Resposta a uma pessoa que me escreveu no WhatsApp depois de assistir a este vídeo: As passagens de advertência: Será que elas falam sobre a perda da salvação? Josué Matos
Ele disse-me:
A PAZ IRMÃO JOSUÉ, EU NÃO SEI COMO ENTENDER ISSO, QUAL O CRITÉRIO E NÍVEL DE OBEDIÊNCIA?
Minha Resposta:
A tua pergunta é sincera e muito importante: “Qual o critério e o nível de obediência?”
Quando um crente lê as advertências da Bíblia – Hebreus, Tiago, as parábolas do Senhor, as epístolas paulinas – pode ficar confuso se não distinguir duas verdades fundamentais que nunca se anulam:
(1) A segurança eterna do salvo e
(2) A responsabilidade presente da obediência.
A Palavra de Deus nunca mistura as duas coisas, mas nós, às vezes, misturamos.
1. A base da salvação é única: a obra consumada de Cristo
O Senhor Jesus disse: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Evangelho segundo João 5:24).
O crente não é salvo porque obedece; ele obedece porque já foi salvo.
Nenhum texto de advertência anula esta verdade. A salvação é um dom (Epístola aos Efésios 2:8-9), garantida por um Mediador perfeito (Epístola aos Hebreus 7:25).
2. As advertências não existem para ameaçar a perda da salvação, mas para preservar o crente
O Pai usa advertências como um pai amoroso que diz a um filho:
“Cuidado, não brinques na estrada!”
Não porque o filho deixou de ser filho, mas porque é filho.
É assim com as advertências de Hebreus, de 1 Coríntios, de Tiago. Elas são meios de Deus para manter o salvo vigilante, humilde, dependente, consciente de que a vida cristã é séria.
3. Então qual é o critério de obediência?
O padrão nunca foi perfeição, mas sinceridade.
É a diferença entre cair e viver caído; entre tropeçar e tomar gosto pelo pecado.
A Escritura mostra que os salvos:
• Tropeçam, como Pedro (Evangelho segundo Mateus 26)
• São disciplinados, como Davi (2 Samuel 12)
• Podem esfriar e precisam ser despertados, como os gálatas (Epístola aos Gálatas 3)
Mas todos eles tinham algo em comum: quando caíam, Deus os levantava. A fé deles estava no Senhor Jesus, não em si mesmos.
O critério é este:
Um coração que deseja obedecer, mesmo que fracasse muitas vezes, evidencia vida nova.
Um coração que não se importa, que endurece e despreza a Palavra, mostra que nunca nasceu de novo.
4. O nível de obediência: fruto, não base
O Senhor Jesus explicou: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Evangelho segundo Mateus 7:20).
Fruto é consequência de vida. Uma árvore viva frutifica; uma árvore morta não frutifica.
O crente verdadeiro manifesta:
• Desejo de santidade (1 Pedro 1:15-16)
• Tristeza quando peca (Salmo 51)
• Busca constante por comunhão (1 João 1:7)
• Confiança na graça, não no próprio desempenho (Romanos 5:1)
A obediência não é medida por quantidade, mas por direção.
Não é “Quanto tens feito?”, mas “Para onde o teu coração está voltado?”.
5. A advertência é séria — mas não rouba a certeza
Textos como Hebreus 3, 6 e 10 foram escritos para uma assembleia que tinha crentes verdadeiros e pessoas apenas professas.
As advertências expõem quem nunca creu, não quem creu e depois caiu.
Se a salvação se perdesse com desobediência, Pedro teria perdido; Davi teria perdido; Salomão teria perdido e muitos outros depois deles.
6. A pergunta final: “Como saber se estou obedecendo o suficiente?”
A resposta bíblica é clara:
Não perguntes ‘o suficiente’, mas pergunta ‘quem é o meu Senhor?’
Se Cristo é o teu Salvador, se confias nEle, se desejas segui-lo, se te entristeces quando pecas, se te voltas para Ele… então estás debaixo da graça.
A obediência não é moeda de troca;
é a marca de quem já foi comprado.
E Deus não perde o que Ele comprou.