Alguém me escreveu:
"Por favor, me responda. Estou morando com uma mulher que foi divorciada, temos um filho. Há um ano atrás, comecei a ler a Bíblia e vi que morar junto era pecado. Chamei-a para casar, ela aceitou, daí fomos ao cartório, fizemos toda a papelada. Aí vi aquele versículo que fala: “aquele que casar com a divorciada comete adultério”. Falei para ela que não teríamos mais casamento, que estávamos em pecado. Ela chorou muito, eu também. Estamos morando juntos há quatro anos. Depois que descobri esse versículo, não tenho mais intimidade com ela, só que a gente mora na mesma casa, dorme na mesma cama, me explica, mesmo sem ter relação sexual, mas morando juntos, é pecado? Quero ficar perto do meu filho e cuidar dele, porque ela tem problema de coração. Por favor, me responda."
Minha Resposta:
Compreendo o peso que está sobre o teu coração. A tua situação exige discernimento espiritual, compaixão e fidelidade à Palavra de Deus. Vamos refletir juntos à luz das Escrituras.
Primeiro, a Palavra do Senhor em Mateus 19:9 e Lucas 16:18 ensina claramente que “quem casar com a repudiada comete adultério”. Isso mostra que o casamento de uma pessoa divorciada, cujo cônjuge ainda vive, não é reconhecido por Deus como um novo matrimônio, mas como adultério. O Senhor Jesus reafirmou o princípio da criação: “O que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19:6). Assim, Deus vê o primeiro vínculo como válido até a morte (Romanos 7:2-3).
No entanto, a tua situação atual envolve responsabilidades morais e familiares que também são importantes diante de Deus. Tu tens um filho e uma mulher enferma que dependem de ti. Isso muda o modo de proceder, embora não mude o princípio. A Escritura nunca manda um homem abandonar os deveres de cuidado e compaixão. Tu não deves tratá-la como esposa, pois reconheces que esse vínculo não é legítimo aos olhos de Deus, mas podes — e deves — tratá-la com amor cristão, ajudando-a como próxima, como mãe do teu filho, e como pessoa necessitada.
Quanto a morarem juntos: viver sob o mesmo teto sem relação conjugal, quando há arrependimento verdadeiro e propósito de santidade, pode ser tolerado apenas se for absolutamente necessário (por exemplo, por causa do cuidado do filho pequeno ou da enfermidade), e mesmo assim deve ser com prudência e sob contínuo testemunho de separação moral e espiritual. É preciso que haja castidade, separação de leitos e um claro testemunho de que não há convivência como casal. Se for possível providenciar moradias separadas, ainda que próximas, isso seria o melhor caminho.
Deus vê o coração. Se o teu arrependimento é sincero e estás disposto a andar na luz, Ele perdoa o passado, mas espera obediência no presente. Cuida dela com respeito e carinho, sem reatar o vínculo conjugal. Cuida do teu filho com responsabilidade e amor. E, acima de tudo, mantém comunhão com o Senhor, confessando os teus pecados e buscando forças para viver em pureza.
“Quem encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Provérbios 28:13).
Josué Matos