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Como posso diferenciar o ensino de Romanos do ensino de Gálatas?

 Alguém que me escreveu no WhatsApp:

Como posso diferenciar o ensino de Romanos do ensino de Gálatas? Ao ler Gálatas, fiquei com a impressão de que a graça está acima da lei e que Deus terá misericórdia de quem não estiver totalmente alinhado com a lei. Isso significa que essa pessoa será salva?

Minha Resposta:

A tua pergunta é muito importante, porque Romanos 2 e Gálatas 2 tratam de assuntos diferentes, embora ambos falem de lei, fé e justificação. Quando esses dois capítulos são confundidos, surgem conclusões que a Bíblia não ensina.

Para entender, precisamos considerar a quem cada texto se dirige e com que propósito foi escrito.

  1. Em Romanos 2, o apóstolo Paulo está demonstrando que o judeu, que possuía a Lei de Moisés, não era melhor do que o gentio, e que o simples fato de possuir a lei não produzia justiça diante de Deus.
    Quando Paulo diz que “os que praticam a lei hão de ser justificados”, ele está a tratar de um princípio:
    Se alguém cumprisse perfeitamente a lei, seria justificado.
    Mas a própria Bíblia afirma que ninguém jamais conseguiu isso.
    Por isso Romanos 3 esclarece:
    “Não há justo, nem um sequer… porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” (Romanos 3:10,20)

    Ou seja: em Romanos 2, Paulo não está mostrando como alguém é salvo, mas mostrando que todos são culpados — judeus e gentios — e que ninguém alcança a vida eterna por obras da lei.

  2. Em Gálatas 2, Paulo trata da justificação na prática, mostrando como ela realmente ocorre:
    “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo…” (Gálatas 2:16)

    Aqui, Paulo não fala de um princípio hipotético, mas do método divino de salvação.
    A lei mostra o pecado; Cristo tira o pecado.
    A lei condena; a graça salva.
    Por isso Paulo declara que, se a justiça pudesse vir pela lei, “Cristo morreu inutilmente” (Gálatas 2:21).

Assim, os dois textos não se contradizem.
Romanos 2 expõe o padrão da justiça (que ninguém atinge).
Gálatas 2 revela o meio da justificação (Cristo, e somente Cristo).

  1. Sobre a tua pergunta:
    “A graça sobrepõe a lei e Deus terá misericórdia de quem não estiver 100% alinhado com a lei — seria isso para ser salvo?”

    A resposta bíblica é clara:
    A salvação não depende de estar alinhado com a lei, porque isso é impossível ao ser humano.
    A salvação depende da obra consumada de Cristo.
    É por isso que Paulo escreve:

    “Fui crucificado com Cristo… vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” (Gálatas 2:20)

    A misericórdia de Deus não é uma tolerância com a desobediência, mas o ato pelo qual Ele oferece um Salvador para um homem incapaz de obedecer perfeitamente.
    A misericórdia não substitui a justiça — ela atua por meio da cruz, onde a justiça foi plenamente satisfeita e a graça plenamente oferecida.

  2. Conclusão:
    O homem não é salvo porque tenta cumprir a lei, nem porque está “mais ou menos alinhado” com ela.
    O homem é salvo porque deposita sua fé pessoal no Senhor Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou.
    A lei mostra o pecador; a graça mostra o Salvador.
    A lei exige perfeição; a graça oferece perdão.
    A lei revela a condenação; a graça oferece a libertação.

Portanto, para ser salvo, não é necessário alcançar um nível de obediência à lei — é necessário crer no Filho de Deus.

“Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo.” (Atos dos Apóstolos 16:31)

Josué Matos