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A doutrina da justificação

 

Em Romanos, o apóstolo Paulo apresenta a doutrina da justificação em seu aspecto judicial, mostrando o caminho de como o homem é declarado justo diante de Deus. Ele explica que a Lei revela o pecado, mas não tem poder para justificar: “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Romanos 3:20). Assim, Paulo mostra que a Lei apenas condena, enquanto a fé em Cristo Jesus justifica. Quando ele menciona que “os que praticam a lei hão de ser justificados” (Romanos 2:13), está apresentando um princípio hipotético: se alguém pudesse guardar toda a Lei perfeitamente, seria justificado por ela — mas isso é impossível, pois “todos pecaram” (Romanos 3:23). Portanto, o propósito da Lei é revelar a incapacidade humana e conduzir o homem à graça de Deus em Cristo.

Já em Gálatas, Paulo defende a mesma verdade, mas contra os judaizantes, que queriam obrigar os crentes gentios a praticarem as obras da Lei como meio de salvação. Por isso ele afirma: “Sabemos que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo” (Gálatas 2:16). Aqui a ênfase é prática e polémica — o apóstolo combate a ideia de que a fé em Cristo precise ser completada pela Lei. Ele declara que a Lei teve a função de tutor (aio), conduzindo-nos a Cristo, para que fôssemos justificados pela fé (Gálatas 3:24-25). Uma vez que Cristo veio, o tutor deixou de ser necessário: “Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de tutor” (Gálatas 3:25).

Assim, não há contradição entre Romanos e Gálatas, mas complemento. Em Romanos, Paulo mostra a necessidade da justificação pela fé; em Gálatas, ele defende essa mesma fé contra quem tentava corrompê-la com obras da Lei. Ambas as epístolas apontam para o mesmo centro: a cruz de Cristo, onde a justiça de Deus e a graça de Deus se encontram.

A justificação pela fé é a base do evangelho: somos declarados justos não porque cumprimos a Lei, mas porque Cristo a cumpriu por nós. Pela fé, somos revestidos da Sua justiça e feitos filhos de Deus (Gálatas 3:26-27). Assim, a Lei teve o seu papel — revelar o pecado e mostrar nossa incapacidade —, mas a fé nos introduz na nova vida em Cristo, onde vivemos pela graça e não mais pela letra.

Que o Senhor te abençoe com entendimento espiritual e alegria nesta verdade: “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3:24).

Josué Matos