26/12/2015 09:16
Abordaremos agora esta solene parte do
discurso de nosso Senhor no qual Ele
apresenta o reino dos céus comparado a
"dez virgens". O ensino contido nesta
parábola tão interessante e significativa é
de uma aplicação mais ampla do que a do
servo à qual já nos referimos,
considerando que ela aborda todo o
espectro da profissão cristã e não fica
restrita ao ministério, seja ele dentro ou
fora da casa. Ela se relaciona direta e
explicitamente à profissão cristã, tanto a
falsa como a verdadeira.
"Então o reino dos céus será semelhante a
dez virgens que, tomando as suas
lâmpadas, saíram ao encontro do esposo".
Há quem acredite que esta parábola
refira-se ao remanescente judeu, mas não
parece ser esta a ideia que ela dá, tanto
pelo contexto no qual ocorre, quanto
pelos termos nela utilizados.
No que diz respeito ao contexto como
um todo, quanto mais de perto nós a
examinarmos, mais claramente veremos
que a porção judaica do discurso termina
com Mateus 24:44. Isto é algo tão claro
que descarta qualquer questão.
Igualmente distinta é a porção cristã, que
se estende, como vimos, de Mateus 24:45
a Mateus 25:30, enquanto de Mateus 25:31
ao final temos os gentios. Tamanha
ordem e plenitude encontradas neste
maravilhoso discurso deve tocar todo
leitor atento. Ele apresenta o judeu, o
cristão e o gentio, cada um em seu
terreno distinto e em conformidade com
seus próprios princípios. Não há uma
mistura de uma coisa com outra, não há
confusão de coisas que diferem. Em
suma, a ordem, a plenitude e a
abrangência deste profundo discurso são
coisas divinas que enchem a alma de
"assombro, amor e adoração". Depois de
estudá-lo, só podemos fazer nossas, em
uníssono, as palavras do apóstolo que
disse: "Ó profundidade das riquezas,
tanto da sabedoria, como da ciência de
Deus! Quão insondáveis são os Seus
juízos, e quão inescrutáveis os Seus
caminhos!"
E então, quando examinamos os termos
exatos utilizados por nosso Senhor na
parábola das dez virgens, acabamos
percebendo que esta não se aplica a
judeus, mas a cristãos professos — aplicase
a nós. Proclama e ensina uma solene
lição ao escritor e também ao leitor destas
linhas.
Vamos, então, aplicar nosso coração à sua
leitura.
"Então o reino dos céus será semelhante a
dez virgens que, tomando as suas
lâmpadas, saíram ao encontro do esposo".
O cristianismo primitivo era
especialmente caracterizado pelo fato
aqui indicado, a saber, de aguardar pelo
ansiado encontro com um Noivo que
voltaria. Os primeiros cristãos foram
levados a se desligar das coisas presentes e
a saírem, de mente e coração, ao encontro
do Salvador que amavam e pelo qual
aguardavam. Não se tratava,
evidentemente, de sair de um lugar para
outro; não era uma questão de lugar, mas
algo moral e espiritual. Era uma saída de
coração, ao encontro de um amado
Salvador cujo retorno era ansiosamente
aguardado, dia após dia.
É impossível ler as epístolas dirigidas às
diversas igrejas sem perceber que a
esperança da eminente e segura volta do
Senhor governava os corações de Seu
amado povo nos primeiros dias. Eles
esperavam pelo Filho vindo do céu.
Sabiam que Ele viria para levá-los, para
estarem Consigo para sempre, e o
conhecimento e poder dessa esperança
tinha o efeito de desligar seus corações
das coisas presentes. Sua esperança, viva e
celestial, acabou por torná-los
indiferentes às coisas deste mundo. Eles
esperavam pelo Salvador. Acreditavam
que Ele poderia vir a qualquer momento
e, por isso, as obrigações desta vida
acabavam sendo tão somente assumidas e
atendidas para o momento — sem dúvida
alguma atendidas de forma completa e
adequada — mas apenas no caráter
transitório que tinham, enquanto viviam
em grande expectativa.
Tudo isso é comunicado ao nosso
coração, de forma breve, porém clara,
pela expressão: "Saíram ao encontro do
esposo". Não há como conscientemente
aplicar isto ao remanescente judeu, ainda
mais sabendo que eles não sairão ao
encontro de seu Messias, mas, ao
contrário, permanecerão em sua posição
ou em meio às circunstâncias até que Ele
venha e coloque Seu pé no Monte das
Oliveiras. Eles não aguardarão pela vinda
do Senhor para levá-los embora desta
terra para estarem com Ele no céu, mas
Ele virá para trazer-lhes libertação em sua
própria terra, e para fazê-los feliz ali
mesmo, sob Seu próprio reino pacífico e
bendito durante o milênio.
Porém o chamado feito aos cristãos foi
para "saírem". Espera-se deles que
estejam sempre de mudança; que não se
acomodem no mundo, mas que estejam
de saída em uma sincera e santa
expectativa pela glória celestial para a
qual são chamados, e pelo Noivo celestial
com Quem estão desposados, e cujo
breve advento são ensinados a aguardar.
Tal é a ideia verdadeira, divina e normal
para a condição e atitude esperadas de um
cristão. E uma ideia tão terna era
maravilhosamente entendida e colocada
em prática pelos primeiros cristãos. Mas,
oh!, somos lembrados de que, na
cristandade estamos diante tanto do que é
genuíno como daquilo que é falso. Há o
"joio" e há também o "trigo" no reino
dos céus, portanto lemos acerca destas
dez virgens que "cinco delas eram
prudentes, e cinco loucas". No
cristianismo professo existe o verdadeiro
e o falso, o genuíno e a imitação, o real e
o ilusório.
Sim, e isto deve continuar até o tempo do
fim, até que o Noivo venha. O joio não é
convertido em trigo, tampouco as virgens
loucas transformadas em prudentes. Não,
jamais. O joio irá queimar e as virgens
loucas serão deixadas do lado de fora. Até
aqui, pelo que vemos de um aparente
progresso levado a efeito pelos meios
hoje em operação — a pregação do
evangelho e as diversas organizações
beneficentes funcionando em todo o
mundo — percebemos, graças a todas as
parábolas e ao ensino de todo o Novo
Testamento, que o reino dos céus se
revela como uma mescla de mal das mais
deploráveis. Trata-se de um processo que
corrompe, uma repugnante adulteração
da obra de Deus engendrada pelo inimigo
e um real progresso do mal em princípio,
profissão e prática.
E tudo isso seguirá até o fim. As virgens
loucas são vistas quando surge o Noivo.
De onde viriam, se fosse correta a ideia de
que todos deverão se converter antes da
vinda do Senhor? Se todos forem levados
ao conhecimento do Senhor pelos meios
hoje utilizados, então como explicar a
existência do mesmo número de virgens
loucas e sábias nessa ocasião?
Mas talvez alguém alegue que isto não
passa de uma parábola, uma figura.
Certamente, mas figura de quê?
Certamente não de um mundo inteiro
convertido. Afirmar isto seria ofender o
volume sagrado e tratar o solene ensino
de nosso Senhor de um modo tal que não
ousaríamos tratar nem mesmo o ensino
de um mero mortal.
Não, leitor, a parábola das dez virgens
ensina, sem dúvida alguma, que quando o
Noivo vier entrarão em cena as virgens
loucas e, evidentemente, se existirem as
virgens loucas é porque elas não terão
sido previamente convertidas. Até uma
criança é capaz de entender isto. Não
conseguimos enxergar como seria
possível, levando-se em consideração esta
parábola, manter a teoria de um mundo
convertido antes da vinda do Noivo.
Mas vamos examinar um pouco mais de
perto estas virgens loucas. Sua história é
cheia de admoestações para todos os que
professam ser cristãos. Trata-se de algo
muito sutil, mas de uma abrangência
impressionante. "As loucas, tomando as
suas lâmpadas, não levaram azeite
consigo". Existe a profissão exterior, mas
não uma realidade interior — nenhuma
vida espiritual — nenhuma unção —
nenhuma ligação vital com a fonte de vida
eterna — nenhuma união com Cristo.
Nada além da lâmpada da profissão e do
seco pavio de uma crença nominal,
teórica e racional.
Isto é particularmente solene. Lança uma
tremenda responsabilidade sobre aquela
imensa massa de professos batizados que,
neste exato momento, nos rodeia, na qual
existe tanta aparência exterior, porém tão
pouca realidade interior. Todos
professam ser cristãos. A lâmpada da
profissão cristã pode ser vista em todas as
mãos, mas, oh!, quão poucos trazem o
azeite em seus vasos, o espírito de vida
em Cristo Jesus, o Espírito Santo
habitando em seus corações. Sem isto,
tudo é completamente inútil e vão. Pode
haver a mais elevada profissão, pode
existir o mais ortodoxo credo, alguém
pode ser batizado, pode receber a ceia do
Senhor, pode estar regularmente
registrado e ser perfeitamente
reconhecido como membro de uma
comunidade cristã, pode ser um professor
da escola dominical ou um ministro
ordenado por alguma religião. Pode ser
alguém que seja tudo isso e, mesmo
assim, não possuir uma centelha sequer
de vida divina, nem mesmo um raio de
luz celestial, qualquer ligação com o
Cristo de Deus.
Ora, existe algo de particularmente
terrível no pensamento de se ter tão
somente uma medida de religião
suficiente para enganar o coração,
amortecer a consciência e arruinar a alma
— religião suficiente apenas para dar
nome de vivo a quem está morto —
suficiente para deixar alguém sem Cristo,
sem Deus e sem esperança neste mundo;
suficiente para sustentar a alma com uma
falsa confiança, e enchê-la de uma falsa
paz, até que o Noivo venha e, então, os
olhos sejam abertos quando for tarde
demais.
Assim é com as virgens loucas. Elas são
muito parecidas com as prudentes. Um
observador comum talvez não seja capaz
de ver qualquer diferença por algum
tempo. Todas se preparam juntas. Todas
têm lâmpadas. E, além disso, todas
acabam indo descansar e adormecem,
tanto as prudentes como as loucas. Todas
se levantam com o clamor da meia-noite e
preparam suas lâmpadas. Até aqui não
existe uma diferença visível. As virgens
loucas acendem suas lâmpadas — a
lâmpada da profissão cristã é acesa com o
pavio seco de uma fé nominal, teórica e
sem vida. Oh! tudo em vão — pior do
que em vão, um engano fatal para a
destruição da alma.
Aqui surge a grande diferença — a bem
definida linha de demarcação — com
uma clareza terrível, sim, apavorante. "E
as loucas disseram às prudentes: Dai-nos
do vosso azeite, porque as nossas
lâmpadas se apagam". Isso prova que suas
lâmpadas estavam acesas, pois se não
estivessem acesas não poderiam se apagar.
Mas era apenas uma luz falsa, tremulante
e passageira. Não era alimentada pela
divina fonte. Era a luz da mera profissão
dos lábios, alimentada por uma crença
racional, com duração apenas suficiente
para enganar a si mesmas e a outros, e
apagar bem na hora em que mais
precisavam dela, deixando-as nas terríveis
trevas da noite eterna.
"Nossas lâmpadas se apagam". Terrível
descoberta! "Aí vem o esposo, e nossas
lâmpadas se apagam. Nossa vã profissão
cristã está sendo revelada pela luz de Sua
vinda. Pensamos que estava tudo em
ordem. Professamos a mesma fé, tivemos
o mesmo tipo de lâmpada, o mesmo tipo
de pavio; mas, oh! agora descobrimos,
para horror nosso, que nos enganamos a
nós mesmas, que não temos aquilo que é
necessário, o espírito de vida em Cristo, a
unção do Santo, a ligação viva com o
Noivo. O que faremos? Oh, virgens
prudentes, tenham pena de nós e
compartilhem conosco seu azeite. Façam
isso, por misericórdia, compartilhem um
pouco conosco, nem que seja uma gota
dessa coisa tão essencial, para não
perecermos para sempre".
Oh, tudo em vão. Nenhuma delas pode
compartilhar este azeite com outra. Cada
uma possui o suficiente para si. Além do
mais, ele só pode ser recebido do próprio
Deus. Um homem pode dar luz, mas não
pode dar o azeite. Este é uma dádiva que
provém somente de Deus. "Mas as
prudentes responderam, dizendo: Não
seja caso que nos falte a nós e a vós, ide
antes aos que o vendem, e comprai-o para
vós. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou
o esposo, e as que estavam preparadas
entraram com ele para as bodas, e fechou-se
a porta". De nada adianta buscar por
amigos cristãos que nos ajudem ou que
nos deem suporte. De nada adianta correr
de um lado para o outro procurando
alguém em quem se apoiar — algum
santo, ou algum eminente mestre — de
nada adianta buscar apoio em nossa
Igreja, ou em nosso credo, ou em nossos
sacramentos. Queremos azeite. Não
podemos viver sem ele. Onde encontrálo?
Não no homem, ou na Igreja, ou nos
santos, ou nos pais. Devemos obtê-lo de
Deus; e Ele, bendito seja o Seu nome, o
dá graciosamente. "O dom gratuito de
Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus
nosso Senhor".
Mas, repare bem, trata-se de algo
individual. Cada um deve tê-lo para si
mesmo. Ninguém pode crer, ou obter
vida para outro. Cada um deve tratar
disso pessoalmente com Deus. A ligação
que faz a conexão da alma com Cristo é
algo completamente individual. Não
existe algo como uma fé de segunda mão.
Uma pessoa pode nos ensinar religião,
teologia ou a letra das Escrituras, mas não
pode nos dar o azeite; não pode nos dar
fé; não pode nos dar vida. "É dom de
Deus". Que pequena e preciosa palavra,
"dom". É como Deus. É tão gratuito
quanto o ar de Deus; gratuito como Seus
raios solares; gratuita como Suas
refrescantes gotas de orvalho. Mas,
repetimos e com solene ênfase, cada um
deve obtê-lo para si mesmo e tê-lo em si
mesmo. "Nenhum deles de modo algum
pode remir a seu irmão, ou dar a Deus o
resgate dele (pois a redenção da sua alma
é caríssima, e cessará para sempre), para
que viva para sempre, e não veja
corrupção" (Sl 49:7-9).
Leitor, o que você diz destas solenes
realidades. Você é uma virgem louca ou
prudente? Você já obteve vida em um
Salvador ressuscitado e glorificado? Você
é um mero professo de uma religião,
satisfeito com a mera rotina comum e
sem vida de ir à igreja, possuindo apenas
um pouco de religião que o torne alguém
respeitável neste mundo, mas não o
suficiente para ligá-lo com o céu?
Insistimos sinceramente com você para
que pense seriamente nestas coisas. Pense
nelas agora. Pense no indescritível horror
de descobrir que sua lâmpada da mera
profissão cristã está se apagando e
deixando você em densas trevas — trevas
palpáveis — as trevas exteriores de uma
noite eterna. Quão terrível será descobrir
que a porta foi fechada antes que você
pudesse embarcar rumo às núpcias; foi
fechada na sua cara! Que lamento de
agonia, "Senhor, Senhor, abre-nos!" Que
contundente e esmagadora resposta: "Em
verdade vos digo que vos não conheço".
Oh, querido amigo, dê a estas solenes
palavras um lugar em seu coração agora
mesmo, enquanto a porta ainda está
aberta, enquanto o dia da graça se estende
pela maravilhosa paciência de Deus. Está
chegando rapidamente aquele momento
quando a porta de misericórdia será
fechada para você para sempre, quando
toda esperança acabará e sua preciosa
alma será precipitada em um sombrio e
eterno desespero. Que o Espírito de Deus
possa tirá-lo de seu sono fatal e não
permita que você descanse até encontrar
o verdadeiro repouso na obra completa
do Senhor Jesus Cristo e nos Seus
benditos pés, em devota adoração.
Devemos agora encerrar este texto, mas
antes de fazê-lo gostaríamos de, por um
momento, dar uma olhada nas virgens
prudentes. De acordo com o ensino desta
parábola, a grande característica que as
distingue e as separa das virgens loucas é
que, logo de início, elas "levaram azeite
em suas vasilhas, com as suas lâmpadas".
Em outras palavras, o que distingue os
verdadeiros crentes daqueles que
meramente professam é que os primeiros
têm em seus corações a graça do Espírito
Santo de Deus; eles têm o espírito de vida
em Cristo Jesus e o Espírito Santo
habitando neles como o selo, o penhor, a
unção e o testemunho. Este grande e
glorioso fato caracteriza hoje todos os
verdadeiros crentes no Senhor Jesus
Cristo — um fato estupendo,
maravilhoso, com toda certeza — um
imenso e inefável privilégio que deveria
sempre curvar nossa alma em santa
adoração diante de nosso Deus e de nosso
Senhor Jesus Cristo, cuja redenção já
consumada nos garantiu tão grande
bênção.
Quão triste é pensar que, apesar deste
privilégio tão santo e elevado, somos
obrigados a ler, como mostram as
palavras de nossa parábola:
"Tosquenejaram todas, e adormeceram!".
Todas igualmente, tanto as prudentes
quanto as loucas, adormeceram. O Noivo
tardou em vir, e todas, sem exceção,
perderam o frescor, o fervor e o poder da
esperança da Sua vinda, e adormeceram.
É isto que declara nossa parábola, e é este
o solene fato da história. Todo o corpo
professo adormeceu. A bendita esperança
que brilhou com tanto fulgor no
horizonte dos primeiros cristãos, se
desvaneceu com muita rapidez. E
enquanto perscrutamos as páginas da
história da Igreja durante dezoito séculos,
desde os Pais Apostólicos ao início do
presente século, em vão buscamos por
alguma referência clara à esperança
específica da Igreja — a volta pessoal do
bendito Noivo. Na verdade, aquela
esperança foi virtualmente perdida pela
Igreja, e não apenas isto, mas hoje é quase
uma heresia ensiná-la e, nestes últimos
dias, centenas de milhares de ministros
que professam a Cristo não ousam pregar
ou ensinar sobre a vinda do Senhor
conforme o ensino das Escrituras.
É verdade, bendito seja Deus, que uma
grande mudança aconteceu no último
século. Houve então um grande
despertamento. Deus, por meio do Seu
Espírito Santo, voltou a chamar a atenção
de Seu povo para verdades há muito
esquecidas e, entre elas, a gloriosa verdade
da vinda do Noivo. Muito então
perceberam que a razão da demora do
Noivo se devia simplesmente à paciência
de Deus para conosco, pois Ele não quer
que nenhum pereça, mas que todos
venham a se arrepender. Precioso motivo!
Mas eles também viram que, apesar dessa
paciência, nosso Senhor está próximo.
Cristo vem. O clamor da meia-noite já foi
ouvido: "Aí vem o esposo, saí-lhe ao
encontro". Muitos milhões de vozes
ecoam esse clamor tão comovente, até
que ele alcance, em seu poder moral, de
um polo a outro, "desde o rio do Egito"
aos confins da terra, conclamando toda a
Igreja a esperar — todos juntos — pela
gloriosa vinda do Noivo que é tão
bendito aos nossos corações.
Amados irmãos no Senhor, despertem!
Que cada alma seja despertada. Vamos
deixar de lado a indolência do conforto
mundano e da satisfação própria —
vamos nos colocar acima da debilitante
influência do formalismo religioso e da
tediosa rotina — vamos jogar de lado os
dogmas da falsa teologia e sair, com
vontade e na afeição do coração, ao
encontro de nosso Noivo que está
chegando. Que estas solenes palavras
atinjam nossa alma com revigorado
poder: "Vigiai, pois, porque não sabeis o
dia nem a hora". Que a resposta de nossa
vida e coração seja: "Ora vem, Senhor
Jesus".
Sinistra é a fonte do mal que hoje passa;
Despertai, ó santos, vós filhos da graça;
Buscai os perdidos com fé destemida,
Sabendo o preço da cruz e sua lida.
Cantai, inspirados, do amor sem medida,
Enquanto aguardamos, ao céu, a subida
— Que pode ser hoje, oh doce certeza! —
Com lombos cingidos e a luz sempre acesa.