Alguém escreveu no YouTube:
Romanos 10:9 diz que “a palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração”. Ou seja: se com a tua boca confessares o Senhor Jesus como teu Salvador e, com o teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque “com o coração se crê para justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação”.
O Senhor Jesus também afirmou: “Aquele que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus”.
Um exemplo claro é o do eunuco, na carruagem. Ele perguntou: “Eis aqui água; que me impede de ser batizado?”. A resposta foi: “É lícito, se creres de todo o coração”. E ele declarou: “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”. Nesse contexto, vemos exatamente aquilo que o apóstolo Paulo ensina em Romanos 10:9: o crer com o coração e a confissão com a boca.
Minha Resposta:
Agradeço a sua mensagem e o desejo sincero de compreender o texto de Romanos 10:9. É um versículo precioso, mas que muitos acabam interpretando isoladamente, sem considerar o seu contexto e a totalidade do ensino bíblico sobre crer, confessar e ser salvo.
O apóstolo Paulo, em Romanos 10:9-10, está mostrando que a salvação vem pela fé no coração, e a confissão é o fruto natural dessa fé, não a causa da salvação. A confissão não produz a salvação; ela expressa publicamente aquilo que já foi recebido internamente.
Por isso ele diz:
- “Com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.” (Romanos 10:10)
Repare que a justiça, ou seja, a aceitação diante de Deus, está ligada ao “crer com o coração”. A confissão é a consequência natural da fé verdadeira, assim como aconteceu com o eunuco em Atos dos Apóstolos 8:37. Ele só pôde confessar “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus” porque já cria. A confissão veio depois da fé — não antes.
Paulo, em todo o capítulo 10 de Romanos, está contrastando dois sistemas:
- O sistema judaico, que buscava justiça pelas obras e pela observância da lei.
- A justiça que é pela fé, recebida pela confiança no Senhor Jesus.
Por isso ele cita Deuteronômio 30, mostrando que “a palavra está perto de ti”, ou seja, não está distante, não exige obras, mas chega ao coração pela pregação (Romanos 10:17). Assim, a confissão pública era um contraste com o judaísmo, no qual muitos criam escondidos por medo dos homens (João 12:42). O evangelho não é uma fé secreta: quem realmente crê, naturalmente confessará.
Mas é fundamental perceber que:
- Não é a confissão que produz o novo nascimento, nem que torna a pessoa salva.
- É a fé no Cristo ressuscitado que salva, conforme também em João 3:16; João 5:24; Efésios 2:8-9; Atos 13:38-39.
A confissão é o resultado da fé que já justificou.
A própria sequência de Paulo em Romanos 10 confirma isso:
- “Todo aquele que nele crê não será confundido.” (Romanos 10:11)
- “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (Romanos 10:13)
Note que o ponto central é sempre crer — a confiança do coração.
- A confissão é importante? Sim.
- Ela acompanha a fé verdadeira? Sim.
- Mas ela não é a base da salvação.
O exemplo do eunuco é perfeito:
Filipe disse: “É lícito, se creres de todo o teu coração.”
- A fé veio primeiro.
- A confissão veio depois.
- E o batismo foi uma consequência dessa fé já existente.
Finalmente, lembremos que o próprio Senhor Jesus ensinou que a confissão diante dos homens é o fruto da fé e do discipulado (Mateus 10:32), não a condição para obter vida eterna. A vida eterna é recebida pela fé (João 6:47), e a confissão é a sua expressão.
Espero que esta explicação ajude a ver como Romanos 10 se harmoniza com todo o ensino bíblico: a fé é a mão estendida que recebe Cristo; a confissão é a voz que testemunha o que já foi recebido.
Josué Matos