(6ª) A igreja de Filadélfia Profeticamente

Em Apocalipse 3:7-13, temos a carta que o Senhor Jesus enviou pelo apóstolo João a igreja em Filadélfia.

Filadélfia, é antiga cidade grega, hoje em território turco sob o nome de Alaşehir (Manisa, Turquia).

A cidade de Filadélfia foi fundada pelo rei Attalus, que também foi cognominado Filadelfos, devido à sua lealdade a seu irmão.

Antes de entremos em Filadélfia, vamos resumir o que passou nas cinco igrejas anteriores:

1º) A primeira parte representa a igreja na era dos apóstolos. Embora “Éfeso” seja uma igreja que tenha enfraquecido, ela ainda está na mesma linha reta, uma vez que o senhor reconheceu a igreja de Éfeso como continuação da igreja apostólica.

2ª) Então veio “Esmirna”, que também continuou na mesma linha. Esmirna é realmente uma igreja sofrida. Não há louvor nem censura para ela.

3ª) Depois de Esmirna, algo ocorreu quando apareceu “Pérgamo”. Ela continuou a seguir fielmente a doutrina dos apóstolos, mas se uniu ao mundo e iniciou uma curva descendente. Ela sucedeu a igreja em Esmirna, mas não continuou a seguir fielmente o princípio dos apóstolos.

4ª) Uma vez que Pérgamo fez uma curva, “Tiatira” seguiu seus passos. Ela tomou a mesma linha de Pérgamo, mas não a mesma dos apóstolos.

5ª) “Sardes” saiu de Tiatira, e ela também regrediu. Tiatira e Sardes continuarão até a volta do Senhor.

6ª) Filadélfia é a igreja que retorna à ortodoxia dos apóstolos, ou seja, em Filadélfia vemos o retorno a aquela condição de cumprimento absoluto com todas as decisões, preceitos e doutrina dos apóstolos, de modo rigoroso e rígido.

Filadélfia também fez uma curva, desta vez, de volta à posição inicial da Bíblia.

A virada de restauração começou com Sardes e foi completada com Filadélfia.

Agora a igreja está de novo na mesma linha reta que a era dos apóstolos. Filadélfia saiu de Sardes. Ela nem é a Igreja Católica Romana nem as igrejas protestantes, mas continua a igreja da era dos apóstolos.

Entre as sete igrejas, cinco são repreendidas e duas não.

As duas não repreendidas são Esmirna e Filadélfia.

O Senhor aprova somente essas duas. É realmente notório que as palavras faladas pelo Senhor a Filadélfia são muito parecidas com as que foram faladas a Esmirna.

a) O problema de Esmirna era o judaísmo, e em Filadélfia também havia o judaísmo.

b) À igreja em Esmirna o Senhor diz: “Para serdes postos à prova”, enquanto para a igreja em Filadélfia o Senhor diz: “Eu te guardarei da hora da provação que há-de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra”.

c) O Senhor também fala às duas igrejas com relação à coroa. Para Esmirna Ele diz: “Dar-te-ei a coroa da vida”, enquanto para Filadélfia Ele diz: “Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”.

As duas igrejas têm estes dois pontos semelhantes para mostrar que elas estão na mesma linha, isto é, na linha da doutrina da igreja apostólica.

A igreja em Sardes foi uma restauração, mas não completa – foi uma restauração que não foi bem-feita. Mas Filadélfia restaurou até o ponto de satisfazer o desejo do Senhor. A igreja em Filadélfia não só não é censurada como também louvada. A linha reta que desenhamos é a linha dos escolhidos. Sabemos, evidentemente, que aquela que o Senhor escolheu foi a Filadélfia.

Filadélfia continua a doutrina dos apóstolos. Ela recuperou Esmirna. Portanto, as palavras do Senhor a ela são para guardar e obedecer.

A virada de Pérgamo e Tiatira foi tão grande que quando Sardes apareceu, embora agisse extraordinariamente bem, não recobrou a perfeição. Embora se voltasse em direção à restauração, ela não conseguiu atingir o alvo. Filadélfia é uma restauração completa. Precisamos ver isso claramente.

Filadélfia, em grego, é composta de duas palavras: o significado de uma é amar um ao outro, e o significado da outra é irmão. Assim, Filadélfia significa amor fraternal. Amor fraternal é a profecia do Senhor.

Sacrifício é a característica principal de Tiatira e é cumprido na Igreja Católica Romana.

Restauração é a característica de Sardes e é cumprida nas igrejas protestantes.

Agora, o Senhor diz-nos que há uma igreja que está completamente restaurada e é por Ele louvada.

Os que lêem a Bíblia levantarão a questão:

“Quem é ela na atualidade?

Onde podemos encontrá-la na história?”

Já encontramos o comportamento dos nicolaítas e do ensinamento dos nicolaítas nas igrejas em Éfeso e em Pérgamo.

Além disso, sabemos que eles representam uma casta de sacerdotes. Entre os israelitas, os levitas podem ser os sacerdotes e o restante não pode. Mas na igreja todos os filhos de Deus são sacerdotes.

Em 1 Pedro 2 e Apocalipse 5: 9,10 nos dizem claramente que todos os comprados com o sangue são sacerdotes.

Todavia, os nicolaítas criaram o emprego de sacerdotes. O laicato (crentes comuns) deve ir ao mundo ter uma ocupação e executar negócios seculares. Os sacerdotes estão acima do laicato e encarregam-se dos negócios espirituais. Os judeus têm o judaísmo, e os nicolaítas desenvolveram o comportamento, tornando-o ensinamento. Veja a classe dos padres. Eles podem encarregar-se dos assuntos espirituais, enquanto outros cuidam dos assuntos seculares. A imposição de mãos é assunto deles; somente eles podem abençoar. Se tenho de indagar sobre certo assunto, eu mesmo não posso perguntar a Deus, antes devo pedir-lhes que perguntem a Deus por mim. Na época de Sardes a situação melhorou. O sistema dos padres foi abolido, mas o sistema clerical surgiu para tomar seu lugar.

Na igrejas protestantes, há as rigorosíssimas igrejas estatais, e há também as igreja privadas dispersas. Contudo, quer seja na igreja do estado ou na igreja privada, a existência da classe mediadora é sempre vista. A primeira tem o sistema clerical, enquanto a última em o sistema pastoral. Em relação a esse sistema de classe sacerdotal, quer sejam chamados de padres, de clérigos ou de pastores, é algo rejeitado pelo Senhor. As igrejas protestantes são uma mudança de forma na continuação do ensinamento nicolaíta de Pérgamo. Embora nas igrejas protestantes ninguém seja chamado de padre, todavia os clérigos e os pastores são exatamente iguais em princípio. Mesmo se mudarmos o nome deles e chamá-los obreiros, enquanto permanecerem na mesma posição, eles têm o mesmo sabor.

As Escrituras mostram que todos os salvos são sacerdotes. Mas agora há uma controvérsia entre Deus e os homens. Desde que Deus diga que cada um na igreja está qualificado para ser sacerdote, por que os homens dizem que a autoridade espiritual está unicamente nas mãos de uma classe mediadora, tal como a dos padres?

Todos os redimidos com o sangue precioso são sacerdotes. Por que o Senhor não repreendeu Filadélfia, mas antes louvou-a?

Lembre-se de que o início da classe mediadora foi em Pérgamo e a prática foi em Roma. Eles tem o papa que exerce domínio sobre eles, têm os altos oficiais do Vaticano (a igreja-palácio) etc.

Mas o Senhor diz: “Vós todos sois irmãos.” (Mateus 20:25; 23:8)

É verdade que na Bíblia há pastores, ele não é o chefe da igreja, mas é um dom dado por Cristo a estes homem e na Bíblia não tem o sistema de pastores.

Além disso, a palavra pastor é uma tradução; no texto original significa guardador de gado. Você pode chamá-lo de guardador de ovelhas ou de guardador de gados. O Senhor diz: “Vocês não devem ter mestres entre vocês, e não devem ter padres”.

Mas vejam como a Igreja Católica Romana chama padres de “padre”, e as igrejas protestantes chamam os pastores de “pastor”.

No século dezenove realizou-se um grande reavivamento que aboliu a classe mediadora. Após Sardes, uma grande restauração aconteceu: na igreja os irmãos amavam uns aos outros e a classe mediadora foi abolida. Esta é Filadélfia.

Em 1825, em Dublin, capital da Irlanda, houve muitos crentes cujo coração foi movido por Deus para amar todos os filhos do Senhor, não importando em qual denominação estivessem. Este tipo de amor não foi frustrado pelos muros da denominação. Eles começaram a ver que a palavra de Deus diz que há apenas um Corpo de Cristo, não obstante em quantas seitas os homens possam dividi-lo. Eles continuaram lendo as Escrituras e viram que o sistema de um homem administrando a igreja e de um homem pregando não é bíblico. Então eles começaram a reunir-se cada domingo para partir o pão e orar.

O ano de 1825 foi – após mais de mil anos de Igreja Católica Romana e várias centenas de anos de igreja protestante – a primeira vez em que houve um retorno à adoração simples, livre e espiritual conforme as Escrituras. No início eram duas pessoas; mais tarde, quatro ou cinco. 

Esses crentes, aos olhos do mundo, eram inferiores e desconhecidos. Mas eles tinham o Senhor no meio deles e a consolação do Espírito Santo.

Eles permaneceram sobre a base de duas claras verdades:

1º) A igreja é o Corpo de Cristo e que este Corpo é apenas um.

2º)No Novo Testamento não havia sistema clerical.

Portanto, todos os ministros da palavra estabelecidos pelos homens não são bíblicos. Eles acreditavam que todos os verdadeiros crentes são membros deste único Corpo.

Recebiam calorosamente todos os que vinham para seu meio, não importando a que denominação pertencessem. Não tinham preconceitos contra qualquer seita. Eles criam que todos os verdadeiros crentes têm a função de sacerdote; portanto todos podem entrar livremente no santo dos Santos.

Eles também acreditavam que pelo Senhor, diversos dons eram dados à igreja para o aperfeiçoamento dos santos, para a edificação do Corpo de Cristo.

Portanto, eles foram capazes de renunciar aos dois pecados do sistema clerical – oferecer sacrifício e pregar a Palavra.

Estes princípios capacitaram-nos a dar boas-vindas a todos os que estão em Cristo como seus irmãos e a estarem abertos a todos os ministros da Palavra ordenados pelo Espírito Santo para servir.

Durante essa época, havia um clérigo na Igreja Anglicana, chamado John Nelson Darby, que estava muito insatisfeito com a posição de sua própria igreja, acreditando que ela não era bíblica. Ele também se reunia frequentemente com os irmãos, embora nessa época ele ainda usasse as vestes do clero e fosse um clérigo da Igreja Anglicana. Ele era um homem de Deus, um homem de grande poder e um homem disposto a sofrer. Ele também era um homem espiritual que conhecia a Deus e a Bíblia, e julgava a carne.

Em 1827 ele, oficialmente, deixou a Igreja Anglicana, tirou o uniforme de clérigo e tornou-se um simples irmão, reunindo-se com os irmãos. Originalmente o que os irmãos viram e compreenderam, era um tanto limitado, mas quando Darby oficialmente juntou-se a eles, a luz do céu verteu como uma torrente.

Em muitos aspectos a obra de Darby foi parecida com a de Wesley, mas suas atitudes em relação à Igreja Anglicana foram totalmente diferentes.

No século anterior, Wesley sentiu que não poderia ter paz deixando a igreja estatal; um século mais tarde, Darby sentiu que não poderia ter paz continuando na Igreja Anglicana. Mas quanto ao zelo, à sinceridade e à fidelidade, eles foram muitos parecidos em muitos aspectos.

Foi neste mesmo ano que John G. Bellett também compareceu as reuniões. Ele também era um homem extraordinariamente profundo e espiritual. Essas reuniões, que eram simples, contudo bíblicas, comoveram-no profundamente.

A respeito da condição nessa época, ele disse:

“Um irmão acabou de dizer-me que lhe ficou óbvio nas Escrituras que os crentes reunindo-se juntos como discípulos de Cristo, eram livres para partir o pão juntos, como Seu Senhor os advertira; e que, até onde a prática dos apóstolos pode ser um guia, todo domingo deve ser separado para assim lembrar a morte do Senhor e obedecer o que Ele exigiu ao partir.”

Foi assim que os irmãos gradativamente prosseguiam, recebiam revelação e viam a luz.

Depois de um ano, em 1828, Darby publicou um livrete chamado: “A Natureza e a Unidade da Igreja de Cristo”.

Este livreto foi o primeiro entre milhares de livros publicados pelos irmãos. Neste livro Darby declara claramente que os irmãos não tinham intenção de fundar uma nova denominação ou união de igrejas.

Ele disse: “Em primeiro lugar, não é uma união formal dos grupos publicamente conhecidos que é desejável; realmente é surpreendente que os protestantes ponderados possam desejá-la: longe de estar fazendo o bem, creio que seria impossível que tal corpo fosse pelo menos reconhecido como a igreja de Deus. Seria uma cópia da unidade da Católica Romana; perderíamos a vida da igreja e o poder da Palavra, e a unidade da vida espiritual seria totalmente eliminada (...) A unidade verdadeira é a unidade do Espírito, e ela deve ser trabalhada pelo operar do Espírito (...) Nenhuma reunião, que não concebe incluir todos os filhos de Deus na base completa do reino do Filho de Deus, consegue encontrar a plenitude da bênção, porque ele não a contempla – porque a sua fé não a inclui (...) Onde dois ou três estão reunidos em Seu nome, Seu nome é lembrado ali para bênção (...)”

 “Além do mais, unidade é a glória da igreja; mas a unidade para assegurar e promover nossos próprios interesses não é a unidade da igreja, mas uma confederação e negação da natureza e esperança da igreja. A unidade, que é da igreja, é a unidade do Espírito e somente pode estar nas coisas do Espírito; e, portanto, só pode ser aperfeiçoada nas pessoas espirituais.”

“Mas que deve fazer o povo do Senhor? Deixe-os esperar no Senhor, e esperar de acordo com o ensinamento do Seu Espírito, e em conformidade à imagem, pela vida do Espírito, do Seu Filho. Deixe-os seguir seu caminho pelas suas pegadas do rebanho, se quiserem saber aonde o bom pastor alimenta Seu rebanho ao meio-dia.”

Em outro lugar disse Darby:

“Porque a nossa mesa é a mesa do Senhor, não a nossa, recebemos todos os que Deus recebe, todos os pobres pecadores fugindo para o Senhor como refúgio, não descansando em si mesmos, mas somente em Cristo.”

Foi neste mesmo tempo que Deus operou simultaneamente na Guiana Inglesa e na Itália, levantando o mesmo tipo de reuniões.

Em 1929 havia também reuniões na Arábia.

Em 1830, em Londres, Plymouth e Bristol, na Grã-Bretanha também havia reuniões. Mais tarde, muitos lugares nos Estados Unidos tinham reuniões, e no continente da Europa havia também muitas reuniões. Não muito depois, em quase todo o lugar do mundo, todos os que amavam o Senhor estavam se reunindo desta maneira. Embora não houvesse união exterior, contudo todos foram levantados pelo Senhor. Uma característica que marcou o aparecimento desses irmãos foi que aqueles que tinham títulos e domínio abandonaram seus títulos e domínios, os com posição abandonaram a posição, aqueles que tinham diplomas rejeitaram seus diplomas, e todos abandonaram qualquer classe ou posição mundanas na igreja e tornaram-se simplesmente os discípulos de Cristo e irmãos uns dos outros.

Exatamente como a palavra padre é largamente usada na Igreja Católica Romana e reverendo nas igrejas protestantes, assim a palavra irmãos é comumente usada no meio deles. Eles foram atraídos pelo Senhor e então reuniam-se ao Nome dEle; por causa do amor deles pelo Senhor, eles espontaneamente amavam uns aos outros.

Com o passar dos anos, entre estes irmãos, Deus deu muitos dons para Sua igreja. Além de John Nelson Darby e John G. Bellett, Deus também concedeu ministérios especiais para muitos irmãos para que Sua igreja pudesse ser suprida.

George Muller, que estabeleceu um orfanato, restaurou a questão de orar com fé. Durante sua vida ele recebeu 1.500.000 vezes respostas de orações.

C.H Mackintosh, que escreveu as notas sobre o Pentateuco, restaurou o conhecimento dos tipos, as prefigurações.

D.L. Moody disse que se todos os livros do mundo inteiro fossem queimados, ele ficaria satisfeito em ter apenas uma cópia da Bíblia e uma coleção de notas C.H. Mackintosh sobre o Pentateuco.

James G. Deck deu-nos muitos bons hinos.

George Cutting restaurou a certeza da salvação. Seu livrete “Segurança, Certeza e Gozo da Salvação”, teve trinta milhões de cópias vendidas em 1930; além da Bíblia este foi o livro mais vendido.

William Kelly foi expositor; ele foi descrito por C.H. Spurgeon como aquele que tinha a mente tão grande quanto o universo.

F.W. Grant foi o mais entendido sobre a Bíblia nos séculos dezenove e vinte.

Robert Anderson foi o homem que melhor conheceu o Livro de Daniel recentemente.

Charles Stanley foi quem melhor levou as pessoas à salvação pregando a justiça de Deus.

S.P. Tregelles foi o famoso filologista do Novo Testamento.

A história da igreja por Andrew Miller foi a mais bíblica entre as muitas histórias da igreja.

R.C. Chapman foi um homem grandemente usado pelo Senhor.

Estes foram os irmãos daquela época. Além desses, se fôssemos contar minuciosamente outros entre os irmãos, o número de todos os que foram muitos usados pelo Senhor ultrapassaria a mil.

Agora veremos o que esses irmãos nos deram: eles nos mostraram quanto o sangue do Senhor satisfaz a justiça de Deus; a certeza da salvação; como o mais fraco crente pode ser aceito em Cristo, assim como Cristo foi aceito, e como crer na Palavra de Deus como base da salvação. Desde que começou a história da igreja, nunca houve um período em que o evangelho tenha sido mais claro do que naquela época. Além disso, também foram eles que nos mostraram que a igreja não pode ganhar o mundo inteiro, que a igreja tem um chamamento celestial e que a igreja não tem esperança terrena. Foram eles também que abriram as profecias pela primeira vez, fazendo-nos ver que a volta do Senhor é a esperança da igreja. Foram eles que abriram o livro de Apocalipse e o livro de Daniel e mostraram-nos o reino, a tribulação, o arrebatamento e a noiva. Sem eles conheceríamos uma pequena porcentagem das coisas futuras. Foram eles também que nos mostraram o que é lei do pecado, o que é ser liberto, o que é ser crucificado com Cristo, o que é ser ressuscitado com Cristo, como ser identificado com o Senhor pela fé e como ser transformado diariamente por contemplar o Senhor. Eles nos mostraram o pecado das denominações, a unidade do Corpo de Cristo e a unidade do Espírito Santo.

Na Igreja Católica Romana e nas igrejas protestantes, esta diferença não é facilmente vista, mas eles fizeram-nos vê-la de maneira nova.

Eles também nos mostraram o pecado da classe mediadora, mostraram que todos os filhos de Deus são sacerdotes e que todos podem servir a Deus. Foram eles que restauraram o princípio de reuniões de 1 Coríntios 14, expondo-nos que profetizar não é tarefa de um homem, mas de dois ou três, e que profetizar não está baseado em ordenação, mas no Espírito Santo. Se fôssemos enumerar tudo o que eles restauraram, poderíamos muito bem dizer que nas genuínas igrejas protestantes de hoje não há se quer uma verdade que não tenha sido restaurada por eles ou que não tenham sido eles quem as restauraram ainda mais.

Não é de admirar-se que D.M. Paton tenha dito: “O movimento dos irmãos e seu significado é muito maior que o da Reforma”. Thomas Griffith disse: “Entre os filhos de Deus, eles foram os mais qualificados para corretamente dividir a palavra da verdade”.

Henry Ironside disse: “Quer sejam os que conheceram os irmãos, quer sejam os que não conheceram os irmãos, todos os que conhecem a Deus têm recebido ajuda dele direta ou indiretamente”.

Filadélfia nos dá aquilo que a Reforma não nos deu. Agradecemos ao Senhor que o problema da igreja foi solucionado pelo movimento dos irmãos. A posição dos filhos de Deus foi, por ele, praticamente restaurada. Portanto, tanto em qualidade como em quantidade ela é maior que a Reforma.

Por outro lado, notamos que o movimento dos irmãos não é tão famoso quanto a Reforma. A Reforma foi realizada com espada e lança, enquanto o movimento dos irmãos foi realizado pela pregação. Por causa da Reforma muitos perderam a vida nas guerras da Europa.

Outra razão pela qual a Reforma é famosa foi seu relacionamento com a política. Muitas nações, por meio da Reforma, livraram-se politicamente do poder de Roma. Qualquer coisa que não seja relacionada à política não é facilmente conhecida pelos homens. Além disso, os irmãos viram duas coisas: uma, é o que chamamos de mundo organizado, isto é, o mundo psicológico, e a outra é que os irmãos chamaram de mundo do cristianismo. Eles deixaram não apenas o mundo psicológico, mas também ao mesmo tempo, o mundo do cristianismo, que é representado pelas igrejas protestantes, pois eles não apenas saíram do mundo do pecado, mas também do mundo do cristianismo.

A partir da época deles os homens conheceram o que é a igreja, que a igreja é o Corpo de Cristo, que os filhos de Deus são uma igreja e que não deveriam estar divididos. A ênfase deles era nos irmãos e no verdadeiro amor de uns pelos outros. O Senhor Jesus diz que uma igreja aparecerá cujo nome é Filadélfia.

O Senhor se dirige a esta igreja dizendo (v.7a): “Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve”.

Filadélfia é amor fraternal. Por que o Senhor louva Filadélfia? Ele diz que ela é amor fraternal; assim, a posição mediadora foi completamente anulada.

Em Cristo não há homem nem mulher, em Cristo não há irmãs. Somos irmãos, não irmãs. Então, as irmãs perguntarão: “Quem somos nós? Somos todos irmãos. Por que somos irmãos? Por que todos temos a vida de Cristo. Hoje há muitos homens no mundo, mas eles não são nossos irmãos. Um homem é um irmão, não porque é um homem, mas porque há nele a vida de Cristo. Desde que eu também tenha a vida de Cristo em mim, somos irmãos.

Quando ressuscitou e estava para acender aos céus, o Senhor disse: “Subo para meu Pai e vosso Pai” (João 20:17).

Em João 20, Ele é o Filho primogênito. E é o Filho unigênito de Deus; em João 1.

Em João 1 Deus o tem como único Filho; em João 20 Sua vida foi dada aos homens; por isso, Ele é o Filho primogênito e todos nós somos irmãos. Pela morte e ressurreição o Filho unigênito de Deus tornou-se o Filhos primogênito. Podemos ser irmãos porque recebemos a sua vida. Por que todos temos recebido a vida de Cristo, somos todos irmãos. Um homem é um irmão porque recebeu a vida de Cristo; uma mulher é um irmão porque também ela recebeu a vida de Cristo. Ambos, homens e mulheres, todos receberam a mesma vida; então, todos são irmãos. Todas as epístolas foram escritas aos irmãos, não às irmãs. Individualmente falando, há irmãs, mas em Cristo há somente irmãos. Por causa desta vida todos nos tornamos filhos de Deus. Todos os “filhos” e “filhas” do Novo Testamento deveriam ser traduzidos como “filhos”. Além da menção em 2 Coríntios 6:18, Deus não tem filhos e filhas. Em Cristo todos estão na posição de irmãos.

Quando somos salvo, trazido a Igreja, o Corpo de Cristo, não há oficiais nem alta sociedade. Na igreja todos são irmãos. Quando nossos olhos forem abertos pelo Senhor, veremos que estar acima dos outros é uma glória no mundo, mas na igreja não há tal distinção. Paulo diz que em Cristo não há grego nem judeu, escravo nem livre, homem ou mulher.

A igreja posiciona-se não na distinção, mas no amor fraternal.

Sabemos que Bíblia da ensinamentos sobre o papel do homem e da mulher na assembleia local, mas isto na desfaz o que já foi dito, todos somos irmãos, todos somos servos do Senhor e um dos outros. Os papais dados pelo Senhor aos homens e mulheres para servirem-se mutuamente, e desta forma servem ao Senhor.

Seja os anciãos, os mestres, os pastores, os evangelistas, os diáconos e ect., todos somos irmãos em Cristo com deferentes serviços ou ministérios; servindo ao Senhor e desta forma, servimos aos irmãos.

Vemos que o (v.7b), é igual a outras passagens nas quais o Senhor mencionou Seu próprio nome; aqui Ele diz: “Estas coisas, diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre e ninguém fechará, e que fecha e ninguém abrirá.”

Santidade é Sua vida; Ele próprio é santidade. Ele é a verdade diante de Deus; Ele é a realidade de Deus, e a realidade de Deus é Cristo. Sua mão segura a chave.

Aqui, devemos destacar um fato: Quando Sardes se levantou para testemunhar pelo Senhor, havia os dominadores deste mundo que a ajudaram a travar a batalha. A luta prosseguiu no continente da Europa por muitos anos e depois na Grã-Bretanha por muitos anos.

Mas, e o movimento dos irmãos? Não havia poder humano por trás deles para sustentá-los.

Então, que poderiam eles fazer? O Senhor diz que Ele segura a chave de Davi, que significa autoridade. (A Bíblia chama Davi de rei.)

Não se trata de força dos braços nem de propaganda, mas é uma questão de abrir a porta. Houve certo editor jornalístico na Grã-Bretanha que disse: “Eu nunca pensei que houvesse tantos irmãos e nunca entendi como esse povo cresceu tão rápido”. Viajando por todo o mundo você descobrirá que em cada lugar há muitos irmãos. Embora entre eles alguns conheçam as doutrinas profundamente e alguns superficialmente, a posição dos irmãos ainda é a mesma. Ao vermos isso, precisamos agradecer o Senhor. O Senhor diz que Ele é Aquele que “abre e ninguém fechará, e que fecha e ninguém abrirá.”

No (v.8a), o Senhor diz: “Conheço as tuas obras (...) que tens pouca força”.

Quando chegamos neste ponto, nossos pensamentos espontaneamente retornam ao tempo da volta de Zorobabel, sobre quem certo profeta disse: “Pois que despreza o dia dos humildes começos” (Zacarias 4:10).

Não despreze o dia das pequenas coisas, isto é, o dia da edificação do templo. Nas Escrituras, há uma grande prefiguração da igreja – o templo. Quando Davi reinava, o povo de Deus era unido. Mais tarde, eles se dividiram em reino de Judá e reino de Israel. Os filhos de Deus começaram a dividir-se e, ao mesmo tempo, começaram a idolatria e a prostituição. Como resultado, foram capturados e levados para a Babilônia. Todos reconhecem que o cativeiro na Babilônia tipifica Tiatira, a Igreja Católica Romana.

Desde que a Bíblia faz da Babilônia um símbolo de Roma, então também a igreja tem um cativeiro babilônico. Que fez o povo de Deus quando retornou do seu cativeiro?

Eles voltaram debilmente, grupo por grupo, e edificaram o templo. Parece que eles tipificaram o movimento dos irmãos. Havia muitos judeus, os mais velhos, que viram o templo antigo; agora eles viam com os próprios olhos o estabelecimento do fundamento do templo e choravam em alta voz, porque o templo era inferior em glória se comparado com aquele templo de Salomão. Contudo, Deus falou por intermédio do profeta menor, dizendo; “Não despreze o dia das pequenas coisas, porque este é o dia da restauração”.

Aqui, o Senhor diz as mesmas palavras: “tens pouca força”. O testemunho da igreja hoje no mundo, comparado com os dias de Pentecostes, é realmente o dia das pequenas coisas.

No (v.8b), o Senhor diz: “Guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome”.

O Senhor o reconhece por duas coisas: não negar o nome do Senhor e não negar a Sua Palavra. Na história da igreja, nunca houve uma era na qual os homens conheceram tanto a Palavra de Deus quanto os irmãos. A luz era como a chuva de uma grande enchente impetuosa.

Desde do ano 1825, os irmãos diziam que somente seriam chamados cristãos. Se alguém perguntasse quem eram eles, eles diriam: “Eu sou cristão”. Mas se alguém perguntar a um membro da Igreja Metodista, ele dirá: “Eu sou metodista”; se encontrar alguém da Igreja dos Amigos, ele dirá: “Eu pertenço à Igreja dos Amigos”; alguém da Igreja Luterana dirá: “Eu sou luterano”; alguém da Igreja Batista vai dizer: “Eu sou batista”.

Além de Cristo, os homens ainda usam muitos nomes pelos quais se autodenominam. Mas os filhos de Deus têm um único nome pelo qual chamam a si mesmos.

Para Filadélfia o Senhor diz: “Não negastes o meu Nome”. Se o meu sentimento está correto, todos os outros nomes são uma vergonha para Ele. Esta palavra “negaste” é a mesma palavra usada para referir-se à negação de Pedro ao Senhor. Que tipo de cristão sou eu? Eu sou um cristão.

Não quero ser chamado por outro nome. Muitos não querem honrar o nome de Cristo e não estão dispostos a serem chamados apenas cristãos. Mas, graças a Deus, a profecia de Filadélfia foi cumprida nos irmãos. Eles não mais têm qualquer outro nome característico. Eles são irmãos; eles não são “A igreja dos Irmãos”.

No (v.8a), o Senhor diz: “Eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar”.

O Senhor fala à igreja em Filadélfia sobre a porta aberta. Os homens frequentemente dizem que se você andar de acordo com as Escrituras, a porta logo será fechada.

Mas aqui, na verdade, há uma promessa: “Eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar”.

No tocante aos irmãos, isto é um fato. No mundo todo, seja ao expor a Bíblia ou ao pregar o evangelho, nenhum outro grupo de pessoas teve as oportunidades que eles tiveram.

Fosse na Europa, América ou África, era sempre a mesma coisa. Não há necessidade de sustento humano, de anúncio, propaganda ou contribuições; eles sempre têm muitas oportunidades para trabalhar, e a porta para trabalhar ainda está aberta.

No (v.9), o Senhor diz: “Eis farei que alguns da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus, e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos pés, e conhecer que te amei”.

Já vimos pelo menos quatro coisas as quais têm feito o cristianismo tornar-se judaísmo: (1) os sacerdotes mediadores, (2) a lei de letras, (3) o templo material e as (4) promessas terrenas.

Que diz o Senhor? “Eis que farei vir e prostrar-se aos teus pés”.

O judaísmo é destruído nas mãos dos irmãos. Em todo lugar, no mundo inteiro há tal movimento. Onde eles estão o judaísmo é derrotado. Entre os que hoje realmente conhecem a Deus, a principal força do judaísmo tornou-se algo do passado.

A expressão: “Porque guardaste a palavra da minha perseverança” (v.10a), está relacionado com “companheiros na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus”, em Apocalipse 1:9.

Perseverança aqui é usada como um substantivo. Hoje é tempo de perseverança de Cristo. Hoje o Senhor encontra muitos que escarnecem Dele, mas Ele é perseverante.

Um dia o julgamento virá, mas hoje Ele é perseverante. Sua palavra hoje é a palavra da perseverança. Aqui Ele não tem reputação, Ele é uma pessoa humilde, ainda um nazareno, ainda o filho do carpinteiro. Quando seguimos o Senhor, Ele diz: “Guarda a palavra da minha perseverança”.

O Senhor diz mais (v.10b): “Também eu te guardarei da hora da provação que há-de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra”.

Se digo que o guardarei da hora, isto significa que antes daquela hora você acabou de partir para estar no céu. Quando o mundo todo estiver sendo testado – se refere à grande tribulação - não enfrentaremos a tribulação. Antes que aquela hora chegue, já teremos sido arrebatados.

Na Bíblia, a promessa do arrebatamento é encontrado em varias passagens do Novo Testamento e ilustrado em Gênesis 5, na Transladação de Enoque para o céu, antes do dilúvio e o livramento de Noé com sua família, que também prefigura o remanescente Israel salvo no período da Tribulação e Grande Tribulação.

(Leia: João 14:1-3; 1 Coríntios 15:51-52; 1 Tessalonicenses 4:13-17)

O Senhor diz a Filadélfia (v.11): “Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.”

Aqui temos promessa e advertência:

1º) “Venho sem demora”, portanto, esta igreja deve continuar até a volta do Senhor. Tiatira não passou, Sardes não passou e Filadélfia ainda não passou também.

2º) “Conserva o que tens”, ou seja, a “Minha Palavra” e o “Meu nome”. Não devemos esquecer a Palavra do Senhor e não devemos envergonhar o nome do Senhor.

3º) “Para que ninguém tome a tua coroa” - todos em Filadélfia já têm coroa. Nas outras igrejas há o problema de ganhar-se a coroa; aqui o problema é em perdê-la. O Senhor diz que já temos uma coroa. Em toda a Bíblia somente uma pessoa sabia que tinha a coroa: Paulo (2 Timóteo 4:8).

Assim também entre as igrejas, somente Filadélfia sabe que tem coroa. Não permita agora, que nenhum homem tome sua coroa; não saia de Filadélfia, deixando sua posição. Aqui diz: “Conserva o que tens para que nenhum homem a tome”.

Isso nos diz claramente que Filadélfia também corre um perigo em particular; de outra maneira, o Senhor não lhe teria dado tal advertência. Além disso, esse perigo é bastante real; essa é a razão porque o Senhor lhes deu ordens de modo tão sério. Qual é o perigo que correm eles?

O perigo está em perder o que já conseguiram. Assim, o Senhor pede a eles para conservarem o que têm. O perigo não está em não progredirem; antes, está no retrocesso. Eles estão agradando o Senhor porque amam uns aos outros e são fiéis à Palavra do Senhor e o Seu nome. O perigo está em perder este amor e fidelidade. Que terrível!

O Senhor finaliza a carta dizendo (v.12): “Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome de meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte de meu Deus, e meu novo nome”.

Durante a época de Filadélfia tem havido muitos casos de excomunhão de irmãos. Mas eles não podem mais ser excomungados; eles serão uma coluna no templo de Deus. Se a coluna é removida, o templo não permanece em pé.

Há três nomes gravados sobre o vencedor: (1) o nome de Deus, (2) o nome da Nova Jerusalém e (3) o novo nome do Senhor.

O plano eterno de Deus está cumprido. As pessoas em Filadélfia retornam ao Senhor e O satisfazem.

No (v.13), lemos: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”.

Lembre-se, Deus não manteve em segredo o desejo do Seu coração; Ele tem indicado muito claramente o caminho diante de nós.

 

 

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