Alguém me escreveu no YouTube:
Se o arrebatamento acontecesse agora, a igreja de Tessalônica não poderia ser arrebatada, porque, segundo afirmam, a igreja de Tessalônica só terá alívio quando Jesus vier em chama de fogo — o que acontecerá no dia do Senhor, conforme Paulo escreveu na segunda carta aos Tessalonicenses, no capítulo 1, a partir do versículo 4 até o versículo 10. E se o dia do Senhor ocorrer apenas depois de se manifestar o homem do pecado, então a igreja de Tessalônica teria de enfrentá-lo — e nós também. Portanto, dizem que não existe nenhuma vinda secreta; foi algo que vocês inventaram.
Minha Resposta:
A tua afirmação revela uma leitura apressada de 2 Tessalonicenses 1, sem distinguir o contexto e o propósito da passagem em relação ao arrebatamento descrito em 1 Tessalonicenses 4 e 5. Paulo escreveu duas cartas diferentes à mesma igreja justamente para corrigir mal-entendidos sobre a volta de Cristo — e isso é essencial para compreender o tema corretamente.
Na primeira carta (1 Tessalonicenses 4:13–18), Paulo consola os crentes que estavam aflitos porque alguns irmãos tinham morrido antes da vinda do Senhor. Ele explica que o Senhor descerá dos céus, os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro, e os vivos serão arrebatados para encontrar o Senhor nos ares, e assim “estaremos sempre com o Senhor”. Essa vinda é para os santos — uma reunião com o Senhor nos ares, não uma manifestação pública de juízo.
Na segunda carta (2 Tessalonicenses 1:4–10), Paulo fala de outro momento: a manifestação de Cristo em glória, quando Ele virá em chama de fogo “para dar vingança aos que não conhecem a Deus” e “alívio aos que são atribulados”. O contexto é de retribuição e juízo sobre os ímpios, não de arrebatamento dos salvos. Portanto, trata-se de dois eventos distintos:
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O arrebatamento — um encontro secreto, súbito e sem sinais prévios (1 Tessalonicenses 4:16–17; 1 Coríntios 15:51–52).
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A manifestação pública de Cristo em glória — quando Ele virá com Seus santos para julgar o mundo (2 Tessalonicenses 1:7–10; Apocalipse 19:11–16).
Paulo, ao escrever 2 Tessalonicenses 2, deixa claro que os tessalonicenses estavam confundindo esses dois eventos. Alguém havia espalhado o boato de que “o dia de Cristo já havia chegado” (2:2), e Paulo responde dizendo que o dia do Senhor (ou “dia de Cristo”) não viria sem que primeiro viesse a apostasia e se manifestasse o homem do pecado. Mas observe o detalhe crucial no versículo 7:
“O mistério da iniquidade já opera; somente há um que agora o detém até que do meio seja tirado.”
A expressão “aquele que o detém” refere-se ao Espírito Santo agindo na Igreja. Quando a Igreja for arrebatada, esse freio será removido, e então o homem do pecado, o anticristo, será revelado. Logo, a Igreja não verá o homem do pecado manifestado, porque será arrebatada antes disso. O próprio texto mostra uma ordem lógica:
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O mistério da iniquidade já opera.
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Há um que o detém (a presença do Espírito Santo na Igreja).
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Esse será tirado do meio (arrebatamento).
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Então será revelado o iníquo (anticristo).
Assim, o arrebatamento precede o aparecimento do homem do pecado e o Dia do Senhor. O “alívio” prometido em 2 Tessalonicenses 1 não ocorre quando Cristo se manifesta em juízo, mas porque os santos já estarão com Ele, sendo manifestados juntamente com Ele em glória (Colossenses 3:4). O alívio é completo porque o sofrimento já cessou com o arrebatamento, e a manifestação de Cristo apenas confirma publicamente o triunfo dos santos sobre os perseguidores.
A ideia de uma “vinda secreta” não é invenção humana, mas ensino claro das Escrituras. O Senhor Jesus descreveu essa vinda como repentina e invisível para o mundo, comparando-a ao ladrão que vem de noite (Mateus 24:43–44; Apocalipse 3:3). Os ímpios não O verão nesse momento, pois o encontro é nos ares, não na terra. Só depois, quando Ele vier “com poder e grande glória” (Mateus 24:30), todo olho o verá (Apocalipse 1:7).
Portanto, não há contradição entre as duas cartas aos Tessalonicenses. Paulo fala primeiro de um arrebatamento para livrar os santos da ira vindoura (1 Tessalonicenses 1:10; 5:9), e depois explica a manifestação de Cristo em juízo sobre o mundo (2 Tessalonicenses 1:7–10). Misturar os dois eventos leva à confusão — e foi exatamente isso que Paulo procurou evitar.
O arrebatamento é a bendita esperança da Igreja (Tito 2:13), não o terror do juízo. O dia do Senhor será o terror dos ímpios (Isaías 13:6–11; Joel 2:1–2). Assim, a Igreja não será deixada para enfrentar o anticristo, mas será levada antes que ele se manifeste, cumprindo a promessa do Senhor:
“Porque guardaste a palavra da minha paciência, também Eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra.” (Apocalipse 3:10)
