Alguém que me escreveu no YouTube:
Deus é quem sabe tudo, talvez ele dê para todos uma chance ou na minha opinião para quem não teve oportunidade, tem pessoas que viveram muito tiveram experiências e tempo para aceita-lo, mas sinto pelos jovens adolescentes que estão conhecendo o mundo e Deus e precisam de tempo como eu e meu irmão precisávamos na época pois eu me batizei com treze anos mas eu só sabia quem era Jesus não tinha tanto conhecido experiência e me afastei nunca de Jesus e sim da igreja, precisei de alguns anos vendo que pessoas e coisas não me eram suficientes , se eu tivesse partido jovem batizada e em pecado eu não teria salvação mas tive depois, prós adolescentes mortos e vivos Deus deve deixar Los na grande tribulação para ver se eles passam se não passaram na prova enquanto vivos.
Minha Resposta:
Agradeço pela sua sinceridade e pelo cuidado em refletir sobre um tema tão sério. A sua mensagem revela sensibilidade, experiência pessoal e um desejo genuíno de compreender a justiça e a graça de Deus. É importante responder com equilíbrio, deixando que a própria Escritura seja a base, e não apenas sentimentos, hipóteses ou experiências individuais.
Em primeiro lugar, a Bíblia é clara ao afirmar que Deus é justo, santo e perfeito em todos os Seus caminhos. “Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e santo em todas as suas obras” (Salmos 145:17). Isso significa que Ele nunca julga de forma precipitada, arbitrária ou injusta. Ao mesmo tempo, a Escritura afirma que Deus é misericordioso, paciente e longânimo, “não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se” (2 Pedro 3:9).
Contudo, a Palavra de Deus nunca ensina que exista uma “segunda oportunidade” após a morte. Pelo contrário, lemos de forma muito direta: “Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hebreus 9:27). O tempo da decisão é nesta vida, e não após ela. É aqui, enquanto há consciência, oportunidade e chamado da graça, que o ser humano responde ao evangelho.
A sua experiência pessoal ilustra algo muito importante: o fato de alguém ter sido batizado cedo, frequentado uma igreja ou conhecido externamente o nome do Senhor Jesus não significa, necessariamente, que essa pessoa tenha experimentado a salvação genuína. O novo nascimento não é um processo automático nem hereditário; é uma obra de Deus no coração daquele que crê de forma pessoal e consciente. O próprio Senhor Jesus afirmou: “Necessário vos é nascer de novo” (Evangelho de João 3:7). Esse novo nascimento está ligado à fé viva, e não apenas a uma fase da vida ou a um rito religioso.
É igualmente importante distinguir afastar-se da igreja de afastar-se de Cristo. Muitas pessoas, especialmente jovens, afastam-se do ambiente religioso, mas isso não significa que já tenham tido uma conversão verdadeira antes. A Escritura mostra que há aqueles que “saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco” (1 João 2:19). Isso não é para condenar, mas para esclarecer que a perseverança na fé é fruto de uma obra real de Deus no coração.
Quanto à preocupação com jovens e adolescentes que morrem cedo, a Bíblia não nos dá detalhes completos sobre todos os casos individuais, mas dá princípios claros. Deus julga com perfeita justiça e pleno conhecimento. Ele conhece o coração, a luz recebida, a responsabilidade individual e a resposta de cada um à verdade. “Porque o Senhor vê como vê o homem; pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração” (1 Samuel 16:7).
No entanto, a ideia de que jovens que morreram sem Cristo seriam deixados na grande tribulação para uma nova prova não encontra apoio direto nas Escrituras. A grande tribulação é apresentada como um período de juízo sobre o mundo incrédulo e rebelde, não como uma segunda chance universal. Jesus advertiu repetidas vezes sobre a urgência da decisão agora: “Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação” (2 Coríntios 6:2).
Além disso, a salvação nunca é resultado de passar por provas extremas ou sofrimentos futuros, mas unicamente da obra consumada de Cristo na cruz. “Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Coríntios 15:3). Acrescentar qualquer outro meio ou etapa como condição final da salvação enfraquece a suficiência da obra de Cristo.
A sua preocupação com justiça, misericórdia e tempo para amadurecimento é compreensível e humana. Contudo, a Bíblia nos conduz a confiar plenamente no caráter de Deus, mesmo quando não temos todas as respostas. “Porventura não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gênesis 18:25). Podemos descansar sabendo que Deus nunca errará em nenhum julgamento, nem será mais severo ou mais permissivo do que a Sua própria Palavra permite.
Por fim, esta reflexão deve levar-nos não à especulação sobre o destino dos outros, mas à urgência do testemunho e do ensino claro do evangelho aos jovens, adolescentes e crianças. “Instrui o menino no caminho em que deve andar” (Provérbios 22:6). E também à responsabilidade pessoal de cada um responder hoje ao chamado de Deus: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações” (Hebreus 3:15).
Que estas verdades nos conduzam à confiança na justiça perfeita de Deus, à valorização da graça presente e à fidelidade em anunciar o evangelho enquanto é tempo.
Josué Matos