Áudios

Pesquisar este blog

24. Os irmãos da assembleia exclusivista não recebem os irmãos já estando eles há anos, para mim isso não faz sentido. Só queria saber se é bíblico? (24/02/2024)

Primeiramente, entenda sua preocupação e frustração em relação à dificuldade de ser recebido à comunhão da igreja e poder participar da Ceia do Senhor . Essa é uma questão séria, e é essencial que haja clareza e base bíblica em todas as decisões da assembleia local.


1. A Igreja não é uma organização secreta

Como você bem observou, a igreja local não é como uma sociedade secreta , onde apenas alguns “iluminados” têm acesso aos seus privilégios. A Ceia do Senhor é uma ordenança dada a todos os crentes genuínos , não uma cerimônia fechada arbitrariamente. O Novo Testamento ensina que a Ceia é para aqueles que pertencem ao corpo de Cristo , e a porta da comunhão deve estar aberta para todos os verdadeiros crentes que andam conforme os princípios bíblicos.


2. O equilíbrio entre a recepção e a santidade da mesa

A Bíblia ensina que nem todos podem participar da Ceia indiscriminadamente (1 Coríntios 5:11; 1 Coríntios 11:27-29), mas também não ensina que um crente genuíno e fiel precisa esperar anos para ser recebido na comunhão da igreja e poder participar das reuniões, incluindo a Ceia do Senhor.

O apóstolo Paulo repreendeu os coríntios por tomarem a Ceia de forma indignada , mas nunca impôs restrições exageradas para aqueles que estavam em comunhão com Cristo e com a igreja.


3. O dever da assembleia de explicar suas razões

Como eu não sei os motivos específicos pelos quais os irmãos não estão permitindo que você participe, fica difícil dizer exatamente onde estão certos ou errados. Porém, é um direito sua perguntar e uma obrigação deles responderem com clareza, sempre fundamentados na Palavra de Deus .

A comunhão da igreja não pode ser governada por regras humanas , mas pela autoridade das Escrituras . Se a recusa se basear apenas em costumes locais , tradições ou critérios que vão além da Bíblia, isso se torna um problema sério .

Se uma pessoa crê na salvação unicamente na obra de Cristo , foi batizada , segue a doutrina dos apóstolos e não vive em pecado, não há razão bíblica para negar-lhe a comunhão e a participação na Ceia do Senhor.


4. O perigo do exclusivismo sem base bíblica

O exclusivismo sem fundamento nas Escrituras pode ser altamente prejudicial . O Senhor Jesus nunca rejeitou um verdadeiro crente que vinha a Ele. Pelo contrário, condenou os fariseus a colocarem fardos pesados ​​sobre as pessoas e impedir que outros entrem no Reino de Deus (Mateus 23:13).

Se uma assembleia local impõe regras que a Bíblia não impõe , precisa urgentemente reavaliar suas práticas .


5. Como agir diante dessa situação?

Minha sugestão é que você pergunte diretamente aos irmãos o motivo específico da recusa e solicite que fundamentem sua resposta na Palavra de Deus. Se não houver uma justificativa clara e bíblica, isso pode indicar que as tradições humanas estão sendo colocadas acima da verdade bíblica .

Recusar a comunhão de um crente com base exclusivamente em 1 Timóteo 5:22 — “A ninguém imponha precipitadamente as mãos”não é uma aplicação válida . O contexto continua: “nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro” , mostrando que a questão envolve discernimento e cuidado na imposição de mãos, e não um impedimento arbitrário.

É legítimo que haja um período de observação , mas este não deve se tornar um fardo injusto. Se não houver evidências bíblicas que justifiquem sua recusa, não há razão para prolongar essa espera.

Se os irmãos realmente seguem os princípios da Escritura, devem agir conforme Atos 2:41-42 , onde vemos que aqueles que creram foram batizados e logo estavam em comunhão . Se há um crente sincero, batizado e que anda corretamente , não há motivo para que fique anos esperando para partir do pão .


Princípios Bíblicos para Recepção na Comunidade

  1. Testemunho de Conversão – O candidato deve fornecer um relato claro de sua experiência de salvação, evidenciando transformação (Atos 2:41).

  2. Batismo – O batismo por ressurreição é requisito para a comunhão plena, simbolizando a identidade com Cristo (Romanos 6:3-5).

  3. Avaliação Doutrinária – Os anciãos devem garantir que o candidato compreenda e concorde com a doutrina dos apóstolos (Efésios 4:3-6).

  4. Observação do Testemunho – Um período razoável pode confirmar a firmeza de fé e conduta (1 Timóteo 5:22).

  5. Apresentação à Congregação – O candidato é comunicado à igreja e recebido com amor (Romanos 16:2).

  6. Participação na Ceia do Senhor – Com a recepção formalizada, participe do pão e do cálice em memória de Cristo (1 Coríntios 11:23-26).

Esse processo visa promover unidade e pureza na igreja, sempre em submissão à Palavra de Deus.


A Importância da Recepção na Igreja Local

A recepção é um tema central na vida cristã, pois reflete tanto a fidelidade às Escrituras quanto o cuidado com a comunhão . Cada igreja local é responsável por suas decisões, mas não pode ignorar o vínculo espiritual com outras igrejas que se unem à mesma fé.

A Bíblia mostra diferentes formas de recepção:

  • Inicial (Atos 2:42-47) – novos convertidos;

  • Por mudança de residência (Romanos 16:3) – integração em nova localidade;

  • Temporária de visitantes (Romanos 16:2);

  • Restauração de disciplinados (2 Coríntios 2:5-11);

  • Recepção de ensinadores (Atos 18:27).

Em todas elas, a autoridade é da Palavra de Deus , e o cuidado da igreja é manter a pureza da doutrina e da vida cristã .

A recepção não é apenas a “partir do pão”, mas envolve plena comunhão , com privilégios e responsabilidades . Isso exige mutualidade : o crente junto deve também acolher os ensinos e práticas da igreja.

Exemplo bíblico: Saulo só foi recebido em Jerusalém após investigação e confirmação de seu testemunho (Atos 9:23-30).


Conclusão

Tudo isso nos leva a considerar que a recepção na comunidade da igreja deve ser feita de forma bíblica, clara, justa e equilibrada . Nem a porta escancarada do liberalismo, nem o fechamento legalista do exclusivismo. O caminho bíblico é a verdade em amor , preservando a santidade da mesa do Senhor e, ao mesmo tempo, não excluindo injustamente aqueles que pertencem a Cristo.

Por trás de tudo, permanece a certeza de que as Escrituras são suficientes para guiar a igreja em todos os tempos. Portanto, a recepção na igreja local é um testemunho vivo de obediência, amor e unidade , exigindo oração, sabedoria e fidelidade ao Senhor.

Josué Matos