A igreja local e sua aprovação

É um fato bem conhecido que os caps. 2 e 3 do livro de Apocalipse são compostos inteiramente de sete cartas escritas perto do final do século I a sete igrejas locais. As cartas são de Cristo, o Senhor das igrejas, mas enviadas por intermédio de João, o apóstolo amado. Estas sete igrejas estavam todas localizadas na Ásia Menor, agora chamada Turquia, e podemos aprender muitas lições delas, não apenas sobre o estado e condição de cada uma destas igrejas, mas também da maneira e atitude do Senhor Jesus para com elas, tanto em aprovação como em censura.

Há lições preciosas aqui sobre a centralidade, soberania e autoridade do Senhor no meio das igrejas. Há também ensino sobre a responsabilidade e ministério de cada igreja na sua localidade, e uma demonstração clara da autonomia de cada igreja local. No entanto, também é importante observar a unidade que existe entre as igrejas, unidade sem união, associação sem amalgamação, comunhão sem federação e interdependência sem interferência.

Cada uma destas igrejas locais era um castiçal de ouro brilhando na sua localidade, mas era também desejável que brilhassem juntas para a glória dAquele que andava no seu meio. Sendo verdadeiramente autônomas, cada igreja é responsável ao Senhor por qualquer falha que possa haver no seu testemunho, e da mesma forma, o próprio Senhor recomendará cordialmente o que Ele achar naquele testemunho para o Seu prazer. Haverá censura daquilo que é errado, mas também haverá a aprovação do que é recomendável.

Parece que há um princípio nestas cartas, um princípio que Paulo também adotou nas suas cartas às igrejas, de sempre recomendar primeiro, se houver alguma coisa recomendável, e depois censurar. Quem pensaria, depois de ler os primeiros versículos de I Coríntios, que haveria tantas coisas reprováveis naquela igreja? Eles eram uma igreja de Deus; santificados em Cristo Jesus; chamados santos; em tudo enriquecidos; toda a palavra; todo conhecimento; o testemunho de Cristo foi confirmado neles; nenhum dom lhes faltava; esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo; chamados para a comunhão de Seu Filho.

Como os coríntios eram ricos! E o apóstolo prontamente reconheceu tudo que tinham e eram. Contudo, havia divisão, doutrina falsa, imoralidade, orgulho, falha em julgar o pecado, e falta de ordem na Ceia do Senhor. Paulo iria tratar de todos estes desvios, mas primeiro veio a sua aprovação. Nisso há sabedoria, pois uma lembrança daquilo que somos por meio de Cristo e do que nós temos nEle deve produzir pesar pelas nossas falhas e estimular um desejo de melhorar.

Assim, será proveitoso considerar cada uma destas cartas às igrejas na Ásia, notar as aprovações e censuras que cada uma recebeu, e com sinceridade decidir qual mensagem pode ser apropriada à igreja onde reunimos. Esta consideração trará a responsabilidade de reconhecer e colocar em ordem o que for necessário. Como todos sabem, estas igrejas estavam localizadas em Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia.

É interessante e importante observar que há uma expressão achada em todas as cartas, independentemente da condição da igreja. A cada igreja o Senhor diz: “conheço”, e a importância disso se tornará claro durante a consideração de cada carta.

Éfeso: onde estava o primeiro amor? (Ap 2:1-7)

Havia muito a ser elogiado na igreja em Éfeso. O Senhor conhecia e apreciava suas obras, seu trabalho, sua paciência. Eles não podiam, e não iriam, tolerar homens maus, doutrina falsas ou práticas pecaminosas.

Diferentemente dos coríntios, eles tinham a força moral e coragem para julgar estas coisas, e isto faziam. Também tinham discernimento para reconhecer os falsos apóstolos e prová-los mentirosos. Eles tinham trabalhado fielmente no serviço do Senhor, e há um paradoxo interessante as palavras empregadas. Sugere que tinham trabalhado até o ponto de exaustão, mas não se cansaram: “trabalhaste … e não cansaste” (v. 3). A palavra “trabalhar” usada pelo Senhor aqui (kopos no grego, 2872/3) indica fatiga, e até dor, mas eles tinham continuado a trabalhar, e não desfaleceram. Era como se o seu trabalho não fosse considerado por eles como trabalho, e tudo isso merecia a aprovação do Senhor a quem serviam. Ele notou e apreciou o seu ministério fiel para Ele. A sua paciência, mencionada duas vezes, pode indicar a sua alegre persistência mesmo ao sofrer afrontas por Cristo.

Também enfrentaram os nicolaítas, que provavelmente eram homens arrogantes que dominavam os santos, como fazia Diótrefes nos dias de João (III Jo v. 9). A igreja em Éfeso odiava as obras destas pessoas, e nisto recebeu a aprovação do Senhor, que também as odiava. Era realmente uma evidência de espiritualidade o fato deles odiarem o que o próprio Senhor odiava.

Feliz a igreja que tem tantas boas qualidades como a igreja em Éfeso tinha. O Senhor das igrejas nunca vai hesitar ou deixar de elogiar tais igrejas. O nome Éfeso significa “desejável” e, de fato, tudo parecia desejável naquela igreja. Haveria nesta igreja algo que necessitasse censura?

Exteriormente, tudo estava em ordem, mas Aquele que diz “Eu conheço” logo revela o que estava faltando no seu testemunho.

Há certa tristeza na palavra “porém”. O Senhor não está esquecido de tudo que era bom naquela igreja, “porém”! Apesar das Suas palavras de aprovação, havia algo faltando, que provavelmente muitos não teriam notado. Eles tinham deixado o seu primeiro amor. Isto não se refere, necessariamente, ao amor que tinham no começo da sua vida cristã, embora muitas vezes o amor inicial de almas recém-salvas seja mais fervoroso do que depois de passado algum tempo. A palavra “primeiro” (protos no grego) é traduzida “melhor” em Lucas 15:22, e “principais” em Lucas 19:47 e em diversos outros lugares no Novo Testamento. Assim, mesmo que o seu amor no começo fosse mais intenso, a reclamação do Senhor é que deixaram o amor de qualidade melhor. Anteriormente eles O amavam mais, com um amor que Lhe dava prazer. Onde estava aquele amor agora? Se os homens não pudessem reconhecer o que faltava, note agora a importância daquela Sua palavra: “conheço”.*

O abandono do seu primeiro amor é realmente solene. Foi uma queda daquela afeição nupcial sobre a qual Paulo tinha escrito, anos antes, em Efésios 5. Eles eram ortodoxos certamente, e ocupados no Seu serviço, mas será que não é possível que estejamos ocupados de uma forma mecânica, e não verdadeiramente motivados por amor pelo Senhor Jesus?

Tal era a seriedade e tristeza da sua condição, que seria preciso um arrependimento. Era necessário haver um autoexame do coração, e um retorno àquele melhor amor pelo Salvador. Sua censura e Seu apelo amoroso podem ser resumidos em três palavras: “Lembra! Arrepende! Volta!” Tal arrependimento seria recompensado adequadamente, mas se não acontecesse Ele poderia decidir removê-los como castiçal, e isto de fato aconteceu literalmente em Éfeso, onde não há, hoje, uma igreja local testemunhando dEle.

* Omitimos duas frases aqui na tradução, onde o autor comenta sobre a necessidade de desconsiderar a palavra somewhat no texto da AV, que foi acrescentada pelos tradutores. Como ela não aparece nas versões em português, as duas frases são desnecessárias na tradução. (N. do E.)

Que lições há aqui para nós nestes últimos dias. Que possamos avaliar com franqueza e honestidade o quanto, ou o quão pouco, nós O amamos. Que possamos nos esforçar fielmente para obtermos a Sua aprovação, e procurar seriamente evitar qualquer condição ou prática que justificaria a Sua censura.

Esmirna: sofrendo por Cristo (Ap 2:8-11)

A história desta igreja sofredora é descrita em quatro versículos em Apocalipse 2, e na verdade o nome “Esmirna” somente é mencionado duas vezes no Novo Testamento: Apocalipse 1:11 e 2:8. Tudo que sabemos sobre esta igreja encontramos nesta carta em Apocalipse 2, mas obviamente é uma igreja muito preciosa ao Senhor. Era, de fato, um castiçal de ouro!

Fiel ao Seu caráter bondoso, o Salvador não censura a igreja em Esmirna. Não devemos pensar com isso que não havia nada errado, pois não existe igreja perfeita, mas não era o tempo para correção. Precisavam de conforto e encorajamento. Se houvesse necessidade de correção, isso poderia esperar por uma ocasião mais apropriada. Que exemplo para quem ministra a Palavra para os salvos! Paulo fala da mansidão e benignidade de Cristo (II Co 10:1), e embora o Senhor pudesse administrar correção em outras ocasiões, no entanto Ele é ternamente judicioso na Sua maneira de lidar com os santos, e isso é muito evidente na Sua atitude com Esmirna. 

Todas as igrejas são preciosas a Ele, mas talvez uma preciosidade especial seja indicada pelo nome “Esmirna”. A parte central desta palavra é a palavra para “mirra” — “Es - mir - na”. Mirra era um ingrediente do óleo santo descrito em Êxodo 30, e era uma combinação de doçura e amargura. Era doce ao olfato, mas amargo ao paladar. A igreja em Esmirna estava provando a amargura do sofrimento, como também seu Senhor antes dela, mas era-Lhe doce o fato deles estarem dispostos a sofrer por Ele. Os sofrimentos deles eram-Lhe fragrantes como o óleo da santa unção.

Nas Suas palavras iniciais a eles, o Senhor nem menciona as suas obras, pois a palavra “obras” não se encontra no texto original. Sem dúvida Ele apreciava qualquer serviço feito para Ele, mas há algo ainda mais precioso para Ele, e ele vai direto ao assunto, dizendo: “Conheço a tua tribulação e a tua pobreza” (tradução de JND e outros). Note como seus sofrimentos estavam vinculados à sua pobreza, e pode ser que a tribulação que sofriam era a causa da sua pobreza, como foi o caso de outros santos, sobre os quais está escrito que com alegria suportaram o roubo dos seus bens (Hb 10:34). Na sua tribulação estavam sob pressão, como uvas sendo espremidas na prensa. Este é o significado da palavra “tribulação” no grego (thlipsis, 2346), e o próprio Salvador conheceu esta angústia no Getsêmani, como também sabia o que era a pobreza.

A palavra aqui traduzida “pobreza” ocorre somente três vezes no Novo Testamento (II Co 8:2; 8:8; Ap 2:9). É a palavra grega ptochei (4432), e indica pobreza extrema até ao ponto de destituição ou miséria. Como os salvos em Esmirna estavam dispostos a sofrer pelo seu Senhor!

Aqui, na carta a Esmirna, podemos ver, novamente, a importância daquela pequena palavra: “conheço”. Mas será que há uma diferença agora? Não é apenas o “conheço” da Onisciência, mas o “conheço” da experiência. Aquele, por Quem estavam sofrendo, tinha passado pela mesma tribulação e pobreza durante os dias da Sua carne. Assim, de uma maneira muito carinhosa, Ele reconhece o seu sofrimento, e diz: “Eu conheço”. Quão pobres eles eram, e Ele diz: “Eu conheço”. Quem pode confortar os que estão sofrendo melhor do que Aquele que Ele próprio provou o mesmo?

Como muitos outros santos que sofrem por Cristo, a perseguição em Esmirna veio de pessoas religiosas. Havia em Esmirna homens blasfemos que professavam ser judeus, mas na realidade eram da sinagoga de Satanás, o acusador dos santos. Foi desta mesma fonte que seu Senhor tinha padecido, e Ele os encoraja. Deveriam permanecer intrépidos e fiéis. Seu sofrimento seria limitado, porque Ele estava no controle.

Iria terminar, e eles receberiam a coroa da vida, dada aos vencedores por Aquele que morreu, mas que agora estava vivo. Se seus sofrimentos os levassem à morte, eles também viveriam, e assim na sua pobreza realmente eram ricos.

É difícil comentar sobre Esmirna sem mencionar o famoso e mui estimado mártir Policarpo, que com certeza se reunia na igreja em Esmirna quando esta carta foi recebida e lida. Embora ele não é mencionado nas Escrituras, Policarpo era testemunha fiel e companheiro íntimo do apóstolo João. Sendo um ensinador destacado na igreja, ele foi especialmente perseguido pelos romanos, que foram instigados pelos judeus da localidade. Como isso foi semelhante ao seu Senhor! Foi na ocasião dos grandes jogos públicos, e a cidade estava lotada. O próprio dia foi preservado para nós; foi no sábado, dia 23 de Fevereiro de 155 a.D., quando houve o grande clamor: “Procurem Policarpo”. Ele se entregou a eles, mas quando o desafiaram, vez após vez, a negar a Cristo e declarar: “César é Senhor”, ele resolutamente recusou. Sua resposta final a eles é bem conhecida e frequentemente citada: “Estes oitenta e seis anos venho servindo a Cristo, e Ele nunca me fez nenhum mal. 

Como posso blasfemar contra meu Rei?” Dizem que quando ele estava sendo levado para o martírio, os que estavam perto dele ouviram uma voz dizendo: “Policarpo, sê forte, seja homem!” Eles o amarraram a uma estaca e fizeram uma fogueira, mas por um tempo o fogo recusou queimar, e foram ordenados a matá-lo com um punhal. Assim fizeram. Seu corpo sem vida foi então queimado. Seus amigos queriam enterrar seus restos enegrecidos pelo fogo, mas não lhes foi permitido. No final, conseguiram reaver seus ossos, e os sepultaram com reverência. A história de Policarpo é importante porque é a história e o espírito da igreja em Esmirna, e traz inspiração a cada igreja sofredora de Deus.

Não há repreensão ou censura aqui, mas a promessa de uma coroa de vida pela sua fidelidade, e uma segurança eterna com Ele. Que exemplo e encorajamento para os santos hoje: “Sê fiel”! Muitos de nós nunca teremos de sofrer aprisionamento, açoites, confisco dos bens, ou martírio, como muitos dos primeiros cristãos, mas devemos ser fieis Àquele a quem amamos e evitar, a qualquer custo, aquelas coisas que Ele acharia necessário censurar.

Pérgamo: o casamento impuro (Ap 2:12-17)

Se a carta a Esmirna nos entristece, a carta a Pérgamo também é triste, mas por um motivo muito diferente. Quão sutilmente Satanás muda a sua estratégia e suas táticas nos seus ataques ao testemunho dos santos. Ele atacou Esmirna como um leão que ruge, mas parece que sua violência somente fortaleceu a intrepidez daqueles santos. A Pérgamo ele aparece como anjo de luz, oferecendo amizade e comunhão com o mundo em redor. Solenemente, o Senhor Se aproxima desta igreja com uma espada de dois fios para julgá-la, mas fiel ao Seu caráter, Ele primeiramente procura algo que é recomendável. Mais uma vez, na Sua onisciência, Ele diz: “conheço”, e Seu conhecimento é infalível.

Ele conhecia as obras dos santos em Pérgamo, e sabia que muitos deles eram fiéis a Ele, mesmo que a cidade era uma verdadeira fortaleza de Satanás, que tinha ali o seu trono. Havia templos, palácios e universidades do paganismo. Pérgamo foi chamada a Cidade Capital da Corrupção. Era uma cidade de riqueza, moda e mistério, famosa pelo seu conhecimento, requinte, medicina e ciência, e tinha uma biblioteca pública com duzentos mil livros — somente Alexandria no Egito tinha uma biblioteca maior. Satanás dominava o povo de Pérgamo, e assim era muito recomendável que a igreja ali tinha guardado o Nome do Senhor Jesus e não tinha negado a sua fé nEle. O fato que moravam onde Satanás tinha seu trono foi mencionado pelo Senhor como aprovação, e não como censura, como alguns sugerem. Pérgamo era o seu lar, e ali eles precisavam dar testemunho do seu Salvador. Como o amado Policarpo em Esmirna, eles tinham recusado dizer: “César é Senhor”, e tinham mantido sua lealdade a Cristo, dizendo “Jesus é Senhor”. A fidelidade dos santos era ainda mais recomendável porque tinham permanecido leais a Cristo, mesmo nos dias do martírio de testemunhas fiéis como Antipas, no seu próprio meio.

Em seguida temos o triste “mas”. O Senhor tinha que censurar algumas coisas. Havia entre eles alguns que seguiam a doutrina de Balaão, que, embora não conseguiu amaldiçoar o povo de Deus, aconselhou Balaque a levar os homens de Israel a se unirem, de modo profano, com as filhas de Moabe. O resultado foi a adoração idólatra de Baal e a praga do Senhor, na qual morreram vinte e quatro mil israelitas (Nm 25:1-9). 

Lamentavelmente, a igreja em Pérgamo estava tolerando alguns que igualmente tinham tal contato com o mundo ao seu redor.

Também, diferentemente de Éfeso, onde os santos não toleravam as obras dos nicolaítas, aqui em Pérgamo estas obras tinham sido toleradas, e agora estavam sendo ensinadas como doutrina, junto com a doutrina de Balaão. Era uma mistura com o mundo e seus caminhos, e um enfraquecimento da linha de separação entre o povo de Deus e os pagãos ao seu redor.

Era necessário tratar destes ensinadores do erro, e novamente, como em Éfeso, o Senhor os convoca a se arrependerem por terem tolerado este mal no seu meio. Ele os lembra da espada de dois fios que empunha, e os avisa que se não houver arrependimento, Ele chegará depressa e usará Sua espada contra os que ensinam a falsa doutrina. Repare que Ele não diz “batalharei contra vós”, mas “batalharei contra eles” (2:16).

Sua contenda era contra os seguidores de Balaão e os nicolaítas, mas Sua reclamação era contra a igreja, por tê-los tolerado. Como o Senhor iria administrar o Seu julgamento não é explicado, mas era um aviso que não deveria ser ignorado. Poderia até ser um juízo físico. Talvez eles lembrassem que o anjo do Senhor, com a espada desembainhada, tinha confrontado Balaão na sua missão ímpia, e que no final o próprio Balaão foi morto pela espada (Nm 22:23, 31:8). Foi uma advertência muito solene, mostrando que mesmo havendo coisas recomendáveis na igreja, eles não deveriam ficar complacentes, pois havia coisas que o Senhor precisou censurar. Complacência nunca é bom. Precisamos sempre estar vigilantes, sempre atentos aos perigos visíveis e invisíveis.

Tiatira: as profundezas de Satanás (Ap 2:18-29) 

Aquele que diz: “Eu conheço”, agora revela o que Ele conhece sobre os santos em Tiatira. Havia muitas coisas louváveis, e novamente poderíamos pensar que não havia nada que merecesse censura. Quantas coisas boas podem, às vezes, existir ao lado daquilo que é positivamente mal! Ele conhecia as suas obras, seu amor, seu serviço, sua fé, sua paciência, e que as suas últimas obras eram mais que as primeiras. Realmente houve um aumento no seu trabalho para Ele, e o Senhor reconhece e recomenda tudo que eram, e tudo que estavam fazendo para Ele.

Em Tiatira havia amor, tanto para Cristo como uns pelos outros, e onde este amor for evidente numa igreja local, Ele sempre o aprovará.

Seu serviço também, seu ministério, foi, como seu amor, para Ele e uns pelos outros. Não tinham vacilado na sua fé. Havia constância na sua confiança nEle, e com paciência suportavam, perseverando com um firme e contínuo testemunho para Ele. Todas estas virtudes o Senhor em graça reconhece e elogia, e, mais uma vez, menciona a natureza copiosa das suas obras.

Em seguida temos o triste “mas”. É a mesma palavra traduzida “porém” na carta a Éfeso (2:4) e “mas” na carta a Pérgamo (2:14). Havia tantas coisas boas em Tiatira, mas isso não anulava a necessidade de censura. Quem escreve a eles é o Filho de Deus, e na Sua onisciência divina Ele tem olhos como chama de fogo, que podem discernir aquilo que o homem não pode ver. Nada pode ser escondido dEle. Seus pés, também, são como bronze polido, símbolos de atividade em juízo, quando este for necessário. Ele tem o conhecimento e autoridade para isso.

A acusação do Senhor contra eles foi que estavam tolerando a influência má de uma mulher, “Jezabel”, no seu meio. Exatamente quem era esta mulher, ou se este era o seu verdadeiro nome, não se sabe, mas ela tinha o caráter da Jezabel do Velho Testamento. Aquela Jezabel era a esposa do rei Acabe e a filha de Etbaal, rei de Tiro e Sidom (I Rs 16:31).

Ela era uma mulher má e sem princípios, que corrompeu Israel ao introduzir a adoração a Baal ao lado da adoração a Jeová, com a intenção, sem dúvida, de que com o tempo, este sistema idólatra substituiria completamente a adoração a Jeová. Jezabel era uma idólatra, perseguidora, ladra, assassina, mentirosa e hipócrita; sua intenção era seduzir o povo de Deus e destruir o seu testemunho para Ele.

Jezabel em Tiatira era, semelhantemente, uma mulher de personalidade dominante. Alguns acham que ela era esposa de um dos líderes da igreja. Bem pode ser que sim. Se a prostituição promovida por ela era imoralidade literal, ou comunhão com adoradores de demônios ou idolatras, não faz muita diferença. Era mau; era terrível que tal mulher fosse tolerada na igreja. De que valia tudo o que o Senhor elogiara se o bom nome da igreja e a vida dos santos estavam sendo lentamente corrompidos pela influência má desta mulher perversa? Era um grande erro tolerá-la.

Ela estava ensinando também! Era totalmente errado que uma mulher ensinasse na igreja, mas esta mulher, fingindo ser profetisa, estava ensinando grave erro. Como ela chegou a isso? Foi sua personalidade dominante? Ou foi pela sua sutil e enganosa maneira de apelar à carne?

De qualquer forma, alguns estavam sendo influenciados pela sua presença, e a igreja estava cometendo um grande erro em tolerá-la. Entretanto, parece ser um princípio que, se o povo de Deus não julga o pecado no seu meio, então o Senhor mesmo julgará. Isso aconteceu em Corinto, e o resultado foi que muitos estavam fracos e alguns tinham morrido (I Cor. 11:30). Se não houvesse arrependimento, o Senhor julgaria essa mulher e seus filhos, aqueles que ela tinha produzido pelos seus ensinos falsos. Seu julgamento serviria como uma lição para os outros, e assim todas as igrejas saberiam que seu Senhor era verdadeiramente onisciente, esquadrinhando os corações e testando os motivos de todos os homens.

Esta cumplicidade com a idolatria e a imoralidade era uma condição muito triste e solene em Tiatira. Tais práticas eram realmente “as profundezas de Satanás”. Mas havia um remanescente em Tiatira, aqueles que não tinham sido influenciados pelo mal. Estes deveriam apegar-se firmemente à verdade até a vinda do Senhor (v. 25). Parece que temos, aqui, a primeira referência ao Arrebatamento nestas cartas, e que grande incentivo! O Senhor estava vindo, e enquanto O esperavam, deveriam ser leais e fiéis a Ele, apegando-se com firmeza ao que sabiam ser verdade. A mesma exortação vem a nós hoje. Quando Ele vier, Ele julgará o mal e os ímpios, e vindicará aqueles que, no meio da iniquidade, permaneceram fiéis a Ele. Devemos nos esforçar para que possamos receber a Sua aprovação, e devemos evitar e temer tudo que possa causar a Sua censura.

Sardes: profissão sem vida (Ap 3:1-6)

Quase não havia nada que merecesse a aprovação do Senhor na igreja em Sardes. O Senhor conhecia as suas obras, e Ele sabia que inda restavam alguns na igreja que tinham se mantido incontaminados.

Ele não menciona os detalhes das obras, mas simplesmente diz: “Conheço as tuas obras”. Talvez esta forma indeterminada de expressão os faria pensar: “Quais as obras que Ele conhece? O que realmente há para saber? O que temos feito para Ele?” Se Ele dissesse à nossa igreja local: “Eu conheço as tuas obras”, será que não examinaríamos o nosso trabalho e procuraríamos avaliar, de maneira honesta, exatamente o que temos feito para Ele?

Uma coisa Ele sabia, suas obras não eram perfeitas, eram incompletas, não chegavam ao padrão desejado. O comentarista Adam Clarke discerne bem a situação quando escreve: Eles começavam muitas atividades, mas não completavam nenhuma delas. Estavam sempre começando, mas nunca terminavam nada.

Suas decisões eram débeis, sua força fraca, e sua luz ofuscada. Provavelmente mantinham sua reputação perante os homens, mas suas obras não eram perfeitas perante Deus.

Havia pregação sem poder? Formalidade externa? Uma aparência de verdade, que não afetava a vida e o testemunho dos membros da igreja?

Talvez o que piorava a condição das coisas em Sardes é que havia recursos infinitos à sua disposição, e não havia desculpa para sua esterilidade aparente. Aquele que lhes escreveu tinha os sete espíritos de Deus e as sete estrelas; Ele possuía a plenitude do poder espiritual, e Ele tinha também o controle soberano dos Seus servos. Se tivessem aproveitado tudo que Ele era, as coisas teriam sido tão diferentes em Sardes. Que lições importantes para as igrejas hoje!

Esses santos tinham um nome, uma reputação de que viviam, mas era somente um nome, porque quanto ao testemunho efetivo, estavam mortos. Era uma profissão sem vida, e havia pouco que realmente merecia aprovação na igreja. Os poucos indivíduos na igreja que tinham permanecido fiéis ao Senhor não seriam esquecidos. De bom grado Ele aprovará e encorajará estes, mas exortará a igreja a coisas melhores.

Eles precisavam ser vigilantes. Precisavam vigiar seus pensamentos e palavras, suas afeições e ações. Eles tinham sido apáticos. Eles tinham sido descuidados e desatentos, como quem dorme. Era necessário que acordassem e fortalecessem os princípios de boa confissão que ainda restavam, para que esses também não morressem. Uma recuperação pode ser conseguida em qualquer igreja pelo reavivamento do interesse no Evangelho, e atenção ao ministério sadio da Palavra de Deus. Esta atividade estabeleceria aqueles que talvez estivessem vacilando, e fortaleceria o testemunho debilitado.

O Senhor os encoraja a lembrar de como no início tinham recebido a mensagem de perdão e paz. Deveriam chamar à mente o gozo e zelo daqueles dias quando ouviram as boas novas pela primeira vez. A lembrança da alegria daqueles dias certamente produziria arrependimento da presente condição apática, e os faria apegar-se firmemente ao que tinham, e voltarem novamente àquela alegria anterior.

A alternativa era triste e muito solene. Se não se arrependessem, o Senhor viria sobre eles inesperadamente e repentinamente, como um ladrão. Esta vinda não é a Sua vinda aos ares para buscar os Seus santos.

É a Sua vinda sobre eles. É a vinda em juízo judicial e governamental

sobre a igreja, e é muito solene que o Senhor usa, aqui, a mesma metáfora que usou nos dias do Seu ministério, quando Ele ensinava sobre a rapidez da Sua vinda em poder e glória, como o Filho de Homem, para julgar as nações. “Sabei, porém, isto: se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria arrombar a sua casa” (Lc 12:39). Exatamente como Ele viria sobre Sardes não é explicado, mas até esta falta de clareza sobre a natureza do juízo anunciado deveria ter acordado os santos da sua letargia. A sua falha em não se arrepender bem poderia causar a remoção do seu castiçal.

Mas, com já mencionamos resumidamente, havia alguns poucos em Sardes que tinham agradado ao seu Senhor. Que lindo tributo Ele lhes presta quando diz que estas pessoas “são dignas”! Ele apreciava a sua fidelidade a Ele. Ele os recomenda, e promete uma gloriosa recompensa quando os seus dias de peregrinação e testemunho chegarem ao fim.

Eles não contaminaram as suas vestes, tinham-nas mantido brancas e, um dia, andariam de branco com Aquele cujas vestes ficaram brancas e resplandecentes no Monte da Transfiguração. Como teria sido bom se a aprovação dos poucos pudesse ter sido de toda a igreja, mas lamentavelmente não era assim na igreja em Sardes. Havia somente um remanescente.

Precisamos perguntar, humildemente e com sinceridade, se há alguma coisa que receberia a aprovação do Senhor na igreja onde nos reunimos, ou há somente, como Ele diz, “alguns nomes”? Se pudéssemos, com toda a honestidade, avaliar a nossa condição, e então reconhecerque os mesmos recursos que estavam disponíveis a Sardes também estão  disponíveis a nós, as coisas poderiam mudar. Poderia haver um reavivamento da nossa afeição e da nossa atividade para Ele, e uma decisão de viver para o Seu agrado.

Filadélfia: amor fraternal (Ap 3:7-13)

Se, na igreja em Sardes, havia falta de aprovação, aqui na igreja em Filadélfia não há nada para censurar. Talvez, como notamos no caso de Esmirna, seria melhor dizer que se houvesse algo para corrigir, este não era o momento apropriado, e assim o Senhor, em graça, não menciona nenhuma falha.

A carta começa com a bem conhecida palavra, “conheço”. O Salvador conhecia as suas obras, e Ele conhecia também a sua fraqueza. Tinham pouca força. Isso pode indicar que eram poucos em número, mas é mais provável que significa que, em comparação com a sociedade poderosa dos pagãos no meio da qual moravam, eles eram um grupo pobree desprezado. O Senhor, em graça, observa este fato, e lhes dá uma porta aberta de oportunidade para trabalho que ninguém pode fechar. Ele estava do seu lado! Aquele que lhes escrevia era santo e verdadeiro, e Ele tinha a chave de Davi. Santidade e verdade O caracterizavam, e Eledesejava o mesmo dos Seus santos. Ele era Soberano também, e naquela soberania Ele podia determinar as circunstâncias para o Seu povo obediente.

Ele abrirá um caminho para eles no seu testemunho para Ele, e Ele reconhece quão fiéis estes santos tem sido.

O nome Filadélfia significa “amor fraternal”, e foi neste espírito de amor que tinham guardado a Sua Palavra. Tinham sido obedientes à Sua vontade. Eles não tinham negado o Seu Nome. Eles tinham sido leais à Sua Pessoa. Aparentemente, tinham provado a oposição dos judeus locais que eram, no seu ódio contra Cristo, somente uma sinagoga de Satanás, assim como aqueles em Esmirna (2:9). O Senhor mesmo iria julgá-los no tempo certo, e fazê-los saber que Ele amava aqueles que O amavam.

Até então, eles deveriam continuar com a mesma perseverança e paciência que já os tinha caracterizado. Na sua fraqueza eles tinham perseverado em obediência constante à Palavra de Cristo, e por isso Ele os elogia e lhes dá a promessa de que os guardará em cada provação.

Para o seu encorajamento, Ele os lembra de que Ele está vindo sem demora! Como Ele exortou a igreja em Tiatira, agora Ele exorta Filadélfia: “guarda o que tens” (2:25; 3:11). Um dia eles receberiam a coroa do vencedor, e eles deveriam guardar o que tinham com zelo. Se esta coroa pode ser, como alguns pensam, a coroa do testemunho presente, então a exortação ainda é importante; eles deveriam manter cuidadosamente o que tinham para a Sua glória. O Salvador recompensaria a sua fidelidade e firmeza, e um dia seriam colunas no Templo, inscritos com Seu Nome na Cidade de Deus. Como Jaquim e Boaz, as colunas na entrada do Templo de Salomão (II Cr 3:17), eles teriam um lugar de proeminência na Nova Jerusalém. Havia um dia vindouro de glória para o vencedor, e da sua presente fraqueza os santos em Filadélfia podiam aguardar aquele dia com alegria.

Quão feliz a igreja que tem a Sua aprovação, Seu encorajamento e Sua promessa de recompensa, sem nenhuma censura. Que nós também possamos antecipar o dia da Sua volta, vivendo diariamente na esperançada Sua vinda e com a perspectiva de glória com Ele para sempre. 

Esta antecipação fortalecerá o nosso fraco esforço, e nos capacitará a servi-Lo fielmente.

Laodicéia: nem frio nem quente (Ap 3:14-22)

O nome Laodicéia tem se tornado sinônimo de tepidez. Das sete igrejas mencionadas em Apocalipse 2 e 3, somente Éfeso e Laodicéia são mencionadas em outro lugar no Novo Testamento, e encontramos uma observação interessante na Epístola aos Colossenses, onde Paulo escreve: “E quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses, e a que veio de Laodicéia lede-a vós também” (Cl 4:16). Muitas das epístolas de Paulo eram cartas gerais, e assim é bem possível que a carta que os colossenses iriam receber de Laodicéia fosse a epístola aos Efésios, que tinha sido enviada a Laodicéia para ser lida na igreja, e que eles deveriam também receber a epístola que foi escrita aos Colossenses. Se tivessem prestado atenção a estas duas cartas, Efésios e Colossenses, será que não teriam evitado a sua condição nauseante e morna? E não seria o mesmo aplicável às igrejas do presente? A ocupação com o Cristo destas duas epístolas e o zelo pela Sua glória certamente seriam o antídoto para as condições de descuido existentes em Laodicéia. Notamos também a preocupação que Paulo expressou por Laodicéia, em Colossenses 2:1-2: “Quero que saibais quão grande combate tenho por vós, e pelos que estão em Laodicéia … para que seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência”. Ó que seus corações tivessem respondido a este desejo do apóstolo!

Que censura imediata para os laodicenses, saber que Aquele que falava com eles era “a testemunha fiel e verdadeira”! Ele tinha vivido no mesmo mundo que eles, mas durante os anos da Sua permanência aqui Ele havia sido o “Amém” a tudo que Deus falara e desejara, imutável na Sua fidelidade e lealdade ao Deus da verdade a quem Ele servia. A Sua vida e testemunho deveria ter sido um incentivo e exemplo para eles, mas ao invés disto seria uma censura, ao compararem o seu próprio testemunho com o do Senhor.

Havia algo que o Senhor podia aprovar nesta igreja? Ele diz que conhecia as suas obras, mas Ele não as especifica, e concluímos que tudo que faziam era sem entusiasmo. Não eram nem frios nem quentes, e ambas estas palavras são interessantes. A primeira indica que não eram frios como uma água bem gelada, mas a segunda significa que não eram ardentemente quentes. Eram mornos, tépidos, nem uma coisa nem outra, e sua condição era tão nauseante que o Senhor ameaça vomitá-los da Sua boca. A palavra “vomitar” (emeo no grego, 1692) é usada somente aqui no Novo Testamento. É a palavra de onde vem a nossa palavra “emético”. A condição deles era repugnante, profissão sem convicção, serviço sem zelo, complacência que era equivalente à duplicidade. Havia formalidade, autoconfiança, letargia espiritual, e como um cata-vento eles podiam mudar com o vento predominante, para qualquer direção.

Os laodicenses se orgulhavam da sua riqueza, mas não sabiam que de fato eram pobres. Será que a própria bênção material causou esta independência e orgulho? Diziam que não precisavam de nada, e na sua vaidade não reconheceram que sua necessidade era realmente muito grande. Havia uma triste mistura de ignorância e arrogância nesta afirmação de que nada lhes faltava. Aos olhos do Senhor eram patéticos.

Eram dignos de dó. Era uma condição deplorável, e eles estavam cegos quanto à sua condição. Moralmente, também estavam nus, quando deveriam estar vestidos com a beleza da santidade e vestes de pureza, como os santos em Sardes que não se contaminaram com o mundo (3:4). Não foi por falta de provisão para eles, porque tudo que precisavam estava em Cristo. Ele tinha riquezas para a sua pobreza. Ele tinha colírio para a sua cegueira. Ele tinha vestes brancas para cobrir a sua vergonha. Ele tinha tudo que lhes faltava, se somente reconhecessem esta necessidade e se voltassem a Ele.

Assim o Senhor os aconselhou, e depois Ele faz um apelo, mas este Seu apelo é para o santo individualmente que está pronto a ouvir: “Se alguém ouvir a minha voz”. Isso não significa que chegará o tempo quando o testemunho coletivo da igreja será substituído por um testemunho individual, como alguns sugerem, mas o apelo do Salvador é para o indivíduo na igreja, para que ele possa ajudar na restauração espiritual da igreja, pela sua influência piedosa. Para este coração devoto o Senhor promete doce comunhão agora e, no futuro, participação com Ele na glória do Seu reino. Lamentavelmente, parece que não houve a restauração da igreja em Laodicéia, porque, até onde sabemos, não existe hoje nada para Deus nas ruinas da cidade que antigamente foi a rica e próspera cidade de Laodicéia, agora chamada Eski Hissar, “o velho castelo”.

É extremamente tocante achar o Senhor com paciência e graça batendo na porta da Sua igreja. Parece que não havia nada que Ele podia aprovar nesta igreja. Pelo contrário, havia muito para censurar. No entanto, Ele ainda procura um lugar no seu meio. Como está a igreja onde nós nos reunimos?

Resumo: censura ou aprovação?

Com que grande sabedoria divina estas sete igrejas foram selecionadas para o nosso ensino! As cartas a eles estão repletas de lições para nós. Estão cheias de advertências e encorajamentos, de instruções e direção para o nosso testemunho. O pobre mundo em que vivemos é escuro e tenebroso. Precisa da luz que estes castiçais podem dar, mas há muito que pode obscurecer esta luz e trazer a censura do Senhor.

Quando o Salvador esteve aqui no mundo Ele disse: “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo” (Jo 9:5). Ele não está mais no mundo, mas diz ao Seu povo: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5:14). Na Sua última noite na Terra Ele orou: “E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós” (Jo 17:11).

Ele nos deixou aqui para que possamos, em alguma medida, continuar o ministério que Ele começou, trazendo luz para um mundo em trevas; e Sua oração é que possamos ser preservados neste ministério.

Individualmente precisamos brilhar como luzes no mundo (Fp 2:15), mas também é a Sua vontade explícita, e o padrão bíblico, que cada um de nós façamos parte de um grupo local, reunido em Seu Nome e brilhando para Ele em testemunho coletivo. Cada castiçal de ouro, precioso a Ele, tem o privilégio e a responsabilidade de manter esta luz, e a ambição de cada um de nós deve ser brilhar para que tenhamos a aprovação do Senhor. Que possamos evitar tudo, e qualquer coisa, que enfraqueceria esta luz e motivasse a Sua reprovação. As igrejas de fato são “a glória de Cristo” (II Co 8:23).

 Por James M. Flanigan, Irlanda do Norte

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