A divindade do Senhor Jesus era de alguma forma limitada em Sua humanidade?

Por definição, Deus é espírito, infinito em Sua duração, habilidade e atributos.

(João 4:24; Isaías 57:15; Lucas 1:37; 1 João 1:5)

A divindade limitada é um erro clássico dos teólogos liberais e das seitas humanistas.

Pelo fato do Filho eterno estar em um lugar e “tornar-se carne” (João 1:14) não limitou Sua onisciência, onipotência ou onipresença; Ele era sem começo (João 1:1), sem fim (Hebreus 1:12) e Ele era santo (Lucas 1:35).

Em Marcos 2, os fariseus se recusaram a aceitar o perdão dado ao paralítico pelo Senhor Jesus, visto que somente Deus tem esse poder (Salmos 130:4).

Lemos no Salmos 130:3,4: “Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá? Mas contigo está o perdão, para que sejas temido.”

O Senhor Jesus não somente tinha o poder de levantar o paralítico da cama, mas também o de perdoar os pecados dele; algo que somente Deus pode fazer, pelo simples fato de que Ele era Deus (Marcos 2:10).

Talvez, os que negam que o Filho seja Deus, podem alegar que Ele era simplesmente um canal que fluía estes atributos, mas a fonte era só uma, Deus o Pai.

É verdade que Seu Pai disse a Ele o que devia dizer (João 12:49b) e as próprias palavras que Ele deveria falar (v. 49c).

Em João 5:19 diz: “Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente.”

Jesu também disse: “E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo” (João 5:22).

Vemos também Jesus dizer: “Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo; e deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem” (João 5:26,27).

Mas temos que entender que essas verdades não indicam que Ele era limitado, mas que estava sujeito a Seu Pai como Filho em sua Humanidade.

Tudo isso só afirma que o Pai e o Filho têm papéis diferentes na Divindade. O Pai dirige e o Filho realiza o que foi programado, enquanto o Espírito capacita-O para a execução.

Em João 5:19-20 temos o princípio da resposta de Jesus à acusação dos judeus de que se estava fazendo igual a Deus. Nesta passagem Jesus afirma três coisas sobre sua relação com Deus.

1º) Estabelece sua identidade com Deus. Ver Jesus em ação é ver Deus em ação. As coisas que faz Deus são as coisas que faz Jesus; e as coisas que Jesus faz são as coisas que Deus faz. A grande verdade fundamental a respeito de Jesus é que nele vemos Deus. Se queremos ver o que Deus sente com relação aos homens, se queremos ver como Deus reage diante do pecado, se queremos ver como Deus vê a situação humana, devemos dirigir nosso olhar a Jesus. A mente de Jesus é a mente de Deus; as palavras de Jesus são as palavras de Deus; as ações de Jesus são as ações de Deus.

2º) Mas esta identidade não se baseia tanto na igualdade como na obediência total. Nada do que Jesus faz surge de si mesmo. Jesus nunca fez o que Ele quis; sempre fez o que Deus queria que fizesse. Pelo fato de a vontade de Jesus estar completamente submetida à vontade de Deus é que vemos Deus nele. A identidade de Jesus com Deus não se baseia na independência de Deus, mas sim na dependência total dele. Sua identidade não está baseada na independência e sim na submissão. Jesus é para com Deus como nós devemos ser para com Jesus.

3º) Mas esta obediência não se baseia na submissão ao poder, mas sim no amor. A unidade entre Deus e Jesus é uma unidade de amor.

Falamos de duas mentes que têm um só pensamento, de dois corações que pulsam em uníssono. Em termos humanos, esta é uma descrição perfeita da relação entre Jesus e Deus. O amor entre Pai e Filho é tão íntimo, tão estreito, que Pai e Filho são um. Há uma compreensão tão total, uma identidade tão completa de mente, vontade e coração, que Pai e Filho são um só.

Em João 5:17, Jesus disse: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”.

Todo o problema da discussão anterior tinha sido o trabalho no sábado. Agora, deixava Jesus implícito que não era somente uma questão da sua própria atividade no sábado, mas também da atividade do seu Pai. O trabalho deles é único (v.19); portanto, o que é atributo de um pertence também ao outro.

O descanso do Pai no sábado, corretamente entendido, é a atividade desimpedida do amor, para que nas obras de misericórdia realizadas no sábado o trabalho do Pai e do Filho seja um só.

Uma afirmação desse tipo, vinda de Jesus, forneceu o terreno para que acusação mais grave lhe fosse feita. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus (v.18).

Colocando os seus atos no mesmo nível dos atos de Deus, Ele estava fazendo-se igual a Deus. Tal reivindicação levantou sérias questões na mente dos judeus, que se dedicavam à crença e à defesa de um rigoroso monoteísmo. Assim, em um sentido bastante profundo, o ensino de Jesus que se segue (João 5.19-47) é uma defesa completa do monoteísmo cristão, em que o Pai e o Filho são um só.

Os versículos 19-24, cuidadosamente explicado provavelmente foi endereçado a um público pequeno e educado, talvez até mesmo ao Sinédrio.

O centro da questão é que todos honrem o Filho, como honram o Pai (v.23).

Para chegar a esta conclusão, Jesus apresentou quatro etapas, cada uma iniciada pela palavra porque.

Primeiramente, o Filho, em toda a sua atividade e obra é completamente dependente do Pai, porque tudo quanto ele [o Pai] faz, o Filho o faz igualmente (v.19).

Em segundo lugar, a união deve-se ao amor e à perfeita confiança; o fruto da união é maiores obras. Porque o Pai ama ao Filho e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis (v.20). Ou seja, Deus mostraria obras ainda maiores por meio de Cristo, para que os descrentes pudessem se maravilhar.

Em terceiro lugar, a unidade é evidente na grande questão da vida e da morte. Pois assim como o Pai ressuscita os mortos e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer (v.21). Evidências deste tipo de avivamento são vistas no ensino de Jesus a Nicodemos (João 3.3), aqui, nos versículos 24,26, na figura do pão (João 6.27), e mais especificamente na cena da morte e ressurreição no túmulo de Lázaro (João 11.25-26; João 1.4; 3.36).

E, finalmente, por ser o Filho do Homem (v.27), a prerrogativa do juízo lhe foi dada pelo Pai. E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo (v.22;  João 5.30; 8.16).

E Ele fez isto para que todos honrem o Filho, como honram o Pai (v.23).

Positivamente, o trabalho de Cristo é trazer a vida e a luz; negativamente, Ele resulta no juízo sobre aqueles que recusam a vida e se afastam da luz.

O Filho é totalmente dependente do Pai, e assim está unido a Ele pelo laço perfeito do amor e da confiança, para que as questões da vida, da morte e do juízo tenham uma solução perfeita. O Filho merece a mesma honra que o Pai. Na verdade, a unidade é tão perfeita que quem não honra o Filho não honra o Pai, que o enviou (v.23).

Estas profundas ponderações são seguidas por um apelo caloroso e pessoal por parte de Jesus: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna” (v.24).

Os três verbos estão no presente: ouve, crê, e tem, todos apresentam uma realidade presente.

A vida eterna começa quando se ouve e se crê (João 20.31).

Além disso, devido à união descrita, crer no Pai, que enviou o Filho, é equivalente a crer no Filho (João 3.16; 6.29).

A afirmação: “Em verdade, em verdade vos digo” (v.25), citada neste Evangelho, sempre introduz uma afirmação majestosa. (João 1.51).

Realmente, é uma afirmação majestosa, pois vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão (v.25).  

A nova aliança está penetrando e removendo a antiga (João 4.23).

Aqueles que estão espiritualmente mortos ouvirão, e aqueles que responderem com fé viverão (João 5.21,24).

O que eles ouvem, a voz do Filho de Deus, é a Palavra falada, a completa revelação e consumação do resgate de Deus dos homens que estão mortos nas transgressões e no pecado.  

Este resgate do homem só é possível por causa da unidade de ação entre o Pai e o Filho. Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo (v.26).

É por causa desta unidade tão evidente nas obras do Filho encarnado que o Pai deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do Homem (v.27).

Em vista de o artigo definido no original não acompanhar os dois substantivos em Filho do Homem (na tradução literal), é evidente que a prerrogativa do juízo está ligada a verdadeira humanidade de Cristo (Filho do Homem) e não ao fato de Ele ser o representante da humanidade (“O” Filho de Homem)”.

 

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