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Minha salvação está condicionada a eu pregar também?

Alguém que me escreveu no YouTube:

Minha salvação está condicionada a eu pregar também? É isto que diz o versículo: toda árvore que não der fruto será cortada e lançada ao fogo. Ou seja, se eu não for um pregador, estou condenado?

Minha Resposta:

A tua dúvida é muito comum, mas a Escritura não ensina que a salvação está condicionada ao fato de alguém ser pregador. A salvação é pela fé em Cristo, e não pelo exercício de um dom ou de uma atividade cristã. O próprio apóstolo Paulo escreveu que somos salvos “não por obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:9). Se a salvação dependesse do quanto pregamos, então ninguém poderia ter certeza da vida eterna, pois cada um pregaria de forma diferente.

Quando o Senhor falou sobre a árvore que não dá fruto ser cortada e lançada ao fogo (Mateus 7:19), Ele estava tratando dos falsos profetas, homens que aparentavam ser o que não eram. O fruto, no contexto, não é “pregar”, mas o caráter, a doutrina e a conduta que revelam se uma pessoa realmente pertence a Cristo ou não.

A Bíblia mostra claramente que nem todos os salvos são pregadores. Em 1 Coríntios 12, Paulo ensina que o Corpo de Cristo tem muitos membros com funções diferentes. Há quem pregue, há quem sirva, há quem ensine, há quem ore, há quem contribua, há quem console, e assim por diante. O olho não pode exigir que o pé faça o seu trabalho. Se todos fossem pregadores, onde estaria a variedade de dons?

Em Tiago 3:1 somos até alertados: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.” Isto mostra que pregar não é sinal de salvação, mas sim uma responsabilidade que nem todos têm.

Quanto ao fruto, o primeiro e principal fruto é a evidência da vida nova: arrependimento, fé, mudança de conduta, amor ao Senhor, desejo de santidade e obediência à Palavra. Estes frutos acompanham todos os salvos, mas não significam que todos precisam ser pregadores públicos. Uma mãe que cria os filhos em temor ao Senhor, um irmão que dá um bom testemunho no trabalho, alguém que ora pelos outros, ou que ajuda silenciosamente — todos estes também dão fruto.

Resistir ao evangelho, rejeitar Cristo, viver deliberadamente no pecado, isso sim é não dar fruto. Mas um salvo, mesmo simples, tímido ou sem dom de falar em público, é uma árvore que dá fruto naquilo que o Senhor o capacitou a fazer.

Portanto, fica tranquilo: tu não estás condenado por não seres pregador. O que Deus requer de ti é fé verdadeira no Senhor Jesus Cristo e obediência sincera à Sua Palavra. Quem está em Cristo é salvo, não por pregar, mas por ter sido alcançado pela graça.

Se o Senhor te der oportunidades de falar dEle a alguém, que seja com alegria; mas isso é fruto, não fundamento da tua salvação.

Que o Senhor guie o teu coração.

Josué Matos

Muitos confundem 2 Tessalonicenses 1:7-8 com o arrebatamento

 Alguém que me escreveu no YouTube:

Na segunda carta de Paulo aos tessalonicenses, no capítulo 1 e nos versículos 7 e 8, Paulo escreveu aos tessalonicenses que eles terão descanso das tribulações quando Jesus vier secretamente de forma visível para os salvos e invisível para o mundo?

Minha Resposta:

Muitos confundem 2 Tessalonicenses 1:7-8 com o arrebatamento. Mas ali o apóstolo Paulo não está a falar de uma vinda “secreta para os salvos” ou “visível apenas para eles e invisível para o mundo”. O texto descreve a manifestação pública de Cristo em juízo, um evento completamente diferente do arrebatamento da Igreja.

Observe o que Paulo escreveu:

“E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança…”.

Aqui temos quatro elementos que jamais se aplicam ao arrebatamento:

  1. Manifestação – Paulo não diz “virá secretamente”, mas “se manifestar”, ou seja, será visível ao mundo; é a revelação pública do Senhor Jesus em glória.

  2. Anjos poderosos – também é linguagem de juízo, não de arrebatamento.

  3. Labareda de fogo – nunca aparece associado ao arrebatamento, mas sim ao dia do Senhor.

  4. Vingança contra os que não conhecem a Deus – isso é juízo sobre o mundo, não redenção para a Igreja.

O arrebatamento, por outro lado, é descrito como algo para a Igreja, não para o mundo, e nunca como juízo. Em 1 Tessalonicenses 4:16-17, Paulo fala de um encontro nos ares, mas não menciona fogo, anjos em juízo, manifestação pública ou vingança divina. Além disso, em 1 Tessalonicenses 1:10, os crentes esperam o Senhor Jesus “que nos livra da ira futura”, não que vem derramar essa ira.

Em 2 Tessalonicenses 1 Paulo consola os crentes dizendo que o descanso deles virá quando Cristo aparecer para julgar os homens que lhes causavam tribulação. Ou seja:
O descanso virá no futuro, quando o Senhor vier em glória para punir os ímpios. Isso não significa que a Igreja estará na terra nesse momento, mas que a justiça divina será plenamente manifesta.

Paulo não está descrevendo duas fases simultâneas da mesma vinda, mas dois eventos diferentes em momentos distintos:

Arrebatamento – encontro da Igreja com o Senhor nos ares; sem juízo; sem manifestação pública; antes da ira.
Aparição Gloriosa – Cristo vindo com os seus santos; juízo sobre o mundo; manifestação pública; fogo e vingança.

Por isso, não existe em 2 Tessalonicenses 1 ideia alguma de que Cristo virá “secretamente visível aos salvos e invisível ao mundo”. Essa combinação não aparece em nenhum lugar da Bíblia. O que existe são dois eventos distintos, cada um com sua natureza e propósito.

Fico contente com a tua busca pela verdade e estou sempre disponível para conversar contigo sobre estes temas bíblicos tão importantes.

Josué Matos

Quando a Ignorância Grita Mais Alto que a Bíblia

 Alguém que me escreveu no YouTube:

Vou pedir desculpas primeiro. Mas tu és doente mental?
Você lê 1 Tessalonicenses 4:16-17 e parece que está lendo outro texto.
Acorda. 
😊😅😮😢😮😢😂
Porque o Senhor descerá do céu com alarido, etc.

  1. Ele faz a primeira ressurreição.

  2. Aqui é o harpazo, junto com a vinda de Jesus. Acabou.
    Essas heresias de arrebatamento secreto…
    Ah, só aqui tem essa palavra.
    Acha outro arrebatamento ou outra ressurreição, doido.
       

Minha Resposta:

Antes de mais nada, apesar da sua mensagem ser repleta de desrespeito, vou responder apenas ao conteúdo bíblico, pois a Palavra de Deus merece reverência.

Você pediu a tradução literal do grego de 1 Tessalonicenses 4:16-17. Então aqui está, exatamente como está no texto grego, palavra por palavra:

1 Tessalonicenses 4:16 (grego – tradução literal):
“Porque ele mesmo, o Senhor, com um grito de comando, com voz de arcanjo, e com trombeta de Deus, descerá do céu, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro.”

1 Tessalonicenses 4:17 (grego – tradução literal):
“Depois nós, os vivos, os que permanecemos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro do Senhor no ar; e assim sempre estaremos com o Senhor.”

Agora observe algo que você ignorou:

A palavra grega harpazō (ἁρπάζω), traduzida por “arrebatados”, significa literalmente:

• “agarrar com força”,
• “tomar repentinamente”,
• “remover de forma súbita”.

Essa palavra nunca descreve um evento público, visível e glorioso como a manifestação do Senhor em Apocalipse 19. É sempre usada para uma ação repentina, rápida e para retirar alguém de um lugar para outro.

É por isso que o texto diz:

• “encontro no ar”,
• não na terra, não em Jerusalém, não no Monte das Oliveiras.

A vinda do Senhor em glória, mencionada em Mateus 24 e Apocalipse 19, é pública, visível, com juízo, com anjos, com o Messias descendo para julgar as nações.

Mas em 1 Tessalonicenses 4 Ele não desce à terra.
Ele chama os Seus, e os crentes sobem para encontrar-se com Ele no ar.

São dois eventos diferentes. A Bíblia nunca os mistura.

Além disso, você disse que “acabou” porque “aqui é o arrebatamento junto com a vinda”. Mas o próprio texto CONTRADIZ isso:

• Ele desce com trombeta (para os salvos).
• Ele não pisa na terra.
• O encontro é no ar.
• Há uma ressurreição exclusivamente de crentes (“os mortos em Cristo”).

A ressurreição dos ímpios não ocorre aqui.
Apocalipse 20 deixa claro que ocorre mil anos depois da ressurreição dos justos.

Outro erro seu é achar que só existe uma ressurreição. A Bíblia fala claramente de duas:

  1. Ressurreição dos justos (Lucas 14:14; 1 Coríntios 15; 1 Tessalonicenses 4).

  2. Ressurreição dos ímpios (Apocalipse 20:11-15), mil anos depois.

A Bíblia não se molda ao seu argumento.
Seu argumento é que tenta se torcer para caber num único versículo.

E, finalmente, não confunda ousadia com grosseria.
Debater Bíblia exige humildade, porque ela não se curva a insultos de ninguém.

Eu sigo orando para que Deus abra os seus olhos para a verdade do evangelho, para que você deixe de lado a zombaria e receba o Senhor Jesus Cristo como Salvador pessoal antes que seja tarde. Porque riso e emojis não anulam as verdades eternas, nem mudam o juízo que se aproxima.

Josué Matos

Vê que tem respaldo Bíblico sim, e a Igreja só canoniza diante de provas de milagres!

Alguém que me escreveu no YouTube: 

COLOSSENSES 1:22: “Eis que agora ele vos reconciliou pela morte de seu corpo humano, para que vos possais APRESENTAR SANTOS, IMACULADOS, irrepreensíveis aos olhos do Pai…”.  Vê que tem respaldo bíblico sim, e a Igreja só canoniza diante de provas de milagres!

Minha Resposta:

Meu amigo, é importante lermos o texto de Colossenses 1:22 dentro do seu contexto. O apóstolo Paulo está falando da obra completa de Cristo, que reconcilia e transforma pecadores para que, no dia da apresentação diante de Deus, eles sejam vistos santos, irrepreensíveis e inculpáveis. Isso não tem relação alguma com um processo humano de “canonização”, nem depende de instituição religiosa alguma.

O texto diz que Cristo vos reconciliou, isto é, Ele fez tudo o que era necessário para colocar o pecador em paz com Deus. A finalidade dessa reconciliação é que todo salvo, no tribunal de Cristo, seja apresentado com a perfeição que vem da obra consumada do Senhor Jesus. O próprio contexto confirma isso:

“Para apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula nem ruga, mas santa e irrepreensível.”
(Epístola aos Efésios 5:27)

A Bíblia não ensina que alguns poucos, após morrer, recebem um “título especial” por parte da igreja. Pelo contrário: todos os que creem são santos, porque foram separados para Deus por meio da obra de Cristo. A santidade bíblica é posição diante de Deus, não um reconhecimento humano após a morte. Veja:

“Aos santos e fiéis em Cristo Jesus…”
(Epístola aos Efésios 1:1)

Nenhuma instituição tem autoridade para declarar alguém santo. Isso é obra exclusiva de Deus. Não existe no Novo Testamento um único caso de alguém sendo canonizado por homens, nem um mandamento instruindo que façam isso.

Quanto a milagres, eles nunca foram critério para declarar alguém salvo ou santo. Muitos que realizaram milagres nem sequer eram convertidos, e o próprio Senhor advertiu:

“Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi abertamente: nunca vos conheci.”
(Evangelho segundo Mateus 7:22-23)

Milagres não provam santidade, não provam conversão, e muito menos autorizam alguém a ser colocado numa “categoria especial”. A única base da salvação é a fé no Senhor Jesus Cristo, e a única base da santidade é a Sua obra consumada na cruz.

Portanto, Colossenses 1:22 é uma declaração gloriosa sobre o que Cristo fez, não sobre o que uma instituição declara. A apresentação futura dos salvos como santos e irrepreensíveis é o resultado do sacrifício de Cristo, não de um processo religioso posterior.

Essa é a diferença entre a verdade bíblica e a tradição humana.

Josué Matos

Me perdoe e me esqueça.

 Alguém que me escreveu no YouTube:

Me perdoe e me esqueça.

Minha Resposta:

Amigo, você pediu que eu o perdoasse e o esquecesse. Quanto ao perdão, não tenho nada contra si. E quanto a esquecer, talvez com o tempo a vida siga, outras pessoas apareçam e a lista dos que tenho orado acabe mudando. Isso é natural da nossa fragilidade humana. Mas há algo muito mais sério do que eu me lembrar ou não de você: Deus nunca esquece ninguém.

E é aqui que está o ponto mais importante da sua vida.

Eu tenho orado para que Deus abra os seus olhos, porque você ainda não percebeu a realidade mais urgente que qualquer ser humano precisa enfrentar: você é um pecador perdido, como eu um dia fui, e precisa crer no Senhor Jesus Cristo como seu Salvador pessoal. Não é religião, não é filosofia, não é mistura de ideias humanas — é Cristo, somente Cristo, como Ele mesmo declarou: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Evangelho de João 14:6).

Enquanto você está vivo, ainda há oportunidade de salvação. Mas depois da morte, não haverá outra chance. E aqui está uma verdade que não depende da sua crença pessoal: Deus não esquecerá você por toda a eternidade.

Se você rejeitar o único Salvador que Deus enviou ao mundo, então Deus o lembrará no juízo, e o destino será o inferno, não por falta de religiosidade, mas por ter rejeitado o único meio de salvação. O próprio Senhor Jesus falou claramente sobre isso (Lucas 16:19-31; João 3:18).

Mas se você crer no Senhor Jesus Cristo — na Sua morte pelos seus pecados e na Sua ressurreição — Deus também nunca se esquecerá de você, porque estará salvo eternamente, com Ele no céu. A mesma eternidade existe para ambos os destinos; a diferença é onde cada pessoa estará.

Você pode querer que eu o esqueça, mas eu gostaria que você pensasse seriamente nisto: Deus não o esquecerá jamais — para sua alegria eterna no céu, ou para sua miséria eterna sem Cristo.

A escolha é feita agora, enquanto há vida. E eu continuo pedindo a Deus que um dia você entenda isso, antes que seja tarde demais.

Josué Matos

Divórcio na Bíblia e no Cartório Civil

 Alguém que me reescreveu no YouTube:

Prezado, é difícil concordar com tudo segundo sua opinião, assim como também não concordará com opinião diferente da tua sobre o assunto, pois já está sua opinião bem definida na sua mente e são muitos que literalmente veem assim. Mas não tem como concordar que aquele casamento desfeito por infidelidade ou agressões continua santo diante de Deus; é a mesma coisa que dizer que todos somos santos ainda que venhamos a pecar, afinal o homem foi formado por Deus. Saiba que o termo CASAR biblicamente nem sempre é como definimos hoje. O CASAR nas Escrituras também se trata de qualquer relação sexual entre um homem e uma mulher. Em Coríntios Paulo diz para as mulheres que viessem a se separar de seus maridos a não se casarem, com o objetivo único de refazerem o laço conjugal, de reconciliarem-se de fato houvesse essa possibilidade. Em Deuteronômio, no tempo da lei, o divórcio está claro, como bem disse: “permitido por Deus”. E em Deuteronômio não diz que a mulher livre do primeiro marido esteve em adultério ao ter o segundo marido, ok? Óbvio que se ela, segundo a fala de Moisés, houvesse casado com outro homem (ciente esteja que as Escrituras não narram tais relações como falamos hoje — transar, trepar etc. — e sim CASAR), seria considerada adúltera se não fosse liberta do laço conjugal por divórcio. Como bem reconhece e não pode negar que Moisés deixou claro que só é possível ter outro marido se obtiver o divórcio.

1 Coríntios 7:10... Vocês interpretam a letra e não se preocupam em buscar o fundamento dentro da letra... por isso que te disse que literalmente é o que também está escrito, que Deus deu carta de divórcio a Israel... fato. Em Coríntios, ainda que não concorda, porque é difícil querer corrigir se quando há anos ensina errado. A humildade precede a honra. Em Coríntios Paulo diz para a mulher não procurar outro homem e sim reconciliar com o marido, repetindo: se houvesse essa possibilidade. Paulo também disse aos cônjuges incrédulos, caso quisessem se apartar, que se apartem, e disse que Deus nos chama para a liberdade. É certo que você pode fazer sua colocação segundo sua opinião já definida na sua mente a esse fato, ok? Porém Paulo não disse que nesse caso não poderiam ter outro casamento e também não disse que poderiam. Assim como Jesus em Mateus 19 deixou na liberdade de decisão.

Paulo disse: “está livre de mulher, não procure mulher... mas se não contém por não suportar ficar só, que se case”, falando aos solteiros; e solteiros são todos aqueles que estão sem esposa e inclui divorciados, pois estes não estão mais em laço conjugal. Por que alguém é chamado de divorciado? Óbvio: é porque foi casado em algum momento. Divorciado não é uma identidade, divórcio é a liberdade do compromisso conjugal. Como bem sabe: andarão dois juntos se não houver acordo? Não tem jeito. Como bem sabe, existem casamentos e falsos casamentos, ok? Talvez pra você não importa porque é casamento e se é casamento então é santo. Não importa se foi forçado, por interesse e sem amor. Casou, tá casado, e só a morte separa, e se separar devido ao infortúnio conjugal por ter casado com homem enganador, com mulher promíscua, rixosa etc., tem que ficar solteiros...

Único pecado sem perdão é a blasfêmia contra o Espírito Santo. Deixa eu perguntar: na sua igreja o divorciado tem oportunidade de falar da palavra de Deus ou julga que ele não tem essa autoridade? Não poderá ser obreiro... sim ou não? Mas poderá dar o dízimo, porque aí é de Deus, ainda mais se for rico... sim ou não? Aquele que adulterou mas não divorciou e que supostamente se arrependeu poderá exercer sua função de obreiro? Mas se divorciou não poderá. O mentiroso, que são a maioria aí, pode — desde que não seja divorciado? Mesmo Jesus dizendo que o pai da mentira é Satanás... se um pastor mentir e etc., tá tudo certo. Pode pregar, batizar, tomar ceia...

Prezado pastor, se julgarmos divorciados como muitos julgam é certo que ninguém será salvo. Como afirmou: divórcio não é santo... acredite ou não, pode se tornar santo... tudo que vem de Deus para o bem é santo. Deus te abençoe.

Minha Resposta:

Agradeço a sua mensagem, mas permita-me colocar algumas coisas de forma simples, direta e inteiramente baseada na Palavra de Deus — não em opiniões humanas.

Primeiro, não existe dificuldade em discordar de mim; a questão não é concordar comigo, mas concordar com a Palavra de Deus. E a Bíblia é clara: Deus nunca instituiu o divórcio, nunca chamou o divórcio de santo e nunca disse que alguém, após divorciado, está livre para contrair um outro casamento enquanto o primeiro cônjuge ainda vive. Essa é simplesmente a posição bíblica.

1. O problema não é “opinião”; é definição bíblica de casamento

Dizer que “qualquer relação sexual é casamento” não encontra apoio nas Escrituras. Se assim fosse:

• Jacó teria sido bígamo por ter se deitado com Zilpa e Bila antes de “ser dado” a elas.
• Os prostitutos cultuais seriam considerados “casados”.
• Paulo nunca teria dito “melhor casar do que abrasar” (1 Coríntios 7:9), pois segundo essa lógica, todos que pecaram sexualmente já seriam casados.

A Bíblia é clara: casamento é pacto, aliança, com testemunho e responsabilidade pública — não é sinônimo de ato sexual.

O próprio livreto sobre divórcio que você conhece reforça isso com base no texto bíblico .

2. Deuteronômio 24 não “autoriza o divórcio”; revela a dureza do coração

Quando Jesus Cristo fala de Deuteronômio 24 em Mateus 19, Ele explica:

• Moisés tolerou a carta de repúdio “por causa da dureza do vosso coração”.
• Isso não reflete o ideal de Deus.
• Desde o princípio não foi assim.

Ou seja:
– Deus não instituiu;
– Deus não aprovou;
– Deus apenas regulou um mal criado pelos homens.

E mais: Deuteronômio 24 não trata de casamento consumado, mas de desposadas, como mostram os estudos mais cuidadosos do texto hebraico, ponto amplamente tratado no material que você conhece.

3. Sobre agressões, infidelidade e abandono

A Bíblia nunca manda alguém permanecer convivendo com agressão. Separar-se para proteger a vida é legítimo e necessário. Mas separação não é divórcio, e muito menos autorização para um novo casamento. A separação protege; o novo casamento destrói o padrão divino, pois cria adultério permanente — exatamente o que o Senhor Jesus ensinou em Marcos 10:11-12.

4. Romanos 7 e 1 Coríntios 7 continuam claros

A Bíblia não muda porque o mundo mudou.

Romanos 7:2-3 diz:

• A mulher casada está ligada ao marido enquanto ele vive.
• Se ela se unir a outro com o marido vivo, será chamada adúltera.

Não há exceção, nem vírgula, nem condição adicional.

1 Coríntios 7:10-11 diz:

• Se separar, permaneça sem casar ou reconcilie-se.

Paulo não deixou espaço para outra interpretação.

5. Sobre “divorciados na igreja”, “obreiros” e “autoridade”

O seu argumento mistura duas coisas distintas:

  1. Posição diante de Deus, que é imutável.

  2. Função na assembleia, que depende de testemunho.

A Palavra de Deus nunca diz que um divorciado não pode ser salvo, não pode participar da ceia ou não pode ser perdoado. Porém, funções de liderança exigem irrepreensibilidade (1 Timóteo 3), e isso afeta todos: mentirosos, violentos, adúlteros e, sim, situações de divórcio.

O tratamento não é discriminatório; é bíblico.

6. “Divorciado é solteiro”? A Bíblia diz exatamente o contrário

A definição bíblica não é:

“Solteiro é quem está sem cônjuge”.

A definição bíblica é:

“Solteiro é quem nunca esteve ligado a alguém pela aliança do casamento”.

Paulo nunca chamou divorciados de solteiros. Ele disse:

“Se separar, fique sem casar”.

Isso mostra claramente que um divorciado não retorna ao estado de solteiro. Ele permanece preso ao vínculo original enquanto o outro vive.

7. “Deus deu carta de divórcio para Israel”

Jeremias 3 é uma figura profética, não um manual de prática conjugal.
Se fosse literal, Deus teria:

• celebrado casamento físico com Israel;
• cometido “adultério espiritual”;
• dividido bens;
• dissolvido uma união.

É óbvio que não.

A figura ilustra infidelidade espiritual, não doutrina matrimonial.

8. “Julgar divorciados é condenar todo mundo”

Não.
Ninguém é condenado por ter pecado. Todos pecam.
A condenação vem de persistir no pecado após conhecer a verdade.

Adultério contínuo não é um deslize do passado; é uma situação presente, que precisa ser abandonada — como qualquer outro pecado.

9. “O divórcio pode se tornar santo”

Nas Escrituras, nada que Deus odeia torna-se santo.

Malaquias 2:16 é simples:

“Eu odeio o divórcio, diz o Senhor.”

O que Deus odeia não se santifica.

10. Sobre a pergunta final: “o divorciado pode falar? Pode servir?”

Depende do que significa “falar”.

• Pode pregar o evangelho? Sim, absolutamente.
• Pode ensinar doutrina? Depende da situação moral e testemunho.
• Pode pastorear, ser presbítero ou diácono? Não, porque tais funções exigem irrepreensibilidade e exemplo. Isso também vale para mentirosos, violentos, desonestos, iracundos, etc.

Não é uma questão de “aceitar ou não aceitar o pecado de uns e de outros”.
É uma questão de coerência bíblica.

Conclusão

Você expressa preocupação com pessoas que sofreram agressão, infidelidade e abandono. Eu também. A Bíblia também. Mas a solução bíblica — proteção, separação, apoio, restauração espiritual — nunca inclui um novo casamento com o primeiro cônjuge ainda vivo.

Isso não é opinião minha. É simplesmente o que as Escrituras ensinam.

E, conforme o estudo fundamental sobre o tema que me enviou, que reforça exatamente esse entendimento, o divórcio é visto como um mal humano, tolerado civilmente, mas nunca aprovado por Deus e nunca dissolvendo o vínculo matrimonial diante dEle .


O Divórcio no Contexto Judaico Era Para os Desposados, Não Para Casamentos Consumados

Na cultura judaica, o casamento tinha duas fases distintas:

  1. Desposório (noivado jurídico)
    – Era um compromisso legal, já reconhecido socialmente como casamento.
    – Porém, a mulher ainda não vivia com o marido.
    – Não havia relação sexual.
    – Para romper esse compromisso, era necessária a carta de divórcio.

  2. Casamento consumado
    – Quando o marido levava a esposa para sua casa.
    – A relação era consumada.
    – A união era completa e definitiva diante de Deus.

Quando Moisés mencionou o divórcio, ele estava tratando da fase do desposório, e não de casamentos já consumados.

A prova mais clara disso é o caso de José e Maria:

– Eles estavam desposados, mas ainda não viviam juntos.
– Quando José pensou em deixá-la, a Bíblia diz que ele intentou deixá-la secretamente, o que significa dar-lhe carta de divórcio, mesmo sem terem consumado o casamento (Mateus 1:18–19).
– Ou seja: divórcio era a forma jurídica de romper o desposório, não a união consumada.

Além disso, em toda a estrutura da Lei, a carta de divórcio aparece apenas para esse tipo de vínculo, nunca como autorização para dissolver um casamento pleno.
O casamento consumado, diante de Deus, só é rompido pela morte (Romanos 7:1–3).

Portanto:

– O divórcio bíblico servia unicamente para desfazer um compromisso prévio, antes da união física.
– Jamais para dissolver um casamento real, consumado.
– Confundir o divórcio mosaico com o divórcio moderno leva à interpretação errada do texto bíblico.

Assim, quando hoje alguém compara o divórcio civil com o divórcio bíblico, está comparando duas realidades completamente diferentes.


O Divórcio na Bíblia: A Diferença Entre o Repúdio em Malaquias e o Divórcio Permitido em Deuteronômio

O tema do divórcio nas Escrituras é frequentemente mal compreendido porque, ao longo da Bíblia, a mesma palavra “repúdio” aparece em contextos muito diferentes. Para evitar confusão, é essencial distinguir dois cenários completamente distintos: o divórcio permitido na Lei de Moisés durante o período de desposório e o repúdio condenado por Deus no tempo do profeta Malaquias.

1. O Divórcio Permitido em Deuteronômio Era Para o Desposório, Não Para Casamentos Consumados

No sistema judaico antigo, o casamento acontecia em duas etapas:

  1. Desposório (noivado jurídico)
    Era um compromisso legal já reconhecido, mas a união ainda não havia sido consumada. A mulher continuava na casa dos pais, e não havia relação conjugal.

  2. Casamento consumado
    Quando o marido finalmente levava a esposa para sua casa e a união se completava.

A carta de divórcio mencionada em Deuteronômio foi criada para tratar única e exclusivamente de situações ocorridas antes da consumação do casamento.

Se algo grave fosse descoberto depois do casamento, as regras eram completamente diferentes, e não havia previsão de divórcio: adultério era punido com morte, e não com separação.

Assim, o divórcio mosaico tratava apenas de questões que surgiam entre o desposório e o casamento propriamente dito.

2. O Repúdio Condenado em Malaquias Não É o Mesmo Divórcio de Deuteronômio

O texto de Malaquias 2 descreve um cenário totalmente diferente:

  • Homens abandonando suas esposas legítimas, mulheres fiéis que foram chamadas “a mulher da tua mocidade”.

  • O abandono era motivado por interesse — muitos estavam trocando suas esposas israelitas por mulheres pagãs para alianças sociais e vantagens familiares.

Deus declara de forma categórica:
“Eu odeio o repúdio.” (Malaquias 2:16)

Aqui, não existe qualquer menção a desposório.
Trata-se de casamentos plenamente consumados, com anos de convivência, aliança, filhos e história.

O que o povo estava fazendo era pecado puro e simples: desfazendo lares por vaidade, lascívia e interesse. Nada disso tem relação com o mecanismo legal do desposório em Deuteronômio.

3. Por Que É Tão Importante Fazer Essa Distinção?

Quando alguém afirma que "há divórcio na Bíblia", frequentemente mistura dois mundos distintos:

  1. Deuteronômio 24 — um mecanismo jurídico antes do casamento consumado, limitado ao desposório, tolerado temporariamente “por causa da dureza do coração”.

  2. Malaquias 2 — um abuso pecaminoso, onde homens violavam a aliança matrimonial para casar com mulheres estrangeiras. Aqui Deus não regulamenta: Ele condena.

Confundir essas realidades leva a interpretações erradas e à ideia de que Deus aceitaria a dissolução de um casamento consumado através de divórcio moderno, o que jamais aparece nas Escrituras.

4. O Padrão de Deus Sempre Foi o Mesmo: A Aliança Matrimonial Só É Desfeita Pela Morte

De Gênesis ao Novo Testamento, o fundamento permanece:

  • “O que Deus ajuntou não o separe o homem.”

  • “A mulher casada está ligada pela lei enquanto o marido vive.”

O divórcio mosaico não desfazia um casamento consumado, e o repúdio denunciado em Malaquias é condenado como traição à aliança. Em nenhum momento das Escrituras existe autorização divina para dissolver um casamento consumado.

Deus tolerou o divórcio no desposório, mas nunca validou a destruição da união conjugal após consumada.

Josué Matos

Cristo foi um Buda e Buda foi um Cristo?

 Alguém que me escreveu no YouTube:

Cristo foi um Buda e Buda foi um Cristo. Mas tem uma diferença: a maioria dos budistas compreendeu Buda, mas pouquíssimos cristãos compreenderam Cristo. Por isso, o Budismo é a religião mais elevada da terra, e o Cristianismo é uma das mais medíocres.

Minha Resposta:

Uma afirmação como essa revela, antes de tudo, uma grande confusão acerca de quem é o Senhor Jesus Cristo e de qual é a natureza do cristianismo conforme revelado nas Escrituras. Não se trata de comparar dois mestres religiosos, mas de entender que o testemunho bíblico coloca o Senhor Jesus em uma categoria absolutamente única, que nenhum líder humano—por mais sábio que tenha sido—pode ocupar.

Buda foi um homem que procurou caminhos de iluminação. Cristo é apresentado nas Escrituras como o Verbo eterno que se fez carne (Evangelho segundo João 1:1,14). Buda buscava compreender a verdade. Cristo afirmou ser a Verdade (Evangelho segundo João 14:6). Buda tentou apontar um caminho. Cristo disse: “Eu sou o Caminho”. Buda morreu e permaneceu na morte. Cristo morreu e ressuscitou (Atos dos Apóstolos 2:24).

Por isso, é impossível igualar os dois.

Além disso, a sua afirmação de que “pouquíssimos cristãos compreenderam Cristo” parte de uma falsa premissa. O que as Escrituras mostram é que a compreensão espiritual não vem da capacidade humana, mas da revelação de Deus. O apóstolo Paulo escreveu que “o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos” (2 Coríntios 4:4), e que somente o Espírito Santo pode abrir os olhos do pecador para a glória de Cristo. Ou seja: a dificuldade não está na mensagem cristã, mas no coração humano.

O cristianismo não é uma filosofia construída por um sábio. É a revelação de Deus ao homem, centrada na obra do Senhor Jesus na cruz. É isso que o separa de todas as religiões humanas. Por isso, não pode ser chamado de “medíocre”. Pelo contrário: a mensagem cristã afirma verdades que nenhuma religião ousou declarar. Entre elas:

• que o ser humano está perdido, não por falta de conhecimento, mas por causa do pecado;
• que não pode salvar a si mesmo por esforço moral ou iluminação;
• que Deus enviou o Seu Filho para morrer em lugar do culpado (Epístola aos Romanos 5:8);
• que somente por meio d'Ele há reconciliação com Deus (Atos dos Apóstolos 4:12).

O budismo pode ensinar disciplinas e princípios éticos, mas não oferece solução para o pecado, não oferece perdão, não oferece redenção, não oferece ressurreição, e não oferece um Salvador vivo.

O cristianismo é a mensagem de um Deus que desceu ao mundo para salvar. Não se trata de elevação humana, mas de graça divina. A salvação não é alcançada por compreensão, iluminação ou mérito, mas pela fé: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo” (Atos dos Apóstolos 16:31).

Por isso, querido amigo, a comparação que você fez não encontra qualquer base na revelação bíblica. E, ao contrário do que você afirma, não é o cristianismo que é “medíocre”, mas a visão humana que tenta reduzir Cristo ao nível de um mestre entre outros. As Escrituras não dão essa opção.

Cristo não foi um Buda. Cristo é o Filho de Deus.

Josué Matos

Muitos usam João 15:16 para afirmar que não temos nenhuma responsabilidade, é Deus quem nos escolhe!

Alguém me escreveu no YouTube:

Amém! Vídeo objetivo e necessário, Deus abençoe seu ministério. Desculpa a pergunta pois não é sobre o tema do vídeo, mas me ocorreu perguntar. Muitos usam a passagem de João 15:16 para afirmar que não temos nenhuma responsabilidade, é Deus quem nos escolhe! Gostaria de uma explicação bíblica sobre esse versículo, por favor 🙏 obrigado.

Minha Resposta:

Muito obrigado pela sua palavra tão amável. Que o Senhor continue a fortalecer a sua vida na verdade.

Quanto à sua pergunta sobre João 15:16 — “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós” — muitos realmente usam este versículo para dizer que o homem não tem nenhuma responsabilidade espiritual e que tudo é determinado de forma fatalista por Deus. Mas o próprio contexto do evangelho de João mostra que isso não é o ensino bíblico.

No capítulo 15, o Senhor Jesus está falando especificamente aos discípulos já salvos, já limpos pela Palavra (João 15:3). A escolha mencionada ali não é para salvação, mas para serviço e fruto: “Eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto” (João 15:16).

No evangelho de João, quando o assunto é salvação, o ensino é sempre o mesmo:
a salvação vem pela fé, e a responsabilidade do pecador é real.
É assim em João 1:12; 3:16; 3:18; 5:24; 6:40; 20:31.

Se a escolha de João 15:16 fosse para salvação, então estaríamos contrariando todo o evangelho de João, onde repetidamente a Palavra apresenta o homem como alguém que deve crer, vir, receber, ou seja, responder à revelação de Deus. O próprio Senhor disse: “E não quereis vir a mim para terdes vida” (João 5:40). Essa é responsabilidade humana.

Portanto:

• João 15:16 trata de eleição para serviço, não de eleição para vida eterna.
• A responsabilidade humana está claramente estabelecida em todo o evangelho de João.
• Deus não força ninguém a crer; Ele convence pela Palavra, mas o homem é responsável por responder a esse chamado.
• A salvação é pela fé no Senhor Jesus, e essa fé vem pela Palavra que Deus faz chegar ao pecador.

Assim, o ensino equilibrado das Escrituras é:
Deus inicia a obra pela Palavra, o homem é responsável por crer, e então Deus opera a nova vida.

O contexto é determinante, e João 15 não está a tratar do novo nascimento, mas do fruto que o crente deve produzir.

Que o Senhor lhe dê entendimento pleno nessas verdades maravilhosas.

Josué Matos

Alívio e Gratidão pela Clareza Bíblica sobre o Divórcio

Alguém que me escreveu no YouTube:

Irmão Josué Matos, dou graças a Deus pela sua vida em Cristo. Não pense que desejo bajulá-lo; falo com sinceridade. As palavras que o irmão compartilhou em resposta ao meu questionamento sobre minha situação como homem divorciado trouxeram-me grande convencimento e alívio. Esse assunto inquietava profundamente tanto a mim quanto à minha esposa, e a explicação que o irmão apresentou trouxe paz ao nosso coração.

Assisti também à resposta que o irmão deu no YouTube a respeito de o divórcio ser pecado, e fiquei maravilhado com a clareza ao explicar que o divórcio é resultado do pecado, e não aquilo que eu imaginava anteriormente. Louvo a Deus por essa orientação tão necessária.

Que o Senhor Jesus continue a prosperá-lo na ministração da Sua Palavra. Deus o abençoe, irmão Matos.

Minha Resposta:

Graça e paz no Nome do Senhor Jesus.

Fiquei profundamente tocado pela sua mensagem. A gratidão que você expressou não é para comigo, mas para com o próprio Deus, que pela Sua Palavra traz luz, consolo e clareza a corações sinceros que desejam andar na verdade. Sou apenas um instrumento muito imperfeito; toda honra e glória pertencem ao Senhor Jesus, que ilumina, corrige, conforta e liberta.

A inquietação que você carregava — e que também afligia sua esposa — é algo que muitos filhos de Deus têm enfrentado ao longo dos anos. O tema do divórcio é delicado, doloroso e muitas vezes envolto em confusão. Mas quando deixamos de lado opiniões humanas e nos voltamos para as Escrituras, a verdade se torna clara: o divórcio não é criação de Deus; ele é resultado direto da dureza do coração humano. O próprio Senhor Jesus disse isso ao responder aos fariseus, mostrando que o mandamento de Moisés não instituía o divórcio como algo conforme a vontade divina, mas apenas reconhecia a realidade de um povo que não queria obedecer (Mateus 19:7-8).

Ao entender isso, muita angústia se desfaz. Porque quando a pessoa percebe que o divórcio não é uma solução divina, mas uma consequência da queda humana, ela deixa de se ver como alguém que praticou um ato “autorizado por Deus”, e passa a compreender que está vivendo as consequências de algo que nunca fez parte do ideal do Criador. Essa distinção traz alívio, pois coloca as coisas no devido lugar: o pecado está na origem do divórcio — não necessariamente no indivíduo que sofreu o divórcio, mas no próprio enredo humano marcado pela queda.

E é precisamente aqui que a graça brilha. Há perdão, renovação e caminho com Deus para quem se volta para o Senhor Jesus em sinceridade. O passado pode ser doloroso, mas não define o presente de alguém que anda à sombra da cruz.

Fico feliz, meu irmão, em saber que a resposta que você leu trouxe paz ao seu coração e ao de sua esposa. Isso não vem da minha habilidade, mas da fidelidade da Palavra de Deus. Oro para que o Senhor continue a confirmar no íntimo de vocês a segurança, a direção e a maturidade espiritual necessárias para avançarem com tranquilidade e firmeza.

Que Ele, que conhece todas as histórias em profundidade, sustente o seu lar, guarde o seu coração e o da sua esposa, e lhes conceda uma caminhada frutífera, centrada na pessoa maravilhosa do Senhor Jesus Cristo.

Permaneço ao seu dispor em Cristo.

Josué Matos

A Ceia do Senhor: Como proceder quando não há assembleia reunida ao nome do Senhor?

 Alguém que me escreveu no YouTube:

Como um crente deve proceder em relação à Ceia do Senhor quando não existe, na sua localidade, uma assembleia reunida somente ao nome do Senhor? Participar da ceia em uma igreja denominacional produz o mesmo efeito? E, caso não seja possível participar por muito tempo, isso afeta ou coloca em risco a sua salvação?

Minha Resposta:

A sua pergunta é muito importante e precisa ser respondida com base no padrão do Novo Testamento, não em tradições humanas.

Primeiro, a ceia do Senhor foi entregue pelo próprio Senhor Jesus para ser celebrada em uma assembleia local reunida ao Seu nome, e não em qualquer agrupamento religioso criado pelos homens. Em Atos dos Apóstolos, vemos que os crentes perseveravam “na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações” (Atos 2:42). A ceia estava ligada a uma assembleia reconhecida pelo Senhor (Mateus 18:20).

Quando Paulo escreve sobre a ceia em 1 Coríntios 10–11, ele trata dela dentro do contexto da assembleia de Deus em Corinto (1 Coríntios 1:2). Ou seja: a ceia pertence à assembleia, não a denominações ou instituições criadas posteriormente.

Por isso, é importante entender três pontos:

  1. Participar numa denominação não produz o mesmo efeito, pois não está no terreno bíblico da assembleia local reunida ao nome do Senhor. Ali pode haver a forma exterior, mas não o fundamento que o Senhor instituiu. A ceia, para ser realmente “a ceia do Senhor”, precisa estar na mesa do Senhor, e a mesa está onde Ele próprio reconhece uma assembleia reunida ao Seu nome (1 Coríntios 10:21). Uma denominação reúne ao nome da própria denominação, não ao nome do Senhor.

  2. Se não houver assembleia reunida ao nome do Senhor onde você vive, você não perde a salvação por não participar da ceia. A salvação não depende de participar da ceia, mas da fé em Cristo, conforme está escrito: “Quem crê no Filho tem a vida eterna” (João 3:36). A ceia não salva; ela é um memorial para os salvos.

  3. O crente não deve se precipitar a participar de forma errada, apenas por querer participar “de qualquer jeito”. Deus deseja obediência, não improvisos religiosos. Onde não há assembleia reunida ao nome do Senhor, o crente deve orar, esperar e buscar orientação do Senhor, e não agir movido pela pressão ou pelo medo. O próprio apóstolo Paulo disse que preferia não participar do que participar de maneira que não agradasse ao Senhor (1 Coríntios 11:27-29).

A falta da ceia é um pesar, uma perda espiritual, mas não é motivo para culpa eterna, muito menos perda da salvação. O Senhor conhece a situação de cada um, e Ele nunca exige do crente o que é impossível. O que Ele pede é fidelidade à Sua Palavra, mesmo quando isso custa.

Portanto:

Não é correto participar da ceia numa denominação, pois ali a ordem bíblica não está presente.
Você não perde a salvação por deixar de participar, se não existe uma assembleia bíblica perto de si.
Continue firme na verdade, orando para que o Senhor levante irmãos reunidos ao Seu nome onde você está, ou mostrando o caminho para que você encontre onde congregar de acordo com o padrão apostólico.

Que o Senhor guie o seu coração com paz e clareza.

Josué Matos

Pode um Desviado que Seguiu Outra Religião Perder a Salvação?

 Alguém que me escreveu no YouTube:

Se alguém que professou a fé cristã decide abandonar o cristianismo e seguir outra religião — como o islã, o budismo ou o espiritismo — e, depois de um período afastado, reconhece que errou e deseja retornar ao Senhor, essa pessoa já perdeu a sua salvação? Existe ainda esperança e possibilidade de restauração para ela?

Minha Resposta:

Esta é uma pergunta muito séria e muito comum entre aqueles que, por algum motivo, se afastaram da fé cristã e depois sentiram o peso do erro. A Palavra de Deus, no entanto, é clara, equilibrada e cheia de graça sobre este assunto.

Primeiro, é importante lembrar que a salvação não é um prêmio conquistado pelo desempenho do crente, mas um dom de Deus baseado na obra consumada de Cristo. O Senhor Jesus afirmou: “O que vem a mim, de maneira nenhuma o lançarei fora” (Evangelho segundo João 6:37). Esta afirmação inclui quem tropeçou, quem se desviou e até quem experimentou outros caminhos e percebeu a mentira neles.

A Bíblia mostra repetidamente que o crente pode cair gravemente, mas não perde sua posição diante de Deus, porque essa posição depende da obra de Cristo, não da estabilidade humana. Pedro negou o Senhor três vezes (Evangelho segundo Lucas 22:54-62), mas foi restaurado. Em Gálatas, Paulo fala de irmãos que chegaram a ser enredados em erros sérios, mas ainda são chamados de “irmãos” e devem ser restaurados (Epístola aos Gálatas 6:1). O livro de Tiago encerra com um apelo a trazer de volta “aquele que se desviou da verdade” (Epístola de Tiago 5:19-20), mostrando que um crente pode desviar-se profundamente — mas pode voltar.

Quando alguém abandona externamente a fé e segue outra religião, isso revela um desvio grave do coração, algo semelhante ao que o Senhor chamou de apostasia prática em algumas parábolas. Mas, se essa pessoa sente pesar, despertamento, desejo de voltar, isso por si só já mostra que o Espírito Santo ainda opera nela, porque o incrédulo totalmente endurecido nunca deseja retornar ao Deus verdadeiro. Foi assim com o filho pródigo em Lucas 15: ele foi longe, negou tudo o que tinha aprendido, mergulhou em outro estilo de vida — mas, quando voltou, o pai correu ao encontro dele.

Quem realmente nasceu de novo pode cair, pode se perder de vista, pode se desviar até para outro sistema religioso, mas nunca perde a vida eterna, porque ela foi dada pelo Senhor Jesus, que disse: “Eu lhes dou a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão” (Evangelho segundo João 10:28). Não há uma palavra na Escritura afirmando que o verdadeiro salvo possa perder a salvação por ter sido enganado temporariamente.

O que a Bíblia exige é arrependimento genuíno e retorno ao Senhor. A porta não está fechada. A graça não se esgota. A misericórdia não falha. O sangue de Cristo nunca perde o seu valor. Qualquer pessoa que se desviou, foi para longe, experimentou outras religiões ou crenças, mas agora percebeu o erro e deseja voltar, encontra no Senhor Jesus o mesmo coração que recebeu Pedro, que recebeu o filho pródigo e que ainda hoje recebe qualquer pecador arrependido.

Portanto, a resposta bíblica é: se há desejo de voltar, então não perdeu a salvação — ao contrário, essa própria luta interior é a prova de que Deus ainda trabalha nela. O que deve fazer é confessar o pecado, voltar-se para o Senhor e caminhar novamente em obediência à Sua Palavra.

A salvação é segura. O perdão é real. O retorno é possível.

Josué Matos


Esclarecendo Equívocos Sobre Darby, Raven e a Questão do Exclusivismo

Alguém que me escreveu no YouTube:

Irmão, você está equivocado quanto à origem do chamado “exclusivismo”. É importante ter cautela ao ler comentários sobre Darby, pois muitos são distorcidos. O ideal é sempre consultar diretamente os seus escritos.

Os chamados “irmãos exclusivistas” não se originaram em Darby. A divisão que produziu esse grupo começou com F. E. Raven, que criou um racha baseado em interpretações particulares de certos princípios ensinados por Darby. No entanto, ao lermos os próprios escritos de Darby, percebemos que ele não apoiava esse tipo de divisão.

Raven utilizou verdades bíblicas ensinadas por Darby — especialmente quanto ao zelo e à pureza na mesa do Senhor — mas aplicou esses princípios de maneira a criar uma nova divisão, o que contraria o espírito dos ensinos de Darby. Ele sempre foi contrário a separações carnais e a divisões entre irmãos (1 Coríntios 1:10; 3:3), ainda que enfatizasse a necessidade de zelo ao receber alguém à mesa do Senhor (1 Coríntios 5:6–8).

Eu mesmo congrego com o irmão Mário Persona, e entendemos que não existe essa ideia de “exclusivismo” ou de “seguir Darby” como se fosse uma denominação, como alguns vídeos insinuam. O zelo que Darby ensinava não é nada além do ensino bíblico: não permitir que a mesa do Senhor seja contaminada (1 Coríntios 10:21; 5:11–13).

Neste sentido, seguimos o mesmo entendimento que Darby tinha — que é, na verdade, o ensino do próprio apóstolo Paulo. Do mesmo modo, não se recebe à mesa irmãos que permanecem no sistema denominacional, pois esse sistema é um erro do qual a pessoa precisa se separar para estar em comunhão prática (Hebreus 13:13; 2 Timóteo 2:19–22). Uma vez abandonado tal erro, o irmão é recebido com alegria, como a Palavra ordena (Romanos 15:7).

Também é importante lembrar que não adotamos títulos como “irmãos x” ou “irmãos y”.

Por isso, deixo um alerta: cuidado com o “denominacionalismo invisível” e com qualquer espírito de divisão. A igreja é um só corpo, e nada deve ser acrescentado além do que a Escritura ensina.

Minha Resposta:

Agradeço a mensagem, mas permita-me esclarecer com calma e fidelidade às Escrituras, sem rótulos humanos e sem misturar conceitos que não têm base bíblica.

Em primeiro lugar, ninguém aqui defende Darby como um “fundador” de grupo algum. O próprio Darby rejeitava qualquer ideia de partido ou denominação. A verdadeira questão nunca foi “seguir Darby”, mas seguir somente a Palavra de Deus. E, exatamente por isso, é preciso distinguir com clareza dois assuntos que você misturou:

  1. Pureza na ceia do Senhor, que é um princípio bíblico (1 Coríntios 5:6–8; 1 Coríntios 10:21).

  2. Exclusivismo sectário, que é fruto da carne e condenado pelo próprio apóstolo Paulo (1 Coríntios 1:10; 3:3).

F. E. Raven realmente desenvolveu um exclusivismo que não encontra apoio no ensino neotestamentário. Mas o zelo pela ceia do Senhor não nasceu dele, nem de Darby — nasceu de 1 Coríntios. Quando a Palavra diz que “um pouco de fermento leveda toda a massa”, ela não ensina exclusivismo: ensina santidade.

Além disso, você afirma que “não se aceita à ceia do Senhor irmãos que permanecem no sistema denominacional porque isso é um erro do qual ele precisa se separar”. A questão é muito mais ampla do que essa frase sugere. O Novo Testamento nunca coloca “não ser denominacional” como critério de comunhão, mas sim:

– vida moral correta (1 Coríntios 5:11–13),
– doutrina que não destrói o fundamento do evangelho (Romanos 16:17),
– consciência limpa perante Deus (1 Timóteo 1:5).

O problema não é a pessoa estar num sistema; o problema é o que ela professa, pratica e aceita, e se isso fere a Pessoa de Cristo, a Sua obra ou a verdade revelada. A separação de 2 Timóteo 2:19–22 é moral e doutrinária, não denominacional. O texto fala de injustiça e de vasos para desonra, não de placas de igreja.

Também é importante corrigir outro ponto: receber ou não receber alguém não pode ser transformado num “princípio absoluto” aplicado de forma mecânica. A própria Escritura mostra que o princípio é universal, mas a aplicação é local. Exemplo: Romanos 14 ensina que irmãos com convicções diferentes podem caminhar juntos desde que nenhum pecado ou falsa doutrina esteja envolvido. A ceia do Senhor é do Senhor, mas a responsabilidade de julgar é sempre congregacional, nunca de uma “comissão mundial”.

Outro ponto: você diz que “não se denominam”, mas o tom da mensagem revela exatamente o perigo que você mesmo citou: o “denominacionalismo invisível”. Quando alguém começa a aplicar um conjunto de práticas como se fossem “o padrão” e ver todos os outros irmãos através desse filtro, sem perceber, já criou uma denominação — mesmo que sem nome.

A igreja é “um só corpo” (Efésios 4:4), e isso não significa admitirmos o mal, mas também não significa reduzir o corpo apenas aos que andam conosco. O sectarismo pode nascer tanto da frouxidão moral quanto do excesso de zelo mal aplicado.

A solução bíblica é simples:

– examinar cada caso com oração e verdade (João 7:24),
– guardar a ceia do Senhor de fermento moral e doutrinário (1 Coríntios 5),
– receber quem Cristo recebe (Romanos 15:7),
– jamais transformar práticas locais em cercas carnais (Colossenses 2:20–23).

Se a intenção é manter comunhão ao redor do Nome do Senhor, então não podemos misturar princípios bíblicos com tradições humanas — nem de Raven, nem de Darby, nem de quem quer que seja. A autoridade final é só a Escritura.


A pessoa respondeu-me novamente dizendo:

Vou tentar explicar de forma simples, porque percebo que usamos as mesmas palavras, mas com sentidos diferentes, e isso gera ruído. Você disse que o Novo Testamento não coloca “não ser denominacional” como critério de comunhão. Concordo que o termo “denominação” não aparece na Bíblia, mas o princípio por trás disso aparece claramente. A Escritura condena divisões organizadas entre cristãos. Paulo não fala apenas de contendas, mas de partidos e identidades religiosas distintas, como quando diz: “Eu sou de Paulo, eu de Apolo, eu de Cefas…” (1 Coríntios 1:12–13). Para mim, isso já é denominacionalismo, mesmo sem placa. A questão não é o nome do grupo, mas pertencer a um sistema que divide os filhos de Deus. Isso é fermento, e Romanos 16:17 manda afastar-se — e esse afastamento é doutrinário, não apenas moral. O denominacionalismo, portanto, é uma doutrina construída sobre divisão.

Em 2 Timóteo 2, a separação ensinada é doutrinária. Himeneu e Fileto ensinavam erro; o fundamento de Deus permanece firme; e o crente deve se apartar dos vasos de desonra. Vaso de desonra não é só quem tem falha moral, mas quem aceita e permanece num sistema errado. O problema não é apenas estar num sistema, mas aceitar o sistema. Assim, quando um irmão se identifica com um sistema denominacional, ele está aceitando divisão entre cristãos, aceitando mesas concorrentes, ministérios humanos, regras não ensinadas pela Escritura e nomes que a Bíblia reprova. Isso não é uma simples opinião diferente; é erro doutrinário.

Por esse motivo, não se pode receber à mesa do Senhor alguém que permanece ligado a um sistema que divide o corpo de Cristo, pois isso traria fermento doutrinário (1 Coríntios 5). Romanos 15:7 não ensina a receber todo mundo indiscriminadamente, porque Paulo não disse para receber quem prega erro, quem aceita divisões ou quem sustenta sistemas humanos. Portanto, Romanos 15:7 não anula 1 Coríntios 5 nem Romanos 16:17.

Quando falei de separação, você mencionou “denominacionalismo invisível”. Mas o que descrevi não é um grupo, nem um nome, nem um registro, nem um conjunto humano de práticas. É simplesmente o princípio bíblico de Hebreus 13:13: “Saiamos a Ele fora do arraial.” Essa separação não foi inventada por Darby ou Raven; está na Bíblia desde Êxodo e se repete no Novo Testamento. A mesa do Senhor é una; as mesas humanas são muitas. Denominação significa várias mesas, vários centros e vários testemunhos separados. Mas há um só corpo (Efésios 4:4). Se há um só corpo, não podem existir várias mesas — e isso exige separação de quem sustenta mesas humanas.

Não estou defendendo seguir Darby, nem exclusivismo; concordamos que seguimos apenas o Senhor Jesus Cristo. Estou falando de princípios bíblicos de comunhão: a mesa é do Senhor; o fermento deve ser removido; a divisão é pecado; o corpo é um só; a comunhão é com quem anda na verdade (3 João 3–4); e a separação de 2 Timóteo 2 é prática. Por isso, alguém não pode trazer o denominacionalismo como sistema para dentro da mesa do Senhor. Isso é erro doutrinário, não apenas divergência de opinião.

Assim, entendo que quem permanece num sistema religioso está em erro doutrinário e fora da sã doutrina, embora possa congregar conosco desde que saia desse arraial (Hebreus 13:13). Somos um só corpo e, como unidade, devemos ter um só testemunho. O Senhor Jesus Cristo é o nosso Pastor e Cabeça, e devemos zelar pelas doutrinas bíblicas que são o fundamento. Portanto, devemos deixar de lado rótulos como abertos, fechados ou exclusivistas, e simplesmente nos manter no padrão bíblico.

Minha Resposta:

Antes de tudo, preciso esclarecer algo essencial que parece estar a gerar confusão: há uma diferença bíblica entre a Mesa do Senhor e a Ceia do Senhor. Essa distinção é fundamental para compreender todo o restante.

  1. A Mesa do Senhor
    A expressão “mesa do Senhor” aparece em 1 Coríntios 10 e diz respeito ao terreno moral e doutrinário onde os crentes estão, ao testemunho coletivo que representam. Mesa fala de comunhão, de associação pública, de identificação com um testemunho. Por isso Paulo contrasta “mesa do Senhor” com “mesa dos demónios” (1 Coríntios 10:21).
    Mesa não é o móvel — é o terreno espiritual onde alguém está colocado.

  2. A Ceia do Senhor
    A ceia está em 1 Coríntios 11. Não é terreno moral; é o memorial da morte do Senhor Jesus, celebrado numa assembleia local, no primeiro dia da semana, como Ele ordenou.
    A ceia não é “o lugar onde alguém é recebido”, mas uma reunião da assembleia, entre várias (oração, ministério, disciplina, estudo, etc.).

  3. Ninguém é recebido “à ceia” — quem é recebido é recebido à comunhão da assembleia local
    A ceia é uma das reuniões; receber alguém à comunhão é algo muito mais abrangente: envolve participação em todas as reuniões, em responsabilidades, em identificação com aquele testemunho local.

Aqui já começamos a ver um problema no que você escreveu — você tomou “mesa do Senhor” como sinônimo de “ceia do Senhor”, mas biblicamente são duas coisas distintas.

Agora, indo ao ponto:

1. Não concordo com o denominacionalismo — mas isso não significa que todo salvo que está numa denominação é culpado por ela existir

É verdade que o Novo Testamento não apresenta denominações. E também é verdade que o Espírito Santo formou um só corpo (Efésios 4:4) e não vários sistemas organizados.

Mas é igualmente verdade que:

  • muitos crentes piedosos foram salvos dentro desses ambientes: C. I. Scofield, Dwight L. Moody, Charles Haddon Spurgeon, Hudson Taylor, George Müller, Jonathan Edwards, John Wesley, George Whitefield, David Brainerd, William Carey, Martinho Lutero, John Bunyan

  • talvez jamais conheceram nada diferente,

  • são sinceros dentro daquilo que lhes ensinaram.

A divisão institucional é errada, mas a consciência individual desses irmãos não é culpada daquilo que herdaram. Isso precisa ser dito com equilíbrio.

2. Quando alguém vem de qualquer lugar — os chamados “irmãos” ou qualquer denominação — e deseja comunhão com uma assembleia local, o primeiro passo não é examinar seu grupo, mas a própria pessoa

A primeira pergunta sempre é:

“Como essa pessoa foi salva?”

Porque há muitos que frequentam ambientes cristãos há anos e nunca receberam vida, nunca nasceram de novo.

Depois disso, se esta pessoa não for conhecida dos irmãos na assembleia local:

  • a assembleia deve dar tempo para conhecer a pessoa,

  • ela deve assistir às reuniões,

  • deve observar como a assembleia caminha,

  • deve saber no que está a entrar,

  • e a assembleia deve conhecer sua conduta e fé.

Muitas vezes, o próprio crente percebe que não é isso o que procura — e não há problema nisso.

Mas se é salvo e deseja caminhar, deve fazê-lo com clareza.

3. É impossível um crente participar da comunhão de uma assembleia local e ao mesmo tempo permanecer congregando numa denominação

Isso seria:

  • dois lugares de identificação,

  • dois testemunhos diferentes,

  • duas mesas distintas.

Não é coerente bíblica nem moralmente.

Uma vez na comunhão de uma assembleia local, a pessoa não permanece identificada com outro sistema.

SOBRE “MESAS” EM 1 CORÍNTIOS 10

Não existe no capítulo uma única linha dizendo que cada denominação é uma “mesa”.
Paulo está a contrastar:

  • a mesa do Senhor (a esfera espiritual do salvo),

  • e a mesa dos demónios (idolatria pagã).

Querer encaixar todas as denominações nessa categoria é gravíssimo.

Devemos manter firme a verdade da assembleia local, sem criar doutrinas que a Bíblia não ensina.

E sem transformar a separação bíblica numa teoria exagerada que coloca um peso onde a Escritura não colocou.

Josué Matos

A Dependência de Instituições Religiosas e o Verdadeiro Caminho para a Verdade de Deus

Alguém que me escreveu no YouTube:

O leitor expressa preocupação com a dependência exclusiva de instituições religiosas e líderes humanos para obter conhecimento espiritual. A reflexão destaca que Deus é Espírito e deve ser adorado em espírito e em verdade, e que a Bíblia é a única fonte física e confiável de revelação divina. Embora líderes, igrejas e crentes possam possuir algumas verdades que Deus lhes concede, quando interesses pessoais ou institucionais se sobrepõem, perde-se o princípio de que toda honra e toda glória pertencem somente a Deus. O texto reforça que o Senhor Jesus Cristo é o único e suficiente mediador entre Deus e os homens, e que nenhuma instituição ou pessoa pode ocupar esse lugar sem comprometer essa verdade fundamental. A mensagem conclui exaltando a Deus e pedindo bênção sobre todos os Seus adoradores.

Minha Resposta:

Agradeço a sua mensagem e compreendo perfeitamente o ponto que está a levantar. Há nela verdades importantes, mas também alguns cuidados necessários para que não caiamos no extremo de rejeitar aquilo que Deus realmente estabeleceu para o proveito dos Seus.

De fato, é verdade que Deus é Espírito e que o Senhor Jesus Cristo é o único Mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5). Nada pode substituir essa realidade. Nenhuma instituição humana, nenhuma liderança e nenhum sistema pode tomar o lugar que pertence exclusivamente ao Filho de Deus. Também é verdade que a honra e a glória pertencem somente ao Senhor (Isaías 42:8), e quando homens ou instituições procuram glória para si, desviam-se imediatamente do propósito divino.

Mas há outro lado que a própria Palavra de Deus destaca: o Senhor, que é Espírito, quis usar a Sua Palavra escrita como o meio infalível para revelar a verdade, e quis usar assembleias locais e dons espirituais para edificar e instruir o Seu povo. O perigo não está na existência de irmãos que ensinam ou de assembleias que se reúnem ao nome do Senhor; o perigo está quando a voz humana substitui a voz das Escrituras.

A Bíblia mostra que:

A verdade não é privada, mas entregue à assembleia: “a igreja do Deus vivo, coluna e firmeza da verdade” (1 Timóteo 3:15).
• O Senhor deu dons para ensinar e servir ao Seu povo (Efésios 4:11–12), não para serem mediadores, mas para serem instrumentos.
• Os crentes de Bereia são elogiados porque examinavam nas Escrituras o que ouviam (Atos 17:11), não porque rejeitavam todo ensino humano.

O problema surge quando alguém aceita tudo sem examinar, ou quando alguém rejeita tudo porque vem de pessoas. As Escrituras mostram o equilíbrio: ouvir — examinar — reter o que é bom (1 Tessalonicenses 5:21).

Quando alguém diz que não precisa de assembleia, de ensino, de dons, de irmãos congregados, incorre noutro erro: está a rejeitar o que o próprio Deus instituiu para o bem do Seu povo. O Senhor Jesus é suficiente para a salvação, mas Ele nunca ensinou que o crente deva viver isolado ou guiado apenas pelas suas impressões pessoais. Pelo contrário, Ele reuniu discípulos, formou um testemunho coletivo e colocou crentes juntos para se edificarem mutuamente.

Por isso, irmão, concordo consigo que:

• A glória é só de Deus.
• O Senhor Jesus é o único Mediador.
• Nenhuma instituição humana tem autoridade divina em si mesma.
• Todo ensino deve ser julgado à luz da Escritura.

Mas também é verdade — porque a Bíblia assim o mostra — que Deus usa assembleias locais, e usa irmãos para ensinar, desde que não assumam o lugar de Cristo, mas sirvam em submissão à Palavra de Deus.

Que o Senhor ajude cada um de nós a manter este equilíbrio: rejeitar o domínio humano, mas não rejeitar aquilo que Deus estabeleceu para edificação do Seu povo.

Deus o abençoe abundantemente em o nome do Senhor Jesus Cristo.

Josué Matos

Se eu não tiver com quem me reunir ao Nome do Senhor, participar da Ceia compromete a minha salvação?

Alguém me perguntou no WhatsApp:

“Se eu não tiver com quem me reunir ao Nome do Senhor, participar da Ceia compromete a minha salvação? Ou entrar em comunhão dentro de alguma igreja denominacional teria o mesmo efeito da comunhão e da Ceia mencionadas no Novo Testamento?

Outra dúvida: pessoas que se suicidam, mas que professaram fé em Cristo, perdem a salvação?

E sobre isso, gostaria de saber se 1 Coríntios 3:16–17 se aplica ao assunto: ‘Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo.’ Esse versículo tem relação com a questão do suicídio?”

Minha Resposta:

As tuas perguntas são importantes, e agradeço por as enviares com sinceridade. Vamos por partes, com base no ensino das Escrituras.

Primeiro: a salvação não é afetada pela participação ou não na Ceia do Senhor, porque a salvação não depende de obras, mas da fé em Cristo. Está escrito: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna” (João 3:36). A Ceia não é um meio de salvação, mas um privilégio de comunhão para aqueles que já são salvos. A ausência da Ceia pode afetar a comunhão, a obediência e o crescimento espiritual — mas jamais destrói a vida eterna, porque esta é dom irrevogável de Deus (Romanos 11:29).

A questão aqui não é “perder a salvação”, e sim obediência e verdade. A Ceia foi instituída para ser celebrada numa assembleia reunida ao Nome do Senhor Jesus, como vemos em 1 Coríntios 11 e Atos 2:42. Uma denominação religiosa não é uma assembleia bíblica, porque está organizada segundo nome humano, regras humanas e sistemas que não seguem o padrão do Novo Testamento. Portanto:

– Se alguém participa da “ceia” de uma denominação, não está participando da Ceia do Senhor no sentido prático e bíblico, mas de um memorial feito fora da ordem revelada nas Escrituras.
– Contudo, isso não compromete a salvação, mas sim a fidelidade ao padrão apostólico.

Se alguém está isolado e não tem onde se reunir ao Nome do Senhor, esse irmão não perde a salvação e nem está em pecado “mortal”. Ele apenas fica privado da Ceia até que Deus lhe abra uma porta de comunhão segundo a Sua vontade.

A Ceia é um privilégio para quem já é salvo — não uma condição para permanecer salvo.

Agora, sobre a tua segunda pergunta: “os suicidas que professaram fé em Cristo perdem a salvação?”

A resposta bíblica é: não.

A vida eterna é eterna. Não depende da força do crente, mas da obra consumada do Senhor Jesus. Ele mesmo declarou:

“Quem ouve a minha palavra e crê… tem a vida eterna, e não entrará em condenação” (João 5:24).

O suicídio é pecado? Sim, como qualquer ato que viola o propósito de Deus para o corpo e para a vida.
Mas é um pecado maior do que outros?
A Bíblia nunca afirma isso.

A doutrina de que suicídio condena alguém veio do catolicismo medieval, e não das Escrituras.

O que a Bíblia mostra claramente é:

  1. O salvo pode morrer em pecado (como Sansão em Juízes 16).

  2. A salvação não se perde por causa de uma ação final, pois a obra de Cristo cobre todos os pecados — passados, presentes e futuros (Hebreus 10:14).

  3. O salvo pode adoecer emocionalmente, e muitos casos de suicídio envolvem colapso mental, desespero profundo ou perda temporária da sanidade.

O suicídio é tragédia, não apostasia.
É dor, não perda da salvação.
É consequência da fraqueza humana, não da falta de eficácia do sangue de Cristo.

Finalmente, quanto ao versículo que citaste, 1 Coríntios 3:16–17, ele não trata de suicídio.
Ali, Paulo está falando de destruir a assembleia, o “templo” coletivo — não o corpo físico de cada crente. O contexto mostra que se refere a falsos mestres que estragam o testemunho de Deus, e não a um salvo que, esmagado por dores, tira a própria vida. Isso fica claro pela exposição da passagem nos teus arquivos sobre 1 Coríntios.

Portanto, resumindo:

– A Ceia não salva e nem mantém salvo; é comunhão, não meio de salvação.
– Participar de ceias denominacionais não tem o valor bíblico da Ceia do Senhor, mas não afeta a vida eterna do crente.
– Suicídio não anula a obra de Cristo, porque a salvação não depende do estado mental ou emocional no momento da morte.
– 1 Coríntios 3:16–17 não ensina que quem tira a própria vida perde a salvação.

Que o Senhor te fortaleça no entendimento da Sua graça e te firme na verdade revelada em toda a Escritura.

Josué Matos

Prezado, você disse que o divórcio é pecado. Onde está dizendo que o divórcio é pecado?

 Alguém me escreveu novamente no YouTube:

Prezado, você disse que o divórcio é pecado. Onde está dizendo que o divórcio é pecado? Lamento, mas você está ensinando errado e mentindo por causa da tradição católica, por incrível que pareça. Lembrando que a vontade de Deus é a reconciliação entre os cônjuges, desde que não tenham se divorciado e casado novamente, e desde que também não tenha havido infidelidade. O divórcio é bíblico, meu querido, permitido literalmente por Deus. E, para tua surpresa, o próprio Deus também lavrou uma carta de divórcio a Israel.

"Disse mais o Senhor nos dias do rei Josias: Viste o que fez a pérfida Israel? Foi a todo monte alto e debaixo de toda árvore frondosa e se deu ali a toda prostituição. E, depois de ela ter feito tudo isso, eu pensei que ela voltaria para mim, mas não voltou. A sua pérfida irmã Judá viu isto. Quando, por causa de tudo isto, por ter cometido adultério, eu despedi a pérfida Israel e lhe dei carta de divórcio, vi que a falsa Judá, sua irmã, não temeu; mas ela mesma se foi e se deu à prostituição." (Jeremias 3: 6-8)

Ao dizer que o divórcio é pecado, você está colocando Deus como pecador.

Deus abençoe sua vida. 

Minha Resposta:

Vou responder com calma e diretamente às tuas dúvidas, usando apenas a Bíblia como base.

1. A Bíblia não chama o “divórcio” de pecado — o pecado é aquilo que PRODUZ o divórcio

O que a Escritura apresenta como pecado é:

• o adultério,
• a dureza do coração,
• a infidelidade,
• a imoralidade,

e essas coisas é que resultam no divórcio.

O divórcio não aparece como um “ato moral autônomo”, mas como a consequência de um pecado já cometido.

Por isso o Senhor Jesus disse:

“Por causa da dureza dos vossos corações, Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres.”
Mateus 19:8

Ou seja, o divórcio é permitido como solução humana diante de um pecado que já rompeu o vínculo, e não porque faça parte da vontade ideal de Deus.

Portanto:

eu não disse que “o divórcio é pecado”, mas que o divórcio nasce sempre do pecado — porque sem pecado, não haveria divórcio.

Isso evita a confusão que colocaste no texto.

2. Jeremias 3 NÃO prova que Deus “casou” com Israel da mesma forma que um marido humano

Quando Deus diz ter dado “carta de divórcio”, Ele está a usar linguagem metafórica para descrever a quebra da aliança.

Israel é chamada:

• de filho,
• de videira,
• de esposa infiel,
• de rebanho,
• de povo rebelde.

Esses termos são metáforas e alegorias de relacionamento, não uniões matrimoniais literais.

Se fosse literal, então:

– Deus teria duas esposas (Israel e Judá),
– Deus teria “casado” com uma nação,
– e depois “divorciado” de outra,
– o que contraria totalmente a própria Lei.

Portanto, Jeremias 3 é um recurso profético, não um tratado sobre casamento humano.

Do contrário, chegaríamos à conclusão absurda de que:

• Deus casou,
• divorciou,
• casou de novo,

o que contraria toda a natureza divina.

3. O que é “bíblico” nem sempre é “vontade de Deus”

Aqui está a chave do mal-entendido:

Algo pode ser bíblico — no sentido de aparecer na Bíblia —
e mesmo assim não ser vontade moral de Deus.

Exemplos:

• A poligamia é bíblica — mas nunca foi vontade de Deus.
• O divórcio é bíblico — mas não foi estabelecido por Deus; foi permitido.
• O rei em Israel foi “bíblico” — mas Deus disse que não era da vontade d’Ele (1 Samuel 8).
• Os votos precipitados são bíblicos — mas são condenados por Deus.

Portanto, aparecer na Bíblia não significa ser aprovado moralmente por Deus.

O próprio Senhor Jesus fez essa distinção ao dizer:

“Moisés vos PERMITIU… mas no princípio NÃO FOI ASSIM.”
Mateus 19:8

Ou seja:

A permissão não é aprovação.

E quem diz isso é o próprio Cristo.

4. A reconciliação é sempre o desejo de Deus quando possível

E nisso estamos totalmente de acordo.

A Bíblia ensina:

• perdão,
• restauração,
• reconciliação,
• arrependimento,

antes de qualquer passo extremo.

Quando não há adultério, nem novo casamento, e quando ambos desejam reconstruir o lar, a reconciliação é o melhor caminho.

Isso é inegável.

5. Em nenhum momento eu disse que “Deus pecou”

O raciocínio “se o divórcio é pecado, Deus pecou” parte de uma premissa incorreta.
Eu não disse que o divórcio “é pecado”.

O que afirmo — e a Bíblia confirma — é que:

• O divórcio é sempre fruto do pecado, nunca da obediência.
• A vontade perfeita de Deus é o casamento único e permanente.
• A permissão existe por causa da dureza humana, não porque Deus a deseje.

Assim, não há qualquer contradição.

6. Conclusão equilibrada

• O divórcio existe.
• O divórcio é permitido por causa do pecado humano.
• O divórcio não expressa a vontade original de Deus.
• Jeremias 3 é uma metáfora profética, não casamento literal.
• A reconciliação é a vontade de Deus quando ainda possível.
• Nenhuma dessas verdades coloca Deus como pecador.

Agradeço a tua mensagem e o desejo sincero de compreender as Escrituras.
Que o Senhor te abençoe e te ajude na verdade da Sua Palavra.

Josué Matos

Denominações tomam a Ceia, porém não na Mesa do Senhor e sim em Mesas de homens?

 Alguém me perguntou no WhatsApp:

Muitos irmãos hoje dispersos em várias denominações tomam a Ceia, porém não na Mesa do Senhor e sim em Mesas de homens. São culpados por estarem sendo explicados de forma errônea, irmão Josué, ou vale a Ceia deles?

Minha Resposta:

Antes de responder diretamente à tua pergunta, é importante colocar cada coisa no seu devido lugar, porque muita confusão nasce exatamente da mistura dos termos Mesa do Senhor e Ceia do Senhor, e também da dificuldade em distinguir o que é uma assembleia local e o que é apenas uma denominação religiosa.

  1. Mesa do Senhor – o terreno espiritual
    Quando Paulo fala da “Mesa do Senhor” (1 Coríntios 10), ele não está falando de um móvel de madeira, mas de um lugar espiritual de comunhão, onde o Senhor reconhece autoridade, santidade e unidade. A Ceia do Senhor é uma reunião específica, num determinado dia e hora. A Mesa do Senhor é a esfera espiritual de todos os salvos 24 horas por dia, todos os dias da semana.
    A Mesa do Senhor exige:
    – Reunião ao nome do Senhor
    – Separação moral e doutrinária
    – Disciplina conforme a Palavra
    – Igualdade entre os irmãos, sem clero
    – Unidade expressa pelo “um só pão”

    Ou seja, a Mesa é o terreno onde a Ceia acontece, e não o objeto físico.

  2. Ceia do Senhor – o ato memorial dentro da assembleia
    A Ceia, como memorial da morte do Senhor, foi dada à assembleia reunida, não a grupos independentes, nem a instituições religiosas criadas por homens.
    Paulo diz:
    “Quando vos ajuntais em igreja…” (1 Coríntios 11:18)
    “Quando vos ajuntais para comer…” (1 Coríntios 11:33)

    A Ceia está vinculada à assembleia reunida ao nome do Senhor, com Ele no meio, exercendo autoridade.
    Portanto, Ceia do Senhor pressupõe Mesa do Senhor, que pressupõe assembleia do Senhor.

  3. Por que isso importa para o caso das denominações?
    Porque uma denominação, por definição, está reunida no seu próprio nome, seguindo um estatuto humano, uma doutrina particular, uma liderança institucional e uma estrutura que não existe no Novo Testamento.

    Isso significa que, ainda que haja crentes sinceros ali, aquilo não é assembleia local reconhecida pelo Senhor.
    Se não é assembleia, então não é o terreno da Mesa do Senhor.
    E se não há Mesa, não há Ceia no sentido bíblico pleno — há apenas um ato simbólico, feito por crentes sinceros, mas fora da ordem estabelecida para a Casa de Deus.

  4. Então, a Ceia dessas denominações “vale”?
    Aqui precisamos fazer a distinção correta:

    O valor do sacrifício de Cristo ninguém tira.
    Todo crente verdadeiro, onde estiver, sabe que Cristo morreu por ele. Ao comer pão e beber vinho, ele lembra dessa morte com sinceridade.

    – Porém, a Ceia do Senhor como ordenança apostólica, celebrada sobre a Mesa do Senhor, só existe quando há assembleia reunida ao nome do Senhor, no padrão revelado.

    Portanto, irmãos nessas denominações não estão celebrando a Ceia do Senhor em sua realidade bíblica, porque:
    – não estão sobre a Mesa do Senhor;
    – não estão congregados ao Seu nome;
    – não há o terreno espiritual da assembleia;
    – não há unidade do corpo expressa;
    – não há disciplina bíblica que protege a Mesa;
    – não há autoridade do Senhor reconhecida no meio.

    Eles praticam a forma, mas não a ordem.
    Lembram-se da morte de Cristo, mas não no contexto que o Senhor determinou para a Sua Casa.

  5. E quanto à culpa?
    Muitos não têm culpa, porque nunca foram ensinados.
    Eles fazem o que aprenderam, com sinceridade. Deus vê o coração.
    Mas isso não muda o fato de que aquilo não é a Ceia do Senhor no padrão bíblico, porque o padrão continua sendo o mesmo, independentemente da ignorância das pessoas.

    Quando alguém recebe luz sobre:
    – assembleia,
    – Mesa do Senhor,
    – Ceia do Senhor,
    – terreno espiritual da comunhão,

    então passa a ter responsabilidade diante do Senhor.

  6. Resposta direta à tua pergunta:
    – Eles não são culpados pela sinceridade em fazer o que lhes foi ensinado.
    – Mas aquela Ceia não é a Ceia do Senhor conforme o padrão bíblico, porque não está sendo celebrada numa assembleia local reconhecida pelo Senhor.
    – Não está sobre a Mesa do Senhor, mas sobre mesas humanas.
    – Deus vê o coração, mas não muda o padrão que Ele estabeleceu.

Portanto, essa distinção é essencial para entender por que a Palavra faz diferença entre “Mesa do Senhor” e qualquer outra mesa, e entre “assembleia” e qualquer reunião religiosa. O Senhor conhece os que são Seus — mas reconhece apenas uma ordem para Sua Casa.

Josué Matos

A "Ceia do Senhor" e a "Mesa do Senhor"

 Alguém que me escreveu no WhatsApp:

Quando nos Evangelhos, Jesus fala: "quem é esse que esta assentado sem vestes celestiais, lançai esse iniquo da Mesa". Ali, o Senhor esta mostrando que hoje não conseguimos proteger 100 % a Mesa do Senhor na Ceia? Ali, aponta que teve um intruso que se assentou na Mesa sendo indigno? Seria isso irmão Josué? Aprecio sua orientação.


Minha Resposta:

Aqui há uma confusão de interpretação: o texto que fala do homem sem vestes apropriadas sendo lançado fora da festa das núpcias do Filho do Rei não tem ligação com a Ceia do Senhor nem com a Mesa do Senhor no sentido de 1 Coríntios 10 e 11. São temas completamente diferentes.

O que o Senhor Jesus ensinou nos Evangelhos — especialmente em Mateus 22 — é uma parábola sobre o Reino, não sobre a Igreja, e muito menos sobre a Mesa do Senhor ou Ceia do Senhor. Vejamos isso com calma.

  1. O contexto é o Reino, não a Igreja.
    O Senhor Jesus disse: “O Reino dos Céus é semelhante a um rei que celebrou bodas para seu filho”. Não é a Ceia do Senhor. Não é reunião da Igreja. É um quadro profético sobre Israel rejeitar o convite e Deus abrir a porta aos gentios. Em parábolas, Ele falava do Reino de forma simbólica, e a Igreja nem sequer estava formada ainda.

  2. A mesa na parábola não é a Mesa do Senhor.
    A Ceia do Senhor e a Mesa do Senhor (mesmo tendo relação são coisas diferentes), só apareceriam como verdades reveladas a Paulo muitos anos depois. Aqui, é apenas uma linguagem figurada, típica das parábolas do Reino. Confundir a mesa da parábola com a “Mesa do Senhor” leva a interpretações equivocadas.

  3. O homem sem vestes fala de salvação, não de disciplina da igreja.
    Na parábola, o homem que entrou sem veste nupcial representa alguém que tentou entrar no Reino sem a justiça de Cristo. A veste nupcial é um símbolo que aparece várias vezes na Palavra — representa a justiça que Deus concede ao que crê.
    Assim, quando o texto diz que ele foi lançado fora, não está mostrando alguém participando da Ceia indignamente, mas sim um falso crente, alguém sem vida nova, exposto no dia do juízo.

  4. Nada disso se aplica ao fato de algumas assembleias não conseguirem impedir totalmente que alguém não salvo se sente participe da Ceia.
    A Ceia do Senhor exige discernimento, exame próprio, disciplina e cuidado — isso é 1 Coríntios 11.
    A Mesa do Senhor exige separação moral e doutrinária — isso é 1 Coríntios 10.
    Porém, nenhum desses temas aparece na parábola. Na parábola não há Igreja, não há Ceia, não há Mesa — há Reino e há juízo profético.

  5. A disciplina da igreja não é perfeita porque somos humanos.
    Sim, é verdade que a assembleia não consegue “proteger 100%” quem é recebido na comunhão da igreja.
    Mas isso não tem nada a ver com a parábola.
    Na prática, pessoas podem enganar os irmãos por um tempo, mas jamais enganam o Senhor, que cuida da Sua Casa.
    Aquilo que a assembleia não consegue ver, o Senhor vê.
    Entretanto, isso não é o ensino de Mateus 22 — é o princípio de 2 Timóteo 2:19:
    “O Senhor conhece os que são seus”.

Portanto, aquela passagem não trata de alguém sentando na Ceia do Senhor indignamente, mas de alguém tentando entrar no Reino sem a justiça de Deus — e sendo julgado por isso.

Se misturarmos Reino, IgrejaMesa do Senhor e Ceia do Senhor, perdemos a distinção que a própria Escritura faz. Cada tema aparece em contextos e épocas diferentes, com objetivos diferentes, e deve ser interpretado com a chave correta.

Estou aqui para ajudar sempre que precisar.

Josué Matos

Como posso diferenciar o ensino de Romanos do ensino de Gálatas?

 Alguém que me escreveu no WhatsApp:

Como posso diferenciar o ensino de Romanos do ensino de Gálatas? Ao ler Gálatas, fiquei com a impressão de que a graça está acima da lei e que Deus terá misericórdia de quem não estiver totalmente alinhado com a lei. Isso significa que essa pessoa será salva?

Minha Resposta:

A tua pergunta é muito importante, porque Romanos 2 e Gálatas 2 tratam de assuntos diferentes, embora ambos falem de lei, fé e justificação. Quando esses dois capítulos são confundidos, surgem conclusões que a Bíblia não ensina.

Para entender, precisamos considerar a quem cada texto se dirige e com que propósito foi escrito.

  1. Em Romanos 2, o apóstolo Paulo está demonstrando que o judeu, que possuía a Lei de Moisés, não era melhor do que o gentio, e que o simples fato de possuir a lei não produzia justiça diante de Deus.
    Quando Paulo diz que “os que praticam a lei hão de ser justificados”, ele está a tratar de um princípio:
    Se alguém cumprisse perfeitamente a lei, seria justificado.
    Mas a própria Bíblia afirma que ninguém jamais conseguiu isso.
    Por isso Romanos 3 esclarece:
    “Não há justo, nem um sequer… porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” (Romanos 3:10,20)

    Ou seja: em Romanos 2, Paulo não está mostrando como alguém é salvo, mas mostrando que todos são culpados — judeus e gentios — e que ninguém alcança a vida eterna por obras da lei.

  2. Em Gálatas 2, Paulo trata da justificação na prática, mostrando como ela realmente ocorre:
    “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo…” (Gálatas 2:16)

    Aqui, Paulo não fala de um princípio hipotético, mas do método divino de salvação.
    A lei mostra o pecado; Cristo tira o pecado.
    A lei condena; a graça salva.
    Por isso Paulo declara que, se a justiça pudesse vir pela lei, “Cristo morreu inutilmente” (Gálatas 2:21).

Assim, os dois textos não se contradizem.
Romanos 2 expõe o padrão da justiça (que ninguém atinge).
Gálatas 2 revela o meio da justificação (Cristo, e somente Cristo).

  1. Sobre a tua pergunta:
    “A graça sobrepõe a lei e Deus terá misericórdia de quem não estiver 100% alinhado com a lei — seria isso para ser salvo?”

    A resposta bíblica é clara:
    A salvação não depende de estar alinhado com a lei, porque isso é impossível ao ser humano.
    A salvação depende da obra consumada de Cristo.
    É por isso que Paulo escreve:

    “Fui crucificado com Cristo… vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” (Gálatas 2:20)

    A misericórdia de Deus não é uma tolerância com a desobediência, mas o ato pelo qual Ele oferece um Salvador para um homem incapaz de obedecer perfeitamente.
    A misericórdia não substitui a justiça — ela atua por meio da cruz, onde a justiça foi plenamente satisfeita e a graça plenamente oferecida.

  2. Conclusão:
    O homem não é salvo porque tenta cumprir a lei, nem porque está “mais ou menos alinhado” com ela.
    O homem é salvo porque deposita sua fé pessoal no Senhor Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou.
    A lei mostra o pecador; a graça mostra o Salvador.
    A lei exige perfeição; a graça oferece perdão.
    A lei revela a condenação; a graça oferece a libertação.

Portanto, para ser salvo, não é necessário alcançar um nível de obediência à lei — é necessário crer no Filho de Deus.

“Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo.” (Atos dos Apóstolos 16:31)

Josué Matos

Quando o divórcio é justificado biblicamente?

 Alguém que me escreveu no YouTube:

Todos sabem o papel do marido no casamento, porém tudo muda quando, ao invés de amar a esposa, o marido quer abusar, machucar, e até matar. Já nem é mais casamento e o divórcio é justificado e necessário muitas vezes para salvar uma vida. Casamento é tão santo quanto o divórcio.

Minha Resposta:

Compreendo o seu ponto, mas é necessário trazer clareza bíblica a essa questão. A Palavra de Deus ensina que o casamento é uma instituição divina, criada pelo próprio Deus antes de qualquer sistema humano. Ele é chamado de “uma só carne” em Génesis 2:24 — é Deus quem une, e por isso o casamento é santo.

Porém, o divórcio não é santo, nem foi instituído por Deus. Ele surgiu por causa do pecado humano e foi regulamentado por Moisés por causa da “dureza do coração” (Mateus 19:8). Ou seja, o divórcio é um instrumento humano, civil, que existe porque o homem pecou — jamais porque Deus o desejou ou estabeleceu como algo equivalente ao casamento.

Quando existe abuso — seja cometido pelo marido ou pela esposa — isso não representa o casamento como Deus o instituiu. Abuso, violência, manipulação, humilhação e ameaça não fazem parte da aliança divina, mas do pecado de quem violou essa aliança.

Porém, é muito importante afirmar:

• A Bíblia não autoriza o divórcio como solução espiritual.
• A Bíblia reconhece que, em casos graves, pode haver separação de corpos, ou seja, deixar de viver sob o mesmo teto quando há perigo, violência, opressão ou risco.
• Mas separação não é divórcio. Não dissolve o casamento diante de Deus. Não cria espaço para novo casamento. Não redefine a aliança que Deus estabeleceu.
• É uma medida de proteção — não uma autorização bíblica para desfazer o que Deus uniu.

Paulo trata disso quando fala que, havendo circunstâncias extremas, a pessoa pode “se apartar”, mas continua casada diante de Deus (1 Coríntios 7:10-11). A ordem é clara: se separar, permaneça sem casar. Por quê? Porque o casamento continua existindo diante do Senhor.

Portanto:

• O casamento é santo.
• O abuso é pecado.
• A separação pode ser necessária para salvar a vida ou preservar a dignidade — e isto é responsabilidade e prudência.
• Mas chamar o divórcio de santo é impossível biblicamente. Ele é um ato civil, criado pelo homem, sem qualquer autoridade para desfazer aquilo que Deus uniu.

O que realmente deve ser dito é:
Em um casamento onde existe abuso, a pessoa precisa afastar-se do agressor para se proteger. Mas isso não muda o fato de que o divórcio não tem origem divina, não possui respaldo bíblico como solução espiritual, e não redefine o plano de Deus para o casamento.

Que o Senhor dê sabedoria e proteção a quem enfrenta uma situação tão dolorosa, e que conceda arrependimento àquele que se tornou agressor, pois ele é quem quebrou a aliança — e não o casamento, que permanece santo porque foi Deus quem o instituiu.


Quando o Senhor Jesus respondeu aos fariseus em Mateus 19:8, Ele explicou claramente em que contexto Moisés “permitiu” o divórcio:

“Moisés, por causa da dureza do vosso coração, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim.”

Ou seja, a chamada “permissão” de Moisés não foi um aval espiritual, nem uma aprovação divina ao divórcio. Foi apenas uma regulamentação civil, temporária, dada a um povo endurecido, para evitar que homens tratassem suas esposas com ainda mais violência e injustiça.

Para ficar bem claro:

  1. A situação em que Moisés permitiu o divórcio foi a dureza de coração do povo de Israel.
    O povo rejeitava o padrão de Deus, era rebelde, e já estava praticando divórcios de maneira cruel, arbitrária e irresponsável.
    Moisés não criou o divórcio — o povo já o praticava por causa da sua corrupção.

  2. A “permissão” foi uma concessão legal, não moral, para limitar danos.
    O repúdio acontecia de qualquer maneira; a lei apenas exigiu que o homem desse uma “carta de divórcio” (Deuteronômio 24:1), o que impedia expulsões injustas, abandono sem registro e outros abusos.

  3. Moisés não autorizou o divórcio como algo santo, mas como medida de contenção social entre um povo que insistia no pecado.

  4. Jesus anulou essa suposta permissão, restaurando o padrão original de Deus:
    “Ao princípio não foi assim”
    Gênesis 2:24 é a verdadeira Lei do casamento.

Portanto:

Moisés permitiu o divórcio somente por causa da dureza do coração humano, como um ato civil para frear injustiças — não como aprovação moral, espiritual ou divina.


O divórcio foi tolerado temporariamente como remédio para um mal maior, mas nunca fez parte do plano de Deus para o casamento.

O “divórcio” mencionado por Moisés em Deuteronômio 24:1 não era para casamentos plenamente consumados, mas para casos de DESPOSADAS — mulheres já legalmente comprometidas, mas cujo casamento ainda não havia sido finalmente estabelecido na convivência.

Aqui está a explicação bíblica e histórica:

  1. No costume judaico, a desposada já era considerada “esposa” legalmente, mesmo antes da união plena. Por isso Mateus usa a palavra “marido” para José enquanto ele só estava desposado com Maria.
    (Mateus 1:18-19)

  2. Como o noivado judaico era um contrato jurídico, romper esse compromisso exigia um documento formal — a carta de repúdio mencionada em Deuteronômio 24:1.

  3. O problema tratado por Moisés é exatamente este:
    um homem encontrava algo reprovável na mulher DESPOSADA, antes da consumação, e queria desfazer o compromisso.
    Para evitar que ele a expulsasse injustamente, Moisés ordenou a carta escrita — proteção legal, não aprovação moral.

  4. O texto não trata do casamento consumado.
    Quando o casamento já estava estabelecido como “uma só carne”, não existe em toda a Lei de Moisés qualquer autorização para dissolução.

  5. Foi por isso que o Senhor Jesus, ao explicar esse assunto, disse que aquela “permissão” foi dada por causa da dureza do coração, e não porque Deus alguma vez tenha permitido desfazer uma união consumada (Mateus 19:8).

Portanto:

A carta de divórcio de Deuteronômio 24 se refere a desposadas, não a casamentos completos.
Nunca houve permissão divina para dissolver uma união plenamente consumada, pois esta é “uma só carne”, obra direta de Deus.
• O que Moisés regulamentou foi apenas a forma de romper um compromisso prévio, que o povo já estava quebrando de modo injusto.

Assim, o divórcio na Lei não tem nada a ver com casamento consumado — tem a ver com o período do desposório, onde ainda não havia vida conjugal estabelecida.


Mas, o "Desposório" seria o nosso "Noivado" hoje?

A melhor maneira de responder é voltando ao próprio texto bíblico, onde encontramos claramente a estrutura do casamento judaico e o sentido da palavra desposada.

  1. Sim, “desposada” significa noiva — mas no contexto judaico, “noiva juridicamente casada”.
    O desposório entre os judeus não era apenas um compromisso informal. Era um pacto público, juridicamente válido, que só poderia ser rompido por divórcio. Por isso, a moça desposada já era considerada “mulher” do noivo, embora a consumação do casamento ainda não tivesse ocorrido.

  2. A base segura para entender esse assunto está nas Escrituras, principalmente em Deuteronômio 22, onde todo o contexto explica a diferença entre uma moça solteira e uma moça desposada. O ensinamento presente ali mostra que:

    • Se um homem difamasse uma virgem com quem havia casado, mas ainda não consumado, havia um processo formal.
    • Se um homem se deitasse com uma virgem desposada, era tratado como adultério, e não como fornicação. Isso mostra que a moça desposada já era legalmente esposa, embora ainda não estivesse vivendo com o marido.

  3. O Novo Testamento confirma esse entendimento.
    Quando Maria foi chamada de desposada de José (Evangelho segundo Mateus 1.18-19), a Escritura diz que José, “não querendo infamá-la, intentou deixá-la secretamente”. Isso só seria possível porque o desposório já era um vínculo matrimonial que exigia rompimento formal.

  4. Quanto à ideia de usar tradições rabínicas ou judaísmo messiânico como base doutrinária:
    As Escrituras são suficientes. A cultura judaica pode ajudar a ilustrar, mas a base doutrinária deve sempre ser o texto bíblico inspirado. E sobre o desposório, a Bíblia já fornece luz suficiente — especialmente em Deuteronômio 22 e nos relatos do nascimento do Senhor Jesus.

Portanto, a resposta direta é:

Sim, “desposada” significa noiva — mas no sentido judaico de alguém já unida ao noivo por pacto matrimonial, ainda não consumado, mas juridicamente válido. E a fonte segura para esse entendimento é a própria Escritura, especialmente Deuteronômio 22.

Josué Matos