AS DEZ VIRGENS

Abordaremos agora esta solene parte do

discurso de nosso Senhor no qual Ele

apresenta o reino dos céus comparado a

"dez virgens". O ensino contido nesta

parábola tão interessante e significativa é

de uma aplicação mais ampla do que a do

servo à qual já nos referimos,

considerando que ela aborda todo o

espectro da profissão cristã e não fica

restrita ao ministério, seja ele dentro ou

fora da casa. Ela se relaciona direta e

explicitamente à profissão cristã, tanto a

falsa como a verdadeira.

"Então o reino dos céus será semelhante a

dez virgens que, tomando as suas

lâmpadas, saíram ao encontro do esposo".

Há quem acredite que esta parábola

refira-se ao remanescente judeu, mas não

parece ser esta a ideia que ela dá, tanto

pelo contexto no qual ocorre, quanto

pelos termos nela utilizados.

No que diz respeito ao contexto como

um todo, quanto mais de perto nós a

examinarmos, mais claramente veremos

que a porção judaica do discurso termina

com Mateus 24:44. Isto é algo tão claro

que descarta qualquer questão.

Igualmente distinta é a porção cristã, que

se estende, como vimos, de Mateus 24:45

a Mateus 25:30, enquanto de Mateus 25:31

ao final temos os gentios. Tamanha

ordem e plenitude encontradas neste

maravilhoso discurso deve tocar todo

leitor atento. Ele apresenta o judeu, o

cristão e o gentio, cada um em seu

terreno distinto e em conformidade com

seus próprios princípios. Não há uma

mistura de uma coisa com outra, não há

confusão de coisas que diferem. Em

suma, a ordem, a plenitude e a

abrangência deste profundo discurso são

coisas divinas que enchem a alma de

"assombro, amor e adoração". Depois de

estudá-lo, só podemos fazer nossas, em

uníssono, as palavras do apóstolo que

disse: "Ó profundidade das riquezas,

tanto da sabedoria, como da ciência de

Deus! Quão insondáveis são os Seus

juízos, e quão inescrutáveis os Seus

caminhos!"

E então, quando examinamos os termos

exatos utilizados por nosso Senhor na

parábola das dez virgens, acabamos

percebendo que esta não se aplica a

judeus, mas a cristãos professos — aplicase

a nós. Proclama e ensina uma solene

lição ao escritor e também ao leitor destas

linhas.

Vamos, então, aplicar nosso coração à sua

leitura.

"Então o reino dos céus será semelhante a

dez virgens que, tomando as suas

lâmpadas, saíram ao encontro do esposo".

O cristianismo primitivo era

especialmente caracterizado pelo fato

aqui indicado, a saber, de aguardar pelo

ansiado encontro com um Noivo que

voltaria. Os primeiros cristãos foram

levados a se desligar das coisas presentes e

a saírem, de mente e coração, ao encontro

do Salvador que amavam e pelo qual

aguardavam. Não se tratava,

evidentemente, de sair de um lugar para

outro; não era uma questão de lugar, mas

algo moral e espiritual. Era uma saída de

coração, ao encontro de um amado

Salvador cujo retorno era ansiosamente

aguardado, dia após dia.

É impossível ler as epístolas dirigidas às

diversas igrejas sem perceber que a

esperança da eminente e segura volta do

Senhor governava os corações de Seu

amado povo nos primeiros dias. Eles

esperavam pelo Filho vindo do céu.

Sabiam que Ele viria para levá-los, para

estarem Consigo para sempre, e o

conhecimento e poder dessa esperança

tinha o efeito de desligar seus corações

das coisas presentes. Sua esperança, viva e

celestial, acabou por torná-los

indiferentes às coisas deste mundo. Eles

esperavam pelo Salvador. Acreditavam

que Ele poderia vir a qualquer momento

e, por isso, as obrigações desta vida

acabavam sendo tão somente assumidas e

atendidas para o momento — sem dúvida

alguma atendidas de forma completa e

adequada — mas apenas no caráter

transitório que tinham, enquanto viviam

em grande expectativa.

Tudo isso é comunicado ao nosso

coração, de forma breve, porém clara,

pela expressão: "Saíram ao encontro do

esposo". Não há como conscientemente

aplicar isto ao remanescente judeu, ainda

mais sabendo que eles não sairão ao

encontro de seu Messias, mas, ao

contrário, permanecerão em sua posição

ou em meio às circunstâncias até que Ele

venha e coloque Seu pé no Monte das

Oliveiras. Eles não aguardarão pela vinda

do Senhor para levá-los embora desta

terra para estarem com Ele no céu, mas

Ele virá para trazer-lhes libertação em sua

própria terra, e para fazê-los feliz ali

mesmo, sob Seu próprio reino pacífico e

bendito durante o milênio.

Porém o chamado feito aos cristãos foi

para "saírem". Espera-se deles que

estejam sempre de mudança; que não se

acomodem no mundo, mas que estejam

de saída em uma sincera e santa

expectativa pela glória celestial para a

qual são chamados, e pelo Noivo celestial

com Quem estão desposados, e cujo

breve advento são ensinados a aguardar.

Tal é a ideia verdadeira, divina e normal

para a condição e atitude esperadas de um

cristão. E uma ideia tão terna era

maravilhosamente entendida e colocada

em prática pelos primeiros cristãos. Mas,

oh!, somos lembrados de que, na

cristandade estamos diante tanto do que é

genuíno como daquilo que é falso. Há o

"joio" e há também o "trigo" no reino

dos céus, portanto lemos acerca destas

dez virgens que "cinco delas eram

prudentes, e cinco loucas". No

cristianismo professo existe o verdadeiro

e o falso, o genuíno e a imitação, o real e

o ilusório.

Sim, e isto deve continuar até o tempo do

fim, até que o Noivo venha. O joio não é

convertido em trigo, tampouco as virgens

loucas transformadas em prudentes. Não,

jamais. O joio irá queimar e as virgens

loucas serão deixadas do lado de fora. Até

aqui, pelo que vemos de um aparente

progresso levado a efeito pelos meios

hoje em operação — a pregação do

evangelho e as diversas organizações

beneficentes funcionando em todo o

mundo — percebemos, graças a todas as

parábolas e ao ensino de todo o Novo

Testamento, que o reino dos céus se

revela como uma mescla de mal das mais

deploráveis. Trata-se de um processo que

corrompe, uma repugnante adulteração

da obra de Deus engendrada pelo inimigo

e um real progresso do mal em princípio,

profissão e prática.

E tudo isso seguirá até o fim. As virgens

loucas são vistas quando surge o Noivo.

De onde viriam, se fosse correta a ideia de

que todos deverão se converter antes da

vinda do Senhor? Se todos forem levados

ao conhecimento do Senhor pelos meios

hoje utilizados, então como explicar a

existência do mesmo número de virgens

loucas e sábias nessa ocasião?

Mas talvez alguém alegue que isto não

passa de uma parábola, uma figura.

Certamente, mas figura de quê?

Certamente não de um mundo inteiro

convertido. Afirmar isto seria ofender o

volume sagrado e tratar o solene ensino

de nosso Senhor de um modo tal que não

ousaríamos tratar nem mesmo o ensino

de um mero mortal.

Não, leitor, a parábola das dez virgens

ensina, sem dúvida alguma, que quando o

Noivo vier entrarão em cena as virgens

loucas e, evidentemente, se existirem as

virgens loucas é porque elas não terão

sido previamente convertidas. Até uma

criança é capaz de entender isto. Não

conseguimos enxergar como seria

possível, levando-se em consideração esta

parábola, manter a teoria de um mundo

convertido antes da vinda do Noivo.

Mas vamos examinar um pouco mais de

perto estas virgens loucas. Sua história é

cheia de admoestações para todos os que

professam ser cristãos. Trata-se de algo

muito sutil, mas de uma abrangência

impressionante. "As loucas, tomando as

suas lâmpadas, não levaram azeite

consigo". Existe a profissão exterior, mas

não uma realidade interior — nenhuma

vida espiritual — nenhuma unção —

nenhuma ligação vital com a fonte de vida

eterna — nenhuma união com Cristo.

Nada além da lâmpada da profissão e do

seco pavio de uma crença nominal,

teórica e racional.

Isto é particularmente solene. Lança uma

tremenda responsabilidade sobre aquela

imensa massa de professos batizados que,

neste exato momento, nos rodeia, na qual

existe tanta aparência exterior, porém tão

pouca realidade interior. Todos

professam ser cristãos. A lâmpada da

profissão cristã pode ser vista em todas as

mãos, mas, oh!, quão poucos trazem o

azeite em seus vasos, o espírito de vida

em Cristo Jesus, o Espírito Santo

habitando em seus corações. Sem isto,

tudo é completamente inútil e vão. Pode

haver a mais elevada profissão, pode

existir o mais ortodoxo credo, alguém

pode ser batizado, pode receber a ceia do

Senhor, pode estar regularmente

registrado e ser perfeitamente

reconhecido como membro de uma

comunidade cristã, pode ser um professor

da escola dominical ou um ministro

ordenado por alguma religião. Pode ser

alguém que seja tudo isso e, mesmo

assim, não possuir uma centelha sequer

de vida divina, nem mesmo um raio de

luz celestial, qualquer ligação com o

Cristo de Deus.

Ora, existe algo de particularmente

terrível no pensamento de se ter tão

somente uma medida de religião

suficiente para enganar o coração,

amortecer a consciência e arruinar a alma

— religião suficiente apenas para dar

nome de vivo a quem está morto —

suficiente para deixar alguém sem Cristo,

sem Deus e sem esperança neste mundo;

suficiente para sustentar a alma com uma

falsa confiança, e enchê-la de uma falsa

paz, até que o Noivo venha e, então, os

olhos sejam abertos quando for tarde

demais.

Assim é com as virgens loucas. Elas são

muito parecidas com as prudentes. Um

observador comum talvez não seja capaz

de ver qualquer diferença por algum

tempo. Todas se preparam juntas. Todas

têm lâmpadas. E, além disso, todas

acabam indo descansar e adormecem,

tanto as prudentes como as loucas. Todas

se levantam com o clamor da meia-noite e

preparam suas lâmpadas. Até aqui não

existe uma diferença visível. As virgens

loucas acendem suas lâmpadas — a

lâmpada da profissão cristã é acesa com o

pavio seco de uma fé nominal, teórica e

sem vida. Oh! tudo em vão — pior do

que em vão, um engano fatal para a

destruição da alma.

Aqui surge a grande diferença — a bem

definida linha de demarcação — com

uma clareza terrível, sim, apavorante. "E

as loucas disseram às prudentes: Dai-nos

do vosso azeite, porque as nossas

lâmpadas se apagam". Isso prova que suas

lâmpadas estavam acesas, pois se não

estivessem acesas não poderiam se apagar.

Mas era apenas uma luz falsa, tremulante

e passageira. Não era alimentada pela

divina fonte. Era a luz da mera profissão

dos lábios, alimentada por uma crença

racional, com duração apenas suficiente

para enganar a si mesmas e a outros, e

apagar bem na hora em que mais

precisavam dela, deixando-as nas terríveis

trevas da noite eterna.

"Nossas lâmpadas se apagam". Terrível

descoberta! "Aí vem o esposo, e nossas

lâmpadas se apagam. Nossa vã profissão

cristã está sendo revelada pela luz de Sua

vinda. Pensamos que estava tudo em

ordem. Professamos a mesma fé, tivemos

o mesmo tipo de lâmpada, o mesmo tipo

de pavio; mas, oh! agora descobrimos,

para horror nosso, que nos enganamos a

nós mesmas, que não temos aquilo que é

necessário, o espírito de vida em Cristo, a

unção do Santo, a ligação viva com o

Noivo. O que faremos? Oh, virgens

prudentes, tenham pena de nós e

compartilhem conosco seu azeite. Façam

isso, por misericórdia, compartilhem um

pouco conosco, nem que seja uma gota

dessa coisa tão essencial, para não

perecermos para sempre".

Oh, tudo em vão. Nenhuma delas pode

compartilhar este azeite com outra. Cada

uma possui o suficiente para si. Além do

mais, ele só pode ser recebido do próprio

Deus. Um homem pode dar luz, mas não

pode dar o azeite. Este é uma dádiva que

provém somente de Deus. "Mas as

prudentes responderam, dizendo: Não

seja caso que nos falte a nós e a vós, ide

antes aos que o vendem, e comprai-o para

vós. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou

o esposo, e as que estavam preparadas

entraram com ele para as bodas, e fechou-se

a porta". De nada adianta buscar por

amigos cristãos que nos ajudem ou que

nos deem suporte. De nada adianta correr

de um lado para o outro procurando

alguém em quem se apoiar — algum

santo, ou algum eminente mestre — de

nada adianta buscar apoio em nossa

Igreja, ou em nosso credo, ou em nossos

sacramentos. Queremos azeite. Não

podemos viver sem ele. Onde encontrálo?

Não no homem, ou na Igreja, ou nos

santos, ou nos pais. Devemos obtê-lo de

Deus; e Ele, bendito seja o Seu nome, o

dá graciosamente. "O dom gratuito de

Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus

nosso Senhor".

Mas, repare bem, trata-se de algo

individual. Cada um deve tê-lo para si

mesmo. Ninguém pode crer, ou obter

vida para outro. Cada um deve tratar

disso pessoalmente com Deus. A ligação

que faz a conexão da alma com Cristo é

algo completamente individual. Não

existe algo como uma fé de segunda mão.

Uma pessoa pode nos ensinar religião,

teologia ou a letra das Escrituras, mas não

pode nos dar o azeite; não pode nos dar

fé; não pode nos dar vida. "É dom de

Deus". Que pequena e preciosa palavra,

"dom". É como Deus. É tão gratuito

quanto o ar de Deus; gratuito como Seus

raios solares; gratuita como Suas

refrescantes gotas de orvalho. Mas,

repetimos e com solene ênfase, cada um

deve obtê-lo para si mesmo e tê-lo em si

mesmo. "Nenhum deles de modo algum

pode remir a seu irmão, ou dar a Deus o

resgate dele (pois a redenção da sua alma

é caríssima, e cessará para sempre), para

que viva para sempre, e não veja

corrupção" (Sl 49:7-9).

Leitor, o que você diz destas solenes

realidades. Você é uma virgem louca ou

prudente? Você já obteve vida em um

Salvador ressuscitado e glorificado? Você

é um mero professo de uma religião,

satisfeito com a mera rotina comum e

sem vida de ir à igreja, possuindo apenas

um pouco de religião que o torne alguém

respeitável neste mundo, mas não o

suficiente para ligá-lo com o céu?

Insistimos sinceramente com você para

que pense seriamente nestas coisas. Pense

nelas agora. Pense no indescritível horror

de descobrir que sua lâmpada da mera

profissão cristã está se apagando e

deixando você em densas trevas — trevas

palpáveis — as trevas exteriores de uma

noite eterna. Quão terrível será descobrir

que a porta foi fechada antes que você

pudesse embarcar rumo às núpcias; foi

fechada na sua cara! Que lamento de

agonia, "Senhor, Senhor, abre-nos!" Que

contundente e esmagadora resposta: "Em

verdade vos digo que vos não conheço".

Oh, querido amigo, dê a estas solenes

palavras um lugar em seu coração agora

mesmo, enquanto a porta ainda está

aberta, enquanto o dia da graça se estende

pela maravilhosa paciência de Deus. Está

chegando rapidamente aquele momento

quando a porta de misericórdia será

fechada para você para sempre, quando

toda esperança acabará e sua preciosa

alma será precipitada em um sombrio e

eterno desespero. Que o Espírito de Deus

possa tirá-lo de seu sono fatal e não

permita que você descanse até encontrar

o verdadeiro repouso na obra completa

do Senhor Jesus Cristo e nos Seus

benditos pés, em devota adoração.

Devemos agora encerrar este texto, mas

antes de fazê-lo gostaríamos de, por um

momento, dar uma olhada nas virgens

prudentes. De acordo com o ensino desta

parábola, a grande característica que as

distingue e as separa das virgens loucas é

que, logo de início, elas "levaram azeite

em suas vasilhas, com as suas lâmpadas".

Em outras palavras, o que distingue os

verdadeiros crentes daqueles que

meramente professam é que os primeiros

têm em seus corações a graça do Espírito

Santo de Deus; eles têm o espírito de vida

em Cristo Jesus e o Espírito Santo

habitando neles como o selo, o penhor, a

unção e o testemunho. Este grande e

glorioso fato caracteriza hoje todos os

verdadeiros crentes no Senhor Jesus

Cristo — um fato estupendo,

maravilhoso, com toda certeza — um

imenso e inefável privilégio que deveria

sempre curvar nossa alma em santa

adoração diante de nosso Deus e de nosso

Senhor Jesus Cristo, cuja redenção já

consumada nos garantiu tão grande

bênção.

Quão triste é pensar que, apesar deste

privilégio tão santo e elevado, somos

obrigados a ler, como mostram as

palavras de nossa parábola:

"Tosquenejaram todas, e adormeceram!".

Todas igualmente, tanto as prudentes

quanto as loucas, adormeceram. O Noivo

tardou em vir, e todas, sem exceção,

perderam o frescor, o fervor e o poder da

esperança da Sua vinda, e adormeceram.

É isto que declara nossa parábola, e é este

o solene fato da história. Todo o corpo

professo adormeceu. A bendita esperança

que brilhou com tanto fulgor no

horizonte dos primeiros cristãos, se

desvaneceu com muita rapidez. E

enquanto perscrutamos as páginas da

história da Igreja durante dezoito séculos,

desde os Pais Apostólicos ao início do

presente século, em vão buscamos por

alguma referência clara à esperança

específica da Igreja — a volta pessoal do

bendito Noivo. Na verdade, aquela

esperança foi virtualmente perdida pela

Igreja, e não apenas isto, mas hoje é quase

uma heresia ensiná-la e, nestes últimos

dias, centenas de milhares de ministros

que professam a Cristo não ousam pregar

ou ensinar sobre a vinda do Senhor

conforme o ensino das Escrituras.

É verdade, bendito seja Deus, que uma

grande mudança aconteceu no último

século. Houve então um grande

despertamento. Deus, por meio do Seu

Espírito Santo, voltou a chamar a atenção

de Seu povo para verdades há muito

esquecidas e, entre elas, a gloriosa verdade

da vinda do Noivo. Muito então

perceberam que a razão da demora do

Noivo se devia simplesmente à paciência

de Deus para conosco, pois Ele não quer

que nenhum pereça, mas que todos

venham a se arrepender. Precioso motivo!

Mas eles também viram que, apesar dessa

paciência, nosso Senhor está próximo.

Cristo vem. O clamor da meia-noite já foi

ouvido: "Aí vem o esposo, saí-lhe ao

encontro". Muitos milhões de vozes

ecoam esse clamor tão comovente, até

que ele alcance, em seu poder moral, de

um polo a outro, "desde o rio do Egito"

aos confins da terra, conclamando toda a

Igreja a esperar — todos juntos — pela

gloriosa vinda do Noivo que é tão

bendito aos nossos corações.

Amados irmãos no Senhor, despertem!

Que cada alma seja despertada. Vamos

deixar de lado a indolência do conforto

mundano e da satisfação própria —

vamos nos colocar acima da debilitante

influência do formalismo religioso e da

tediosa rotina — vamos jogar de lado os

dogmas da falsa teologia e sair, com

vontade e na afeição do coração, ao

encontro de nosso Noivo que está

chegando. Que estas solenes palavras

atinjam nossa alma com revigorado

poder: "Vigiai, pois, porque não sabeis o

dia nem a hora". Que a resposta de nossa

vida e coração seja: "Ora vem, Senhor

Jesus".

Sinistra é a fonte do mal que hoje passa;

Despertai, ó santos, vós filhos da graça;

Buscai os perdidos com fé destemida,

Sabendo o preço da cruz e sua lida.

Cantai, inspirados, do amor sem medida,

Enquanto aguardamos, ao céu, a subida

— Que pode ser hoje, oh doce certeza! —

Com lombos cingidos e a luz sempre acesa.

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