Pergunta enviada por um leitor:
Na dispensação atual, em que vivemos um tempo em que “não suportarão a sã doutrina”, como funciona a questão da comunhão e da autoridade ministerial?
Em Atos dos Apóstolos, lemos que o apóstolo Paulo recebeu a destra de comunhão antes de iniciar sua primeira viagem missionária aos gentios (Gálatas 2:9). Alguns cristãos denominacionais afirmam que, da mesma forma, hoje ninguém poderia iniciar uma obra ou reunir-se como assembleia local sem que um pastor ou líder religioso “estendesse a destra” e concedesse autorização.
Mas será que isso é realmente bíblico? Se um irmão possui dom espiritual e, junto com outro varão, deseja ir para uma cidade e começar ali uma assembleia reunida ao nome do Senhor Jesus, é necessário primeiro esperar que algum pastor o autorize, ou basta seguir a direção do Espírito Santo e a orientação das Escrituras?
Minha Resposta:
De fato, há uma diferença importante entre o início do livro de Atos e o que vemos hoje na dispensação da graça. Em Atos, especialmente nos capítulos 9 a 15, a Igreja estava em transição — ainda havia uma convivência entre os crentes judeus e gentios, e as formas de reconhecimento ministerial passavam pela comunhão dos apóstolos em Jerusalém. Quando Paulo recebeu a comunhão da “destra” dos irmãos (Gálatas 2:9), não foi para obter autoridade deles, mas para expressar reconhecimento mútuo de ministério. O Senhor Jesus já o havia separado e enviado diretamente (Atos 13:2), e o Espírito Santo era quem o comissionava, não homens.
Hoje, na presente dispensação, não existe mais um colégio apostólico ou uma autoridade humana que conceda “permissão” para servir ou formar uma assembleia. O Espírito Santo continua sendo o mesmo que chamou Paulo e Barnabé, e é Ele quem levanta, guia e capacita os servos de Cristo. Os crentes reunidos ao nome do Senhor Jesus têm plena autoridade divina, pois o próprio Senhor afirmou: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mateus 18:20).
Portanto, ninguém precisa esperar que um pastor, bispo ou líder denominacional “estenda a destra” para reconhecer um trabalho. A aprovação que importa vem do Céu. O que devemos buscar é comunhão e harmonia com aqueles que andam segundo os ensinos apostólicos — isto é, segundo a sã doutrina das Escrituras. Se houver dois ou três irmãos congregando com base na autoridade do nome do Senhor Jesus e no fundamento apostólico revelado nas Escrituras, ali há uma assembleia genuína.
Em Atos, Paulo não foi “autorizado” por homens, mas apenas reconhecido pelos que discerniram a graça que lhe fora dada. Assim também hoje: o ministério verdadeiro não nasce da nomeação humana, mas do chamado do Espírito de Deus.
“Mas como o mesmo Deus operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, também operou em mim com eficácia para com os gentios” (Gálatas 2:8).
O mesmo Deus que chamou Paulo continua chamando hoje — e a fidelidade a Cristo e à Sua Palavra é o único selo necessário.