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Nenês, crianças e deficientes mentais na ocasião do arrebatamento da igreja?

Alguém que me escreveu no Facebook:

O irmão teria algum comentário ou estudo sobre nenês, crianças e deficientes mentais na ocasião do arrebatamento da igreja? 

Minha Resposta:

Essa é uma pergunta muito séria e legítima, e a Bíblia nos dá princípios claros, ainda que não trate do assunto de forma direta e sistematizada em um único texto.

Em primeiro lugar, é importante lembrar que o arrebatamento da Igreja diz respeito, de maneira específica, àqueles que pertencem ao Corpo de Cristo. A Escritura ensina que a Igreja é formada por pessoas que ouviram o evangelho, creram no Senhor Jesus Cristo e foram seladas com o Espírito Santo. Textos como Efésios 1:13, Romanos 8:9 e 1 Tessalonicenses 4:16-17 deixam claro que o arrebatamento envolve os que “estão em Cristo”.

A grande dificuldade surge quando pensamos em bebês, crianças pequenas e pessoas com deficiências mentais severas, que não possuem capacidade moral ou intelectual para compreender o evangelho e exercer fé consciente. A Bíblia não apresenta um texto que trate diretamente dessa situação no contexto do arrebatamento, mas fornece princípios sólidos sobre o caráter de Deus, Sua justiça e Sua misericórdia.

Um desses princípios aparece quando Davi perde seu filho ainda bebê. Em 2 Samuel 12:22-23, Davi declara que a criança não voltaria a ele, mas ele iria até a criança. Essa declaração indica a convicção de que aquela criança estava segura diante de Deus. Da mesma forma, o Senhor Jesus demonstrou especial cuidado e apreço pelas crianças, afirmando em Mateus 19:14 que delas é o reino dos céus. Isso não ensina que todas as crianças são automaticamente parte da Igreja, mas revela claramente a atitude graciosa de Deus para com aqueles que não têm plena responsabilidade moral.

Outro princípio importante é que Deus não julga alguém sem responsabilidade consciente. Romanos 1:20 ensina que o homem é responsável na medida em que responde à revelação recebida. Onde não há capacidade de discernimento moral, não há imputação de culpa da mesma forma. Esse princípio é reforçado em Romanos 5:13, quando Paulo afirma que o pecado não é imputado quando não há lei.

À luz disso, muitos irmãos fiéis às Escrituras entendem que bebês, crianças pequenas e pessoas com deficiência mental profunda estão sob a graça e a justiça perfeita de Deus. Eles não são parte da Igreja no sentido técnico — pois a Igreja é composta por pessoas regeneradas mediante fé consciente —, mas também não são objetos do juízo destinado aos incrédulos responsáveis. O destino final dessas pessoas é confiado à bondade, à justiça e à misericórdia de Deus, que sempre age corretamente.

Quanto ao arrebatamento em si, a Bíblia afirma com clareza que Deus fará o que é justo. Gênesis 18:25 estabelece um princípio imutável: o Juiz de toda a terra fará justiça. Não há possibilidade de injustiça ou erro nos atos de Deus. Portanto, ainda que não tenhamos todos os detalhes revelados, podemos descansar plenamente no caráter de Deus.

Em resumo, a Escritura ensina com clareza quem participa do arrebatamento da Igreja, mas também nos assegura que Deus é justo, misericordioso e perfeito em todos os Seus caminhos. Onde a revelação termina, a fé descansa no caráter de Deus, não em especulações humanas.

Josué Matos

A CONFIANÇA INABALÁVEL - DEVOCIONAL DIÁRIO


Este livro nasceu da convicção de que a fé cristã precisa ser alimentada diariamente pela Palavra de Deus, não apenas para consolar, mas para formarcorrigirfortalecer e estabelecer uma confiança verdadeira e duradoura em Deus. Em tempos de instabilidade, relativismo espiritual e fé emocionalmente frágil, torna-se cada vez mais necessário retornar às fontes mais profundas da revelação bíblica.

Os livros de 
Salmos e Provérbios ocupam um lugar singular nas Escrituras. Eles falam diretamente ao coração, mas não ignoram a mente; tratam das emoções humanas, mas sempre à luz da verdade de Deus. Neles encontramos alegria e dor, fé e angústia, esperança e lamento, confiança e arrependimento. São livros profundamente humanos, mas absolutamente divinos em sua origem e propósito.

A palavra 
Salmos vem do termo hebraico Tehillim, que significa “louvores”. No entanto, esse nome não limita o livro apenas à exaltação jubilosa. Os Salmos são a expressão da alma humana diante de Deus em todas as circunstâncias da vida. Neles, o crente aprende que pode se aproximar de Deus com gratidão, mas também com lágrimas; com certeza, mas também com perguntas; com alegria, mas também com profundo quebrantamento. A alma dos Salmos é a vida real vivida diante de Deus, sem máscaras, sem religiosidade artificial.

Já o nome 
Provérbios vem do hebraico Mishlei, que carrega a ideia de comparações, máximas e instruções práticas. Provérbios revela como a sabedoria de Deus deve governar a vida diária. Se os Salmos nos ensinam a orar, Provérbios nos ensina a viver. Se os Salmos formam o coração, Provérbios orienta a conduta. Ambos se complementam de maneira extraordinária, pois a fé verdadeira precisa tanto de devoção quanto de discernimento.

Grande parte desses escritos está associada aos reinados de 
Davi e Salomão, figuras centrais da história de Israel. Davi reinou aproximadamente entre 1010 e 970 antes de Cristo, sendo conhecido não apenas como rei, mas como “o homem segundo o coração de Deus”. Seus Salmos refletem uma vida marcada por vitórias e fracassos, confiança e arrependimento, comunhão profunda e dependência constante do Senhor. Davi não escreveu como teórico da fé, mas como alguém que viveu intensamente a realidade do cuidado, da disciplina e da misericórdia de Deus.

Salomão, seu filho, reinou aproximadamente entre 
970 e 931 antes de Cristo. Seu reinado foi marcado por paz, prosperidade e sabedoria sem precedentes. Os Provérbios refletem essa sabedoria concedida por Deus, aplicada às áreas mais práticas da vida: relacionamentos, palavras, decisões, trabalho, disciplina, temor do Senhor e responsabilidade moral. Salomão nos ensina que a fé não se limita ao culto, mas deve moldar cada escolha cotidiana.
Este devocional foi estruturado para acompanhar o leitor 
dia após dia, ao longo de um ano inteiro, conduzindo-o a uma fé mais sólida, consciente e confiante. Os temas abordados não foram escolhidos para agradar emoções passageiras, mas para fortalecer a confiança em Deus em meio à realidade da vida: sofrimento, espera, silêncio divino, fragilidade humana, passagem do tempo, morte, esperança, eternidade e redenção.

Ao longo destas páginas, o leitor encontrará reflexões que tratam da criação de Deus, da soberania divina, da brevidade da vida, da fidelidade do Senhor, da necessidade de sabedoria, da confiança inabalável que nasce não das circunstâncias, mas da Palavra. Os Salmos e Provérbios são constantemente iluminados pelo ensino do Novo Testamento, mostrando que a fé cristã é uma só, coerente e progressiva, culminando na pessoa e obra de 
Jesus Cristo, o Filho prometido, o Salvador enviado e o Rei que reina eternamente.

Ao final de cada devocional, há um espaço reservado para que 
o leitor registre sua reflexão pessoal diante da Palavra.

Josué Matos






 

ROMANOS 8 DENOTA QUE NEM TODOS DEUS PREDESTINOU PARA SALVAÇÃO, COMO ENTENDER ISSO?

 Alguém que me escreveu no YouTube:

A PAZ, PRESBÍTERO, ESSA QUESTÃO É CURIOSA COMO MUITAS DA BÍBLIA, AO MESMO TEMPO QUE É DITO QUE JESUS MORREU POR TODOS E QUEM QUISER TOME DE GRAÇA DA ÁGUA DA VIDA, EM ROMANOS 8 DENOTA QUE NEM TODOS DEUS PREDESTINOU PARA SALVAÇÃO, COMO ENTENDER ISSO?

Romanos 8: ²⁹ Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.³⁰ E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.

Minha Resposta:

A questão que você levanta é realmente importante, e só pode ser bem compreendida quando mantemos juntas todas as verdades que a própria Escritura apresenta, sem isolar textos nem colocá-los em conflito entre si.

Primeiro, a Bíblia afirma de forma clara e repetida que a obra do Senhor Jesus tem alcance universal em sua provisão. Ele morreu por todos, o Evangelho é anunciado a todos, e o convite é genuíno: “quem quiser, tome de graça da água da vida” (Apocalipse 22:17). Deus não faz acepção de pessoas e não tem prazer na perdição do ímpio, antes chama todos ao arrependimento (Primeira Epístola a Timóteo 2:4; Segunda Epístola de Pedro 3:9). Portanto, não há limitação na oferta da salvação nem falsidade no chamado do Evangelho.

Ao mesmo tempo, Romanos 8 não está tratando da oferta do Evangelho ao mundo, mas do propósito eterno de Deus em relação aos que são Seus. O capítulo começa afirmando: “Agora, pois, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1). Ou seja, Paulo está falando de pessoas que já estão em Cristo, já justificadas pela fé.

Nesse contexto, surgem a eleição e a predestinação. Elas não são a mesma coisa. A eleição diz respeito à escolha soberana de Deus: “os que dantes conheceu”. Esse “conhecer” não é mera informação antecipada, mas um conhecimento relacional, eletivo, um ato soberano de Deus antes de qualquer mérito humano. Já a predestinação não diz respeito ao ato de crer, mas ao destino preparado por Deus para aqueles que Ele elegeu: “para serem conformes à imagem de seu Filho” (Romanos 8:29).

Observe que o texto não diz que Deus predestinou pessoas para crerem, mas que predestinou os eleitos para um fim específico: conformidade com Cristo, filiação plena, herança e glória. O chamado, a justificação e a glorificação, mencionados no versículo 30, descrevem a certeza do cumprimento desse propósito. Do ponto de vista de Deus, esse plano é tão seguro que a glorificação já é apresentada como um fato consumado.

Isso não anula, nem contradiz, a responsabilidade humana. A fé continua sendo o meio pelo qual o pecador entra, no tempo, naquilo que Deus determinou na eternidade. O Evangelho é anunciado, a Palavra é pregada, o Espírito Santo age, e o homem é responsável por crer. “A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus” (Romanos 10:17). Quem crê é salvo; quem rejeita permanece sob condenação (Evangelho segundo João 3:18).

Portanto, não há contradição entre dizer que Cristo morreu por todos e afirmar que nem todos são predestinados. A morte de Cristo é suficiente para todos e oferecida a todos; a predestinação trata do destino final daqueles que Deus elegeu. Romanos 8 não discute a extensão da oferta da salvação, mas a segurança eterna dos que estão em Cristo.

Em resumo: o convite do Evangelho é amplo e sincero; a eleição é um ato soberano de Deus; a predestinação define o destino glorioso dos eleitos. Essas verdades não se anulam, mas se harmonizam no plano perfeito de Deus, revelado nas Escrituras.

Na revelação bíblica, a eleição soberana de Deus e a responsabilidade humana caminham juntas, lado a lado, como os dois trilhos de um trem. Ambos seguem paralelos, firmes e inseparáveis, conduzindo o plano de Deus sem contradição, ainda que a nossa mente limitada não consiga harmonizá-los plenamente. A Escritura afirma, ao mesmo tempo, que Deus escolhe segundo o Seu propósito eterno e que o homem é responsável por crer, arrepender-se e responder ao chamado do Evangelho. Quando tentamos submeter essas verdades apenas à lógica humana, corremos o risco de questionar a justiça divina ou de imaginar alguma incoerência em Deus. Contudo, a fé bíblica nos chama a aceitar aquilo que Deus revelou, mesmo quando não conseguimos explicar todos os seus mistérios. Devemos descansar na certeza de que chegará o dia em que veremos com absoluta clareza que Deus sempre amou o mundo de maneira perfeita e incondicional, que enviou o seu Filho unigênito não para condenar, mas para salvar, e que em todos os seus caminhos Ele foi justo, fiel e verdadeiro. 

Josué Matos

Se o novo nascimento é somente pela vontade de Deus, como podemos ser responsabilizados?

 Alguém que me escreveu no YouTube:

Uma dúvida, se o novo nascimento é somente pela vontade de Deus, como podemos ser responsabilizados pelo não nascer de novo? Se, após nascer de novo, somos novas criaturas, como o homem pode rejeitar? Ninguém pode se recusar a nascer.

Minha Resposta:

A dúvida levantada é compreensível e toca num ponto sensível da doutrina do novo nascimento. Ela surge, em geral, quando se tenta explicar essa verdade bíblica usando apenas categorias humanas ou lógicas naturais, sem considerar o conjunto do ensino das Escrituras.

Em primeiro lugar, é preciso afirmar claramente duas verdades bíblicas que caminham juntas, e não se contradizem:

1. O novo nascimento é, de fato, uma obra soberana de Deus.

2. O homem é plenamente responsável por crer ou rejeitar o testemunho que Deus lhe dá.


O erro surge quando se tenta separar essas duas verdades ou colocá-las em oposição.

O novo nascimento procede da vontade de Deus, mas Deus decidiu operar essa obra por meios definidos, e não de forma arbitrária ou independente da resposta humana. As Escrituras não dizem apenas que o homem “nasce de novo”, mas explicam como isso acontece.

O Senhor Jesus declarou a Nicodemos que “aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Evangelho segundo João 3:3). Mais adiante, Ele esclarece que esse novo nascimento ocorre “da água e do Espírito” (Evangelho segundo João 3:5). A “água”, no contexto do ensino bíblico, está ligada à Palavra de Deus, enquanto o Espírito é o agente que aplica essa Palavra ao coração.

O apóstolo Pedro confirma isso ao dizer que fomos regenerados “pela Palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (Primeira Epístola de Pedro 1:23). Da mesma forma, Tiago afirma que Deus “nos gerou pela Palavra da verdade” (Epístola de Tiago 1:18). Portanto, o novo nascimento não acontece à margem da Palavra, mas por meio dela.

Aqui entra a responsabilidade humana. Deus chama, Deus fala, Deus testemunha por meio da Sua Palavra. O homem, ao ouvir, é confrontado com a verdade e chamado a responder. É por isso que o Senhor Jesus diz: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida” (Evangelho segundo João 3:36). Note que a condenação não é atribuída ao fato de não ter sido regenerado, mas ao fato de não crer.

A Escritura nunca apresenta o homem como alguém passivo diante do Evangelho. Pelo contrário, ela afirma repetidamente que o homem “resiste”, “rejeita”, “não quer vir” e “endurece o coração”. O próprio Senhor Jesus lamenta sobre Jerusalém: “Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos… e tu não quiseste” (Evangelho segundo Mateus 23:37). A vontade do homem é claramente mencionada.

A objeção “ninguém pode recusar nascer” só faria sentido se o novo nascimento fosse um ato imposto, automático e independente da fé. Mas a Bíblia não ensina isso. Ela ensina que ninguém pode produzir a vida nova por si mesmo, mas também ensina que essa vida é concedida àquele que crê. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” (Evangelho segundo João 1:12). Receber e crer são atos conscientes e responsáveis.

Quando alguém rejeita o Evangelho, essa pessoa não está a rejeitar o novo nascimento em si, mas está a rejeitar o testemunho de Deus acerca do Seu Filho. E ao rejeitar o Filho, rejeita também a vida que está n’Ele. O apóstolo João é claro: “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida” (Primeira Epístola de João 5:12).

Portanto, o homem não é responsabilizado por “não nascer de novo” como se isso fosse um evento imposto que lhe foi negado arbitrariamente. Ele é responsabilizado por rejeitar a luz que lhe foi apresentada. “E a condenação é esta: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz” (Evangelho segundo João 3:19).

Quando alguém nasce de novo, torna-se, de fato, uma nova criatura (Segunda Epístola aos Coríntios 5:17). Mas essa nova condição não elimina a realidade de que, antes disso, o homem foi confrontado com a verdade e chamado a crer. A regeneração não anula a fé; ela é o resultado da fé produzida pela Palavra, sob a ação do Espírito Santo.

Assim, a harmonia bíblica permanece intacta: Deus é soberano na salvação, o Espírito Santo é o agente do novo nascimento, a Palavra é o meio, e o homem é responsável por crer ou rejeitar. Não há injustiça em Deus, nem violência à responsabilidade humana. Há, sim, graça oferecida, verdade proclamada e uma resposta exigida.

Josué Matos