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Penso que não sou salvo!

 Alguém me escreveu no WhatsApp:

Romanos 9:22 e 2 Timóteo 2:20, que descreve a ideia de "vasos de ira" como pessoas preparadas para a perdição, ou seja, o juízo divino. Este conceito explica que, assim como um oleiro faz diferentes tipos de vasos com a mesma argila, Deus tem vasos para honra (misericórdia) e desonra (ira). Eu tenho medo dessas passagens presbítero. Será que eu fui criado para vaso de desonra de tanta coisa errada que eu fiz no passado? Pessoas que vivem uma vida de pecado a Bíblia diz que nem adianta orar por elas não é isso?

Minha Resposta:

Quando surgem dúvidas sobre a salvação, o primeiro passo não é olhar para passagens difíceis ou comparações simbólicas da Bíblia, mas voltar ao dia em que afirmas ter sido salvo. A pergunta essencial é simples: naquele momento, confiaste no Senhor Jesus Cristo como teu Salvador pessoal? A Palavra de Deus declara: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo”. É pela fé que um pecador arrependido se aproxima de Cristo, reconhecendo-se perdido e confiando somente n’Ele. Quando isto acontece, todos os pecados — passados, presentes e futuros — são perdoados. Essa realidade não se desfaz mais tarde por quedas, fraquezas, falta de ânimo ou irregularidade na vida cristã. A salvação é um acontecimento, e os frutos e mudanças vêm depois.

Agora vamos às passagens que te assustam.

Romanos 9:22 e 2 Timóteo 2:20 não ensinam que Deus “criou” pessoas já destinadas ao inferno. Isso seria contrário ao caráter de Deus revelado nas Escrituras, que afirma claramente: Deus “quer que todos os homens se salvem” (1 Timóteo 2:4) e que Cristo “se deu a si mesmo em preço de redenção por todos” (1 Timóteo 2:6). O apóstolo Pedro declara que o Senhor é “longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se” (2 Pedro 3:9).

Então o que significam esses textos?

O apóstolo Paulo não está dizendo que Deus fabrica pessoas para serem destruídas. Ele está mostrando que, assim como o oleiro pode lidar com o barro segundo a sua sabedoria, Deus tolera com paciência aqueles que endurecem o coração contra Ele. São pessoas “preparadas para a perdição” não porque Deus as criou assim, mas porque o pecado prepara o homem para seu próprio juízo. O contexto de Romanos 9 até 11 mostra isso claramente. Não se trata de criação para condenação, mas de Deus lidando com homens que se recusam a crer, mesmo cercados de misericórdia.

A ilustração dos “vasos de honra” e “vasos de desonra” em 2 Timóteo 2:20 não ensina que Deus criou algumas pessoas para serem condenadas. O apóstolo utiliza uma figura muito comum em cidades como Éfeso: grandes casas que tinham muitos tipos de vasos — de ouro, prata, madeira e barro — usados para finalidades diferentes. O ponto central da ilustração não é a casa, nem o material do vaso, mas a necessidade de estar limpo para ser usado.

Assim como o dono de uma grande casa escolhe sempre um vaso limpo, independentemente de ser de ouro ou de madeira, também o Senhor usa quem está separado do erro e da impureza. A passagem enfatiza que qualquer pessoa pode tornar-se um “vaso para honra” se se purificar das coisas que contaminam — especialmente os falsos ensinos e práticas que desviam da verdade. A escolha não está determinada por origem, passado ou destino fixado. O texto coloca a responsabilidade no indivíduo: “Se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra… útil ao Senhor”.

Isto significa que não existe base bíblica para pensar que alguém foi “criado” para ser vaso de desonra. A Bíblia não ensina isso. O ensino é que Deus usa o que está limpo, e que cada um pode, pela obediência e separação do mal, tornar-se útil ao Senhor. O passado de erros, pecados e quedas não define ninguém aqui. O que define é a posição atual diante de Cristo.

Quanto à ideia de que “nem adianta orar por certas pessoas”, também não é isso que as Escrituras ensinam. Há casos específicos na Bíblia ligados a rebelião consciente e final (1 João 5:16), mas não têm relação com alguém que procura respostas, teme estar errado, sente o peso das suas falhas e deseja aproximar-se de Deus. Quem teme e procura luz não está endurecido; quem procura socorro não está entregue.

A questão que realmente importa para resolver o teu medo não é se és um “vaso de honra” ou “desonra”, mas: já vieste a Cristo como pecador perdido, confiando somente n’Ele para te salvar? Se isso aconteceu, então a base da tua salvação não está em ti, mas n’Ele. E aquilo que Ele faz é perfeito e definitivo. Quando um pecador crê, Deus não faz uma obra pela metade.

Se quiseres, posso ajudar-te a revisitar esse momento e comparar o que viveste com o que a Bíblia realmente ensina sobre a salvação. Isso pode trazer-te uma clareza que dissipe de vez esses receios que têm te acompanhado por tanto tempo.

Josué Matos

Traduzir ekklesia como assembleia, poderia denotar uma influência exclusivista?

 Alguém me perguntou no WhatsApp:

Aproveitando, irmão. Eu dividi com alguns irmãos esse texto (meu devocional). Um deles me falou que o Darby foi o primeiro a traduzir ekklesia como assembleia, o que está certo, mas advertiu que poderia denotar uma influência exclusivista. Claro que expliquei que o irmão não tem essa característica. Mas, enfim, faz sentido essa colocação que ele fez?

Minha Resposta:

Irmão, essa preocupação do teu amigo é comum, mas nasce mais de associações históricas do que de fundamentos bíblicos ou linguísticos.

Primeiro, é verdade que John Nelson Darby traduziu ekklesia para “assembleia” nas suas versões. Mas isso não introduziu nenhuma novidade doutrinária. Ele apenas preferiu utilizar uma palavra que está totalmente dentro do campo semântico original do termo grego. Ekklesia significa literalmente “uma congregação chamada para fora”, uma reunião convocada — exatamente o que o português expressa com “assembleia”.

A questão, portanto, não é a palavra em si, mas a carga que algumas pessoas deram ao uso dela. Ao longo da história, certos grupos adotaram “assembleia” como nome institucional e, por isso, a palavra acabou sendo associada a práticas exclusivistas — mas isso é apenas um uso sociológico, não linguístico, nem bíblico.

Aliás, a tradução “assembleia” aparece em muitas versões de várias épocas quando o contexto fala do povo reunido. Em Atos 19:39–41, a ARC, a ARA e outras traduzem ekklesia como “assembleia” e ninguém acha que, por isso, o texto está ensinando exclusivismo. O termo é neutro; o contexto é que define o significado.

A preocupação de teu amigo só teria relevância se tu estivesses usando o termo para marcar identidade denominacional — o que não é o caso. O nosso entendimento, conforme Atos dos Apóstolos e as epístolas, é que a ekklesia é simplesmente o povo de Deus reunido ao nome do Senhor Jesus Cristo (Atos 2:42; 1 Coríntios 1:2). A palavra “igreja” tornou-se comum, mas não é mais bíblica do que “assembleia”; é apenas uma convenção linguística do nosso tempo.

Portanto, não há nada, absolutamente nada, no uso da palavra “assembleia” que, por si só, comunique exclusivismo. O que define se alguém é exclusivista ou não não é o vocabulário, mas a prática.

Se ele quiser pensar biblicamente, basta observar que o Novo Testamento jamais apresenta a igreja como uma denominação ou marca institucional, mas como um corpo de crentes reunidos em nome do Senhor (Mateus 18:20; Efésios 4:4). Seja chamada “igreja”, “assembleia” ou “congregação”, o conteúdo é o mesmo: um testemunho local de pessoas salvas pelo sangue do Cordeiro, sujeitas às Escrituras e guiadas pelo Espírito Santo.

Assim, a colocação que ele fez não procede. É apenas uma associação cultural, não uma inferência bíblica.

Josué Matos

Deus e o Führer: A Guerra das Religiões sob o Terceiro Reich

 



Deus e o Führer: A Guerra das Religiões sob o Terceiro Reich

A história humana sempre procurou um redentor. Desde o Éden, o coração do homem se inquieta diante do vazio que o separa do Criador, e tenta preencher esse abismo com aquilo que pode ver, tocar e dominar. Quando a fé verdadeira se esfria, surge inevitavelmente um substituto — um deus criado à imagem do próprio homem. O século XX, que se orgulhava de sua razão e progresso, revelou-se o mais sombrio dos tempos porque ousou coroar um homem em lugar de Deus.

Foi na Alemanha, berço de músicos, filósofos e teólogos, que o mal encontrou sua liturgia mais organizada. O que começou como um grito por justiça após a humilhação da Primeira Guerra transformou-se num culto religioso ao poder. O sofrimento do povo, a fome, o desemprego e o caos político prepararam o solo fértil onde um messias terreno, prometendo redenção nacional, ergueu seu altar. O nome dele era Adolf Hitler.

Este livro não é uma biografia de Hitler, nem uma simples cronologia dos horrores do nazismo. É uma investigação profunda sobre a alma espiritual do Terceiro Reich — uma alma que misturou paganismo, pseudociência, ocultismo e um cristianismo deformado. É também um espelho diante do qual cada geração precisa se olhar, porque a idolatria do poder e da raça não morreu nas ruínas de Berlim; ela apenas mudou de forma e linguagem.

Ao longo destas páginas, revisitaremos o drama de igrejas divididas entre a fidelidade ao Cristo crucificado e a obediência ao Führer glorificado. Veremos pastores que venderam a consciência por cargos e templos, mas também mártires que preferiram morrer do que negar o Evangelho. Conheceremos padres, rabinos, freiras, missionários e simples cidadãos que foram triturados pelo regime, não por crimes políticos, mas porque recusaram adorar outro deus além do Deus vivo.
Há um aspecto muitas vezes esquecido quando se fala do nazismo: a dimensão religiosa da tragédia.

O Reich não apenas perseguiu minorias étnicas — ele tentou substituir a fé. Reescreveu o Novo Testamento, apagou o nome de Israel, transformou igrejas em palcos de propaganda e ergueu sua própria “bíblia” racial. O “Deus Todo-Poderoso” foi substituído pelo “destino ariano”. O pecado foi redefinido como fraqueza, e a salvação foi reduzida à pureza do sangue. Foi uma inversão teológica sem precedentes — o evangelho da cruz trocado pela suástica, o amor substituído pela dominação, a graça substituída pela força.

Este livro é uma viagem às entranhas desse sistema espiritual corrompido. Ele revela como as religiões reagiram — algumas resistindo, outras se dobrando — diante do maior engano ideológico da era moderna. E mostra, ao mesmo tempo, o contraste entre o Cristo sofredor, que entregou a própria vida, e o Führer idólatra, que sacrificou milhões em nome da própria glória.
Não é um livro apenas sobre o passado. É um alerta. Toda vez que uma nação transforma o poder político em dogma, o líder em messias, a raça em divindade ou o Estado em igreja, o espírito do Terceiro Reich ressurge. A Alemanha dos anos 1930 é uma advertência viva de que a fé, quando silenciada ou manipulada, abre caminho para o caos moral e espiritual. O diabo não entra pela porta da violência — entra pela porta da indiferença.

A intenção desta obra é conduzir o leitor a compreender como o mal se travestiu de religião, e como o nome de Deus foi usado para justificar a destruição do homem. Ao mesmo tempo, é um testemunho da luz que resistiu às trevas — de homens e mulheres que, com Bíblias escondidas, orações sussurradas e coragem indizível, mantiveram viva a chama da verdade.

A minha motivação ao escrever este livro nasce da convicção de que a história não é apenas uma sequência de fatos, mas um campo de batalha espiritual. A cada século, a humanidade é chamada a escolher entre dois reinos: o do orgulho humano e o do Deus eterno. O Terceiro Reich foi a encarnação política do primeiro; a cruz, o símbolo supremo do segundo.

Ao leitor, faço um convite: leia estas páginas com a mente aberta e o coração desperto. Não busque apenas compreender o que aconteceu, mas discernir o que ainda acontece. O mesmo espírito que seduziu multidões com promessas de grandeza e pureza pode se manifestar hoje sob novas bandeiras — culturais, científicas ou religiosas. A história de Hitler não é apenas a história de um homem, mas do homem sem Deus.

Este é, portanto, um livro sobre o conflito eterno entre a fé verdadeira e a fé adulterada; entre o Deus dos céus e o deus dos homens. Que sua leitura desperte não apenas a curiosidade, mas a consciência. Porque quem esquece o passado, corre o risco de repeti-lo — e quem ignora Deus, corre o risco de adorar qualquer coisa que se pareça com Ele.

Josué Matos
Lisboa, 2025

ÍNDICE

Prefácio 

Um chamado para compreender o poder que tentou substituir Deus.

Introdução 

A Alemanha entre guerras: ruínas, revolta e a fome por um salvador.

PARTE I – O DEUS DA NAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DO MESSIAS ALEMÃO 

Capítulo 1 – O Messias de Ferro
A nação em colapso e o homem que prometeu redenção política.

Capítulo 2 – O Evangelho da Raça Pura
Como o darwinismo social e o nacionalismo criaram uma fé substituta.

Capítulo 3 – A Nova Religião do Reich
A fusão entre o Estado e a fé: símbolos, rituais e o culto ao Führer.

PARTE II – A IGREJA ENTRE A CRUZ E A SUÁSTICA 

Capítulo 4 – A Cruz Distorcida
Os “Cristãos Alemães” e a tentativa de remodelar Jesus à imagem de Hitler.

Capítulo 5 – A Voz que Não se Calou
Dietrich Bonhoeffer e a resistência da Igreja Confessante.

Capítulo 6 – O Silêncio de Roma
O pacto entre o Vaticano e o Reich, e o dilema da Igreja Católica.

PARTE III – AS RELIGIÕES PERSEGUIDAS

Capítulo 7 – O Povo da Aliança
A perseguição ao judaísmo e a teologia do ódio que alimentou o Holocausto.

Capítulo 8 – A Fé Proibida
Testemunhas de Jeová, adventistas e evangélicos que se recusaram a adorar o Führer.

Capítulo 9 – Mártires Esquecidos
Padres, pastores e civis que pagaram com a vida a fidelidade a Deus.

PARTE IV – O OCULTISMO E O DEUS ESCURO DO REICH 

Capítulo 10 – A Sociedade Thule e o Evangelho das Sombras
O ocultismo ariano e o nascimento espiritual do nazismo.

Capítulo 11 – Ahnenerbe: O Instituto da Mística Científica
As experiências esotéricas, arqueológicas e pseudo-religiosas do Reich.

Capítulo 12 – Hitler, o Mago das Massas
Psicologia, possessão e o poder hipnótico do mal.

PARTE V – O DEUS QUE HITLER NÃO PÔDE CALAR 

Capítulo 13 – O Julgamento da História
A queda do ídolo e o eco da justiça divina em Nuremberg.

Capítulo 14 – O Cristo do Sofrimento
Como o Evangelho sobreviveu nos campos de concentração.

Capítulo 15 – O Deus dos Céus e o deus dos homens
As lições espirituais de um século que tentou matar a fé.

1. A Apostasia dos Últimos Dias

– A decadência moral e religiosa da cristandade

– O falso cristianismo

– O abandono da sã doutrina

– O engano espiritual

– Como permanecer fiel

2. O Anticristo e o Governo Mundial Falso

– A preparação do mundo moderno

– A religião do homem

– O falso profeta

– O engano final

– A derrota na manifestação de Cristo

3. A Autoridade das Escrituras

– Por que a Bíblia é inspirada

– A preservação divina do texto

– A suficiência da revelação

– A diferença entre tradição humana e Palavra de Deus

– Por que somente a Escritura revela a verdade sobre salvação, Igreja e profecia

4. O Espírito Santo e o Testemunho da Igreja

– A habitação permanente do Espírito

– Os dons

– A direção divina

– O testemunho coletivo

– A obra do Espírito no crente e na assembleia

5. O Evangelho do Reino e o Evangelho da Graça

– Diferença entre as duas mensagens

– O que será pregado após o arrebatamento

– A salvação durante a Tribulação

– O papel de Israel na proclamação futura

6. A Glória do Reino Milenar de Cristo

– A restauração de Israel

– A renovação da Terra

– O reinado justo do Messias

– As nações

– O templo milenar

– O fim definitivo da rebelião

7. A Nova Jerusalém e a Eternidade

– Os novos céus e a nova terra

– O destino final dos remidos

– A Cidade Santa como expressão da glória divina

– A presença eterna de Deus e do Cordeiro

– A ausência definitiva da morte, dor e maldição

– A consumação final do plano eterno de Deus

A última fronteira entre a fé e a idolatria política.

Agradecimentos e referências

Aos que dedicam a vida a preservar a verdade.

Sobre o autor

Breve biografia e propósito da obra.

Tradição da escritura ou tradição aos dogmas das interpretações da Bíblia?

 Alguém que escreveu no YouTube:

Ele assistiu ao meu vídeo: “Watchman Nee & Witness Lee” e disse-me: Tradição da escritura ou tradição aos dogmas das interpretações da Bíblia?

Minha Resposta:

Antes de mais nada, gostaria que conhecesse o meu mais novo livro:
"Deus e o Führer: A Guerra das Religiões sob o Terceiro Reich".
Deixo aqui o link para ter acesso:
https://a.co/d/fuAmCfB

Agora, vamos à sua pergunta.

Quanto à questão que levantou — “Tradição da Escritura ou tradição aos dogmas das interpretações da Bíblia?” — é importante colocar as bases no lugar certo. Quando tratamos de Watchman Nee, Witness Lee ou qualquer outro líder cristão, a pergunta essencial é: a autoridade final está na Escritura inspirada, ou nas interpretações de homens?

A Bíblia apresenta um padrão claro. O apóstolo Paulo, ensinando aos crentes de Bereia, elogia-os porque examinavam diariamente as Escrituras para ver se as coisas que ouviam eram realmente assim (Atos dos Apóstolos 17:11). Ou seja, a Palavra de Deus é o padrão, e qualquer ensinamento deve ser provado por ela.

Além disso, o próprio Senhor Jesus censurou tradições humanas que substituíam a autoridade da revelação divina. Ele disse aos fariseus: “Invalidastes a Palavra de Deus pela vossa tradição” (Evangelho segundo Mateus 15:6). Quando qualquer tradição — mesmo religiosa, sincera, piedosa ou aparentemente espiritual — ocupa o lugar da autoridade da Palavra de Deus, ela se torna perniciosa.

O Novo Testamento mostra claramente que a fé cristã não é construída sobre interpretações humanas acumuladas, mas sobre “a fé que uma vez foi dada aos santos” (Epístola de Judas 3). Essa fé está preservada nas Escrituras, e o Espírito Santo guia os crentes não para novas revelações normativas, mas para a compreensão correta daquilo que já foi revelado (Evangelho segundo João 16:13).

Ao longo da história da Igreja, muitos grupos surgiram exaltando certas tradições, visões particulares ou interpretações exclusivas. Quando isso acontece, invariavelmente cria-se uma estrutura paralela à autoridade bíblica, e o povo de Deus corre o risco de ser guiado não pela Palavra, mas por homens. O apóstolo Paulo advertiu que até dentre os próprios cristãos surgiriam pessoas “falando coisas perversas para atrair discípulos após si” (Atos dos Apóstolos 20:30).

Por isso, a pergunta que devemos sempre fazer é:
o que está sendo ensinado encontra fundamento claro, direto e inequívoco nas Escrituras, ou está tentando ser sustentado por tradições que exigem que o crente aceite interpretações particulares como se fossem revelação divina?

A diferença entre seguir a Escritura e seguir dogmas humanos é profunda:

– A Escritura é infalível, eterna e imutável.
– As interpretações humanas são falíveis, sujeitas a desvios e podem até se tornar fardos sobre o povo de Deus.

Assim, a resposta bíblica é simples:
O cristão é chamado a submeter-se à Palavra de Deus, e nunca a tradições humanas que pretendam ocupar o mesmo lugar de autoridade. Qualquer tradição que auxilia na compreensão da Escritura é útil. Mas qualquer tradição que a suplanta ou compete com ela deve ser rejeitada.

Josué Matos