Atributos de Deus - Deus é Um

“Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor”.

Com estas palavras enfáticas e intransigentes começa o Shemá – a confissão hebraica de fé e o prefácio aos mandamentos que o Senhor entregou ao Seu povo quando eles estavam no limiar da Terra Prometida (Deuteronômio 6 verso 4).

Pretendia ser a base das suas crenças e a sua companheira constante no País ou no estrangeiro. Pela reiteração constante desta verdade, o Senhor pretendia assegurar a integridade dos afetos do Seu povo por Si mesmo, garantindo em última análise a prosperidade de todos os seus assuntos – nacionais e internacionais.

A força e o momento desta confissão são extremamente significativos. Primeiro, embora o deserto tenha provado ser um lugar fisicamente austero (ao qual sobreviveram apenas através da provisão milagrosa de comida e água do Senhor) para a nação recém-nascida de Israel, era um ambiente espiritual relativamente benigno. Assim como a coluna de fogo e a nuvem os protegeram dos elementos naturais, a solidão de seu acampamento no deserto e a presença especial do Senhor os separaram em grande parte das trevas do Egito e os protegeram da chama fulminante do pluralismo religioso cananeu, no qual eles estavam prestes a entrar.

Segundo, mesmo tendo experimentado Sua poderosa libertação da tirania egípcia, a geração anterior recuou com medo em Cades-Barnéia (Deuteronômio 9 verso 23).

Confrontados com os relatos dos espiões sobre fortalezas impenetráveis ​​e inimigos formidáveis, duvidaram da capacidade atual do Senhor para lhes dar a vitória. Seus pais infiéis desejaram imprudentemente a morte no deserto e obtiveram-na concedida (Números 14 verso 2), mas agora os filhos devem enfrentar o inimigo.

Isto nos apresenta o primeiro sentido em que dizemos que Deus é Um – numericamente. Não existem muitos deuses. Embora Ele seja conhecido por muitos nomes abençoados, existe apenas um Deus verdadeiro. Esta declaração afirma a singularidade de Deus. Ele está sozinho – sem igual: “Eu sou o Senhor, e não há outro, além de mim não há Deus” (Isaías 45 verso 5). E Ele não tolera rivais: “Não terás ou

Num mundo cada vez mais pluralista e hostil, convicções sólidas sobre a singularidade do verdadeiro Deus irão ancorar os nossos afetos e encorajar os nossos esforços. Sua singularidade exige que nenhum concorrente chegue diante do Senhor em nossos corações, e o conhecimento seguro de que não há deus além do Senhor que dá força e coragem, mesmo na adversidade. “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e inabaláveis, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor” (1ª Coríntios 15 verso 58).

No Novo Testamento, a importância do Shemá foi enfaticamente reforçada pelo Senhor Jesus, pois quando os fariseus vieram testá-Lo, perguntando qual era o maior mandamento, o Senhor respondeu citando as palavras que imediatamente o seguem em Deuteronômio 6: “Tu amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento” (Mateus 22 versos 37 a 38). Além disso, Ele não parou por aí, continuando a dizer: “E o segundo é semelhante a este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mateus 22 versos 39 e 40).

Este tratamento especializado da Lei introduz magistralmente o segundo sentido em que falamos sobre a unidade de Deus. O Senhor Jesus mostrou que a afirmação de que Deus é Um também deve ser entendida qualitativamente. Isto é, afirma a indivisibilidade absoluta de Deus e descreve a consistência perfeita e harmoniosa de toda a Sua pessoa e obras. Por consequência, reivindicar amor a Deus, como exigia o Shemá, enquanto nutro pensamentos duros sobre o meu próximo é contrário à unidade da Lei. Destacando que este não é apenas o “grande” mandamento, mas o “primeiro” de uma série consistente – parte de um todo – o Senhor afirmou que a Lei é uma porque o Legislador é Um.

Esta consistência perfeita é ainda mais maravilhosa quando consideramos a revelação bíblica de que Deus é três personalidades distintas existindo como um Todo harmonioso. Que os três são Um em essência, importância, vontade e propósito eternos, mas absolutamente distintos em pessoa e função, está claramente implícito, muitas vezes afirmado, mas nunca explicado nas Escrituras. É a verdade a ser recebida pela fé, a ser desfrutada e sobre a qual construir. Na verdade, devemos tomar cuidado com todas as tentativas de explicar ou ilustrar o mistério da Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – pois todas são inevitavelmente inadequadas e muitas vezes conduzem ao erro.

Por exemplo, num extremo de aparente erro, estão aqueles, como os “Pentecostais Unicistas” e outros, “Monoteístas” que abraçam variações da antiga heresia do “Sabelianismo” – que Deus é uma pessoa que só aparece em diferentes formas. Cuidado com a analogia que tentam explicar a Trindade com as figuras do “gelo-água-vapor”!

No outro extremo do erro, estão aqueles que acreditam em três (ou mais, como no caso dos mórmons) deuses separados. Cuidado com a analogia do ovo “casca-clara-gema”!

Na verdade, não aceitando a doutrina da Trindade, os muçulmanos acusam os cristãos de serem triteístas – acreditando em três deuses, não em um. Em algum ponto intermediário estão os equivalentes arianos modernos, como as chamadas “Testemunhas de Jeová”, que ensinam a heresia de que Cristo é uma divindade criada de forma inferior.

Contudo, como afirmou o Senhor Jesus, a verdade da unidade de Deus não é apenas inesgotável e profunda, mas intensamente prática. Assim como as três pessoas da Divindade são inteiramente uma só em santa vontade e propósito, também devemos ser um com elas. Assim como a Divindade não existe em partes fragmentadas, também não há espaço para inconsistências hipócritas e compartimentadas na vida de um crente. Na verdade, as nossas relações uns com os outros devem ser caracterizadas pela mente humilde e amorosa de Cristo, se quisermos que a nossa profissão de amor a Deus seja mais do que o anel vazio da hipocrisia.

Finalmente, na véspera de Sua crucificação, o Senhor Jesus orou por Seus discípulos, dizendo: “… para que todos sejam um; como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti, para que eles também sejam um em nós: para que o mundo acredite que tu me enviaste (…) para que eles sejam aperfeiçoados em um; e para que o mundo saiba que tu me enviaste e os amaste, como tu me amaste” (João 17 versos 21 a 23).

Na realidade, o amor mútuo do Corpo de Cristo é uma prova incontestável da nossa unidade com Cristo e da Sua reivindicação de ser um com o Pai que O enviou.

 

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