Áudios

Pesquisar este blog

"O tal dispensacionalismo não é bíblico"?

 Alguém me escreveu no YouTube:

Quando Jesus voltar, encerra-se a história. Ele instaurará o juízo final, novos céus e nova terra. O tal dispensacionalismo não é bíblico.

Minha Resposta:

Amigo, compreendo a sua objeção, mas a verdade bíblica não muda conforme tradições ou sistemas teológicos humanos. A esperança bendita da Igreja — o arrebatamento antes da tribulação — não é uma invenção do chamado “dispensacionalismo”, mas um ensino claramente revelado nas Escrituras quando estas são interpretadas com coerência e respeito à distinção entre Israel e a Igreja.

O apóstolo Paulo escreveu que “o Senhor mesmo descerá do céu com alarido... e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares” (1 Tessalonicenses 4:16-17). Observe que aqui o Senhor vem para os seus, não com os seus — essa diferença é essencial. No arrebatamento, Ele vem buscar a Igreja; na Sua manifestação pública, Ele vem com a Igreja para julgar e instaurar o Seu reino milenar (Apocalipse 19:11-16).

Paulo também afirmou que o Senhor “nos livra da ira futura” (1 Tessalonicenses 1:10) e que “Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação” (1 Tessalonicenses 5:9). A “ira futura” não é o juízo eterno, mas o período de tribulação descrito em Daniel 9:27 e Apocalipse 6–19. O mesmo apóstolo mostrou que antes que o “homem do pecado” seja revelado, “aquele que agora o detém” — o Espírito Santo habitando na Igreja — será tirado do meio (2 Tessalonicenses 2:6-7). Logo, a Igreja deve ser removida antes que a tribulação e o anticristo sejam manifestos.

O erro dos que negam o arrebatamento pré-tribulacional é confundir as profecias referentes a Israel com as que pertencem à Igreja. Israel é o povo terreno de Deus, ligado às promessas e ao reino neste mundo (Romanos 11:25-27); a Igreja é o povo celestial, unida a Cristo como Seu corpo (Efésios 1:22-23). Durante a tribulação, Deus voltará a tratar com Israel e com as nações, conforme as profecias de Daniel e Apocalipse; mas antes disso, a Igreja será chamada à presença do Senhor.

A ideia de que a vinda de Cristo encerra imediatamente toda a história ignora as muitas passagens que falam do reino milenar, quando Satanás será preso (Apocalipse 20:1-6), Israel será restaurado à sua terra (Ezequiel 37:21-28) e as nações virão a Jerusalém adorar o Rei (Zacarias 14:16). Somente depois desse reino ocorrerá o juízo final e os “novos céus e nova terra” (Apocalipse 20:11–21:1).

Portanto, não é o arrebatamento que encerra a história, mas sim o juízo final após o milênio. O arrebatamento é um ato de graça para os que pertencem a Cristo, livrando-os “da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo” (Apocalipse 3:10). Essa esperança bendita não foi inventada por homens, mas revelada “pela palavra do Senhor” (1 Tessalonicenses 4:15). Negar essa distinção é misturar a esperança celestial da Igreja com o programa terreno de Israel, o que leva à confusão de toda a escatologia bíblica.

A promessa do Senhor é clara: “Virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também” (João 14:3). Essa é a esperança do crente — não o juízo, mas o encontro com o Salvador.

Josué Matos