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É errado ter decoração de Natal em casa?

 Alguém que me escreveu no WhatsApp:

Irmão, é errado ter decoração de Natal em casa? Poderia enviar uma pregação sobre isto? Obrigado!

Minha Resposta:

Agradeço a sua pergunta, porque ela surge todos os anos e gera confusão em muitos lares cristãos. A questão não é nova, mas precisa ser tratada biblicamente, com calma e clareza, sem impor mandamentos humanos onde a Escritura não coloca.

A primeira coisa a dizer é: a Bíblia não diz, em nenhum lugar, que colocar decoração de Natal em casa é pecado. Não existe mandamento proibindo árvores, luzes, grinaldas ou qualquer enfeite que, na prática, é apenas decoração sazonal. O que a Bíblia condena é a idolatria — isto sim — quando um objeto recebe honra religiosa, devoção, adoração ou confiança espiritual.

O problema, portanto, não está no objeto, mas no uso e no significado dado a ele.

Quando o Senhor condenou Israel por fazer ídolos de madeira, não estava a falar de “árvores decorativas”, mas de estátuas para culto, diante das quais o povo se prostrava e buscava proteção. Em passagem alguma da Escritura vemos uma árvore enfeitada sendo tratada como ídolo, exceto quando ela era transformada em imagem, o que não é o caso de simples decorações domésticas.

Devemos lembrar também que o Natal não tem origem num mandamento bíblico, nem foi instituído pela igreja primitiva. É uma data cultural em que muitos, por tradição, lembram o nascimento do Senhor Jesus. Não há pecado em lembrar o Seu nascimento; pecado haveria em adorarmos a data, ou nos prendermos a tradições humanas como se fossem mandamentos divinos.

O ponto essencial é este: o cristão não adora símbolos. Adora a Cristo.

Se a pessoa coloca uma decoração apenas como “enfeite”, sem nenhum sentido religioso errado, ela não está pecando. Mas, se a consciência dela fica acusada, então não deve fazê-lo, pois “tudo o que não é de fé é pecado” (Romanos 14:23).

Por isso, Paulo ensinou que há assuntos em que Deus deixou espaço para discernimento pessoal, e que cada um deve agir com convicção diante Dele, sem impor fardos sobre os outros. O que não podemos fazer é transformar preferências pessoais em doutrina bíblica.

Quanto ao pedido de uma pregação, deixo-lhe um resumo claro do ensino bíblico que costumo apresentar sobre o tema:

— A idolatria está no coração, não no objeto. O problema não é madeira, vidro ou luzes, mas quando algo toma o lugar que pertence somente ao Senhor.

— A liberdade cristã não é licença para pecar, mas é liberdade de consciência diante de coisas que a Bíblia não proibiu.

— O cristão deve fazer tudo “para glória de Deus” (1 Coríntios 10:31). Se a decoração não é motivo de tropeço, e a consciência está tranquila, não há condenação.

— Ninguém deve julgar o servo alheio em assuntos que Deus não determinou (Romanos 14:4).

— Mais importante do que decorar a casa é guardar o coração, manter o testemunho e viver em santidade.

Portanto, irmão, não considere pecado aquilo que a Palavra de Deus não chama de pecado. E não permita que tradições humanas lhe roubem a simplicidade de Cristo. O que o Senhor procura é obediência, separação do mal e um coração puro que O adore em espírito e em verdade.

Mas o Natal não tem origem pagã?

Bem, essa é uma pergunta importante, e muitos crentes sinceros ficam perturbados por causa dela. Vamos tratá-la com equilíbrio bíblico.

É verdade que várias datas, costumes e práticas ao longo da história sofreram influência de culturas pagãs — mas esse fato, por si só, não transforma automaticamente tudo em pecado, nem significa que o cristão esteja praticando paganismo ao participar de algo que, hoje, tem outro significado.

A Bíblia mostra que Deus não condena um objeto ou um costume apenas pela sua origem remota, mas pelo uso presente, pela intenção do coração e pelo significado que lhe é atribuído.

1. Quando Israel tomou posse da terra, muitas terras antes eram usadas para idolatria. Deus não proibiu que eles morassem nelas; proibiu, sim, que adotassem os costumes idólatras.

2. A moeda usada no tempo do Senhor Jesus tinha a imagem de César, um imperador idólatra e adorado como deus, e ainda assim o Senhor disse: “Dai a César o que é de César” (Mateus 22:21). O objeto não era o problema.

3. O apóstolo Paulo ensinou que carnes vendidas nos mercados eram sacrificadas a ídolos — o que é origem pagã — e, mesmo assim, o cristão podia comer com liberdade se não estivesse participando de idolatria (1 Coríntios 8 e 10).

O princípio é claro: origem não define pecado — uso atual sim.

Quanto ao Natal:

— Não foi instituído pela Bíblia.

— Não é mandamento.

— Não é cerimônia religiosa imposta ao crente.

— Não guarda, hoje, ligação necessária com idolatria.

Sim, historicamente houve festividades pagãs em dezembro. Isso é um facto conhecido. Mas a questão é: o cristão hoje está a participar dessas antigas práticas idólatras? A resposta é: não.

A data tornou-se uma tradição cultural em que muitos lembram o nascimento do Senhor Jesus. Não adoram árvores, não oferecem sacrifícios, não se prostram a símbolos. Não há culto pagão envolvido.

E Paulo ensina que, se algo não envolve idolatria real, o cristão é livre para participar — desde que sua consciência esteja tranquila diante do Senhor.

O perigo maior, na verdade, não está na árvore, nas luzes ou na data, mas em dois extremos:

1. Transformar o Natal num ritual religioso obrigatório, quando a Bíblia nunca exigiu isso.

2. Tratar como pecado aquilo que Deus não chamou de pecado, impondo fardos que a Escritura não coloca.

Se uma família quiser apenas reunir-se, agradecer a Deus, lembrar do nascimento de Cristo e demonstrar amor uns aos outros, não há contaminação nisso.

CONCLUSÃO BÍBLICA

— A comemoração natalina não é um mandamento da Palavra.

— A sua origem histórica não define o uso atual.

— O cristão deve evitar idolatria, e não decorações domésticas.

— Cada um deve agir com convicção diante de Deus (Romanos 14).

— O centro não é a data, mas o Senhor Jesus.

Josué Matos