntar a nós mesmos: “Será que a nossa contribuição a Deus chega a este padrão em qualidade e quantidade?”.

Para que possamos entender este assunto de contribuição, é necessário, e de fato vital, reconhecermos que seria possível dar dádivas e bens, e ainda perder a prioridade de Deus neste assunto, e deixar de dar nossos corpos em devoção completa ao Senhor, como Paulo roga em Romanos 12:1: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”. O Senhor quer mais do que meu dinheiro e recursos. Ele me quer em consagração total a Ele, e com certeza isto é muito pessoal, prático e permanente. É só isto? Não! Pois, lemos em Hebreus 13:15 que nosso Deus está esperando ainda mais alguma contribuição, que é o nosso louvor: “Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome”. Dizem que o grande C. H. Spurgeon, tendo ministrado sobre este versículo um domingo, foi achado no dia seguinte caído no chão depois de ser atacado por um ladrão que conseguiu levar seu dinheiro.

Seu amigo lhe perguntou: “Você pode ainda louvar ao Senhor?”. “Sim”, ele respondeu, e citou vários motivos por que ele podia ainda louvar ao Senhor, incluindo o fato do ladrão não lhe ter matado, somente levara o seu dinheiro; e que embora tivesse sido agredido, ele não revidara.

Ainda outra contribuição pode ser encontrada em Apocalipse 8:3-4, que é a oração. “E veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono.

E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante de Deus”. Pela graça de Deus, cada recurso possível está disponível a nós, não importa quais sejam as circunstâncias.

O rei Davi nos dá uma boa ilustração deste conceito de contribuir com abnegação. Embora ele quisesse construir um templo para Deus, o Senhor disse que não seria seu privilégio assim fazer. “E disse Davi a Salomão: Filho meu, quanto a mim, tive em meu coração o propósito de edificar uma casa ao nome do Senhor meu Deus. Porém, veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Tu derramaste sangue em abundância, e fizeste grandes guerras; não edificarás casa ao meu nome; porquanto muito sangue tens derramado na terra, perante mim” (I Cr 22:7-8).

Naturalmente, ele poderia ter parado de pensar neste assunto e deixado que outros providenciassem para a construção. Mas não, pelo contrário, lemos que Davi preparou com abundância para o Templo, mesmo que ele nunca teria o privilégio de se envolver pessoalmente na sua construção. “E aparelhou Davi ferro em abundância, para os pregos das portas das entradas, e para as junturas; como também cobre em abundância, que não foi pesado; e madeira de cedro sem conta porque os sidônios e tírios traziam a Davi madeira de cedro em abundância. Porque dizia Davi: Salomão, meu filho, ainda é moço e tenro, e a casa que se há de edificar para o Senhor deve ser magnífica em excelência, para nome e glória em todas as terras; eu, pois, agora lhe prepararei materiais. Assim preparou Davi materiais em abundância, antes da sua morte … Eis que na minha aflição preparei para a casa do Senhor cem mil talentos de ouro, e um milhão de talentos de prata, e de cobre e de ferro que se não pesou, porque era em abundância; também madeira e pedras preparei, e tu suprirás o que faltar. Também tens contigo obreiros em grande número, cortadores e artífices em obra de pedra e madeira; e toda a sorte de peritos em toda a espécie de obra. Do ouro, da prata, e do cobre, e do ferro não há conta. Levanta-te, pois, e faze a obra, e o Senhor seja contigo” (I Cr 22:3-5;14-16). Qualquer que seja nossa situação na

vida, nunca devemos deixar de oferecer a nossa contribuição devota a Deus, mesmo que certos privilégios que esperávamos não cheguem a ser nossos.

Nos dias de Josias o discernimento que o protegeu verdadeiramente veio de Deus, senão Atalia, que odiava a realeza, o teria matado. Mas havia uma pessoa com percepção e inteligência, Jeosabeate, que o reconheceu e o escondeu na casa de Deus, e assim Josias foi preservado por causa do cuidado sacerdotal. É muito importante para o leitor sincero das Sagradas Escrituras reparar, em qualquer parte da Bíblia, o uso e repetição de palavras chaves. Em II Crônicas 23 e 24, uma destas palavras é “pôs”.*

Em 23:20, o rei é visto assentado sobre o trono, sugerindo o controle da casa. No v. 19, “pôs os porteiros às portas da casa”, garantindo o cuidado da casa. Antes, no v. 10, o sacerdote Joiada “dispôs o povo …ao lado direito da casa até ao lado esquerdo”, que sugere o esplendor da casa. Com certeza a glória da casa é vista no resultado final desta notável atividade e na recuperação, como diz 24:13: “e restauraram a casa de Deus”. O propósito em convidar o leitor interessado a considerar esta porção especial é para notar que quando o assunto é a contribuição, que ainda é necessária para a continuação da obra da casa, lemos no v. 8 que o rei mandou fazer um cofre “e o puseram fora, à porta da casa do Senhor”, que indica a contribuição da casa.

* Na AV a palavra “set” é repetida nos cinco versículos citados no próximo parágrafo, mas em português (na AT) são usadas as palavras “assentaram”, “pôs”, “dispôs”, “restauraram” e “puseram”. (N. do E.)

II Reis 11:9 diz que o sacerdote colocou a cofre “ao lado do Altar”.

A aplicação disto é incentivador, porque nos lembra do privilégio que nós temos de reunir para lembrar do Senhor, e depois desta lembrança, cumprir com a nossa responsabilidade ao dar a Ele nossa apreciação prática. Como veremos mais tarde, isso era parte da comunicação de Paulo com os coríntios. Frequentemente pergunto a mim mesmo: será que o que tenho separado para oferecer na reunião de recordação do Senhor seria maior se eu verdadeiramente apreciasse o que o Senhor Jesus fez por mim? Será que eu daria mais depois da Ceia do Senhor do que antes?

No Evangelho de Marcos cap. 13 há um resumo dos ensinos proféticos do Senhor, narrados em Mateus caps. 24 e 25. É proveitoso observar como o Senhor exorta Seus ouvintes, quatro vezes, a “olhar” ou “ver” (vs. 5, 9, 23, 33). Nossa responsabilidade nisso também é muito importante. É encorajador observar que antes e depois do relato de Marcos sobre a profusão e confusão dos tempos mencionados pelo Senhor, duas mulheres são mencionadas — veja 12:41-44; 14:1-9. Aqui achamos duas mulheres que, por causa da sua devoção, deram a Deus os seus bens e a sua adoração. Amados, observe bem onde o Senhor estava assentado: “defronte da arca do tesouro”. Também observe como Ele estava vendo, e ouça o que Ele está dizendo. “E, estando Jesus assentado defronte da arca do tesouro, observava a maneira como a multidão lançava o dinheiro na arca do tesouro; e muitos ricos deitavam muito. Vindo, porém, uma pobre viúva, deitou duas pequenas moedas, que valiam meio centavo. E, chamado os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deitou mais do que todos os que deitaram na arca do tesouro; porque todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, deitou tudo o que tinha, todo o seu sustento” (Mc 12:41-44). “E, estando ele em Betânia, assentado à mesa, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher, que trazia um vaso de alabastro, com unguento de nardo puro, de muito preço, e quebrando o vaso, lho derramou sobre a cabeça” (Mc 14:3).

Com certeza quando nós somos levados a dar ao Senhor, Ele está presente e observa tudo. Ele é ainda o mesmo Senhor. A atitude destas mulheres era um contraste total à atitude daqueles nos dias de Malaquias; lemos que roubaram a Deus: “Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes” (Ml 3:8-10).

Anos atrás, em outro país, depois que uma igreja distribuiu as ofertas dos santos, eles ficaram com um valor de mais ou menos R$ 15,00.

Os irmãos concordaram em dar este valor a uma irmã que conheciam muito bem, e um irmão foi designado a levar o envelope com o dinheiro à sua casa. Pouco tempo depois este irmão encontrou com a irmã que lhe disse que queria contar-lhe algo interessante. Ela falou que recentemente ela fora a uma reunião, onde ficara sabendo de uma necessidade muito especial e queria contribuir, mas que só tinha R$ 15,00 na sua carteira. Ela orou ao Senhor e disse: “Senhor, se eu der este dinheiro, não ficarei com nada, mas eu quero dá-lo a Ti”, e assim ela fez. Então ela acrescentou: “Meu irmão, você não vai acreditar o que aconteceu quando cheguei em casa! Quando voltei daquela reunião, achei um envelope com essa exata quantia no chão, ao abrir a porta da minha casa!”

O irmão ficou comovido, e seus olhos se encheram de lágrimas ao reconhecer como Deus, o Senhor, vê tudo e pode recompensar os fiéis.

Pergunto à minha alma, será que eu, alguma vez, tive esta experiência de dar tudo quanto tinha?

Contribuição coletiva (I Cor 16:1-2)

As diretrizes sobre como contribuir

As exortações dadas por Paulo às igrejas da Galácia eram apropriadas à igreja em Corinto e, de fato, a todas as igrejas. Assim elas são importantes a todos que têm a mesma prontidão em receber direção e instrução Divina sobre o assunto de contribuir. Assim, nós que nos reunimos da mesma maneira, em Seu Nome, devemos estar prontos e dispostos a obedecê-las.

O dia para contribuir

“No primeiro dia da semana”. Isto enfatiza a regularidade da  buição. É contínua. Não poderia haver um tempo melhor do que quando os irmãos estão reunidos para lembrarem do Senhor e do Seu dar sacrificial. Esta ocasião nos proporciona muita reflexão sobre o valor infinito do que Ele deu, primeiramente a Deus, e depois por nós.

A determinação de contribuir

Lemos no v. 2: “cada um de vós ponha de parte”, que deixa muito claro que a contribuição é pessoal, essencial e real. O Espírito de Deus certamente está nos informando que o exercício de dar é individual, independentemente do nosso estado, posição ou riqueza. Assim, claramente, não é um assunto familiar onde, como muitas vezes acontece, um dá por todos. Deve sempre ser afirmado e cuidadosamente praticado que o dar é o resultado de exercício e apreciação pessoal. É tão pessoal como o comer do pão e o beber do cálice, embora todas estas coisas sejam atos coletivos.

A diversidade na contribuição

A contribuição deve ser proporcional: “conforme a sua prosperidade”.

Não deve ser avaliada ou limitada. Neste ponto seria útil mencionar o assunto de dar como é entendido pelo uso da palavra “dízimo”, especialmente no Velho Testamento. A primeira menção de dar o dízimo está em Gênesis 14:20: “E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos; e Abrão deu-lhe [Melquisedeque] o dízimo de tudo”. É interessante notar que a última referência à palavra “dízimo” aparece em Hebreus 7:1-10: “Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão, quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou; a quem [Melquisedeque] também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias, nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos. E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão. Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas. Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior. E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive. E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos.

Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro.” Assim a primeira e a última referência são do mesmo acontecimento. Embora muito poderia ser escrito sobre esta importante questão relacionada ao dar, Neemias 10 é instrutivo, pois ali está relatada a decisão daqueles que voltaram para a Terra, e afirmaram a sua prontidão de obedecer a vontade de Deus, como revelada pelo profeta Neemias. Ao prometer cooperar na obra de Deus, eles concordaram em dar os dízimos: “E que as primícias da nossa massa, as nossas ofertas alçadas, o fruto de toda a árvore, o mosto e o azeite, traríamos aos sacerdotes, às câmaras da casa do nosso Deus; e os dízimos da nossa  terra aos levitas; e que os levitas receberiam os dízimos em todas as cidades, da nossa lavoura. E que o sacerdote, filho de Arão, estaria com os levitas quando estes recebessem os dízimos, e que os levitas trariam os dízimos dos dízimos à casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro” (Ne 10:37-38). Como é triste observar que quando chegamos ao cap. 13, houve uma falha total no cumprimento dos seus votos: “Também entendi que os quinhões dos levitas não se lhes davam, de maneira que os levitas e os cantores, que faziam a obra, tinham fugido cada um para a sua terra” (v. 10). Que lembrete solene a cada um de nós de que é possível prometer tanto, mas por um motivo ou outro, deixar de cumprir os nossos votos de dar, de todo coração, ao nosso Deus.

A contribuição recomendada (II Cor caps. 8 e 9)

A área abrangida por Paulo nestes dois capítulos, pela direção do Espírito Santo, sobre o assunto de contribuição, é sem paralelo em termos das palavras empregadas, ilustrações dadas e exortações ministradas.

Não é possível, devido à limitação de espaço, oferecer aqui uma exposição detalhada destes capítulos, mas queremos dar o suficiente para encorajar o leitor a examinar os grandes detalhes dados aqui sobre a contribuição.

O último versículo do cap. 9 é grandioso: “Graças a Deus, pois, pelo seu dom inefável”. A força desta tremenda afirmação se acha na palavra “inefável”, pois é somente aqui no Novo Testamento que achamos esta palavra. O cap. 8 nos dá uma das referências mais solenes sobre o preço infinito que o Salvador pagou pela nossa redenção: “sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis” (v. 9). A minha profunda preocupação é, qual o sacrifício que eu estou preparado a fazer para o enriquecimento do testemunho cristão hoje? Até que ponto os amados irmãos na Macedônia estavam prontos a se sacrificar? Paulo diz: “Como em muita prova de tribulação houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda pobreza abundou em riquezas da sua generosidade” (II Co 8:2).

Para que possamos entender o caráter da nossa contribuição, e não apenas a sua demonstração de sacrifício e espiritualidade, é útil notar as sete palavras que Paulo, usado pelo Espírito, emprega. Estas palavras nos ajudarão a enriquecer o nosso exercício em contribuir, como também em ampliar seu tamanho, alcance e sinceridade. No v. 2 a palavra que devemos destacar é “generosidade”, que encontramos oito vezes no Novo Testamento, cinco das quais em II Coríntios, às vezes traduzida por outra palavra: “com simplicidade e sinceridade” (1:12); “para que em tudo enriqueçais para toda a beneficência” (9:11); “pela liberalidade de vossos dons” (9:13); “sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo” (11:3).

As outras ocorrências são: Romanos 12:8: “o que reparte, faça-o com liberalidade”; Efésios 6:5 e Colossenses 3:22: “na sinceridade de vosso coração”. Claramente, esta palavra enfatiza o motivo da nossa contribuição.

Cada salvo certamente pode apreciar a primazia de Deus, cuja vontade e glória é o poder que nos motiva a contribuir.

A palavra “graça” é usada nos seguintes versículos: 8:4, 6, 7, 9, 19; 9:8, 14, e sua intenção é demonstrar gratidão a Deus pela Sua bondade, manifestada no Seu dom inefável. A bem conhecida palavra “comunicação” aparece em 8:4, transformando o exercício de contribuir em algo que é a porção e privilégio de todos na igreja local. Uma palavra semelhante, “serviço”, aparece em 8:4 e também em 9:1, 12, 13*.

* Traduzida “administração” nestes três versículos. (N. do E.)

Isso significa a sinceridade e dignidade que este exercício demonstra sempre. Em 8:2 e duas vezes em 8:14 a palavra “abundância” claramente afirma que a contribuição deve ser ampla, rica e generosa: algo que excede a expectativa e que plenamente satisfaz a necessidade. Muitos anos atrás dois pregadores estavam concluindo um período de pregação frutífera, e os irmãos da igreja os agradeceram de coração, mas não ofereceram nada de ajuda prática. Naquele tempo não havia carros e os irmãos moravam num trailer que era puxado por cavalos. Assim, ao pegar as rédeas do cavalo para irem embora, um deles disse: “Mas, não se esqueçam, irmãos, os cavalos precisam comer capim”. Infelizmente, pode ser necessário alguém dizer hoje: “O carro precisa de gasolina”, e a maioria sabe que ela está cada vez mais cara. Paulo nos ensina pelo uso da palavra “bênção” em 9:5, 6* que a benevolência expressada na contribuição, ou o espírito demonstrado no dar, é transferido ao donativo e certamente se torna uma bênção. Finalmente, em 8:20 a palavra “abundância” aparece, mas é diferente da palavra já mencionada. É usada somente aqui, e significa que, devido ao grande valor desta contribuição, ela não somente exige, mas merece, uma administração cuidadosa. Infelizmente, nem sempre tem havido este cuidado, porque os irmãos que cuidam das contribuições da igreja não consideram a sua santidade.

A contribuição corrigida (Gál 6:6-10)

Todos concordam que a carta aos Gálatas é corretiva. Paulo sente a falta de fidelidade a tudo o que ele ensinara durante o seu tempo de serviço valioso na Galácia, e ele se refere a isso com várias súplicas.

Obviamente os santos precisam ser relembrados dos seus privilégios e responsabilidades para poderem corresponder, e assim recuperar o caráter e conduta vital e espiritual das igrejas que seguem a mente e a vontade de Deus.

Cada um de nós precisa reconhecer que o ensino que Paulo está apresentando nestes versículos são verdades imperativas. Paulo aplica a mensagem pessoalmente: “e o que …” (v. 6). Então ele mostra o privilégio continuo de receber instrução das Escrituras: “e o que é [está sendo] instruído”. Evidentemente as palavras que seguem são diretivas.

O privilégio sempre traz a responsabilidade que, de acordo com esta exortação de Paulo, pode ser cumprida pela comunicação prática de uma oferta, de acordo com o exercício pessoal. Assim, temos aqui uma referência clara à contribuição pessoal.

* Traduzida “abundância” no v. 6. (N. do E.)

O próximo versículo (v. 7) geralmente é interpretado como não fazendo parte dos versículos diretivos anteriores — vamos considerá-lo como corretivo. Claramente, o versículo trata do assunto de semear e colher: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o que o homem semear, isso também ceifará”. Este conceito também foi usado por Paulo em I Coríntios 9:11: “Se nós semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?”. Também, mais tarde, em II Coríntios 9:6, Paulo acrescenta afirmações negativas e positivas: “E digo isso: que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará”. É possível que nós negligenciemos este conselho de Paulo sobre a contribuição, e pensemos que Deus não tratará conosco por causa desta óbvia negligência da nossa responsabilidade. Nosso Deus observa tudo, e não devemos desobedecer aos Seus mandamentos diretivos. A habilidade do apóstolo, guiado pelo Espírito de Deus, para usar tais ilustrações simples, porém poderosas, para o enriquecimento espiritual dos santos, é educativa. É o poder e prerrogativa do Espírito lembrar-nos das nossas responsabilidades de obedecer às diretrizes Divinas. Lamentavelmente, se falharmos em fazer a Sua vontade, isto é uma triste evidência da influência da carne. Sem dúvida, nosso desejo ardente é obedecer aos mandamentos da Palavra e sempre fazer o bem. O conselho do v. 10: “façamos bem a todos …”, pode ser considerado como sendo conclusivo.

A contribuição consistente (Fp 4:10-19)

Uma característica notável nas cartas de Paulo às igrejas da Macedônia é que ele nunca exerce seu poder, ou afirma sua posição, como apóstolo. Como já notamos, quando ele se refere aos santos da Macedônia, ele sempre os elogia (veja II Co 8:1; 11:9). Escrevendo sobre contribuições, a linguagem e a alegria de Paulo refletem a consideração e sustento constante que os filipenses tinham demonstrado para com ele, em todo lugar por onde ele viajava no serviço do Senhor. Este exercício certamente deve ser demonstrado hoje pelos santos que valorizam a plenitude da graça Divina, e assim são constantes na sua provisão para o sustento daqueles que servem fielmente a Deus.

v. 10. “Ora, muito me regozijei no Senhor por finalmente reviver a vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade”. Aqui, Paulo está ansioso para mostrar a sua verdadeira gratidão, e que esta gratidão não é uma expectativa de favores futuros. Pode ser descrito como um exercício a ser valorizado. A palavra traduzida “lembrança”, descrevendo o cuidado dos filipenses, é a mesma palavra que em 2:5 é traduzida “sentimento” de Cristo Jesus, e  certamente engrandece o exercício dos santos em Filipos.

v. 11. Paulo está muito preocupado com a possibilidade de ser mal entendido pelos filipenses, pois no v. 11 ele revela claramente um estado a ser desejado: “Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho”. Paulo está ansioso para eliminar qualquer pensamento de que seus agradecimentos sejam interpretados como uma indicação de que ele está esperando receber mais da sua mão e coração de amor. Várias formas de aprendizado são mencionadas no Novo Testamento. Por exemplo, em Atos 26:24, a palavra gramma é usada para descrever o que o leitor aprende através daquilo que ele lê.

Outra palavra interessante que é usada frequentemente no nosso Novo Testamento e descreve outro tipo de aprendizado, que é através de ensino, é a palavra didaskalia (Rm 15:8). Entretanto, a palavra que é usada aqui é manthano, que significa o que é aprendido pela experiência, e notamos com interesse que é usada do próprio Senhor Jesus Cristo em Hebreus 5:8. Assim, é na escola da disciplina e experiência que o verdadeiro servo do Senhor pode deixar a sua situação com Deus. Vamos, portanto, quaisquer que sejam as nossas circunstâncias, certificar que a nossa alegria e paz, nosso trabalho e amor, sejam totalmente independentes das circunstâncias.

v. 12. Na continuação da sua consideração, Paulo expressa o que poderíamos descrever como um enigma a ser explicado, pois ele se defronta com dois extremos ao declarar: “Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade”. É interessante observar como Paulo muda de “aprendi” (como discípulo fiel, v. 11), para “estou instruído” (v. 12), sobre o segredo de como enfrentar todas as circunstâncias pela fé e em total dependência nAquele que é todo-suficiente.

v. 13. Paulo agora usa uma palavra muito descritiva: “fortalece”, para informar os santos em Filipos que pela força do Senhor ressuscitado, ministrada gratuitamente, ele pode enfrentar as mudanças e condições que a vida no serviço do Senhor pode trazer: assim a definimos como uma energia a ser provada. A palavra usada aqui no texto é ischus, e transmite o pensamento de força ou poder (veja Ef 1:19; 6:10).

vs. 14-18. O v. 14 deixa claro que o apóstolo está ansioso para que os santos em Filipos não entendam mal as suas palavras, e cheguem à conclusão de que não devem mais ser exercitados e mandar a Paulo sua oferta de comunhão, como faziam anteriormente. Assim temos um sacrifício a ser encorajado. As palavras são encorajadoras: “Todavia, fizestes bem em tomar parte na minha aflição”. Novamente, no v. 15, com gozo e gratidão profunda, ele expressa o fato que os santos em Filipos foram os únicos que cooperaram com ele, depois da sua saída da Macedônia.

É interessante notar que Paulo raramente menciona nas suas epístolas os que se converteram pela sua pregação, como ele faz aqui e também em II Coríntios 6:11, onde suas palavras são cheias de afeição.

Também em Gálatas 3:1 não é com menos afeição, apesar do epíteto.

Não é fácil saber exatamente quantas vezes os filipenses enviaram donativos a Paulo, mas a frase “uma e outra vez” (v. 16), indica que foi pelo menos duas vezes. Paulo, novamente, deseja que os santos a quem ele escreve tenham uma compreensão clara tanto da sua mensagem como dos seus motivos. O apóstolo mostra clareza no uso da palavra “procuro” (v. 17), pois o texto poderia ser traduzido: “Não desejo o donativo, eu desejo o fruto”.

Neste trecho as seguintes palavras importantes são usadas, e devem ser consideradas: no v. 11, “contente” (autarkes), que significa “independente”;

no v. 12, “ter abundância” (chortazo), que significa “estar cheio, ou satisfeito”; no v. 18, “bastante tenho” (apecho), que significa “tenho tudo”; novamente no v. 18, “cheio estou” (pleroo), que significa “repleto ou abastecido”; nos vs. 12 e 18, “abundância” (periosseuo), que significa “estou transbordando”. Esta última palavra é usada cinco vezes nesta epístola, e também em Efésios 1:8 e Colossenses 2:7.

Paulo acrescenta que as coisas enviadas por meio de Epafrodito eram como “cheiro de suavidade”. Antes, em 2:17, ele se refere ao seu próprio serviço como uma “libação”, e agora se refere ao sacrifício dos filipenses da mesma maneira.

v. 19. O apóstolo somente pode agradecer os cristãos em Filipos, sinceramente, mas ele está certo que, acima de tudo, Deus os recompensará.

Ele sabe que Deus suprirá todas as suas necessidades em plena conformidade com a riqueza da glória em Cristo Jesus. Podemos chamar isto de um estoque a ser esgotado.

v. 20. Há também uma exaltação a ser expressa, e aqui Paulo eleva a sua voz em louvor ao nosso Deus e Pai, que é digno de toda a gratidão que oferecemos por causa de tudo que Ele é, e por causa de toda a Sua rica provisão para nós, agora e para sempre.

O que trarei ao Salvador?

Aos Seus pés o que posso deixar?

Pedras preciosas não tenho,

Nem ouro ou incenso tão doce.

Coro: Ofertas ao Salvador trago,

Tesouros mais ricos do amor coloco

Aos Seus pés com gozo,

Antes do Sol se por hoje.

O que trarei ao Salvador?

Meus lábios para cantar Seus louvores,

Meus pés para andar no caminho

Que conduz a Jesus o Rei.

O que trarei ao Salvador?

O amor mais puro e melhor,

Vida na sua doçura e beleza

Tudo para Seu serviço, bendito. (Lizzie De Armond)*

* Tradução literal. O original diz: "What shall I bring to the Saviour?/What shall I lay at His feet?/I have no glittering jewels,/Gold, or frankincense so sweet.//Gifts to the Saviour I'm bringing,/ Love's richest treasures to lay/Low at His feet with rejoicing,/Ere yonder sunset today.//What shall I bring to the Saviour?/Lips His dear praises to sing,/Feet that will walk in the pathway/ Leading to Jesus the King.//What shall I bring to the Saviour?/Love that is purest and best,/Life in its sweetness and beauty/All for His service so blest".

Por Thomas Bentley, Malásia

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