Alguém que me escreveu depois de assistir a este meu vídeo: Os primeiros cristãos eram Pentecostais?
Ele disse-me: O Sr. é Cessacionista? Os primeiros cristãos profetizavam, falavam em línguas (1 Coríntios 14)
Minha Resposta:
A sua pergunta é muito boa, mas antes de rotular alguém como “Cessacionista” ou “continuísta”, é importante olhar para aquilo que as Escrituras realmente ensinam. A questão não é o que eu sou, mas o que a Bíblia revela sobre como Deus operou no início da era apostólica e como Ele opera hoje.
Os primeiros cristãos realmente profetizavam, falavam em línguas e exerciam vários sinais, conforme vemos em 1 Coríntios 12–14 e no livro de Atos. Mas há um ponto fundamental: esses sinais tinham um propósito específico — confirmar a mensagem apostólica em um período de revelação, quando o Novo Testamento ainda estava a ser escrito. O próprio apóstolo Paulo descreve esse contexto: “Os judeus pedem sinal” (1 Coríntios 1:22), e esses sinais eram “testemunho” da Palavra anunciada (Hebreus 2:3-4).
Quando chegamos ao final do período apostólico, já vemos uma mudança clara no Novo Testamento. Os dons extraordinários cessam de ser mencionados nas epístolas mais tardias, e o que passa a ser enfatizado é a suficiência das Escrituras, que tornam “o homem de Deus perfeito e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Timóteo 3:16-17). Na Bíblia, quando a revelação de Deus se completa, o foco deixa de ser sinais e passa a ser o ensino, a santidade e a edificação pela Palavra.
Sobre 1 Coríntios 14: o capítulo fala da forma como aqueles dons deviam ser regulados na época em que existiam, não da promessa de que permaneceriam até hoje. Se fosse assim, veríamos o uso bíblico das línguas — sempre idiomas humanos, sempre interpretadas, nunca aprendidas por treino, nunca usadas como “experiência privada” (1 Coríntios 14:27-28). O que se vê no movimento moderno não corresponde ao padrão apostólico.
Além disso, Paulo deixa claro que esses dons eram sinais temporários: “havendo línguas, cessarão” (1 Coríntios 13:8). Ele não diz quando, mas o próprio fluir do Novo Testamento mostra que cessaram com o término da revelação e do ministério apostólico — exatamente como ocorreu no Antigo Testamento, onde sinais apareceram em períodos específicos e não continuamente.
Portanto, sim, os primeiros cristãos falaram em línguas e profetizaram — isto é indiscutível. Mas isso não significa que esses sinais foram dados como norma permanente para a igreja ao longo dos séculos. A pergunta importante é: o que a Bíblia diz que é para hoje? E para hoje ela aponta para a Palavra concluída, a ação constante do Espírito Santo na santificação e o testemunho do evangelho pregado, não para a continuação dos sinais apostólicos.
O centro da fé cristã nunca foram os dons, mas Cristo crucificado, ressurreto e suficiente.
Se quiser dialogar mais profundamente sobre o tema à luz das Escrituras, estou à disposição.