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Quem são os “levados” e os “deixados” em Mateus 24?

 Alguém que me escreveu no YouTube:

Mas, nos dias de Noé e Ló, foram pouquíssimos os que ficaram e os que foram levados foram a maioria. No Arrebatamento, a minoria dos vivos subirá e a maioria, os deixados, ficará na terra. Não há uma coerência com essa comparação.

Minha Resposta:

Meu irmão, a questão que apresentas revela algo precioso: o próprio Senhor Jesus não deixou a interpretação de Mateus 24 entregue ao nosso raciocínio, mas à sua revelação progressiva no restante das Escrituras. A comparação com os dias de Noé e Ló não foi dada para ensinar o arrebatamento da Igreja, mas para descrever o juízo que cairá sobre o mundo ímpio no fim da tribulação. Misturar os dois eventos é justamente o que gera essa aparente incoerência.

  1. A quem se dirige Mateus 24? Aos judeus, ao remanescente fiel, e ao contexto da vinda do Filho do Homem em glória, visível, pública e acompanhada de juízo (Mateus 24:27, Mateus 24:30, Zacarias 14:4).

  2. Qual é a comparação com Noé e Ló? Em ambos os casos, os que foram “levados” foram os ímpios – “levantou-se o dilúvio e levou a todos” (Génesis 7:23). Os justos ficaram, protegidos por Deus: Noé permaneceu na terra; Ló saiu para escapar ao juízo que levou os outros.

  3. Em Mateus 24, quem são os levados? Exatamente o mesmo padrão: os levados são os julgados. Os deixados são os que entram no reino milenar (Mateus 24:40-41). Esta coerência permanece intacta quando se entende o texto no seu próprio contexto.

  4. E o arrebatamento? O arrebatamento é outro evento, com outra linguagem, outro público e outro propósito. Aqui é a Igreja que é tirada da terra para encontrar o Senhor “nos ares” (1 Tessalonicenses 4:17). Não é juízo, é livramento; não é manifestação pública, é encontro nos céus; não envolve separação entre justos e injustos na terra, mas apenas a união de Cristo com os seus.

Portanto, a coerência bíblica é completa:

– Em Mateus 24, os “levados” = ímpios levados em juízo.
– Em Lucas 17 (paralelo), o próprio Senhor diz: “onde estiver o corpo, ali se ajuntarão as águias” – uma imagem de juízo.
– No arrebatamento, os que sobem são os salvos, e não os perdidos.

A diferença não está na matemática – poucos ou muitos – mas no propósito de cada evento. Um é juízo na terra; o outro é reunião com Cristo nos ares. Se tentarmos misturar os dois, surgem aparentes contradições; quando deixamos cada passagem falar do seu próprio tema, a harmonia aparece.

Se desejar, posso aprofundar ainda mais esta distinção entre arrebatamento e manifestação.

Josué Matos