Alguém que me escreveu no YouTube:
A Bíblia relata outros momentos, além de Atos 2 (Pentecostes) em que houve o Batismo com o Espirito Santo. Em (Atos 10) com Cornélio e sua casa. "Enquanto Pedro pregava, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a mensagem, e eles começaram a falar em línguas e louvar a Deus". Em (Atos 19) Alguns discípulos só conheciam o batismo de João. " Paulo impôs as mãos sobre eles, e o Espírito Santo veio sobre eles, e eles começaram a falar em línguas e profetizar". E ainda Atos 8 etc. Pedro disse no dia de Pentecostes, após a descida do Espírito Santo: "Essa promessa é para vós, e para vossos filhos, e para todos os que estão longe, a tantos quantos o Senhor, nosso Deus, chamar" (Atos 2:39) portanto, não está limitada ao passado. Eu mesmo, fui batizado com o Espirito Santo e curado de Intestino Irritável, que na época (1994) não havia cura natural. Tenho visto manifestações do Espirito Santo na igreja que só não são mais frequentes por causa da incredulidade dos crentes. Mas não é necessário crer em mim. Creia na Bíblia: "E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder; ⁵ Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus". (1 Coríntios 2:4,5) Essa é a doutrina dos apóstolos.
Minha Resposta:
Agradeço pela tua mensagem. Permite-me mostrar, com base apenas na Bíblia, como entender corretamente estes episódios de Atos e a promessa de Atos 2:39.
Primeiro, é essencial notar que o livro de Atos descreve transições históricas únicas na formação da Igreja. Nem tudo o que aparece em Atos é norma permanente; muitas coisas são eventos que marcaram a passagem do judaísmo para a plena inclusão dos gentios no Corpo de Cristo.
Por isso, quando analisamos Atos 2, 8, 10 e 19, precisamos observar o propósito específico de cada manifestação, e não assumir automaticamente que todos aqueles sinais foram prometidos, sem exceção, a cada crente de todas as épocas.
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Atos 2 – Judeus em Jerusalém.
O Senhor tinha dito que a salvação viria “primeiro ao judeu” (Romanos 1:16). A descida do Espírito em línguas conhecidas (Atos 2:8) serviu como sinal para Israel (1 Coríntios 14:21-22). Foi o cumprimento da promessa do Pai, não porque os discípulos buscavam uma experiência, mas porque Cristo havia sido glorificado (Atos 2:33).
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Atos 8 – Samaritanos.
Os samaritanos eram um povo híbrido, desprezado pelos judeus. Se eles recebessem o Espírito sem a presença dos apóstolos, poderiam formar uma igreja paralela, separada de Jerusalém. Por isso Deus reteve a descida do Espírito até que Pedro e João chegassem. O propósito não era estabelecer um padrão de “segunda bênção”, mas evitar divisão e demonstrar que judeus e samaritanos agora formariam um só Corpo.
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Atos 10 – Gentios.
Cornélio e sua casa receberam o Espírito durante a pregação, “assim como nós no princípio” (Atos 11:15). O objetivo não era dar experiência pessoal, mas convencer Pedro e a Igreja judaica de que Deus aceitava gentios sem circuncisão. A ênfase não é a experiência, mas a inclusão dos povos, conforme Efésios 3:6.
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Atos 19 – Discípulos que nem conheciam o evangelho.
Aqueles homens não eram discípulos de Cristo, mas apenas de João Batista. Após ouvirem o evangelho e crerem, receberam o Espírito. Aqui não se trata de crentes buscando um “batismo especial”, mas de pessoas que ainda nem eram salvas.
Percebes como cada caso tem um propósito histórico claro, ligado à formação inicial da Igreja? Por isso, não podemos transformá-los em uma regra universal.
Quanto a Atos 2:39 — “a promessa é para vós, para vossos filhos e para todos os que estão longe” — o próprio Pedro explica que a promessa é o perdão dos pecados e o dom do Espírito Santo concedido na conversão (Atos 2:38; Gálatas 3:2). O texto não promete repetição perpétua dos sinais, mas a salvação completa a todos os que Deus chamar.
Sobre experiências pessoais, não tenho razão alguma para duvidar que Deus possa curar e consolar como quiser. Mas experiências nunca podem definir doutrina. O apóstolo Paulo adverte:
“Aprendei a não ir além do que está escrito”
1 Coríntios 4:6
E também:
“Os judeus pedem sinais”
1 Coríntios 1:22
A verdadeira evidência do Espírito na vida do crente não são sinais exteriores, mas aquilo que o Novo Testamento apresenta como norma: fruto do Espírito, transformação, santidade, amor, submissão à Palavra (Gálatas 5:22-23; João 17:17).
Por fim, quando Paulo diz que a sua pregação era “em demonstração do Espírito e de poder” (1 Coríntios 2:4-5), ele explica que esse poder está no evangelho de Cristo crucificado (1 Coríntios 1:23-24), não em manifestações sensoriais. O poder que produz fé salvadora é o da Palavra, não o de experiências externas.
Assim, recebo com respeito teu testemunho, mas sigo a Escritura: o batismo com o Espírito Santo, como experiência distinta da conversão, não é uma doutrina ensinada nas epístolas — que são justamente os livros destinados a estabelecer doutrina para a Igreja.
A Bíblia é suficiente, e ela afirma:
“Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.”
Romanos 8:9
Ou seja: todo salvo já tem o Espírito Santo — não há cristão sem Ele.
Fico à disposição caso queiras continuar a conversar sobre a Palavra de Deus.
Josué Matos