Bem-vindo à “Transformação Divina”, um devocional
projetado para crentes que já alcançaram maturidade espiritual ou que desejam
crescer profundamente no conhecimento e na graça de Deus. Este livro não é
apenas um conjunto de reflexões diárias, mas um convite para uma jornada
transformadora, onde cada mensagem é cuidadosamente elaborada para impactar e
edificar a vida espiritual do leitor.
Ao longo destas páginas, você será conduzido
por temas que exploram a riqueza insondável da graça divina em seus diversos
aspectos. O plano de Deus é desvendado em suas múltiplas dispensações,
revelando Sua sabedoria e paciência no trato com a humanidade. A Igreja como
Corpo de Cristo é destacada, assim como as igrejas locais, seu funcionamento e
a importância de sua liderança. Você será convidado a refletir sobre a
continuidade da obra do Senhor Jesus, claramente manifesta no livro de Atos dos
Apóstolos, e sobre as verdades proféticas que apontam para o arrebatamento da
Igreja, o milênio e o estado eterno.
Este devocional não apenas inspira, mas
também ensina. É um alimento sólido para a alma, enriquecendo o leitor com uma compreensão
doutrinária profunda e edificante. Cada dia traz uma mensagem que será difícil
de esquecer, marcando o coração com clareza e profundidade.
Prepare-se para ser edificado e saturado com
verdades bíblicas que transformarão sua perspectiva espiritual e fortalecerão
sua fé. Que este livro seja uma ferramenta nas mãos de Deus para moldar sua
vida à imagem de Cristo e para aprofundar sua comunhão com o Pai celestial.
Agradecimentos:
Seria impossível mencionar aqui a grande
quantidade de irmãos, pregadores e missionários, dos quais tenho retirado
observações sobre esses assuntos maravilhosos através dos anos. Porém, faço
aqui referência a alguns deles: Ronaldo Watterson, William J. Watterson, Henry
M. Wilson, Thomas Matthews, Samuel Crawford, Lindsay Carswell, Carlos Adeni da
Silva, John McCann.
Nas palavras do apóstolo Paulo, nenhum autor
deve dizer: “Porventura saiu dentre vós a palavra de Deus? Ou veio ela somente
para vós?” (1 Coríntios 14.36).
Podemos apenas dar toda a glória ao Senhor Jesus
Cristo, que traz entendimento, revelação e iluminação para os seus servos fiéis
através do ministério do Espírito Santo, cuja tarefa é tornar real a Palavra do
Senhor em nossos corações e vidas.
Josué Matos
1 de Janeiro
“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Na verdade, na verdade te digo
que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de
Deus.” (João 3:3,5)
Melhor do que um ano novo, é uma vida nova. E isto é
possível e necessário a todo ser humano que vem ao mundo. A necessidade do novo
nascimento se dá pelo fato de que o nosso primeiro nascimento natural está
estragado pelo pecado; e é possível nascer de novo porque Cristo morreu na
cruz. O primeiro nascimento nos coloca em contato com este mundo físico e
natural, mas o novo nascimento nos coloca em contato imediato com Deus e as
coisas espirituais. Quando o Senhor Jesus falou sobre o novo nascimento com
Nicodemos, mesmo sendo ele um homem que conhecia as Escrituras do Antigo
Testamento e era um ensinador na sua religião, ele não entendeu o assunto.
Nesta altura, o Senhor começou a explicar que esta obra é uma ação do Espírito
Santo no espírito humano que está em trevas por causa do pecado.
O Senhor disse a Nicodemos que no novo nascimento há,
de fato, a comunicação de uma nova vida: “O que é nascido da carne é carne, e o
que é nascido do Espírito é espírito” (João 3:6), logo, não é carne. Tem a ação
e a natureza do Espírito Santo. Mas note-se que a Palavra de Deus não diz: é
Espírito. Se o dissesse, seria como que uma encarnação do Espírito de Deus. Mas
diz: é espírito. Esta nova vida é espírito. Partilha, portanto, da natureza
d’Aquele que dela é a origem. Sem esta nova vida espiritual, o homem não pode
entrar no Reino de Deus. Mas isto não é tudo.
Tratando-se dos Céus, outra coisa ainda era precisa,
além de se ser nascido de novo. O pecado existia — e devia ser inteiramente
banido para todo aquele que tivesse a vida eterna. E se Jesus, vindo do Céu,
havia descido a fim de ser o meio indispensável, certo e seguro para outros
participarem dessa nova vida, devia também encarregar-Se da tarefa da salvação
deles, tirando o pecado do mundo (João 1:29) — e sendo assim feito pecado por
nós (2 Coríntios 5:21) — a fim de que a desonra feita a Deus fosse lavada, e a
verdade do Seu caráter, sem a qual nada pode haver de seguro, de bom e de
justo, fosse mantida.
Era necessário que o Filho do Homem fosse levantado na
cruz, como a serpente o tinha sido no deserto (Números 21), para que a maldição
que pesava sobre o povo fosse retirada. O homem, tal como ele era aqui, na
Terra, mostrava-se, pela rejeição do testemunho divino do Salvador, incapaz de
receber a bênção do Alto. Por isso tinha de ser remido. O seu pecado devia ser
expiado, retirado, e ele mesmo tratado de acordo com a verdade do seu estado e
o caráter de Deus, que não poderia renegar-Se a Si próprio. Assim, Cristo tomou
o lugar do homem, em graça.
O novo nascimento é uma obra do Espírito Santo no pecador,
sem que Ele anule a faculdade e a responsabilidade daquele pecador de crer no
Senhor Jesus como seu Salvador pessoal. “Aquele que crê no Filho tem a vida
eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus
sobre ele permanece” (João 3:36).
Li um artigo em que o
autor procura destacar a forma discreta como Deus opera o maior milagre de
todos, o novo nascimento: “Agora, a maravilha da conversão é que, enquanto tudo
é sobrenatural (pois o novo nascimento é obra do Espírito Santo), tudo é também
natural. Talvez alguém espere um derramar milagroso de poder celestial e
glória, imaginando que a fé vá descer, como um anjo do céu, e inundar a alma
humana, e a esperança vá surgir como uma estrela nova no Céu. Mas não é assim.
Se é verdade que a obra do Espírito vai além do que é natural, também é verdade
que ela não vai contra o que é natural. Ele não anula nenhuma faculdade do ser
humano, nem interrompe qualquer processo mental. Ele não age contra nenhuma
parte da nossa estrutura moral, nem cria qualquer novo órgão de pensamento ou
sentimento. A Sua função é consertar tudo que há dentro de você, de sorte que
você nunca se sentirá tão calmo, tão verdadeiro, tão real, tão perfeitamente
natural, tão “você”, como quando Ele tomar posse de você em cada parte, e
encher seu ser inteiro com a Sua alegria celestial. Você nunca se sentirá tão
perfeitamente livre — sem restrições e sem formalismo — em cada aspecto, como
quando Ele levar “cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” (2
Coríntios 10:5).”
1 de Setembro
“Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer,
esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas
o tal será salvo, todavia como pelo fogo.” (1 Coríntios 3:14,15)
Dificilmente escapará um crente cuja obra será aprovada
100%. Em maior ou menor medida, sofreremos prejuízo por não termos usado o
material correto.
Nos versículos anteriores ao do nosso texto, Paulo diz
que temos as possibilidades de edificar com ouro, prata e pedras preciosas, que
são materiais à prova de fogo. No entanto, ele fala de madeira, palha e feno,
materiais que não resistem ao fogo e não terão proveito nenhum para o crente
que os usar.
Se eu contribuo na igreja local com coisas que não
trazem proveito nenhum, aquilo será como palha no fogo e será, no Tribunal de
Cristo, um prejuízo para aquele crente. Ele não receberá galardão por aquele
trabalho, escapando somente ele para o céu. O que está em jogo aqui não é a
salvação do crente, mas a obra que ele fez para o seu Senhor. O galardão que
poderia ter ganho, se tivesse usado os materiais indicados pelo Senhor, foi
perdido.
Podemos ver o exemplo disso em 2 João 1:8: “Olhai por
vós mesmos, para não perdermos o que temos ganho, antes recebamos o inteiro
galardão”. Note que João usa a palavra “nós” quando diz: “não percamos”, porque
ele entendia que havia a possibilidade de uma diminuição no galardão se
houvesse contaminação com estes falsos; não só para a senhora eleita e os
filhos, mas para João mesmo. “Tomem cuidado com vocês mesmos para que não
percam o trabalho que já fizemos, mas recebamos a recompensa completa”.
Será que existe a possibilidade de o crente ficar
envergonhado diante do Senhor Jesus no Tribunal de Cristo? Este dia deve ser
temido por nós agora?
Esta pergunta tem como base o que o apóstolo João disse: “E agora, filhinhos,
permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não
sejamos confundidos por ele na sua vinda” (1 João 2:28). É bom saber que as
palavras usadas na Bíblia querem dizer o que dizem. Se temos alguma dificuldade
de explicar, o problema é nosso, não é da Palavra de Deus. Portanto, o que João
está dizendo é que poderá haver, no Tribunal de Cristo, um elemento de remorso,
vergonha, para o crente que não serviu bem ao seu Senhor no mundo.
Não devemos pensar que é “só alegria” no céu, porque
deve haver horas em que Deus fica entristecido e o crente, diante do Tribunal
de Cristo, vendo o seu Senhor entristecido devido às suas ações que não
condizem, deve reconhecer essa possibilidade e sentir vergonha diante dEle.
“Sim, meus filhinhos, continuem unidos com Cristo, para podermos estar cheios
de coragem no dia em que ele vier. Assim, não precisaremos ficar com vergonha e
nos escondermos dele naquele dia”. Todos os salvos devem trabalhar hoje, tendo
em vista este dia, o Tribunal de Cristo, para ser aprovado ao máximo possível.
O apóstolo Paulo, no fim da sua carreira, olhando para
trás na sua vida de serviço a Cristo, não transmite remorso nem incerteza sobre
o seu galardão que receberá no Tribunal de Cristo. “Combati o bom combate,
acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está
guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a
mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2 Timóteo 4:7,8).
Em Apocalipse 22:10-12, vemos que o Senhor há de
recompensar os crentes no Tribunal de Cristo, até mesmo por sua vida fiel,
santa e justa no seu dia a dia. Portanto, um irmão ou irmã que nunca subiu a
uma plataforma para pregar receberá galardão pelo seu bom porte em Cristo; pelo
seu testemunho fiel na igreja, na família, no trabalho, entre seus familiares,
vizinhos e amigos. “Eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar
a cada um segundo a sua obra” (Apocalipse 22:12). O “meu galardão está comigo”
é uma maneira de indicar que a Sua vinda é a hora da avaliação das obras dos
crentes, e também Ele está transmitindo: “Olha, sei das lutas aí em baixo, mas
continue, porque Eu, vindo, será uma das primeiras coisas, a recompensa pelo
trabalho feito”. “Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos
céus” (Mateus 5:12).
O Novo Testamento fala de algumas coroas que os crentes
receberão no Tribunal de Cristo:
1. A coroa da justiça
para aqueles que amam a vinda do Senhor Jesus (2 Timóteo 4:7). É aquele crente
que não se conforma e não se associa com este mundo, porque ama a vinda do
Senhor Jesus.
2. A coroa da vida,
que é a coroa do mártir (Apocalipse 2:10). Aqui a questão é que o Senhor está
dizendo: “Não se preocupe em abrir mão da tua vida, se a causa for por mim,
porque a vida eterna, na abundância de que tu vais provar, vai te indenizar
totalmente”.
3. A incorruptível
coroa da glória (1 Pedro 5:4). Esta é a coroa reservada para os anciãos das
igrejas locais, e vão merecer mesmo, porque estes irmãos não têm vida fácil.
4. A coroa dos
ganhadores de almas (1 Tessalonicenses 2:19,20).
5. A coroa
incorruptível (1 Coríntios 9:25). Esta coroa é para o crente que manteve uma
vida disciplinada em tudo devido ao seu testemunho e serviço público.
2 de Setembro
1ª
Razão para estudarmos as Dispensações
(Leituras: Efésios 1:7-12;
2:5-7).
Muitos cristãos não sabem que Deus estabeleceu uma
série de dispensações, e mesmo entre aqueles que sabem desse fato, não dão
muita importância e valor a esse assunto. Muitos pensam que não é importante
entender as dispensações que Deus estabeleceu. Alguns chegam a dizer que o
importante é conhecer as grandes doutrinas da Bíblia e praticar os mandamentos;
porém, a verdade é que não podemos entender as doutrinas, nem praticar e
obedecer aos mandamentos se não entendemos essas dispensações. É realmente
necessário que cada um de nós tenha uma compreensão clara das dispensações que
o Senhor estabeleceu.
Em primeiro lugar, se não entendemos essas
dispensações, não podemos entender a Bíblia. Se esquecemos essas dispensações,
a Bíblia será para nós um livro obscuro e confuso. Sendo assim, nossa doutrina
será errada se não entendermos as dispensações.
Também podemos afirmar que, se não entendemos as
dispensações, não saberemos com clareza, com exatidão, o que Deus quer que
façamos. E se não sabemos o que Deus quer de nós, então não podemos obedecer.
Neste caso, nossa prática e conduta serão erradas. Este é um assunto
fundamental, porque, se não conhecemos as dispensações, não conheceremos as
doutrinas e nem saberemos o que o Senhor está exigindo de nós.
Essas dispensações foram estabelecidas pelo Senhor com
um propósito claro: para que pudéssemos ter uma compreensão da Sua vontade. Ao
começar a ler a Palavra de Deus, logo descobrimos certas coisas que parecem
difíceis de reconciliar. Por exemplo, no Antigo Testamento, Deus ordenou que se
trouxesse um animal para oferecê-lo em sacrifício pelos pecados, e isso está
por toda parte no Antigo Testamento. Em Levítico 4, são apresentados diversos
casos desse tipo de sacrifício que eram necessários. Se um sacerdote pecasse,
ele teria que trazer um novilho; logo fala-se do caso de um príncipe, e no caso
dele seria um pouco diferente. Falando do povo em geral, a oferta diferiria da oferta
do sacerdote e do príncipe. Alguns tinham que trazer novilhos, outros trariam
cabras e ainda outros cordeiros, havendo uma diversidade de sacrifícios pelos
pecados. Mas, em cada caso, Deus afirma que, oferecendo esses sacrifícios, o
pecado do ofertante seria perdoado.
Tudo isso fica muito bem até chegarmos no Novo
Testamento, por exemplo, em Hebreus 10:4, onde lemos que era impossível que o
sangue dos touros e bodes tirasse o pecado. E logo pensamos: será que Deus
mudou de ideia? Será que há uma contradição na Bíblia? Em Levítico, Deus mandou
trazer um animal e Ele garantiu que, oferecendo aquele animal, o pecado seria
perdoado, e agora Ele diz que isso é impossível, que não pode acontecer. Temos
uma contradição em Deus e na Bíblia? Deus mudou de ideia ou Ele faz acepção de
pessoas, estabelecendo uma lei para algumas pessoas e outra lei para outras
pessoas?
É por isso que devemos entender as dispensações,
porque, como veremos, não há contradição, Deus não mudou de ideia e Ele não faz
acepção de pessoas, e há uma razão para tudo isso.