Alguém que escreveu no YouTube:
Para mim, no Salmo 16, “não deixarás alma no Sheol e não permitirás que teu santo veja corrupção”, aqui é uma profecia da ressurreição de Cristo, alma aqui é o corpo de Cristo. Pedro, em Atos 2:27, explica esta passagem dizendo que o corpo de Cristo não foi desintegrado, confiram e meditem. Alma muitas vezes significa o corpo, às vezes sentimentos, pensamentos etc., mas nunca uma entidade eterna que não morre. Se ela é eterna, então ela é Deus, porque Deus é o único imortal. E se ela é eterna, como pode ser contaminada pelo mal? Então Deus é contaminado pelo mal. Quando Paulo diz corpo, alma e espírito, ele está falando de corpo, sentimentos e emoções e não que existe uma suposta alma imorredoura. Quando Deus, em Gênesis, diz: “…e o homem se tornou alma vivente...” não diz que ele recebeu uma alma, mas que ele se tornou alma vivente (criatura vivente, pessoa vivente). O que se soprou em Adão foi a vida e, quando ele retira a vida que é o espírito de vida, o corpo volta ao pó.
Minha Resposta:
Agradeço a sua mensagem, mas preciso mostrar que há equívocos importantes no entendimento apresentado. A questão da alma, do Sheol/Hades e da ressurreição do Senhor Jesus Cristo precisa ser examinada à luz de toda a Escritura, não apenas de um versículo isolado.
1. Em Salmos 16 e Atos 2, “alma” não significa “corpo”
Quando Davi escreveu: “não deixarás a minha alma no Sheol” (Salmos 16:10), ele falava da pessoa completa no estado da morte, não do corpo. O corpo vai para a sepultura; mas o Sheol (no hebraico) e o Hades (em grego, como Pedro cita em Atos 2:27) não são sepultura, mas o lugar invisível para onde vão as pessoas ao morrer.
Pedro, em Atos 2, realmente explica que o corpo do Senhor Jesus “não viu corrupção”, mas ele nunca diz que a palavra “alma” significa “corpo”. Pelo contrário: ele cita duas verdades distintas:
• A alma não foi deixada no Hades
• O corpo não viu corrupção
Ou seja: são duas realidades, não a mesma. Igualar as duas é anular a distinção que o próprio Pedro faz.
2. Alma não significa “sentimentos e emoções”
A palavra “alma” na Bíblia (hebraico nephesh, grego psuché) aparece em sentidos diferentes conforme o contexto — vida, pessoa, interior consciente, etc. Mas nunca significa o corpo. Em nenhum lugar das Escrituras “alma” é usada para “carne”, “ossos” ou “tecido biológico”.
Se “alma” fosse o corpo, teríamos absurdos doutrinários como:
• “A minha alma tem sede de Deus” seria o corpo com sede (Salmos 42:2).
• “A alma que pecar essa morrerá” (Ezequiel 18:4) — então o corpo é que peca?
• “No Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos” (Lucas 16:23) — seria o corpo do rico queimando, mesmo estando sepultado?
A confusão nasce quando se tenta fazer um único significado fixo para uma palavra que a Bíblia usa em vários sentidos. O contexto é quem determina.
3. A alma não é eterna no sentido de ser “divina”, mas é imortal porque Deus a fez assim
Dizer que, se a alma é imortal, então ela seria “Deus”, é um raciocínio humano, não bíblico.
Os anjos não morrem (Lucas 20:36). Eles são Deus? Claro que não.
O espírito volta a Deus que o deu (Eclesiastes 12:7). O espírito humano é Deus? Não.
A alma não é eterna por natureza divina; ela é imortal porque Deus assim a criou, e essa imortalidade não significa divindade, mas continuidade da existência.
Cristo advertiu:
“Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma.” (Mateus 10:28)
Se o corpo é a alma, então este versículo não faz sentido algum.
4. “Alma vivente” em Gênesis 2:7 não significa ausência de alma
Quando a Escritura diz que o homem “se tornou alma vivente”, isso significa que:
• Deus formou o corpo
• Deus soprou o espírito de vida
• O resultado foi uma alma vivente (a pessoa completa)
Isso não significa que o homem não recebeu alma, como se fosse só um corpo animado. Significa que ele passou a existir como um ser consciente, pessoal, moral e responsável.
Negar isso colocaria o ser humano ao nível de animais irracionais, que também são chamados de “almas viventes” em Gênesis — mas claramente não compartilham da natureza moral, relacional e espiritual do homem.
5. Separar alma, corpo e espírito não é “sentimentos, corpo e emoções”
Quando Paulo diz que somos feitos de “espírito, alma e corpo” (1 Tessalonicenses 5:23), ele não está dizendo:
• corpo = carne
• alma = sentimentos
• espírito = emoções
Isso não existe em lugar nenhum da Bíblia.
Ele mostra que o homem tem três dimensões distintas:
corpo – parte material
alma – sede da consciência, individualidade, identidade
espírito – a dimensão que se relaciona com Deus
Tentar reduzir “alma” a “emoções” destrói toda a antropologia bíblica.
6. O ensino bíblico, do início ao fim, mostra consciência após a morte
Exemplos claros:
• Samuel aparece consciente (1 Samuel 28)
• O rico e Lázaro estão conscientes (Lucas 16:19–31)
• Apóstolo João vê almas conscientes (Apocalipse 6:9–11)
• Moisés e Elias aparecem falando com o Senhor Jesus (Mateus 17:3)
Nenhum desses textos pode ser explicado como “metáfora”. São narrativas históricas e doutrinárias.
Se a alma fosse apenas “sentimento” ou “corpo”, nada disso faria sentido.
Conclusão
A Bíblia ensina que:
• O corpo volta ao pó
• A alma e o espírito continuam existindo
• Os salvos estão com Cristo
• Os perdidos estão em tormento
• Na ressurreição, corpo e alma se unem novamente
Reduzir “alma” a “corpo”, ou negar a consciência após a morte, não está de acordo com as Escrituras.
Estou à disposição para continuar explicando com calma, porque esse tema é fundamental para compreender a obra do Senhor Jesus Cristo e o destino eterno do homem.