Certa vez, em visita à uma reunião denominacional de cristãos, me deparei com uma situação, digamos, inusitada. Era uma festividade para a qual fui convidado, cujos cristãos tentavam reproduzir e celebrar as festas – próprias ao povo de Israel – aos moldes bíblicos. Tratava-se, portanto, daquelas nominadas de “festa dos tabernáculos”, “festa das colheitas”, “festa de purim” e por aí vai…

 

No decorrer daquela celebração, era perceptível a caracterização das roupas e ornamentos daqueles que lideravam a programação, sem contar o ambiente, todo ornado com forte influência judaica e preparado para que o convidado assim se sentisse (Judeu). Sobrevindo o final daquela festividade, como ato grand finale, notei que alguns irmãos entraram pela porta dos fundos do templo carregando em suas costas uma réplica da Arca da Aliança (sim, aquela que aparece durante todo o velho testamento e representava a presença do próprio Deus), inclusive copiada em riqueza de detalhes, foleada a ouro, com alças, pontas e até mesmo os querubins sobre sua tampa.

 

Ao desfilarem pelo corredor central do templo portando aquela réplica, as pessoas não se continham em lágrimas e corriam para o centro do salão a fim de, pelo menos, encostarem a mão no modelo, sendo que outros ajoelhavam, gritavam e até “desmaiavam”, tudo em razão da presença daquela mera cópia de um utensílio que simbolizou a presença de Deus durante a dispensação da Lei entre os israelitas, mas que visivelmente, ainda para eles, continuava a cumprir a mesma missão ali.

 

De infeliz lembrança, é o fato de que o líder religioso responsável pela réplica da Arca do Concerto não era daquela localidade, mas, ao se despedir, ofereceu aos cristãos daquela denominação o objeto, por um valor tão exorbitante, que sequer vale a pena comentar, encerrando aquela reunião com a seguinte frase: “estejam atentos às promessas de Deus para Israel, pois vocês são a continuação daquele povo e devem dar sequência na pregação do evangelho, para terminar o que Israel começou”. Daí me fiz a mesma pergunta que todo o cristão preocupado com a ausência das verdades bíblicas atualmente se faz: “será”?

Se você nunca se deparou pessoalmente com situações assim, certamente já ouviu falar em algo do gênero, onde os cristãos atuais não conseguem diferenciar, nem a forma de Deus tratar com o homem ao longo da história (dispensações – para a compreensão do significado acesse os links: www.youtube.dispensações) nem ainda a distinção nítida das promessas feitas, bem como o caráter do chamamento de cada um dos povos tratados nestas dispensações.

 

Esta eventual incógnita se dá muito por conta do advento da denominada “teologia do pacto”, entendimento segundo o qual Deus teria somente UM povo (representado pelos santos do Novo e do Velho Testamentos) e somente UMA promessa, que abarcaria tanto um, como o outro, em continuidade, até a sua vinda final para julgar as nações. Outra característica deste entendimento – teologia do pacto – encontra-se na crença de que as profecias e promessas bíblicas devem ser interpretadas de forma alegórica (simbólica), inclusive, “espiritualizando-se” àquelas materiais, direcionadas exclusivamente à Israel, para adaptá-las à Igreja de Cristo.

 

Tal interpretação se mostra equivocada, já que não há motivos bíblicos para não interpretarmos as profecias e promessas da Palavra de Deus de maneira literal – com exceção das passagens que fazem referência alegórica – entretanto, há registro bíblico da causa e surgimento da igreja, bem como de Israel, sendo aquela (Igreja) um “ramo enxertado” a este (Israel), como um mistério que a ninguém fora revelado, antes do ministério apostólico outorgado ao Apóstolo Paulo (Romanos 11).

 

Para compreendermos melhor a questão à conseguirmos distinguir os povos e suas diferentes promessas e tratativas para com Deus na bíblia, necessário que nos atentemos ao momento em que foram escolhidos, aos motivos pelos quais foram escolhidos e às promessas assentadas para cada um, considerando tão somente o texto bíblico que o Senhor Jeová registrou, claramente acomodando o ISRAEL de Deus e a IGREJA de Cristo em posições completamente diferentes.

 

Quanto ao momento de eleição, a Palavra de Deus nos mostra que enquanto o povo israelita fora escolhido “desde a fundação do mundo”, a IGREJA fora escolhida “antes da fundação do mundo”, como se extrai de Mateus 25:34 e Efésios 1:4:

 

Mt. 25:34 “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;

 

Ef. 1:4 “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor”;

 

Tão certo quanto o fato de que a IGREJA não é a extensão nem a substituição do povo de ISRAEL, é o fato de que fora eleita antes dele em CRISTO. Desta forma, facilitada fica a compreensão dos motivos que levaram Deus à determinadas escolhas no tempo e na relação com cada um, dirimindo dúvidas e perguntas que detemos relacionadas ao porquê desta ordem (primeiro um, depois o outro).

 

Quanto aos motivos, enquanto ISRAEL fora eleito por Deus para dar linhagem à vinda Daquele cujo principado estaria eternamente sobre os seus ombros (Isaías 9:6-7) e que haveria de re-ligar o homem à Deus, extirpando o pecado do mundo (João 1:29) e ferindo de morte a serpente (o diabo) na cabeça (Gn. 3:15), como Deus assim prometeu que faria, a IGREJA teve sua eleição à recepcionar o Cordeiro para as bodas, ataviada, como uma noiva aguarda pelo esposo à beira do altar, ansiosa para estar sob sua guarda e proteção eternamente (Ap. 19:7 e 22:17).

 

Todavia, proceder para dar linhagem ao Nosso Salvador Jesus Cristo (Israel) ou recepcioná-lo em suas bodas (Igreja), são elementos externos às pessoas da trindade (Pai – Filho – Espírito Santo), ou seja, são motivos inerentes à promessa que foi dispensada à cada um e que vem sendo cumprida à risca pela fidelidade do Senhor Deus para com o homem, pois a sua Palavra jamais há de passar sem cumprimento, nem para um, nem para o outro (Mt 24:35) – pois o Nosso Deus guarda suas Alianças, seja aquela subjetiva (firmada individualmente – com o homem como pessoa – em Gn 9:8-17 com Noé e em Gn 15:4-6 e 17:10-14 com Abraão), seja aquela objetiva (firmada coletivamente – com um povo – Dt 27 e 28), seja ela condicional (onde há condições para sua manutenção – Dt 27 e 28), seja ela incondicional (onde não há condições para o cumprimento – conforme se fez na Nova Aliança, predita em Jr 31:31-34 e cumprida em Mt 26:28 e 1 Cor. 11:25). Para melhor compreensão do tema “Alianças”, clique no link: www.youtube.apromessa

Entretanto, há o maior dos motivos pelas escolhas, e este advém de um só elemento interno e inerente ao sentimento de Deus para conosco e que – indiscutivelmente – se mostra o motivo maior na eleição de ambos por Deus, o AMOR! Sim, pois enquanto um (Israel) não tinha nenhuma qualidade que chamasse a atenção de Deus (não eram expressivos numericamente e não tinham riquezas materiais e nem poderio de governo), o outro (a Igreja) encontrar-se-ia “morta” em seu pecado, acaso o Messias (Jesus Cristo), ao nascer neste mundo pela linhagem prometida, não se entregasse por ela, demonstrando que, mesmo havendo diferença nos motivos externos (promessas feitas a cada um), o motivo interno co-habita os dois no coração de Deus em perfeita harmonia, traduzida pelo AMOR que Deus igualmente sente por ambos.

 

Portanto, quanto aos motivos, ISRAEL fora escolhido pela promessa que possuía, isto é, “para guardar o juramento” e também por AMOR, como verificamos – (parênteses inseridos para compreensão):

 

– POR CAUSA DA LINHAGEM:

 

Gn 3:15 “E porei inimizade entre ti e a mulher (alusão à Maria), e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.

 

Is 7:14 “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá (alusão à Maria), e dará à luz um filho (alusão à Jesus Cristo), e chamará o seu nome Emanuel.

 

Lc 2:9-11 “E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor”.

 

– POR CAUSA DO AMOR:

 

Deuteronômio 7:7-9 “O SENHOR não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos; Mas, porque o SENHOR vos AMAVA e para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o SENHOR vos tirou com mão forte e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito. Saberás, pois, que o SENHOR teu Deus, ele é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos”.

 

Rm 11:28 “Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais”.

 

Já quanto à IGREJA, esta restou eleita para recepcionar O Cordeiro e “anunciar as virtudes daquele que vos chamou”, para propagação da sua Pessoa e Obra na Cruz, servindo-lhe de testemunho “até os confins da terra” para salvação de todo aquele que crê na boa nova do Evangelho da graça de Deus, e também por AMOR, senão confira-se:

 

POR CAUSA DO TESTEMUNHO:

 

1 Pedro 2:9 “Mas vòs sois a geração eleita, o sacerdòcio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”;

 

1 Pedro 1:2 “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas”.

 

POR CAUSA DO AMOR

 

Efesios 1:4 “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor”;

 

Em suma, há os motivos externos (linhagem e recepção) e interno (o amor de Deus para com ambos), mas todos eles apontam para uma só pessoa e causa de tudo em todos, JESUS CRISTO. Ao consumar a Obra da Cruz, sacrificando-se em favor da humanidade, Ele instituiu em Seu Sangue a então inédita possibilidade de salvação para qualquer que N’ele crê, e impôs um Senhorio exaltado acima de todo e qualquer nome (Fl. 2:9), fazendo sua novamente a propriedade que havia se perdido no jardim do Éden pela equivocada decisão humana de afastar-se, e lavrando o direito à vida eterna para aqueles que creem, vocação esta que acompanha de maneira irrevogável os cristãos, quer estejam vivos, quer estejam mortos:

 

Romanos 14:8,9 “Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor. Porque foi para isto que morreu Cristo, e ressurgiu, e tornou a viver, para ser Senhor, tanto dos mortos, como dos vivos”.

 

À partir da Sua morte e Ressurreição, o Senhor Jesus permite a transição de um indivíduo, tanto gentio (incrédulo), quanto pertencente à nação judaica, à integrar a igreja, mas isso por um único caminho, a saber, A FÉ em Seu Nome e Obra e também, somente por um espaço de tempo – entre a sua morte e ressurreição e o arrebatamento da igreja (1 Ts 4:13-17) – pois durante este lapso, a Palavra de Deus nos mostra que a tratativa de Deus para com Israel encontra-se suspensa, mas apenas por um momento (durante a permanência da igreja na terra), como o apóstolo Paulo ensinou ao explicar sobre a reintegração de Israel ao plano divino, advertindo que estas disposições se darão “sem arrependimento”:

 

Romanos 11:25-29 “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.

 

E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. E esta será a minha aliança com eles, Quando eu tirar os seus pecados.

 

Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais.

 

Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento.

 

Em razão disso, importante ressaltar que, do advento do sacrifício do Senhor Jesus Cristo (morte e ressurreição) até o arrebatamento da igreja, a FÉ em seu nome integra QUALQUER pessoa à formatação da IGREJA, outorgando à ela a condição de filha de Deus (João 1:12), apta à desfrutar das promessas que estão reservadas somente para Igreja, não mais importando sua nacionalidade (judeu ou grego), sua posição social (escravo ou livre) ou mesmo sua natureza sexual (homem ou mulher), pois a FÉ no Filho de Deus transmuda todos em UM CORPO, que permanece intocável e alimentado por UM SÓ ESPÍRITO (Espírito Santo), verifiquemos:

 

Gálatas 3:25-28 “Mas, depois que veio a fé, já não dependemos de pedagogo, porque todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo. Todos vós que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo. Já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus”.

 

1 Coríntios 12:12-14 Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.

 

Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito. Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos.

 

Entretanto, há aqueles judeus que insistem em não reconhecer o Senhor Jesus como FILHO DE DEUS e, para estes, voltarão a tratar com Deus após o arrebatamento da igreja, já que, sobre eles “o endurecimento veio em parte, até que a plenitude dos gentios haja entrado” (Rm 11:25), assunto este que será objeto do próximo artigo, denominado “As Ressurreições”, onde ficarão clarividenciados os momentos e estágios das ressurreições bíblicas (1ª e 2ª).

 

Esclarecidos os momentos e motivos para cada eleição, tem-se que as promessas não poderiam ser as mesmas, uma vez que a literalidade e finalidade das promessas se mostram de natureza distinta. Enquanto as escrituras sagradas jorram promessas de prosperidade e saúde terrenas para o povo de Israel, e contrapartida, também jorram promessas de bênçãos espirituais para a Igreja de Cristo:

 

Exemplos de promessas para Israel (sempre terrenas):

 

Salmo 122:6-7 Orai pela paz de Jerusalém; prosperarão aqueles que te amam. Haja paz dentro de teus muros, e prosperidade dentro dos teus palácios.

 

Malaquias 3:10 Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.

 

2 Crônicas 7:13-14 Se eu fechar os céus, e não houver chuva; ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra; ou se enviar a peste entre o meu povo;

 

E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.

 

Exemplos de promessas para Igreja (sempre celestiais):

 

Efesios 1:3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo;

 

1 Timóteo 6:8 Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes.

 

Filipenses 4:12-13 “sei estar abatido e sei também ter abundância. Em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece.”

 

2 Timóteo 2:3 “Sofre pois comigo as aflições, como um bom soldado de Jesus Cristo”

 

Efésios 6:11-12 Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.

 

Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.

 

Ora, não é necessário ir muito longe, para perceber que as promessas chegam à caminhar em sentido contrário se contrastadas. Enquanto para Israel Deus prometeu literalmente a prosperidade financeira (bens materiais, rebanhos, colheitas…) e longevidade (tempo de vida prolongado), tanto para o seu cotidiano, como para aqueles que entrarem em Seu reinado milenial, que ocorrerá 7 (sete) anos após o arrebatamento (para compreensão do período milenial e outros assuntos relacionados a este período, acesse: www.youtube.com/1edit www.youtube.com/2edit), para a Igreja Deus promete a vida eterna no céu, através da Fé em Seu Filho Jesus Cristo, orientando-a para que, no demais, permaneça em paz, seja em prosperidade, seja em dificuldades materiais, guerreando contra as hostes do mal “nos lugres celestiais” (não na vida financeira, psíquica e relações amorosas ou interpessoais – áreas da vida cuja maioria dos cristãos atuais estabelecem batalhas). O que é incontestável, é que diante das aflições que lhe aguardava, Cristo prometeu enviar o Consolador à Igreja, cumprindo sua promessa por ocasião do evento ocorrido em Atos 2 (Inauguração da Igreja – do termo grego Ekklésia – com o derramamento – Batismo – com o Espírito Santo) – assunto que será objeto de outro artigo, denominado “Os Dons Espirituais”.

 

Se observarmos o comportamento de Jesus e seus discípulos pelas narrativas dos evangelhos, veremos ambos cumprindo os ditames da Lei de Moisés, muito em razão da Igreja ainda não ter sido fundada. O próprio Jesus avisa a Pedro: “sobre esta pedra eu EDIFICAREI a minha igreja” (Mt. 16:18). Repare que o verbo está acertadamente conjugado no futuro, pois ali, a Igreja de fato, não havia sido fundada. Por este motivo, todo o proceder de Jesus e seus discípulos caminham sob a égide da dispensação da Lei Mosaica, a exemplo da sua apresentação no templo (Lc 2:21-32), o milagre sendo levado em oferecimento ao sacerdote, como “Moisés determinou” (Mc 1:44) e o pagamento dos devidos tributos à época (Mt. 22:19-21).

 

Após sua crucifixão, o Senhor Jesus ressurge das entranhas da morte e, vencendo-a, é recebido em cima nos céus, providenciando o cumprimento da consumação de sua promessa de redenção, pela via inaugural de sua Igreja – como visto em Atos 2 – para então converter o Apóstolo Paulo no caminho de Damasco (Atos 9) e assentar a propagação do EVANGELHO DA GRAÇA, segundo o qual os cristãos passariam a ser salvos única e exclusivamente pela Fé em sua Pessoa e Obra. Esta forma de salvar o mundo, não havia sequer sido cogitada por qualquer homem, anjo ou potestade, sendo um mistério revelado por Deus diretamente ao Apóstolo Paulo:

 

Efésios 3:2-6 Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada;

 

Como me foi este mistério manifestado pela revelação, como antes um pouco vos escrevi;

 

Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas;

 

A saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho;

 

Colossenses 1:24-27 Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja;

 

Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de Deus;

 

O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos;

 

Aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória;

 

Daí por diante, a Igreja – formada por todo e qualquer indivíduo que crê genuinamente no unigênito Filho de Deus – Jesus Cristo – passou a viver SEM JULGO (Mt 11:28-29), com a promessa de que será arrebatada, para os que estiverem vivos na ocasião, ou ressurreta, para os que estiverem “dormindo” em Cristo – já mortos (1 Ts 4:14-18). Aqui, vale lembrar que sempre que usado o verbo “dormir” e suas variadas conjugações (dormem, dormiram…) o Apóstolo está se referindo aqueles que morreram CRENDO em Cristo Jesus. Em contrapartida, quando usado o verbo “morrer” e suas conjugações (morrem, morreram…), está se referindo aos que morreram SEM CRER. Assim, temos que a expressão “dormir” não guarda nenhuma relação com algum tipo de sono da alma ou inconsciência da pessoa por ocasião de sua morte, assunto que será objeto de outro artigo, oportunamente.

 

Por fim, não bastasse a clareza com que a as escrituras diferem Israel da Igreja, demonstrando não ser esta uma substituição, nem uma extensão de Israel, o próprio Apóstolo Paulo permaneceu fazendo a distinção dos grupos, que estão perante Deus subdivididos em (1) Judeus, (2) Gregos ou Gentios e (3) Igreja:

 

1 Cor 10:32 Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos (1) judeus, nem aos (2) gregos, nem à (3) igreja de Deus.

 

Em suma, enquanto os Israelitas aguardam, com o coração endurecido, a entrada da “plenitude dos gentios” (Rm 11:25-29) ou seja, após o arrebatamento – evento que tornará a Igreja plena – completa em seu Senhor e Salvador Jesus Cristo (1 Ts 4:13-17) – para então, voltar a tratar com Deus sobre seu destino e promessa, o dever da Igreja, é aguardar por este iminente arrebatamento (que poderá ocorrer ainda antes que você termine de ler este artigo), vivendo aqui em comunhão uns para com os outros e encorajando os irmãos já convertidos em Cristo Jesus a levaram esta boa nova do Evangelho da Graça de Deus aos que ainda não creram, para que, integralmente pela Sua GRAÇA, sejam também inseridos ao Corpo de Cristo (Igreja), recebam o Espírito Santo e sejam selados para redenção daquele grande dia (Ef 4:30), onde “encontraremos com o Senhor nos ares”, certos de que “nem todos dormiremos, mas todos SEREMOS TRANSFORMADOS”. (1 Cor 15:51)

 

Por: Reny Junior

 

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