Seitas & Heresias

1. Maçonaria

Basicamente falando, a Maçonaria é uma sociedade secreta de fins filantrópicos e humanitários com uma filosofia religiosa semelhante ao deísmo inglês do começo do século XVIII.

É lógico, entretanto, que a Maçonaria já se dividiu sobremaneira, de tal forma que não existe hoje um padrão maçom que possa ser aplicado a todas as suas divisões. Consequentemente, a definição de Maçonaria dependerá do País no qual é praticada; da filosofia própria de cada uma de suas divisões ou ainda do conceito que se lhe atribui.


UMA RELIGIÃO FALSA?

Embora alguns maçons façam questão de afirmar que a Maçonaria não é uma religião, as mais altas autoridades maçônicas do mundo se referiram a ela como tal.

Do Dicionário de Maçonaria tiramos a seguinte definição que nos deixa claro o seu aspecto religioso:

"É um sistema sacramental que, como todo sacramento, tem um aspecto externo e visível, consistente de seu cerimonial, doutrinas e símbolos e outro aspecto interno, mental e espiritual, o culto sob as cerimônias, doutrinas e símbolos, e acessível só ao maçom que haja aprendido a usar a imaginação espiritual e seja capaz de apreciar a realidade velada pelo símbolo externo."

A Maçonaria não é uma igreja; entre tanto em seu aspecto religioso inegável e insofismável, é um culto. Exige dos candidatos à crença em Deus e na imortalidade da alma, o que inclui a existência futura. Chama Deus de "O Grande Arquiteto do Universo" e o culto a Ele consiste principalmente nas boas obras, através das quais se aguarda a salvação. Visam seus adeptos a tingir um padrão m oral acima do das demais pessoas e creem que esse padrão lhes garantirá condições para habitar na Glória.

Analisando a Maçonaria à luz das Sagradas Escrituras se chega a conclusão que é anticristã, deísta e racionalista e que agora, um tanto excêntrica — se enquadra perfeitamente no rol das religiões e seitas falsas.

Procuraremos neste pequeno esforço mostrar a incomparabilidade que há entre o cristianismo bíblico e essa sociedade secreta.


HISTÓRICO

A Maçonaria surgiu em meados do século XVII quando as associações de pedreiros livres da Inglaterra deixaram de ser simples associações profissionais para admitirem como membros honorários gente da nobreza, do clero anglicano e outros profissionais liberais. Em 1717, foi fundada a Grande Loja de Londres, pelo reverendo anglicano James Anderson e pelo huguenote refugiado Jean Théophile Desaguliers. Seus principais princípios, no início, foram; tolerância religiosa; fé no progresso da humanidade; fé em Deus; certo racionalismo que exclui as formas exteriores da religião organizada como Igreja; aversão contra o sacerdócio oficial e contra a fé em milagres e outros.

Essa organização social dos pedreiros livres deu origem logo a seguir a cerca de 1700 Lojas ou Oficinas, com o são chamados os locais de reunião da Maçonaria. Em 1730, os ingleses introduziram as Lojas nos Estados Unidos. Nesse país está o maior número de maçons do mundo.


SALOMÃO FOI MAÇOM?

É muito discutida a origem da Maçonaria. Alguns autores situam-na nos primórdios da antiguidade oriental, outros admitem que o seu fundador fosse Hiram Abif, arquiteto do templo de Salomão, que teria sido um maçom; outros ainda, que deriva de corporações operárias criada por NUMA, em 715 a.C. Certo autor maçom afirmou que Jesus usou muitos ensinamentos maçons em sua doutrina e que a origem da maçonaria se perde na noite dos tempos...

No Brasil a Maçonaria teve início nos tempos do Império e afirma ter influído grandemente da história nacional, principalmente na Independência. Muitos vultos históricos da vida nacional tiveram seus nomes ligados de uma ou outra maneira à Maçonaria.

(A palavra maçom vem do francês e significa "pedreiro", na sua etimologia)

A tradição impede o ingresso de mulheres, embora a firmem os maçons que nada acontece lá dentro que a mulher não possa saber ou conhecer e que a sua proibição é puramente tradicional. Já existe em todo o mundo e especialmente nos Estados Unidos a Maçonaria feminina organizada nos mesmos padrões da Maçonaria secular.

A verdadeira origem da Maçonaria está, com o vimos acima, na socialização dos pedreiros livres da Inglaterra; o mais é lenda e fantasia.


OS SEGREDOS MAÇÔNICOS

Muita lenda e superstição gira em torno da Maçonaria. Os maçons não estão preocupados em desfazê-las, pois lhes agrada serem vistos pelos menos esclarecidos como pessoas misteriosas, superdotadas, anormais, diabólicas ou coisas assim. Riem daqueles que fazem mistério acerca de suas vidas e se divertem da "ignorância" dos profanos (nome que se dá ao não maçom).

Os "segredos maçônicos" constam de símbolos, alegorias, ritos, cerimônias, sinais de identificação, doutrinas filosóficas ou dogmas religiosos que já foram ocasionalmente revelados.

O maior segredo do qual o neófito toma conhecimento ao penetrar na Maçonaria é o fato de saber que na realidade a coisa não é nada daquilo que pensava.

Os "altos segredos", de um modo gera, são ritos, dogmas e mistérios tirados do judaísmo e do paganismo babilônico e egípcio que misturados no caldeirão maçônico dão um caído semelhante ao que é ingerido pelas sociedades espiritualistas.

A Maçonaria, para defender-se, pode afirmar que fora dela há também o secretismo, entre tanto é bom afirmar que há diferença entre um assunto secreto e um privativo. Numa família, firma ou igreja, pode haver assuntos privativos, os quais mudam ou desaparecem, mas na Maçonaria, estes são secretos e firmes.

Na Igreja Evangélica nada há em oculto; tudo é feito à vista de todos e as suas reuniões privativas nada têm de secretismo, pois tal coisa entra em choque com os ensinamentos da Palavra de Deus.

(3 João 13,20; Efésios 5.1 1-1 3; Levítico s 5.4; Deuteronômio 29 .29; Mateus 5.14-1 6)


A ESTRUTURA DA MAÇONARIA

A Maçonaria é organizada em Ritos, sendo estes divididos em graus. O rito Escocês tem 33 graus, equivalentes aos 10 graus do rito York. Cada grau procura ensinar uma m oral. Os graus 1 a 3 são os mesmos nos dois ritos acima mencionados.

Ao atingir o grau 3 o maçom tem que escolher o rito Escocês ou o York , se pretender subir a escada hierárquica.

O rito Escocês tem 33 graus que são conhecidos por números ou títulos. Os do rito York são conhecidos apenas por títulos.

Os juramentos. Para cada grau da Maçonaria há um juramento específico. Muitas vezes os maçons confundem as suas juras com as promessas evangélicas. O fato é que o maçom jura não revelar coisas que ainda nem conhece!

O ritual de iniciação: Para o 1.° grau — Aprendiz, lhe é posta uma venda nos olhos e com vestes especiais é conduzido à porta do templo onde afirma ser um profano que está vindo para a luz da Maçonaria.

Pode um crente fie l fazer tal afirmação sem contra ria r a Palavra de Deus? Assim, semelhantemente se sucedem os rituais para cada grau ...

Os símbolos. Instrumentos de pedreiro e arquiteto são muito usados, bem como aqueles usados pelos sacerdotes no Antigo Testamento. O Delta, triângulo que tem no centro um olho que representa todos os atributos da divindade, fica acima do trono do Venerável Mestre entre o Sol e a Lua que representam as forças do sumo Criador. O esquadro representa a moralidade; o nível, a igualdade e o prumo, a retidão.

O Culto. O 2 .° Código maçônico diz que o verdadeiro culto a Deus consiste nas boas obras. No ritual para o candidato a Mestre Maçom (Grau 3), o Venerável abre e encerra o trabalho em nome de Deus e de um padroeiro, no caso, São João da Escócia. É latente a blasfêmia em ligar o nome de Deus a de um santo padroeiro.

As orações: Fazem orações, entretanto não as fazem em nome de Jesus com o ensina a Bíblia, nem tampouco fazem citações a Ele ou menção do Seu nome. Parece que nunca leram João 14.13 ss.

Cerimônias fúnebres: Nos funerais há uma cerimônia na Loja, sem a presença do falecido; outra em uma Igreja ou residência, e outra no cemitério. Em todas elas a salvação pelas obras é enfatizada e diz-se estar o falecido passando da Loja Terrestre para a Loja Celestial, o que logicamente implica no fato de crer a Maçonaria que o seu adepto está salvo; salvação sem Cristo e seu sangue expiador. Veja João 10.1-9.


POR QUE NÃO PODE UM VERDADEIRO CRISTÃO SER MAÇOM:

1. A Maçonaria ensina que as boas obras podem levar o indivíduo a atingir um padrão tão elevado de moral, pureza e justiça que ao morrer ingressa na Loja Celestial. Isso se contradiz com a Palavra de Deus que ensina a salvação pela graça, por meio da fé. Efésios 2.5-8.


2. A Maçonaria exige que se jure guardar segredos que ainda não se conhecem previamente. Tal procedimento pode levar o adepto a desmerecer a soberania moral do Senhor em ocasiões que a Maçonaria venha a exigir.

O secretismo maçom faz do adepto um elemento fechado e sem condições de esclarecer determinadas situações. Veja o que diz a Bíblia em Mateus 5.14-16.


3. O secretismo maçom se opõe ao plano divino. As sociedades secretas se caracterizam pela sua origem pagã e são repugnantes à Palavra de Cristo e ao caráter do Cristianismo.


4. A Maçonaria é um a sociedade que prega a fraternidade, ou seja, a comunhão entre todas as pessoas. Exige que se jure solene fraternidade entre os seus adeptos. Como admitir isto se Cristo disse não poder haver comunhão entre a luz e as trevas?

A Palavra de Deus nos proíbe o jugo desigual com os infiéis e ordena que saiamos do meio deles. Veja II Coríntios 6.14-18; I Coríntio s 15.33.


5. A Maçonaria chama a Deus de O Grande Arquiteto do Universo, entretanto parece ser o "deus" da Maçonaria um deus diferente do da Bíblia, Vejamos:

— A Maçonaria não crê na Trindade. (1 João 2.23).

— Admite que pode levar qualquer pessoa A Loja Celestial, desde que esta seja maçom e pratique as boas obras. (I João 2.23)

— Aceita qualquer nome para Deus: Alá, Brama, Buda, Krhisria, Zumbi ou qualquer outro. Todos são identificados com Jeová. Dessa maneira, o deísmo, filosofia herética, é praticada pela Maçonaria, veja - Deuteronômio 6.15,15).

A Maçonaria é uma sociedade profanadora onde existem símbolos, ritos, dogmas e mistérios, oriundos do judaísmo e do paganismo egípcio e babilônico. Cerimônias e objetos bíblicos são usados com finalidades diferentes ao bel-prazer maçônico em um flagrante desrespeito às Escrituras Sagradas.

O Deus da Bíblia continua a ser "O Deus Zeloso" que não consente ser representado por imagens e concepções falsas que lhe são abomináveis. Apenas o Senhor Jesus Cristo é uma representação digna de Deus. Ele só é a sua expressão tangível. (Hebreus 1.3).

Com respeito ao Senhor Jesus Cristo no período de 12 aos 30 anos, diz a Maçonaria simbólica que dos seus arquivos conservados religiosamente pelos monges do Tibete no Himalaia, aos quais foram confiadas tradições e documentos da maçonaria egípcia, consta que Jesus permaneceu durante anos com os monges do Tibete sendo ali conhecido com o nome de Profeta Issa.

Saindo do convento, Jesus teria passado a pregar tudo aquilo que aprendeu com os "veneráveis monges''. Dentre os ensinamentos de Jesus, o que existe, na verdade, são fragmentos da doutrina maçônica...

Não sei se os maçons escreveram isso para que acreditássemos ou para que déssemos risadas. No segundo caso, queremos dizer-lhes que apreciamos sobremodo o seu senso de humor.

Embora a Bíblia não descreva a vida de Jesus durante esse período, coisa sem importância, pois seu ministério se desenrolou após os trinta anos, quando se dava a maioridade judaica; no Livro de Marcos, cap. 6, versículo 3, vemos logo no início do Seu ministério que Ele era conhecido com o "o carpinteiro". Se Ele tivesse saído do Convento, diriam: "Não é este o monge; ou o sacerdote; ou coisa parecida?" Ademais, pelas palavras dos seus amigos, não apenas nesse texto, pode-se sem nenhum esforço deduzir que Ele passou a sua mocidade exercendo a profissão de seu pai, José.

Não pode ser maçom um verdadeiro cristão; pois crenças como esta devem causar repúdio ao verdadeiro servo do Senhor. Julguem os leitores, com a Bíblia na mão e a consciência voltada para Deus, se tal coisa pode acontecer...

"Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.
Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade.
E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé.
Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles.
Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência, Perseguições e aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio, e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou; E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.
Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados.
Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.
Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra."
(2 Timóteo 3:1-17)


Assista ao Vídeo: Tropeços Que Levam ao Inferno


Autor: J. CABRAL

2. Adventista do Sétimo Dia

O deísta convertido, William Miller, jamais podia sonhar que seu nome chegasse a ser ligado a um movimento que condena a todos os cristãos que observam seu "sábado" (descanso) no primeiro dia da semana.


Quando se converteu, Miller estudou diligentemente sua Bíblia, com o auxílio da chave bíblica completa de Cruden, durante dois anos antes de publicar suas conclusões. Tinha cinquenta anos de idade quando começou a pregar, e mesmo assim continuou ainda durante algum tempo com seus misteres agrícolas. Achou-se, porém, guiado à pregação pela providência divina, e a esse impulso foi cedendo à medida que as oportunidades para fazer conferências sobre a profecia o constrangiam a isso. Até o fim de seus dias em 20 de dezembro de 1849 e com sessenta e oito anos incompletos, Miller permaneceu como cristão humilde e consagrado.


Ele e seus seguidores foram caluniados e ridicularizados; foram acusados de auferirem lucros da prédica, e principalmente aqueles que esperavam que o Senhor voltasse em 1843 e, depois, em outubro de 1844. A verdade nua e crua, porém, é que Miller gastou muito mais dinheiro na divulgação de sua mensagem do que ganhou com isso; que ninguém sofreu mais amarga decepção do que ele próprio quando o Senhor deixou de voltar na ocasião especificada; e que ele permaneceu um cristão crente na Bíblia, que até o fim pensou que o Senhor havia de vir muito cedo.


A força de Miller estava no fato de que ele pregava a volta visível de Cristo para julgar o mundo e galardoar os fiéis, em uma época na qual essa verdade cristã cardeal estava ameaçada de tornar-se um assunto esquecido. Sua fraqueza era que lhe faltava orientação teológica, e os ministros que no início se uniram a ele eram homens do mesmo calibre.
É bem verdade que uma criança pode achar o caminho da salvação por meio de um Evangelho de João: é igualmente verdade que há na Bíblia passagens difíceis cuja interpretação ninguém deve tentar sem ter sólida base de instrução teológica, da mesma forma que ninguém deve estabelecer-se como médico ou advogado sem primeiro ter estudado aquilo que a ciência médica ou a jurisprudência tem encontrado em gerações anteriores.


Os Adventistas do Sétimo Dia apontam o fato de ter havido teólogos que esposavam os mesmos pontos de vista, a respeito da profecia, que levaram Miller a cometer seu erro fundamental. Sustentam que Miller estava certo em afirmar que qualquer pessoa pode compreender a Bíblia quando a estuda sinceramente. O desfecho do Millerismo, contudo, veio demonstrar que esses teólogos, bem como Miller, laboravam em erro.
O erro fundamental de Miller foi que ele tomou a profecia de Daniel 8.14 com referência ao fim do tempo, e interpretou os dias ali mencionados para significarem anos - quando a gente havia de achar bastante claras as palavras:
"duas mil e trezentas tardes e manhãs"! E quando Miller descobriu que sua cronologia não estava lá muito certa, foi Samuel S. Snow, um dos seguidores de Miller, que alterou a data e primeiro sugeriu o outono de 1844.


Miller morreu na fé cristã e na esperança de estar em breve com o Senhor.
Nesta altura devemos mencionar que o livro The Midnight Cry (O Brado da Meia-noite) prova que a maior parte dos boatos de fanatismo ligado ao movimento Miller não tinha fundamento. Também não o tinha o boato de que os Milleritas usaram "vestes ascensionais" no dia 22 de outubro de 1844.
Esse boato persistiu durante cem anos; foi impresso mesmo na ll.a edição da Enciclopédia Britânica, e também em edições anteriores da presente obra. O livro erudito e sóbrio de Francis D. Nichol, entretanto, refuta esses boatos e também os alegados casos de loucura como resultado do movimento de Miller.


Foi pena que os seguidores de Miller não lograram bem interpretar a natureza de seu erro. Quando passou tanto 1843, como 22 de outubro de 1844, sem que se verificasse a volta do Senhor, eles deviam ter tirado a conclusão de que é erro querer calcular pela profecia a ocasião da vinda de Cristo. Ao invés de fazer isso, porém, Hiram Edson, um Millerita do Estado de Nova Iorque, teve uma visão na manhã seguinte à "grande decepção". Nessa visão ele viu Cristo em pé ao lado do altar no céu, concluindo daí que Miller estava certo quanto ao tempo mencionado por Daniel, porém errado quanto ao local. As palavras: "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado; referiam-se a uma limpeza do santuário celeste. Esse ensino foi adotado pelo A. S. D. posterior, cujo início data dessa nova interpretação, segundo Níchol."


Assim, "tiveram por bem salientar que o 'erro principal' dos Milleritas foi na sua interpretação, e não no fato de ter marcado uma data. O público poderá com muita razão continuar a achar que isso vem a ser sofisma. Em outra parte do presente capítulo apresentamos o que nos parece ser a interpretação evidente de Daniel 8. 13-14. Aqui observamos que o A.S.D., segundo seus próprios propugnadores, teve início com essa nova interpretação dos 2300 dias, e que essa interpretação repousa sobre a alegada visão de um único homem.


Igualmente arbitrária é a escolha da segunda pedra fundamental do A. S. D.. Segundo Nichol, foi o "Pai Bates", um dos primitivos adeptos do Millerismo e comandante de navio, cuja "luz era o sábado do sétimo dia." A "igreja" do A.S.D. foi organizada em 1860, e somente em 1868 foi que o Ancião James White escreveu seu endosso desse parecer de Bates e outros. Para ele os três anjos mencionados em Apocalipse 14. 6-11, em suas "três mensagens simbolizam as três fases do movimento genuíno", ou seja, o genuíno movimento adventista conforme iniciado por Miller.
Ellen G. White, que se tornou a "profetisa" do A. S. D. e era esposa do Ancião James White, escreveu de modo semelhante.


Segundo essa senhora, Miller e seus companheiros "cumpriram profecia." Tiveram compreensão exata da mensagem dos dois primeiros anjos, mas não do terceiro.
A Sra. White e outros estavam prontos a receber isso também, e o receberam; e diz Nichol: "Os Adventistas do Sétimo Dia acreditam que a mensagem do terceiro anjo, quando observado em termos positivos, é um chamado aos homens para honrarem o verdadeiro Sábado de Deus, o "sétimo dia" do Decálogo, ou seja, o dia conhecido comumente por sábado.


A pregação do sábado do sétimo dia no panorama profético do terceiro anjo de Apocalipse 14 logo se tornou parte distintiva desse movimento religioso que começava a desenvolver-se ."
Essa convicção repousa também, pelo menos em parte, em uma alegada "visão", "revelada" à Sra. White, mulher honrada pelo A. S. D. como verdadeira e divinamente inspirada.


Doutrinas Peculiares do A. S .D.
O Adventismo do Sétimo Dia diverge do Cristianismo evangélico em quatro particulares. Por essa razão não será necessário ajuntarmos uma lista de declarações feitas por escritores do A. S.D. sobre pontos vários de doutrina. Tendo considerado os referidos quatro pontos, teremos discutido o A.S.D. Desde que deixemos de lado que o A.S.D., como os Mórmons, proíbe o uso do fumo, do álcool, do café e do chá. Também são mal vistas a carne de porco e a pimenta.
Além disso, dois dos quatro pontos foram adotados por Russell e são propagados pelas Testemunhas de Jeová com zelo ainda maior. 


Por isso ficarão para ser discutidos no próximo capítulo. São eles:
1. A doutrina do sono da alma após a morte. "O estado a que somos reduzidos pela morte é de silêncio. de inatividade e de inteira inconsciência," escreveu Spicer, acrescentando: "Entre a morte e a ressurreição os mortos dormem." Basta dizermos aqui que consideramos esse ensino contrário a Lucas 16.22-30; Filipenses 1. 23-24 e 2 Coríntios 5.1-8; Salmos 73.24; Apocalipse 6.9-10.


2. A doutrina do aniquilamento dos ímpios. Citamos Spicer de novo: "O ensino positivo da Sagrada Escritura é que o pecado e os pecadores serão exterminados para não mais existirem. Haverá de novo um universo limpo, quando estiver terminada a grande controvérsia entre Cristo e Satanás." 

Em nossa discussão do Russelismo mostraremos as razões pelas quais consideramos essa doutrina contrária a passagens como Romanos 2.6-9 e Apocalipse 20.10, 13. (Uma das tentativas mais sérias para se provar as doutrinas do sono da alma e do aniquilamento encontram-se nos dois volumes de Eric Lewis: Lite and Immortality (Vida e Imortalidade) e Christ, the Pirsttruits (Cristo, as Prímícias) (Boston): Advent Christian Publishing Society, 1949). 

Ver, entretanto a crítica do presente escritor em The Banner, Grand Rapids, Mich., 24 de março de 1950.)
A terceira doutrina que é peculiar ao A.S.D. é de fato seu ponto principal de doutrina e que tem permanecido como propriedade particular dessa seita. Referimo-nos a sua teoria da expiação. 

É nesse ponto doutrinário que o A.S.D. mais diverge dos ensinos das Escrituras. Antes de entrarmos na discussão do assunto, permitimo-nos os seguintes comentários de natureza geral.
É evidente que, quando discutimos a Teosofia, o Espiritismo e outras seitas que não reconhecem a Bíblia como a revelação inspirada e final de Deus, pouco podemos conseguir citando as Escrituras. No modo de pensar dos adeptos dessas seitas, o Livro não possui autoridade. 

O caso é diferente, contudo, quando revemos o A. S. D. e o Russelismo, porque esses sistemas alegam basear-se na Bíblia como palavra de Deus. Nesses casos, portanto, é suficiente demonstrar que seus ensinos são contrários às Escrituras, e que muitas vezes representam o resultado da citação apressada e superficial da Bíblia.
Seus dogmas particulares concernentes à expiação é que deu a essa seita o nome de Adventistas. Sua divergência refere-se à segunda vinda ou segundo advento de nosso Salvador.


1. Miller tinha inferido de Daniel 8.14 que Cristo havia de voltar em 22 de outubro de 1844. E a Sra. White quis vindicar o movimento que Miller tinha iniciado.

 Daí o problema que ela achou diante de si. Encontrou uma saída. Com sua predileção feminina pela última palavra, sustentou que Miller de fato estava certo. 

Se Daniel 8.14 mostrava que Cristo havia de voltar em 1844, então era certo que Ele de fato voltou em 1844.. E, se não tinha voltado para a terra, então voltara para algum outro lugar. Em outras palavras, o santuário mencionado em Daniel 8.14 ("e o santuário será purificado") não ficava sobre a terra. Onde ficava, então? Ora, no céu, evidentemente. (9) Tanto William Miller como Ellen G. White estavam errados.
A afirmação de Miller, de que os 2.300 dias significavam 2.300 anos, por se tratar de "dias proféticos" de um ano, cada um, é suposição arbitrária, tanto quanto o é sua asseveração de que esses "dias" deviam ser calculados a partir do decreto de Artaxerxes (o regresso de Esdras para a Palestina).
Daniel 8.19 declara que o "tempo determinado do fim" se refere ao "último tempo da ira": a ira de Deus revelada no cativeiro babilônico. A visão, portanto, começa onde termina o cativeiro. Daí Daniel 8.20 fala do poder medo-persa, que de fato destruiu o império babilônico. 

Por isso é que, na visão (Dn 8.4), é declarado que o carneiro avançava para o ocidente, para o norte e para o sul, ou seja: o império medo-persa conquistou a Lídia (norte, 564 A.C.!, Babilônia (oeste, por volta de 554) e o Egito (sul, outros dez anos mais tarde). Então veio o poderoso bode (8.5, que é o rei da Grécia (8.21). A Grécia derrotou a Pérsia em 480 A.C.. 

Quando Alexandre, o Grande "se engradeceu sobremaneira" (8.8), morreu repentinamente com a idade de 33 anos. Seu império foi dividido em quatro partes, e do meio de uma dessas divisões saiu "um chifre pequeno" (8.9), "no fim do seu reinado" (8.23), ou seja: quando as quatro divisões do império de Alexandre estavam caindo, uma a uma, diante do poderio de Roma. Esse "chifre pequeno" é Antíoco Epifânio, que marchou contra a "terra gloriosa" (Palestina, Dn 11.16, 41). 

Massacrou 40.000 judeus em três dias, entrou no santo dos santos do templo em Jerusalém e ofereceu uma enorme porca sobre o altar das ofertas queimadas, no pátio do templo. Isso fez parar o holocausto mosaico regular. 

Ora, Daniel 8.14 afirma que esse holocausto, que era oferecido todas as tardes e todas as manhãs, seria omitido 2.300 vezes à tarde e pela manhã, o que vem a ser durante 1.150 dias. Essa profecia foi cumprida ao pé da letra. O primeiro sacrifício pagão foi oferecido no dia 25 de dezembro de 168 A.C. 

Em 25 de dezembro de 165 A.C., o sacrifício santo foi oferecido sobre um altar novo. Isso quer dizer que o santuário foi purificado. São precisamente três anos, que são 2.190 tardes e manhãs. Mas acontece que tinha sido dada ordem para parar com os holocaustos regulares e de ordenação divina, algum tempo antes da oferta dos sacrifícios pagãos em seu lugar, o que dá conta das duas mil e trezentas tardes e manhãs de acordo com o texto. Cf. Rev. Willlam Henderson em The Banner, 20 e 27 de março de 1942.)

O céu, segundo a Sra. White, é a réplica do santuário típico sobre a terra, com seus dois compartimentos: o lugar santo e o santo dos santos. No primeiro compartimento do santuário celestial, Cristo intercedeu durante dezoito séculos em prol dos pecadores penitentes. "Entretanto, seus pecados permaneciam ainda no livro de registro." 

A expiação de Cristo permanecera inacabada. Havia uma tarefa a ser realizada ainda, a saber: a remoção de pecados do santuário no céu.
Ora, como sucedia no grande Dia de Expiação que o sumo sacerdote entrava no santuário interior para completar ou complementar os sacrifícios diários pelo pecado oferecido na outra parte do templo, assim Cristo começou sua obra de completar sua expiação do pecado no santuário interior do céu em 1844. 

Assim, Ele purificou do pecado o santuário.
E de que maneira Cristo fez isso? Em 1844 Ele deu início a seu "Juízo investigativo". Examinou todo o seu povo e mostrou ao Pai aqueles "que, através do arrependimento dos pecados e da fé em Cristo, têm direito aos benefícios da expiação."
Faltava apenas levar ainda mais adiante a comparação entre o santo dos santos terrestre e o celestial. 

No Dia da Expiação havia um "bode emissário" sobre cuja cabeça eram postos os pecados do povo, sendo então enviado para o deserto. Esse bode emissário - assim ensinou a Sra. White - representava Satanás, autor do pecado, "sobre o qual os pecados dos verdadeiros penitentes serão finalmente colocados."


2. Essa conjetura foi devidamente complementada pela afirmativa de que, quando Cristo entrou no santuário, celeste, a porta foi cerrada. Depois disso ninguém mais podia ser salvo a não ser que recebesse o dogma do santuário celeste. Isso, em outras palavras, era uma forma delicada de se dizer aquilo que muitas seitas têm declarado: "Se não aceitar nossa doutrina, não existe esperança para você. Só nós temos a verdade."
Embora o ensino acima exposto seja fundamental ao A. S. D., não no-lo atiram com a mesma frequência que fazem com a doutrina da qual o sistema recebe a parte restante do nome. Não é Adventismo puro e simples: é Adventismo do Sétimo Dia. Esse é o quarto ponto em que o A.S.D. diverge de todas as demais igrejas cristãs.


1. Em uma de suas frequentes visões, a Sra. White viu a arca no céu - pois tinha que haver no céu o equivalente da arca que existia no tabernáculo. Na arca ela via as duas tábuas de pedra que continham os Dez Mandamentos; e eis que, na visão, o Quarto Mandamento destacava-se acima dos demais, pois estava circundado de uma auréola de luz. Com a incontestável lógica feminina, a Sra. White concluiu que esse mandamento precisava receber maior atenção do que os demais. Tinha sido mais negligenciado do que os outros nove. De que maneira? Ora, era evidente.
O Sábado não tinha sido santificado; ao contrário, fora destruído.
Um indecente Domingo, com ímpias "leis azuis" da região de Nova Inglaterra, havia substituído o Sábado do Senhor.
Na sua resolução de que os cristãos voltassem para a correta observância do Sábado de Jeová, a Sra. White começou a investigar a história do Sábado na Igreja Cristã. Descobriu que um dos papas tinha motivado a alteração do Sábado para o Domingo. Qual deles? - pergunta concisamente, entre parênteses, o Dr. Biederwolf. Ora, acontece que, no tempo da Sra. White, os cristãos estavam mais ou menos de acordo em que São João falava em termos um tanto diretos do "papa." A Sra. White, então, prontamente concluiu que a guarda do Domingo era "a marca da besta."
A primeira besta em Apocalipse 13, acrescentou, é o papado; a segunda besta é o governo dos Estados Unidos do Norte, porque esse governo, "apesar de sua juventude, inocência e delicadeza," fala "como dragão" ao fazer leis regulamentando o Domingo. O presente escritor, que é um obediente súdito do governo dos Estados Unidos, não por nascimento, mas pela sua própria vontade e escolha, pede mil desculpas por essa referência desrespeitosa ao Tio Sam como besta, negando qualquer responsabilidade e ressaltando que não a reproduziria se não fosse por necessidade.
A Sra. White identificou essa "besta" como o "chifre pequeno" de Daniel 7.25, afirmando que o chifre representava o papado (ver The Great Controversy Between Christ and Satan (A Grande Controvérsia entre Cristo e Satanás), pág. 51, 54, 446). 

Na realidade, Daniel diz que o chifre pequeno aparece depois dos outros dez chifres que, na visão, saíram do quarto império (o romano), e isso no fim da história, logo antes do Juízo final (7.26-27). 

O chifre pequeno refere-se ao homem do pecado, descrito em 2 Tessalonicenses 2.4, Apocalipse 11.7; 13.7; cf. 20.7. 

Ver exegese pormenorizada em: S. L. Morris: The Drama of Christianity, 1928; Charles R. Erdman: The Revelation of John (O Apocalípse de João), 1936; W. Hendriksen: More than Conquerors (Mais de Vencedores), 1939.


2. O A. S. D. destaca seu ponto de vista a respeito do sábado, muito acima de suas outras doutrinas particulares.
Estamos tratando aqui com um sistema agressivo. Não está pedindo desculpas quem chama Tio Sam de besta. Eles preferem colocar as igrejas na defensiva: vivem atacando, e quase invariavelmente seu ataque se dirige contra a impiedade do culto dominical.

A Expiação
1. A doutrina do santuário levou o A.S.D a declarar:
"Nós discordamos da opinião que a expiação foi efetuada na cruz, conforme geralmente se admite." Os escritos da Sra. White sobre o assunto contêm uma mixórdia de ideias confusas. Por exemplo:
"Após sua ascensão, nosso Salvador devia começar sua obra como nosso sumo sacerdote... O sangue de Cristo, embora visasse libertar da condenação da lei o pecador arrependido, não tinha por objetivo anular o pecado; ficaria em registro no santuário até a expiação final." - Patriarchs and Prophets (Patriarcas e Profetas) (edição de 1908), pág. 357.
"Vivemos agora no grande dia da expiação. No serviço típico, enquanto o sumo sacerdote fazia expiação para Israel, era exigido de todos que afligissem suas almas pelo arrependimento do pecado e pela humilhação perante o Senhor, para que não fossem cortados do meio do povo.

Semelhantemente, todos que desejam que seus nomes sejam conservados no livro da vida, devem agora, nos poucos dias que restam da sua provação, afligir suas almas diante de Deus na tristeza pelo pecado e no verdadeiro arrependimento... Ora, enquanto nosso grande Sumo Sacerdote está fazendo expiação por nós, devemos procurar tornar-nos perfeitos em Cristo... É na presente vida que havemos de separar de nós o pecado, pela fé no sangue expiatório de Cristo. Nosso precioso Salvador convida-nos a nos unir a Ele, a unir nossa fraqueza, a sua força, nossa ignorância, a sua sabedoria, nossa indignidade a seus méritos." - The Great Controversy (págs. 489, 623).

Esses pensamentos, espalhados através de muitas páginas, em primeiro lugar sugerem um perigoso sinergismo ou cooperação entre Cristo e o homem na realização da salvação. Exprimem-se mais resumidamente nestas palavras do folheto do A. S .D. : Fundamental Principies of S.D. Adventists (Princípios Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia): "Ele, pelos méritos de seu sangue derramado, assegura o perdão dos pecados de todos aqueles que penitentemente o buscam; e, como fase final de sua obra de sacerdote, antes de assumir seu trono como rei, Ele efetuará a grande expiação pelos pecados de todos esses, cujos pecados serão apagados."
Outro folheto: What Do S. D. Adventists Believe? (Que é que Creem os Adventistas do S.D. ?), contém o seguinte: "Que mediante uma vida de perfeita obediência e por sua morte sacrificial, Éle satisfez a justiça divina e providenciou a expiação dos homens. .. que, no dia final das contas, Ele apagará formalmente os pecados dos homens e nunca mais serão lembrados para sempre."

No tocante a sua teoria da Expiação, essa seita é condenada clara e inconfundivelmente pelas Escrituras. Pois:

a) Cristo é apresentado como resgate, o preço da redenção que redime aqueles que Ele representa. Se a Sra. White queria apontar os sacrifícios do Antigo Testamento, devia ter lido o Livro de Levítico. Veja o leitor: Levítico 1.4; 4.20,31,35; 5.10, 16; 6.7; 17.11. 

Não existe a possibilidade de se distilar dessas páginas cousa alguma além daquilo que ensinam claramente, a saber: que a vida do animal é dada em troca da vida do pecador, como redenção de sua vida. Assim, o animal sacrificado faz expiação pelo pecador que é libertado. Da mesma forma, no Novo Testamento, declara-se que Cristo é lutron, isso é: preço de redenção daqueles que nEle estiverem. A palavra lutron em Mateus 20.28 e Marcos 10.45 é a mesma que tem a Septuaginta em Êxodo 21. 30, onde é claramente o preço da liberdade,ou seja: a expiação.


b) Consequentemente, o Novo Testamento está repleto desse ensino, a saber: do mesmo modo que o cordeiro pascal ou outra oferta pelo pecado tomava o lugar do pecador, assim Cristo remove de seu povo a culpa ou a maldição. Por exemplo: João 1.29: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" 1 Coríntios 5.7: "Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado." Vários capítulos de Hebreus comparam o sacrifício de Cristo para expiar o pecado, com os sacrifícios do Antigo Testamento; ver Hb 7.27; 9.7, 11, 14.


c) Por isso é declarado que o pecado é removido, perdoado por causa do sangue de Cristo; ver Hb 9.22-26. A maldição é tirada pela cruz: Gálatas 3.13.


d) Tão completa é essa expiação, que não só foi por ela removida a penalidade do pecado que é a morte, mas ainda o inverso - a vida - já se obteve por meio da mesma cruz; ver 1 Pedro 2. 24.


e) Daí, essa expiação é descrita como sendo completa e acabada uma vez por todas. Em Hebreus 9.11-12 é lembrado que a expiação feita por Cristo não precisava ser repetida por causa da imperfeição, como acontecia com a expiação por bodes e bois. Pelo contrário: "Cristo ... não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção" ("lutrosis, liberatio a poenis peccatorum." Grimm).
Essa última passagem não só é uma resposta suficiente para a suposta repetição do sacrifício de Cristo na missa romanista; é também argumento concludente contra a ideia da Sra. White: "A expiação não foi terminada na cruz."
Sobre a finalidade do sacrifício de Jesus, comparar também Hebreus 1. 3; 10.12-14.


2. Vê-se assim que é contrário às Escrituras o ensino de que os pecados do povo de Cristo "ainda permaneceram no registro" no céu depois da ascensão de Jesus. Mas também o é esse outro dogma de que os pecados dos verdadeiros penitentes serão finalmente colocados sobre Satanás.
Esse ensino, herético em sua totalidade. de que Cristo não expiou plenamente o pecado pelo seu sacrifício na cruz, baseia-se em outro erro. Pode ter nascido do problema de interpretar a purificação do santuário como sendo cousa que ocorria no céu (contrário a Daniel 8. 14 - ver acima); é escorado mediante uma interpretação errônea de Levítico 16.
O A. S. D., seguindo a Sra. White, traduz assim Levítico 16.8: "E Arão lançará sortes sobre os dois bodes: uma para Jeová e a outra para Satanás (Azazel)."
O A.S.D. posterior cita muitas enciclopédias e dicionários para provar que muitas autoridades entendem que a palavra "Azazel", que na Bíblia só ocorre aqui, significa Satanás ou um espírito mau. Não há negar que nisso estão certos.
É, contudo, igualmente certo que outras autoridades continuam sustentando que em Levítico 16.8 o vocábulo "Azazel" não pode ter esse sentido, porque semelhante tradução é contrária ao contexto. Ver, por exemplo, a International Standard Bible Eneyclopedia sob o título "Azazel".
O ponto, portanto, permanece sem solução fixa.
Vamos, porém, deixar de lado esse fato importante.
Vamos presumir que esteja certa sem qualquer dúvida a versão de "Azazel" do A. S. D.: isso não prova aquilo que o A.S.D. quer concluir daí, a saber: que o bode emissário é "para Satanás" porque os pecados do povo de Deus hão de ser colocados sobre Satanás no dia do juízo a fim de serem removidos.
Essa conclusão, em primeiro lugar, é contrária ao sentido claro e evidente de Levítico 16.20-22, a única passagem que declara o que havia de se fazer com o bode emissário.
Depois de ter Arão feito expiação por seus próprios pecados e pelos de Israel, ele havia de colocar as duas mãos sobre o bode vivo e sobre ele confessar todas as iniquidades dos filhos de Israel, as quais eram postas sobre a cabeça desse segundo bode, que era então mandado ao deserto para nunca mais voltar. O sentido evidente é que, tendo a morte do primeiro bode efetuado uma plena expiação dos pecados do povo (nisso representando tipicamente a Cristo), a maldição devida a seus pecados é removida para nunca mais alcançar de novo àqueles que os cometeram.
Isso está de acordo com Isaías 53. 6: "... e Jeová fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos"; com 2 Coríntios 5.21: "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós"; e com Gálatas 3.13: "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar."
Contra a linguagem claríssima contida nesses textos, as afirmações do A. S. D. cometem flagrante injustiça. Rebaixam o valor da obra salvadora de Cristo. E mesmo que o A. S. D. esteja certo em sentir-se aborrecido quando é acusado de fazer de Satanás um meio-salvador (o que não faz), contudo tem dado ocasião a essa interpretação errônea pelo fato do apoucar a morte salvadora de Cristo e também pela sua referência fantástica e antibíblica ao papel de Satanás.


3. Deixe o A. S. D. de se surpreender quando aqueles que creem na obra salvadora de Cristo os acusam de dividir a Igreja Cristã com fundamentos tão fracos e de se pavonear como "a única igreja ortodoxa" com monopólio do direito de interpretar a profecia.
Voltamo-nos agora à tábua principal da plataforma do A. S. D.: a da observância sabatina do sábado bíblico.


Um Meio Errôneo de Abordar a Questão do Sábado:
1. Muitos procuram refutar o A. S. D. negando a distinção entre a lei moral e a lei cerimonial conforme foi dada por Moisés. Conhecem uma só lei, a de Moisés. Isso, alegam eles, pertence ao Antigo Testamento, conforme foi dado a Israel. Nós cristãos do tempo do Novo Testamento não temos nada a ver com a lei de Moisés. Não estamos debaixo da lei, e, sim, da graça. Por isso o Sábado foi anulado. 

O que temos agora é o Dia do Senhor ou Domingo, que observamos, não por mandamento, mas de vontade própria, para lembrar a ressurreição do Senhor. Evidentemente cedemos, dessa forma, importante terreno aos Adventistas do Sétimo Dia. Eles podem acusar-nos com razão de termos destruído o Sábado. Além disso, a observância do Domingo- torna-se matéria mais de escolha do que de dever. Em fim, deixa de haver inobservância do Dia de Descanso.

2. Em confronto com esse ponto de vista errôneo, mantemos com o Sínodo de Dordt de 1618-19 que há no mandamento do Sábado um aspecto cerimonial e também um aspecto ético, ou seja, alguma cousa que era transitória e algo de permanente. A Sra. White estava certa quando afirmou que o Sábado, conforme foi dado por Moisés, é a lei de Deus, e homem algum tem o direito de alterar essa lei.
A forma, porém, em que veio a lei, continha fatores transitórios.
Nós não temos forasteiro das nossas portas para dentro, e poucos de nós, possuem jumento.

3. Conquanto seja verdade que Deuteronômio acrescenta esta razão pela observância sabática: "... porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que Jeová teu Deus te tirou dali com mão poderosa e braço estendido: pelo que Jeová teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado," essa razão adicional foi dada quando uma geração posterior se achava em perigo de esquecer-se dessas cousas. Encontramos a forma original dos Dez Mandamentos em Êxodo 20. E aí se declara o dever da observação do Sábado por que Deus havia guardado o Sábado após seis dias de labores. O Sábado remonta à Criação e é uma instituição perpétua.
É por essa razão também que lemos do Sábado em ÊXodo 16. Antes de ser dada a lei no Monte Sinai, Israel foi relembrado a respeito do Sábado. Uma vez que os israelitas tinham sempre esse mandamento da criação, não haviam de colher o maná no sétimo dia.
Está claro pois que Noé e Jacó contavam o tempo por semanas em lugar de dias (Gênesis 8.10-12; 29:27-28) e que o homem, criado à imagem de Deus, vivia de Sábado em Sábado, como fez o seu Deus.

4. A objeção de que nem Cristo nem Paulo jamais mencionou o Sábado não vai ao caso. Jesus citou a segunda tábua da lei, e o fez a esmo: ver Mateus 19:18-19; Marcos 10.19. Queria isso dizer que Ele mudava a ordem, ou que anulou os mandamentos que não chegou casualmente a citar? Devemos tomar cuidado com tais argumentos à base do silêncio. Por certo que, quando Jesus disse: "É lícito fazer bem no Sábado," e ainda: "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho" (a saber, no Sábado), Ele não anulou e sim reconheceu o Sábado. Quanto a Paulo, Dr. Warfield está certo: Aprendemos de Efésios 6.2, primeiro, que é
certa a obediência aos pais. "A reconhecida autoridade do Quinto Mandamento, presume-se simplesmente. 

Observe-se, em segundo lugar, como a autoridade do Quinto Mandamento, que assim se presume matéria pacífica, se estende sobre todo o Decálogo. Pois esse mandamento não é citado aqui como preceito isolado: é mencionado como sendo um dentro de uma série, na qual está em pé de igualdade com os demais, divergindo deles apenas pelo fato de ser o primeiro que traz apenas uma promessa... Observe-se, em terceiro lugar, como é posto de lado tudo na forma do Quinto Mandamento (conforme enunciado no Decálogo) que lhe dá feitio e colorido que o adaptam especificamente à Velha Dispensação, substituindo-o uma forma universalizadora:
"para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra."
Com essa citação, Paulo demonstrou que os Dez Mandamentos eram tidos por válidos na Igreja primitiva, porém o povo fazia distinção entre o que temos chamado o moral e o cerimonial, os aspectos permanentes e os locais ou transitórios desses mandamentos.
Acontece o mesmo com Tiago, conforme Dr. Warfield nos lembra. 

No segundo capítulo, Tiago nos informa que a lei é um todo: não podemos desobedecer a um mandamento sem nos tornarmos culpados de toda a lei. "Dizermos que não violamos a lei quando violamos um só de seus preceitos, teria tanto cabimento quanto dizermos, quando quebramos a asa ou o beiço ou o pedestal de algum vaso de valor, que não quebramos o vaso, mas apenas a asa, o beiço ou o pedestal do vaso." Esse princípio, Tiago ilustra pelos Dez Mandamentos.
Não devemos adulterar, mas também não havemos de matar. Pois se guardamos um ou nove dos Dez Mandamentos e desobedecemos a um deles, transgredimos a lei de nosso Deus. Os Dez Mandamentos constituem uma unidade, e havemos de respeitar a todos eles, inclusive, naturalmente, o mandamento do Sábado.

O Caminho Certo
1. O A.S.D. verifica a impossibilidade de guardar o dia de Sábado de acordo com as especificações do Antigo Testamento. O que era possível em determinadas regiões a que o povo do Senhor estava restrito na antiguidade, hoje ADVENTISMO DO SÉTIMO DIA não é mais possível. Assim a Sra. White começou guardando o Sábado das seis da tarde até às seis da tarde do dia seguinte. O A. S. D. praticou isso durante dez longos anos.
Então a Sra. White descobriu que devia ser do pôr do sol ao pôr do sol. Teria sido adiada essa mudança, talvez porque se previssem dificuldades em resultado do crescimento da seita? Não há dúvida de que é bíblico observar o sétimo dia de ocaso a ocaso. Mas como seria possível isso em terras onde o sol se põe uma vez em seis meses? Parece, pois, que o não-bíblico "das seis às seis" se adapta melhor às condições universais da Dispensação do Novo Testamento.
Mas, assim que se concede isso, deixa-se o Antigo Testamento e admite-se que uma alteração pode ser introduzida na maneira de se determinar o horário do dia de Sábado.

2. Ademais, o A. S. D. não interpreta o Quarto Mandamento da maneira que a "imutável lei" o exige. Na página 409 de Patriarchs and Prophets (Patriarcas e Profetas) a Sra. White escreveu: "Um dentre o povo, irado por ter sido excluído de Canaã e resolvido a mostrar seu desprezo da Lei de Deus, arriscou a transgressão aberta do Quarto Mandamento, saindo a recolher lenha no Sábado.
Durante a jornada no deserto, tinha sido terminantemente proibido acender fogo no sétimo dia. A proibição não se estendia à terra de Canaã, onde a severidade do clima tornaria muitas vezes uma necessidade o fogo; mas no deserto não se precisava do fogo para aquecimento." 

É evidente que as palavras em Êxodo 35.2-3: "Trabalhareis seis dias, mas o sétimo dia. .. não acendereis fogo em nenhuma das vossas moradas no dia do sábado," não se referem à jornada no deserto somente, mas também à época em que os israelitas teriam de fato moradas, ou seja, em Canaã. Se o A.S.D. quer observar o Quarto Mandamento conforme consta no Êxodo que seus adeptos o façam, mais sem bulir com o sentido literal porque acham ou não necessária sua linguagem clara. O que está em mira não é que às vezes podia haver necessidade de fogo no Dia de Sábado e outras vezes não, mas que as necessárias providências fossem tomadas no sexto dia para essa eventualidade.

3. Não nos resta alternativa senão votarmos para a declaração de que o Quarto Mandamento contém alguma cousa de moral e permanente, como também um fator cerimonial que desapareceu na transição da Antiga para a Nova Dispensação. "O Sábado," declarou Cristo, "foi estabelecido por causa do homem." Não diz: "por causa do judeu."
Mas quanto do Sábado?
Podia-se perguntar por que o Novo Testamento não contém nenhum mandamento específico sobre quanto deve ser guardado e quanto abandonado ou modificado. A resposta é que em nenhum caso foi feito isso. A lei cerimonial desapareceu na sua inteireza; entretanto) não existem séries de ordens sobre quanto da lei mosaica pode ser abandonado.
É verdade que Paulo lutou contra a necessidade da circuncisão no caso dos convertidos dentre os gentios. No caso deles a circuncisão seria uma negação da obra de Cristo que torna desnecessárias as obras da lei. 

Contudo, não havia nenhuma recomendação contra a circuncisão no caso dos convertidos dentre os judeus. Ficou com a direção do Espírito Santo para guiar a igreja pentecostal gradativamente a um consenso sobre quanto' da lei do Antigo Testamento havia de permanecer.
Assim, em comum com outros cristãos, o A.S.D. não observa a Páscoa; contudo um judeu teria o mesmo direito de dizer ao A.S.D.: "Mostre-me um único texto no Novo Testamento anulando a Páscoa," que tem o A.S.D de dizer:
'Mostre-me um único texto no Novo Testamento anulando o Sétimo Dia."

4. Jesus, referindo-se ao que iria acontecer em 70 A.C., presumiu evidentemente que seus discípulos de início observariam o mandamento do Sétimo Dia, pois recomendou:
"Orai para que vossa fuga não se dê... no sábado" (Mt 24.20). Como podia Ele referir-se a uma alteração futura que dependia de algo que eles ainda não entendiam, a saber, sua ressurreição?

5. É inútil mesmo tentar refutar o argumento de que a mudança sobreveio aos poucos à Igreja neo-testamentária.
A mudança, do sétimo para o primeiro dia da semana, deu-se aos poucos e quase imperceptivelmente. Começou muito cedo. 

Os discípulos são encontrados por Cristo no primeiro dia da semana, uma semana após a sua ressurreição. (Os adeptos do Sétimo Dia, mantendo que as Escrituras contam o dia de ocaso a ocaso, afirmam que Cristo não se encontrou com os discípulos no primeiro dia da semana e, portanto, não sancionou esse dia. Reuniu-se a eles no segundo dia da semana, pois foi depois do pôr do sol, alegam. 

O que João 20.19 contradiz claramente: "Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro dia da semana ... " Em João 20.26 lemos: "Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos... veio Jesus ... " De novo dizem os Adventistas: "Isso foi um dia mais tarde, pois "passados oito dias não é a mesma cousa que "no oitavo dia." Mais uma vez, porém, as Escrituras os refutam, pois a maneira oriental de contar o tempo considera o dia inicial como o primeiro dia. Uma semana após a data, que em português se chama sete dias depois, os orientais chamam de oito dias depois. 

Que "depois de três dias" e "ao terceiro dia" têm sentido idêntico transparece em Marcos 8.31 e Marcos 9.31 (ver o grego). 

Merece atenção, a esse respeito, que, ao passo que as mulheres, ainda debaixo da dispensação do Antigo Testamento, contavam o dia a partir do pôr do sol até o pôr do sol, o Novo Testamento começa imediatamente a contar o dia de meia-noite à meia-noite: Mateus 28.1.)
Em Trôade, Paulo se reuniu à congregação "no primeiro dia da semana ... com o fim de partir o pão" (Atos 20.7). 

A igreja em Corinto recomenda-se que ponham de parte suas ofertas para a beneficência cristã no Domingo (1 Coríntios 16.2) .
Por que cargas dágua havia de ser assim recomendado, se o dia oficial do culto ainda fosse o Sábado? Imagine um Adventista pondo de parte suas ofertas para a igreja no Domingo!
A João, a revelação na ilha de Patmos veio "no dia do Senhor." 

Pois até chegar esse tempo o termo já se fixara firmemente na consciência cristã." (A asseveração do A.S.D., de que "o Dia do Senhor" quer dizer o Sábado porque Jesus disse: "O Filho do homem é senhor também do sábado" (Marcos 2.28), refuta a si mesma. 

Jesus disse apenas isto: que, como Davi podia em determinadas circunstâncias, fazer certas cousas que eram contrárias ao mandamento, assim também, podia Ele, que era Senhor de todas as causas, Inclusive do Sábado. Já o Didache e Inácio se referem ao Domingo como "o Dia do Senhor.")

6. O texto principal relativo à mudança do dia é, portanto, Colossenses 2.16-17. Esse texto não anula totalmente o Sábado: confronta o que está desaparecendo, a sombra, com o que permanece, o corpo. "As instituições da lei referidas no ver. 16 prefiguravam em época de promessa aquilo que havia de se tornar real em época de cumprimento," diz um comentarista. Assim a circuncisão da carne era uma "sombra", da qual a circuncisão do coração é o "corpo", de acordo com o contexto (2.11-13). E esse mesmo princípio é aplicado ao Sábado.


7. De acordo com esse ensino e exemplo do Novo Testamento, o A. S .D. não tem a menor partícula de evidência para chamar ao Dia do Senhor "o dia do papa." Se algum papa acabou oficializando a observância do Domingo, isso não prova que antes disso o descanso semanal não fosse observado no Domingo, tal como a formulação da fé da Igreja em Niceia em 325 não prova que, antes de 325, a Igreja não cresse na verdadeira divindade de Cristo.

8. Consequentemente, os escritos primitivos dos Pais da Igreja contêm grande número de referências ao Domingo como sendo o Sábado de repouso que era observado no seu tempo. Essas citações, que podem ser encontradas em muitos panfletos que tratam do assunto, vêm desde A Epístola de Barnabé (100 A.C.) até Eusébio (324 A.C.). E essas citações revelam que de início a Igreja observava os dois dias, Sábado e Domingo (tal como, de início, a igreja judaica praticava a circuncisão e o batismo), porém aos poucos foi sendo compreendido que um viera em lugar do outro.

9. Voltamos confiantes, pois, para o Sinodo de Dordt. Estamos hoje em grande perigo de perder o Sábado que foi feito para o homem no alvorecer da criação. Esportes, passeios e banalidades tomam o lugar do culto para crescentes multidões. Igrejas permanecem vazias por toda a parte. Será que devemos, numa época dessas, tentar dividir a comunidade cristã ainda mais do que já está dividida? Afinal, há apenas duas cousas que todos os cristãos reverenciam em conjunto, a saber: O Livro e O Dia. Disse o Sínodo de Dordt:
"Há no Quarto Mandamento da Lei Divina fatores cerimonial e ético. O fator cerimonial era o descanso no Sétimo dia após a Criação, e a rigorosa observância desse dia, imposta particularmente ao povo judeu. O fator moral está no fato de ter sido apropriado para a religião determinado dia, e de ser exigido para esse fim tanto descanso quanto é necessário para a religião e para sua contemplação santificada.
Tendo sido abolido o Sábado dos judeus, o Dia do Senhor deve ser solenemente santificado pelos cristãos.
Desde os tempos dos Apóstolos o Dia já tem sido observado pela primitiva Igreja Católica."

Conclusão
O A. S. D. tem outros ensinos estranhos, como, por exemplo, a ideia original de que "durante todo o período do milênio o mundo fica sem habitantes" e Satanás será "confinado na terra desolada durante mil anos." Tais doutrinas extravagantes, como as do sono da alma e o aniquilamento dos ímpios, são inventadas pelo processo muito simples de citar um ou dois textos sem o menor esforço para compreendê-los à luz de outras passagens; em outras palavras, são fruto da falta de percepção sistemática. Preferimos, porém, passar por cima de algumas dessas ideias e oferecer, à guisa de conclusão, uma avaliação do A.S.D ..

Há muito de louvável no A. S. D. :
1) Adventistas do Sétimo Dia estão realizando uma grande obra para o melhoramento da saúde pública, através de sua revista Vida e Saúde, de seus sanatórios e de suas missões médicas através do mundo;

2) Eles mantêm escolas cristãs gratuitas onde educam seus filhos desde o jardim da infância até a universidade;

3) Sustentam e ensinam muitas doutrinas cristãs cardeais, que são estranhas a outras seitas tratadas na presente obra;
4) Lutam com sucesso pela santidade do lar, da família e do matrimônio; opõem-se ao mundanismo da assistência ao teatro, da dança, do jogo e da filiação a lojas;

5) Envergonham a muitos, se não for a todos, dos demais cristãos pela sua elevadíssima contribuição financeira por cabeça. Não só são todos dizimistas (nesse ponto até os Mórmons envergonham os cristãos), sendo entregues seus dízimos para sustento de suas próprias igrejas, mas, além disso, contribuem com somas enormes de dinheiro para o trabalho missionário.
Poder-se-á por isso perguntar (como de fato os Adventistas do Sétimo Dia perguntam) por que razão deve ser incluído este capítulo em um livro que trata de "ismos" de natureza muito mais grave?


A essa pergunta a resposta é dupla:
Primeiro, porque os Adventistas do Sétimo Dia é que o exigem. Eles não são esses inocentes que querem que acreditemos que sejam quando se queixam dos nossos ataques. Foram eles que iniciaram o ataque contra todas as outras igrejas.
Nem tampouco são sempre coerentes na sua queixa.
Assim, não fica bem para os oficiais dessa seita convidarem o presente escritor a esquecer-se da Sra. White e ler as publicações atuais do A.S.D., enquanto essas mesmas publicações afirmam: "Pela sua ênfase sobre a verdade bíblica, pela sua aplicação de doutrinas específicas, pela sua simplificação das cousas profundas de Deus ... a denominação A.S.D. e o mundo em geral têm uma grande dívida para com Ellen G. White."
Mais ainda: veja-se que base frívola o A.S.D. possui para seguir a alucinação de Ellen G. White do Quarto Mandamento cercado por uma auréola de luz, e para edificar sobre ela um sistema de teologia e uma denominação: compare-se com isso a base firme pela observação do Dia de Descanso no primeiro dia da semana, a qual a Igreja tem encontrado sempre no Novo Testamento. Volte-se então para os irmãos Venden, evangelistas do A.S.D., desfraldando uma após outra suas faixas e açulando vasto auditório até o ponto da loucura coletiva, gritando: "É de Deus o culto dominical?" "Nã-ã-ão!" "É do papa?" "É-é-é-é!" "É do diabo?" "É-ÉÉ-É!"

Perguntamos nós: São cristãos tais métodos de "evangelização"?
Condizem com a piedade que (segundo H. F. Brown) essa "gente maravilhosa" possui e quer que seja reconhecida?
Os métodos pelos quais o A. S .D. procura conquistar adeptos à custa de igrejas que sustentam todos os essenciais do Cristianismo que o A.S.D. confessa e mais aqueles que o A.S.D. nega ou torce, depõem contra os muitos pontos bons que o A. S .D. revela.
Em segundo lugar; o pecado do cisma, de levar a Cristandade a jazer dividida perante um mundo que se vai paganizando, está muito longe de ser inocente. 

Até então a Igreja Cristã tem possuído sempre duas cousas em que todos estavam de acordo: o Livro e o Dia. O A.S.D. quer mudar tudo isso. Opondo-se às leis do Domingo e semelhantes, não só dá as cartadas para o diabo, mas também coopera na desintegração da influência da Igreja sobre o mundo, e leva para o desprezo o próprio Dia de Descanso que alega respeitar, desprezo que nestes dezoito ou dezenove séculos não se verificava. Esse realmente é um zelo sem conhecimento. Abandone, pois, o A. S. D. os escritos desordenados de uma mulher que sofria grave moléstia, e volte-se para a voz de Barnabé, de Inácio, de Agostinho, de Lutero, Calvino, Bunyan e tantos outros grandes cristãos aos quais Ellen G. White se refere a miúdo em seus livros.

Sobretudo, voltem para o Novo Testamento, que declara que:
1. Jesus ressuscitou dentre os mortos no primeiro dia da semana (João 20.1);
2. Jesus apareceu a dez de seus discípulos naquele primeiro dia da semana (João 20.19);
3. Jesus esperou uma semana, e no outro primeiro dia da semana apareceu aos onze discípulos (João 20.26);
4. A promessa da vinda do Espírito Santo cumpriu-se no primeiro dia da semana - no dia de Pentecoste, que pela lei caía no primeiro dia da semana (Levítico 23.16);
5. No mesmo primeiro dia da semana foi pregado pelo apóstolo Pedro o primeiro sermão evangelístico sobre a morte e ressurreição de Jesus (Atos 2.14);
6. Nesse primeiro dia da semana os três mil conversos unidos à primeira eclésia neo-testamentária (Atos 6. foram 2.41).
7. No mesmo primeiro dia da semana o rito do batismo cristão em nome do Pai, Filho e Espírito Santo, foi administrado pela primeira vez (Atos 2.41);
8. Em Trôade, os cristãos reuniam-se para o culto no primeiro dia da semana (Atos 20.6-7);
9. Em Trôade, Paulo pregou aos cristãos reunidos no primeiro dia da semana (Atos 20.6-7);
10. Paulo instruiu os cristãos em Corinto a fazer contribuições no primeiro dia da semana (1 Coríntios 16.2) ; Folheto: "Why We Observe the First Day of the Weekfor Worship" (Por que Nós Observamos o Primeiro Dia da Semanapara o Culto). (Lord's Day Alliance of the United States, 156 FifthAvenue, Nova Iorque, N. Y.). É digno de nota que a palavra kuriake, "do Senhor", se tornou a denominação reconhecida do Domingo no uso grego cristão; e é hoje, no grego moderno, o vocábulo para Domingo - W. D. Chamberlain em Presbyterian Li/e, VoI. 6, n.o 4.
11. No primeiro dia da semana Cristo veio ao apóstolo João na Ilha de Patmos (Ap. 1.10).
Um teólogo holandês bem expressou essa verdade como segue:
"Desejas saber, ó, homem, onde está o Sábado; pergunta onde está Cristo. Encontrá-lo-ás no meio dos cristãos no primeiro dia da semana, e não no meio dos judeus no último.
Pois onde estiver Cristo no meio, aí está o Dia de Sábado.
E essa verdade, de que Cristo está no meio de seu povo no Dia de Descanso, faz desse dia um dia de regozijo espiritual.que deixa longe todos os dias santos e outros dias da semana. Aqui caem por terra todas as questões do que devemos fazer e do que não devemos fazer, aquelas questões dolorosas. 

Em dia de festa, não nos limitamos aos trabalhos mais estritamente necessários?.. Assim o mandamento para descansar torna-se, dentro de nós, o desejo para descansar, e o exemplo do Sábado do porvir, um Sábado que não terá crepúsculo."
Finalmente: o presente autor lamenta ter que declarar que novo estudo dos dogmas e métodos do A. S. D. acentuou, e não diminuiu, sua convicção de que o A.S.D. (embora seus adeptos sejam evidentemente sinceros, e haja entre eles muitos cristãos), como movimento, é perigoso.


Essa conclusão baseia-se nos dois seguintes fatos:
1. Em seu zelo pelo sétimo dia, o A. S .D. excede em muito os limites do bom senso e da sobriedade. Se o A.S.D. tivesse permanecido satisfeito em manter seu ponto de vista peculiar do Sábado na qualidade de irmãos cristãos diríamos:
"É pena; nós o lamentamos, mas o Senhor resolverá o assunto. Afinal a salvação não depende disso." Mas o A.S .D. em seus periódicos oficiais condena os demais cristãos em linguagem do seguinte tipo:
"Mas o que as forças da tirania realmente querem neste país é o favoritismo e monopólio religiosos para determinado grupo de religionistas. Querem que sua marca particular de religião seja ensinada nas escolas públicas, não respeitando os direitos de outros cidadãos. Querem que seu particular dia de descanso seja impingido à nação por meio de leis estaduais, federais e municipais, em lugar de deixar em liberdade o povo para descansar de acordo com os ditames de sua própria consciência. 

Pouco a pouco, trustes religiosos estão fazendo pressão sobre as autoridades para que regulem a vida religiosa do povo americano de conformidade com os ditames de uma assim-chamada maioria religiosa. ("Adventistas do Sétimo Dia em Mineápolis registraram sua "oposição inalterável" à renovação das leis de encerramento dominical nos níveis estaduais, de condados, ou municipal" - Christian Century de 6 de maio de 1959).
"Quando os patriotas americanos divorciaram assuntos eclesiásticos do governo civil neste país, ergueram a bandeira da liberdade religiosa sobre a rocha sólida da verdade eterna. A maioria do povo, no que diz respeito à religião, não está com a verdade. 'Pois larga é a porta e espaçoso entram por ela, porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela. Mateus 7.13-14.

De que maneira podemos escapar à conclusão que essas linhas dão a entender:
a) Que todos os que defenderam e defendem a observância do Domingo e a "santificação" do dia são tiranos e inimigos da liberdade religiosa, inclusive os autores da liberdade tão elogiados no mesmo parágrafo (pois não há dúvida que eles impuseram a observância semanal no Domingo);
b) Que, assim que haja uma pequena minoria com pontos de vista estranhos a respeito do Sábado, o Estado deve abandonar de vez todos os seus esforços para tornar pelo menos exteriormente cristã a vida nacional;
c) Que aqueles que observam no primeiro dia da semana o descanso semanal, estão caminhando para a destruição.
Essa última opinião se expressa de muitos modos em muitas publicações do A.S.D.. É um tanto extravagante e arrogante.


Isso, porém, não é nada em comparação com o seguinte:
2. O A.S.D., ao fazer depender a salvação da observância da lei (especialmente, é claro, sua própria interpretação do Quarto Mandamento), volta para o Judaísmo - não para a religião pura do Antigo Testamento, mas para aquela religião falsa de auto-soterismo que é conhecida por Judaísmo. Como todos os cristãos evangélicos, os Adventistas do Sétimo Dia afirmam que a graça salvadora de Deus renova o homem de maneira a escrever a lei no seu coração.
Muito bem! Segue-se daí que a guarda da lei não é necessária para a salvação, mas antes é um resultado inevitável da salvação. Segue-se também que, quando dois grupos de cristãos se acham em divergência a respeito de algum ponto secundário dessa lei, não poderão perder-se quando o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que vivem de acordo com a luz que possuem. O A.S.D., porém nega sua pretensa fé na salvação sem obras ao escrever:
"A santificação é uma parte distinta e de magna importância da redenção... O verdadeiro Sábado de Deus, o sétimo dia da semana, é declarado como o sinal da santificação nestas palavras... Êxodo 31.13 e Ezequiel 20.12.
"Sim, a prova virá na questão da obediência aos mandamentos de Deus. .. O que precisamos lembrar ao aproximarmo-nos da prova final é que Deus distribuirá recompensas justas.  Então se formos fiéis até ao fim, ainda que tenhamos que fazer o supremo sacrifício a fim de manter nossa fidelidade a Deus, despertar-nos-emos a ouvir sua voz melodiosa dizendo: 'Bem está ... entra tu no gozo do teu Senhor.' Tal será a recompensa de quantos passarem com êxito na prova final."
Evangelista D. E. Venden, em suas conferências mimeografadas, chega a referir-se à recusa de se observar o sétimo dia como "o pecado que não tem perdão", fazendo referência a Mateus 12.32 e Hebreus 6.4.


Dessa ênfase errônea resultam duas cousas:
a) Que o A. S. D. exige, para o batismo, uma confissão de que a Igreja A.S.D. "é a Igreja remanescente" (excluindo todas as demais!); e
b) Que o A.S.D. se coloca sob a condenação de que Paulo fala aos Gálatas: "Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará." Com esta última afirmação, porém, não condenamos homens individuais (não somos inspirados como era Paulo), porém o sistema a que se apegam.
E Assim Por Diante, Ad Infinitum
Houve verdadeiro rebuliço em 1956 e 1957, quando os homens de Takoma Park bradaram alto e bom som que dois evangélicos, Donald Grey Barnhouse e W. R. Martin, após prolongado estudo e vários dias de visitas a líderes e bibliotecas do A. S. D., tinham chegado à conclusão de que, daí em diante, o A. S. D. deveria ser classificado entre as igrejas essencialmente ortodoxas, ou seja, evangélicas. Citações de escritores de outros tempos que tinham declarado que o A. S. D. era "são como um coco" em todas as doutrinas primárias, foram acrescidas a ameaças arrogantes de que, de futuro, convinha que os evangélicos tomassem cuidado antes de condenar mais esse "maravilhoso povo do Senhor."


A refutação, porém, não se fez esperar e veio decisivamente à medida que, um após outro, os defensores evangélicos da fé rejeitaram os artigos tanto de Barnhouse como de Martin na revista Eternity e sustentaram que o A. S. D. :
1) jamais denunciou sua pseudo-profetisa Ellen G. White;
2) jamais se retratou de alguma de suas doutrinas falsas, nem 

3) jamais renunciou sua exclusão perene do Reino - quer agora ou finalmente - de todos quantos deixam de aceitar seus dogmas. Uma lista parcial de escritores durante o referido tempo de confusão consta do nosso Christianity Versus the Cults (O 'Cristianismo vs. as Seitas), págs. 100-102.


Publicações posteriores de Takoma Park tem confirmado de sobejo o ponto de vista da vasta maioria dos evangélicos.
Como um dos exemplos principais podemos citar o livro: Seventh-Day Adventists Answer Questions on Doetrine, an Explanation of Certain Major Aspeets of Seventh-Day Adventist Belief (Adventistas do Sétimo Dia Respondem a Perguntas sobre Doutrina, uma Explicação de Certos Aspectos Principais da Crença Adventista do Sétimo Dia) (Review and Herald Publishing Association, Washington, D.C., 1957).
Esse livro de 720 páginas contém grande quantidade de conversa dobre, concedendo com uma mão e tomando de novo com a outra. Como todas as publicações do A.S. D. recusa-se persistentemente a responder às asseverações e citações evangélicas que provam que o sétimo dia foi substituído pelo primeiro dia em data primitiva da história da Igreja.
Pior do que isso, os defensores do sistema continuam aqui a confundir a doutrina da livre graça com a alegação de que algum dia, ninguém sabe quão breve, "A Igreja dos Remanescentes" consistirá daqueles que obedecem os Dez Mandamentos (destacadamente o Quarto Mandamento, tomado ao pé da letra) e que adotam integralmente o "Programa de Reforma de Saúde" do A. S. D.; e que, fora disso, não haverá salvação. Basta o testemunho da seguinte citação:
"A sua pergunta, pois, sobre se a Sra. White sustentava que todos que não compreendem nem observam o sétimo dia como o Sábado agora tem a 'marca da besta', a resposta é, definitivamente, NÃO.
"Sustentamos a firme convicção de que milhões de cristãos consagrados de todas as fés através dos séculos passados, como também os de hoje que sinceramente confiam em Cristo seu Salvador para a salvação e o estão seguindo de acordo com a melhor luz que possuem, são indubitavelmente salvos ...
"Os Adventistas do Sétimo Dia interpretam as profecias referentes à besta e à recepção de sua obra, como sendo algo que será focalizado nitidamente logo antes da volta do Senhor em glória. Nosso modo de entender é que, nessa ocasião, essa questão se tornará uma prova universal" (págs. 184-185).


Deve estar claro logo que tal confissão indiferente explica muito da atitude de duas caras de ministros do A.S.D. para com os cristãos em outras denominações, pois:
1) Admitem que outros talvez sejam cristãos e que se possa trabalhar com eles como tais (em associações de pastores, por exemplo); contudo sustentam que, mais dia menos dia, todos precisam ser levados a reconhecer seus erros e ã. conformar-se com o programa do A.S .D.; caso contrário, estarão eternamente perdidos;
2) Acham que está direito coletar dinheiro de "outros cristãos" mediante propaganda feita de casa em casa, e anunciar mais tarde que essas ofertas vieram do povo do Senhor, ou seja, do A.S.D.;
3) Acham admissível, e mesmo inteligente, deixar de anunciar a fonte de programa de rádio "A Voz da Profecia" e da irradiação de televisão "Fé para Hoje", uma vez que há, afinal de contas, apenas uma forma verdadeira de Cristianismo, e todos vão caminhando na direção do A.S.D. Que não hesitam em camuflar sua propaganda, vê-se também no fato de que sua última publicação: Seventh-Day Adventists, Faith in Action (Adventistas do Sétimo Dia - Fé em Ação) foi escrito por um "não-Adventista" e publicado pela Vantage Press, não pelas suas próprias colossais facilidades publicadoras.
Finalmente, um recém-convertido do A. S .D. para a Igreja Batista escreve, com fartas citações de fontes autênticas do A.S.D., que, nas publicações destinadas ao consumo interno (para obreiros do A.S.D., etc.) é muito maior a ênfase dada à necessidade da unanimidade de crença no A.S.D. ("Estamos firmes com os pioneiros. .. Não precisamos de novas doutrinas") do que nas publicações destinadas a fins de propaganda. 

O autor em apreço converteu-se, junto com a esposa, pela leitura sincera e piedosa da própria Bíblia, sem comentários "inspirados" e acréscimos do A.S.D., especialmente sua leitura da Epístola aos Hebreus e do capítulo 10.12 em particular. Ele sustenta que, por causa de sua crença na salvação pela graça somente, sem as obras do legalismo, muitos adeptos de destaque do A.S.D. têm sido expulsos, ou se têm retirado voluntariamente, e que no seu país há centenas cujos olhos estão sendo abertos para a verdade e que têm abandonado o A. S. D. (G. L. Crosbie: S.D.A. in New Zealand and Australia" (O A.S.D. na Nova Zelândia e na Austrália) em The Sunday School Times de 20 de dezembro de 1958.)


Assista ao Vídeo: Como Encontrar Paz


Por Jan Karel Van Baalen

3. Os Testemunhas de Jeová

A origem da teologia Russell-Rutherford-Knorr, e principalmente de sua escatologia, jaz no Adventismo do Sétimo Dia. Isso foi afirmado em The Chaos of Cults em 1929,calorosamente contestado por Leroy E. Froom, e posteriormente reafirmado por Lehman Strauss, F. E. Mayer e E. C.Gruss.


Charles Taze Russell, perturbado por sua herança presbiteriana escocês-irlandesa da doutrina das penas eternas, foi "convertido" para a doutrina dos Adventistas, a quem aderiu. Depois surgiram divergências a respeito de interpretação bíblica, principalmente sobre a maneira e o objetivo da volta do Senhor, embora tenha ficado intata a cronologia.
Russell colaborou com o Adventista N. H. Barbour, havendo os dois publicado um livro em conjunto. Um ano mais tarde, em 1878, separaram-se porque discordaram a respeito da expiação. Russell então lançou em 1879 seu Zion's Watchtower and Herald of Christ's Presence (Torre de Vigia de Sião e Arauto da Presença de Cristo).
Gruss cita, além do Adventismo, as seguintes fontes do Russelismo: Ario, Sócino, Swedenborg, Unitarismo, Cristadelfianismo.
Da mesma forma, alguns primitivos estudantes do Mormonismo sustentaram que esse sistema tinha tomado empréstimos do Cristianismo, Judaísmo, Maometanismo, Fetichismo, Budismo, Maniqueísmo, Comunismo, etc.


O presente escritor, porém, duvida que os primitivos líderes, quer do Mormonismo ou das Testemunhas de Jeová, possuíssem fundo teológico suficiente para plagiarem tanto.
Prefere pensar que, afinal, Satanás e suas "forças espirituais do mal nas regiões celestes" (Ef 6.12) são de gênio finito, ou seja, limitado em suas possibilidades de invenção.
Em confronto com os ensinos das Escrituras, os mesmos erros e as mesmas heresias forçosamente se repetem de vezem quando.
No decorrer de seus oitenta anos de história, os Testemunhas tem modificado consideravelmente seus ensinos, atribuindo isso à "revelação progressiva", que no modo de entender deles vem a ser nova luz sobre a compreensão da revelação terminada na Bíblia. O conceito ortodoxo da revelação progressiva é que há progresso do Gênesis ao Apocalipse: o botão abriu-se aos poucos, até produzir a flor aberta e perfeita. Da tal "revelação progressiva" dos Testemunhas,diz Gruss: "A maior parte de semelhante revelação é subjetiva." (Gruss: Apostles of Denial (Apóstolos da Negação), dissertação não publicada, Seminário Teológico Talbot, 1961, pág. 55.)
W. J. Schnell registra que "na qualidade de cultuador progressista da luz e Testemunha de Jeová em plena comunhão, eu havia observado a revista Watchtower mudar nossas doutrinas, entre 1917 e 1926, nada menos que 148 vezes." ( Into the Light of Christianity (Para a Luz do Cristianismo), pág. 13.)


O próprio Russell declarou ousadamente que seria melhor que fosse lida sua obra de seis tomos: Studies in the Scriptures (Estudos nas Escrituras) do que lida a Bíblia sozinha." (Não precisamos repetir aqui nossa refutação da acusação feita por The Watchtower, de que o autor se fizera culpado de transgredir o nono mandamento Com essa asseveração. Ver a terceira edição de The Chaos ot Cults, 1960, pág, 269.) Contudo, anos mais tarde, ele chamava de "imaturos" alguns de seus próprios escritos primitivos.
A Igreja primitiva, compreendendo que a inspiração terminou com o Apocalipse e buscando a iluminação do Espírito Santo, foi mais paciente e circunspecta em formular as doutrinas das Escrituras; e, tendo-o feito uma vez nos grandes Credos, não alterou estes posteriormente.


Podemos acrescentar aqui que quando se atribui a documentos puramente humanos, um caráter infalível e inspirado, o resultado invariável é que tais escritos substituem e suplantam as Escrituras. Tem sido esse o caso com a "tradição" católico-romana, com o Livro de Mórmon, e com Ciência e Saúde com Chaves das Escrituras; e verifica-se novamente na corrente infinda de literatura russelita que não deixa uma chance para os Testemunhas lerem a Bíblia com qualquer grau de independência. Para se fazer ideia dessa "lavagem cerebral", vejam-se os livros de Schnell.
Nos últimos anos a história do Russelismo tem sido escrita tantas vezes que o presente manual sobre muitas seitas será muito breve em apresentar essa história.


A História do Movimento
Existe uma reciprocidade entre o caráter de um homem e sua teologia. São Paulo ensina em Romanos 9.19-20 que a má teologia procede do coração mau.
Charles Taze Russell vivia em frequentes choques com os tribunais, e desses ensaios nem sempre saía ileso. Perjurou no tribunal, e sua esposa obteve decisão de divórcio porque o juiz do Supremo Tribunal de Ontário opinou que nenhuma mulher de sensibilidade comum podia viver com um homem de tamanho egotismo e arrogância. Com a maior displicência Russell lançou condenação por atacado contra os ministros de "600 denominações belicosas" na China, por ocasião de uma reunião em massa no hipódromo de Nova Iorque, para então admitir debaixo de coação que, em sua viagem ao Oriente, não tinha encontrado nenhum deles. Foi acusado por The Brooklyn Eagle de praticar a fraude. Induzia pessoas enfermas a entregar suas fortunas às organizações dele, ao mesmo tempo que condenava veementemente o clero pelas coletas que levantava nas suas igrejas.
Assim prosseguiu continuamente, até que, em 9 de novembro de 1916, o "pastor" morreu no trem transcontinental.
Seu amigo, Sr. Menta Sturgeon, atendendo a seu pedido, embrulhou-o em um lençol para representar "uma toga romana," e então chamou o condutor e o carregador com as palavras: "Quero que vejam como morre um grande homem de Deus." Mas nada mais havia no lençol do que um senhor de idade "cujos lábios não proferiam uma queixa,nem dava um suspiro."
Esse elogio duvidoso é da oração funeral feita por Joseph Franklin Rutherford, que imediatamente tomou as medidas necessárias para suceder ao falecido. Rutherford, que era advogado e juiz especial na ausência do juiz regular do Tribunal
do Oitavo Circuito Judicial de Boonville, Estado de Missúri, até 1909, havia se mudado para Nova Iorque. Em 6 de janeiro de 1917, foi escolhido por unanimidade para suceder ao Pastor Russell como Presidente da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados. Ocupou essa posição até sua morte em 8 de janeiro de 1942, com a idade de 72 anos.


Da gestão de Rutherford, são dignas de notas as seguintes feições:
1) O Juiz excedeu ao próprio Pastor no volume de sua produção literária. Escreveu um livro por ano, mais inúmeros artigos para o Watchtower e The Golden Age (A Idade Aurea) (mais tarde designado Consolation e, de 1946 para cá, Awake! (Despertai!), bem como edições sucessivas do Yearbook of Jehova's Witnesses (Anuário das Testemunhas de Jeová).


2) O Juiz, com alguns de seus funcionários, passou nove meses na cadeia por causa de alegadas "atividades não-americanas" no início da entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial. Isso foi, aproximadamente, tão injustificado quanto fora o assassinato de "Joseph Smith e seu irmão Hyrum, Mártires." Resultou apenas na exoneração desses estudantes da Bíblia e em crescente ódio por parte deles para com "a organização do diabo."


3) Ao sair da penitenciária, o Juiz encontrou sua presidência embaraçada por dissensões internas e perseguições exteriores. Verificaram-se vários rompimentos, continuando os dissidentes sob vários nomes. Foi por causa disso que, em 9 de outubro de 1931,no Congresso Anual em Columbus, Estado de Ohio, foi adotado o nome atual de Testemunhas de Jeová. Dentro de vinte anos esse nome suplantou todos os outros nomes dessa gente.

4) Rutherford, embora tivesse uma personalidade muito diferente da de Russell - mais reservado, exteriormente frio, e inacessível - igualou o fundador não só como escritormas também como organizador e administrador. Escreveu Marley Cole: "A maior vitória da carreira do Juiz Rutherford foi ver expandir-se a organização, consolidar-se e prosseguir através de tudo e apesar dos ataques devastadores que lhe fizeram os fascistas, os nazistas e as "turba-cracias" democráticas." (Cole: Jehovah's Witnesses (Testemunhas de Jeová), 2.⁠ª edição, pág. 107.)
Rutherford, com seus metro-e-noventa-e-três, via-se raramente em público. Quando aparecia, era acompanhado de dois capangas, todos três armados de bengalas para defesa contra ataques dos representantes da organização do diabo.

5) É verdade que o Juiz Rutherford e seu assistente mais moço, o advogado texano Hayden Covington, prestaram um grande serviço à causa da liberdade religiosa ganhando 46 causas no Supremo Tribunal dos Estados Unidos, 150 em Supremos Tribunais Estaduais, mais diversas no Canadá e em outros 22 países (até 1950). (Cole: op, cit., capo 7.) Ao mesmo tempo, é preciso admitir que os Testemunhas têm sido em grande parte os causadores de seus muitos aborrecimentos, pois têm anunciado abertamente seu desprezo de muita gente e muitas instituições, em seus escritos e suas reuniões ao ar livre, atacando com vitupério a todos quantos não concordam com eles.


A Rutherford sucedeu imediatamente Nathan Homer Knorr como presidente da organização. Durante a administração de Knorr, os intermináveis livros e livrinhos têm aparecido sob o "copyright" da Watchtower Bible and Tract Society, sem trazer o nome de autores individuais. Uma "comissão" é responsável agora pela massa de impressos que sai da "Impressora Central" em Brooklyn, Nova Iorque.

Além de inúmeros panfletos, os periódicos regulares são: 

The Watchtower (A Torre de Vigia), "anunciando o Reino de Jeová" (3.800.000 exemplares) e Awake (Despertai), (3.250.000 exemplares), ambos quinzenais. Seus mais recentes livros encadernados são: Let God be True (Seja Deus Verdadeiro), 1º edição, 10.524.830 exemplares; 2º edição, 1952, 6.778.000 exemplares, impressos em cinquenta idiomas Let Your Name Be Sanctified (Seja Seu Nome Santificado) (1.º edição, 1961, 1.000.000 exemplares); Your Will Be Done on Earth (Seja Feita a Sua Vontade na Terra) ("baseado na profecia de Daniel"); The New World Translation of the Holy Scriptures (A Tradução Novo Mundo das Sagradas Escrituras) (referida como "NW" e publicada em 1955), que não só substitui a Cruz de Cristo por "a estaca de tortura", mas de muitos outros modos revelam seu preconceito contra terminologia que seja reminiscente das doutrinas cristãs centrais.


Organização e Propaganda
Nathan H. Knorr inicia seu ensaio sobre "Testemunhas de Jeová dos Tempos Modernos" com a afirmação: "Deus Jeová é o Fundador e Organizador de suas testemunhas sobre a terra." (Religion the Twentieth Century, editado por Vergilius Ferm, págs. 381-392.)
Diz-se que o nome foi sugerido por Isaías 43.10: "Vós sois minhas testemunhas, disse Jeová." 

As primeiras testemunhas foram Abel, Enoque, Noé, etc., até João Batista. Cristo Jesus foi, ele mesmo, a "fiel e verdadeira testemunha, o princípio da criação de Deus," tomando a proeminência entre todas as testemunhas." "Essa principal testemunha designou outras para continuarem o testemunho do Reino, dizendo: "Vós sereis minhas testemunhas ... até aos confins da terra."
É desprezada a mudança clara, da ordem para serem testemunhas de Jeová, para "minhas testemunhas", em Atos 1.8, porque tomar conhecimento dessa mudança para o único "nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" seria colocar nosso Senhor Jesus Cristo em pé de igualdade com Jeová. Todas as testemunhas eram e são testemunhas de Jeová, sendo Jesus Cristo apenas uma entre muitas, embora a principal. Todo testemunho tem por objetivo vindicar o nome de Jeová.
A organização moderna das Testemunhas de Jeová começou em 1879, cinco anos depois que Russell e seus associados inauguraram um estudo meticuloso da Bíblia, particularmente da segunda vinda e reino milenial de Cristo.


Em julho de 1879 apareceu o primeiro número de The Watchtower. A distribuição de folhetos desempenhou papel importante nas primeiras etapas, e, à medida que se tornava evidente a brecha entre os Testemunhas e as denominações ortodoxas da Cristandade, foi publicado em 1881 um livro de 161 páginas: Food for Thinking Christians (Alimento para Cristãos que Pensam). Em 1884 a sociedade foi incorporada como organização religiosa sem finalidade de lucros. O nome registrado, Zion's Watch Tower Tract Society (Sociedade de Folhetos da Torre de Vigia de Sião) permaneceu até 1896, quando foi mudado para Watchtower Bible and Tract Society. Em 1886 apareceu o primeiro dos estudos de Russell: Studies in the Scriptures, the Divine Plan of the Ages (Estudos nas Escrituras: o Plano Divino dos Séculos); o sétimo volume, The Finished Mystery (O Mistério Consumado) foi lançado em 1917, no princípio da gestão de Rutherford.


Desde o início da presidência de Rutherford, tem-se dado ênfase à instrução de todos os Testemunhas. Na Escola Bíblica Torre de Vigia de Gilead, South Lansing, Estado de Nova Iorque, centenas de Testemunhas são preparados anualmente, em cursos que compreendem uns poucos meses de estudo, para se tornarem ministros ordenados, que, como tais, requerem isenção do serviço militar. Os Testemunhas não gostam de ser chamados pacifistas; afirmam que são "conscientious objectors" (pessoas que se recusam, por motivos de consciência, a prestar serviço militar). Argumentam que, "quando Satanás luta contra Satanás" em uma guerra de um governo político contra outro, os Testemunhas de Jeová podem permanecer neutros, pois aguardam a única guerra vital que lhas concerne: a batalha de Armagedom, quando Jeová destruirá todos os seus inimigos e conduzirá com segurança suas testemunhas.


Todos os Testemunhas são preparados para testemunho mediante estudo bíblico organizado em "Salões do Reino" aos domingos, em "Estudos Regionais de Livros" às sextas-feiras, em "Assembleias Distritais" e na "Assembleia Internacional da Vontade Divina dos Testemunhas de Jeová." A Assembleia de 1958 teve uma assistência de 253.922no último dia.
Schnell registra um Programa de Doutrinação de Sete Passos. Isso começa com a introdução de livros nas mãos da pessoa, prossegue através da "segunda visita," estudo de livros, assistência no Salão do Reino, assistência a reuniões de ofício, atividade na publicação (que significa distribuição de livros e folhetos), e batismo.
A fim de desempenhar com maior eficiência esses deveres, os Testemunhas usam dois livros de 384 páginas que fornecem instrução em testemunho pessoal: Theocratic Aid to Kingdom Publishers (Ajuda Teocrática a Publicadores do Reino) e Equipped for Every Good Work (Equipado para Toda Boa Obra). 

Schnell relata que os Testemunhas ficam debaixo de constante pressão e com medo mortal de, pelo fato de não venderem quantidade suficiente de literatura, serem rebaixados à "classe de maus servos".
Russell proclamou-se "o mordomo fiel e prudente" de Lucas 12.42. Depois de sua morte foi criada a "classe do mordomo fiel e prudente," sendo que o "pequeno rebanho" teria o total de apenas 144.000. Dessa "classe misteriosa" havia ainda vivos sobre a terra, em 1926, segundo Rutherford, cerca de 50.000.


Somente esses serão recompensados "como sacerdotes e reis" com Cristo no céu. Somente eles, portanto, precisam nascer de novo. Constituirão o corpo, do qual Cristo é a cabeça. "Para os demais, uma multidão de número ilimitado, a crença no resgate os conduzirá à vida eterna em uma terra justa e paradisíaca - Lucas 12.32; Apocalipse 20.6; João 10.16." (Awake (Despertai), 8 de outubro de 1961, pág. 26.)
O que vai acima leva-nos a um breve relato dos ensinos dos Testemunhas. Antes, porém, de fazê-lo, acrescentamos mais uma palavra de recomendação. Dissemos acima que os Testemunhas têm prestado valioso serviço na defesa da livre expressão de opiniões religiosas e de reunião. A isso acrescentamos agora uma palavra de louvor à firmeza dos Testemunhas com referência à transfusão de sangue.


Transfusão de Sangue
Em 1961 a Sociedade Torre de Vigia publicou um livreto de 63 páginas sob o título: Blood, Medicine and the Law of God (Sangue, Medicina e a Lei de Deus). Trata-se de uma apologia da posição que assumem contra a transfusão de sangue em lugar da cirurgia ou depois dela. Essa posição tem de novo posto os Testemunhas em conflito com os tribunais, como, há mais tempo, se incompatibilizaram com a opinião pública pela recusa de prestar serviço militar, saudar a bandeira (que consideram ato de idolatria), (Let God Be True (Seja Deus Verdadeiro), pág. 242.) e em outros assuntos.
Segundo nosso modo de entender, são errôneas as bases exegéticas sobre as quais os Testemunhas rejeitaram e se opõem à transfusão de sangue. O livreto faz referência a: Gênesis 9.3-4; Levítico 3.17;' 13.14; 17.10; Deuteronômio 12.23-25; 1 Samuel 14.32-33; Atos 15.28-29. Todas essas passagens proíbem que se coma a carne com o sangue, algumas mencionando ainda a gordura.
Quando as examinamos mais de perto, descobrimos logo a razão. A gordura devia ser queimada sobre o altar, como pertencente a Deus. O sangue, uma vez que encerra a vida ou alma (as traduções diferem, mas isso não altera o caso, uma vez que a vida está na alma que está no sangue) também pertencia a Jeová e não ao homem. Em alguns casos, esse sangue devia ser derramado sobre a terra, como simples devolução a Deus da vida que lhe pertencia, como em Deuteronômio 12.24; em outros casos o sangue devia ser derramado sobre o altar, em lugar da vida do próprio pecador, "porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida (hb. alma)" (Lv 17.11).
Os Testemunhas, rejeitando como rejeitam a doutrina bíblica da expiação (ver abaixo), puseram no lugar a suposição de que, quando doamos ou recebemos sangue, damos ou aceitamos uma porção da alma humana. Isso, dizem eles, é contrário ao mandamento para amar a Deus com toda a alma, estando também em conflito com o amar a outros como a nós mesmos.
Que isso é insustentável é evidente, pelo fato de todos podermos dispensar uma parte do nosso sangue e por algum tempo, sem prejudicar nossa vida física. Um homem que perdeu uma perna não tem por isso menos alma, nem perdeu parte da sua vida. Isso está mais do que claro e por si refuta a exegese do livrinho.
Este, porém, começa afirmando que a prática de se doar sangue tem "aumentado em dez vezes no último decênio, e em mais de cinquenta vezes de 1938 para cá. Segundo o presidente da Associação Americana de Bancos de Sangue, só nos Estados Unidos há cinco milhões de transfusões de sangue por ano."
Segue-se uma série impressionante de declarações bem documentadas, de autoridades médicas altamente credenciadas, apontando os perigos da transfusão indiscriminada, tanto assim que a profissão médica fará bem em dar a devida atenção ao assunto. A transfusão de sangue é um fenômeno relativamente recente. O livrinho prova que é bem possível o paciente receber males desconhecidos e perigosos do sangue que lhe põem nas veias. Mostra também que em muitos casos alguma outra maneira de combater a enfermidade, sem sangue, tem se mostrado não só menos perigoso mas também inteiramente bem-sucedido.
Nós, portanto, não endossamos a condenação geral do método médico de transfusão de sangue; ao contrário, sustentamos que em muitíssimos casos o método tem, indubitavelmente, impedido o progresso da moléstia e prolongado a vida sem prejuízo quer para quem doou, quer para quem recebeu.
Concordamos, porém, com os Testemunhas que, se alguém fizer objeção ao processo, ou porque não está disposto a tomar o risco físico, ou por causa de escrúpulos religiosos, nenhum tribunal humano tem o direito moral de obrigar essa pessoa a submeter-se contra suas próprias convicções conscienciosas, ou a sujeitar seu filho a esse tratamento.
Educar é uma cousa, obrigar é outra muito diferente.
Nossos filhos não pertencem ao Estado e sim aos pais.


Doutrina
Por todos esses motivos é tanto mais lamentável que os Testemunhas de Jeová continuem propagando, com zelo digno de uma causa melhor, sua doutrina plenamente antibíblico, e disseminando um ódio mortal contra todas as igrejas cristãs e contra tudo quanto representam.
Os ensinamentos dos Testemunhas têm sido chamados com acerto um sistema de negações. As provas dessa afirmativa constituirão a parte restante deste capítulo. Contudo, deve ser lembrado que este não é um livro de teologia sistemática (ou dogmática) ; por isso nossa refutação será breve e incompleta.
O erro fundamental do Russelismo, e que continua sendo promulgado pelos Testemunhas de Jeová, é o seu consumado racionalismo. Pode, ser que Schnell esteja exagerando quando diz que os Testemunhas apelam para apenas seis e meio por cento das Escrituras; o que é inegável é que eles, apesar de seu reiterado apelo para as Escrituras como sendo a mensagem inspirada de Deus, colocam seu próprio raciocínio acima da Bíblia, rejeitando tudo que, nas Escrituras, acham contrário à razão humana. Essa falha é fundamental e está à raiz de todas as suas negações.


Escreveu Russell: "Temos procurado colocar à vista o suficiente do alicerce sobre o qual toda a fé deve ser edificada - a Palavra de Deus - para dar confiança e segurança em seu testemunho, mesmo para o descrente. E temos procurado fazer isso de maneira que apele à razão e por ela possa ser aceito como fundamento. Então temos procurado edificar sobre esse alicerce os ensinamentos das Escrituras de tal forma que, quanto possível, o julgamento puramente humano possa conferir seus quadrados e seus ângulos pelas regras mais exigentes da justiça que possa encontrar." - Introdução dos Studies in the Scriptures (Estudos nas Escrituras).
Então, após ter declarado que a Bíblia é uma revelação vinda de Deus, ele acrescenta: "Examinemos o caráter dos escritos que se consideram inspirados, para ver se seus ensinos correspondem ao caráter que, razoavelmente, atribuímos a Deus."
Ora, deve ser evidente que a própria ideia de revelação divina a homens imperfeitos e pecaminosos implica na inclusão de cousas que a mente humana não poderia conceber sem a revelação. A própria natureza da incredulidade está nisto: que a mente rejeita aquilo que não pode, sem ajuda - ou seja, pelo raciocínio - aceitar.


A Trindade
A Trindade é negada em praticamente todos os seus escritos, e nos termos mais injuriosos. "A simples verdade é que essa é mais uma das tentativas de Satanás para impedir as pessoas tementes a Deus de aprenderem a verdade de Jeová e seu Filho, Cristo -Jesus. Não, não existe trindade." (Let God Be True, 2,B edição, pág. 111.)
Essa doutrina bíblica cardeal é quase sempre grosseiramente deturpada e incorretamente formulada pelos Testemunhas.
Embora a revista Awake! de 8 de outubro de 1961 cite a Confissão de Fé de Westminster: "Na unidade da divindade há três pessoas, de uma substância, poder e eternidade, Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo," e ainda a Confissão de Augsburg: "Há uma essência divina que é chamada, e é, Deus ... contudo há três pessoas da mesma essência e do mesmo poder, que são também co-eternas:
Pai, Filho e Espírito Santo" - contudo a maior parte dos escritos russelitas falam em termos depreciativos dessa preciosa doutrina. O mesmo Let God Be True declara, na página 100: "A doutrina, em resumo, é que há três deuses em um só: 'Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo,' os três sendo iguais em poder, substância e eternidade."


E, na página 107: "O pensamento geral a respeito do 'Espírito Santo' é que se trata de um espírito-pessoa da 'Trindade' e igual a Deus e a Cristo em poder, substância e eternidade." Entretanto essas perversões não são nada diante da enormidade de um certo H. E. Pennock da cidade de Nova Iorque, "regularmente cedido ao corpo docente da I.B.S.A. (International Bible Student Associatíon)," cuja conferência sobre "Cousas que o Clero Nunca Conta" foi anunciado em um impresso como segue:
"Sem dúvida existem alguns clérigos que são realmente sinceros em pensar que Jesus foi seu próprio pai e que o Todo-poderoso é filho de si próprio; e que cada um desses é uma terceira pessoa que é igual às outras duas e, contudo diferente delas."


O Senhor Jesus Cristo
Quando perguntamos por que os Russelitas se opõem tão violentamente à doutrina da Trindade, não temos que ir muito longe para achar a resposta. Não existe um único Testemunha de Jeová que se conheça por pecador perdido e que necessita de um Salvador sobrenatural. Daí esse sistema nega a divindade de Cristo com a mesma veemência com que nega a Trindade.


Preexistência
"Felizmente a Tradução Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs assim traduz João 1.1-2: 'Originalmente o Verbo era, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era um deus. Assim o Verbo ou Lagos veio a existir muito antes que uma das criaturas posteriores de Deus fizesse de si um diabo ... ' " - Let God Be True, pág. 33.
"A principal das criaturas de Deus debaixo dEle é seu filho que veio à terra, tomando o nome de Jesus. A Bíblia mostra que Esse vivera como criatura de espírito, no céu, antes de vir à terra." - This Good News of the Kingdom (Essa Boa Nova do Reino), 1954, pág. 6.
Esse espírito, ou arcanjo, o Verbo, então, tornou-se homem, viveu uma vida sem pecado, morreu em resgate de muitos e foi ressuscitado na qualidade de espírito.


Ressurreição e Ascensão
"Desmaterializando o corpo humano que havia assumido e voltando para seu estado invisível de espírito, Jesus em sua ascensão não correu riscos à sua vida tais como de faixas de irradiação em volta da terra ou raios cósmicos no espaço exterior. Enquanto que não ascendeu ao céu no corpo humano que Ele havia sacrificado e que deixou para sempre sobre o altar de Deus, Ele voltou para o céu com o mérito ou valor de sua vida humana que depusera pela humanidade moribunda." - Let Your Name be Sanctified, pág. 272.


Segunda Vinda
"Jesus Cristo volta, não mais como humano, mas como gloriosa pessoa de espírito. Ele é agora o reflexo da glória de Deus, a representação exata do próprio ser de Deus, e está sentado à mão direita da Majestade nas alturas ...
Vem, portanto, não na semelhança de homens, mas em sua glória celestial." - Let God Be True, pág. 196.
Deve ser evidente que tudo isso é contrário às declarações claras das Escrituras, tais como Filipenses 2.6 e Atos Para não nos tornarmos muito extensos, devemos resumir aqui como segue: Segundo os Testemunhas, Cristo voltou em 1914, "o tempo do fim dos gentios", e em 1918 veio para seu "Templo", que são os 144.000, com os quais Ele constitui "A Igreja", sendo Ele a cabeça e eles o corpo.


O Resgate

A teoria do resgate, dos Testemunhas, resumida em poucas palavras, vem a ser o seguinte: Jesus, o homem sem pecado, deu sua vida em "resgate", ou "aquilo que solta, ou liberta, providenciando livramento." O homem estava precisando de um resgate porque ele nasceu pecaminoso, imperfeito e sob sentença de morte.
Esse resgate não inclui Adão, porque ele pecou voluntariamente.
Mas é para todos os "homens fiéis", cujo "curso" determina que finalmente receberão benefício do sacrifício de Cristo. Os ímpios que o são voluntariamente não participam do resgate, porém "aquele que exerce fé no Filho tem a vida eterna." O resgate, pois, impõe àqueles que dEle quiserem auferir benefício a obrigação de "se informarem da misericórdia de Deus por Cristo Jesus," e a "permanecerem firmemente nessa confiança." (Let God Be True, págs. 112-121 passim.)
Essa doutrina auto-sotérica encontra-se através de toda a sua literatura. Russell escreveu: "O resgate por todos" não confere nem garante a vida ou bênção eterna a ninguém; o que garante a todos é uma nova oportunidade ou prova para a vida eterna" (Studies, II, 128). Escreveu também: "Precisam ser recuperados não só da morte, mas também da cegueira, para que cada um de per si tenha oportunidade para provar, pela obediência ou pela desobediência, sua dignidade da vida eterna" (Studies, I, 158).


Rutherford escreveu: "Esse processo de restituição prosseguirá durante um período de mil anos, a saber, o período de reinado do Messias. Durante esse tempo, cada um que é da estirpe de Adão, inclusive o próprio Adão, terá seu julgamento justo e imparcial para a vida em condições favoráveis" (World Distress, pág. 9). E ainda: "Mas à medida que ele se esforçar para purificar-se e ser obediente ao Senhor, ele será ajudado. Nada haverá a impedi-lo, porque a influência de Satanás será restringida" (Harp of God, pág. 339). A mesma doutrina reaparece em uma publicação de 1954: This Good News of the Kingdom (Essa Boa Nova do Reino) (pág. 12). Em tudo isso não existe o mais débil eco de: "Ele foi ferido pelas nossas transgressões" (Isaías 53.5) ou de "Cristo morreu por nossos pecados" (1 Coríntios 15.3).


O Espírito Santo
A negação da Trindade, como é evidente, envolve também os Testemunhas na rejeição da personalidade divina do Espírito Santo, apesar do fato de as Escrituras atribuindolhe os predicados da personalidade, como sejam: inteligência (1 Co 2.10); vontade (1 Co 12.11), e descrevendo-o como Pessoa divina com nomes divinos (1 Co 3.16; 2 Co 3.17; Mt 28.19; At 5.3), obras divinas (SI 104.30 - criação; Sl 139 _ onipresença), honra divina (2 Co 13.14; Mt 12.31).
"O santo espírito, porém, não tem nome pessoal. A razão disso é que o santo espírito não é uma pessoa inteligente.
Trata-se de uma força impessoal, invisível e ativa, que encontra sua fonte e seu abastecimento em Deus Jeová e que este emprega para executar a sua vontade" (Let Your Name Be Sanctified, pág. 269).


Escatologia
"Cristo voltou invisivelmente à terra em 1914, que marcou o fim do tempo dos gentios e o início do tempo do fim do reinado de Satanás, e, portanto, o tempo em que Cristo Jesus, o reto Governador do novo mundo, recebeu o domínio." Em 1918 Cristo "veio para o templo espiritual como mensageiro de Jeová e começou a purificá-lo ... Isso marcou o início do período de julgamento e inspeção de seus seguidores gerados em espírito." "Os cristãos falecidos, dormindo nos sepulcros, foram ressuscitados com corpos de espírito para reunir-se a Ele no templo espiritual. Os cristãos ungidos e vivos sobre a terra não poderiam preceder aqueles que dormiram na morte, mas são obrigados a continuar mantendo sua integridade até sua própria morte.
Quando morrer esse remanescente sobre a terra, não terão que dormir aguardando a volta de seu Mestre, mas receberão transformação imediata para a vida de espírito." "Desde o tempo de Jesus até agora, a seleção de membros do reino celestial prossegue, e hoje, após dezenove séculos de seleção, ainda há um pequeno resto dos 144.000 sobre a terra."
Entrementes prossegue o processo de prova do mundo.
As "ovelhas" estão enfileiradas para a vida eterna aqui sobre a terra. Os "bodes" são destinados à destruição, ao aniquilamento.
Que é que determina a classe a que pertencemos, a das ovelhas ou a dos bodes - Nossa atitude para com o remanescente dos Testemunhas ungidos de Jeová e sua mensagem do governo teocrático. "A separação agora do povo como suas 'outras ovelhas' e como 'bodes' faz parte do sinal composto de que Cristo já voltou e está presente como Rei."
Além da "ressurreição celestial dos 144.000," haverá "uma ressurreição terrestre." Isso será logo depois do Armagedom, a: grande batalha em que o Senhor destruirá "a organização de Satanás." "Não haverá necessidade de que os servos de Deus sobre a terra tomem parte na luta. Cristo Jesus guiará o exército celestial dos anjos de Jeová no ataque final contra Satanás e sua organização, destruindo-a completamente e libertando a humanidade obediente em um novo mundo de justiça. Acabar-se com este sistema de cousas dessa forma é a única maneira de livrar o mundo do mal e dar lugar para que' a paz e a justiça floresçam.
Isso só podia ser feito pelo Deus Todo-poderoso, Jeová.
No fim do milênio, Satanás e seus demônios são soltos para provar a fé e integridade dos que estão sobre a terra.
"Com sua atitude mental inalterada, ele de novo procurará usurpar a posição de Jeová, da soberania universal, e voltar toda a humanidade aperfeiçoada contra Deus. Alguns serão enganados, ... os que apoiarem Satanás serão, juntos com o próprio Diabo, lançados no 'lago de fogo e enxofre...'
São afogados em eterna destruição, e para eles não há ressurreição.
Seguir-se-á "um mundo isento das feições adâmicas da morte, enfermidade, sofrimento, lágrimas ou contusão religiosa... Permanecerá, não por mil anos, nem um milhão, nem mesmo um bilhão de anos, mas para sempre."
O inferno, segundo essa escatologia, consiste meramente na "destruição eterna". Essa inexistência, seguindo-se à aniquilação, é "castigo eterno". É isento de todo o sofrimento, ao contrário das palavras de Jesus em Marcos 9.47-48. Geena, de acordo com esse sistema, é simples ausência de ser. Não há nenhuma "fumaça do seu tormento" como em Apocalipse 14.11.
Sheol ou Hades, que as versões antigas da Bíblia traduziam sempre por "inferno", é na realidade uma palavra pitoresca para representar o estado de separação, a saber, entre o corpo e a alma que se foi. Daí, Sheol significa às vezes a sepultura (por exemplo: em Gn 42.38; Ec 9.10); outras vezes é o lugar onde a alma permanece em estado consciente (por exemplo: Ez. 32.21). A afirmação russelita de que Sheol (Novo Testamento: Hades) significa sempre a sepultura, é assim refutada pelas Escrituras.
Esse erro também se revela através da história do rico e Lázaro em Lucas 16. Os Testemunhas dizem que o rico nessa "parábola" representa a nação judaica que está "em condição de tormento desde a destruição de Jerusalém."
Mas mesmo que isso fosse verdade, o Senhor não teria comparado esse estado de tormento com o Hades se o Hades fosse simplesmente um lugar de inconsciência ou de virtual inexistência.
Os Testemunhas aqui corromperam ainda mais o ensino dos Adventistas do Sétimo Dia, que também nega o tormento eterno. 

A Sra. White e seus seguidores têm pelo menos ensinado que a destruição eterna será precedida de um período de castigo conscientemente sofrido.
Podemos omitir outras heresias que são de menor significado para não enfadar o leitor deste breve tratado. Entre elas está o erro que afirma que o homem é uma alma: não possui uma alma. Assim, quando morre, deixa de existir (nada de dor ou "tormento" no porvir!) e por isso terá de ser literalmente criado de novo. 

É evidente que isso está em desacordo com toda a Escritura que ensina que o homem é um ser que possui tanto alma como corpo (ver Números 21.4: "a alma do povo"; Mateus 26.38: "minha alma está... triste"). O estado consciente da alma no porvir é claramente ensinado em Filipenses 1. 21-23.
Finalmente, para esse sistema auto-sotérico, o batismo (por imersão) significa apenas "a completa dedicação do Testemunha para fazer a vontade de Jeová." 

É tudo de homem, ao invés da graça de Deus. Nada há que lembre Romanos 6.1-4 ou Gálatas 3.27.


Assista ao Vídeo: Sheol e Hades e Sepultura 


Por Jan Karel Van Baalen

4. Mormonismo

De seis membros em 1830 para mais de dois milhões em 1964, com aderentes quase sem número de grande destaque nos mundos político, educativo, financeiro, social e industrial, com recursos monetários astronômicos, e com um programa de beneficência social igual aos melhores do mundo(embora limitada estritamente aos membros da seita), não é de se admirar que os Mórmons despertem cada vez maior interesse.

Por outro lado: baseado nos mitos mais incríveis que se dizem resultado direto de revelações a indivíduos que possuam unicamente o testemunho de suas próprias afirmações para confirmar aquilo que alegam; uma atitude prejudicial antiga e inteiramente desacreditada para com o negro americano à base de uma lenda que está em flagrante contradição com todos os fatos bíblicos e antropológicos; com missionários que recebem um curso de duas semana sem proselitização e fazem convertidos por meio de seis lições; com uma Livraria Deseret com vendas anuais que ultrapassam um milhão e meio de dólares americanos; com uma renda diária da "igreja" de mais de um milhão de dólares.
.. tal é, em poucas palavras, a história dessa instituição religiosa de puríssima origem americana, de acordo com o livro mais recente e talvez mais bem informado sobre essa seita estranha e sua generis. 

(William J. Whalen: The Latter-day Saints in the Modern Day World (Os Santos dos Últimos Dias no Mundo do Dia Moderno). 

The John Day Company, Nova Iorque, 1964. Cf. também N. Vogelzang, "Proselyting All the World" (Proselitizando Todo o Mundo), Meios de Comunicação em Massa do Mormonismo, em The Banner (A Bandeira), 4.11.1960.)


Algumas das doutrinas ensinadas pelos Mórmons primitivos, tais como a doutrina Adão-Deus, foram abandonadas, embora sustentem até hoje que Deus foi uma vez um homem morando em algum outro planeta e que os Mórmons fiéis de hoje serão deuses em vários planetas no porvir.
Ainda dizem que Adão e Eva moravam no Jardim do Éden perto de Independence, Missúri.
Não creem mais na expiação sanguinária nem a ensinam; e pode ser que haja outras pequenas modificações.
A poligamia, os Mórmons de hoje preferem não discutir, se bem que seu autor contemporâneo John J. Stewart afirme: "A Igreja nunca renunciou, nem jamais renunciará essa doutrina. A revelação sobre o matrimônio pluralista ainda faz parte integrante das escrituras dos SUD e sempre o fará."
Os Mórmons não se dizem protestantes, e sim a quinta religião maior da América (a ordem por número de adeptos era então: protestantismo, catolicismo romano, judaísmo, mormonismo, ortodoxia) e possivelmente terá sem muitas delongas que ser reconhecida como tal.
Considerando-se a doutrina capital do monoteísmo, crida e confessada por todos os cristãos, judeus e maometanos, a doutrina abertamente defendida do politeísmo tende a classificar os Mórmons com o antigo paganismo, do qual também tomaram emprestada a doutrina da pre-existência das almas humanas.
O Mormonismo é, na realidade, uma fé maravilhosamente composta. Nas palavras do Sr. Ferguson: "Compuseram lá em Utah uma religião sintética."


Povo Simpático
Apesar de todas as suas doutrinas curiosas e pagãs, os Mórmons apresentam em Utah uma vida encantada, se bem que ex-Mórmons, convertidos ao Cristianismo, queixam-se amargamente dos métodos não éticos pelos quais a hierarquia consegue apropriar-se de fazendas e imóveis pertencentes a homens de outras religiões, e da tirania que tudo abrange, mantendo a vida dos Mórmons presa a seus caprichos. E é notável que onde a seita é numericamente mais forte, poucos convertidos são acrescentados.
Com tudo isso, não há dúvida de que "esses incríveis Mórmons" têm conseguido apagar admiravelmente bem o registro sombrio dos feitos anti-sociais do primitivo Mormonismo em Illinois e Missúri. Suas cooperativas em matéria sócio-religiosa têm produzido frutos surpreendentes.
Na guerra e na depressão econômica, nenhum Mórmon se torna pesado ao Estado, e não se aceita nenhum auxílio do capital nacional.
Mantém-se elevado nível de vida familiar e são admiravelmente livres de divórcio, crime e delinquência juvenil.
Mesmo a dança entre adolescentes tem o apoio e a supervisão eclesiástica, e é conducente à criação e conservação de um povo "separado", dando pronta entrada a suas "posses" à juventude não ligada a nenhuma igreja, dos colégios e universidades. Tais candidatos são assim atraídos e ensinados, uma "religião" que de fato é desta terra e que ensina numa utopia estritamente atual, a ser repetida em uma vida futura.


História
O "Profeta" dos Mórmons, Joseph Smith Júnior, nasceu em 23 de dezembro de 1805 em Sharon, Estado de Vermonto Foi criado na ignorância, pobreza e superstição.
Além do mais, na juventude ele era indolente. Contudo, e de inteiro acordo com o ambiente de superstição em que vivia, ele alegava ter visões e revelações divinas, desde 1820.
Em 1823 o anjo Moroni revelou-lhe o lugar onde placas de ouro estavam enterradas contendo a história da América antiga em "carates egípcios reformados." Sem dúvida Smith queria dizer caracteres, porém, ao contrário da Mãe Eddy, ele não conhecia gramática suficiente para que fosse eclipsada por uma revelação divina, por isso de vez em quando cometia erros gramaticais.
Gerações posteriores de Mórmons, têm, a exemplo dos devotos da Sra. Eddy, expurgado muitos dos lapsos gramaticais que enfeavam os primeiros livros como O Livro de Mórmon.
Em 1830, "Joe" (Juca), como era conhecido, organizou em Fayette, Estado de Nova Iorque, a "Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias." Isso ele conseguiu depois de ter convencido um punhado de amigos que sua "tradução" das Placas de Ouro (que ele depois devolvera devidamente ao anjo Moroni) fora feita, não, conforme diziam as más línguas, com a ajuda de "um cristal dentro de um chapéu", mas com o auxílio do apropriado "Urim e Thummim" que o obsequioso anjo fornecera. Afirma-se que as placas estiveram ocultas na terra desde o ano 420 de nossa era até o dia 22 de setembro de 1823, quando Joe Smith as descobriu no "Morro Cumorah". 

Contudo, o Livro de Mórmon, como fiel reprodução das referidas placas, transcreve extensas citações da Bíblia na tradução inglesa, do ano de 1611! Contém ainda expressões e ideias modernas que não podiam ser conhecidas pelo seu suposto autor em 420 A.D.. Põe as palavras de Jesus, muitas vezes desvirtuadas, nos lábios de homens que supostamente viveram séculos antes de Cristo. Não somente foi escrito em fraca imitação do estilo bíblico, mas também solapa a Bíblia, declarando-a insuficiente e fazendo acréscimo e alterações a muitas passagens bíblicas, "por divina revelação." Razões como essas demonstram que dificilmente podia ter sido revelado por um anjo. Sua história dos antigos habitantes da América, os supostos antepassados dos "Santos dos últimos Dias", contém doze erros históricos.

O Livro de Mórmon é oficialmente reconhecido por ambos os ramos do Mormonismo como sendo de autoridade igual à da Bíblia, e, na prática, recebe honra muito além da Bíblia. Há, porém, abundância de evidência inconteste de que a origem do Livro de Mórmon deve ser procurada no romance inédito e roubado de Solomon Spauldíng, The Manuscript Found (O Manuscrito Encontrado). 

Os Mórmons procuram apagar essa evidência fazendo alusao a outro manuscrito, A História do Manuscrito, do mesmo Spaulding, provam que o Livro de Mórmon não é a cópia desse último. 

Assim os incautos se convencem de que Joseph Smith não copiou "do manuscrito de Spaulding;" o verdadeiro argumento, porém, de que a "Bíblia Dourada" é a obra de cópia e enfeite efetuada por Rigdon e Smith, permanece sem resposta.
Em junho de 1831 uma "revelação" ordenou os Santos a que fôssem habitar em Missúri, a "terra de Sião." Kirtland, Estado de Ohio, e Zion (Sião), Estado de Missúri, passaram então a ser seu quartel-general. Mas, por qualquer razão pagã, os vizinhos "gentios" não confiavam nos Mórmons, acusando-os de vários crimes. Os Santos não hesitaram em atacar os gentios como "inimigos do Senhor."


Quando o "Safety Bank" (Banco de Segurança) em Kirtland, uma empresa mórmon, faliu em 1838, Smith e seu amigo, Sidney Rigdon, fugiram para Missúri. De Missúri foram expulsos por ordem do Governador Boggs em 1839.
Encontrando acolhimento em Illinois, erigiram a cidade "Nauvoo". Aí nosso profeta fez seu maior espalhafato, anunciando-se, entre outras proezas, candidato à presidência dos Estados Unidos. Acusado de grosseira imoralidade, de falsificação, de abrigar criminosos no ato de fugirem da justiça, e de outros delitos, Smith foi preso, porém, uma turba invadiu a cadeia e matou a tiros tanto o profeta Joseph como seu irmão Hyrum.


Isso foi um tanto contraproducente para a causa anti-Mórmon, pois o profeta agora tornou-se mártir. Com sua condenação à vista e quando o movimento podia muito bem ter morrido de morte natural, homens exaltados que tinham uma queixa justa mataram sua própria causa, imortalizando seu inimigo e dando suposta ocasião a seus seguidores para buscarem vingança contra os ímpios habitantes da América gentia e seus descendentes.
Brigham Young chegou da Inglaterra, onde estivera granjeando prosélitos, e, pela força de sua personalidade, pôs fora de ação diversos rivais. 

Tornou-se o líder reconhecido da grande maioria dos Mórmons. Young era homem forte. Com apenas onze dias de escola, foi longe neste mundo e se tornou estadista e líder de vulto respeitável. Com a fé ingênua de um intelecto inculto, Young acreditava em Joseph Smith e permaneceu fiel ao "profeta" durante toda sua vida.
Brigham Young liderou os milhares de discípulos através de indizíveis sofrimentos até que, em julho de 1847, chegaram a Utah, que naquele tempo era território mexicano não ocupado. O próprio Young não sabia onde ia terminar o longo êxodo. De vez em quando dizia: "Conhecerei o lugar quando o avistar." Quando o posto avançado dos peregrinos chegou ao Lago do Sal, Young anunciou sua única "revelação", a saber: o Senhor lhe revelara que era esse o lugar onde os Santos ficariam livres da perseguição americana gentia.


Os Mórmons sob a liderança de Young revelaram-se excelentes pioneiros. Durante muitos anos tiveram as cousas inteiramente a sua própria vontade. O incidente das gaivotas que comeram os gafanhotos que tinha baixado sobre sua primeira colheita convenceu-os de que o Senhor estava com eles e aprovava seu novo empreendimento.
Condições duras de pioneiros, hábitos frugais, a entrega do dízimo à "igreja"enriqueceram os primitivos Mórmons e sua Igreja. Logo foram enviados missionários à Inglaterra e outros países europeus a buscar convertidos, principalmente mulheres. Young, que tinha vinte-cinco esposas, dominava a colônia com mão de ferro. Quanto a seu domínio na Colmeia e na Casa do Leão, as opiniões de sua esposa fugida, Ana Elisa, e de sua filha, Susana, divergiam algum tanto uma da outra.


Quando em 1849, no término da guerra com o México, Utah tornou-se território americano, os Mórmons recusaram-se a ser governados por Washington. Pois não tinham eles fugido dos Estados Unidos por causa de "perseguição"?
Seguiu-se longa história de erros diplomáticos e outros de parte a parte, até que finalmente Brigham Young, primeiro governador do Estado de Utah, teve de admitir outro governador.
Young, contudo, permaneceu como Primeiro Presidente da Igreja. Era assistido por doze apóstolos.


Notório é o incidente do Massacre de Mountain Meadow quando, em 1857, toda uma leva de imigrantes de caminho de Arkansas para a Califórnia, durante a corrida do ouro, foi assassinada em Utah. Por esse crime bárbaro foi executado John D. Lee pelo governo dos Estados Unidos em 1877. (The Mountain Meadows Massacre, por Juanita Brooks -Stanford University Press, 1950. A escritora é Mórmon, que admite que o massacre dos homens desarmados por Mórmons armados que tinham por incumbência protegê-las contra os índios, foi um crime mórmon que ela atribui ao histerismo coletivo.)


Brigham Young viveu até a idade de 76 anos e morreu em 1877. Depois que os Estados Unidos alcançaram maior influência, os Mórmons tornaram-se conhecidos como bons pioneiros, mas também como intriguistas políticos. Continuaram a levantar templos suntuosos. Entre esses está o grande Nono Templo ou de Mesa, no Estado de Arizona, construído em 1927. Aí se mostram aos visitantes de todos os Estados os murais que retratam a história do Mormonismo conforme deturpada pelos Mórmons. Em 1937 mais dois templos, em Los Angeles e Idaho Falls, estavam no programa da Igreja com o custo total de dois milhões e seiscentos mil dólares. No morro Cumorah no Estado de Nova Iorque, alto monumento agora convence a grande número de p
essoas da verdade da lenda do Urim e Thummim de Moroni.


Em 1956 Utah anunciou a inauguração de "um dos maiores atrativos turísticos da Califórnia", a saber, seu décimo templo, o Templo de Los Angeles da Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias, construído pelo custo de seis milhões de dólares, com a área de cem mil metros quadrados e à altitude de quase 900 metros, sendo encimado por uma estátua de ouro do anjo Moroni. Além do salão de assembleia (com capacidade para 2.600 pessoas), uma sala para a "selagem" de casamentos, outra para a instrução das noivas, e vasta fonte batismal, o segundo piso do Templo contém "as Cinco Salas", de formato oval, com murais do sol e da lua. O número 2 é o Jardim do Éden, onde, segundo informa a placa, "Adão e Eva tomaram sua grande decisão."
Em seguida vem a Sala Mundial, com murais inspirados pelo Vale da Morte e que "representa o mundo solitário e triste, o campo de prova." O número 4 é a Sala Terrestre, "quarta etapa no caminho para a glória celestial, o passo anterior à entrada no Reino Celestial." Uma de suas paredes dá para a quinta sala, ornada como sala-de-estar de luxo, com poltronas e sofás muito bem estofados, murais delicados e candelabros primorosos. Isso representa o próprio Reino Celestial, "onde o homem exaltado poderá habitar na presença de Deus."


Outros templos dos Mórmons de Utah ficam em: Logan, Utah; Cardston, Província de Alberta; Saint George, Utah; Mesa, Estado de Arizona; Honolulu; Salt Lake City; Idaho Falls; Berna, Suíça. Além dos templos, o programa mais amplo de construção na história dos Mórmons está se efetuando, de "posses" em várias partes do mundo, incluindo o Brasil.
Em 1951 o Concílio dos Doze Apóstolos escolheu David O. MacKay, então com 77 anos de idade, como presidente da Igreja. Sucedeu a George Albert Smith, parente longe do fundador.


Dois Grupos Principais
Após a morte de Joseph Smith Júnior, o Profeta, os Mórmons dividiram-se em vários grupos. Brigham Young conseguiu combinar a maior parte desses sob sua liderança, com exceção de uma pequena minoria que, com o título de "A Igreja Reorganizada dos Santos dos últimos Dias", ou Josephitas, se instalou no Estado de Missúri. Escolheram a liderança de um filho de Joseph Smith. O grupo reorganizado sentiu o constrangimento que lhes impunha seu ambiente cristão do Leste, ao ponto de repudiarem por completo a poligamia. Depois disso fizeram ingentes esforços para pôr a culpa da poligamia na entidade irmã que foi com Brigham para Utah, que sendo território mexicano desocupado servia para praticarem o sistema à vontade. 

Os fatos, porém, não admitem essa interpretação. Não só é certo que Smith escreveu a "Revelação sobre Matrimônio Celeste", mas, dos seguidores de Joseph, vinte mil foram com o polígamo Young contra apenas mil que foram com os Josephitas. A verdade é que a poligamia era ensinada e praticada por todos os doze primitivos "apóstolos" e por seis, pelo menos, dos grupos da Igreja quando se dividiu por ocasião da morte de Joseph. Além disso, lideres destacados dos primitivos Josephitas têm admitido a origem Josephita da doutrina, ao passo que as evasivas de Josephitas posteriores, examinadas de perto, demonstram ser infundadas.
Eles mesmos "são muitas vezes um tanto vagos e incertos na fixação da responsabilidade da poligamia e a ocasião de sua introdução na igreja." Fawn M. Brodie dá uma lista de 48 esposas plurais do próprio Joseph Smith.


Há, então, certas diferenças entre os ensinos dos Brighamitas e os dos Josephitas. Dizem respeito principalmente à sucessão profética e à poligamia.


1. Os Josephitas declaram que o Presidente da Igreja tem que ser "da semente de Joseph Smith." Shook comenta com espírito: "A mim me parece que, se eles partissem a diferença, teriam aproximadamente a verdade, e que, como está agora, os Josephitas têm o presidente e os Brighamitas a igreja." Outro converso da Igreja Reorganizada, contudo, refuta em boas bases a alegada sugestão de Joseph Smith que seu filho fosse seu sucessor. Ao mesmo tempo, se admite que os Josephitas estavam sem o presidente desde 1852, o ano de sua organização, até 1860,quando o filho de Joseph ingressou em suas fileiras. Onde então estava a "Igreja de 1844 a 1860 se os Josephitas estão certos?


2. Os Josephitas rejeitam a poligamia, o que da sua parte é tão sem lógica quanto é a rejeição por parte de Utah da "Tradução Inspirada" da Bíblia que os Josephitas aceitam.


3. Os Josephitas desde o princípio rejeitam in totum a doutrina Adão-Deus dos Brighamitas; porém, os dois grupos creem em muitos deuses, e em deuses de carne e ossos.


Há um outro grupo, menor, que se intitula simplesmente a Igreja de Cristo. Eles possuem o Lote do Templo no condado de Jackson, Estado de Missúri. sobre o qual, de acordo com uma "revelação" outorgada a Joseph Smith, seria erigido o Templo da Nova Jerusalém. Afirmam que a Igreja de Utah já lhes ofereceu cinco milhões de dólares pelo Lote do Templo, mas até aqui não quiseram abrir mão do terreno. Esses também são de doutrina não-polígamo.
Grupo menor ainda (seis igrejas com o total de cerca de 250 membros) são os Stranguitas, seguidores de certo James J. Strang, que se recusou a seguir Brigham Young mudou-se para a Ilha Beaver e mais tarde para Wisconsin.
Esses adotam a poligamia, a circuncisão, e se afirmam verdadeiros seguidores de Smith, embora tenham sido excomungados pela Igreja de Utah. Constituem ainda outro grupo os Fundamentalistas, principalmente nos Estados de Utah e Arizona. Esses sustentam a teoria e prática da poligamia. Ainda em março de 1944 e julho de 1953 houve interferência em suas vidas por parte da polícia, tendo ido alguns dos maridos e das esposas pluralistas para a cadeia.


A Essência do Mormonismo
Surge assim a questão do que constitui a essência do Mormonismo. Tanto um como o outro dos dois grupos principais, a Igreja de Utah e a Reorganizada, apresentam ao público documentos enganosos que pretendem declarar suas crenças, mas que na realidade as ocultam. "Mas suas verdadeiras crenças," informa um que durante toda a sua vida vem estudando o Mormonismo, "são essencialmente comuns, a saber: Smith como profeta; revelação contínua por intermédio dele e de outros; o Livro de Mórmon e o livro Doctrine and Covenants (Doutrina e Convênio) como sendo tais revelações; o livro Pearl of Great Price (Pérola de Grande Preço) como traduzido por Smith, partes desse livro sendo da sua "Tradução Inspirada"; mais revelações para vir ainda pelo menos iguais à Bíblia; sacerdócios de Melquisedeque e Arônico; reunião; dízimo; Deus de carne e ossos; muitos deuses logicamente envolvidos nisso (porém não defendidos com frequência pelos Josephítas) ; Cristo e o Espírito (mas não os conceitos bíblicos); o pecado, uma necessidade para o homem; o inferno) uma agência salvadora; salvação pelas obras e não pela fé em Cristo; o batismo (imersão) essencial à salvação; pré-existência de todos os homens; apostasia da Igreja cristã; autoridade; organização da igreja, à moda deles; castigo temporário após a morte e medido pelos pecados; pré-milenarismo; a Bíblia deficiente e praticamente superada pelas revelações deles; somente o Presidente deles o porta-voz de Deus, etc. "Uma porção de raridades, realmente, mas a lista não pretende ser completa. Quanto a isso, o Rev. I. Van Dellen nos lembra que o sistema contém elementos tomados de fontes tão diversas como sejam o Cristianismo, o Judaísmo, o Maometanismo, o Fetichismo, o Comunismo, o Maniqueísmo, o Campbellismo e outros. Estudar e acompanhar todos esses erros um por um, conforme ele acrescenta, exigiria um livro enorme só para tratar da doutrina do Mormonismo, e nele discutir quase todas as seitas religiosas de tempos antigos e modernos. Seria realmente quase impossível fornecer uma visão concisa de seus muitos elementos heterogêneos.
Seus primeiros apologistas podiam ser tudo, menosteólogos.


Poligamia
É, contudo, impossível avaliar corretamente o Mormonismo sem dar a devida atenção à doutrina da poligamia, da qual a Sra. Rhea Kunz afirmou em entrevista com o Salt Lake Telegram: "Esta cousa é muito maior que o indivíduo, pois inevitavelmente abrangerá muito mais do que as leis humanas pelas quais o mundo vive e se tornará um componente fundamental das vidas das pessoas que viverem como devem."
O Supremo Tribunal dos Estados Unidos confirmou em 18 de novembro de 1946 a condenação de seis "Fundamentalistas" pelo tribunal de Salt Lake City. A maioria do tribunal, representada pelo Juiz Douglas, sustentou que a poligamia não é excluída da Lei Mann. 

A minoria (Juízes Ruga L. Black, Robert li, Jackson e Frank Murphy) manteve o seguinte: "O matrimônio, mesmo quando ocorre em forma que nós desaprovamos, não deve ser comparado à prostituição, à libertinagem ou outras imoralidades desse caráter." O Juiz Douglas, porém, exprimiu a parecer da maioria do Tribunal nestas palavras: "O argumento da defesa, de que os seis adeptos da seita eram motivados por uma crença religiosa, afirma demais. Se fosse sustentado, colocaria fora do âmbito da lei qualquer ato praticado sob alegação de sanção religiosa." Depois que o Supremo Tribunal dos Estados Unidos se recusou a revisar essa sentença, o Supremo de Utah em 16 de dezembro confirmou a condenação de 20 Fundamentalistas acusados de conspirar para violar as leis do Estado que proibiam casamentos pluralistas.
Por que, então, é que essa teoria, bem como sua prática esporádica e secreta, é difícil de se extinguir?
Pode muito bem ser que a teoria mormônica da poligamia tenha seguido na esteira de sua prática, porém o que é certo é que se tornou parte integrante da doutrina.
Ancião William Clayton, que foi o secretário confidencial do Profeta, relatou nas palavras seguintes, sob atestação jurada, o que aprendeu de Joseph Smith a respeito: "Dele aprendi que a doutrina do matrimônio pluralista e celestial é a doutrina mais santa e mais importante que jamais foi revelada ao homem sobre a terra, e que, sem a obediência a esse princípio, ninguém jamais atingirá a plenitude da exaltação na glória celestial." Isso não quer dizer que "Joe" Smith desejava ou permitia que as pessoas vivessem na promiscuidade, sem o devido acato aos desejos do Profeta.


Em seu Diário ele escreveu, sob data de 5 de outubro de 1843:
"Dei instruções para que fossem trazidas a julgamento aquelas pessoas que estavam pregando, ensinando ou praticando a doutrina da pluralidade de esposas; pois, de acordo com a lei, eu retenho as chaves desse poder nos últimos dias; pois não há nunca mais do que um sobre a terra a um só tempo a quem é conferido o poder e suas chaves; e eu tenho afirmado constantemente que nenhum homem terá apenas uma esposa de cada vez a não ser que o Senhor ordenar em contrário."


Essa declaração está de pleno acordo com a linguagem velada com que o Livro de Mórmon, desde 1830, fazia alusão à poligamia. Após a declaração (introduzida pelo usual Eis que, que é celebre no livro) que "Davi e Salomão, na verdade, tiveram muitas esposas e concubinas, o que era abominação para mim, diz o Senhor," o povo é admoestado a "não proceder à semelhança deles" e sim a "guardar meus mandamentos." Essa passagem, porém, é seguida de palavras que deixem uma brecha: "Pois se eu quiser, diz o Senhor dos Exércitos, suscitar semente para mim, ordenarei a meu povo; de outro modo darão ouvidos a essas cousas."
A exegese Josephita, de que a expressão "de outro modo" aqui significa "em outras palavras," nasceu evidentemente do embaraço; o sentido evidente da cláusula está de pleno acordo com a passagem do Diário.
O livro Doctrine and Covenants (Doutrina e Convênios), escrito por Smith em data posterior e quando a oposição à doutrina tinha minguado suficientemente entre os "Santos," contém uma "Revelação sobre a Eternidade do Pacto Matrimonial, Inclusive Pluralidade de Esposas, Dada por Intermédio de Joseph, o Vidente, em Nauvoo, Condado de Hancock, Illinois, em 12 de julho de 1843." Aí se afirma que as esposas pluralistas de Davi e Salomão foram dadas pelo Senhor. 

Aí também ocorre esta passagem notável:
"E novamente no que diz respeito à lei do Sacerdócio: Se algum homem esposar uma virgem, e desejar esposar outra, e a primeira der seu consentimento; e se ele esposar a segunda, e elas forem virgens, e não se tiverem votado a nenhum outro, então ele é justificado; ele não pode adulterar, pois elas lhe são dadas; pois ele não pode adulterar com aquilo que lhe pertence a ele e a mais ninguém. E se lhe foram dadas dez virgens de acordo com essa lei, ele não pode praticar adultério, pois elas lhe pertencem, e são dadas a ele, portanto ele é justificado."


Essas referências, embora a última tenha sido removida de Doctrine and Covenants pelos Josephitas, provam que a verdadeira doutrina mormônica sobre esse ponto é ensinada em Utah; e corroboram a evidência de que a Revelação sobre Matrimônio Celestial partiu de Joseph.


A Teoria à Base da Poligamia
O darmos tanta atenção a essa feição do Mormonismo, não é porque a consideremos assunto de conversa salgada.
Antes estamos convictos de que a poligamia faz parte integrante do sistema, e que os verdadeiros Mórmons devem almejar o dia quando a prática da poligamia será restaurada.
A filha de Young nos informa: "O princípio do matrimônio pluralista foi adotado por meu pai conforme lhe foi ensinado pelo Profeta Joseph Smith, depois de grandes lutas íntimas e fervorosa oração. Sua educação estritamente puritana não o dispunha para a aceitação de semelhante doutrina. 

Ele previa - e quem não o havia de prever? - a tempestade de maledicência e oposição que semelhante ação havia de despertar. E era como morte para ele ... Permanece verdade que os homens e as mulheres que nos primeiros tempos entravam naquela relação, fizeram-no por motivos puramente religiosos. Para eles representava um empreendimento elevado e sacro, que importava em muito sofrimento e sacrifício por parte tanto de homens como de mulheres."
Pode ser que o retrato da vida doméstica ideal na família de Young conforme a Sra. Gates o apresenta, com todos os cinquenta e seis filhos e as "titias" vivendo na mais perfeita compreensão e amor mútuos, seja algum tanto colorido pelo amor à propaganda. Pode ser, também, que Young não fosse bem o marido indiferente que Ana Elisa pintou. Seja qual for a verdade a esse respeito, aceitamos prontamente a declaração da Sra. Gates sobre o princípio que conduziu à poligamia. De maneira alguma queremos falar da poligamia mormônica nos termos levianos do livro Roughing It de Mark Twain.
O fato de alguém proceder de determinada maneira por princípio, contudo, não torna correto esse princípio.
Permanece a questão de por que o obstinado e indomável Brigham Young cedeu à desagradável doutrina. E por que será que esse princípio é tido por tão altamente importante que adere tenazmente ainda depois de oficialmente suspensa sua prática?

1. Os Mórmons partem do pensamento que o matrimônio que foi consagrado para a vida presente importa pouco. Marido e mulher hão de ser unidos para toda a eternidade. "Sede fecundos, multiplicai-vos" é o grande mandamento. De seu cumprimento depende a futura glória dos casados. A mulher não pode salvar-se sem o homem; ou, pelo menos, não pode atingir a mais alta glória possível para a mulher. É, portanto, o dever do homem compadecer-se da mulher, casando-se com ela. Melhor é ser esposa pluralista do que não ser esposa Quando, no porvir, o Mórmon salvo reinar, um rei em um novo mundo, suas esposas serão entronizadas como rainhas a seu lado.

2. A doutrina conforme consta da Revelação sobre Matrimônio Celestial de Smith contém dois elementos. O primeiro é chamado pluralidade de esposas: o segundo, matrimônio espiritual. Os casamentos não são válidos para a eternidade a não ser que haja afinidade espiritual, e tais núpcias podem ser celebradas somente nos Templos secretos mormônicos que continuam a aparecer. 

O fator de segredo e os títulos altissonantes de quase todo Mórmon, diga-se de passagem, lembram-nos de que todos os Mórmons originais eram em algum tempo Maçons. Por isso mesmo não é de se admirar que um homem, descobrindo depois de alguns anos de vida matrimonial que existe afinidade espiritual entre ele e outra mulher, vá ao Templo a fim de ser "selado para a eternidade", ou mesmo "para o tempo e para a eternidade," em união com sua simpatia recém-descoberta.
Da mesma forma, não será de se admirar se mulheres, ensinadas desde a meninice que o homem será o salvador da mulher, defenderem a doutrina e preferirem partilhar à eternidade na qualidade de esposas polígamos na mais alta glória, a ocuparem no porvir, o lugar de criadas.

3. Os deuses do Mormonismo são "homens grandes, como Brigham Young" graduados, poderíamos dizer, na escola da vida humana, e estudante pós-graduação na ciência da procriação. Um dos primeiros conspiradores com Rigdon e Smith foi Parley P. Pratt, que se converteu ao Mormonismo e se tornou missionário em agosto de 1830.
Esse "Santo" escreveu sobre o assunto o seguinte: "Ó candidatos à glória celestial! Seriam plenos vossos gozos durante os anos incontáveis da eternidade sem que formásseis as ligações, a relação, os elos de parentesco que se concentram no círculo doméstico, brotam, florescem e produzem frutos de eterno aumento? 

Ficaria essa emoção eterna de caridade e de benevolência que cresce em vosso peito, em gozar em estado de solteiro, sem aumento de posteridade, aquela abundância inesgotável de riquezas e prazeres infindos? Ou quereríeis vós, como vosso Pai celestial, inspirados pela eterna benevolência e caridade, encher incontáveis milhões de mundos com os filhos e filhas que gerastes? conduzi-los a todos através de todas as graduações de ser progressivo, para herdar corpos imortais e moradas eternas, cada um em seus próprios domínios?" 

E um pouco mais adiante: "A eterna união dos sexos, na ressurreição e depois, visa principalmente renovar e continuar a obra da procriação." Se essa não é a religião do falicismo, que é então? Entrementes, a maneira pela qual os santos senhores em Utah exerciam a "eterna benevolência e caridade" que "crescia em seus peitos", antecipando a bem-aventurança maior a seguir depois, pode ser conhecida através da história sóbria, porém eloquente e profundamente dolorosa, contida no livro Wue Nº 19 (Esposa nº 19) de Ana Elisa Young.

A Influência da Poligamia em Todo o Sistema
O desejo da satisfação sexual, o qual caracterizou Smith, Young, Pratt, e outros fundadores do sistema mormônico, resultou na doutrina da poligamia. Essa, por sua vez, se tornou tão fundamental para a teoria, que o matrimônio polígamo foi transferido da vida sobre a terra para a vida futura no céu. E isso exerceu influência sobre todo o modo de encarar o céu e Deus, cuja habitação é o céu. E uma vez que nosso conceito de Deus determina naturalmente nosso conceito do pecado contra Deus, da salvação e de Cristo, o Salvador, torna-se evidente que o falicismo do Mormonismo é o responsável pela estranha mistura de doutrinas que parece terem sido tomadas de empréstimo de todos os lados.
Uma vez que o conceito mais elevado da bem-aventurança é o de gerar filhos e filhas, Deus mesmo se torna polígamo.


Os homens que atingem esse estado de bem-aventurança no porvir, atingiram o pináculo: eles mesmos são deuses. Assim é ensinado um politeísmo grosseiro.
Segue-se que todo deus foi há algum tempo um homem sobre a terra. Esses deuses e suas geram filhos como espíritos; esses espíritos-filhos estão aguardando oportunidade para virem para a terra receber corpos.
Daí o dever de toda mulher ser casada, e de todo homem gerar quantos corpos for possível. Vê-se assim que as doutrinas da pré-existência da alma humana e do dever da poligamia são intimamente relacionadas. Será, portanto, de estranhar que missionários mórmons afirmem que "esperamos dias melhores quando novamente será praticada a poligamia"?
Sendo tal o conceito dos deuses, Cristo fica sendo o filho vulgar de Adão-deus e uma de suas esposas. Não pode em sentido algum ser um Salvador.


Nem mesmo é tão terrível o pecado contra um deus que foi da terra e ainda é humano. O homem torna-se seu próprio salvador. E, uma vez que a salvação só se alcança pelo caminho mórmon - pois é peculiar a todas as seitas não-cristãs condenarem com a maior severidade toda doutrina sem ser a sua - os Mórmons possuem um sacerdócio autorizado, com um batismo que é absolutamente necessário para a salvação.
E isso, por sua vez, produz a doutrina do batismo pelos mortos. Os Mórmons ocupam-se diligentemente em verificar suas genealogias, e alguns deles têm sido batizados "por procuração" cinquenta ou mais vezes em benefício de seus antepassados "gentios". Isso se realiza sempre nos templos secretos e por imersão.


É considerado de grande importância ter vivido e morrido como Mórmon, e os missionários mórmons, mesmo na atualidade, quando as pessoas de fora quase recebem essa seita como sendo mais uma denominação cristã, exibem cartazes que por meio de gráficos ensinam o seguinte: Ao morrer, todos que não aceitaram as doutrinas do Joseph Smith vão para uma "prisão dos espíritos". Ali é-lhes concedida oportunidade para aceitarem "a Verdade" (de acordo com a passagem muito abusada em 1 Pedro 3.19-20, versão mormônica). Todos os bons Mórmons vão para o grau celestial de glória, onde Deus, Pai e Filho habitam. Quem não era Mórmon e que levou uma vida mais ou menos reta, vai para o grau terrestrial de felicidade, visitado ocasionalmente por Cristo. Os ímpios vão para a morada celestial, onde bons espíritos da esfera celestial lhes ministrarão.
Outro diagrama mostra a "revelação" de que são os seguintes os passos que conduzem para o céu: Fé, Arrependimento, Batismo, Confirmação, e que há graus de glória no céu paralelos aos serviços prestados à Igreja sobre a terra na qualidade de Diácono, Ensinador, Sacerdote, Ancião, Bispo, Setentas, Apóstolos, Presidente.


Os Ritos Secretos
Os ritos secretos têm por fim principalmente a selagem dos casamentos para a eternidade e a salvação dos mortos, sendo que para este segundo caso; Mórmons vivos passam pelo batismo e outras cerimônias em lugar de ascendentes seus no mundo dos espíritos, os quais podem então decidir-se a aceitar ou rejeitar a obra feita para eles.
Whalen informa que a biblioteca de microfilmes nos escritórios da Sociedade Genealógica em Salt Lake City inclui mais de 500 milhões de páginas de registros de nascimento, óbitos, etc.; que ainda em 1857 o Presidente Woodruff afirmou que ele tinha sido batizado por procuração mais de 100 vezes a favor de homens eminentes como João Wesley, Colombo, etc.; e que só no decorrer do ano de 1962 a Igreja registrou 2.566.476 batismos pelos mortos. (Se é que ainda existem exemplares nas bibliotecas públicas. Durante anos os missionários mórmons têm adquirido e remetido para Utah, para confisco, exemplares desse livro. A sórdida história é relatada também, com um relato dos atos de impiedade dos inimigos turbulentos dos Mórmons, em Polygamy, or the Mysteries and Crimes of Mormonism (Poligamia, ou, os Mistérios e Crimes do Mormonismo), de J. H. Beadle, redator de The Salt Lake Reporter e secretário do Supremo Tribunal de Utah, e Exmo. Sr. O. J. Hollister, Coletar de Rendas dos Estados Unidos no Estado de Utah.)
Esses ritos "secretos" (bem como os da Maçonaria) têm sido desmascarados ou descritos mais de uma vez, e de novo agora por Whalen. O Rev. W. P. Walters, da Igreja Presbiteriana Unida de Marissa, Illinois, em carta ao presente escritor, apresenta uma lista de pelo menos dezoito "publicações que dão a Cerimônia do Templo dos Mórmons por extenso ou parcialmente" (junho de 1964).


O batismo por procuração baseia-se na dupla convicção de que:
1) somente o batismo ministrado por um sacerdote mórmon, e por imersão, é válido, e -
2) que somente esse batismo é que dá acesso à maior bem-aventurança no porvir.
A base bíblica que os Mórmons alegam para essa representação é pior do que fraca. Eles têm por única referência l.a Coríntios 15.29, onde São Paulo pergunta: "Doutra maneira, que farão os que se batizam por causa dos mortos?


Se absolutamente os mortos não ressuscitam, por que se batizam por causa deles?" Aí o texto grego reza: baptizomenoi huper toon nekroon e huper autoon. Hyper, porém, não significa em lugar de, por procuração de. Auguste Lacerf, falecido professor de Dogmática na Faculdade Livre de Teologia Protestante de Paris, tem chamado atenção a que hyper significa sobre, acima de (hipertensão é tensão acima do normal) e por conseguinte devemos traduzir. "Que farão os que se batizam acima dos mortos, sobre os mortos (sur les morts)?" Isso se fazia então para expressar que aquele que recebia o sacramento declarava sua unidade na fé com o morto no Senhor, e que esperava participar com o morto na mesma ressurreição.
Os Batistas sem dúvida encontrarão dificuldade em aceitar essa solução simples; mas quem já leu em Marcos 7.4 que "muitas autoridades antigas" falam do batismo de leitos não terá a mesma dificuldade. Essa exegese hipotética, mas crível encontra corroboração no fato de que, na igreja primitiva, erigiam-se templos e tomavam-se refeições memoriais sobre os supostos túmulos dos apóstolos, costume que deu origem a abusos tão grosseiros que Agostinho achou necessário condená-los.


O Livro de Mórmon
Examinado, o próprio Livro de Mórmon em si demonstra claramente a natureza espúria da "inspiração" tanto de seu conteúdo quanto de sua tradução. Pois:


1) está cheio de um estilo pomposo, verboso, que se esforça por imitar a Bíblia, abundando em erros gramaticais ("our dearly beloved brethren, who have so dearly beloved us;" "I am consigned that there are my days;" "they having been waxed strong in battle;" "until they had arriven to the land of Middoni;" etc.). Foram necessárias várias edições expurgadas para remover esses erros do texto "inspirado".


2) a obra narra vários assim-chamados milagres que não são milagres em nenhum sentido bíblico da palavra, e sim acrobacias fornecidas por Deus, como, por exemplo:
a) uma curiosa bola redonda de fino latão contendo dois eixos, um dos quais apontava o caminho que Nephi, filho de Lehi, deveria tomar;
b) a bússola preparada por Deus para Nephi quando tinha havido uma revolta ("eles chegam a largas águas. Os irmãos de Nephi rebelam-se contra ele.") a fim de guiá-lo através das águas;
c) Deus ordena a Jared e seu grupo que cortem uma abertura nos tetos de suas seis chatas para admitir o ar, e o irmão de Jared "fez, moldadas de uma rocha, 16 pequenas pedras e ora: 'Por isso toca estas pedras, Senhor, com teu dedo,' " - e elas se tornam em lanternas portadoras de luz para as chatas;
d) todo o grupo de Lamanitas é tornado preto para que não sirvam de tentação para os Nephitas; 500 anos mais tarde, porém, esses Lamanitas se reúnem aos então Nephitas; a maldição é removida, e com igual rapidez sua pele se torna branca. E assim por diante.

3) toda a "história" narrada no Livro de Mórmon é desacreditada por todo o estudo científico da antropologia americana primitiva. Alega ter havido dois povos americanos primitivos inteiramente distintos, sendo o primeiro os Jareditas, que vieram da Torre de Babel sob Jared e seu irmão, atravessando o Oceano Atlântico em 344 dias nas acima-citadas oito chatas de forma de charuto e localizando-se na América Central. Chegaram a seu fim, após uns 16 séculos, por volta de 600 A.C., em virtude de dissensões e revoltas.

O segundo grupo é o dos quatro filhos de Lehi: Leman, Lemuel, Sam e Nephi, sendo que esse Nephi partiu de Jerusalém nos dias de Zedequias e chegou "à costa do Chile, não muito longe do 13.º grau, latitude sul." Nephi começou imediatamente a escrever a história de seu povo em chapas de metal. Seu descendente Moroni terminou as placas e escondeu-as no morro Cumorah no.Estado de Nova Iorque no ano de 420 A.D.

A prova final do caráter fraudulento do Livro de Mórmon está no fato de afirmar ele a necessidade de mais revelação: pois diz que a Bíblia foi grandemente viciada pela igreja apóstata entre 420 e 1830 A.D. Entretanto o Livro de Mórmon contém cerca de dois mil versículos tirados de nossa Bíblia, e são apresentados nas palavras da tradução inglesa de 1611.


O Mormonismo e a Bíblia
Charles A. Shook, estudante meticuloso do Mormonismo, lembra-nos as palavras de Shakespeare:
"Em religião, que erro maldito haverá
Que alguma fronte sóbria não bendiga,
Aprovando-o por meio de um texto
E ocultando seu caráter crasso e grosseiro
Sob belo ornato?"
Muito certo - e eminentemente aplicável ao Mormonismo.
Bem me lembro de ex-colega meu na Escola Cristã em minha cidade natal do lado de lá do oceano, o qual, com a esposa, foram "convertidos" por dois missionários mórmons.
Ele tinha engolido o sistema inteiro: anzol, linha e chumbo.
Tanto ele como a esposa defendiam ardentemente a poligamia.
"Provou" por Ezequiel 37.16-19 que a Bíblia previa o aparecimento do Livro de Mórmon. "Não é a Bíblia a vara de Judá?" exclamou ele triunfante. "Então o Livro de Mórmon tem que ser a vara de Efraim!" Posteriormente li esse pedacinho fantástico de "exegese" no livro clássico de Talmadge sobre a doutrina mormônica, Apenas mais um exemplo, mostrando como tudo se pode provar por meio de textos deslocados.

Os Mórmons "provam" a poligamia por Isaías 4.1: "Sete mulheres naquele dia lançarão mão dum homem, dizendo: Nós mesmas de nosso próprio pão nos sustentaremos, e do que é nosso nos vestiremos (não há dúvida que praticaram isso ao pé da letra em Utah) ; tão-somente queremos ser chamadas pelo teu nome; tira o nosso opróbrio."
(Contra a poligamia, veja-se Mateus 19.4-6; Efésios 5.24-33.)
Mateus 22.30: "Porque na ressurreição nem casam, nem se dão em casamento," é explicado para significar que não serão feitos novos casamentos no porvir; daí, a "selagem" tem de ser feita na vida atual. Isso, como se as palavras seguintes: "mas são como os anjos no céu", não excluíssem semelhante exegese artificial.
Resta apenas apontar algumas passagens das Escrituras que se aplicam peculiarmente a todo o sistema, com seus apóstolos e revelação e passagens bíblicas "corrigidas". 

Tais referências se encontram em: Mateus 7.15: "Acautelai-vos dos falsos profetas que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores;"
2 Coríntios 11.13: "Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo;" 2 Pedro 3.16: " ... que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles;"
Apocalipse 2.2: " ... puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são;"
Apocalipse 22. 18: "Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro."


Em Conclusão: Amostras de Doutrina Mormônica

Anjos
1. "Há duas espécies de seres no céu, a saber: anjos, que são personagens ressurretos, tendo corpos de carne e ossos ... "
2. "Por exemplo, Jesus disse: 'Apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho..."
3.. " ... os espíritos dos justos aperfeiçoados - os que não são ressurretos, mas herdam a mesma glória." - Joseph smith."
Batismo
"Portanto, as criancinhas estão sãs, pois não são capazes de cometer pecado; portanto a maldição de Adão é tirada delas em mim (Cristo), que não tem poder nenhum sobre elas; e a lei da circuncisão é anulada em mim ... E suas criancinhas não necessitam de arrependimento, nem de batismo. Eis que eu vos digo, que aquele que imagina que as criancinhas necessitem de batismo, está em fel de amargura e laço de iniquidade ... portanto, ele deve ser cortado enquanto está no pensamento, ele há de descer para o inferno." - Livro de Mórmon.
"Os vivos podem ser batizados pelos mortos. Outras ordenanças essenciais podem ser atendidas vicariamente. Essa verdade gloriosa, oculta do conhecimento humano durante séculos, foi agora dada a conhecer nesta a maior de todas as dispensações divinas. .. Dá a homens e mulheres o poder de se tornarem 'Salvadores no Monte Sião,' sendo Jesus o grande Capitão do exército de redentores." Penrose.
Expiação
"Torna-se evidente que, através da grande expiação, o sacrifício expiatório do Filho de Deus, fez-se possível que o homem seja remido, restaurado, ressurreto e exaltado à posição elevada que lhe foi destinada na criação como um Filho de Deus.
"Em primeiro lugar, de acordo com a justiça, os homens não podiam ter sido resgatados da morte temporal, a não ser pela expiação de Jesus Cristo; e em segundo lugar, não podiam ser resgatados da morte espiritual, somente pela obediência a sua lei ...
"Daí, o que foi perdido em Adão foi restaurado em Jesus Cristo, no que diz respeito a todos os homens em todas as épocas, com algumas exceções muito ligeiras que surgem do abuso de privilégio. Transgressões da lei trouxeram morte sobre toda a posteridade de Adão; a restauração pela expiação restaurou a vida a toda a família humana.
De modo que tudo que foi perdido por Adão foi restaurado por Jesus Cristo. A pena da transgressão da lei foi a morte do corpo. A expiação feita por Jesus resultou na ressurreição do corpo humano. Seu escopo abrangeu todos os povos, nações e línguas." - Presidente John Taylor.?
Igreja 

"Pelos fatos já declarados, é evidente que a Igreja foi literalmente expulsa da terra; nos primeiros dez séculos que seguiram logo após o ministério de Cristo, a autoridade do sacerdócio foi perdida dentre os homens, e nenhum poder humano podia restaurá-la. Mas o Senhor em sua misericórdia providenciou o restabelecimento de sua Igreja nos últimos dias, e pela última vez. .. Foi já demonstrado que essa restauração foi efetuada pelo Senhor através do Profeta - Joseph Smith." - Talmadge."
A Queda
"Adão encontrou-se em situação que o impeliu a desobedecer uma das exigências de Deus. A ele e a sua esposa fora ordenado que se multiplicassem e enchessem a terra.
Adão ainda era imortal; Eva tinha incorrido na pena da mortalidade; e em condições assim dissimilares os dois não podiam permanecer juntos; por isso não podiam cumprir com a exigência divina. Por outro lado, cedendo ao pedido da esposa Adão, desobedeceria outro mandamento. Deliberada e sabiamente ele resolveu firmar-se no primeiro e maior mandamento; por isso, e com a plena compreensão da natureza de seu ato, ele participou do fruto que crescia na árvore do conhecimento. O fato de ter Adão agido compreendendo o que fazia nessa matéria é afirmado pelas Escrituras. Paulo, escrevendo a Timóteo, explicou que "Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão." O profeta Lehi. .. declarou: "Adão caiu para que o homem-fosse, e os homens são para que tenham gozo." - Talmadge.
Deus
"São numerosas as passagens nos escritos inspirados que indicam a pluralidade de Deus." - F. D. Richards.
"Quando nosso pai Adão entrou no Jardim do Éden, ele entrou com um corpo celestial e trouxe consigo Eva, uma de suas esposas. .. Ele é nosso pai e nosso Deus - o único Deus com quem temos que tratar." - Brigham Young.
"O Pai tem corpo de carne e ossos tão palpável quanto o do homem; o Filho também; mas o Espírito Santo não tem corpo de carne e ossos)mas é um personagem de espírito ...
Se não fosse assim, o Espírito Santo não podia habitar em nós. Um homem pode receber o Espírito Santo, e este pode descer sobre ele, e não permanecer com ele." - Joseph Smith.
Inspiração
"Louco, tu que disseres: Uma Bíblia, uma Bíblia, nós temos uma Bíblia, e não precisamos de mais Bíblia... Por que resmungais vós? - pois haveis de receber mais da minha palavra" - Livro de Mormon.
"E tudo quanto eles (os ordenados ao sacerdócio) falarem quando forem movidos pelo Espírito Santo, será escritura, será a vontade do Senhor, será a mente do Senhor, será a palavra do Senhor, será a voz do Senhor, e o poder de Deus para salvação." - Joseph Smith.w
"As obras escritas, adotadas pelo voto da Igreja como guias autorizados na fé e na doutrina, são quatro: a Bíblia, o Livro de Mórmon, Doutrina e Pactos e a Pérola de Grande Preço." - Talmadge."
"Citaremos primeiramente os escritos do Antigo e Novo Testamentos, e, embora sejamos informados por revelações posteriores que muitas partes que são claras e mui preciosas foram tiradas deles, contudo resta ainda uma grande quantidade de testemunho nesse registro valioso e sagrado." - Presidente John Taylor.
As Sagradas Escrituras. Traduzidas e Corrigidas pelo Espírito de Revelação, por Joseph Smith Júnior, o Vidente. (Em inglês) 20.º Edição. Lamoni, Estado de Iowa. Publicada pela Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias. 1920.
"Wilfred Woodruff é um profeta, e ele tem muitos profetas em redor de si, e ele pode fazer escrituras tão boas quanto aquelas que estão na Bíblia." - Taylor.
Justificação
"O dogma sectário da justificação pela fé somente tem exercido influência maléfica desde os primeiros dias do Cristianismo." - James E. Talmadge.
Sacerdócio
"Mas há duas divisões ou grandes cabeças: uma é o Sacerdócio de Melquisedeque, e a outra é o sacerdócio Arônico ou Levítico. O ofício de ancião fica subordinado ao Sacerdócio de Melquisedeque. O Sacerdócio de Melquisedeque detém o direito da Presidência, e tem poder e autoridade sobre todos os ofícios na Igreja em todas as eras do mundo, para administrar em cousas espirituais." - Joseph Smith.
Matrimônio
"Jesus Cristo foi polígamo: Maria e Marta, as irmãs de Lázaro, eram suas esposas pluralistas, e Maria Madalena era outra. Também, a festa nupcial de Caná da Galileia, onde Jesus transformou a água em vinho, foi por ocasião de um de seus próprios casamentos." - Brigham Young.
"Nós dizemos, que foi Jesus Cristo que se casou [em Caná, com Marta e Maria], pelo que ele podia ver sua própria semente antes de ser crucificado. A referência é Isaías 53.10." - Orson Hyde.
Nascido da Virgem
"Quando a Virgem Maria concebeu o menino Jesus, o Pai o tinha gerado a sua própria semelhança. Ele NÃO foi gerado pelo Espírito Santo. E quem era o Pai? Era o primeiro da família humana... Jesus, nosso irmão mais velho, foi gerado em carne pelo mesmo personagem que estava no Jardim do Éden, e que é nosso Pai do Céu." - Brigham Young.


Assista ao Vídeo: Quando já fiz tudo e não estou salvo!


Por Jan Karel Van Baalen

5. Espiritismo

O termo "Espiritismo" é preferível à designação mais popular em outros países, "Espiritualismo", primeiro porque frisa o fato admitido que esse sistema religioso afirma tratar com os espíritos, e também porque é realmente difícil perceber onde entra a sua alegada espiritualidade.


Histórico
Os primórdios do Espiritismo perdem-se na antiguidade.
Provavelmente estamos tratando da mais antiga ilusão religiosa que existe. Resulta, antes de tudo, do desejo de obter informações sobre a vida além-túmulo. A vida futura será tão repleta de tristezas quanto a atual? Seremos felizes?
Teremos corpos? Em seguida, o Espiritismo é fruto do desejo de continuar em contacto com os entes amados que já faleceram.
Há traços de Espiritismo entre os antigos chineses, indianos, babilônios e egípcios; o Espiritismo também pode ser acompanhado pelo Império Romano e pela Europa dos tempos medievais. Portanto, das ilusões religiosas de nossos dias, é a única que já existia nos tempos bíblicos, e as Escrituras estão longe de guardar silêncio sobre ela.
Naturalmente que tem havido reavivamentos periódicos do Espiritismo. Os últimos três avivamentos foram os causados pelas irmãs Fox e pelas destituições resultantes das duas últimas guerras mundiais.


Em sua forma moderna, o Espiritismo retrocede a duas jovens norte-americanas. O Sr. John D. Fax, sua esposa e seis filhos, mudaram-se para uma casa na vila de Hydeville, estado de Nova Iorque, em dezembro de 1847. As duas crianças menores, Margaret e Kate, respectivamente de doze e nove anos de idade, dentro em pouco ouviram pancadas em diferentes partes da casa, o que a princípio se julgou ser produzido por ratos e camundongos. Porém, quando lençóis foram arrancados da cama por mãos invisíveis, cadeiras e mesas foram tiradas de seus lugares, e uma mão fria foi sentida no rosto da menina menor; depois que todo esforço para explicar esses fenômenos de maneira natural fracassara, Kate teve repentinamente a ideia de entrar em contacto com o "Velho Pé Fendido". 

Dando um estalido com os dedos, disse ela: "Ouça, velho pé fendido, faça como eu faço." Imediatamente o ruído respondeu. Visto que isso foi repetido por diversas vezes, concluiu-se que algo de sobrenatural estava operando ali. As duas meninas criaram um meio de comunicar-se inteligentemente com o autor dos ruídos, que respondia às perguntas por meio de determinado número de pancadas. Revelou-se como Charles Rosma, mascate casado que, com a idade de trinta e um anos, fora assassinado por um certo John Bell, ferreiro e antigo morador da casa agora habitada pela família Fax.
Seu corpo estaria sepultado a três metros abaixo da superfície, na adega; o assassino não fora punido. Porções de um esqueleto humano foram realmente encontradas na adega.
Partindo desse acontecimento, que recebeu ampla cobertura, propagaram-se sessões espiritas por todos os Estados Unidos da América do Norte. Na Inglaterra, a consulta aos mortos já era muito popular entre as elites sociais. Por conseguinte, os médiuns norte-americanos encontraram ali um solo fértil quando, em 1852, os espíritos anunciaram aos devotos norte-americanos que eles invadiriam a Inglaterra, e que ali o movimento seria "muito religioso e muito científico".


Outros países europeus também foram visitados com sucesso pelos Espíritas norte-americanos.
"Em França, a figura de Allan Kardec é a principal dentro dos arraiais espiritas. Léon Hippolyte Dénizart Rivail, nascido em 1804, filho de um advogado, tomou o pseudônimo de 'Allan Kardec' porquanto acreditava ser ele a reencarnação de um poeta celta com esse nome. Dizia ter recebido a missão de pregar uma nova religião, isso a 30 de abril de 1856. Um ano depois publicou o 'Livro dos Espíritos', e logo depois fez excursões de propaganda. Estudara a literatura existente na Inglaterra e nos Estados Unidos e dizia ser guiado por espíritos protetores. Caracterizou-se por introduzir no Espiritismo a ideia da reencarnação.
Em 1861 publicou o Livro dos Médiuns, em 1864 o O Evangelho Segundo o Espiritismo, em 1865 Céu e Inferno, e em 1867, Gênesis. Homem dotado de características físicas e mentais de grande resistência, foi apóstolo das novas ideias.
Fundou 'A Revista Espírita', periódico mensal. me mesmo assentou as bases da 'Sociedade Continuadora da Missão de Allan Kardec'. Morreu em 1869.
"O Espiritismo latino, já separado do anglo-saxão pela doutrina da reencarnação, se subdividiu em duas correntes:
a Kardecista ou doutrinária, e a experimental." (Ferreira, O Espiritismo, uma Avaliação, pág, 17.)
"A codificação realizada por Allan Kardec veio a constituir o cerne da religião espírita no Brasil. Os característicos especiais que assumiu o movimento espírita brasileiro - em contraposição às tendências anglo-norte-americanas, por exemplo - não foram de molde a modificar a inspiração fundamental do Codificador e de seus seguidores mais próximos.
"A ênfase no aspecto religioso da obra de Kardec, que se define igualmente como 'ciência e filosofia', constitui, no entanto, o traço distintivo do Espiritismo brasileiro e, talvez, a causa de seu sucesso entre nós.
"De qualquer modo, as obras de Kardec continuam sendo a base doutrinária do Espiritismo brasileiro; nela se encontra aquilo que se considera, no Brasil, como o essencial da doutrina." (Kardecismo e Umbanda, Cândido Procópio Ferreira de Camargo, pág. 4.)
As Afirmações dos Espíritas
Aqui no Brasil, o Kardecismo constitui sistema filosófico e religioso bastante complexo. Daremos, para uso do leitor, uma breve síntese de sua doutrina ... uma enumeração das principais teses do Espiritismo brasileiro. 


Segundo Ferreira de Camargo em seu livro Kardecismo e Umbanda:
1. Possibilidade e conveniência de comunicações com entidades espirituais desencarnadas.
2. Crença na reencarnação.
3. Crença na chamada "lei da causa e do efeito", equivalente espírita da ideia tradicional do Karma indu. Nada é fortuito e não podemos escapar às consequências de nossos atos.
4. Crença na pluralidade dos mundos habitados. Cada mundo constitui uma etapa geral do progresso espiritual. A Terra é considerada um planeta de expiação.
5. Não há distinção entre o natural e o sobrenatural, nem entre religião e ciência. Não há graça. O progresso relativo dos indivíduos depende, exclusivamente, do mérito pessoal acumulado nesta e em encarnações anteriores.
6. A caridade é a virtude principal - talvez única - e se aplica tanto' aos vivos como aos mortos, ou desencarnados, como sempre preferem dizer.
7. Deus, embora existente, é por demais longínquo e se perde na distância incomensurável de um ponto espiritual que mal podemos vislumbrar.
8. Mais próximos estão os "guias" (espíritos que se incorporam nos médiuns), importantes no culto espírita, e que nos ajudam por amor. (Também há os maus.)
9. Jesus Cristo é visto como grande entidade encarnada - a maior que já veio ao nosso mundo. O Evangelho foi reinterpretado, segundo o Espiritismo, em famoso livro de Allan Kardec. (Ferreira de Camargo, Kardecismo e Umbanda, págs. 7, 8.)


De modo geral os Espíritas defendem as seguintes doutrinas:
Salientam a vida correta sobre a terra, crendo que sua condição, no mundo dos espíritos, depende inteiramente do que fizerem enquanto estiverem em sua forma mortal.
"Acreditam na Inteligência Infinita, e que os fenômenos da natureza, físicos e espirituais, são expressões da Inteligência Infinita; que a existência e a identidade pessoal do indivíduo continuam após a transformação chamada 'morte' e que a comunicação com os chamados 'mortos' é um fato cientificamente comprovado pelos fenômenos do Espiritismo."
Acreditam na "Regra Aurea" e também que o homem prepara a sua própria felicidade ou infelicidade ao obedecer, ou desobedecer às "leis físicas da natureza." A porta da reforma jamais é fechada para qualquer alma humana, aqui ou no além.
Acreditam os Espíritas que o mundo dos espíritos é o paralelo do mundo visível, apenas mais belo e perfeito.
Aqueles que nele entram devem estar isentos das impressões do mal, feitas quando ainda estavam no corpo. Haverá uma restauração final à felicidade para todas as almas.
Aqueles, porém, que tiverem vivido sobre a terra de uma maneira contrária às leis da Inteligência sofrerão no além-túmulo a punição de desejarem prosseguir em seu curso de maldade, sem a possibilidade de assim fazê-lo. Isso conduzirá tais pessoas ao remorso, e o remorso, por sua vez, à purificação. Alguns Espíritas afirmam que a vida no além-túmulo será passada em sete círculos ou esferas diferentes, que circundam o globo terrestre, cada círculo em volta do anterior, como a casca de uma fruta está ao seu redor ou como o córtex de uma árvore cobre o tronco. Alguns também asseveram que os espíritos inferiores se encontram em uma esfera mais baixa, "presa à terra", onde são ensinados pelos espíritos de esfera superior. Os espíritos daqueles que morreram recentemente acham-se bastante próximos da terra; podem ouvir-nos e nos conhecem. A medida em que os espíritos se vão aperfeiçoando, passam para uma esfera superior, e gradualmente perdem o seu interesse pela vida que vivemos na carne. Os Espíritas acreditam que os espíritos têm corpo, ainda que de natureza diferente daquele que agora possuímos na terra.


Os Espíritas são contrários à guerra, à punição capital e a toda e qualquer forma de tirania. Não acreditam em perdão de pecados, e, sim, que cada indivíduo tem de preparar o seu próprio destino, mediante a evolução moral ou espiritual.
Os fenômenos espíritas (os acontecimentos de onde chegam as informações aos Espíritas) são numerosos. Todos os homens, segundo dizem os Espíritas, possuem força psíquica (psíquica, do vocábulo grego psyche, alma; portanto, força de alma). Enquanto a força física reside nos músculos, a força psíquica está nas mentes dos homens. Aqueles que possuem essa força em maior dose que os demais geralmente se tornam médiuns espíritas. Um médium é um intermediário, instrumento através do qual os espíritos transmitem conhecimentos sobrenaturais aos participantes de uma "sessão", o termo usualmente empregado para designar as reuniões espíritas.


Posto que os Espíritas acreditam que a força psíquica é aumentada quando várias pessoas se concentram e quando fortalecem uma à outra por meio do contacto físico, o fenômeno espírita mais simples é o da elevação da mesa, ou pancadas. Os participantes espalham as mãos à superfície de uma mesa, em torno da qual se assentaram. Deve haver um círculo ininterrupto, cada participante com os polegares tocando um no outro, ao passo que os dedos mínimos tocam nos participantes de um lado e de outro. A mesa começa a elevar-se duas ou mais pernas do soalho, e torna a cair. Os participantes concordam com o "espírito" que uma pancada será a letra "A", duas pancadas serão a letra "B", e assim por diante; e a mensagem é transmitida por meio das pancadas. Ou os participantes sugerem um nome, ou um substantivo, e o "espírito" expressa o seu assentimento quando a palavra certa é proferida.


Um fenômeno mais avançado ocorre quando o médium entra em transe. Trata-se de uma condição inconsciente ou insensível, um estado em que a consciência e as sensações corpóreas ficam suspensas por algum tempo. Então o médium declara o que ele - mas geralmente ela - ouve e vê nessa condição. Em certas ocasiões o médium responde às perguntas que os participantes da sessão indaguem do espírito.
Novamente o espírito, chamado "controle" do médium, faz este último escrever. Quando o médium sai do transe, raramente lembra-se do que disse ou fez, mas sente-se muito fatigado.
Há numerosos outros fenômenos, alguns dos quais não proporcionam qualquer informação concernente aos entes queridos falecidos ou sobre a outra vida, mas parecem mais ter por alvo impressionar os participantes com o poder sobrenatural do espírito. Exemplos disso são os objetos que flutuam em um quarto, e a aparição de espíritos visíveis ou de suas mãos e braços. A isso se dá o nome de materialização.
Em uma típica sessão de materialização, diz-se que da boca e do corpo do médium emana o ectoplasma, algo nebuloso, semelhante à fumaça, que então recebe forma própria moldada pelo químico do mundo dos espíritos. (O ectoplasma é definido como um protoplasma exteriorizado, que foi descrito por Webster como "a base física da vida", ordinariamente um senil-fluído espesso e viscoso, de consistência quase-gelatinosa, sem cor, translúcido, e que contém alta porcentagem de água, mas com alguns grânulos finos em suspensão. )
A principal diferença entre a literatura espírita mais antiga e a moderna é que esta última geralmente é escrita em tons mais gentis. Ao invés de zombarem das doutrinas da Igreja universal, ou de atacarem-nas com veemência, ignoram-nas convenientemente. A tese principal, portanto, permanece inalterada: a própria morte não precisa ser temida, pois é apenas uma passagem suave para uma vida muito similar àquela que os homens deixam para trás ao falecerem.


Explicação dos Fenômenos
Tão generalizado é o Espiritismo simulado que a aquilatação dos fenômenos se torna uma tarefa complicada.
Existem:


(1) Espiritismo Fraudulento
Sob a cobertura da escuridão (dizem que os espíritos são sensíveis à luz) e com a ajuda da eletricidade, de fonógrafos e numerosas outras invenções modernas, não existe um só fenômeno espírita genuíno que não possa ser reproduzido com cem vezes maior intensidade, para fins lucrativos.
Há uma hoste de trapaceiros bem organizados que reúnem informações referentes a ingênuos em perspectiva, da maneira mais sistemática possível, e que classificam cuidadosamente essas informações para referência futura ou que as vendem para outros médiuns. Com a informação obtida de antemão, o participante fica devidamente impressionado com os conhecimentos do médium, a voz do espírito é aparentemente reproduzi da do "éter", e os ingênuos são gradualmente escravizados pelo médium, até que é aconselhado sobre onde devem investir o seu capital. Quando a vítima finalmente desperta para o fato que foi enganada, o médium escapa a qualquer processo judicial, alegando que estava apenas aplicando a sua "religião". Por exemplo, um bando de espertalhões descobriu que um dos participantes habituais era músico cujo mestre favorito era Brahms. Uma suposta médium, que era hábil pianista, memorizou as principais obras de Brahms. Então o ingênuo participante foi solicitado a pedir a presença de seu músico favorito por meio da médium, sentada diante do piano e supostamente em transe, e assim foi guiada pelo "espírito de Brahms" a tocar as grandes peças do mestre, que teria sido convocado pela médium. Admiradíssimo ante o que sucedia, a vítima ingênua desse caso se entregou completamente à orientação da médium, acabou perdendo a fortuna e cometeu suicídio. A generalização desse Espiritismo fraudulento é tão grande que é muito difícil saber onde começa e onde termina.
Mas nossas dificuldades aumentam quando consideramos o fato que até mesmo os psíquicos genuínos têm sido apanhado em fraude por vezes sem conta. Supostamente isso se deve ao fato que as manifestações psíquicas nem sempre ocorrem quando o médium quer. Consequentemente, quando é marcada uma sessão e o participante espera resultados, o médium geralmente apela para os truques. Assim é que as irmãs Fox admitiram que seus primeiros ruídos eram conseguidos com estalidos feitos com as juntas dos artelhos.

Eusápia Paladino, a mais famosa médium espírita de seus dias, foi apanhada enganando pelo menos duas vezes. Em suma, a original Sociedade de Pesquisas Psíquicas, que consiste de eminentes eruditos e que tem investigado os fenômenos espíritas desde o ano de 1882, tem encontrado apenas dois ou três médiuns acima de suspeita durante um período de quarenta anos. A isso pode-se acrescentar que advogados tão eminentes do Espiritismo, como Sir William Crookes, em 1874, Light em 1909, e Sir Conan Doyle em 1919, têm admitido que não há teste conhecido pelo qual possamos determinar se uma informação que vem dos espíritos dos falecidos, chega até nós "bana fide" ou por meio de um "espirito maligno", ou Poltergeist, resolvido a enganar.
Além de tudo isso, os bons espíritos podem tentar transmitir uma mensagem por meio do controle de um médium, o espírito que o controla durante seu transe. Mas o próprio controle ocasionalmente parece sentir um prazer pervertido em torcer as informações do bom espírito. Assim temos uma massa confusa de informações por supostos Shakespeares e Carlyles que não sabem escrever o próprio nome; e é à base de fontes informativas tão duvidosas que muitos recebem informações sobre o além-túmulo.
Entretanto, concedamos aos nossos amigos espíritas o benefício da dúvida. Tiremos de nossa frente o fato que é inegável que a esmagadora maioria dos fenômenos espíritas é de natureza falsa, e também que é extremamente difícil a um indivíduo comum saber se está tratando com um simulador ou com um médium genuíno, e se este, por sua vez, está em contacto com uma fonte informativa legítima ou fraudulenta. Em outras palavras, consideremos.


(2) O Espiritismo "Bona Fide" (Genuíno)
Quanto a esse ponto temos as seguintes opiniões:

1. Os próprios Espíritas asseveram que essas informações em que acreditam chegaram até eles através de canais honestos, por meio de espíritos de seres humanos falecidos que vivem na esfera mais próxima de nosso mundo. Visto que isso, como se sabe, é contrário aos claros ensinamentos das Escrituras, os Espíritas proeminentes não hesitam em denunciar os líderes cristãos de juízes incompetentes. Pode-se dizer que Sir Oliver Lodge expressa o pensamento dos Espíritas modernos ao afirmar que "o clero dificilmente pode formar um tribunal de inquisição", visto que eles "examinam a questão do ponto de vista cristão". Ele deseja que ponhamos de lado todos os "preconceitos" e que "raciocinemos hipoteticamente". Ao mesmo tempo, todavia, Sir Oliver admite que sua própria convicção permanece mera hipótese, embora adicione: "Mas não é uma hipótese irracional. É a hipótese a que tenho sido compelido a abraçar, depois de trinta anos de estudos."

Em si mesmo isso não seria tão mau, posto que as doutrinas do Cristianismo são tão hipotéticas, se as considerarmos do ângulo das ciências exatas, quanto as doutrinas do Espiritismo ou quanto a quaisquer outras opiniões, ou convicções metafísicas. Afinal de contas, todos andamos pela fé. Asseguramos, porém, que a fé cristã se alicerça em fatos históricos perfeitamente comprovados; e por isso não nos podemos desfazer dela em troca de algo tão destituído de provas e tão diametralmente contrário às doutrinas do próprio Cristianismo. Não é acerca dos fatos genuínos do Espiritismo que contendemos; mas combatemos a interpretação, a alegada fonte desses fatos. Que alguma informação chega ao médium, disso não temos dúvidas. Mas por qual razão deve Sir Oliver Lodge informar-nos, apaixonadamente, que a hipótese de que tal informação nos chega da parte dos entes amados já falecidos é superior a qualquer outra hipótese? Essa hipótese leva Sir Oliver a procurar eliminar todas as "doutrinas terrivelmente opressoras sobre o repouso em sepulcros e sobre a ressurreição carnal em algum dia muito distante", e outros "absurdos medievais".

Se toda a questão depende de uma hipótese contra a outra, então nós, os cristãos evangélicos, temos o pleno direito de nos recusarmos a abandonar a nossa herança, que a Igreja de Cristo, tão dolorosa e universalmente, tem derivado da Bíblia. E quando acrescentamos que, de modo geral, as descobertas do Espiritismo fazem oposição direta a tudo quanto as Escrituras ensinam, podemos ser acusados com justiça de nos recusarmos a aceitar a "hipótese" do Espiritismo?

2. Uma outra explicação é que todas as comunicações vêm do médium e da audiência. No Espiritismo abordamos os fenômenos físicos (movimento de corpos pesados, sem contacto entre si, alterações de peso, aparecimento de mãos e membros) e os fenômenos psíquicos (conhecimentos recebidos pelo médium em transe, que não poderiam ser atribuídos a qualquer fonte conhecida). Asseveram os Espíritas que todos os indivíduos possuem força física, elétrica e psíquica; que os fenômenos físicos do Espiritismo se devem a uma força física excepcional ou a um poder incomum da mente sobre a matéria; que as características psíquicas são resultantes de forças psíquicas fenomenais. Sob essa categoria cabe a telepatia (transferência de pensamento dos participantes ou de outros para o médium); leitura da mente (em alguns casos assevera-se que a mente subconsciente do médium "lê" a mente subconsciente do participante, e que são lidos informes há muito apagados em sua memória); clarividência e clariaudiência (capacidade de ver e de ouvir além ou abaixo da quantidade ordinária de vibrações do éter, vistas e ouvidas pelos seres humanos); e atributos similares da alma que são quantidades conhecidas apenas parcialmente. O livro do Dr. A. T. Schofield, um médico e psicólogo inglês, contém muita matéria informativa e interessante sobre esse particular. Mas é digno de nota que tão pouco, até mesmo daquilo que se sabe, é realmente compreendido, que muitos Espíritas proeminentes têm admitido que muitas das chamadas manifestações de espíritos podem ser causadas por certas qualidades misteriosas da alma humana.

Este escritor ouviu o Dr. C. Eaton afirmar que ele tinha demonstrado a verdade dessa teoria por vezes seguidas, mediante a aplicação do seguinte teste. Ele abria um livro na presença de uma médium em transe, lia o número da página, voltava o livro de cabeça para baixo e pedia à médium que mencionasse o número da página aberta. Isso ela podia fazer invariavelmente, posto que ela lia o número na mente dele. Então ele fechava o livro e tornava a abri-la, estando ainda de cabeça para baixo. Dessa maneira, "ninguém na terra sabia qual o número da página em que o livro estava aberto, e a mesma médium invariavelmente tentava adivinhar o número e errava."


Esse é realmente um teste notável. Outrossim, à luz do fato que a telepatia ou leitura da mente ocorrem em quase todas as vidas humanas em uma ocasião ou outra, não duvidamos que os psíquicos tenham esse poder misterioso em alto grau, especialmente quando entram em transe, ou. seja, quando sua mente consciente cede lugar ao desempenho da mente inconsciente. A bem conhecida novela, Jane Eyre, apresenta um caso de telepatia mental que pode ser duplicado hoje em dia. Um dos professores deste escritor contou-lhe que dois dias depois de haver passado uma noite celebrando com colegas estudantes, chegou uma carta de sua mãe, que estava em uma cidade distante, perguntando-lhe por qual motivo ele não passara a noite na cama, posto que ela se preocupara com êle até às últimas horas da madrugada. Em apoio à tese que pelo menos alguns dos fenômenos do Espiritismo se devem à telepatia e à clarividência, J. Stafford Wright, em seu livro, Man in the Process of Time (pág. 110), salienta o fato que, ocasionalmente, algum "médium tem recebido mensagens e descrições de algum amigo do participante, que cria estar morto, mas que de fato continuava vivo. O caso mais famoso é o caso de Gordon Davis, citado pelo Dr. S. G. Soal, em The Proceedings of the S. P. R, val. XXXV."


Não nos surpreendemos, por conseguinte, ao descobrir homens que, como os antigos saduceus, dizem que não há nem ressurreição, nem anjo, nem espírito, atribuindo todos os fenômenos espíritas a essas forças naturais. Naturalmente que estão em foco os fenômenos genuínos, posto que jamais nos devemos esquecer do fato que muito numerosos são os ludíbrios. Assim é que a inclinação da mesa se produz por meio de um gancho e uma corrente, que liga a mesa com a roupa do médium, ou através de uma perna oca da mesa, a qual é movida por um cúmplice em uma saleta no andar de baixo onde se desenrola a sessão; e assim por diante.
Para aqueles que negam o mundo dos espíritos, o que dizemos é a interpretação lógica de todo Espiritismo genuíno.


3. Entretanto, ainda restam duas dificuldades que se interpõem no caminho de quem quer aceitar essa teoria como explicação de todos os fenômenos espíritas.


(a) Os Espíritas que têm mergulhado profundamente na questão têm confessado, ocasionalmente, o fato da obsessão por espíritos vis e pervertidos. O excelente livro de E. F. Hanson contém diversas páginas cheias de citações extraídas de autoridades sobre questões espíritas como a revista Mind and Matter, nas quais se admite que de vez em quando os médiuns são sujeitos ao controle de maus espíritos. Ele menciona um médium que se achava numa situação física tão precária que um "espírito médico" ordenou a um espírito maligno que saísse do corpo do médium vítima, após o que convidou, com igual sucesso, que um espírito mais gentil viesse tomar conta do paciente mediúnico.
Em apoio a isso temos o testemunho de pessoas mediúnicas ou psíquicas que, após algumas poucas experiências, abandonaram inteiramente o Espiritismo porque a informação recebida era tão horrendamente vil, obscena e blasfema que isso os chocou e afastou inteiramente do Espiritismo.
E não adianta atribuir tudo isso ao outro "ego", o sublimado, do médium ou do consulente, porquanto, segundo declara o Sr. Wallace, um Espírita famoso, "então esse segundo Cego' é quase sempre um Cego' enganador e mentiroso, não importa quão moral e veraz possa ser o primeiro." E a isso ele chama de "estupenda dificuldade".
A isso podemos ajuntar que os efeitos físicos sobre o médium geralmente são de uma natureza tão dolorosa ou violenta que, citando um Espírita, "isso tem sido sempre imputado à possessão por espíritos malignos." Tais sintomas, para não escondermos a verdade, são os mesmos que se verificava nos dias de Jesus, os sintomas da possessão demoníaca, a saber, prostração, espuma pela boca e outros fenômenos da mesma espécie.


(b) Isso nos conduz inevitavelmente ao segundo obstáculo que se interpõe na frente de quem queira atribuir todos os fenômenos espíritas às forças psíquicas do indivíduo.
A Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamentos, evidentemente, adverte em termos candentes contra o Espiritismo, tachando-o de demonologia. Neste ponto discordamos com a asseveração de Canon Barnes e de Jane T. Stoddart, de que "a pior maneira de atacar o Espiritismo consiste de admitir que é verdadeira a sua reivindicação fundamental de que ali há comunicação com os 'espíritos', para então afirmar-se que esses "espíritos' com que os Espíritas entram em contacto são malignos."
Muito ao contrário, mantemos que há uma marcante diferença entre a "reivindicação fundamental" do Espiritismo de que se pode entrar em contacto com os espíritos de pessoas falecidas, e o ponto de vista bíblico que tal contato com as almas dos homens é impossível. Também declaramos que aqueles que buscam tais contatos tornam-se presa inconsciente de espíritos malignos, isto é, de demônios, cuja própria existência eles negam. Não podemos ver como se poderia ceder ante o Espiritismo quanto a essa ideia anti bíblica.
Ao defendermos esta última posição, como explicação ao menos parcial dos fenômenos espíritas, apresentamos o seguinte argumento cumulativo.

1. O Espiritismo sempre existiu, e a sua história pode ser acompanhada pelos séculos. Sempre revelou as mesmas características, de conformidade com o Espírita Colville e com a opinião do ex-Espírita Hanson. Segundo diz o International Psychic Gazette, de setembro de 1916, um médium inglês, Sr. W. W. Love, efetuou uma sessão espírita em um
templo chinês, na presença de sacerdotes chineses, que o consideraram "irmão espírita", e que manifestaram surpresa em face do fato que ele, sendo europeu, conhecia tanto acerca das manifestações espíritas.


2. No entanto, para aqueles sacerdotes, em seu templo chinês, o Espiritismo deles indubitavelmente era sua religião. Seria demasiado nos recordarmos do fato que as Escrituras nos advertem tanto contra a idolatria como contra a adoração aos demônios?


3. Certamente as Escrituras ensinam que os demônios podem influenciar os seres humanos. Ler Gênesis 3:1; Apocalipse 12:9; 1 Reis 22:19-23; Ezequiel 28:11-19 (observe-se que aqui o rei de Tiro é aludido em uma linguagem que cabe parcialmente a ele e parcialmente somente ao seu senhor satânico, e o que daí se infere é que certamente trabalhavam muito unidos); João 8:44; Efésios 6:11, 12.


4. Em perfeita harmonia com isso, as Escrituras ensinam que os homens podem adorar aos demônios sob a aparência de adorar a um "deus" (Deuteronômio 32:17; 1 Coríntios 10:20).

5. A isso pode ser acrescentado que a possessão demoníaca era de ocorrência mui frequente nos tempos bíblicos, especialmente quando o diabo ("o imitador de Deus", segundo disse Lutero) imitava a encarnação do Filho de Deus, tomando posse dos corpos de' suas vítimas humanas. Realmente não tem cabimento asseverar que os espíritos malignos não podem fazer "nestes últimos dias", o que faziam no primeiro século de nossa era.
Podemos afirmar, nessa conexão. que em nossa própria opinião, a combinação dos pontos dois e três é a mais satisfatória. Asseveramos que muitos fenômenos espíritas são resultado natural de atributos da alma ainda pouco estudados, mas que, em alguns casos, os demônios estão em ação. Também não consideramos de forma alguma impossível que um médium, que rendeu a sua mente ao comando de influências externas, ocasionalmente venha a tornar-se instrumento voluntário de uma poderosa mente e vontade humanas, e que, em outras oportunidades, seja reduzido ao instrumento inocente de espíritos sobre humanos, que igualmente têm acesso a ele em sua condição de transe. 

(Naturalmente que isso é muito diferente de atribuir a loucura à influência direta dos espíritos maus. O Dr. Mulder mostra conclusivamente que muitos sintomas antes atribuídos à influência demoníaca têm base física perturbada, tal como a histeria. O Dr. Mulder parece aceitar a opinião que, em Endor, pode-se suspeitar da presença de um espírito maligno. Cf. Essays on Mental Disturbance and Demon Possesston, por Jacob D. Mulder, Médico, Grand Rapids, Michigan. 

Este escritor, em face da energia tão satânica, predita sobre o "iníquo", em II Tessalonicenses 2:9, não se admirar se, ao nos aproximarmos do fim dos tempos, a possessão demoníaca se manifestasse como nos dias de Jesus, ainda que talvez em escala mais limitada.)
E essa posição, aparentemente, explica plenamente o fruto notório do Espiritismo, a saber, os três "Is Negros": Infidelidade, Insanidade e Imoralidade. Todavia, ao fazermos esta declaração, não nos devemos olvidar que, à semelhança de outros cultos "liberais" e correntes de pensamento, o Espiritismo moderno tem absorvido algo da atitude geral de nossa época, ou seja, os mais recentes escritores e praticantes do Espiritismo, ao invés de atacarem o Cristianismo bíblico como absurdo, falso, e cousas semelhantes, sustentam que o mesmo concorda nos pontos essenciais com os ensinamentos do Espiritismo.
Resta-nos a tarefa de examinar, de modo passageiro, primeiramente a atitude das Escrituras para com o Espiritismo; e, em segundo lugar, a atitude do Espiritismo para com as Escrituras e a verdade bíblica.


O que a Bíblia diz sobre o Espiritismo?
As Escrituras contêm muitas referências sobre o assunto.
Para que se entenda de forma inteligente o Espiritismo, servem as seguintes definições, dadas pela International Standard Bible Encyclopaedia:
Quem consulta um espírito familiar: alguém possuído por demônio adivinhador, de pitonisa (1 Samuel 28: Atos 16:16-18).
Adivinhação: arte de obter conhecimento secreto, especialmente aquele relacionado ao futuro, por meio quase exclusivamente dentro ao alcance de classes especiais de homens.
Espíritos familiares: espíritos que supostamente atendiam à chamada daqueles que tinham poder sobre eles. Provavelmente foram designados "familiares" por serem servos (famulus) pertencentes à família (familiaris) que podiam ser convocados pelo proprietário. A palavra hebraica que os descreve significa "oco", porquanto a voz do espírito talvez se supusesse vir do possuído como se saísse de uma garrafa, ou por causa do som cavernoso que caracterizava as declarações, como se saíssem do chão (ver Isaías 29:4).
Necromancia: consulta aos mortos. A tentativa é condenada nas Escrituras, ainda que não obtenha a sua finalidade.
Encantador: indivíduo que balbuciava encantamentos ou falava com sussurros de ventríloquo, como se estivesse sob a influência dos espíritos dos mortos.
Bruxa: "aquela que sabe". A palavra hebraica significa "mulher com espírito familiar".
Bruxo: "aquele que sabe". No Antigo Testamento, a palavra hebraica sempre denota um homem que pode interpretar as manifestações do médium.
Entre as passagens bíblicas temos Levítico 19:26, 31; Deuteronômio 18:9-14; I Samuel 28; II Reis 21:2, 6; I Crônicas 10:13, 14; Isaías 8:19-22; 19:3; Atos 16:16-18. 


Provavelmente há muitas outras referências, ainda que as adivinhações mencionadas fossem de caráter diferente. Essas passagens ensinam:
(1) Que a busca aos mortos era prática proibida (Êxodo 22:18; Levítico 20:6).
(2) Que o Espiritismo causou a destruição de sete nações; e, juntamente com outros pecados, a morte de Saul (I Crônicas 10:13).
(3) Que Israel corria tanto perigo de apelar para esse pecado quanto a "Cristandade" de hoje.
(4) Que o Egito, como castigo por seus pecados, foi entregue por Deus ao Espiritismo (Isaías 19:3).
(5) Que seu caráter pecaminoso consiste em tentar descobrir causas ocultas, à parte da revelação divina (Deuteronômio 18:11, 14, 15, 20; Isaías 8:19, 20).
(6) Que o Espiritismo rejeita a Cristo (Deuteronômio 18:14, 15).
(7) A luz dos textos acima, o moderno avivamento do Espiritismo parece ter sido claramente predito em I Timóteo 4:1, e talvez também em Apocalipse 16:13, 14 (assim como as rãs vivem na água ou sobre a terra, assim também os demônios vivem na atmosfera ou nos seres humanos).


A Sessão em Endor
Os Espíritas não podem apelar para o trecho de I Samuel 28 em apoio à opinião que o Antigo Testamento sanciona a comunicação com os mortos, proibindo apenas as práticas iníquas que acompanham o Espiritismo em sua forma mais decadente. E isso é evidente à base de I Crônicas 10:13, 14. Ainda que Samuel houvesse realmente aparecido, a passagem apenas significaria que Deus interrompeu a sessão com a sua intervenção.
Que isso é justamente o que aconteceu é sustentado por Keil, Haldeman, Pink, Gray, Panton, Schofield e muitos outros. 


Os seus argumentos são os seguintes:
1. A médium ficou aterrorizada quando sucedeu o inesperado.
2. As Escrituras se referem por cinco vezes a Samuel.
3. A profecia se cumpriu: Saul morreu no dia seguinte e o seu exército foi derrotado.
Não obstante, a única indicação óbvia do retorno de Samuel é o que se lê no versículo quinze: "Samuel disse a Saul ..." 

Todavia, se outras considerações puderem provar que Samuel não apareceu, então essas palavras precisam ser explicadas:
(a) Como tradução do que a mulher disse a Saul.
(b) Ou que foi chamado de Samuel aquilo que se parecia com Samuel, tal como os anjos, que aparecem como homens, são chamados homens (Gênesis 18:1, 2; Daniel 9:21); ou como os homens são chamados deuses porque se assemelham a Deus ou O representam sob certos aspectos ou posições (Salmo 82:6).


Que Samuel não apareceu é sustentado por Hanson, Bavinck, Orr e Honíg. Seus argumentos parecem bastante válidos, embora diferindo sobre o que teria sucedido.
Aqui estão eles:


1. Nem a mulher, nem o seu espírito familiar ("controle") tinham poder sobre Samuel. Deus exercia esse poder.
Mas Ele se recusou a responder a Saul (ver. 6); certamente o Senhor não lhe daria resposta, depois que Saul apelara para um meio proibido, especialmente fazendo algo que Deus nunca duplicou. (Houdini, que por toda a vida foi antagonista do Espiritismo, prometeu à sua esposa que, se tosse possível, viria visitá-la após a sua morte. Durante anos a Sr.a Houdini esperou de acordo com as últimas instruções de seu marido. Finalmente ela apagou a luz que deixara acesa para guiar o espírito em sua busca por ela. Clarence Darrow, o agnóstico, prometeu a Claude Noble, negociante e músico de Detroít, "que se encontrasse uma vida alémtúmulo se manifestaria no aniversário de sua morte." A 13 de março de 1942, o sr. Noble fez a quarta tentativa anual em Jackson Park, Chicago, para entrar em contacto com Darrow. Mas foi tudo em vão, tal como nos anos anteriores. Até mesmo a recitação da oração do Pai Nosso de nada adiantou para ajudar a produzir a prometida "violenta vibração no braço de Noble." E não admira, pois a oração do Pai Nosso, não pode dar certo na tentativa de agir contrariamente à Palavra escrita do senhor.)


2. Depois que Samuel informou a Saul que Deus o tinha rejeitado, o profeta nada mais disse ao rei.


3. O verdadeiro Samuel não teria mentido, dizendo que Saul perturbara seu descanso, se Deus, e não Saul, lhe tivesse ordenado tal; nem dizendo que Saul estaria com ele no dia seguinte (cf. Lucas 16:26).


4. Após ter rejeitado a Saul devido ao pecado da desobediência, e subsequentemente ignorando-o durante muitos anos, no último momento Deus não:
(a) teria cedido ao desejo de Saul de receber outra revelação;
(b) teria agido contrariamente à convicção que Ele sempre impressionou em seu' povo, isto é, que não há contacto entre os vivos e os mortos (Jó 7:10; Eclesiastes 9:6; Isaías 63:16; Lucas 16:31);
(c) teria criado a impressão que buscar informação da parte dos mortos não é tão mau assim, porquanto noutros lugares Deus ordenou que esse pecado seja punido com a morte (todos os Espíritas apelam para essa passagem);
(d) teria afirmado que Saul deveria morrer por causa daquilo que Deus concedera outorgar-lhe (1 Crônicas 10:13).


5. Saul disse à médium a quem deveria chamar. De acordo com nossa explicação sobre os fenômenos psíquicos, a médium sensível teria lido, na mente de Saul, qual seria a aparência de Samuel, e o descreveria como Saul costumava vê-lo (e não como ele estava após a morte).


6. A mulher temeu:
(a) Porque em seu transe ela reconheceu a Saul (ver. 12), que era conhecido como grande inimigo das práticas espíritas (leitura de mente); ver o ver. 3; ou,
(b) Porque ela viu Elohim, espíritos, adejando por cima da aparição que, com "prodígios da mentira" (II Tessalonicenses 2:9), se fazia passar por Samuel.


7. 'Saul nunca viu a Samuel; ele percebeu, pela descrição feita por ela, o que ela via em seu transe.


8. Quanto à profecia, aqui estão diversas possibilidades:
(a) A mulher percebeu o medo de Saul de que o seu fim estava se aproximando. E isso ela predisse.
(b) A mulher leu a profecia feita por Samuel (I Samuel 15:16, 18) que vinha perseguindo a Saul (I Samuel 16:2; 20:31, etc.) em sua mente perturbada, e lhe disse o que ele esperava ouvir.
(c) Se um demônio se fazia passar por Samuel e falou por meio da médium, então ter-se-ia lembrado da profecia de Samuel para fazer uso da mesma.


O Espiritismo sobre a Bíblia
Para que não repitamos a matéria apresentada nos capítulos três e doze, meramente apresentaremos declarações feitas por proeminentes cultistas sobre vários pontos importantes e geralmente aceitos pela doutrina cristã. No capítulo catorze nos lembraremos de passagem que essas doutrinas realmente estão contidas nas Escrituras, e que têm sido cridas pela "santa Igreja universal" de todos os séculos. Também confio que se observará que os vários "ismos" anti cristãos revelam o seu verdadeiro caráter quando denunciam a verdade revelada pela Palavra de Deus.

Quanto ao Espiritismo, este ensina - isto é, diversos Espíritas ensinam, porquanto não há credo oficial do Espiritismo - como segue:


Deus
"Ab-rogamos a ideia de um Deus pessoal."
"Deve-se entender que existem tantos deuses quantas são as mentes que necessitam de um deus para adorar; não apenas um, dois, ou três, mas muitos. . . As nobres árvores da floresta, o sol, a lua, as estrelas, tudo é deus para o indivíduo, porque ministram às necessidades de sua alma. É vão supor-se que alguém pode inclinar-se e servir realmente a um só Deus."
Pergunta feita pela Sr. Connant, médium: "Você conhece algum espírito que seja a pessoa a quem chamamos de Diabo?"
Resposta (através do espírito controlador, numa sessão):
"Certamente que sim, pois esse mesmo Diabo é nosso Pai".


Senhor Jesus Cristo
"Qual é o sentido da palavra Cristo? Não é, como se supõe geralmente, o Filho do Criador de todas as causas?
Qualquer ser justo e perfeito é Cristo."
"Não obstante, parece que todo o testemunho recebido dos espíritos avançados mostra apenas que Cristo era um médium e um reformado r na Judeia; e que agora é um espírito avançado na sexta esfera." - Dr. Weisse."
"Muito acima de todos esses é o espírito maior, que todos eles (os espíritos) conhecem - não Deus, posto que Deus é tão infinito que não está dentro do alcance deles _, mas alguém que está mais próximo de Deus, e que nesse sentido representa Deus. Esse é o Espírito Cristo. Seu cuidado especial é a terra. Desceu à mesma em um tempo de grande depravação terrena - um tempo quando o mundo era quase tão pervertido quanto agora, a fim de dar ao povo a lição de uma vida ideal. E então Ele regressou ao seu próprio alto nível, tendo deixado um exemplo que ainda é seguido ocasionalmente. Essa é a história de Cristo, como os espíritos a têm descrito."
"Cristo foi um homem bom, mas não poderia ter sido divino, exceto no sentido, talvez, em que todos nós somos divinos." - Mensagem por um "espírito".
"Não vejo que Cristo reivindicou para Si mesmo mais do que afirmou ser possível para os outros. Quando Ele se identifica com o Pai, refere-se à unidade da mediunidade.
Ele foi o grande médium ou mediador." - Gerald Massey.
"Assim como Deus é Espírito, isto é, a presença infinita do Espírito agindo através da lei da mediação, o apóstolo, com singular clareza de percepção, proclamou o Nazareno como mediador - isto é, médium - entre Deus e o homem." - Dr. J. M. Peebles.
"No hinário espírita, o nome de Jesus é apagado - por exemplo, 'anjos de Jesus' é trocado para 'anjos de sabedoria'.
Em suas reuniões o seu nome é cuidadosamente omitido nas orações." - Rev. F. Fielding-Ould.
"A concepção miraculosa de Cristo é meramente uma fábula."
"Cristo ressuscitou em espírito. Foi o espírito que apareceu aos discípulos tão constantemente, após a crucificação.
Foi um espírito que subiu ao céu, e é um glorioso espírito que aparece e tem aparecido durante os longos séculos a milhares de cansados cristãos sobre a terra." - Colville. Merece nossa atenção o fato que essas são as palavras de um pregador modernista (F. Phillips) que o Espírita Sr. Colville cita "sem adição nossa para que sua influência salutar seja mantida pela mente de todo leitor atento." 

Que outros modernistas também estão em perfeito acordo com a ideia espírita das aparições de Cristo como materializações, ver Princeton Theological Review, julho de 1922, pág. 487.
"Eu, Jesus, apareci em espírito em 1861, e digo e declaro ao mundo que a nova era ou dispensação já começou, chamada de vinda de Cristo. Começou em cerca do ano de 1847, e conforme é representada e foi falada pelo profeta Daniel e por outros, pela minha vinda como uma nuvem nos céus, com dezenas de milhares de anjos, para cobrir a terra com a minha glória."
"Essa é a segunda vinda - uma vinda em poder e glória - uma vinda de anjos e espíritos ministradores - uma vinda de moralidade e espiritualidade que ilumina todas as inteligências conscientes. li: o retorno sombreador do Cristo vivo. Não haverá qualquer retorno pessoal como os teólogos têm ensinado. Mas haverá e há o retorno espiritual para seu povo, pela voz de seus mensageiros, falando àqueles que tiverem ouvidos abertos; tal como ele disse ... " - Stainton Moses (Imperator).


A Expiação
"Vossa expiação é o próprio clímax de uma imaginação doentia, dotada da inclinação mais injusta e Imoral." - A. J. Davis.
"A doutrina ortodoxa da Expiação é sobrevivente dos maiores abusos dos tempos primitivos, e era imoral desde o âmago. .. A razão dessa doutrina é que o homem nasce neste mundo como pecador perdido, arruinado, merecedor do inferno. Mas que mentira ultrajante!... Porventura o sangue não ferve de indignação ante tal doutrina?"
"Não se pode ver justiça em um sacrifício vicário, nem em um Deus que se deixasse aplacar por tais meios." - A. Conan Doyle.


O Homem
"Nunca houve qualquer evidência de uma queda." - A. Conan Doyle.23
"Precisamos rejeitar o conceito de criaturas caídas. Pela Queda deve-se entender a descida do espírito à matéria." - G. G. André.


A Bíblia
"Não devemos ter o desejo de esconder o fato claro que existem muitas porções da Bíblia que não se amalgamam com o nosso ensino. "
"Asseverar que ela é um Livro santo e divino, que Deus inspirou os seus escritores para tornar conhecida a sua vontade divina, é um grosseiro ultraje e uma peça pregada ao público."


O Inferno
"Posso dizer que o inferno é eliminado totalmente, como há muito tem sido eliminado dos pensamentos de todo homem sensato. Essa ideia odiosa, tão blasfema ao ponto de vista do Criador, originou-se do exagero de frases orientais, e talvez tenha tido sua utilidade em uma era brutal, quando os homens eram assustados com chamas, como as feras são espantadas pelos viajantes. O inferno, como lugar permanente, não existe. Mas a ideia de castigo, de castigo purificador, e de fato, de Purgatório, é justificada pelos relatos vindos do outro lado." - A. Conan Doyle.
"Isso (a ideia de transmigração, dos egípcios antigos) é imensuravelmente superior a qualquer opinião sobre um tormento interminável e inútil, que muitos teólogos cristãos ignorantes têm proclamado ... um conceito para o qual não há nem explicação racional, nem apologia." - Colville.
"Nada existe que possa, com razão, ser designado de inferno, no sentido medieval de condenação eterna; mas existe verdadeiramente o inferno no sentido em que sofrem as dores do remorso quando seu espírito rebelde é quebrantada, e quando, na pobreza sentida de sua alma, começam por ansiar por voltar ao Pai." - Sir Oliver Lodge.
"O inferno é uma grande agência remediadora. A punição do pecado é remediadora. Nenhum grande abismo está posto entre o céu e o inferno." - "Júlia", um suposto espírito que falava através de W. T. Stead.


Os Espíritos
"Todos os espíritos do outro mundo nada são senão as almas daqueles que têm vivido aqui." - Lanslots.
"~e, por conveniência, designamos as altas fileiras (dos falecidos) pelo título de Anjos, e as inferiores como Espíritos Malignos, tenhamos o cuidado de não perder de vista o fato que diferem apenas por serem mais velhos e mais jovens." - G. G. André.


A Reencarnação
O "Kardecismo" no Brasil acredita na reencarnação.
"Esta reencarnação difere da 'metempsicose' dos orientais.
Nesta o princípio anímico sobe a escala: vegetal, animal e humana. Pode haver regresso. A reencarnação, como a entendem os Kardecistas, é fenômeno próprio do espírito humano e não admite regresso. Kardec define: 'Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei."
A Bíblia não ensina a reencarnação. Veja-se Hebreus 9:27; João 1:14; Filipenses 2:6, 7, 8.


A Igreja
"Passo a passo avançou a Igreja Cristã, e ao fazê-la, passo a passo a tacha do Espiritismo foi retrocedendo, até que quase não se podia mais perceber uma fagulha rebrilhante em meio às trevas espessas... Por mais de mil e oitocentos anos a chamada Igreja Cristã se tem interposto entre os mortais e os espíritos, barrando toda oportunidade de progresso e desenvolvimento. Atualmente ela se ergue como completa barreira ao progresso humano, como já fazia há mil e oitocentos anos atrás."
"O Espiritismo está vastamente mais bem fixado que a rocha sobre a qual se tem dito falsamente que Jesus Cristo fundou a sua Igreja ... É por esse motivo que temos sentido ser nosso dever, como amigo sincero do Espiritismo, mostrar o que é o Cristianismo ... Se este último sobreviver, o Espiritismo deve morrer; e se o Espiritismo tiver de sobreviver, o Cristianismo deve desaparecer. São a antítese um do outro ... o Espiritismo Moderno veio para dar ao Cristianismo seu coup de grâce; e aqueles que quiserem impedir esse fluxo são os inimigos da verdade espiritual.

Fica resolvido:
(1) Que as Escolas Dominicais sejam descontinuadas;
(2) que todas as ordenanças e a adoração
cristã devem ser abandonadas;
(3) que a tirania sexual deve ser denunciada;
(4) que a abstinência de carne de animais deve ser imposta." - Conferência espírita efetuada em Providence, Rhode Island (ano de 1920?).
"Exercerei aquele mais precioso de todos os direitos... o direito da maternidade - da maneira que me parecer correta; e nenhum homem nem grupo de homens, nenhuma igreja, nem estado, me poderá impedir da realização dessa mais pura de todas as inspirações inerentes a toda mulher verdadeira, o direito de regenerar-me quando, por quem e sob quais circunstâncias me parecerem mais apropriadas e melhores." - J. M. Spear, uma médium.


Conclusões
Podemos apreciar o fato que o Espiritismo tem chamado novamente a atenção para a existência de um mundo espiritual, para a vida além-túmulo, para a retribuição futura, em um tempo de tão grosseiro materialismo. Porém, quando percebemos que esse conceito espiritual é acompanhado por tanto ódio contra a verdade bíblica, por tão desastrosos resultados físicos e mentais, podemos apenas o condenar do ponto de vista cristão. O Cristianismo e o Espiritismo não podem caminhar juntos.
Pensamos que Rudyard Kipling tinha razão ao dizer:
"Oh, a estrada para Endor é a mais antiga,
E também a mais desvairada de todas.
Vai direta à morada da bruxa,
Como nos dias do rei Saul.
E nada se alterou quanto à tristeza reservada
Para os que descem pela estrada para Endor."


Assista ao Vídeo: O Novo Nascimento


Por Jan Karel Van Baalen

6. Astrologia

A Astrologia rivaliza com o Espiritismo pela honra de ser o culto mais antigo. Talvez tenha sido primeiro praticada pelos caldeus em Babilônia onde, depois de gozar de alta estima, foi por fim desprezada como sendo mera chicana.
Do império medo-persa caminhou para a Grécia, sob a influência dos esforços de Alexandre, o Grande no sentido de harmonizar o Oriente e o Ocidente; e consta que ali, na Grécia, foi primeiro desenvolvida com caráter de ciência por Ptolomeu. Alguns astrólogos são de parecer que toda a mitologia greco-romana se baseava na Astrologia.


Israel, sob a influência da idolatria nativa da Palestina e Síria, por sua vez afetada pela Babilônia e a Pérsia e mais tarde pela civilização greco-romana, abrigou, em várias ocasiões, devotos convictos da Astrologia, embora o Antigo Testamento não o visse com bons olhos. Devemos lembrar que a Judeia foi em tempos passados província persa e romana.
Na China antiga a Astrologia estava em moda antes do ano de 2154 A.C., quando os astrólogos Ri e Ho foram depostos pelo seu fracasso em não terem previstos um eclipse do sol. Entre os Indus os escritores clássicos sobre Astrologia foram, Garga, Parachara e Mihina. Tiveram legiões de comentadores.


Na Índia a Astrologia teve sempre e ainda tem um predomínio tremendo sobre todas as fases da vida. "O astrólogo é talvez o funcionário de maior importância na vida social e religiosa do povo. Nenhum casamento pode ser realizado sem que o horóscopo da noiva e do noivo se harmonizem.
Nenhuma função social ou doméstica de importância, e, principalmente, nenhuma cerimônia religiosa, pode ser efetuada a não ser nos dias e momentos chamados auspiciosos. .. A Astrologia é a mão direita do Induísmo, tendo autoridade suprema na direção de quase todos os seus negócios."
Na idade média a Astrologia era muito praticada nas terras maometanas. Talvez por causa da íntima relação que de início existia entre a Astrologia e a Astronomia, ao ponto de se identificarem, tem havido diferença de opinião, mesmo entre os cristãos, quanto a seu valor. Assim se informa que Melancton ensinou Astrologia na Universidade de Wittenberg, defendendo esse modo de proceder pela citação de Gênesis 1.14 e Jeremias 10.2, e que Calvino escreveu em contrário ("Contre l'Astrologie") .
O grande Kepler (1571-1630) acreditava piamente na Astrologia, como também Dryden, o Arcebispo Usher, Dr. John Butier e muitos outros.


Popularidade Atual
Hoje,de maneira crescente, os astrólogos são consultados.
Brochuras contendo horóscopos e conselhos astrológicos, comodamente encaixados no meio de estórias "bangue-bangue" e revistas "detetive ," encontram-se em muitas bancas de jornais. Afirma-se com toda a certeza que dezenas de homens e mulheres de negócios não se atreveriam a encetar qualquer empresa importante sem primeiramente consultar as estrelas (ou, mais exatamente, os planetas), do mesmo modo que, antanho, as matronas alemãs advertiram a Aríovistus que não podia vencer uma guerra contra César se a iniciasse antes da lua nova.
Os devotos da Astrologia nos Estados Unidos do Norte têm sido calculados atualmente em cinco milhões. Não se sabe, realmente, quantos brasileiros são devotos da Astrologia.
Afirma Charles S. Braden que é "provavelmente a principal técnica de adivinhação em uso corrente no mundo ocidental."
Surge, portanto, a questão de se a Astrologia é uma ciência e um passatempo legitimo, ou uma seita religiosa e uma superstição. (Todos os dicionários apresentam uma definição do vocábulo "superstição" que destaca tanto seu sentido semirreligioso como fatores irracionais.)


A "Ciência" que é a Astrologia
"O homem que mantiver os princípios de Newton," escreveu Sepharial, "referentes à solidariedade do sistema solar, a interação dos corpos planetários e seus consequentes efeitos eletrostáticos sobre a Terra, não poderá, enquanto estiver sujeito ao ar que respira, negar os princípios fundamentais da Astrologia."
Para podermos compreender mesmo um pouco dessa "ciência" e de seus princípios, precisamos primeiro compreender o sentido de certos de seus termos principais.
"O Zodíaco é uma faixa imaginária nos céus na qual se movem o sol e os planetas em suas aparentes rotações em torno da Terra."


A Eclíptica é um círculo que transeciona essa faixa em ângulo de 23° 27' com o plano do Equador. Os pontos onde corta o Equador são chamados os Equinócios.
A Eclíptica é dividida em, doze secções iguais, a partir do Equinócio Vernal. Essas partes são chamadas os Signos do Zodíaco. Cada signo ocupa 30° do círculo. Diz-se que uma pessoa está "sob" determinado signo, ou seja, debaixo de sua influência, quando o signo se levanta no oriente no momento de seu nascimento.


Ademais, cada signo tem um planeta que o governa, tendo maior influência sobre aquela parte do Zodíaco.
Assim, diz-se que o planeta Saturno governa Aquário e Capricórnio; Júpiter governa Peixes e Sagitário; Marte governa Tauro (Touro) e Libra (Aries); Mercúrio rege Gêmeos e Virgem; a Lua, a Câncer; e o Sol governa Leão.
"Os aspectos (ou situações) astronômicos são certas distâncias angulares que se medem sobre a Eclíptica, e formam parte fundamental da ciência astrológica. Qualquer planeta pode ser bom ou mau em seus efeitos sobre o caráter, ou o destino, conforme o aspecto que forma com os principais do Horóscopo.


Esses aspectos são:
o semiquadrado de 45°,
o sextil de 60°, o tetrágono de 90°,
o trino de 120°,
o sesquiquadrado de 135°
e a oposição' de 180°"


Os aspectos bons são o trino e o sextil, sendo os maus o semiquadrado, o tetrágono, o sesquiquadrado e a oposição.
Há também a conjunção, quando dois astros estão no mesmo grau ou parte de um dos signos. Os planetas em conjunção atuam de acordo com sua respectiva natureza simples, mas quando estão em aspecto, de acordo com a natureza do aspecto.
Temos então o termo Casas. O círculo imaginário que passa sobre a cabeça de quem olha para o sul ou o norte é chamado a Prima Vertical. Esta é dividida para fins astrológicos em doze divisões iguais chamadas Casas, seis das quais ficam acima do horizonte e seis abaixo.

Finalmente, temos o termo horóscopo (do grego hora, e skopos, vigia). Um horóscopo é uma carta (ou "gráfico celeste") da posição dos planetas com relação uns aos outros em determinada ocasião, notavelmente a ocasião do nascimento de uma pessoa, o que é considerado como determinante de seu destino, ou pelo menos apto a influenciá-lo.
Lançar um horóscopo (ou "levantar o gráfico celeste") é preparar uma dessas cartas de modo a poder calcular a influência dos astros sobre a vida da pessoa. (O Dicionário de Oxford define o lançamento de um horóscopo como "o cálculo do ponto da eclíptica que está acima do horizonte oriental em determinado momento, a saber, o do nascimento de uma criança, e dai construir uma figura astrológica dos céus de modo a determinar a influência dos astros sobre sua vida e sorte.")


As instruções apresentadas em livros sobre Astrologia, pelas quais o amador pode preparar seu próprio horóscopo, mistificam e são difíceis de se entender, ou pelo menos é essa a experiência do presente escritor. Reiteram-se advertências
de que leva muitos anos de estudo diligente da trigonometria e ciência paralelas para habilitar uma pessoa a preparar e ler horóscopos corretamente, razão pela qual não é de se admirar que o cidadão médio prefere comprar uma das numerosas revistas que, sem mais cerimônias, proíbe ou recomenda determinadas atividades para muitos meses futuros.


Afirmativas Astrológicas
É simplesmente estarrecedor o que os astrólogos afirmam de suas previsões. Lemos sobre astros cuja natureza é maléfica e outros cuja influência fundamental é salutar.
Como, porém, são atribuídas a cada planeta duas Casas que modificam sua influência enquanto está nelas, a má _ influência de um planeta mau pode, em determinadas condições astronômicas, ser neutralizada ou reduzida.
Afirma-se que Urano produz a morte mediante catástrofes súbitas; Netuno, por assassínio; Saturno, por pancadas e quedas; Marte, por cortes, queimaduras e perda de sangue. Fico a imaginar se essa má influência se baseia em fatos, quando nos lembramos que Deus fez tudo bom, inclusive os astros.


Lê-se mais que os planetas "benéficos" de Júpiter, Vênus, Sol e Lua "produzem bons efeitos quando em boa disposição com outro planeta ou em signo favorável, mas que esses astros bons são "uniformemente maus" quando "em aspecto tetrágono"!
O assunto torna-se ainda mais confuso quando lemos da influência que, segundo se afirma, certas condições entre os planetas exercem. 

Assim, atribui-se ao nascimento da pessoa sob determinado signo do zodíaco a sua altura, a feição de sua fisionomia, seu nariz, sua boca, a cor de seus cabelos, etc. "Quando a quarta Casa contém planetas benéficos, haverá paz e conforto na velhice, ou no fim da vida, seja qual for a ocasião em que for determinado."


Partindo de todas as interações dos astros, os astrólogos afirmam possuir a capacidade de prever a maneira do desenvolvimento do caráter humano, quando é provável que ocorram determinados acontecimentos, quais as reações humanas que tendem a seguir-se, etc.
Tendo a sua disposição tais conhecimentos ocultos, não hesitam em oferecer conselhos quanto à conveniência do casamento entre determinados indivíduos. "Que aqueles que estiverem mal casados confrontem seus horóscopos e verão os sinais da discórdia a que fazemos referência acima."
"Júpiter, em bom aspecto com a Lua a partir da décima primeira Casa, revelará ganho por amigos, conselheiros e medidas cooperativas, porque a décima-primeira Casa demonstra ganho pelo cônjuge se estiver em bom aspecto com a Lua, ou perda se estiver em mau aspecto."


Quase não há assunto sobre o qual os astrólogos não possam oferecer conselhos úteis. Viagens por terra ou mar, perigo de afogamento, são indicados pela posição dos planetas.
Certas pessoas devem ser evitadas pelo perigo de trazerem infortúnio à vida porque o Sol está na mesma longitude com seus planetas maléficos. Por outro lado, basta verificar os lugares - dos planetas benéficos e também da Lua, e suas datas solares correspondentes, para achar as datas de nascimento das pessoas cuja amizade convém cultivar e com as quais se pode associar em benefício mútuo.
Astrólogos alegam possuir a capacidade de prever, pela posição dos planetas nas diversas Casas, não só que se aproxima o fim de determinada pessoa, mas também se a morte virá tranquilamente e em ambiente agradável ou não. Até a causa da morte pode ser prevista.
Períodos de boa ou má sorte são determinados relacionando o nascer, o pôr e a passagem meridiana dos planetas depois do nascimento - Assim os planetas são levados a seus lugares ou aspectos na Raiz (Radix) ou horóscopo de nascimento.
Afirma-se que esse método intrincado foi descoberto por Ptolomeu e confirmado por Kepler.


Além de tudo isso, há os "efeitos do trânsito", ou seja, dos planetas sobre os lugares do Significador (o planeta que rege a Casa) por ocasião do nascimento. Assim, os eclipses do Solou da Lua, segundo se afirma, afetam seriamente a saúde quando caem no lugar de qualquer Significador no horóscopo de nascimento.
Finalmente: cada divisão ou Casa traz seu próprio sentido para o corpo humano. A primeira Casa rege a aparência pessoal, principalmente a fisionomia e a cabeça; a segunda Casa rege o pescoço, a garganta e também as finanças, os bens móveis e o comércio; a terceira Casa não só governa viagens breves, cartas e outros meios de comunicação, mas também, no corpo, os braços e as pernas. E assim prossegue até a décima-segunda Casa, que rege as tocaias, restrições, privações e, no corpo, os tornozelos e os pés.


A Astrologia e a Bíblia
As referências específicas à Astrologia, na Bíblia, são relativamente poucas, porque o assunto se encontra sob o título geral de adivinhação, que é terminantemente proibida, como sendo uma forma de idolatria.?
Contudo, encontram-se referências à Astrologia em Amós 5.21-26 e Atos 7.41-45. Em Amós, Quium ou Moloque, o ídolo dos amonitas e fenícios, era intimamente ligado tanto ao touro solar como ao 'planeta Saturno.
2 Reis 23.5 contém uma alusão ao Zodíaco. Isaías 47.13 denuncia os astrólogos como "os que dissecam os céus e fitam os astros, os que em cada lua nova te predizem o que há de vir sobre ti."


A palavra mago ocorre apenas uma vez no Antigo Testamento, em Jeremias 39.8,13 (Rabe-Mague) e duas vezes no Novo, onde os magos chegaram a Belém (Mt 2.1,7,16).
O nome de Elimas é traduzido por mágico (At 14.6-8).
Em Isaías 14.12, estrela da manhã refere-se a Vênus, e daí, figuradamente, ao rei de Babilônia. Os magos de Nabucodonosor presumem-se ter sido astrólogos, como também os magos egípcios antes deles.
Josias, em sua obra de reforma, removeu os astrólogos (2 Rs 23.5).
Os Magos no Evangelho de Mateus Capítulo 2
Têm-se escrito inúmeros artigos e ensaios sobre os magos que vieram do Oriente a fim de achar e adorar o recém-nascido Messias. O problema, do ponto de vista cristão, é a questão de como Deus podia aprovar o fato de serem astrólogos ou, pelo menos, não tomar conhecimento disso, quando nos demais casos as Escrituras tomam posição negativa para com a Astrologia. Resumindo o assunto, não temos praticamente base nenhuma. Admite-se universalmente, porém, que esses magos eram astrólogos.


Quanto a sua origem, as opiniões têm divergido muito.
Pérsia, Pártia, Babilônia e até mesmo o Egito, têm sido sugeridos como sendo a terra de onde partiram. Tertuliano propôs a Arábia, citando o Salmo 72.10,15 e Isaías 60.6.
Assim permanecemos às escuras sobre se eram sacerdotes do Zoroastrismo és, portanto, monoteístas, ou babilônios, ou apenas uma casta sacerdotal inclinada à magia.
Também não dispomos de elementos para determinar se a palavra "mago" em Mateus 2 é empregada no sentido primitivo e favorável que possuía na antiguidade, ou no sentido posterior e desfavorável.


Igualmente não podemos dizer se a previsão pelos magos do nascimento iminente de um rei judaico remonta à profecia de Balaão (Nm 24.17) ou se deriva da esperança messiânica corrente em Israel na ocasião.
Sobre a natureza do fenômeno sideral que levou os magos a viajarem até a Palestina e sobre o desaparecimento e reaparecimento da estrela, são numerosas as teorias que têm sido sugeridas, porém, todas são meras hipóteses. De que modo uma "estrela" podia parar sobre uma casa, continua sendo um mistério.
Talvez seja melhor concluirmos com Bendecke no Dicionário da Bíblia de Hastings: "Somos forçados a supor que os magos, seja qual for sua própria nacionalidade, tenham derivado de fontes judaicas a sua inferência de que nascera um rei dos judeus. 


Parece não haver dúvida de que a vinda do Messias era esperada entre os judeus por aquele tempo (Lucas 2.25); e, embora a idéia largamente espalhada no Oriente, de que um Messias judaico iria conquísrar o mundo, só tem confirmação para período posterior (Edersheím, The Life and Times of Jesus the Messiah, I, 203), seria possível que autoridades judaicas, no caso de serem consultadas a respeito do aparecimento de um fenômeno astronômico excepcional, o tivessem atribuído à vinda do Messias."
Acrescenta o mesmo autor: "O recém-nascido rei dos judeus recebe homenagem de sábios orientais; suas crenças (a não ser a referência à estrela, que não implica em qualquer opinião sobre a Astrologia em geral) não são mencionadas e, por isso mesmo, não são nem louvadas, nem censuradas."
A essa declaração pode ser acrescentada esta nota do Dicionário da Bíblia de Smith: 'Parece que os magos de Mateus 2 eram 'a um tempo, astrônomos e astrólogos, mas, sem mistura de fraude consciente com sua busca de conhecimentos mais elevados.'
Cabe talvez citar aqui a conclusão de Pedro em Atos 10.35: " ... em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável." 


A esse respeito escreveu Dr. Charles R. Erdman: "Sua primeira sentença parece ter sido muito mal entendida. Pedro não queria dizer que Cornélio já era salvo e que em todas as nações homens como Cornélio são salvos sem nenhum conhecimento de Cristo, mas, antes, que por meio de Cristo os homens de todas as nações podem ser salvos ainda que não sejam judeus. Pedro tinha aprendido que homens como Cornélio eram aceitáveis a Deus no sentido que podiam ser salvos quando o Evangelho lhes era apresentado. Ainda faltava a Pedro aprender que semelhantemente um gentio depravado podia ser salvo da mesma forma, e não apenas os piedosos e devotos." Em outras palavras, quem vive de acordo com a luz da natureza a sua disposição não é "entregue a uma disposição mental reprovável" (Rm 1); ao contrário, está em condições de receber maior luz.


Assim concluímos com o tema e divisão de um sermão do falecido Dr. K. Schilder de Kampen: "Os Magos e a Palavra de Deus." "Os magos foram, primeiro, atraidos pela palavra de Deus na natureza; segundo, conduzidos então pela palavra de Deus na Bíblia, e, terceiro, levados a adorar a Palavra de Deus Encarnada."

Conclusão:
1. As revistas populares que fornecem conselhos para muitos meses futuros, sem levar em conta datas individuais e localidades de nascimentos, são sem valor mesmo do ponto de vista da Astrologia séria. É fundamental para esta a convicção de que somos permanentemente "carregados" de acordo com o signo sob o qual nascemos individualmente.


2. A Astrologia é de origem semi-religiosa, pagã e idólatra.
Os babilônios dividiam o Zodíaco em três seções, que eram controladas pelos seus três deuses principais. O que acontecia sobre a terra correspondia ao que ocorria no céu.
Os gregos sabiam da existência de maior número de planetas e colocavam estes sob o domínio de seus ídolos:
Netuno, Vênus, Marte, etc. Entendia-se que cada um desses deuses manipulava seu planeta para promover seus próprios interesses.


3. Maunder cita "um dos principais astrólogos hoje vivos" nos seguintes termos: "O verdadeiro astrólogo crê que o Sol é o corpo do Logos de seu sistema solar. "Nele vivemos, e nos movemos, e existimos." Os planetas são seus anjos, sendo modificações da consciência do Lagos" (Knowledge, XXIII, 228).
O escritor americano de um manual de Astrologia confessou abertamente que ele subia diariamente ao meio-dia ao telhado de sua casa para cultuar o sol.


4. Merece menção que as capas das brochuras de hoje sobre Astrologia anunciam simultaneamente livros sobre quiromancia e outras superstições, citando textos bíblicos como: "O que profetiza, fala aos homens, edificando, exortando e consolando" (1 Co 14.3).
5. A divisão em doze Casas é, conforme comenta Rogers, "inteiramente arbitrária."

6. Uma vez que uma "profecia" só pode revelar-se certa ou errada, há naturalmente uma possibilidade de cinquenta por cento que as previsões dos astrólogos saiam favoráveis a eles.


7. Gêmeos, nascidos sob condições planetárias idênticas, muitas vezes se revelam personalidades inteiramente diferentes.

8. Está muito bem que o livro Astrology and You (A Astrologia e Você) de Carroll Richter coloque no início de cada uma de suas seis partes a citação: "Os astros impelem mas não compelem! O que você fizer de sua vida depende em grande parte de você!" Mas isso nem sempre anula o fato de que a dependência das previsões da Astrologia torna o homem propenso a depender antes da sorte do que de Deus. A obediência à influência orientadora do Espírito Santo é substituída pela submissão abjeta às forças mudas da natureza.
"Descubra" - ordena a, primeira capa do livro de Richter - "como ter maior êxito e gozar de maior felicidade! Descubra o que os astros têm para você! Descubra como as estrelas modificam seu futuro!" Uma criança adquire seu mau gênio, não do sol, da lua ou dos planetas, e, sim, evidentemente, por herança e pelo exemplo; e o Cristianismo lhe aponta o poder renovador e a graça santificadora do Espírito Santo.
Não são os astros, e sim Deus que é nosso governador e guia. "Deus é fiel, e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar" (1 Co 10:13). Essas palavras foram escritas para nos pôr em contato com nosso Senhor Jesus Cristo. E não é em vão que se fazem seguir destas outras: "Portanto, meus amados, fugi da idolatria" (1 Co 10.14). A Astrologia é idolatria.

9. A volta do Oriente sobre o Ocidente, ilustrada por livros do tipo de Comparative Studies in Philosophy (Esdudos Comparativos de Filosofia) de Radhakrishnan e pelo crescimento da Astrologia, do Espiritismo, da Teosofia e seitas semelhantes, tornou-se possível pela apostasia de grandes grupos do mundo ocidental que anteriormente se diziam cristãos. "Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas" (Jr. 2.17).


Assista ao Vídeo: Como livrar-se dos vícios da alma?


Por Jan Karel Van Baalen

7. Umbanda

Trata-se de um culto de origem africana que se chama Umbanda. Umbanda é no Rio de Janeiro, capital umbandista no Brasil, e em São Paulo, o nome genérico para os cultos que se chamam Xangôs no Pernambuco ou Candomblés na Bahia.
"A Umbanda veio com os escravos, do rio Congo, de Angola e de Moçambique, viajou nos porões dos navios negreiros, aliviou suas dores nas noites de senzala.

Proibida de existir oficialmente, pois o Catolicismo Romano era a religião dos colonizadores, incorporou São Jorge, Santo Antônio e outros aos seus espíritos, fazendo o mesmo com os caboclos e divindades indígenas e com a seita de Allan Kardec. Perseguida, ridicularizada sob o nome de Macumba, prosseguiu assim mesmo. Hoje tem cem mil 'terreiros' em nosso país, já se espalha pela América Latina e chega aos Estados Unidos onde há a Umbanda Pietures Corporatíon." (Zora A. O. Seljan, na revista "Enciclopédia", julho de 1968.)


Embora de base africana, a Umbanda é religião brasileira, gerada por sincretismo com veios ameríndios, europeus (Catolicismo Romano e o Espiritismo Kardecista) e asiáticos. Como alguém já disse, é culto hospitaleiro; vai acolhendo na família panteônica divindades estrangeiras, vultos da lenda, da história e heróis populares. Diz-se, no entanto, que as práticas do culto na Bahia e no Pernambuco são menos sincretizadas, conservando melhor a pureza de suas origens africanas.
Cultos Afro-brasileiros
Dois grupos étnicos africanos vieram realmente contribuir para a formação dos assim chamados "cultos afro-brasileiros"; os Sudaneses e os Bantos. No Brasil, tornou-se dominante a religião sudanesa, a dos Yoruba, entre as modalidades religiosas de origem africana.
Tanto o culto de origem sudanesa, como o de origem banta, ligam suas práticas às da religião católica. Mas, predominando o culto dos antepassados entre os Bantos que se identificam com as coisas para melhor conhecê-las, inclusive, portanto com as almas, tiveram eles facilidade de fundir seus ritos com os dos Sudaneses (De fato, todo o panteão umbandista é de origem sudanesa e os Bantos também aceitaram quase todo seu ritual.) e constituíram meio excelente para o posterior sincretismo com as correntes espíritas de Allan Kardec.
Importantes ideias kardecistas integram-se gradativamente no mundo umbandista. A teoria das reencarnações sucessivas, a ideia da evolução cósmica e a doutrina do Karma, transpostas para classes sociais de menor preparo intelectual, combinam-se com a estrutura sacral. As influências kardecistas atuam no sentido de diminuição da elaboração ritualística e da ênfase mágica dos "terreiros" de Umbanda e fazem que ela se aproxime mais da austeridade kardecista. Em São Paulo, o "alto" Espiritismo (A Umbanda é às vezes chamada de "baixo" Espiritismo) serve de instrumento de adaptação da tradição africana para uma prática religiosa mais em harmonia com o estilo de vida urbana e racional.


Embora a religião sudanesa admitisse a existência de um Deus superior, Olorum, seu nome está praticamente esquecido no Brasil e existe pouca informação de culto ou preces especiais a essa entidade. Toda religião gira em torno dos Orixás, entidades divinas, com histórias e atributos próprios, correspondendo a um panteão. Esses deuses africanos foram identificados, com certas diferenças regionais, com santos católicos, talvez com a ideia de escapar à pressão exercida pela Igreja no perfodo da Escravidão, subterfúgio que entrosou muito bem com o sincretismo que sempre tem caracterizado o desenvolvimento do culto aqui no Brasil.


Assim, Oxalá é identificado com o Cristo. Xangô corresponde a São João Batista e São Jerônimo; Yansã, a Santa Bárbara; Ogum, a São Jorge; Oxossi, a São Sebastião, etc. Exu, o deus brincalhão dos Yoruba, já foi identificado com o diabo, por sua habilidade de praticar malefícios e prestar-se a feitiçarias. É interessante notar, de ponto de vista evangélico, que de todos os deuses do panteão africano, ele consegue guardar sua identidade. 

É ele que é o agente das magias. Os Umbandistas o temem e reconhecem seu poder malévolo.
A essência da Umbanda consiste na incorporação dos deuses e, na prática brasileira, outros espíritos nos "Filhos de Santo", durante as festas religiosas. Na tradição africana, o "Orixá" "toma" a "Filha do Santo"; em contraposição, o "cavalo" da Umbanda sincretizada é possuído por um espírito desencarnado - um "Preto Velho" (alma de escravo, de antepassados africanos, ou uma alma de amigo ou parente recém-falecido e que se destacou na seita) ou "Caboclo" (antepassado índio simbolizando uma tribo ou indivíduo).

Essa diferenciação essencial não se realizou rapidamente.


Mais bem, o processo de evolução umbandista tem produzido um sistema que não só consegue manter o politeísmo africano, com o prestígio dos seus deuses, a tradição e as lendas, a música e as danças, a eficácia da magia; mas, também, praticamente, provê uma comunicação com os espíritos desencarnados que é bem mais fácil e funcional.
Isto proporciona o acesso de todos ao contacto espiritual e milhares de médiuns têm se levantado para ministrar às necessidades dos adeptos. Em seu excelente livro Kardecismo e Umbanda, Cândido Procópio Ferreira de Camargo chama este desenvolvimento umbandista de "democracia na religião. .. (um sistema) longe dos deuses superiores que se dignam apenas a dançar, altivos, no meio dos homens."


Segundo a articulista Zora A. O. Seljan, escrevendo na revista mensal de cultura, "Enciclopédia", de julho de 1968, realiza-se a Umbanda de quatro formas litúrgicas diferentes e variações afins a alguma delas, "os quatro feitios ou faces da Umbanda." Citando Flávio Costa Fabico, ela descreve os diversos tipos de reuniões.


1) O Espírito: o mestre do culto fica sentado numa mesa, não usa roupas especiais ou veste-se de branco. Não há "gira" (a roda ritual formada pelos "Filhos da Fé").
Manifestam-se, como numa sessão espírita, os "Pretos Velhos" e os "Caboclos". Não incorporam "Orixás" (deuses). Recusa-se a misturar os "Orixás" com os antepassados.
Esta primeira modalidade é a que prega com mais afinco a sua doutrina, havendo preferência pelas orações. Não se admite as "curimbas" nem os "pontos riscados" (desenhos cabalísticos que são feitos em tábuas ou no chão no início da sessão). Dificilmente acompanham as orações com palmas ritmadas.


2) Ritualista: o mestre (o "Pai ou Mãe de Santo") do culto dirige a "gira", ao som de palmas ritmadas e "curimbas". Todos se apresentam de branco. Usam "guias" (entidades que se incorporam no médium e que dirigem espiritualmente a casa ou o médium). Costumam sair para dançar nas praias ou matas, quando podem levar algum "atabaque" (tambor sagrado).


3) Ritmada: o mestre do culto age como na segunda modalidade. A diferença é a inclusão de instrumentos musicais de derivação africana.


4) Ritmada e Ritualista: são usados instrumentos musicais e roupas típicas coloridas. Existem "assentos" (altares de material sagrado onde o deus mora ou se assenta, ou descansa) para os "Orixás", e os "atabaques" são consagrados. É a modalidade que mais influência tem dos candomblés e cultos yorubas.


A mesma articulista afirma, "Das dessemelhanças internas da seita, especificadas nas quatro faces da Umbanda, pode-se afirmar que a segunda e a terceira sejam as mais professadas e isto por motivos econômicos. Na primeira categoria figuram os Umbandistas 'intelectualizados', próximos do idealismo kardecista, em geral, pessoas da classe média que se constrangem nos ambientes mais populares das outras modalidades. Na segunda categoria estão os que não se podem proporcionar condições ambientais para praticar, a terceira e quarta categorias - daí as palmas em lugar dos "atabaques" e as acomodações necessárias. Razões econômicas também generalizaram o uso das roupas brancas, mais econômicas que as roupas típicas das entidades.
A quarta categoria é mais atraente (do ponto de vista secular) pela beleza visual das danças e das roupas.
Pode-se chamá-la do lado folclórico da Umbanda, enquanto a segunda e a terceira serão a Umbanda popular e a primeira a Umbanda 'puritana'!"


Por sua origem e tradição a Umbanda se restringe ao grupo primário formado pelo "terreiro". Neste grupo se instituiu uma formalizada liderança sacerdotal exercida pelo "Pai ou Mãe de Santo': Os "cavalos" (médiuns que servem de "montarias" para os espíritos que os incorporam), os "cambonos" (auxiliares do Pai de Santo que assistem os cavalos quando eles, possessos dos espíritos, entram em transe para fazer seus trabalhos mediúnicos durante as reuniões) e os "ogans", espécies de protetores prestigiosos, constituem a hierarquia do "terreiro".


Parece que há três tipos de adeptos da Umbanda: "ativos", "participantes" e "eventuais":


Os ativos são os dirigentes do "terreiro", os cavalos desenvolvidos com domínio de suas faculdades mediúnicas, os cavalos em desenvolvimento e os cambonos. Outros são aqueles que realizam com mais rigor as precauções ritualísticas e que têm melhor conhecimento doutrinário e convicções firmes.
Os participantes, embora frequentadores habituais dos "terreiros", são aqueles que procuram as entidades para resolver seus diversos problemas, mas que possuem conhecimentos precários da doutrina. O sincretismo de suas convicções é maior e estão afastados da intimidade do ritual.
Os eventuais são os assim chamados "interesseiros" que se dirigem às reuniões nas horas de dificuldade. Frequentemente ignoram a doutrina e pouco compreendem o ritual, Recebem explicações dos "guias", "passes" e bênçãos e, de modo geral, acreditam na eficácia das práticas da Umbanda, mas, em geral, se definem como Católicos. Resolvido o problema, não frequentam mais as reuniões, permanecendo, porém, dispostos a voltar quando necessário.


Para uma fascinante descrição e uma explicação lúcida do tipo de "gira" mais afastado do Kardecismo, veja-se o livro Kardecismo e Umbanda, págs. 43-51, que já foi mencionado nesta discussão. Vale a pena o estudante adquirir este livro publicado pela Livraria Pioneiro Editora de São Paulo.
Segundo Ferreira de Camargo, autor deste livro que tem servido de fonte primária para este breve estudo de Umbanda, há muitas manifestações mediúnicas nestes cultos, os "cavalos" sendo "tomados" pelos espíritos que sacodem violentamente seus corpos e fazem que rodopiem e dancem em transe, já transformados, num modo de dizer, nas entidades que os possuem. 

Depois, assentados em banquinhos e fumando seus cachimbos e charutos, atendem a fila de consulentes. Diante do espírito que escolha (geralmente cada pessoa tem predileção por determinado "Caboclo" ou "Preto Velho") o consulente abre o coração, faz seus pedidos, explica suas dificuldades. A entidade responde através do cavalo, sendo necessário, por vezes, que um cambano seja chamado a traduzir a língua complicada que fala.
Ferreira de Camargo comenta que aos olhos do fiel aquele espírito desvenda os mistérios de sua vida, descobrindo-lhe as causas de seus problemas. "A piedade e a esperança estampam-se em sua fisionomia quando recebe os 'passes', as bênçãos e o consolo de que necessita."
Eis um exemplo atemorizante dos poderes diabólicos que visitam os "terreiros". Pode ser que haja bastante falsidade e engano nestas supostas manifestações, mas é bem certo que em muitíssimos casos os espíritos realmente se incorporam ao convite dos Umbandistas, espíritos malignos, demônios, que iludem o povo.


A Umbanda não tem um corpo doutrinário coerente ou codificado. É uma religião bastante complexa e elaborada que se está formando no Brasil, à base do sincretismo, herdeira do ritual yoruba, adotando filosofia católica acrescida de profunda certeza na reencarnação, na lei kármica dos budistas e praticando incorporações mediúnicas conforme os cultos bantos, sincretizados com o Kardecismo.
Há alguns que declaram que é impossível codificar a Umbanda, embora que haja uma ânsia da parte de alguns, principalmente entre os grupos mais conservadores, para criar um sistema coerente. 

Calcula-se que mais de 400 volumes sobre Umbanda foram publicados no Brasil. A extraordinária variedade doutrinária que transparece nesses livros é ainda maior do que a proliferação multiforme dos "terreiros". Os dirigentes dos "terreiros" tratam a literatura com certo descaso, criticando suas imperfeições e mistificações e atribuindo-lhe qualidades de informação secundárias e subordinadas, em comparação com seu próprio aprendizado e "iniciação". Sua autoridade não deve sofrer desprestígio, em confronto com a palavra escrita.
Cada mestre tem suas teorias, combinando e interpretando de mil maneiras os ritos da Macumba. Seria impossível descrever os pormenores das inúmeras modalidades, que cada Pai de Santo defende com intransigente convicção.


Um espírito de animosidade caracteriza a atitude mútua de muitos dos dirigentes: Os "terreiros" lutam entre si e a natureza carismática da liderança local torna difícil o exercício da autoridade doutrinária ou institucional. As instituições que conseguem representar diversos grupos de "terreiros" se atacam violentamente, em nome de princípios doutrinários e ritualísticos, ou, o que mais frequente, alegam a completa inautenticidade religiosa dos competidores.


Como criar ordem de tal confusão doutrinária, ritualística e política?!
Não resta dúvida de que o Espiritismo tem sido o principal fator de alteração das religiões africanas, especialmente em São Paulo, modificando seu conteúdo doutrinário e prático. Em muitos lugares os Umbandistas mais ortodoxos sempre se dizem "Espíritas" (empregando o termo na denominação de suas instituições (Veja, por exemplo, Federação Espírita de Umbanda, União Espírita de Umbanda, Confederação Espírita Umbandista do Rio de Janeiro, etc.).
Só especificam eles mais tarde, quando necessário, a natureza umbandista de seu Espiritismo.


Cândido Procópio Ferreira de Camargo, procurando esclarecer o papel do Espiritismo na formação da doutrina umbandista, escreve: "Devemos lembrar que os africanos, embora reconhecendo a existência da alma dos mortos, os 'egum', as afastavam; eram elas 'despachadas' nos enterros e nunca admitiam sua presença nas reuniões religiosas. 'Orixá' e 'egum' não se misturavam."
Mas vemos claramente na Umbanda atual que esta mistura existe e que a ênfase mediúnica na seita cresce cada vez mais. Com a assimilação da interpretação espírita da mediunidade, as entidades que "baixam" nos "terreiros" são, via de regra, dos dois tipos já mencionados: "Pretos Velhos" e "Caboclos". Estes se ligam aos "Orixás" pelo complexo sistema das falanges e legiões, derivado, sem dúvida, da concepção angélica do Catolicismo, para proteger a hierarquia africana de "Orixás", pondo cada deus no comando de sucessivas hierarquias de espíritos ou falanges, para assim reconciliar as ideias africanas e espíritas. 


A substituição dos deuses pelos espíritos constitui um processo muito sutil, que encerra as contradições e o jogo das adaptações funcionais em uma auréola de ambiguidade. Constitui, de fato, uma forma de se reconhecer a superioridade espiritual do dirigente, que recebe, em geral, entidades mais elevadas na hierarquia, chefes de falanges - em comparação com os "cavalos" comuns, montarias de "Pretos Velhos" e "Caboclos".
"Quanto mais próximo do Kardecismo, maior ênfase na interiorização da experiência religiosa, no aprendizado doutrinário e na vida moral, como base do desenvolvimento mediúnico em fase marcada do progresso espiritual. Quanto mais próximo do Kardecismo, mais se aconselha a mediunidade consciente, com o controle do espírito pelo 'cavalo'; quanta mais distante do Kardecismo mais se valoriza a mediunidade inconsciente, em que o 'cavalo' se torna dócil e passiva 'montaria' do espírito que o domina. Em ambas modalidades emprega-se a expressão técnica do Kardecismo: mediunidade consciente e inconsciente." (Citação de Ferreira de Camargo).


Acrescentadas às crenças africanas, católicas, budistas e espíritas, um caos verdadeiro de seitas! A Umbanda também faz uso de Numerologia, a teoria dos talismãs, os signos de Salomão, a Astrologia, etc. - uma horrível e quase inacreditável mistura satânica preparada no abismo infernal para a perdição de milhões de brasileiros. Parece realmente incrível que qualquer pessoa dotada de inteligência média pudesse ser iludida por sistema religioso tão incoerente e baixo, mas tal é o poder de Satanás que ele consegue facilmente enganar literalmente milhões de pessoas neste país, o país onde se encontra o maior número de Espíritas.
Visto que outros capítulos desta série "Análise das religiões" tratam de modo particular das diversas seitas que formam o sincretismo umbandista, achamos não ser necessário repetir aqui as reivindicações bíblicas contra as seitas incorporadas na Umbanda.


Assista ao Vídeo: Almas aprisionadas 


Por Roberto Collins

8. Rosicrucianismo

De Oceanside, na Calífórnia, E.U. A., a viúva de Max Heindel, finado apóstolo do Rosicrucianismo moderno, distribui as reimpressões (com direitos autorais reservados) dos profundos e volumosos tomos de seu marido: The Rosicrucian Cosmo-Conception or Mystic Christianity (606 págs.), The Rosicrucian Philosophy in Questions and Answers(426 págs.), The Rosicrucian Christianity Lectures (347 págs.) e inúmeros panfletos e cursos por correspondência.
Talvez haja ligeiro conforto em se saber que também os Rosicrucianos são divididos uns contra outros. A senhora que me vendeu os livros, informou-se que a "AMORC" já perdeu o direito ao nome de Rosicrucianos porque "eles comercializam a religião, ao passo que nós cobramos apenas os livros." 

(No terceiro andar do Edifício Arcade em Seattle, o obreiro cristão médio poderá assistir a uma cena de lhe fazer esfregar os olhos: Rosicrucianos, Baha'is, a Escola Unidade de Religião, Astrólogos, Espíritas, todos têm seus estúdios; e cada estúdio possui não só uma mesa ou estante Com literatura, mas também cadeiras arrumadas em estilo de sala de aulas: os sectários, evidentemente, são de opinião que a religião pode ser ensinada. 

Tivessem as igrejas evangélicas realizado mais ensino doutrinário, e haveria hoje menor número de vítimas de todas essas seitas estranhas.)
Ela me informou também que tinha sido "membro da Igreja Mãe durante vinte-cinco anos antes de filiar-se à Liga Rosicruciana" e que fez a mudança "porque aqui a verdade é ensinada com muito mais clareza." Isso logo dá a entender que o Rosicrucianismo e a Ciência Cristã são relacionados, e de fato o são, como também são relacionadas entre si todas as formas de panteísmo.
Do ponto de vista médico-religioso eu daria preferência ao Rosicrucianismo sobre a Ciência Cristã porque, tudo de acordo com a natureza da enfermidade e o pendor do doente, ser-me-ia permitido escolher entre a consulta a um praticante da Ciência Cristã, um exponente da Cura pela Fé de alguma outra espécie de "matéria médica usada em conjunto com a Astrologia," ou mesmo "tentar a cura dos males que nos acometem, de outra qualquer maneira possível que nos agrade."


Como cristão, porém, não preciso escolher entre a Ciência Cristã e o Rosicrucianismo, preferindo os ensinos claros e suficientes das Escrituras que deixam sem explicação, a respeito da forma da volta de Cristo e o porvir, para a fé satisfazer-se por enquanto sem a vista; e assim não há necessidade das extravagâncias mal-fundadas do oculto.
É talvez nesse ponto que tocamos no fruto fundamental da "Filosofia Rosicruciana". Não existe literalmente nada que essa gente não saiba e não explique. Ficamos maravilhados com as pacientes pesquisas e a parolagem infinda que apresenta uma corrente sem fim de fatos e assuntos, tudo se encaixando jeitosamente dentro dos limites desse sistema que tudo abrange. E é claro que não existem argumentos em contrário às informações derivadas de fonte "oculta". Se não acreditamos, estamos simplesmente do lado de fora.


A Rosa Cruz
O próprio nome da seita é uma ilustração apropriada dessa misteriosa capacidade para interpretar todas as cousas e fazê-las entrosar. Acontece que no século treze um homem chamado Christian Rosenkreuz começou a expor à luz do dia ensinos que anteriormente tinham sido promulgados unicamente em secreto. Christian Rosenkreuz: que nome para malabarismos! Ele fundou a misteriosa ordem de Rosicrucianos com o objetivo de lançar luz oculta sobre a mal-entendida Religião Cristã e de explicar o mistério da Vida e do Ser do ponto de vista científico em harmonia com a Religião.
Tudo isso, como se percebe, podia ter sido escrito por um teosófico, Rogers ou Sinnett - tudo menos o "nome simbólico de Christian Rosenkreuz."
Os Rosicrucianos tiraram da Cruz o seu escândalo - a isso chamam de Cristianismo esotérico! A Cruz não deve ser interpretada como emblema do sofrimento e do vitupério:
assim afirma o espantoso relato desse "Cristianismo místico".


Que é então que a Cruz representava e representa?
Pergunte a Platão, que foi um iniciado e escreveu: "A alma universal está crucificada." Com essas palavras, segundo nos informam, o filósofo grego emitiu verdade oculta. E que é essa verdade? Que "a Cruz é simbólica das correntes de vida que vitalizam os corpos das plantas, do animal e do homem;" é "simbólica da evolução passada, da constituição atual e desenvolvimento futuro do homem."
"O reino mineral abrange toda substância química, seja qual for sua espécie, de maneira que a Cruz, seja de que material for, é o primeiro símbolo desse reino.
"A peça inferior e vertical da Cruz é O símbolo do reino vegetal porque as correntes dos espíritos de grupo que dão vida às plantas provêm do centro da terra onde esses espíritos de grupo se localizam e donde alcançam a periferia de nosso planeta e penetram no espaço.


"A peça superior da Cruz é o símbolo do homem, porque as correntes de vida do reino humano descem do sol através da espinha vertical. Assim o homem é a planta invertida, pois como a planta toma seu alimento através da raiz, transferindo-o para cima, assim o homem toma sua nutrição através da cabeça, transferindo-a para baixo. A planta é casta, pura e sem paixão, estendendo seu órgão criador, a flor, casta e desavexadamente em direção ao sol, objeto de beleza e de deleite. O homem volta seu apaixonado órgão generativo na direção da terra. O homem inspira o oxigênio vitalizador e expira o venenoso óxido de carbono.


A planta toma o veneno expirado pelo homem, edifica com ele seu corpo e devolve-nos o elixir da vida, o oxigênio purificado.
"Entre a planta e o reino humano está o animal com a espinha horizontal, e nessa espinha horizontal desempenham seu papel as correntes vitais do espírito-de-grupo animal, circulando em torno do globo. Portanto, a peça horizontal da Cruz é o símbolo do reino animal. (The Rosicrucian Philosophy, pág. 202.)
"O animal, que é simbolizado pela peça horizontal da Cruz, fica entre a planta e o homem. Sua espinha está na posição horizontal e perpassam-na as correntes do espírito-de-grupo animal, que circundam a Terra... "A fim de conservá-lo firme e fiel através da adversidade, a Rosa-Cruz mantém erguida, qual inspiração, a gloriosa consumação reservada para aquele que vencer, e aponta Cristo como Estrela da Esperança, as 'primícias,' que lavrou aquela joia mais preciosa de todas, a Pedra Filosofal enquanto habitava o corpo de Jesus.

Assim, pois, se interpreta o emblema rosicruciano: A Cruz e também a Estrela que lhe serve de fundo; enquanto que a grinalda de rosas em volta do centro da Cruz aponta ainda outro simbolismo. "Na forma em que é representada por uma única rosa no centro, simboliza o espírito irradiando de si os quatro veículos: os corpos denso, vital e dos desejos, mais a mente; onde o espírito se retirou para dentro de seus instrumentos e se tornou o espírito humano residente no Íntimo." Mas houve tempo em que essa condição não tora atingida e quando o trino espírito pairava acima de seus veículos, não podendo ingressar neles. Então a Cruz permanecia sozinha, sem a rosa, simbolizando a condição que prevalecia durante o primeiro terço de Atlante.


Houve mesmo um tempo em que faltava a peça superior da Cruz e a constituição do homem era representada pelo Tau (T). Isso foi na Era dos Lêmures, quando ele tinha apenas os corpos denso, vital e dos desejos, porém lhe faltava a mente. Então predominava a natureza animal. O homem seguia sem reserva o desejo. Em tempo ainda mais remoto, na Era Hiperbórea, faltava-lhe também o corpo do desejo; ele possuía unicamente os corpos denso e vital. Então o homem-em-confecção era como as plantas:
casto e sem desejo. Nessa época sua constituição não podia ser representada por uma Cruz: simbolizava-a uma haste ereta, uma coluna (I).
Pensamento e voz, informam-nos mais, são ambos criadores, porém a faculdade criadora egoísta e dominadora (simbolizada pela laringe, no cruzamento de cabeça e corpo) há de ceder lugar a uma força criadora menos egoísta. Nessa altura é que entram as rosas; pois "a rosa, como qualquer outra flor, é o órgão generativo da planta. Sua haste verde transporta o sangue da planta, sem cor nem paixão.


A rosa cor-de-sangue demonstra o sangue cheio de paixão da raça humana, mas na rosa o fluido vital não é sensual: é casto e puro. Assim é excelente símbolo do órgão gerador no estado puro e santo a que o homem atingirá quando tiver purificado do desejo seu sangue, quando se tiver tornado casto, puro e semelhante a Cristo."
Assim temos a Cruz, a peça comprida representando o corpo, as duas horizontais os braços, e a curta peça superior a cabeça, com o círculo de rosas em torno do centro em lugar da laringe. "Portanto, os Rosicrucianos almejam ardentemente o dia em que as rosas florescerão sobre a cruz da humanidade; portanto, os Irmãos Mais Velhos saúdam a alma aspirante com as palavras da Saudação Rosicruciana:
"Floresçam as Rosas na tua Cruz," e, portanto, é proferida a saudação nas reuniões dos Centros da Liga pelo líder aos estudantes, noviços e discípulos reunidos, os quais correspondem à saudação dizendo: "E também na tua."
É tudo muito profundo, bem esotérico e supremamente apropriado ao nome de Christian Rosenkreuz do século treze. Talvez, porém, o nome não tenha sido tão fortuito quanto um estranho possa imaginar: somos informados de que esse Sr. Rosenkreuz, ou melhor, o Ego que nele habitava, já era então "um ensinado r espiritual elevado." Seu nascimento como Christian Rosenkreuz apenas marcou o início de nova época na vida espiritual do mundo ocidental.


E dali para cá ele tem "tomado um novo corpo à medida que seus sucessivos veículos sobreviviam sua utilidade, ou as circunstâncias têm tornado conveniente que ele mudasse a cena de suas atividades. Ele inspirou as obras de Bacon (embora através de um intermediário), e iluminou o místico Jacob Boehme. Hoje também ele se acha encarnado, um Iniciado de elevado grau, um fator ativo e potente em todos os negócios do Ocidente - embora desconhecido pelo Mundo" (1909, mas ainda constante da edição de 1944 do Cosmo-conception) .


De acordo com tal simbolismo, emblemas cristãos de longa data são encaixados no sistema. "No esoterismo, a Cruz jamais foi considerada instrumento de tortura, e foi somente a partir do século 6 que apareceu em quadros o Cristo crucificado. Antes disso, o símbolo de Cristo era uma Cruz com um cordeiro repousando ao pé dela, para transmitir a ideia de que, na ocasião em que Cristo nasceu, o sol no equinócio vernal atravessava o equador no signo de Aries ou Cordeiro. .. Alguns alegavam que o equinócio vernal por ocasião de seu nascimento estava realmente no signo de Pisces, ou Peixes, e que o símbolo de nosso Salvador devia ter sido um peixe. É em memória dessa polêmica que a mitra do bispo ainda toma a forma da cabeça de um peixe."


Ao apóstolo João evidentemente faltava essa informação oculta, e na sua ignorância ele interpretou o Cordeiro no estilo do Antigo Testamento, como sacrifício que tira o pecado do mundo. E os primitivos cristãos, que, receosos de serem traídos ao inimigo, desenhavam um peixe na areia para ver se alguém, compreendendo, correspondia, interpretando o símbolo do peixe assim: ICHTHUS (grego de "peixe"): I(esous) CH(ristos) TH(eou) U(ios) S(oter), ou seja, Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.


Os Mundos
Essa explicação da Cruz, contudo, contém alusões suficientes a outras doutrinas rosicrucianas para nos lançar a uma exposição mais completa, se bem que muito resumida, desse complicado sistema de pensamento. Pois já ouvimos dos vários corpos do homem, de muitos espíritos, da evolução através da reencarnação, e de muitas raças.
Há sete Mundos que em conjunto compõem o Universo.
Cada um deles responde a leis que são praticamente inoperantes nos outros. Por exemplo, as leis da gravidade, da contração e da expansão, às quais está sujeita a matéria no Mundo Físico (o mais baixo), não existem no seguinte, que é o Mundo do Desejo. Nem tampouco existe ali frio ou calor.
Cada Mundo subdivide-se em sete Regiões ou subdivisões da matéria. No Mundo Físico temos formas mais densas, a saber: sólidos, líquidos e gases; e também quatro éteres de diferentes densidades. Mas o éter ainda permanece uma matéria física. Os quatro éteres em conjunto constituem a Região Etérica. Acima de tudo isso está o Espírito Universal, que se expressa no mundo visível como quatro grandes caudais de Vida, em diversas etapas de desenvolvimento.


Esse quádruplo impulso espiritual molda a matéria química da Terra, plasmando-a nas variadas formas dos quatro reinos: mineral, vegetal, animal e o homem.
A Região Etérea do Mundo Físico é tão tangível para o clarividente como são os sólidos, líquidos e gases da Região Química para as pessoas comuns. O clarividente enxerga quatro éteres: Éter Químico, Éter Vital, Éter de Luz e Éter Refletor. De preferência à invenção de instrumentos para aprender os segredos da natureza (a exemplo do cientista), o ocultista quer desenvolver o próprio pesquisador.


Assim podemos verificar que nossos sentidos ou faculdades podem tornar-se o "sésamo aberto" na busca da verdade.
Os sentidos educados do clarividente veem claramente a interação do corpo físico e o etérico do homem.
Por exemplo, o Éter Químico expele do corpo físico do homem os materiais contidos no elemento que são impróprios para o uso (polo negativo) e também assimila aquilo que pode ser incorporado no corpo (polo positivo).
O Éter Vital, também funcionando através de polos positivo e negativo, cuida das forças de propagação, o positivo funcionando na fêmea durante o período de gestação, e o pelo negativo de vida possibilitando ao macho a produção do sêmen.
O Éter de Luz opera negativamente através dos sentidos, manifestando as funções passivas da visão, audição, percepção, paladar e olfato; também constrói e nutre o olho; positivamente, é a avenida das forças que fazem circular o sangue.
Nas plantas e nos animais o Éter de Luz é responsável pela cor.


O Éter Refletor tem em si os reflexos da memória da natureza (como as samambaias gigantes da meninice da Terra deixaram seu retrato nas camadas do carvão). Mas nenhum clarividente gosta de ler nesse livro de memórias, porque os quadros são apagados. Médiuns espíritas e psicômetros podem ser obrigados a cuidar disso: o clarividente rosicruciano eleva-se a maiores alturas, sabendo que nos Mundos mais elevados a natureza tem memórias melhores.
O Mundo do Desejo, como o Mundo Físico e como todas as outras esferas da natureza tem as sete subdivisões chamadas Regiões, porém não tem as quatro grandes divisões etéreas. "Matéria de desejo" no Mundo do Desejo persiste através de suas sete subdivisões ou regiões como material para incorporação do desejo.


Os desejos, quereres, paixões e sentimentos do homem exprimem-se através dessas sete regiões de "matéria de desejo," que é apenas um grau menos denso do que a matéria do Mundo Físico. Não é matéria física mais fina: antes está em movimento incessante, ao passo que a matéria do Mundo Físico é inerte. O Mundo do Desejo é luz e cor sempre permutante, em que se entre cruzam forças do animal e do homem com as forças de inúmeras Hierarquias de seres espirituais que nos amoldam os desejos. Nossos desejos por sua vez criam interesse. Interesse, uma vez completamente despertado, inicia as forças de atração e repulsa.
Observe-se agora a seguinte citação textual, a fim de salientar a semelhança notável entre o ocultismo "ocidental" e o Cristianismo "oriental", "esotérico".


"Os Mundos Físicos e do Desejo não são separados um do outro por espaço. Ficam 'mais juntos do que pés ou mãos.' Não é necessário mover-se para passar de um para o outro, nem de uma Região para outra. Do mesmo modo que sólidos, líquidos e gases estão todos juntos em nosso corpo, interpenetrando uns aos outros, assim também são as diferentes Regiões do Mundo do Desejo dentro de nós."
O Mundo do Pensamento também consiste em sete Regiões de várias qualidades e densidades. Como o Mundo Físico, o Mundo do Pensamento é dividido em duas partes principais: a Região do Pensamento Concreto, que compõe as quatro Regiões mais densas, e a Região do Pensamento Abstrato, que compreende as três Regiões da mais fina substância.
Pensa-se em tudo isso como composto, se não do material, pelo menos de "matéria mental". As formas mentais funcionam "como reguladores e balanços sobre os impulsos engendrados no Mundo do Desejo por impactos vindos do Mundo fenomenal."


A Evolução do Homem
Quanto à evolução do homem e ao crescimento da alma, encontramos aqui uma relação mais sensata do caráter dos sonhos do que encontramos na Teosofia. Quando, durante o sono, o corpo do desejo não se retira completamente do corpo vital, mas permanece ligado a ele, o veículo para a percepção sensual e a memória têm seu "eixo desalinhado", resultando que a memória fica confusa. Pois o sono é justamente isso: a retirada dos veículos mais elevados do corpo denso) que então consegue o repouso e oportunidade para refazer-se.
A Morte já é outra cousa diferente. Aí os veículos mais elevados deixam mais completamente o corpo denso, embora permaneçam por algum tempo ligado através da "corda de prata". Uma. extremidade da corda de prata está ligada ao coração por meio do átomo semental, e é o rompimento do átomo semental que leva o coração a parar. A corda em si não se rompe até que tenha sido revisado o panorama da vida passada, contido no corpo vital. Por ocasião da morte, o corpo denso perde peso imediatamente, porque se retirou não a alma e sim o corpo vital.
No corpo vital o homem possui ainda todos os seus desejos, porém falta-lhe o órgão para satisfazê-las. Isso causa os sofrimentos do purgatório: por exemplo, o avarento poderá pairar sobre seus títulos e ações em seu corpo do desejo invisível, procurando segurá-las, porém, seus parentes o penetram por completo e os levam embora. Ele poderá mesmo ouvi-Ias zombando do "pão-duro do velho." Um beberrão poderá penetrar o corpo denso de um bebedor no bar, porém faltam-lhe o estômago e os órgãos do paladar.


Por isso, apenas muito relativamente pode satisfazer seu desejo pela bebida.
Assim, através do sofrimento, a pessoa falecida finalmente aprende a desprezar e abandonar os vícios de seus dias anteriores sobre a terra, e torna-se preparado para ir para o céu.
Contudo, há três céus, da mesma forma que havia três regiões cio Mundo do Desejo (purgatório). No primeiro céu, localizado nas três regiões mais elevadas do Mundo do Desejo, os resultados dos sofrimentos da alma são "incorporados no átomo semental do corpo do desejo, emprestando-lhe assim a qualidade de bons sentimentos, que funciona como impulso do bem e impedimento do mal no futuro."
"Por fim o homem, o Ego, o t.rino espírito, entra no segundo céu. Ele está revestido da bainha da Mente, que contém três átomos sementais, a quinta-essência dos três veículos alijados." Por ocasião da chegada no segundo céu segue-se "o grande Silêncio", e, após esse período de admiração, o despertamento. O espírito agora está em seu Mundo natural. Aí ouve "a música das esferas" e aprende a efetuar trabalhos múltiplos. Prepara-se para a vida seguinte.


Antes, porém, da reencarnação, o espírito precisa primeiro habitar no terceiro céu, a região mais elevada do Mundo do Pensamento.
Mas por que o espírito humano precisa ter a experiência de novo "mergulho na matéria"? Porque o objetivo da vida não é o prazer e sim a experiência, que é o conhecimento dos efeitos que se seguem a atos. Se eu não sentisse dor ao pôr a mão sobre um fogão quente, minha mão poderia consumir-se sem que eu o soubesse; mas agora minha experiência me ensina a tomar mais cuidado da próxima vez.
Seria por demais demorado falarmos dos "preparativos para re nascimento." Basta dizer que cada renascimento (que ocorre mais ou menos de mil em mil anos) inicia pelo nascimento do corpo denso; que o corpo vital se forma dentro daquele no sétimo ano; que o corpo do desejo, é formado por ocasião da puberdade, e que a mente não se completa senão no vigésimo-primeiro ano.


Como a Região Etérea se estende além da atmosfera de nossa densa Terra, o Mundo do Desejo estende mais longe no espaço do que a Região Etérea, e o Mundo do Pensamento mais longe para dentro do espaço interplanetário do que qualquer dos outros, assim também os sete Mundos e Planos Cósmicos não se encontram um acima do outro no espaço, mas os sete Planos Cósmicos interpenetram uns aos outros e a todos os sete Mundos. São estados de matéria do espírito, permeando uns aos outros, de modo que Deus e os outros Grandes Seres não estão muito longe no espaço.
Permeiam todas as partes de seus próprios reinos e dos reinos de maior densidade do que os seus. (Aqui é citado o apóstolo Paulo: "Nele vivemos e nos movemos e existimos.") O Grande Ser chamado Deus "procede da Raiz da Existência".


Ele é o Absoluto, mas "positivamente não é Cristo". Esse triplo Ser Supremo existe como Poder, a Palavra e Movimento; e desse triplo Ser Supremo procedem os sete Grandes Logo. No Mundo Mais Elevado do sétimo Plano Cósmico reside o Deus do nosso Sistema Solar e os deuses de todos os outros Sistemas Solares do Universo.
Esses grandes seres são também triplos em manifestação: seus três aspectos são Vontade, Sabedoria e Atividade.
Como o auxílio de diagramas (retratos de cousas vistas em estado clarividente), somos informados da evolução da terra e de seus habitantes, e com tudo isso está de acordo uma "análise oculta do Gênesis."
Em cada Período de evolução há aqueles que "se atrasam" - os extraviados. Assim, "os macacos inferiores, ao invés de serem os progenitores das espécies mais elevadas, são extraviados que ocupam os espécimes mais degenerados do que era uma vez a forma humana. Em lugar de ter o homem ascendido dos antropoides, a verdade é o contrário: estes é que degeneraram do homem. De modo análogo, os líquens são a degeneração mais baixa do reino das plantas.


"A ciência material, tratando somente da Forma, assim se enganou, tirando conclusões errôneas nessa matéria."
Deixando, pois, de lado esses extraviados, há um contínuo movimento de ascensão. Assim temos também os recém-chegados, que poderíamos chamar de extraviados convertidos.
E nessa altura entra uma feição notável. A maior parte dos seres humanos não necessita de salvação.


Pois quando, na religião cristã, se fala em "salvação," o sentido disso é "a progressão dentro de nossa atual onda de evolução." Trata-se de algo que deve ser procurado com todo o empenho, pois ainda que a "condenação eterna" daqueles que não são "salvos" não signifique destruição nem tortura infinda, é, contudo, cousa muito séria ficar preso em estado de inércia através de inconcebíveis milhões de anos, antes que uma nova evolução tenha progredido até uma etapa onde aqueles que fracassam aqui possam ter uma oportunidade para prosseguir. O espírito não tem consciência do lapso de tempo, contudo é grave perda, e há de haver também um senso de quem não está em casa, quando por fim tais espíritos se encontram em nova evolução.
A expiação foi operada por Cristo para tais como esses. Pois Cristo, o iniciado mais elevado do Período do Sol, tornou-se o Regente da Terra no Gólgota, sendo sua missão a salvação daqueles que se atolaram na matéria. 

Esses "perdidos" ele os salvou "elevando-os até o ponto necessário de espiritualidade, produzindo uma transformação em seus corpos de desejo a qual tornará mais potente a influência do espírito de vida no coração.
A essa teoria de "expiação vicária" não se deve fazer objeção, só porque cada um deve estar disposto a sofrer as consequências de seu próprio ato; pois é perfeitamente justo.
É como um homem que coloca uma corda acima da catarata no Iguaçu. Ele o faz para que outros, em perigo de cair, tenham em que segurar, mesmo sabendo ele que, assim fazendo.ele mesmo perecerá: deveria isso impedir que outro em perigo se agarrasse à corda?


Evolução Universal
O axioma para a compreensão de toda essa atividade incessante de evolução, é o axioma Hermético: "Como acima, assim em baixo," e vice-versa. Há um constante flamejar e extinguir de atividade em cada departamento da natureza.
No princípio de um Dia de Manifestação, um certo Grande Ser (só no Mundo ocidental chamado um Deus) limita-se a uma determinada porção de espaço, na qual Ele resolve criar um Sistema Solar para a evolução de consciência adicional dos sentidos. 

Tudo começa com a Substância Radical Cósmica, que é uma expressão do polo negativo do Espírito Universal, enquanto o grande Ser Criador que nós chamamos Deus (do qual nós, no caráter de espíritos, fazemos parte) é uma expressão da energia positiva do mesmo Espírito Absoluto Universal. Da operação de um sobre o outro resultou tudo que vemos ao redor de nós.
Ora, há sete Mundos, não separados por espaço ou distância (como acontece com a terra em relação aos outros planetas), e sim pela sua velocidade de oscilação. Os Mundos mais elevados é que são criados primeiro, o Mundo mais denso por último. Mas cada Mundo, assim como o homem, passa por sete Períodos de Renascimentos. Os nomes dos sete 

Períodos são os seguintes:
1. O Período de Saturno
2. O Período Solar
3. O Período Lunar
4. O Período Terrestre
5. O Período de Júpiter
6. O Período de Vênus
7. O Período de Vulcano


Esses nomes nada têm a ver com nossos planetas; são apenas os nomes rosicrucianos dos sucessivos renascimentos de nossa Terra.
Nada sabemos dos seis Planos Cósmicos acima do nosso, a não ser isto: que Deus, "o Arquiteto de nosso Sistema Solar, encontra-se na divisão mais elevada do sétimo Plano Cósmico, que é o seu Mundo." Sabemos, porém, que nosso próprio Plano, durante seu Período Saturnino (o primeiro e mais baixo de sua existência) caminhou, em seu impulso evolucionário, sete vezes ao redor de sete Globos. Quando terminou esse laborioso processo, seguiu-se a primeira Noite Cósmica após o Primeiro Dia da Criação, depois do que assomou o Período Solar. Aí se repetiu o mesmo processo da onda vital circulando sete vezes em redor dos sete Globos, e entrou-se no Período Lunar. Daí em diante, dizem-nos, a evolução do Universo não pode ser compreendida a não ser por estudantes da Aritmética e da "Quarta Dimensão".


É interessante, contudo, ouvirmos que, mesmo durante o Período Saturnino, "grandes Hierarquias criadoras", espíritos muito mais evoluídos, ajudaram o homem na sua evolução.
Essas Hierarquias, chamadas na Bíblia "Tronos", operaram no homem de seu próprio acordo.
Entre esses, os Senhores da Chama, emitindo forte luz, "por meio de repetidos esforços no decorrer da primeira Revolução, conseguiram implantar na vida que evoluía o germe que desenvolveu nosso atual corpo denso."
Durante esse Período Saturnino os Senhores da Chama também trabalharam com outros espíritos, a saber, os Senhores da Sabedoria, espíritos menos evoluídos do que eles próprios. Mas durante o segundo, o Período Solar, os Senhores da Sabedoria ajudaram o homem "irradiando de seus próprios corpos o gérmen do corpo vital, capacitando-o a penetrar o corpo denso e dando ao gérmen a possibilidade de promover crescimento e propagação e de excitar os centros sensórios do corpo denso, levando-o a mover-se. 


Esse trabalho ocupou a segunda, terceira, quarta e quinta Revoluções do Período Solar."
E assim continua e continuará: evolução espiral para as pessoas comuns, com espirais dentro de outros espirais, e o "caminho reto e estreito" de acesso à divindade para os iniciados. A alma Consciente do homem será absorvida pelo espírito divino na sétima Revolução do Período de Júpiter; a alma Intelectual será absorvida pelo espírito vital na sexta Revolução do Período de Vênus; a alma Emocional será absorvida pelo espírito humano na quinta Revolução do Período de Vulcano.
Uma vez que a mente é o instrumento mais importante que o espírito possui e seu instrumento especial na obra de criação, nessa altura do desenvolvimento humano "a laringe espiritualizada e aperfeiçoada dirá a Palavra criadora, porém a mente aperfeiçoada decidirá quanto à forma exata e o volume de vibração, sendo assim o fator determinante. A imaginação será a faculdade espiritualizada dirigindo a obra de criação."


No Período de Júpiter a mente humana imaginará formas que viverão e crescerão, como plantas. No Período de Vênus dessa etapa distante ela pode criar cousas que vivam, cresçam e sintam. E quando, no final do Período de Vulcano, o homem atingir a perfeição, ele poderá pela sua imaginação fazer que venham a existir criaturas que viverão, crescerão, sentirão e pensarão.
Em outras palavras, ele fará pelas plantas e pelos animais, e mesmo pelos minerais, aquilo que os Senhores da Mente, aquelas antigas Hierarquias, fizeram para ele em épocas idas; ajudá-los-á a adquirir corpos densos, corpos de desejo, corpos intelectuais e outro equipamento.
Finalmente o Espírito divino, Deus, absorverá o homem.
O espírito deste se fundirá em Deus do qual veio, para reemergir ao romper de outro Grande Dia, como Um de seus gloriosos auxiliares. "Durante sua evolução passada, suas possibilidades latentes foram transmutadas em forças dinâmicas.

Adquiriu Forca de Alma e Mente Criadora como resultado de sua peregrinação através da matéria. Avançou da impotência para a Onipotência, da nescidade para a Onisciência."
Resta a questão de como o homem em sua atual etapa média de evolução possa adquirir conhecimento em primeira mão da verdade de tudo que vai acima.
A resposta é que, como o mecânico é melhor trabalhador na proporção da precisão de suas ferramentas, assim o homem há de desenvolver seus vários corpos. O corpo denso há de ser educado por meio da alimentação certa (páginas e listas de minerais e vitaminas nas combinações certas são apresentadas). O regime de alimentação, naturalmente, tem de ser vegetariano. O impulso sexual há de ser educado para produzir força criadora espiritual antes que material.


Além disso, o homem precisa aprender a fazer uso do corpo pituitário e da glândula pineal, dois pequenos órgãos situados no cérebro. Há de tornar-se assim clarividente, o que é muito mais difícil do que tornar-se um médium. Este é simples revivificação de uma função refletora que o homem possuiu em longínquo passado e pela qual o mundo exterior se refletia nele involuntariamente.
O clarividente não pode viver para comer, beber e satisfazer a paixão sexual de maneira irrestrita. Pelo fato de levar uma viela que causa menos confusão no corpo denso, ele não precisa passar o período todo de seu sono na reparação do prejuízo causado durante o dia por meio de corpos do desejo e vital, sem deixar tempo nenhum para trabalho externo de nenhuma espécie. Assim se torna possível deixar o corpo denso durante longos períodos nas horas do sono e funcionar nos mundos interiores nos veículos mais elevados. (Tout comme chez nous, haviam de dizer os Teosofistas.)


Em seguida é necessário alcançar-se um estado em que o espírito esteja dentro dos corpos e em pleno domínio das faculdades, como está no estado de despertamento, e, contudo, capaz de funcionar interiormente e sensibilizar devidamente os veículos do espírito.
A concentração nesse estado (que não é yoga, pois os veículos do Cáucaso são de constituição tão diferente dos do hindu que os métodos de yoga - a união com o Eu Mais Elevado - não nos beneficiariam), Meditação, Observação, Discriminação, Contemplação, Adoração, são essas as palavras empregadas na descrição de como tornar-se um iniciado; mas a pesquisa dos processos de tudo isso havia de levar-nos muito longe, dado o fim que temos em vista.


Avaliação:
1. O manual de Max Heindel: The Rosicrucian Cosmo - conception or Mystic Christianity (A Cosmo-concepção Rosicruciana ou Cristianismo Místico) começa como segue:
"O fundador da Religião Cristã formulou uma máxima oculta quando disse: 'Quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira nenhuma entrará nele' (Marcos 10.15). Todos os ocultistas reconhecem a importância de longo alcance desse ensino de Cristo e procuram 'praticá-lo' dia a dia".
Assim um sistema que nega e perverte tudo quanto foi ensinado por Cristo e a Ele diz respeito, apela para a autoridade de seu nome a fim de nos convencer da necessidade de nos aproximar do ocultismo rosicruciano com a mente completamente em branco, despida de toda opinião e despojada de toda e qualquer "preferência" e "preconceito".


Em todas as escolas ocultas, quando se apresenta um novo ensino, o aluno é ensinado primeiramente a esquecer-se de tudo mais, não permitir que nenhuma preferência ou preconceito domine e sim conservar a mente em estado de espera calma e grave.
Ora, para quem sabe que é duas vezes nascido em resultado do poder regenerado r do Espírito Santo, semelhante atitude simplesmente não é possível. Uma vez feito cristão pela graça salvadora e renovadora de Cristo, o homem não tem absolutamente a possibilidade de começar com a mente em branco; ao contrário, ele é compelido, interior e exteriormente, a comparar o novo ensino com aquilo que ele já verificou ser o ensino secular e universalmente recebido das Escrituras.


2. Concedemos de pronto que a filosofia rosicruciana tem muitos pontos excelentes, tal como sua lógica inexorável.
Apresenta uma razão mais plausível para o renascimento do que faz a Teosofia. Parece justificar melhor o caso em favor de uma vida limpa e elevada do que fazem os segredos de "ouvido para ouvido e boca para boca" de um Blavatsky. Mas toda essa lógica e toda essa elevação não pode anular o fato de estar toda a estrutura construída sobre alicerce falso, a saber, outro que não o Cristo das Escrituras.


3. Muitas das críticas apresentadas contra os sistemas afins do Espiritismo e da Teosofia são também aplicáveis contra o Rosicrucianismo: quando se deixa em branco a mente e o coração para sofrer a operação de forças externas, é de se esperar, de acordo com as Escrituras, que serão infundidas de fora "doutrinas de demônios". Não é de se estranhar que a Astrologia, o Espiritismo e a Necromancia sejam tão consistentemente proibidos no Antigo Testamento.
Deve-se, portanto, dar atenção à grande semelhança entre essas várias seitas.


4. A prova suprema de um sistema religioso ou filosófico de pensamento, do ponto de vista da atual obra, há de ser sempre: Como se comparam suas afirmativas com aquilo que tem sido considerado de acordo com as Escrituras por toda a Igreja Cristã? Quando aplicamos esse teste, chegamos à conclusão de que o apóstolo Paulo diria dos seguidores da Rosa-Cruz que são "inimigos' da cruz de Cristo".


Rosicrucianos e a Doutrina Bíblica

Cristo
a) Sua Pessoa

"No credo cristão ocorre esta sentença: 'Jesus Cristo, o Filho unigênito de Deus.' Isso, segundo geralmente se entende, quer dizer que uma determinada pessoa que apareceu na Palestina há cerca de 2000 anos e que é referido como Jesus Cristo - um único indivíduo - foi o unigênito Filho de Deus. Esse é um grande erro. Há três seres distintos e muito diferentes caracterizados nessa sentença. É da maior importância que o estudante compreenda claramente a natureza exata desses Três Grandes e Exaltados Seres, que diferem imensamente um do outro em glória, porém cada um deles merecedor de nossa mais profunda e devota adoração.
"O estudante é convidado a compulsar o diagramas e notar que 'o unigênito' ('O Verbo' de quem João fala) é o segundo aspecto do Ser Supremo.
"Essa 'Palavra', e só ela, é 'gerada de seu Pai (o primeiro aspecto) antes de todos os mundos'. .. Portanto) o - unigênito' é o Ser exaltado que pertence acima de tudo mais no Universo, salvo unicamente o aspecto do Poder que o criou." - M. Heindel.


b) Seu Sacrifício
"Aproximamo-nos agora do solstício hibernal, os dias mais escuros do ano, a época em que a luz do sol vai quase desmaiando e quando nosso Hemisfério Boreal está frio e desolado. Mas na noite mais longa e mais escura o sol se volta em seu caminho de ascensão, a luz do Cristo nasce novamente na terra e todo o mundo se regozija. Nos termos de nossa analogia, entretanto, o Cristo, ao nascer sobre a terra, morre para o céu. Da mesma forma que o espírito livre é, por ocasião de seu nascimento, encaixado final e firmemente no véu de carne que o prende com grilhões durante toda a vida, assim o Espírito do Cristo é preso e embaraçado cada vez que Ele nasce na terra. Esse grande Sacrifício Anual começa quando nossos sinos de Natal estão ressoando, quando os sons jubilosos de nosso louvor e ação de graças estão subindo para o céu. Cristo é preso no sentido mais literal do termo, do Natal até o Domingo da Ressurreição." - M. Heíndel.


c) Segunda Vinda
"'A lei e os profetas vigoraram até Cristo', é o que se diz, porém, sabemos que mesmo hoje a lei existe e é necessária.
Portanto, é evidente que a lei não foi abolida com a vinda física de Cristo. É a vinda de Cristo ao 'interior', à natureza íntima do homem, que vai abolir a lei. Paulo fala desse advento como 'Cristo formado em vós' e enquanto Cristo não tiver sido formado em nós, não estamos prontos para a Segunda Vinda ... A Segunda Vinda de Cristo depende de ter um número suficiente de pessoas se tornando semelhantes a Cristo e afinadas ao princípio do Cristo, de modo que, como diapasões do mesmo tom ressoam juntos quando um deles é tocado, elas estarão em condições de corresponder às vibrações do Cristo que reverberarão na volta do Salvador.
Cada vez que procuramos imitar a Cristo e cumprir seus ensinos, estamos apressando sua Volta; por isso, assim nos esforcemos." - M. Heidel."


Jesus
"Se entendo bem, vocês dizem que o Cristo foi encarnado uma só vez em Jesus; mas então não foi anteriormente encarnado em Gautama Buddha e, ainda antes, em Krishna?
"Resposta: Não. Jesus foi Ele mesmo um espírito pertencente à nossa evolução humana, como também foi Gautama Buddha. O presente escritor não possui informações a respeito de Krishna, mas inclina-se a crer que ele também foi um espírito pertencente à raça humana, pois as histórias indianas concernentes a ele contam de como entrou no céu e o que lá se deu. O espírito do Cristo que entrou no corpo de Jesus quando este o desocupou, era um raio do Cristo cósmico. Podemos acompanhar Jesus em suas encarnações anteriores, e podemos descobrir seu crescimento até o dia de hoje. O espírito do Cristo, ao contrário, não se encontra de nenhuma forma entre nossos espíritos humanos." - M. Heindel.'
Deus


a) A Trindade
'O Pai' é o Iniciado mais elevado entre a humanidade do Periodo Saturnino. A humanidade comum desse Período são agora os Senhores das Mentes.
'O Filho' (Cristo) é o Iniciado mais elevado do Período Solar. A humanidade comum desse Período são agora os Arcanjos.
'O Espírito Santo' (Jeová) é o Iniciado mais elevado do Período Lunar. A humanidade comum desse Período são agora os Anjos." - M. Heíndel.


b) O Espírito Santo (Ap. 1.4)
"É necessário que todos os seres, sejam eles elevados ou baixos na escala da existência, possuam veículos de expressão para uso em qualquer mundo em que queiram manifestar-se. Mesmo os Sete Espíritos ante O Trono hão de possuir esses veículos essenciais que, como é natural, são diferentemente condicionados para cada um dEles. Coletivamente, Eles são Deus. e constituem a Divindade Tri-una, e Ele se manifesta de maneira diferente através de cada um dEles." - Heíndel.


O Homem
a) Raças do homem

"A Bíblia não afirma em nenhum lugar que os pretos sejam descendentes de Cão; além disso, sabe-se. perfeitamente que a etnologia bíblica conforme é geralmente compreendida entre as pessoas ortodoxas é uma impossibilidade absoluta à vista dos fatos da geologia e da pesquisa etnológica. . . A etnologia bíblica também tem o ano exato do dilúvio e semelhantes acontecimentos marcados, mas do ponto de vista do ocultismo, que se deriva de uma leitura direta na galeria de arte do passado e que nós chamamos a memória da natureza, o caso é muito diferente...
Nós verificamos que tem havido várias épocas ou grandes épocas de desenvolvimento na história da terra, e que o preto foi a humanidade da terceira dessas épocas, a Lemuriana.
Toda a raça humana daquele tempo tinha a pele escura.
Então veio um tempo, chamado a Época do Atlante, quando a humanidade era vermelha, amarela, exceto uma raça que era branca. Esse povo eram Semitas originais, a quinta das Raças do Atlante. 

Esses Atlanteanos são chamados Niebelungen, ou filhos da cerração, nas velhas histórias folclóricas, pois naquela época a atmosfera da terra era uma névoa muito densa. Na segunda metade da Época Atlanteana, essa atmosfera condensou-se, resultaram diluvias, e gradativamente o mar cobriu a maior parte do globo.
Então a atmosfera clareou por cima da terra. Esse ponto na evolução é descrito na Bíblia, onde Noé, o líder dos Semitas, emergiu do Atlante que se afogava e primeiro viu o arco-íris, fenômeno impossível na atmosfera enevoada do primitivo Atlante. Ouvimos também dessa emigração na história da saída de Moisés e os israelitas do Egito enquanto o rei egípcio e seus homens se afogam nas águas do Mar Vermelho. 

Essa gente fora escolhida para se tornar os progenitores das nossas atuais raças arianas, porém não foram todos fiéis ao comando de seu líder. Houve alguns que "foram atrás de carne estranha," e é esse o maior crime possível em ocasião dessa natureza, pois quando um líder está procurando inculcar novas faculdades em uma nova raça, a mistura de sangue estranho tem a tendência de frustrar seus planos. 

Portanto, alguns dentre esse povo escolhido se perderam, ou seja, foram abandonados por seus líderes e não se tornaram ascendentes da nova humanidade.
Esses que assim se perderam ou ficaram atrás, por estranho que pareça, são os judeus de hoje, que em tempos se casaram nas famílias de seus irmãos atlanteanos, porém até hoje se imaginam o "povo escolhido de Deus." - M. Heíndel.


b) Divindade do homem
"Há progresso infindo, pois somos divinos como nosso Pai no céu, e não pode haver limitações." - M. Heindel.


Panteísmo
"Perguntaríamos: Que quereis dizer por natureza? Bacon diz que Deus e a natureza diferem apenas como a impressão difere do selo. A natureza é o símbolo visível de Deus, e a nossa tendência hodierna é de pensarmos da natureza em sentido materialista. Atrás de cada manifestação da natureza há forças, não forças cegas, mas inteligências.
.. Aquilo que nós chamamos eletricidade, magnetismo, expansão do vapor, etc., são inteligências que operam, sem que nós as vejamos, quando vigoram determinadas condições. Espíritos da natureza edificam as plantas, formam da rocha os cristais, e, em conjunto com inúmeras outras hierarquias, trabalham ao redor de nós, invisíveis, porém ocupados no afã de operar aquilo que nós chamamos de natureza." - M. Heíndel.


Paternidade
"Se não houver um Ego buscando incorporação através dos cônjuges, seus esforços serão infrutíferos... Sabemos que, se misturarmos hidrogênio e oxigênio em determinadas proporções, sempre conseguiremos água; sabemos que a água escorrerá sempre morro abaixo; e assim todas as leis da natureza são invariáveis, de maneira que, se não houvesse outro fator além da mistura química de sêmen e óvulo, haveria sempre desfecho. 

E esse fator desconhecido e invisível é o Ego reencarnador que vai aonde lhe apraz e sem o qual não pode haver prole. Se o inquiridor orar fervorosamente ao anjo Gabriel, que é o embaixador do Regente da Lua na Terra e, portanto, um fator primo na geração de corpos (veja a Bíblia), pode ser que valha para trazer o resultado desejado. A melhor hora é na segunda-feira ao nascer do sol, e da lua nova até a cheia."


Oração
"Santificado seja o teu nome: oração do espírito humano ao Espírito Santo para o corpo do desejado. Venha o teu reino: oração do Espírito Vital ao Filho para o corpo vital." - M. Heindel.


Assista ao Vídeo: Qual é o custo, para morar no céu?


Por Jan Karel Van Baalen

9. Baha'ismo

Talvez o escritor Ferguson tivesse razão quando declarou que "nenhuma seita tem um evangelho mais apropriado ao temperamento dos nossos dias do que os Baha'is. ("The conrusion 0f Tongues", pág , 231.)
Um movimento que declara ter algo mais de um milhão de adeptos "em quase todos os países do mundo", é digno de estudo.


Histórico
Baha'ismo é de origem pérsico-maometana, fruto da crença maometana de que "o último e verdadeiro sucessor de Maomé que desapareceu no século dez nunca morreu, mas continua vivo numa misteriosa cidade, rodeado por um grupo de fiéis discípulos e que, no final dos tempos, aparecerá e encherá a terra de justiça, depois de ter sido cheia de iniquidade." Esse sucessor oculto revela-se de tempos em tempos através daqueles a quem esclarece a sua vontade e que são conhecidos por "Babs" ou "portas", "isto é, são portas através das quais se renova a comunicação entre o escondido e os seus fiéis seguidores."


O último desses Babs foi um jovem mercador persa chamado Mirza 'Ali Muhammed, que assumiu o título de Bab em 1844 e que "tinha as mesmas relações com Baha'u'llah que João Batista tinha com Cristo." A carreira desse Bab foi curta; morreu como mártir pela mão dos maometanos com a idade de trinta anos, em 1850. Muitas vezes mencionou um profeta divino que viria logo após ele. Antes de morrer mandou os seus sinetes e escritos a Mirza Husayn 'Ali, um de seus amigos e principais protetores, dois anos mais velho do que ele. Os dois nunca tinham se encontrado e não se conheciam pessoalmente. 

A princípio Ali continuou nos ensinamentos do Bab; mas logo mais anunciou ser ele mesma a manifestação divina profetizada por este. É chamado Baha' seguidores da seita, então, mudaram seus nomes de Babs para Baha'ís e passaram a atribuir a Baha'u'llah uma adoração e honras divinas. Assim como aconteceu com o seu antecessor, Baha'u'llah e seus discípulos sofreram muitas perseguições e o exílio, que, é claro, provaram mais uma vez que "o sangue dos mártires é a semente da igreja." 

(Declaração de J. E. Esslemont em Baha'u'llah and His Message; também de S. G. Wilson em Baha'ism and Its Claims, pág. 22. Entretanto, W. E. Miller, identifica Baha'u'llah com Baha, meio-irmão de Mirza Yahya, que reinou evidentemente de 1852-1863, quando Baba conseguiu ascendência. 

Em obra anterior, Miller declara que "quanto mais a doutrina dos Baha'is se espalhava ... mais se obscurecia e distorcia a verdadeira história e natureza do originário movimento." Baha'ism: Its Origin, History atui Teachings, pág. 90.)


Baha'u'llah faleceu em maio de 1892,aos setenta e cinco anos de idade, depois de quarenta anos de lutas, prisões e exílio, na sua vila em Behje, perto de Akka (Palestina, "a Terra Santa"). Foi substituído por seu filho Abbas Effendi, nascido em Teerã, na Pérsia, no dia 23 de maio de 1844, "exatamente no dia em que o Bab fez a sua proclamação aos discípulos em Shiraz." Abbas, que participou das lutas de seu pai e também da tranqüilidade dos seus últimos anos, é conhecido entre os Baha'is como 'Abdu'l-Baha, isto é, o Servo de Deus. Transformou-se no "intérprete idôneo" dos ensinos do "Mestre" Baha'u'llah. Ele também provou adversidades e perseguições, ainda que não tão severas e tão numerosas quanto às de seus predecessores na causa. Em 1912visitou os Estados Unidos, onde conquistou os primeiros discípulos em Chicago e onde a causa desenvolveu-se mais depressa do que em qualquer outro país exceto a Pérsia.
'Abdu'l-Baha morreu em 28 de novembro de 1921, com setenta e sete anos de idade. A liderança do movimento, depois de algumas disputas, recaiu sobre o seu neto mais velho, Shoghi Effendi, o chefe de uma Comissão de Dezenove, e conhecido pelo título Guardião da Causa.


Ensinamentos
O Baha'ismo é a seita unionista por excelência. Nas palavras da Sra. Chandler, "ela aceitou todas as religiões do mundo, considerando-as fundamental e essencialmente iguais e reverencia igualmente como divinos todos os nove profetas. Por isso pode atrair da mesma maneira a hindus, maometanos, cristãos e judeus; admite a divindade do profeta ou messias de cada um deles. Nem sequer reivindica maior divindade para o seu próprio profeta particular, o Baha'u'llah. 

Simplesmente proclama que a Grande Beleza da Bendita Perfeição que chegou mais tarde, trouxe a última mensagem da Fonte Divina aos povos do mundo, e que essa mensagem não difere fundamentalmente, ou na sua essência, da mensagem do seu predecessor, mas é, poderia se dizer, atualizada no que se refere a certos assuntos específico que não afetam as pessoas às quais Cristo ou Maomé falou."
Nas palavras de um outro escritor bahai, "Jesus não poderia ter falado sobre problemas internacionais; sua gente não sabia da existência do Japão." 

Uma nova revelação, portanto, para os nossos dias, tem de completar aquela que foi trazida por Jesus. Quando Jesus advertiu para "vigiar e orar" pela vinda do Senhor, quis dizer "aceitai Baha'u'llah." Esse profeta, portanto, menciona Jesus como "o Filho de Deus", ou "uma Manifestação de Deus", mas proclamou-se "uma Manifestação mais recente."
De acordo com essas ideias fundamentais e para se aterem ao seu ideal unificador, os Baha'is apresentam os seguintes "princípios" pelos quais lutam:
"Um só Deus e uma só Religião;
Uma só Humanidade;
Livre Busca da Verdade;
Todos os Preconceitos devem ser Abandonados (religião, cor, nacionalidade, classe, sexo e pessoal);
Paz Internacional;
Idioma Internacional Auxiliar;
Educação para Todos;
Igualdade dos Sexos;
Abolição da Escravidão Industrial (abolição da Riqueza e Pobreza);
Santidade Pessoal (trabalhar no espírito de servir é adorar) ."


O Baha'ismo proclama que a união e a fraternidade sãos as duas únicas cousas importantes e não as doutrinas.
"Amor" é a palavra mais mencionada na sua literatura.
Mas o seu conceito de amor nem é correto, nem é consistentemente vivido. Em primeiro lugar, o próprio "Baha'isme"
prova que o "amor" sem certos ensinamentos definidos é insustentável. Quando em Nova Iorque, em 1912, dois Baha'is se aproximaram de 'Abdu'l-Baha, discordando num ponto dos ensinamentos baha'is, e lhe pedindo que decidisse qual estava com a razão, a resposta de Abdu'l-Baha foi: "Nenhum está com a razão. Para ser um Baha'i não se deve discordar; todos devem concordar. A união é o alvo."


Entretanto, esse mesmo sistema insiste, agora, "que nada deve ser dado ao público por um indivíduo dentre os amigos, sem que seja completamente examinado e aprovado pela Assembleia Espiritual da sua localidade." Infere-se tacitamente que não é seguro deixar que os indivíduos exponham seus pontos de vista sobre os ensinamentos baha'is, a não ser que sejam oficialmente aprovados. E, logo a seguir, se um membro dos Baha'is deixa o movimento por ter mudado de conceitos, ele - ou ela geralmente, pois é uma seita feminina como a Ciência Cristã - tem boas razões para ocultar-se o mais longe possível dos líderes dessa seita do amor. Esta declaração, pela natureza do caso, não pode ser provada com referências; mas o autor garante a sua veracidade. Não há salvação para quem abandone os Baha'is, de acordo com o seu sistema.


Os Baha'is se sentem encorajados pelo fato de que nestes últimos cem anos o Baha'ismo se espalhou da sua terra originária, o Irão, por 124 países, inclusive o Brasil.
"Seus seguidores se contam entre as mais diversas culturas, raças e nações. Seus ensinamentos se baseiam nos princípios da unidade da humanidade, da unidade da religião e da justiça sem princípios."
Enquanto o Baha'ismo estabelece-se com mais firmeza, os requisitos para a filiação vão se tornando mais exigentes.


Uma recente obra baha'i, "Tudo Se Fez Novo", de John Ferraby (1958), declara: "Se um Baha'i pertence a uma organização, religiosa ou secular, cuja filiação implica na adoção de crenças ou na aprovação de alvos em desarmonia com os ensinamentos de Baha'u'llah, isto importa numa negação da fé nesses ensinamentos, ou em falta de sinceridade declarada. Qualquer pessoa que esteja desejosa de filiar-se à Comunidade Baha'eque não esteja pronta a abandonar a sua filiação em alguma dessas organizações, prova com a sua má vontade que ainda não entendeu inteiramente os ensinamentos baha'is e, consequentemente, não deve ser aceito. Pelo mesmo motivo, um Baha'i que insiste em se filiar a uma tal organização depois que a sua assembleia já o admoestou a não fazê-lo, torna-se passível de ser privado do seu direito de voto na Comunidade Baha'i.
"Há muito poucas organizações cujas crenças e alvos estão plenamente consistentes com os ensinamentos baha'is.
Virtualmente, todas as organizações religiosas, com exceção talvez de algumas poucas que se referem à religião comparativa, exigem certo tipo de crença que um Baha'i não pode apoiar ... " (pág. 285).


Avaliação
É evidente que um movimento que acentua tão fortemente a união de todas as forças religiosas do mundo tem de ser um tanto vago e generalizado. Não existem muitos pontos da doutrina cristã sobre os quais a seita fale. Ela prefere ignorá-los todos. Talvez seja aqui exatamente que devamos começar.


1. Está claro que o Baha'ismo tem alguns pontos excelentes, do ponto de vista cristão, que o torna muito perigoso como uma religião. As três últimas palavras foram sublinhadas de propósito. Quem não louvaria os Baha'is quando eles advogam a paz universal? 

Quem ainda não percebeu, atualmente, a monstruosidade de uma guerra universal feita com modernos meios de total destruição, e no interesse de investimentos internacionais de grandes capitais? Quem ainda não percebeu que a guerra moderna se aproxima do inferno como nada mais deste mundo? Ou quem ainda não percebeu que é mais que um gesto de nobreza quando um homem dá sua vida para ajudar os pobres, os doentes e as classes menos privilegiadas? Para tudo isto, há grandes dons que Calvino chamou de graça comum de Deus.

Mas toda essa nobreza de caráter não expia o pecado. Isso não é religião. Menos que tudo ela seria superior ao Cristianismo.


2. Com o seu panteísmo claramente implícito, o Baha'-ismo é mais um exemplo do que o Dr. Abraham Kuyper chamou, há muitos anos atrás, de "a irresistível tendência da nossa época de mudar em toda linha do Deus-homem para o Homem-deus." Como panteísmo, o Baha'ismo é condenado do ponto de vista do Cristianismo. O caminho que liberta o homem da sua maldade não é o seu galgar às mais altas manifestações da divindade, mas sim o transcendente Deus descer ao homem na sua divina revelação.


3. O Baha'ismo tem muito em comum com outra seita que se chama Teosofia. Ambos dão ênfase a ideia de que há necessidade para mais um porta-voz divino que acrescente algo mais às palavras de Jesus. Mas, enquanto os Teosofistas estão aguardando esse homem desde que Krishnamurti desceu do "trono que era de Cristo", os Baha'is asseguram que esse homem já apareceu em Baha'u'llah.
Assim como os Teosofistas, os Baha'is também concordam que todas as religiões são uma só. Lembramo-nos das palavras de Annie Besant: "Combinadas, elas dão o testemunho da verdade; combinadas, elas dão um gigantesco acorde de perfeição." Isto se deve, é claro, ao seu panteísmo comum.


4. O Baha'ismo tem muito em comum com o Espiritismo e com a Maçonaria.
Sobre o Espiritismo, Sir Arthur Conan Doyle escreveu:
"Para mim ele é religião - a própria essência dela." Ele a chamou de "a grande força unificadora, a única coisa provavelmente ligada a todas as religiões, cristãs ou não, formando uma base sólida comum sobre a qual cada uma levanta, se for preciso, esse sistema separado que apela aos vários tipos de mentes." Como isto soa à Baha'ismo!

A discussão da Maçonaria num capítulo em separado foi omitido neste volume. O escritor não considera a Maçonaria como uma seita semelhante aos outros "ismos" aqui comentados. Para muitos Maçons a loja é o emblema ou marca da sociabilidade, da ajuda mútua. Eles riem da ideia de que a loja maçônica possa ser considerada uma competidora, nem se falando de uma substituta, da religião cristã.

Contudo, muitos líderes do movimento maçônico, a oficialmente recomendada literatura do movimento, seus signos e emblemas, todos emprestados das religiões pagãs do oriente, tudo isso e outras coisas mostram o que é a Maçonaria de tal maneira que o Dr. Torrey tinha razão quando disse: "Um homem pode ser um cristão e um maçom, mas ele não pode ser um cristão inteligente e um maçom inteligente ao mesmo tempo."
Sem querer ofender, portanto, aos cristãos maçons, gostaríamos que estudassem obras tais como An Encyclopedia of Freemasonry and Its Kindred Sciences, 1914; Lexicon of Freemasonry; Masonic Ritualist; todos por Albert G. Mackey.
Freemasonry and the Ancient Gods por J. S. M. Ward, 1926; New Odd-Fellows' Manual pelo Rev. A. B. Grosh, 1882.
Gostaríamos de perguntar aos Maçons por que existe uma Ordem Co-maçônica na Sociedade Teosofista. Gostaríamos de perguntar por que a afirmativa de que todas as religiões são uma só, deveria ser tolerada na Maçonaria, mas condenada na Teosofia e no Baha'ismo. Baha'u'llah diz no seu "Testamento":
"Ó vós, povos do mundo! A religião de Deus tem por finalidade o amor e a união; não a transformeis em causa de inimizade e conflito ... Acariciamos a esperança de que o povo de Baha sempre retomará à Bendita Palavra: EIS: TODOS SÃO DE DEUS."


O Supremo Concílio do 33.0 Degrau, F.A.A.M., Jurisdição Meridional dos E.E.U.U. em 1874, disse: "A Maçonaria é um culto, mas um culto no qual todos os homens civilizados podem se unir; pois ela não se dispõe a explicar ou dogmatizar os grandes mistérios que estão acima da frágil compreensão de nosso intelecto humano."
E Mackey escreveu: "Se a Maçonaria fosse uma simples instituição cristã, os judeus e os maometanos, os brãmanes e os budistas, não poderiam de sã consciência participar da sua iluminação. Mas ela se ufana da sua universalidade.


Cidadãos de todas as nações podem falar a sua língua; no seu altar, homens de todas as religiões podem se ajoelhar; seu credo pode ser subscrito por discípulos de todas as fés."

5. Enquanto os Baha'is proclamam para a sua religião uma ênfase recente sobre as mesmas verdades também ensinadas, entre outras, pelo Cristianismo, nós sustentamos que ela é, pelo menos nas suas manifestações em terras cristãs, uma pobre imitação da religião cristã. Baha'u'llah como manifestação final de Deus em carne não passa de uma imitação da encarnação de Jesus Cristo; as "tabuinhas inspiradas" dos Baha'is são escrituras falsas. Seu "batismo espiritual", a "Terra Santa", as "beatitudes", a "Festa da União" (sucedâneo da Ceia' do Senhor), sua imitação do Pentecoste (dizem que uma paz surpreendente enche as almas daqueles que repetem noventa e cinco vezes por dia as palavras Alla hu Abha) - esses toques supostamente cristãos, aparentemente calculados para agarrar cristãos, não aumentam o nosso respeito pelo Baha'ismo.


O Christian Century de 25 de setembro de 1946, informa-nos de que os Baha'is decidiram começar a propagar a sua causa de dois modos: pela imprensa, para o povo em geral, através de revistas e periódicos populares, enquanto que outros serão alcançados pelos jornais do comércio das editoras e emissoras. Isto é interessante, primeiro porque agora estamos preparados a enfrentar um método mais direto de propaganda dessa seita que ensina a união de toda e qualquer religião. 

Em segundo lugar, conseguimos uma interessante olhadela na mentalidade do Modernismo, quando vemos o editor (naquele tempo) deste proeminente jornal religioso avançar tanto no seu veemente antagonismo contra o "denominacionalismo" quando escreve: "O plano é ótimo. Os Baha'is têm alguma coisa para dar. " É interessante e pode sugestionar, ultimamente, a outros grupos religiosos que verificassem como este honrado grupo, que tem a sua origem entre os maometanos da Pérsia cerca de um século atrás, usa as mais modernas técnicas para fazer amigos e influenciar pessoas."


Baha'ismo e Doutrina Escriturística 

Deus
"Além deste homem (Baha'u'llah) não existe outro ponto de concentração. Ele é Deus."


Pecado
"A única diferença entre os membros da família humana está no grau. Alguns são como crianças que são ignorantes e precisam ser educadas até que atinjam a maturidade.
Outras são como os doentes que precisam ser tratados com ternura e cuidado. Ninguém é mau e perverso. Não devemos sentir repulsa por essas pobres crianças. Devemos tratá-las com grande delicadeza, ensinando as ignorantes e ternamente cuidando das doentes."
"O mal é a imperfeição. O pecado é o estado do homem no mundo da natureza mais baixa, pois na natureza existem defeitos tais como a injustiça, a tirania, o ódio, a hostilidade, a porfia: são características do baixo plano da natureza. São os pecados do mundo, os frutos da árvore de que Adão comeu.
Através da educação podemos nos libertar dessas imperfeições." - 'Abdu'l-Baha.


Jesus, o Único Nome
"Cristo foi o profeta dos cristãos; Moisés, dos judeus. Por que os seguidores de cada profeta não reconheceriam e honrariam também os profetas dos outros? Se os homens ao menos pudessem aprender a lição da tolerância mútua, da compreensão, do amor fraternal, a União do mundo cedo seria um fato estabelecido." - 'Abdu'l-Baha."
"A revelação de Jesus foi para a sua própria dispensação, a revelação do "Filho". Atualmente já não é mais o ponto de orientação para o mundo. Ficamos em trevas totais se rejeitamos a revelação da presente dispensação.
Os Baha'is precisam se separar de tudo que ficou no passado - quer coisas boas, quer más - tudo. Agora tudo mudou. Todos os ensinamentos do passado são coisas do passado. 'Abdu'l-Baha está, agora, abastecendo o mundo." C. M. Remey.


A Ressurreição
"'Abdu'l-Baha explica, o significado da ressurreição assim: 'Os discípulos estavam perturbados e agitados depois do martírio de Cristo. A Realidade de Cristo, que significa os seus ensinamentos, sua bondade, sua perfeição e seu poder espiritual, ficou escondida e oculta durante dois ou três dias depois do seu martírio, sem resplandecer ou se manifestar. Estava perdida; pois os crentes eram poucos em número e estavam perturbados e agitados. A causa de Cristo era como um corpo sem vida e, quando depois de três dias, os discípulos se encheram de ousadia e firmeza, começando a servir a Causa de Cristo e resolvendo proclamar os ensinamentos divinos, pondo em prática os seus conselhos, levantando-se para servi-lo, a Realidade de Cristo se tornou resplandescente e a sua bondade apareceu; sua religião encontrou a vida, seus ensinamentos e admoestações se tornaram videntes e visíveis. Em outras palavras, a Causa de Cristo era como um corpo sem vida, até que a vida e a bondade do Espírito Santo a rodeasse.'


Fé Versus Razão
"Há duas espécies de luz. Há a luz visível do sol por meio da qual podemos discernir as belezas do mundo à nossa volta. Sem ela nada poderíamos ver.
"Mas, apesar de que a função dessa luz é tornar essas coisas visíveis aos nossos olhos, ela não pode nos transmitir o poder de vê-Ias ou de entender os seus vários encantos, pois essa luz não tem inteligência, nem conhecimento. É a luz do intelecto que nos dá conhecimento e entendimento e sem essa luz os olhos físicos não teriam utilidade.
"Essa luz do intelecto é a mais perfeita luz que existe, pois nasceu da Luz Divina.
"A luz do intelecto capacita-nos a entendermos e a percebermos tudo o que existe, mas é somente a Divina Luz que pode nos dar a visão das coisas invisíveis e que nos capacita a vermos as Verdades que só serão visíveis ao mundo milhares de anos no futuro." 'Abdu'l-Baha.
"Não devemos aceitar dogmas tradicionais que são contrários à razão, nem fazer de conta que cremos em doutrinas que não podemos entender. Isso é superstição e nunca religião verdadeira." J. E. Esslemont.


Os Sofrimentos de Cristo
"Por que Jesus Cristo sofreu a terrível morte na Cruz?
Por que Maomé sofreu perseguições? Por que o Bab fez o supremo sacrifício e por que Baha'u'llah passou os anos de sua vida na cadeia?
"Por que todo esse sacrifício, se não para provar a vida eterna do Espírito?
"Cristo sofreu, Ele aceitou todos os seus sofrimentos por causa da imortalidade do seu espírito. Se um homem reflete, ele entenderá o significado espiritual da lei do progresso; como tudo se movimenta do grau inferior para o superior." 'Abdu'l-Baha.

Afirmamos que o Baha'ismo está condenado pelas seguintes declarações das Escrituras:
Mateus 24:24, 26: "Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando, grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos... Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto! não saiais. Ei-lo no interior da casa! não acrediteis."
Colossenses 1:19-20: "Porque aprouve a Deus que nele residisse toda a plenitude, e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as cousas, quer sobre a terra, quer nos céus".
Propositalmente apresentamos o Baha'ismo como ele se revela em sua vestimenta ocidental. Notar-se-á que até mesmo isto é, mais ou menos, abertamente anti cristão. E isto é uma adaptação do Baha'ismo persa para o uso no ocidente. Um estudante fiel e partidário do Baha'ismo declarou: "O Baha'ismo persa não é essa fantasia ocidental que leva o seu nome." 

O Baha'isma original é muito mais cheio de ódio para com os seus oponentes; advoga a bigamia mais do que a igualdade dos sexos; sua literatura está cheia de falsidades históricas e religiosas. Por isso, a declaração de que o Bab apontou um imediato sucessor seu, não é verdade, ainda que seja crido pelos Baha'is do oriente e ocidente.

Na Pérsia, o movimento se vangloria de que metade da América é Baha'is hoje em dia. Cf. bem documentadas obras de S. G. Wilson e W. Miller, anteriormente citadas.


Assista ao Vídeo: O salvo já foi lavado, santificado e justificado!


Por Jan Karel Van Baalen

10. Ciência Cristã

Existe abundância de evidência incontestável de que a autora da seita religião-médica conhecida por Ciência Cristã foi, até o fim de sua vida de oitenta-e-nove anos, achacada de moléstias tanto da mente como do corpo; que, nos seus últimos anos, foi, "pelo pavor da morte, sujeita à escravidão"; e que através de tudo permaneceu tão autocêntrica como a seita que propagara.
Afirmava possuir, entretanto, tal inspiração divina e semelhança com Deus, que essas afirmações se revelavam absolutamente incompatíveis com a impressão que ela dava à maioria de 'Seus contemporâneos. E desde que seus seguidores têm divinizado tanto sua personalidade como seus ensinos, é quase necessário que eles apaguem o quadro da Sra. Eddy deixado por aqueles que viveram na sua época.


Nesse ingente esforço, o tempo, como seria de se esperar, mostrou-se cooperador das Comissões de Publicação que foram organizadas em cada estado e província onde a Ciência Cristã conseguiu implantar-se. As obras primitivas, escritas por contemporâneos da fundadora, estão agora quase todas esgotadas; grandes quantidades de "literatura inconveniente" foram reunidas e destruídas; a vida da Sra. Eddy foi re-escrita, e tudo que se considerou pouco amistoso foi prontamente eliminado como "não autêntico".
Em um esforço para pôr em prática sua alegação de que a Ciência Cristã é uma religião que segue rigorosamente à Regra Aurea, os Cientistas Cristãos remetem gratuitamente literatura aprovada aos que têm escrito contra o Eddyismo, solicitando cortesmente a tais escritores que mudem sua avaliação de acordo com dita literatura.


Foi essa a experiência de Charles S. Braden, F. E. Mayer, Lloyd M. Wallick e, ultimamente, do presente escritor. (Braden: These Also BeZieve (Estes Também Creem), págs. 180, 181; Mayer: The Religious Boâies 0f America (As Entidades Religiosas da América), pág. 524; Wallick, em The Luttieran. Quarterly (Jornal Trimestral Luterano) de outubro de 1954; van Baalen: correspondência particular com Will B. Davis, relator, Comissão de Publicação, Boston, 1958.


Acontece, porém, que nenhum desses escritores modificou sua avaliação da Ciência Cristã nem de sua autora, em virtude dessa correspondência. O livro The Life of Mary Baker G. Eddy and the History of Christian Science (A Vida de Mary Baker G. Eddy e a História da Ciência Cristã), 1909, da Srta. Milmine, permanece como fruto de esforços tão esmerados e de tantas viagens por cidades em que a Sra. Eddy morou, que não é possível desprezar tudo isso ou pô-lo de lado. 

E a biografia de Dakin: Mrs. Eddy, the Biography of a Virginal Mind (A Sra. Eddy: a Biografia de uma Mente Virginal), 1929, é tão bem documentada que não se pode desconhecer. Desse sucesso de livraria, críticos célebres e sem preconceitos como R. L. Duffus (New York Times), Heywood Broun (Book of the Month Club News), H. L. Mencken (American Mercury) fizeram as melhores referências.


Gilbert Seldes em The New York Herald Tribune escreveu:
"A nobreza da atitude do autor, sua fina percepção, seu equilíbrio e bom senso, tornam sua obra inteiramente louvável."


E Lewis Mumford afirmou em The New Republic:
"Sr. Dakin cometeu uma ofensa imperdoável contra a Sra. Eddy: fez-lhe justiça."
Deixam por isso de ser muito convincentes: as declarações da Ciência Cristã a respeito dessa obra erudita e clássica na matéria, de que "foi escrita sem dados dignos de confiança"; esforços oficiais para boicotar o livro e suprimir-lhe a venda. Há asseverações posteriores de que esses esforços partiram apenas de uns poucos entusiastas hipersensíveis. (Ver "The Blight that Failed" (A Praga que Fracassou), panfleto que conta a história de tentativas dos Cientistas Cristãos para suprimir o livro de Dakin.)


O que é mais, as biografias oficialmente recomendadas de Mrs. Eddy, pelo fato de apresentarem um retrato evidentemente unilateral no interesse de exaltar a fundadora, não merecem fé como material. hístórico. (Dr. James H. Snowden declara como conclusão sua em The Truih. about Christian Science que, na biografia oficial da Srta. Wilbur, "mesmo os fatos mais desesperados são retocados, se bem que a feia verdade nem sempre é passível de negação ou de explicação plausível. A adulação pessoal da Sra. Eddy, que se aproxima do culto a uma divindade, é simplesmente nojenta" (pág. 10). Mary Baker, A Lile Size Portrait \Mary Baker Eddy: um Retrato em Tamanho Natural) de Lyman Powell, escrito como reação ao livro de Dakin, nem ao menos menciona o nome de Augusta Stetson, apesar de ter sido o episódio stetson indubitavelmente uma das pechas mais negras no caráter e métodos da Sra. Eddy.)


A bem da caridade, vamos concluir esta introdução dolorosa de nosso assunto com duas observações.
Primeiro, é sem dúvida difícil encarar com absoluta objetividade uma pessoa cujos ensinos nos trouxeram grande benefício - e não se pode negar que os 'ensinos da Sra. Eddy têm trazido benefício a alguns que tomam o "grão de verdade" do "alqueire de erro" que é o sistema do Eddyismo.
Segundo, uma vez que a própria experiência da Sra. Eddy contradisse tão violentamente seus ensinos, não é de se admirar que algumas vezes a verdade seja espichada ou mesmo sofra distorção a fim de fazer com que os fatos concordem com a teoria firmemente mantida.


Verdades Inegáveis
Reunidas todas as evidências, o que passamos a relatar está fora de qualquer dúvida. A Sra. Eddy, nascida a 16 de julho de 1821 em Bow, Estado de New Hampshire, muito sofria de uma fraqueza da espinha que a afetou não só física mas também mentalmente. Isso perdurou durante boa parte de sua vida e prejudicou tanto seu primeiro como seu segundo matrimônio. Seus sofrimentos levaram-na a consultar o então famoso P. P. Quimby em Portland, Estado de Maine, que seguia as pegadas do francês Charles Poyen, célebre mesmerista.
Por duas vezes a Sra. Eddy, então conhecida por Sra. Patterson, consultou Quimby. Passou períodos consideráveis com ele em particular, discutindo seus ensinos e métodos.
Após as consultas sentava-se horas a fio escrevendo suas conclusões. Isso deu origem a muitos relatos confusos.
Uns afirmam que a "Bíblia" da Sra. Eddy, Science and Health (Ciência e Saúde), publicada primeiro em 1875, contém muitas dessas anotações, inclusive material de Quimby que ela levou para casa. A Sra. Eddy, porém, sustentava que seu livro foi resultado de inspiração divina, direta, e que divergia radicalmente das conclusões de Quimby.


Os Cientistas Cristãos, corno é natural, dão crédito à Sra. Eddy. Srta. Wilbur vai ao ponto de afirmar que nunca houve manuscritos de Quimby. Mas reímpressões de documentos oficiais e atestações juradas provam o contrário. (A causa da dependência da Sra. Eddy de Quimby, posteriormente negada por ela, bem como sua dependência do Rev. J. H. Wiggins, seu editor literário e escritor fantasma ("Sinto muitas vezes como se o Senhor me falasse por seu intermédio") tem sido argumentada recentemente, partindo de fontes inatacáveis, por W. Martin e N. Klann: The Christian Science Myth (O Mito da Ciência Cristã), 1954.)
O que permanece inegável é que a Sra. Eddy era, inicialmente, eloquente em seus elogios ao Dr. Quimby (ele "cura os doentes corno Jesus o fazia"); que ela insistia sempre em repetir: "Aprendi isso de Dr. Quimby"; e que, com o decorrer do tempo e aos poucos, ela passou não só a atacar essa fonte de suas teorias, mas chamou de mero mesmerista, ao homem que de início elogiara, aos passo que ela preconizava a cura por meio da mente.


Podemos passar por cima de perguntas corno: Até que ponto a Sra. Eddy era inspirada por motivos egoístas? Chegou ela mesma a ser curada de algum mal orgânico? For que foi que ela, a profetisa divinamente inspirada de urna nova Bíblia, revisou repetidamente o seu livro através dos anos? Que explicação plausível pode ser dada do fato de que as edições posteriores, revisadas, contém linguagem muito mais pura e gramatical do que as anteriores? O que de certo não podemos levar a sério é a sua própria explicação, que ela foi de tal modo inspirada por Divina Ciência quando escreveu a primeira edição, que "a gramática sofreu eclipse." E por que será que mesmo as edições ulteriores de Ciência e Saúde com Chave das Escrituras deixam a impressão de terrivel confusão para os leitores inteligentes, tanto no que se refere à organização e reorganização dos capítulos corno no fato de não se cingirem a seus respectivos assuntos?


Os Cientistas Cristãos têm sempre feito objeção indignada às tentativas dos jornalistas de Nova Iorque para conseguirem urna entrevista com a Sra. Eddy no decorrer dos anos de seu declínio em Chestnut Hill. E têm negado ousadamente as declarações quase idênticas de nove dos jornalistas, que encontraram a idosa senhora em condições precaríssimas, tanto física corno mentalmente.
Os Cientistas Cristãos devem, entretanto, lembrar que a Sra. Eddy durante muitos anos vinha negando a realidade da doença e da morte. Todo o seu sistema dependia completamente da "demonstração" da exatidão dessas negativas.


Consequentemente, os boatos de que a própria Sra. Eddy estava envidando esforços frenéticos, porém infrutíferos para demonstrar essa exatidão na face de crescente fraqueza e da aproximação da morte, justificavam perfeitamente uma tentativa honesta de informar o público em geral daquilo que acontecia dentro e ao redor de Chestnut Hill. Seria verdade que a Sra. Sargeant desempenhava o papel de sósia da Sra. Eddy nos passeios diários em sua sege porque a Sra. Eddy estava disfarçando a deterioração de seu próprio estado físico?
O que é verdade é que a Sra. Eddy, em 2 de dezembro de 1910e com a idade de oitenta-e-nove anos e meio, morreu corno todos morreram antes dela, apesar de seu ensino que "Deus é Tudo, Deus é Vida, e, portanto a Doença e a Morte não existem."


Frutos Terapêuticos da Ciência Cristã
A biografia da Sra. Eddy escrita por Powell contém um capítulo intitulado: "Por seus Frutos," e da nossa parte estamos de acordo com o julgamento do Eddyismo por seus frutos.
Esses frutos não são exclusivamente maus. Se o fossem, o sistema não podia ter sobrevivido como de fato o fez. O bem que o Eddyismo tem a seu favor está nas muitas curas que tem efetuado e que demonstram o poder do pensamento sobre a matéria. 

E não deixa de ser um benefício prestado pela Sra. Eddy o ter ela, bem como numerosos outros ensinadores da cura pela fé e a cura mental, (A diferença entre as duas categorias, em geral, é que a primeira dirige a mente a um poder exterior e supostamente divino, o qual cura em resposta à oração; ao passo que a segunda categoria sustenta que a própria mente humana é capaz de expulsar a enfermidade pelo raciocínio. Ambas, porém, pressupõem a receptividade mental.) ter chamado a atenção da humanidade para esse poder. 

A ciência médica deve, talvez mais do que quer admitir, a Mrs. Eddy pelas redes coberta da importantíssima interação do físico com o espiritual no ser humano. Os males "psicossomáticos" têm sido reconhecidos principalmente na esteira da Ciência Cristã. (W. W. Sweet, em seu admirável estudo The storu of Religion in America (A História da Religião na América) sugere de modo semelhante: "E é muito possível que o crescente interesse na psiquiatria como nova técnica não deixe de ter alguma relação com a Ciência Cristã" (3ª edição, pág. 377).


Mas em confronto com algum benefício que o Eddyismo tem feito temos de colocar o grande mal que tem causado.

1. Mrs. Eddy, bem como seus inúmeros seguidores, têm feito repetidamente afirmações que não puderam ser comprovadas. Não somente eles têm recusado a orientação do diagnóstico competente, como fazem todos os adeptos da cura pela fé, mas também têm alegado possuir a capacidade para curar quando na realidade essa capacidade não se demonstrava absolutamente. Em resumo, a Ciência Cristã não pode remover males orgânicos. A própria Sra. Eddy acabou concedendo, ainda que depois de muita relutância, a viabilidade de invocar a ajuda do cirurgião." Uma das alegações não comprovadas que a Sra. Eddy fez foi esta: "Curei a difteria tubercular maligna e ossos cariosos que cediam à pressão do dedo, salvando-os quando os instrumentos do cirurgião jaziam sobre a mesa prontos, para efetuar a amputação. Curei em uma visita um câncer que tinha corroído de tal forma a carne do pescoço que a veia jugular ficava exposta de modo a salientar-se como uma corda.:" A literatura oficial da Ciência Cristã quer convencer-nos de que a Sra. Eddy repetidamente levantava aqueles que estavam nas garras da morte.? Tais afirmativas despropositadas encontram-se a miúdo nos próprios escritos da Sra. Eddy.


2. Há grande cópia de literatura que trata de casos autênticos em que praticantes da Ciência Cristã foram condenados
nos tribunais dos Estados Unidos por terem desnecessariamente ocasionado mortes pela sua recusa de chamar médico ou cirurgião. Relatórios desses casos encontram-se em livros que se acham disponíveis nas bibliotecas públicas, se não nas Salas de Leitura da Ciência Cristã."


3. Quer tenha morrido o Sr. Eddy de enfermidades físicas vulgares ou de "envenenamento pelo arsênico mentalmente administrado" conforme asseverava a Sra. Eddy, o que é certo é que esta não pôde dar conta dos resultados das forças malignas cuja realidade ela própria negava. O mesmo acontece com os praticantes que a têm seguido.
Nas melhores das hipóteses eles têm atribuído os resultados de forças maléficas a "erro da Mente Mortal," o qual, ao que parece, mostrou-se demasiado forte para que o "Bem Onipotente" o pudesse remover. Apesar de negar a existência do diabo, a Sra. Eddy foi acossada em grau incomum, na velhice, pelo terror mortal, por aquele diabo real de seu sistema e que ela teve por bem chamar de "Magnetismo Animal Maligno." M. A. M. representa os pensamentos maliciosos e hostis dirigidos contra a pessoa. M. A. M. tornou-se o pesadelo da Ciência Cristã e é o verdadeiro diabo dessa filosofia que nega a existência de Satanás.


Filosofia da Ciência Cristã
Em primeiro lugar o Eddyismo é o resultado da busca da saúde física pela Sra. Eddy. Quando julgou ter encontrado esta para si por intermédio de P. P. Quimby, pensou em achá-la para outros) influenciando seus pensamentos contra a existência de seus males físicos. Através de um período de muitos anos ela desenvolveu o sistema que se divulgou através de certas regiões dos Estados Unidos e Canadá, bem como de muitas outras terras. (A influência da Ciência Cristã permaneceu 'circunscrita em grande parte a comunidades urbanas e à classe média próspera. Isso se vê, por exemplo, em Seattle, onde a décima-oitava Igreja de Cristo, Cientista, foi oficialmente dedicada em abril de 1959) .
Pouco importa se esse sistema teve sua origem com Quimby ou com a Sra. Eddy, e se remonta a 1862 ou a 1866.


A Sra. Eddy passou indubitavelmente adiante de Mesmer, de Poyen e de Quimby, embora o produto acabado contenha elementos dos sistemas deles e ainda elementos que lembram fortemente o "Shakerismo", hipnotismo, idealismo filosófico, c talvez outros sistemas de pensamento que eram populares nos dias e no ambiente dela. O produto final, entretanto, foi além de todos eles, tendo-se tornado o que agora é e que tem sido chamado "precisamente panteísmo acósmico - isso, tudo isso e mais nada do que isso." (B. B. Warfield: Miracles Yesterday and Today (Os Milagres, Ontem e Hoje) , pág., 217.)
Como a Sra. Eddy foi essencialmente uma mulher de pouca instrução e uma autodidata que lidava com problemas muito além de seu alcance, seu livro, o hoje notório Science and Health (Ciência e Saúde), é uma confusão tremenda.


Desde a primeira até a última edição, contém uma aglomeração de ideias confusas. Sua popularidade deve-se em medida não pequena ao fato de as afirmações confusas e constantemente repetidas deixarem, com certos leitores, impressão de grande profundidade. Os leitores inteligentes percebem, naturalmente, seu gosto raro pela divagação ilógica e pela insistência em ficar batendo em uma única tecla.
Contudo, a Sra. Eddy enfrentou graves dificuldades para manter sua ideia única em face dos fatos de um universo preponderantemente material. Poucos panteístas iriam tão longe quanto foi a Sra. Eddy, pois ela sustentava que, uma vez que Deus é Tudo e que Deus é Bem Onipotente, portanto tudo que não é Deus deixa simplesmente de possuir realidade objetiva. 

E, não podendo negar que o mal em suas múltiplas formas espirituais e físicas nos cerca de todos os lados, a Sra. Eddy viu-se forçada a postular algo que ela denominou "Mente Mortal" que existe, segundo ela afirmou, em oposição a Deus e ao Bem. Essa mente está repleta de erro, devendo ser-lhe atribuído todo o aparente mal. Uma vez que o mal é mental, deve ser alijado pelo raciocínio e silenciado pela Mente Divina. O fato de realmente não caber tal "Mente Mortal" errônea em uma teoria que estipula a existência de um Deus bom e onipotente com a exclusão de todo o mal, é a simples verdade insuperável que destrói por completo toda a filosofia da Ciência Cristã.


A dificuldade prática que a Ciência Cristã encontra aqui está no fato de nem a própria Sra. Eddy ter-se tornado tão repleta da "Ciência" que pudesse demonstrar a inexistência do mal, da tristeza, da dor e da morte. O homem em seu estado atual é capaz de remover pelo raciocínio apenas determinadas moléstias e males, permanecendo até o fim de sua carreira terrestre sujeito à "tirania da Mente Mortal". Só ulteriormente poderá a humanidade demonstrar a veracidade do pensamento fundamental único da Sr Eddy, de que Deus e a Verdade e a Saúde e a Opulência representam a única realidade.


É esse fato, de má vontade reconhecida, que:
1) torna toda a literatura da Ciência Cristã tão difícil de ser entendida pelos não iniciados; que;
2) flagelava cruelmente a Sra. Eddy com seu terror mortal e que durou toda a sua vida, do M. A. M.; e que -
3) levou um célebre doutor em filosofia de uma geração atrás a acusar a Sra. Eddy de "o truque de duas linguagens", afirmando que a chave da Ciência Cristã - e da compreensão de seu manual está no reconhecimento do fato de serem empregadas as mesmas palavras com dois sentidos diferentes: um, o da "Ciência", e o outro, o da "Mente Mortal".


Dr. Snowden resumiu o apelo popular da Ciência em um capítulo final sob os seguintes títulos:
1) O Apelo da Saúde;
2) O Apelo do Conforto;
3) O Apelo do Idealismo;
4) O Apelo da Revolta Liberal.


Ele ainda acrescenta:
"Embora seja a Ciência Cristã um sistema filosófico pretensioso e falaz que não goza de reputação nem de respeito nas escolas! contudo, esse próprio aspecto do sistema tem servido de atrativo para determinado tipo de mente iletrada e superficial. As vagas ideias místicas, as estranhas doutrinas, a afirmativa e aparência de ser uma nova 'revelação', os termos e as frases peculiares de seu calão, e principalmente os compridos polissílabos, empolados e sonoros, até mesmo palavras desengonçadas como "allness" (qualidade do que é tudo) e "somethingness" (qualidade do que é alguma cousa) e os períodos rebolantes e reverberadores, têm uma espécie de efeito hipnótico, fascinando e atraindo as mentes que não são dadas à atenção cuidadosa e ao pensamento refletivo, tal como as luzes elétricas brilhantes atraem enxames de besouros e mariposas.


A Ciência Cristã como Religião
De início a Sra. Eddy pensava somente na cura. Foi somente em 1879 que ela organizou sua "igreja". A primeira edição de seu livro não continha nenhuma "Chave das Escrituras," e mesmo esta nunca passou de umas poucas observações sobre os primeiros capítulos do Gênesis.
Nessa parte a Sra. Eddy não brilha. Acusa de falsidade as Escrituras onde não consegue conciliá-las com suas próprias ideias (por exemplo. "Há de ser mentira" - nota sobre Gen. 2.7), e afirma que seu livro, que está repleto de declarações contraditórias, possui inspiração verbal.


Isso, entretanto, está excluído pelas suas inúmeras alterações e emendas em cada nova edição, e por sua declaração de que cada nova edição é a única autorizada. Contudo, sua noção de ser inspirada levou-a a declarar que era ela a mulher de Apocalipse 12; a proibir a seus seguidores que chamassem de "mãe" qualquer pessoa sobre a terra exceto sua própria mãe segundo a carne e à fundadora da "Primeira Igreja de Cristo, Cientista"; e a alterar o destinatário do Pai Nosso para "Pai-Mãe Deus Nosso."
Como religião, a Ciência Cristã embala os homens, amortecendo-lhes a consciência mediante a negação de todos os males que as Escrituras afirmam existir e mediante o silêncio que conserva a respeito da retribuição a ser proporcionada no porvir àqueles que "não confessam Jesus Cristo vindo em carne" nem sua vida entregue em resgate por muitos sobre o lenho amaldiçoado.


Conclusão
Os Cientistas Cristãos colocam manual da Sra. Eddy acima da Bíblia, quando o Primeiro Leitor em seus ofícios de culto lê um trecho de Ciência e Saúde, seguido pelo Segundo Leitor, que escolhe uma passagem bíblica que supostamente confirma a teoria da Sra. Eddy.
Por isso mesmo os Cientistas Cristãos possuem forte aliado na mentalidade moderna que já foi emancipada da fé nas Escrituras. Durante todo um século os homens vêm sendo ensinados a considerar a Bíblia como livro que tanto contém verdade como erro. Despreza-se o fato de ter Cristo aceitado o Antigo Testamento como sendo plenamente inspirado e de ter sido seguido nesse particular por seus apóstolos, que por sua vez consideravam inspirados os escritos uns dos outros. Não é verdade que todos os homens são filhos de seu dia, errando e conhecendo apenas em parte? Não foi o Mestre e seus apóstolos tecidos do mesmo pano, ainda que ultrapassassem em muito os homens de seu tempo na percepção inspiracional e intuitiva da verdade? Além disso, os esforços laboriosos, conscienciosos e esmerados da Igreja Primitiva para formular os ensinos das Escrituras são postos de lado como tendo sido "o melhor que havia em seu tempo."


Por conseguinte, muitas doutrinas bíblicas que são ofensivas aos não renascidos são rejeitadas sem mais nem menos, e mesmo pessoas dentro das igrejas se veem desorientadas, apalpando atrás da autoridade e da verdade.
Cada "eis aqui" e "eis acolá" encontra quem lhe dê ouvidos, e obras monstruosas como "Ciência e Saúde" e o "Livro de Mórmon" conseguem prontos seguidores, pois alegam falar com autoridade divina.


Ademais, em uma terra da qual Henry Van Dyke afirmou há muitos anos: "Existem indivíduos que respeitam muito pouco o preparo especial e confiam demasiadamente em sua própria capacidade para resolver extemporaneamente-te os problemas da filosofia e da arte do estadista" qualquer interpretação errônea da verdade bíblica, quer seja seu autor Charles Taze Russell, a Sra. Ellen G. White, Joseph Smith Júnior, o Vidente, ou a Sra. Mary B. G. P. Eddy, tem garantido seu auditório e seus adeptos. Desde que o ensino faça lembrar de longe a fraseologia bíblica e a fé cristã histórica e, sobretudo, que seja de visão amplamente apreciadora de outras interpretações que satisfazem a outros que aleguem ter Cristo em alta estima, provavelmente conseguirá ser ouvido, seja aual for a espécie de Cristo fictício que apresenta.


A Bíblia e a Ciência Cristã
Anjos

"Anjos são puros pensamentos vindos de Deus, alados de Verdade e Amor, seja qual for seu individualismo..."
Meus anjos são pensamentos exaltados." - Sra. Eddy.


Expiação
"Um único sacrifício, por maior que seja, é insuficiente para pagar a dívida do pecado. A expiação requer constante autoimolação por parte do pecador. Que a ira de Deus fosse desabafada em seu Filho amado é contra a natureza divina. Semelhante teoria foi inventada pelos homens.
A expiação não deixa de ser um problema difícil da teologia, porém sua explicação científica é que o sofrimento é um erro do sentido pecaminoso que a Verdade destrói."
"A eficácia da oferta espiritual de Jesus é infinitamente maior do que possa ser expressa por nosso senso de sangue humano. O sangue material de Jesus não foi mais eficaz para purificar do pecado quando foi derramado sobre o "amaldiçoado lenho" do que era quando percorria suas veias ao entregar-se diariamente aos negócios de seu Pai. Sua verdadeira carne, seu verdadeiro sangue, era a sua Vida; e comem verdadeiramente sua carne e bebem seu sangue aqueles que participam daquela Vida divina." _ Sra. Eddy.


A Morte
"Aquilo que, aos sentidos, parece morte, é apenas uma ilusão mortal, pois para o verdadeiro homem e o verdadeiro universo não existe processo mortal."
"Morte: Uma ilusão, a mentira da vida na matéria; o irreal e inverdade."
"Seus discípulos acreditavam que Jesus estava morto enquanto estava oculto na sepultura, ao passo que Ele estava vivo, demonstrando dentro do estreito túmulo o poder do Espírito para sobrepor-se ao senso mortal e material." _ Sra. Eddy.


O Diabo
"A Ciência Cristã ensina-nos que 'o maligno' é apenas outro nome para a primeira mentira e todos os mentirosos."
"DIABO, mal, mentira, erro, nem corporalidade, nem mente." - Sra. Eddy.


O Mal
"Se Deus, ou o bem, é real, então o mal, a dessemelhança de Deus, é irreal."
"Todo pecado é loucura em diferentes graus."
"O homem é incapaz do pecado, da doença e da morte." - Sra. Eddy.


A Queda do Homem
"Se o homem foi uma vez perfeito, mas agora perdeu sua perfeição, então os mortais jamais contemplaram no homem a imagem reflexa de Deus. A imagem perdida não é imagem nenhuma. A verdadeira semelhança não pode ser perdida na reflexão divina (a saber, no homem). Compreendendo isto, Jesus disse: "Sede, pois perfeitos como é perfeito, vosso Pai que está no céu." - Sra. Eddy'".


Deus
"Deus é Tudo-em-Tudo," (ou, "Tudo-em-Todos").
"Deus é Mente, Espírito, Alma, Princípio, Vida, Verdade, Amor incorpóreo, divino, supremo, infinito."
"Vida, Verdade e Amor constituem a Pessoa trina chamada Deus, ou seja, o Princípio triplamente divino, o Amor... o mesmo em essência, embora multiforme em ofício: Deus o Pai-Mãe; Cristo a ideia espiritual de filiação; divina Ciência ou Santo Consolador."
"A teoria de três pessoas em um só Deus (ou seja, uma Trindade ou Tri-unidade pessoal) dá mais ideia de politeísmo do que do único e sempre-presente Eu Sou." - Sra. Eddy.


Inspiração das Escrituras
"A Bíblia tem sido minha única autoridade. Não tive nenhum outro guia no 'caminho reto e estreito' da Verdade."
"Gênesis 2. 7. Esse acréscimo a sua criação é real ou irreal? É a verdade, ou é mentira no tocante ao homem e a Deus? Há de ser mentira, porque depois Deus amaldiçoa a terra." - Sra. Eddy.


Jesus Cristo
"Deus é indivisível. Uma parte de Deus não podia entrar no homem; nem podia a plenitude de Deus ser refletida por um único homem, pois ao contrário Deus seria manifestamente finito, perderia o caráter deífico e se tornaria menos do que Deus."
"Jesus é o homem humano, e Cristo é a divina ideia; daí o dualismo de Jesus, o Cristo."
"O Cristo permaneceu sempre uma ideia no seio de Deus, o Princípio divino do homem Jesus, e a mulher percebeu essa ideia espiritual, embora de início desenvolvida palidamente."
"Cristo, Verdade, foi demonstrado através de Jesus para provar o poder do Espírito sobre a carne... Jesus representava Cristo, a verdadeira ideia de Deus."
"A Virgem-mãe concebeu essa ideia de Deus, e deu a seu ideal o nome de Jesus."
"Jesus foi o fruto da comunhão autoconsciente de Maria com Deus."
"A concepção de Jesus por Maria foi espiritual, pois somente a pureza podia refletir a Verdade e o Amor."
"Jesus levou, em seu corpo nossos pecados. Ele sabia os erros mortais que constituem o corpo material, e podia destruir esses erros; mas, na ocasião em que Jesus sentiu nossas enfermidades, ele não tinha vencido todas as crenças da carne nem seu senso da vida material, nem se tinha elevado à demonstração final de poder espiritual."
"Nosso Mestre demonstrou plena e finalmente a Ciência divina em sua vitória sobre a morte e a sepultura... Os perseguidores fracassaram na tentativa de ocultar em um sepulcro a Verdade e o Amor imortal." - Sra. Eddy.


A Justificação pela Fé
"A libertação final do erro, mediante a qual nos regozijamos na imortalidade, liberdade ilimitada e senso isento de pecado, não se alcança através de veredas de flores nem fixando-se a fé sem obras nos esforços vicários de outrem." - Sra. Eddy.


Casamento
"Até que o tempo amadureça, o crescimento humano, os casamentos e a prole continuarão sem proibição na Ciência Cristã." - Sra. Eddy.
"Até que se discirna a criação espiritual e se apreenda a união dos sexos no senso de sua alma, esse rito deve continuar." - Sra. Eddy.
"Até que se aprenda que a geração não repousa em base sexual, continue o casamento." - Sra. Eddy.
"Até que se aprenda que Deus é Pai de todos, o casamento continuará." - Sra. Eddy.


Oração
"Desejo é oração. Semelhante desejo pouca necessidade tem da expressão audível. Expressa-se melhor no pensamento e na vida."
"Iremos pedir ao Princípio divino de toda a bondade que faça seu próprio trabalho? Seu trabalho está realizado."
"Deus não sofre influência da parte do homem."
"O mero hábito de se suplicar à mente divina, como se suplica a uma criatura humana, perpétua a crença em Deus como sendo humanamente circunscrito - erro esse que impede o crescimento espiritual."
"Aqui me seja permitido apresentar o que entendo ser o sentido espiritual do Pai Nosso:
Pai nosso que estás nos céus,
Pai-Mãe Deus nosso, todo-harmonioso,
Santificado seja o teu nome;
Ser adorável;
Venha o teu reino,
Teu reino já veio; Tu estás sempre presente,
Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;
Faze-nos saber - como no céu, assim também na terra - Deus é onipotente, supremo;
O pão nosso de cada dia dá-nos hoje;
Dá-nos graça para o dia de hoje; alimenta as afeições famintas;
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;
E o Amor é refletido no amor;
E não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal;
E Deus não nos conduz à tentação; Ele nos livra do pecado, da enfermidade e da morte;
Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre.
Pois Deus é infinito, todo-poder, todo Vida, Verdade, Amor, sobre tudo, e Tudo." - Sra. Eddy.


Os Sacramentos
"Nosso batismo é uma purificação de todo o erro."
"Batismo: Purificação por Espírito; submersão em Espírito."
[Nota: (De acordo com os ensinos de Eddy) o batismo não é sinal e selo; o batismo em si é removido, espiritualizando-se. - V.B.]
O verdadeiro sentido é espiritualmente perdido, se o sacramento é limitado ao uso do pão e do vinho... Jesus orava; retirava-se dos sentidos materiais a fim de refrescar o coração com visões mais radiantes, mais espirituais..., e essa ceia encerrou para sempre o ritualismo de Jesus ou suas concessões à matéria. Seus seguidores participavam do maná celestial, que na antiguidade alimentara no deserto os perseguidos seguidores da Verdade. Seu pão realmente vinha do céu. Era a grande verdade do ser espiritual, curando os doentes e expulsando o erro... eles tinham levado esse pão de casa em casa, partindo (explicando a outros), e agora os confortava a eles mesmos.


"Por essa verdade do ser espiritual, seu Mestre estava prestes a sofrer violência e esgotar até à borra seu cálice de tristeza... Cristãos, estais bebendo seu cálice? Participastes do sangue do Novo Pacto, as perseguições que assistem a uma nova e mais elevada compreensão de Deus? Caso contrário, podereis então dizer que comemorastes a Jesus em seu cálice? Estão todos os que comem pão e bebem vinho em memória de Jesus dispostos verdadeiramente a beber seu cálice, tomar sua cruz, e tudo deixar pelo princípio de Cristo? Então porque atribuir essa inspiração a um rito morto... ?


"Que contraste entre a última ceia de nosso Senhor e seu último almoço espiritual com seus discípulos nas radiantes horas matinais no jubiloso encontro à margem do Mar Galileu...
"Esse encontro espiritual com nosso Senhor no raiar de uma nova luz é a refeição matinal que os Cientistas Cristãos comemoram. Curvam-se perante Cristo, a Verdade, para receberem mais de seu reaparecimento e silenciosamente comungar com o Princípio divino, o Amor. Celebram a vitória de seu Senhor sobre a morte,... e sua ascensão espiritual acima da matéria, ou a carne, quando Ele subiu para fora da visão material." - Sra. Eddy.


Assista o Vídeo: O abismo do pecado


Por Jan Karel Van Baalen

11. Católicos Carismáticos e Pentecostais Católicos 

É de todo dia! E a velha alegação! Nasci nessa religião e nela hei de morrer. E a pessoa nem quer ouvir o Evangelho. Ou se o ouve é com o maior desinteresse. Já tem seu ponto-de-vista firmado.
É o preconceituoso.
Há também nos meios evangélicos muita gente preconceituosa em matéria de fé. Por qualquer mo­tivo, menos pelo de real convicção, abraçou determinada denominação. Jamais questionou suas doutrinas e práticas à luz das Escrituras Sagradas. Ne­la firmou raízes, granjeou amigos e obteve cargos e responsabilidades. Se alguém lhe diz algo con­trário a sua denominação, ao invés de examinar a assertiva, zanga-se com o interlocutor. E se admite discutir o assunto, exalta-se, altera-se na sua paixão desassisada. Isto e o autentico fanatismo. E também orgulho que o impede reconhecer a possi­bilidade de laborar em engano.


Certa vez perguntei num momento de intensa tranquilidade a um célebre, "líder" evangélico, se ele tinha alguma base sólida na Bíblia que justi­ficasse sua crença no batismo infantil. Ele, com os olhos marejados de lagrimas, pensou por alguns instantes, olhos fixamente em mim e disse-me: "o irmão não pode esquecer que sou dessa denominação e ela exige que assim se areia." Fiquei estarreci­do com a explicação do meu interlocutor, que me parecia pessoa seria e honesta em sua crença.
Sou salvo, não por fanatismo, mas por con­vicção. Contudo, não me considero fanático. Já fui "padre" e abandonei tudo aquilo. Minha convicção cristã parte de haver eu adotado a Bíblia como Única Regra de Fé e Prática. Excluo, por conse­guinte, toda e qualquer outra Fonte de Revelação Divina.
Considero que a leitura deste artigo poderá causar estranheza em muita gente. Seria por isso muito importante que cada um o lesse despido de todo e qualquer preconceito. Lesse-o com inteli­gência e desejo de se esclarecer.


As Sagradas Escrituras nos ensinam acerca da existência de muitos dons. Não somente dons natu­rais, como o da saúde, o da música, o da poesia etc. Mas, sobretudo, elas nos falam de dons espiri­tuais concedidos pelo Espírito Santo aos crentes. Ele os concede segundo Sua Vontade, "repartindo particularmente a cada um como quer" (I Cor. 12: 11) e "para o que for útil" (idem v.7). Se a Igreja é um corpo e cada um de nós um de seus membros, cada um de nós, a semelhança dos membros do corpo, tem responsabilidades e atribuições específicas. Os dons são dados a cada um na medida de sua uti­lidade. Portanto, ninguém pode se envaidecer de determinado dom que o Espírito Santo lhe outorgou. Em receber um dom específico não vai mérito algum da parte de quem o recebe.
Estou seguramente convencido que o Espírito de Deus me atribuiu o dom de discernir os espíri­tos (I Cor.12:10)
Espíritos são indivíduos que vivem nesta terra. João em sua Primeira Epístola a eles se refe­ria. Há espíritos, ou seja, indivíduos que negam a Verdade sobre Jesus Cristo. Outros recusam ou­tros ensinos da Palavra de Deus. O Espírito Santo dá a alguns servos do Senhor esta capacidade de discernir, avaliar bem, distinguir, discriminar essas pessoas heréticas e suas heresias.


No passado, ninguém como Paulo Apóstolo o teve e o exercitou. E graças ao cumprimento desse dom herdamos de sua pena inspirada o seu luminoso Epistolário e de forma singular a Epístola aos Romanos e a aos Gálatas, distinguidas pelo aguerrido combate a heresia.
O exercício desse dom, que jamais dispensa o estudo sério, diuturno e correto das Escrituras Sagradas, é árduo e acarreta antipatias. Outros dons podem mesmo granjear aplausos.
Cumpro-o sabendo de minha responsabilidade e no propósito de satisfazer o plano de Deus na mi­nha vida. E isto plenamente me satisfaz.


Estas páginas fazem parte do cumprimento desse meu dever. Alegro-me, pois, de vê-las publica­das e mais ainda me alegrarei por saber de pes­soas esclarecidas por sua leitura.
Minha "oração é no sentido de ver nosso Se­nhor Jesus Cristo glorificado por crentes dispos­tos a obedecer com absoluta lealdade a Sã Doutri­na das Escrituras e a divulgar a Verdade do Evan­gelho expungida de qualquer mescla de erro para que almas se salvem pela fé no Senhor Jesus Cristo, o Justo que padeceu pelos injustos para levar-nos a Deus; e pela fé cresçam na vida espiritual.


S. Paulo, 23 de "Abril de 1982
Dr. Aníbal Pereira dos Reis (Ex-Padre)

Assista o Vídeo: Maria é a medianeira entre Deus e o homem?



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Desde sempre...

Por que esse espanto? Essa admiração toda? Católicos carismáticos sempre houve. Ou seja, ca­tólicos dotados de carismas ou "dons" extraordinários de curar, profetizar, falar línguas "estra­nhas".
A verificação é fácil. A religião católica se incrementou na Velha Europa e depois nas Américas por meio da atuação portentosa dos chamados SANTOS distinguidos por graves nevropatias, ou acentuado histerismo, ou por admirável capacidade de mistificação.
Francisco de Assis é um deles. Outra é Brigida cujas alucinações estimularam o desenvolvi­mento da anômala doutrina do purgatório. Nostradamus tornou-se celebre até hoje por suas profe­cias.
Na Alta Idade Media sobressaíram os flagelantes. Originários de Perusa, na Itália, alastraram-se por toda a Europa Ocidental. Aos bandos promíscuos de moços, crianças e velhos de ambos os se­xos, muitas vezes todos nus, percorriam as cidades clamando, cantando, urrando em linguagem adoidada e desconexa, penitenciando-se com açoites e dai o seu nome de flagelantes.
O processo de canonização do "padre" José de Anchieta, o primeiro "santo" brasileiro, se replena de fantásticos prodígios. Em meu' livro: AN­CHIETA: SANTO OU CARRASCO? consigno alguns desses fantasmagóricos portentos.


A meta visada e sempre a mesma. Sustentar nos redutos populares o prestígio da religião.
Em nosso País, além dos santuários e basíli­cas tradicionais como a de Aparecida, centro con­vergente de volumosas massas de romeiros, tem surgido sacerdotes revestidos de excepcionais poderes extraterrenos (?). Nos princípios da década de 40 celebrizou-se o frei Eustáquio, então vigá­rio em Poá, Estado de S. Paulo, e que terminou seus dias em Belo Horizonte, Minas Gerais, tendo sua memória perpetuada no nome de um bairro da Capi­tal Mineira por lá haver, com sua morte, concluí­do suas atividades milagreiras. Conheci-o pessoalmente em 1941. Passando por Campinas, Estado de S. Paulo, visitou nosso Seminário. Aguardava-o um médico materialista e desenganado, paralítico de mais de vinte anos de enfermidade. Para contentar sua mulher, aquela dedicada companheira que gastara sua melhor mocidade a cabeceira do marido, anuíra ser apresentado ao frade curandeiro. Deitado ali numa cama, um sorriso sardônico exteriorizava sua incredulidade materialista. Ouvi-o a dizer: se a ciência nestes vinte anos nada pode, que poderá fazer esse padreco imbecil?


Eu assisti! O "padreco imbecil" aproximou-se do leito. Fixou seus olhos azuis nos olhos zombeteiros do médico paralítico. Apenas alguns segundos. Determinou-lhe: levante-se! Nada rezou. Ne­nhum tremelique. Não o tocou. Não invocou "santo" algum. Só essa palavra: 'levante-se! e o médico ergueu-se sobre suas próprias pernas. A princípio cambaleante. Firme e seguro na medida em que de­senvolvia seus passos, percorreu dependências do Seminário. Reintegrou-se na sociedade. Reassumiu suas antigas atividades profissionais. Curado em definitivo, nunca mais sentiu qualquer problema nas pernas que reconquistaram o primitivo vigor. E o seu coração recobrara o fervor católico dos distantes tempos de criança.
Em fins da década de 40 tornou-se famoso o "padre" Antônio Pinto, vigário de Rio Casca, da arquidiocese de Mariana, também em Minas Gerais. Seguiu-o nos anos 60 o "padre" José Donizeti, de Tambaú, no Interior do Estado de S. Paulo.


Nestes parágrafos lembrei apenas alguns pou­cos nomes e um ou dois episódios dos muitos, mui­tíssimos nomes e fatos espetaculosos do catolicismo, cuja história é a história do embuste mais deslavado. Aliás, seus sacramentos outra coisa não são senão mistificações. Sua doutrina da eucaris­tia, da missa e da hóstia consagrada, resume to­das as aberrações de sua desvairada teologia.


Origem dos atuais católicos carismáticos
Adjetivei-os na condição de atuais porque, repito, desde sempre a religião romanista criou e prestigiou seus fieis, suas freiras e seus cléri­gos carismáticos. Se o indivíduo não foi carismá­tico, isto é, se não possuiu algum "dom" prodigioso, impossível ser canonizado "santo". Uma das mais rigorosas exigências, a principal, do processo canonizatório e a da prova ou comprovação das virtudes heroicas do candidato feita através de milagres. Cada estágio da canonização: o da introdução do processo quando os postulantes do concorrente são obrigados a fundamentarem sua petição em três prodígios, o da declaração de sua bem-aventurança e o da canonização propriamente dita, requer a demonstração de pelo menos três porten­tos de "veracidade comprovada".
O concílio Vaticano II marcou uma fase de transição do catolicismo romano. Por sentir a ur­gente necessidade de se adaptar as novas condi­ções econômico-político-sociais e religiosas do mundo, a hierarquia clerical alvitrou conformar-se a elas.
De resto, é a velha tática do clero. Toda vez que é chamado à encruzilhada histórica de adap­tar-se ou morrer, prefere, para não morrer, aco­modar-se as novas conjunturas. Já que nunca pode transformar as estruturas sociais, a elas se en­caixa.


Este foi o principal objetivo do Concílio Ecumênico Vaticano II, que, na artimanha de adap­tação, se abriu em leque em atuações diversifica­das. No terreno sócio-político desfraldou bandei­ras socialistas e na área religiosa arreganhou aberturas ecumenistas.
O ecumenismo, examinei-o no livro de minha lavra O ECUMENISMO: SEUS OBJETIVOS E SEUS MÉTO­DOS, intenta também o retorno à comunhão vaticana das seitas dela, dissidentes como os luteranos e os anglicanos em todas as suas ramificações.
Essas seitas católicas afastadas da barca pontifícia, vulgarmente conhecidas como protestantes, aceitaram o assédio ecumenista do clero romano e na mesa comum do "dialogo" seus representantes têm se sentado no afã de aparar as arestas responsáveis pelo seu distanciamento da comunida­de vaticana.


João Paulo II, repito pela milésima vez, e o sumo pontífice que o romanismo atual precisava. Veio na hora exata. Sua exuberante atuação e fir­mada no programa consciente de capitalizar o má­ximo em todos os espaços (políticos, sociais, fi­nanceiros e religiosos). Usufrutuário de prestí­gio multissecular do cargo de soberano pontífice da mais rica e poderosa religião do mundo, em be­nefício dela própria, João Paulo II se empenha ao extremo.
Sua próxima viagem a Inglaterra, prevista para agosto deste ano de 1982, visa a respaldar as últimas decisões dos encontros ecumênicos do cle­ro das duas seitas: a vaticana e a anglicana. Com certeza o seu pontificado se assinalara na história do romanismo pela consumação do regresso dos anglicanos e parte dos luteranos ao seio da "san­ta madre".
Dado o seu desenvolvimento no meio das mas­sas populares, o pentecostalismo chamou a atenção da hierarquia vaticanista.


Se a manobra do "dialogo" ecumenistizante vem dando certo com os anglicanos, luteranos e ortodoxos, pelo menos de início era inviável e im­produtiva com os pentecostalistas. Distinguem-se estes pelo exercício dos "dons espirituais" ou "carismáticos" incentivados na exaltação das emoções.
Destarte, a hierarquia resolveu penetrar nas áreas pentecostalistas valendo-se de suas pró­prias práticas.
Praticas estas, outrossim, próprias da atuação do clero romanista no decurso de sua existência.
A perspicácia clerical verificou com acerco ser a nação norte-americana o lugar mais conve­niente para o início de sua atual investida carismática.
A hierarquia vaticana e genial em seus pla­nos e na execução deles. Começa por aí: para cada empreendimento específico tem o indivíduo específico adrede preparado.
Nesta empresa 'o indivíduo talhado foi o sa­cerdote jesuíta Edward O'Connor, da Universidade Católica de Notre Dame. Mentor espiritual de Ste­ve Clark e Ralph Martin Keiter, considerando-os adequados instrumentos na sua investida, resolveu usá-los na explosão carismática vaticana tendente a ecumenistizar os pentecostalistas. Colocou-lhes nas mãos, em princípios de 1966, os dois livros: A CRUZ E O PUNHAL, de David Wilkerson, e ELES FA­LARAM EM OUTRAS LÍNGUAS, de John Sherril. Lendo-os, segundo as previsões de O'Connor, assimilaram sua orientação e passaram a frequentar "reuniões de poder" dos pentecostalistas.


Clark e Keifer, dois leigos católicos engajados nos Cursilhos de Cristandade, o movimento de­sencadeado pelo clero após o Concílio Vaticano II com o propósito de dinamizar as práticas religio­sas entre os fiéis católicos em função do ecume­nismo.
Comprovaram ambos a sua acertada escolha pe­lo jesuíta O'Connor pois sentiam as mesmas expe­riências pentecostalistas influenciados que eram por aquelas "reuniões de poder".
O seu preparo excedeu as mais otimistas ex­pectativas de seu mentor espiritual. Devidamente preparados, portanto, compareceram Keifere Clark, no outono de 1966, à Convenção Nacional dos Cursilhos de Cristandade, celebrada em dependências da Universidade Católica Duquesa do Espírito Santo, na cidade de Pittsburg, Pennsylvania. Se os rela­tórios das atividades ecumenistas revelavam pro­gresso em certos meios protestantes, em geral, também demonstravam o fracasso delas nos círculos pentecostalistas.


Steve Clark e Ralph Keifer tiveram então a oportunidade de dar seu testemunho de atuação po­sitiva nesses ambientes até então refratários ao "diálogo" ecumenista. Falaram sobre aqueles dois livros pentecostalistas e espalharam exemplares deles a muitos companheiros cursilhistas.
A terminada Convenção dos Cursilhos sucedeu um espontâneo (?) encontro de pessoas despertadas pela palavra de Clark e Keifer e interessadas nas novas experiências.
O ambiente daquela colina batida por constante brisa forte do outono facilitou o cenário do pentecostal "vento impetuoso". As reuniões, por seu turno, criaram o clima psicológico favorável à ocorrência do chamado batismo no Espírito Santo dos moldes pentecostalistas.
Com efeito, as manifestações carismáticas não se fizeram retardar. E no ambiente de extrema excitação nervosa predominaram as línguas "estra­nhas".
Deu-se o início do novo surto pentecostalista nos horizontes romanistas.
Carismáticos sem fronteiras
As pessoas do grande grupo de participantes daquele primitivo encontro de Pittsburg espalha­ram-se e levaram sua mensagem pentecostalista a outros recantos e regiões da América do Norte.
No intento de permear também a elite norte-americana, o clero Vaticano instalou naquele país muitas universidades católicas, dentre as quais se sobreleva a de Notre Dame, famosa inclusive por suas apresentações esportivas.
Ainda manipulados pelo sacerdote jesuíta Edward O'Connor, Ralph Keifer e Steven Clark se introduziram nessa Universidade. No verão de 1967, apenas um ano depois do ocorrido na Universidade de Duquesne do Espírito Santo, considerável parte das três mil pessoas participantes do curso de extensão em matérias adiantadas, foi atingida pe­la nova experiência. Procedentes de muitas zonas do país, cada uma levou para sua terra o recado carismático. Tudo, de resto, se cumpriu consoante o planejamento do jesuíta O'Connor.
Ainda em Pittsburg passou a sobressair na maré montante do pentecostalismo católico o casal Kevin e Doroty Ranaghan, que, por sinal, se tor­nou conhecido também no Brasil com o seu livro CATÓLICOS PENTECOSTAIS vertido para o nosso idio­ma com sua larga difusão a partir de 1972 sob a responsabilidade da editora pentecostalista O. S. BOYER, de Pindamonhangaba, Interior Paulista.
Esse livro incentivou considerável simpatia do pentecostalismo brasileiro para com o movimen­to carismático romano.
Até então os pentecostalistas acerbamente corribatiam as crassas práticas idólatras romanistas. Daí por diante tornou-se difícil ouvir-se um de­les levantar a voz nesse sentido. E se ocorre, carregam-no de duras reprimendas os irmãos de "segunda benção".
O surto pentecostalizante tem avassalado tradicionais denominações protestantes e evangélicas.
O casal Ranaghan, em seu livro, sem quaisquer subterfúgios, admite: "um dos mais ricos frutos desse movimento carismático contemporâneo é a união dos cristãos de muitas denominações, no Espírito de Jesus. Episcopais, luteranos, presbiterianos, metodistas, batistas, discípulos, nazarenos, ir­mãos, assim como pentecostais denominacionais, tem se tornado nossos queridos irmãos e irmãs em Cristo, unidos pelo batismo com o Espírito Santo" (p. 282).
Releva frisar serem católicos os Ranaghan. Segundo a opinião deles, o apelidado batismo no Espírito Santo a todos nivela, dissolvendo todas as barreiras doutrinárias.
Os resultados positivos prognosticados pela hierarquia clerical com a incursão carismática nos domínios pentecostalistas e pentecostalizados do protestantismo e das denominações evangélicas surgiram muito antes do tempo previsto.
Os autores do livro CATÓLICOS PENTECOSTAIS se tornam irreprimíveis em sua vitoriosa e objetiva conclusão: "... um saudável aspecto ecumênico se desenvolveu no movimento e tem sido tremenda­mente frutífero..." (p.195).
O monge beneditino brasileiro Estevão Bettencourt, com otimismo lastreado na realidade, chega a igual conclusão: "O ecumenismo (tendência a aproximação crescente das diversas denominações cris­tas entre si) constitui uma nota forte do pentecostalismo católico. A este titulo, o movimento merece aplausos e apoio" (in PERGUNTE E RESPONDE­REMOS, 149/1972, p.238).
Harold J. Rahn e outro jesuíta. Veio dos Estados Unidos para o Brasil investido da incumbência de fomentar aqui o desenvolvimento carismático. Sobre a matéria já escreveu o livro SEREIS BATIZA­DOS NO ESPÍRITO SANTO. Sem quaisquer rebuços de­clara: "...tenho visto o movimento pentecostal favorecer melhor o entendimento ecumênico, em pouco tempo, que discussões teológicas, por um longo período" (p.22). "Frequentemente, são (os pentecostais católicos) abertos a ponto de apreciar, e mesmo aceitar, muitas das proposições que nos são caras" (ps.21,22).
Os pentecostalistas, de fato, a todos e a tudo nivelam por sua experiência característica. Despidos de convicções bíblicas, concordam com todos e com todos se unem desde que passem pelo seu chamado batismo no Espírito Santo que, diga-se a bem da verdade conquanto de passagem, nada tem a ver com o Evento do dia do Pentecostes segundo o re­gistro de Atos 2.
Rahn tem toda a razão! Os católicos carismá­ticos não se preocupem! Não precisam por causa dos pentecostalistas abrir mão dos seus aberrantes dogmas. Os pentecostalistas e pentecostalizados aceitam as mais queridas proposições vaticanas.
O reavivamento romanista
Página a página as Escrituras Sagradas recu­sam desvios da Palavra de Deus. Se o Ministério de Paulo Apóstolo se destaca pelo impulso missio­nário, sobressai-se muito mais pelo seu zelo em defender a pureza da Verdade do Evangelho. Seu Epistolário e o vigoroso terçar da Espada do Espírito contra as adulterações da Sacrossanta Verda­de.
Seu desvelo leva-o a exigir dos crentes o afastamento daqueles trânsfugas da rota segura da Sã Doutrina: "E rogo-vos, Irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a Dou trina que aprendestes; desviai-vos deles'" (Rom. 16:17). "... DESVIAI-VOS DELES".
João é chamado de o Apóstolo do Amor. E no apanágio de Apóstolo do Amor estabelece: "Todo aquele que prevarica, e não persevera na Doutrina de Cristo, não tem a Deus; quem persevera na Dou­trina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. Se alguém vem ter convosco, e não traz esta Doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis" (II Jo. 9-11).
Pergunto eu: que parceria, que entendimento, que aproximação no terreno doutrinário e na vivência espirituais pode haver entre os católicos ca­rismáticos e os autênticos evangélicos? Entre eles e os pentecostalistas decerto e possível o enten­dimento.
As experiências carismáticas católicas, ao invés de tornarem seus sujeitos mais receptivos ao Puro Evangelho, impelem-nos a se afervorarem nas práticas de sua falsa religião. Ao invés de moverem-nos a questionar à luz das Escrituras os seus dogmas, estimulam-nos a mais firme adesão a apelidada "igreja".


Kevin e Doroty Ranaghan são honestos em anunciar o fato: "O MOVIMENTO PENTECOSTAL NÃO SEPAROU OU EXCLUIU OS CATÓLICOS DE SUA IGREJA. AO CONTRÁRIO RENOVOU O SEU AMOR PELA IGREJA E EDIFICOU UMA FÉ VIVA NA COMUNIDADE CATÓLICA" (p.73).
Desde o princípio do surto carismático em Pittsburg vem se ressaltando o acontecimento: "TODOS EXPERIMENTARAM UM INTERESSE MUITO MAIOR EM PARTICIPAR DA VIDA SACRAMENTAL DA IGREJA DO QUE ANTES" (p.32).


Rahn confirma: "UM CRISTÃO, CUJA VIDA É CON­DUZIDA PELO ESPÍRITO, NÃO PORÁ NUNCA EM QUESTÃO A OBEDIÊNCIA DE VIDA ÃS DIRETIVAS DA IGREJA OU DO SUCESSOR DE PEDRO, O CRISTO VISÍVEL NA TERRA" (SEREIS BATIZADOS NO ESPÍRITO SANTO, p.38).
O casal Ranaghan e o jesuíta Rahn com todos os orientadores católicos carismáticos nisto são honestos e coerentes nos seus erros. Não arredam uma fração de milímetro em sua postura romanista e em seu objetivo ecumênico.
O jesuíta reconhece as "vantagens da renovação carismática" na "NOVA APRECIAÇÃO DA IGREJA, DA LITURGIA, DA EUCARISTIA, DE MARIA" (p.38).


Com efeito, os testemunhos dos "católicos renovados" comprovam a observação de Rahn. E no intuito de enaltecer a validade das experiências carismáticas no reavivamento romanista, o livro CATÓLICOS PENTECOSTAIS de Ranaghan enfileira uma série de depoimentos dos quais transcreverei alguns.
Mary McCarthy reconhece: "A assistência diá­ria a missa tornou-se minha maneira de viver" (p. 45).


Patrícia Gallagher relata haver sido batiza­da com o Espírito Santo "enquanto estava de joe­lhos, em oração diante do santíssimo sacramento" (p.48). E atesta: "Sinto-me mais devota do que nunca dos sacramentos, especialmente da eucaris­tia" (p.51).
Thomas Noé, depois da experiência pentecostalista, descobriu "um novo grau de significação em todos os sacramentos, especialmente na confissão e na eucaristia. 

Cheguei a entender", diz ele,"de maneira mais perfeita a eucaristia como sacrifí­cio..." (p.92).
Rahn é consequente com sua posição e atuação clerical ao considerar "natural que após a puri­ficação sacramentai... e a recepção de Cristo na eucaristia, muitos sejam batizados com o Espírito Santo" (p.199). Definido, outrossim insiste: "Uma das notas características dos que se entregam ao Espírito Santo e um grande amor a Cristo, um afervoramento da devoção a eucaristia. A necessidade de vivência eucarística é uma das consequências do batismo no Espírito Santo" (p.217).


Entre os evangélicos a ignorância das Escri­turas e das falsas doutrinas religiosas muito vem contribuindo em prol da heresia em todos os seus matizes. Nessa ignorância o ecumenismo encontra o seu eficacíssimo caldo de cultura.
Se os pentecostalistas e pentecostalizados soubessem realmente o significado do dogma eucarístico no contexto da dogmática vaticana, repeliriam qualquer convite unionista da hierarquia clerical e rejeitariam qualquer oportunidade de emparceiramento com os católicos carismáticos.
Enquanto escrevia este livro encontrei o Azambuja, nosso velho amigo. Quem não conhece o Azambuja? Aquele rapaz muito inteligente ao ponto de quando lê um livro ou um artigo de jornal e topa uma palavra cujo sentido desconhece, vai logo ao dicionário para se instruir. Destarte seu vocabu­lário e muito rico. E o Azambuja sempre diz: não há palavras difíceis; há, sim, gente ignorante!!!
Encontrando-o li-lhe a frase acima, quente ainda, da ponta do lápis e quente ainda a folha de papel que a recebeu. Fixou o indicador direito na testa, franziu os sobrolhos, enrugou os intercílios, recuou dois passos e adiantou um... E co­mentou com ar de censura: você e um inveterado otimista (Ele sabe que considero os otimistas uns fora da realidade cujos miolos se fixaram na es­tratosfera). 

Otimista fanático. Sim, senhor! É que você é! Supõe ainda que se os pentecostalistas conhecessem as barbaridades romanistas, se soubessem o significado da missa católica, eles repudiariam qualquer aproximação religiosa com os clérigos? Isso é otimismo ingênuo. Se soubessem mes­mo e que ainda mais se aproximariam deles. Com muito mais pressa correriam para o romanismo.
O nosso Azambuja tem toda a razão. Pedi-lhe perdão do meu insensato otimismo. Onde estava eu que não segurei meus miolos presos à realidade deste mundo? Deixei-os a vagar pelas estratosferas da ficção. A espaços tenho esses arroubos de fantasia. O Azambuja tem razão. Toda a razão! Ainda as vésperas da visita de João Paulo II a S. Paulo, um "missionário" pentecostalista mandou seus fieis irem ao Campo de Marte assistir à missa do "papa" e comungar a hóstia consagrada porque, di­zia ele, assim os irmãos participam da santa ceia do Senhor (???).
Aliviou-se do espanto o Azambuja quando lhe li o parágrafo seguinte assim por mim redigido:
Os pentecostalistas e pentecostalizados, con­tudo de propósito se aproximam deles (dos cléri­gos) e os aplaudem porquanto nem lhes interessa o esclarecimento acerca dos erros doutrinários romanistas. O indivíduo sofreu aqueles tremeliques da sua experiência característica, o resto e resto...
Recomendo a leitura do meu livro A MISSA. Lendo-o os crentes evangélicos tornam-se esclareci­dos sobre a matéria e a considerarão, porque devidamente informados na sua verdadeira dimensão, culto de demônios. E mais. Recusarão a aproximação com os pentecostalistas e pentecostalizados tre­mendamente implicados e comprometidos com a mais infernal das heresias, que e a da desconsideração da TODO-SUFICIÊNCIA e TODO-EFICÁCIA do Sacrifício de Cristo.
Os católicos carismáticos por se tornarem mais fervorosos e mais reavivados católicos, como não poderia deixar de acontecer, exacerbam-se em sua mariolatria.
A mariolatria católica carismática atinge as raias incomensuráveis do absurdo, fato esse com­provado na seguinte declaração do jesuíta Rahn: a única devoção de Jesus na terra foi a sua de­voção a Maria e essa "continua sendo a devoção de Jesus no céu!" (p. 41).
Onde chegamos. Em plena era pós-conciliar, quando os protestantes supunham profunda reforma no catolicismo romano, o jesuíta Rahn, inspira­dor, incrementador e incentivador do movimento carismático entre romanistas aqui no Brasil, sai-se com essa lindeza de monstruosa mariolatria. Jesus também agora lá no Céu é devoto de Maria!!! Só um psicopata se passa por tal mariólatra.
A página 197 Rahn quer relacionar Maria com o Pentecostes e reproduz um pronunciamento de Ni­no Salvaneschi Dali Oglio (UN FIORE A MARIA): "Quando, após a Morte de Jesus, os primeiros Apóstolos reunidos em torno de Nossa Senhora, ouviram-na relembrar os episódios de Nazaré, Belém e Jerusalém, a sua voz foi para os discípulos a voz do Espírito Santo. Cristo tinha confiado a humanida­de redimida ao Espírito Santo e a Maria. Assim o Calvário e o Cenáculo uniam a Virgem e o Paracleto".
"Não faremos terminar esta reflexão", acen­tua o jesuíta Harold Rahn, "sobre o Pentecostes sem falar daquela que foi e é a Mãe da Igreja. No Cenáculo, "todos eles perseveravam concordes na oração, com as mulheres e Maria, Mãe de Jesus" (At. 1,14). Em Belém, Maria dera à luz Jesus, a Cabeça do Corpo Místico. 

Na Cruz, pela palavra fe­cunda do seu Filho, o seu coração se alargara pa­ra a maternidade espiritual de todos os membros desse corpo, até que se complete na parusia. Era normal que a Mãe presidisse, fosse a madrinha desse batismo do Espírito Santo à Igreja, que no dia do Pentecostes iniciava a sua vida oficial sobre a terra. Inseparável dos mistérios de Cristo, é ela a esposa do Espírito que melhor que ninguém nos pode obter as suas graças e a renovação incessante do Pentecoste para todos os membros do seu Filho. Por isso, a justo título, e chamada Mãe da Igreja" (p.70).
"Aleluia a Maria... " (p.196), é, da parte dos católicos carismáticos, a expressão de exaltação a Maria.


ALELUIA A MARIA...
Você que e, na verdade, crente evangélico con­corda com semelhante enaltecimento a Maria?
A interjeição laudatória ALELUIA quer dizer "louvai a Deus", por seu próprio sentido, somente pode ser atribuída a Deus. "Louvai a Deus a Ma­ria"... Destoa por completo.
O rosário é o exercício devocional a Maria mais em voga nos espaços romanistas e o mais cumulado de privilégios pelos romanos pontífices através das chamadas indulgências a ele anexadas. Em consequência, os católicos pentecostalizados na sua prática se afervoram. Jim Cavnar, por exemplo, "adquiriu o habito de rezar o rosário desde que recebeu o batismo com o Espírito Santo" (CATÓLICOS PENTECOSTAIS, p.253). Berth e Mary Lou confessam que a partir do seu batismo com o Espírito Santo, "as devoções naturais, como a de Maria... torna­ram-se mais significativas" (p.115). Thomas Noé, por seu turno, "descobriu uma profunda devoção a Maria" (p.93).
São declarações e testemunhos comprovantes do reavivamento católico consequente do surto pentecostalista naqueles horizontes.
E, em resultado, se grassa entre os supostos evangélicos pentecostalistas e pentecostalizados verdadeiro analuvião de simpatia em favor do ca­tolicismo romano, o ecumenismo obtém considerável sucesso com a adesão de muitos deles a certos dogmas romanistas, como o da eucaristia (missa e presença real de Cristo na hóstia) e os atinentes a Maria.


A craveira pentecostalista
É ela! A experiência!!!
Todos os pentecostalistas, pentecostalizados e católicos carismáticos tem a sua experiência. Gozaram-na num determinado momento. Decisiva, ela assinalou a sua vida religiosa em duas etapas distintas. A da fase anterior, caracterizada pelo comodismo, pela frieza, pelo desinteresse das coisas espirituais. E a segunda destacada pelo entusias­mo, e vibração.
À referida experiência consiste numa crise emocional, muitas vezes molhada de copiosas lágri­mas e outras em gargalhadas irreprimíveis no fre­nesi de medonhos trejeitos sob ondas de calor co­mo se elétricas ou de calafrios a semelhança da febre causada pela gripe. Uns ouvem a Voz de Deus (?), outros em esgares convulsionam no solo. Via de regra tudo resulta de um ambiente extremamente emotivo criado a propósito.
Essa ocorrência confundida com o batismo no Espírito Santo também é a dos católicos carismá­ticos. Ranaghan registra o sucedido com Farley Hall Tom Noe que informa: "... senti imediatamen­te como se meu peito inteiro estivesse querendo subir para a cabeça. Meus lábios começaram a tre­mer e o meu cérebro começou a dar estalos. Em se­guida comecei a rir sem parar" (p.87).
Os livros de cunho avivalista transbordam essas experiências. Constituem-se elas a craveira através da qual se avalia a espiritualidade das pessoas. E exatamente por fundamentarem nesse instante nevrosado que confundem com o batismo no Espírito Santo a distinção das duas fases espiri­tuais do indivíduo, a decantada diferença de con­duta, na verdade, não existe. Os velhos hábitos permanecem e o entusiasmo oscila na esteira das emoções de si mesmas sempre instáveis.
E, com efeito, que comportamento ou espiri­tualidade pode ser essa a aferida no padrão das nevropatias? Em meu livro A SEGUNDA BÊNÇÃO alon­go-me em análise do assunto.
Craveira ou padrão essa crise nervosa que em muitos e a manifestação de alguma psicopatia, dispensa para os pentecostalistas e pentecostalizados o cuidado da doutrina. De resto, dedicam-lhe eles verdadeira aversão. O que buscam nas Escri­turas e uma sofisticada justificativa de suas práticas. Por isso passam a focalizar passagens da Bíblia a luz de suas experiências. Falam-lhes mais do que as Escrituras essas experiências. Ou melhor, estas passam a se constituir sua norma prá­tica de crença.
Destroem todos os postulados doutrinários porque aceitam como ponto de partida de sua espiritualidade o apelidado batismo no Espírito San­to. Que: o indivíduo continue idólatra não importa se passou pelos tremeliques. Tremelicou, tremulou, tiritou, ótimo! Se permanecer em seus erros religiosos, isso não tem importância alguma.
Essa destruição doutrinária é sofisticamente coonestada com a invocação de Jl.2:28-29: "E há de ser que, depois, derramarei o Meu Espírito so­bre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o Meu Espírito".
Consoante Pedro (At.. 2: 1 6-18) esta profecia se concretizou no dia do Pentecostes.
Deduzem literalmente os pentecostalistas e seus satélites a universalização indiscriminada do batismo no Espírito Santo que, repito, confun­dem, também sem qualquer fundamentação nas Escri­turas, com uma crise emocional. 

Segundo eles, aquele SOBRE TODA A CARNE derruba todas as barreiras denominacionais. Deus não as leva em conta ao se tratar de cumprir Sua Promessa do registro de Jl. 2:28-29. Em decorrência desta absurda conclusão, eles nivelam a todas as pessoas sob a craveira do seu batismo no Espírito Santo. O indivíduo acei­tou esta ficção pentecostalista e o mais, não interessa. Convulsionou-se em tremeliques, esta tudo bem. As doutrinas diferentes por mais disparata­das deixam de ser consideradas. Destarte, entre eles vivem em absoluta harmonia presbiterianos, metodistas, congregacionais, luteranos, episco­pais, batistas... E agora os católicos romanos.
Em seus encontros, todos balizados na mesma bitola pentecostalista, ridicularizam-se as deno­minações consideradas fruto de carnalidade.
É um jardim de aclimação. 

O jardim de acli­mação da convivência pacífica de todos os bichos. Uma utopia própria das divagações da literatura infantil do estilo de Monteiro Lobato.
No jardim de aclimação pentecostal-ecumenista exatamente por terem nivelado a todos debaixo do padrão da experiência pentecostalista, sem quaisquer embaraços, misturam-se os que creem na necessidade de obras além da fé em Cristo para a salvação do pecador com os que crerem só na fé em Cristo capaz de dispensar as muletas das obras; os que aceitam a perseverança eterna dos salvos com os que, arminianamente, a negam; os que consagram as Escrituras na qualidade de Única Fonte de Revelação Divina ou Exclusiva Regra de Fé e Vida com os que lhe acrescentam outras fontes como a tradição vaticana, as revelações posteriores a seme­lhança das de Ellen White e José Smith; os que enaltecem como lídimo batismo aquele celebrado por imersão e só de crentes com os aspersionistas e advogados do batismo infantil; os que confiam em Cristo no apanágio de Único porque Todo-Suficien­te Salvador com os que pretendem renovar-Lhe o Sacrifício através da repetição de ritos religiosos a exemplo da cognominada missa; os que em Jesus Cristo proclamam o Único Mediador entre Deus e os homens com os devotos de Maria também medianeira de todas as graças; os que confiam em Jesus Cris­to seu Único porque Indefectível Advogado e Refúgio com os que se abrigam sob o pálio de Maria advogada e refúgio dos pecadores porque co-redentora; os que participam da Ceia do Senhor por ve­la figura do Sacrifício de Cristo e cujos elemen­tos, pão e vinho, separados entre si, simbolizam a Morte Viçaria do Redentor, com os que se curvam diante daquelas espécies tidas como sacramentais por crerem numa presença física, ou espiritual de Jesus Cristo e por isso meios mecânicos da comunicação da Graça.
Esse clima de ecumênico jardim de aclimação, onde todos se misturam na indiscriminada mistura de todas as doutrinas, facilita enormemente as pretensões ecumenistas do sumo pontífice vaticano. Aliás, os propugnadores do ecumenismo evangélico, de tão idiotas, nem avaliam a riqueza da contribuição com o seu ecumenismo evangélico por eles oferecida ao ecumenismo concentracionário do Vaticano. Dissolvendo-se a postura firme dentro dos muros denominacionais, arrebentam-se as comportas através de cujos rombos penetram os ardilosos representantes do "papa".
E ha mais! Enquanto os protestantes e "evan­gélicos" pentecostalistas e pentecostalizados, fanáticos de uma interpretação sofistica de Joel 2: 28-29, enxovalham as muralhas denominacionais e, em consequência, desprezam as doutrinas caracte­rísticas de cada denominação, os católicos caris­máticos pregam sem subterfúgios também entre aqueles protestantes e "evangélicos" os seus dogmas e devoções distintivos. 

O livro CATÓLICOS PENTECOSTAIS dos Ranaghan, traduzido para o nosso vernáculo por pentecostalistas "evangélicos" e por estes editados, e incansável em apregoá-los e enfileirar fatos comprobatórios do reavivamento ou afervoramento da fé católica e de suas devoções sobretudo a missa, a Maria e ao "papa".
Os católicos carismáticos, na condição de valorosos pontas-de-lança nos redutos pentecostalistas protestantes e "evangélicos" se desvelam em lhes propagar suas próprias doutrinas. Embasbaca­dos na simpatia pelos católicos carismáticos, insensivelmente, aceitam-nas. Em resultado, mentores e pastores pentecostalistas tem-se tornado católicos. Em contrapartida, não me consta haver um sacerdote ou dirigente católico carismático se tornado protestante ou "evangélico" por influên­cia da craveira pentecostalista. Conheço, sim, alguns antigos católicos carismáticos que se converteram verdadeiramente ao Evangelho de Jesus e abc> minam a idolatria e a feitiçaria romanista, bem como toda e qualquer sombra de pentecostalismo.
Que entre os habitantes do ecumênico jardim de aclimação pentecostalista a tudo se despreze, conquanto se ponha a salvo a absurda interpreta­ção de Jl.2:28-29, entende-se por se tratar de embusteiros e nevropatas. Inconcebível, porém, a passividade generalizada dos outros.
Por inconformar-me com semelhante situação dos omissos, desejo, apesar de fazê-lo por moti­vos óbvios de passagem, lembrar um enfoque indis­pensável de Jl. 2:28-29.
Quando Deus nosso Senhor prometeu derramar o Seu Espírito SOBRE TODA A CARNE, quis Ele garan­tir-nos a universalização do Dom do Espírito San­to. Anunciava Ele o rompimento dos muros separa­tistas entre, judeus e gentios. 

Este Anúncio do Senhor calha perfeitamente, por lhe ser afim, com a determinação de Jesus: "... ide, ensinai TODAS as nações..." (Mt. 28:18-20), de resto, sincronizada com Seu Pronunciamento em At.1:8; "... e Ser-Me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até aos CONFINS da terra". Para o Evangelho não existem limites nacionais e raciais.
De feito, seria inconcebível absurdo supor-se. Deus a derramar o Dom do Seu Espírito sobre o idólatra, sobre o feiticeiro, sobre o seguidor do "outro evangelho" (At.15:1,5; Gl.1:6-9) e sobre o discípulo do "outro Jesus" (II Cor.11:4).
Se os pentecostalistas e pentecostalizados se credenciassem de razão por lhes assistir a Verdade, a Bíblia deveria, por imprestável, ser rasgada. Transformar-se-ia ela no maior motivo de confusão, porquanto, também no Novo Testamento, propugna ela pela separação entre os fieis a Sã Doutrina e aqueles que dela se afastam. Alias, os seus fieis seguidores devem testificar de sua fi­delidade a Sã Doutrina das Escrituras Sagradas separando-se dos hereges.
Paulo Apóstolo, em Rm. 16:17, avesso a subterfúgios e eufemismos, advoga a separação: "E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a Doutrina que aprendestes; desviai-vos deles". Em I Cor. 5:11 impõe: "... com o tal nem comais". Com justo motivo sofrerão os que recebem os apóstatas, previne o Apóstolo em II Cor.11:4.
E se João exorta a que se nem os saúde (II Jo. 9-10), que concórdia, que sociedade ou sociabilidade, que parceria, que comunhão pode haver com eles (II Cor. 6:14-17), embora a pretexto de. "ba­tismo no Espírito Santo"?
E a irrefragável e imbatível conclusão. Aquele batismo no Espírito Santo pentecostalista, craveira a abrigar indistintamente e com a imolação da Sã Doutrina, todos os tremeliquentos, não pro­vêm de Deus. É uma experiência diabólica engendra da por satanás empenhado em incrementar a apostasia dos Últimos Tempos.


Os pentecostais católicos
Verificamos a origem, as convicções e os propósitos dos católicos carismáticos. Notamos a aprovação e os aplausos que lhes votam os pentecostalistas e pentecostalizados.
Neste capítulo quero demonstrar porque o pentecostalismo e seita católica e isto explica a sua afinidade com os católicos carismáticos.
Ele caiu!!! Sem se apoiar no espaldar da ca­deira ou no canto da mesa, de susto caiu...
Jamais lhe passara pelos miolos semelhante ideia... E agora, assim de supetão, ouvir isso... O PENTECOSTALISMO E SEITA CATÓLICA!!!
La veio o copinho d'água com açúcar... Os abaninhos em cima do nariz... Os tapinhas nas fa­ces... Dulçor. Dulçor, acorda! Nos gemidos leves distinguiu-se a pergunta: Que foi-? Que houve? Dulçor, você se machucou? Dói-lhe em algum lugar? As clássicas indagações das circunstâncias de quando alguém leva um tombo.
Refeito e recomposto o nosso amigo e inter­locutor ocasional Dulçor, que na sua doçura honra seu nome, e agora já de espírito prevenido, ouve a afirmação repetida: O PENTECOSTALISMO É seita católica!!!
Mas como? Até o presente sempre o admitira entre as Denominações Evangélicas!
Reflitamos juntos, companheiro! Meu compa­nheiro agora já não é mais o Dulçor e sim o inte­ligente leitor. Os impulsos das emoções são irrefletidos. Por isso, companheiro leitor, vamos re­fletir com o cérebro, órgão da inteligência.
Nosso corpo se triparte em cabeça, tronco e membros e funciona com diversos órgãos. Cada qual com a sua específica atribuição. Os pulmões são os órgãos da respiração. Os intestinos, da diges­tão. Da circulação sanguínea e o coração. E por aí vai... O cérebro e o órgão da inteligência.
Dizem lá os entendidos... Suponho terem eles toda a razão... Razão por mim constatada! O órgão quando sem uso ou sem exercício atrofia-se. Já vi as pernas definhadas do paralítico.
Atrofia-se o cérebro se o deixarmos de usar. Verifico mesmo ser o cérebro o órgão mais extenua do e definhado. A falta de seu conveniente e constante uso porque raras, raríssimas, são as pessoas que pensam. A inteligência e a faculdade mais no­bre do ser humano e é a menos usada. Muitos dão mais valor as unhas ou ao estômago. Aquelas cui­dam na manicure e as pintam com as cores mais lindas. A este empanturram com as mais requintadas iguarias. Ao cérebro não dedicam nem a leitura de uma linha sequer no mês para nutri-lo com um pen­samento mais elevado.
Apesar de a nossa massa encefálica estar um tanto ou. muito embotada pelo longo não-uso, faça­mos um esforço, companheiro leitor, no sentido de desemperrá-la. Os que a tiverem atrofiada ou de­sistirão desta leitura se já não a mandaram as favas, ou não entenderão o argumento ou raciocí­nio. E continuarão a admitir a falsa inclusão dos pentecostalistas entre os evangélicos.
É fato de fácil averiguação. O CATOLICISMO se reparte em inúmeras seitas. Das muitíssimas menciono algumas: a católica romana ou vaticana, a católica brasileira, a católica argentina, a católica japonesa, a dos velhos católicos, a grega ortodoxa, a anglicana, a católica unida, a cató­lica restaurada, a ortodoxa russa. E tantas ou­tras. Também o PENTECOSTALISMO.


Apresento os indiscutíveis e irrecusáveis argumentos de ser o PENTECOSTALISMO SEITA CATÓLICA. Exibo-os em número de OITO!


PRIMEIRO - O pentecostalismo nega a perseverança eterna dos salvos. Em outras palavras: supõe a possibilidade de o crente, se praticar determinados pecados, perder a salvação.
Ora, esse ensino é católico. Se o postulado, da perseverança eterna dos salvos e da própria essência do Evangelho, o do risco da perda da salvação e ensino básico da teologia católica.
Ao contrário do catolicismo, em todas as suas ramificações também a pentecostalista, as Sagradas Escrituras ensinam, e com insistência, que a sal­vação do crente evangélico é eterna. Eterna, e evidente, sem quaisquer possibilidades de se per­dê-la. ETERNA mesmo! É, de resto, a mais Gloriosa Promessa de nosso Senhor Jesus Cristo por muitas vezes repetida, consubstanciada em Jo. 10:28-29: "E dou-lhes a Vida Eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da Minha Mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da Mão de Meu Pai".
Dentre os livros de minha autoria há um de­les, O CRENTE PODE PERDER A SALVAÇÃO?, de mais de 300 páginas consagradas a exaltar a Misericórdia do Salvador que dá a Salvação Eterna ao crente nEle e nela indefectivelmente Ele o sustenta ape­sar das muitas e constantes fraquezas e infidelidades do salvo.
Já tenho observado. Todo o crente evangélico que se torna "renovado" passa a viver o tormento do medo de se perder. Busca a chamada "segunda bênção" e se torna inseguro quanto à primeira.
O desprezo deles contra essa Promessa de Je­sus e tanto que, em resultado de negá-la, dizem e um assunto secundário.
O pentecostalismo, a semelhança do catolicis­mo, de que e uma seita, engendra sofismas sobre sofismas com o emprego, desonesto, de certas passa­gens bíblicas na tentativa de negar a perseveran­ça dos salvos. Dessa forma, recusam os pronuncia­mentos claros e categóricos das Escrituras acerca da essência do Evangelho, que e a Vida Eterna ou­torgada por Cristo ao crente nEle.


SEGUNDO - A admitir-se o risco de o salvo perder-se, como querem os pentecostalistas, há de se aceitar o concurso das obras para a salvação do pecador.
Com efeito, se posso perder a minha salvação, significa que essa salvação está na dependência de minhas obras. Essa e a tese fundamental, bási­ca, do catolicismo.


TERCEIRO - O pentecostalismo ensina que se o crente comete certos pecados perde a salvação, mas se praticar outros não a perde.
Cito alguns exemplos desses pecados graves: adulterar, prostituir-se, assassinar, dançar em bailes do mundo, brincar o carnaval. São os peca­dos que perpetrados cominam a perda da salvação.
Menciono, outrossim, alguns pecados que não causam tamanha desgraça. Ou seja, pratica-os o indivíduo sem o perigo de deixar de ser salvo: a mentira, a gula, a preguiça, a maledicência, dentre outros.
Ora, isso é catolicismo. A religião católica, efetivamente, distingue sem qualquer base nas Es­crituras os pecados em mortais e veniais. Os mor­tais são os que levam ao inferno. São os graves. Os veniais não despojam a Vida Eterna. São os pecadinhos que todo mundo faz a toda hora.


QUARTO - Há grupos pentecostalistas mais rigorosos que incluem entre os pecados mortais, isto e, os pecados que causam a perda da salvação a embriagues, o fumar, a ida ao cinema, e da parte da mulher, o cortar o cabelo, o uso do batom nos lábios e do esmalte nas unhas, dos cosméticos e joias, da calça esporte ou da mini-saia.
Outros grupos do pentecostalismo praticam sem qualquer restrição o tabagismo e a ingestão de bebidas alcoólicas. Outros ainda são abstêmios des­tas usanças, mas aceitam o corte de cabelo, o ba­tom, o esmalte, a calça comprida e a mini-saia nas mulheres.
Também há os pentecostalistas que no passado vetavam as senhoras e moças como vaidades mundanas, o cortar os cabelos, o pintar as unhas e os lábios e o uso de calças esportes e joias. Hoje, contudo, mudando de convicção moral, aceitam es­sas coisas sem qualquer restrição. Anos passados, certa Assembleia de Deus do Rio de Janeiro condi­cionava a perseverança da salvação dos homens ao uso do chapéu. 

Depois de tantas brigas modificou seu estatuto e agora o próprio pastor sai a rua de cabeça descoberta.
Eis outro ponto de ligação entre o pentecostalismo e o catolicismo a fazer daquele uma das incontáveis seitas deste. Se tem cabido a hierar­quia pentecostalista estabelecer a lista dos peca dos graves, mortais, e retirar a gravidade de certos pecados passando-os para a relação dos ve­niais, também isso tem sido a empreitada da hie­rarquia católica. Lembro-me.' Ao tempo de menino vi o "seu vigário" a recusar a comunhão da hóstia a senhoras de lábios pintados ou de cabelos cur­tos por estarem segundo ele em público pecado mortal.
Como o catolicismo o pentecostalismo estabe­lece a sua hierarquia na qualidade de árbitro da gravidade ou levidade dos pecados, tornando-a re­gra de moralidade. E de acordo com os moldes do catolicismo a adoção de outra regra de vida ou comportamento além das Escrituras.


QUINTO - O pentecostalismo reconhece haver se perdido o crente que, embora não haja cometido nenhum pecado mortal, e eliminado da "igreja" por abandono ou prolongada ausência. Condiciona, por conseguinte, a sustentação da salvação à "igreja".
O catolicismo está cansado de repetir seu dogma de que fora da "igreja" não há salvação. Ainda neste último concílio, o Vaticano II, repe­tiu-se à sociedade, ao fastio, esse enunciado por ser a "igreja" crida na condição de "sacramento da salvação".


SEXTO - O pentecostalismo adota o seu cognominado batismo no Espírito Santo como "segunda benção", isto é, uma benção suplementar ou complementaria a da salvação.
Também isso ó catolicismo de vez que o cato­licismo ensina o mesmo, com o seu chamado "sacra­mento" do crisma ou confirmação que consiste pre­cisamente num revestimento especial do Espírito Santo posterior ao "sacramento" da regeneração.
Certa ocasião fiz uma série de estudos sobre teologia romanista num Instituto Teológico Batis­ta. Ao discorrer acerca dos "sacramentos" enume­rei os sete conhecidos naquela doutrina. Um "pas­tor" pentecostalista presente, um ouvinte, soli­citou-me explicasse o teor do crisma. E após mi­nha exposição explicou ele que identifica sua seita com o romanismo porque o romanismo advoga a "segunda benção", conquanto diferente seja a ter­minologia. Não tive por onde se não dar-lhe inteira razão.


SÉTIMO - O catolicismo, embora propale crer na Bíblia como Fonte de Revelação Divina, acrescenta-lhe a tradição e os oráculos do romano pontífice, o infalível, com o prestígio de verdadeiras fontes dessa mesma Reve­lação Divina com a vantagem de serem mais atuais. Posição diferente não tomam os pentecostalistas. Proclamam sua aceitação das Escrituras Sa­gradas no apanágio de Única Regra de Fé e Prática. Contudo, na realidade negam serem elas essa Única Regra, ao tributarem maior credibilidade as suas individuais experiências à luz das quais examinam, quando examinam, certos registros das Escrituras. Furtam, outrossim, a Palavra de Deus, sua Lídima Unicidade de Fonte de Revelação Divina por pautarem suas crenças nas revelações dos seus profetas e profetizas.
No meu livro A SEGUNDA BÊNÇÃO relato o depoimento daquele, pentecostalista de Petrópolis que me garantiu: já passei desse estágio de precisar ler a Bíblia. O Espírito Santo fala diretamente comigo.
Dizem eles por qualquer coisa: Deus falou ao meu coração, Deus me revelou, por revelação do Espírito Santo numa frontal negação de ser a Bí­blia a Revelação Completa de Deus para nos. Hoje Deus não fala diretamente a mais ninguém. Tudo quanto nos tinha Ele a dizer se contém nas Escri­turas Sagradas que são a Sua Palavra.
No seu desapreço as Escrituras Sagradas os pentecostalistas invocam, torcendo seu verdadeiro sentido, aquela declaração de Paulo: "... a letra mata, e o espírito vivifica" (II Cor. 3:6b). Que­rem entender no seu prático desprezo as Letras Santas que estas não devem ser entendidas naquilo que ensinam como se escrevem, mas como são explicadas pelos seus profetas, como Deus agora lhes fala e revela diretamente. É o dogma católico pelos pen­tecostalistas aceito e exercitado. O dogma católico que outorga o dom da interpretação legítima e infalível das Letras Sagradas aos iluminados da hierarquia.
O Espírito Santo de Deus ilumina Seu servo sincero nos estudos de Sua Palavra sem, contudo, dispensá-lo das sábias regras de exegese decorrentes da norma áurea de se interpretar a Bíblia com a própria Bíblia, ou seja, a Bíblia interpreta, ou esclarece ou elucida a Bíblia, dispensando para isso o concurso de quaisquer tradições, revelações de modernos profetas e psicopatas videntes (para não dizer vis embusteiros).


OITAVO - O último ponto de contacto en­tre as duas seitas: a FEITIÇARIA.
Epa!!! O pentecostalismo exercita a feitiçaria?
Felizmente o Dulçor não está aqui. Se não veríamos outro tombo.
O que é feitiçaria? Com exemplos explico me­lhor.
A ferradura atrás da porta, aquela planta espada-de-são-jorge em frente de casa, os amuletos usados no intento de reprimirem-se as investidas do mal, bem como as medalhas e bentinhos presos a roupa ou alçados ao pescoço, tudo são feitiçarias. De feitiçaria são a água benta à qual recorrem os católicos e a água que os pentecostalistas colo­cam sobre o rádio durante as orações espalhafato­sas e teatrais de seus "missionários" da cura divina. (Conheço três tipos de água feiticeira: a água benta romanista, a água fluida espiritista e a água orada pentecostalista).
Aquele "missionário", já calçado em fabulosa pecúnia concentrada proveniente de sua exploração dos ignorantes, espalha a alto preço um disco com suas gritarias e induz seus pascácios devotos a aplicarem o referido disco no lugar da dor como recurso certo de alívio imediato. Se dói a cabeça coloque-se-o na cabeça, se no ventre ponha-se o disco no ventre do paciente. Tudo isso são práti­cas feiticeiras das mais ridículas e primitivas.
Feitiçaria é o levarem-se peças de roupa de um enfermo para o médium espiritista, ou o clérigo vaticano, ou o ministro pentecostalista rezar, ou dar passe, ou orar sobre elas. Em certa "reu­nião de poder", estarrecido, vi um ex-pastor ba­tista, no passado de alto coturno nos meios batistas brasileiros, autor de alguns livros, passar-se por feiticeiro. Dirigente daquela reunião, ora­va em cima das roupas que lhe levavam.
Impossível encerrar estas reflexões omitindo algumas linhas de análise sobre as roupas aludi­das.
Igualmente na sua explicação inexplicada os pentecostalistas se nivelam aos feiticeiros romanistas. Ambas as teologias acorrem a At.19:12 na busca de coonestarem sua feitiçaria. O Registro Sacro discorre acerca do Ministério de Paulo e Apolo em Éfeso e diz: "De sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo (de Paulo) aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os es­píritos malignos saiam".
Os clérigos vaticanistas e os "missionários" pentecostalistas não querem ler bem a Escritura trasladada acima e se bem a leem seu crime é maior pela mistificação consciente e premeditada que cometem. O Texto não afirma que Paulo orava sobre as peças de roupa que lhe levavam. Informa, sim, que as pessoas efésios arrancavam do corpo de Paulo os seus aventais e os seus lenços e os levavam.
Se dá sombra de Pedro (At. 5:15) não se logrou conservar fiapos, por que os primitivos cristãos deixaram de conservar pedaços das roupas de Paulo Apóstolo? Teríamos até hoje as preciosas relí­quias. Todavia, àqueles panos, fora daquela espe­cial circunstância, nenhum outro prodígio, obtiveram.
Esse fato de Éfeso e alguns mais a ele seme­lhantes ocorreram por especialíssima permissão de Deus com o fim de autenticar o Ministério especialíssimo de servos Seus em dada conjuntura histó­rica na correnteza do período da Revelação Bíbli­ca.
A caída prodigiosa do maná no deserto alimentou milagrosamente o povo eleito e para memória Deus mandou Moisés encher dele um vaso e pô-lo no interior da arca da Aliança (Ex.16:33-34). Determinou-lhe ainda colocasse diante da mesma arca a florescida vara de Arão como o sinal de sua eleição para o múnus de sumo sacerdote (Nm. 17:10; Hb. 9:4). 

Os israelitas, todavia, jamais tributaram qualquer culto ou crença a essas coisas, como nunca o fizeram aos ossos de Eliseu, por suporem neles, inerente qualquer eficácia sobrenatural.
Atos 19:12 de maneira alguma se presta a au­torizar a referida atitude dos clérigos e dos pentecostalistas no tocante a se orar sobre roupas de doentes. O seu emprego indevido e sofista pe­los pentecostalistas, no entanto, revela também neste particular, se identificarem eles com os clérigos feiticeiros do romanismo noutra demonstra­ção de ser o pentecostalismo seita católica.
Da mesma prosápia todos eles, católicos ca­rismáticos, pentecostalistas e pentecostalizados, se entendem e se afinam porque seus básicos princípios doutrinários se identificam. Cabe aos lí­dimos crentes evangélicos fugir de qualquer acomadramento com eles, a menos que queiram incorrer na censura divina de terem transgredido a adver­tência das Escrituras de Rm. 16:17 e tantas outras afins. Se deles se aproximarem, que seja para lhes anunciar o Genuíno Evangelho. Eles precisam de ouvi-lo e aceitá-lo se quiserem ser salvos da per­dição.


Um primor de página pentecostalista
Disseram-me vezes inumeráveis que os da Assembleia de Deus são pentecostalistas mais sensa­tos. Que não são fanáticos como os dos demais grupos. A página trasladada demonstra a saciedade que todos, sem a exclusão dos das Assembleias de Deus, todos se enquadram na mesma bito­la da heresia. Todos, também os das Assembleias de Deus, ensinam os mais graves absurdos e em igual ímpeto embusteiro iludem e exploram o povo ignaro, sempre disposto a ser enganado.
Trata-se de UMA ASSOMBROSA CARTA DA RÚSSIA divulgada pela revista A SEARA, no 172 de julho de 1979, ano XXIII, páginas 10 e 11, órgão editado pela CASA PUBLICADORA DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL, cujo diretor e o sr. Abraão de Almeida, um dos mentores destacados desse grupo pentecostalista.


A carta teve sua divulgação sob inteira res­ponsabilidade da própria revista em cuja apresen­tação se destaca a seguinte frase:"UMA MULHER, QUE ERA MEMBRO ATIVO DO PARTIDO COMUNISTA DA UNIÃO SOVIÉTICA, DESPREZAVA OS CRENTES E VIVIA NO PECADO, MORREU, FOI AO HADES E RESSUSCITOU CONVERTIDA CONTANDO SUA EXPERIÊNCIA E PREGANDO O EVANGELHO".


Transcrevo sem qualquer comentário porque o seu teor já se constitui expressivo comentário:
"Fui ateia. Desprezava a Deus e perseguia os que seguiam a Cristo. Vivia no pecado e fui mem­bro ativo do Partido Comunista.
Em 1965 tive câncer no estômago. Sofri durante três anos, mas tinha a esperança de ficar curada. Entretanto, a doença progrediu sem que a Medicina pudesse dominá-la. 

Fiquei muito fraca, pio­rando cada vez mais. Os médicos decidiram operar-me e, no momento em que cortaram meu ventre, a morte chegou, imediatamente vi-me entre eles, ao lado do meu corpo, olhando a enfermidade. 

O estô­mago e os intestinos tinham tumores cancerosos. E eu pensava: "Por que somos duas? Estou em pé e, ao mesmo tempo, deitada". 

Neste momento o médico re­tirou os intestinos que continham um estranho lí­quido e disse: "Ela não tinha condições de viver. Era um verdadeiro milagre que estivesse viva ate hoje". Recolocaram os intestinos no lugar, costu­raram o ventre de qualquer maneira e decidiram entregar o corpo para a prática dos estudantes de Medicina.
Levaram meu corpo para o necrotério e o co­briram com um lençol. 

Mais tarde vi meu irmão com meu filho André, que, chorando, dizia: "Mamãe, por que morreste? Sou tão pequeno, com que vou viver?" 

Eu o abraçava e beijava, porém, ele não se dava conta. Depois vi que me encontrava em casa e meus familiares repartiam minhas coisas com irritação e maldizendo uns aos outros.


Observei como os demônios corriam em torno deles anotando tudo o que diziam. Em seguida con­templei espantada todas as minhas ações desde a infância. Comecei a sentir-me voando e subindo. Fiquei perplexa porque sabia que não me encontra­va num avião e que estava só. Uma força invisível me sustentava e eu subia cada vez mais alto. Quando voava entre as nuvens, uma luz resplandecente me atingiu e então caí sobre um grande lençol. Ao longe vi árvores de folhas rosadas e belas casi­nhas, porém nenhuma pessoa havia ali.
Não muito longe avistei uma mulher alta, de andar suave. Ao seu lado caminhava um jovem com o rosto escondido nas mãos e chorando amargamente. Suplicava algo a ela. Pensei que era seu filho e intimamente condenei esta mulher por sua falta de misericórdia, pois ela não dava ouvidos ao jovem. 

Quando ela se aproximou quis perguntar-lhe onde eu estava, mas o rapaz caiu aos seus pés adorando-a, chorando e rogando por algo. Não consegui en­tender o que ela dizia a ele.
De repente eles olharam para cima e pergun­taram: "Senhor, onde a poremos?" 

Tremi de medo e foi aí que compreendi que estava morta e que meu corpo estava na Terra. Lembrei-me de que tinha muitos pecados e que devia prestar contas. Quando vivia na Terra não acreditava que existisse alma. 

Comecei a chorar com amargura e uma voz vinda do alto disse a mulher: "Deixa-a voltar à Terra, pa­ra junto de seu pai, que e caridoso. Ha muito chegou sua oração rogando que mostrasse a ela o lugar que merecia. Tirei-a da face da Terra por sua vida pecaminosa e por se colocar contra Deus. Eu a tirei sem que ela se arrependesse".

NO INFERNO - Imediatamente apareci no hades. Rodearam-me serpentes e vermes com aguilhões espetando-me o corpo. A dor era insuportável. Eu gritava em alta voz, mas ninguém me acudia. Meu ali­mento eram vermes mortos e decompostos-gusanos. 

Com gritos perguntava: "Como posso comer estes vermes?" 

Mas a minha mente chegou esta frase: "gusanos serão tua cama e gusanos te cobrirão", Ts. 14:11. E uma voz me falou: "Tu nunca jejuaste". 

Neste momento pensei em Cristo e clamei por sua misericórdia. Ele me disse: "Tu vivias na Terra e não me reconhecias, não querias me reconhecer e eu não te reconheço aqui. Lembra-te de que matavas teus filhos antes de nascerem e aos outros dizias que eles tinham filhos como sapos e que tu os evitavas. Em lugar de fartura enviei-te doença para que te arrependesse, mas ate o fim me desprezaste. Não me reconheceste Ia, mas aqui começarás a colher o que plantaste".


Depois uma serpente começou a rodear-me e ou vi um ruído. Então vi como numa visão a igreja de nossa cidade e o pastor que sempre menosprezara. 

Uma voz me perguntou: "Quem é?" "Nosso pastor", respondi. "E como tu ali o chamavas de zangão?" 

Quando disse isto comecei a rogar-lhe: "Perdoa-me, Senhor, deixa-me voltar a Terra, pois lá deixei um filho pequeno". 

Então ele me disse: "Tu tens compaixão dele e Eu tenho misericórdia de todas as pessoas e desejo que se arrependam. Brevemente virei julgar a todos os que habitam na Terra". 

Neste instante apareceu o mesmo lenço sob meus pés e perguntei: "E aqui o Paraíso?" e uma voz respon­deu: "Para os pecadores a Terra é o Paraíso".


Apareci novamente no lugar de tormentos e foi mais terrível do que da primeira vez. Eu es­tava no meio do fogo; a volta estava muito escuro, o que me deixou assustadíssima. 

Os demônios vieram e diziam: "Tu chegaste até aqui, amiga. Tu nos escutaste e serviste muito bem". Estremeci, lembrando-me dos meus pecados. Dos demônios voa­vam chispas de fogo que. penetravam em meus cabe­los e senti muitas dores. 

Ouvia-se o gemido dos pecadores; todos pálidos e magros e de olhos esbugalhados, clamando com voz terrível: "... beber... beber... água". 

Eles me disseram: "Tu viveste na Terra e não amavas a Deus, mas o desprezavas como nós e com fornicários andavas e nunca te arrepen­des-te. Todo o tipo de pecados cometes-te e por is­so terás sofrimentos aqui. Porém, os pecadores que li se arrependeram, recebem os estrangeiros e ajudaram os pobres, estão no Paraíso".
Eu estava cada vez mais impaciente quando uma luz surgiu e todos caíram com o rosto no' chão e. começaram a suplicar, não suportando o sofrimento porque não havia uma gota sequer de água. 

Mas uma voz contestou a todos: "Na Terra todos sabem des­te sofrimento, porém não creem e nem sequer que­rem ouvir, e Eu não posso contrariar os mandamen­tos de meu Pai". Neste momento uma voz chegou aos meus ouvidos, dizendo: "Deixe-a voltar a Terra".


A RESSURREIÇÃO - Tudo desapareceu e voei sem rumo fixo. Não sei de que maneira apareci na cidade de Barnauli, no hospital, e depois no necroté­rio. A porta estava fechada, mas eu passei tranquilamente. Olhei meu corpo que estava deitado com a cabeça e os braços pendentes. Num momento entrei no corpo e senti frio. Neste mesmo instan­te trouxeram um homem morto. Ao acender a luz me viram deitada e tremendo de frio. Então todos gritaram de medo. Voltaram depois e levaram-me ao hospital. 

Muitos médicos e enfermeiras ficaram a me olhar, e disseram: "É preciso aquecer seu cor­po com lâmpadas". 

Quando fizeram isto abri os olhos e falei. Todos ficaram assombrados com mi­nha ressurreição e no outro dia já pude comer. 

Aos médicos eu disse: "Sentem-se e lhes contarei sobre o outro mundo, onde estive". 

Eles me ouvi­ram atentamente e no fim eu lhes disse que se não se arrependessem aqui na Terra seu alimento seria todo o tipo de vermes e escorpiões mortos. Fica­ram pálidos ao ouvir isto e muitos se interessa­ram pelo meu caso.
Não sentia nenhuma dor em meu corpo. Muita gente me procurou até que a polícia teve que in­tervir. 

Os médicos não compreendiam como a doença tinha desaparecido. Levaram-me a mesa de operação para uma revisão e disseram: "Por que operaram uma pessoa completamente sã?". 

O médico que havia feito a operação ficou muito envergonhado, comen­tando: "Como pude enganar-me? Tudo estava decom­posto pela infecção e agora tudo está limpo e a região afetada renovada como a de uma criança".
Perguntei a um deles: "Que diz deste caso?" 

Ele respondeu: "Nada tenho que pensar. Você renasceu do Todo Poderoso". 

Então respondi: "Se vocês creem nisto, então devem renascer, deixando sua vida de pecados".
Agora tenho 47 anos. Prego a Jesus Cristo e sua próxima vinda porque Ele me disse isto. Ainda me procuram pessoas de vários lugares e a todos testifico de Cristo, aconselhando-os a se arrependerem e receberem ao Senhor como seu único e suficiente Salvador."


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Impossível omitir dois ou três comentários.
Além de fantasiosa a carta é falsa. Não digo falsa apenas em sua origem. Falsa no seu conteúdo.
Começa por aí! Nem aparece o nome da autora. Menciona apenas um isolado André desacompanhado do nome de família. Falta, outrossim, referência a nomes dos médicos. Enfim, um relato destituído de qualquer base ou comprovação de sua veracidade.
O fato em si é pura ficção. E descamba para as regiões espiritistas. Aquela estória de o espírito ficar por aí a rodear e a rondar o corpo inerte...
A patacoada se restringiria ao gênero do conto e da anedota se não afetasse diretamente ensi­nos evidentes da Palavra de Deus.


As Escrituras Sagradas jamais sugerem a per­manência do espírito após a morte ao redor do corpo a espreitar as reações dos circunstantes.
E onde já se viu uma revista dita evangélica supor a possibilidade da conversão no inferno? A saída de alguém de lá?
O inferno é definitivo. Ninguém de lá pode sair. A condenação do réprobo é eterna. Impossí­vel ao condenado ''no inferno escapar dela por meio da regeneração. Impossível até, com a ponta do dedo umedecida, refrescar-lhe a língua.


A história do rico e Lázaro, relatada pleo Senhor Jesus, apresenta conclusões definitivas e inquestionáveis. Se "aos homens está ordenado morrerem uma vez" (Hb. 9:27a), de semelhante forma um grande e intransponível abismo impede a passagem do estado de perdição eterna para a salvação. As palavras são de Jesus Cristo: "... esta posto um grande abismo entre nos e vós" (os condenados no infer­no) , "de sorte que os que quisessem passar daqui para vos não poderiam, nem tão pouco os de lá passar para cá" (Lc. 16:26).
Seguindo-se o juízo a morte (Hb. 9:27b), ne­nhuma esperança mais resta em favor do réprobo.


Os pentecostalistas por fundamentarem sua religião em extravagante experiências de fundo nevropata ou de cunho francamente mentiroso, desprezam por completo as Sagradas Escrituras ou colo­cam-nas em plana inferior. E como resultado caem nesses absurdos inadmissíveis entre pessoas evangélicas.


E vá alguém atrás dessa gente a procurar a "segunda benção" ou o "batismo no Espírito Santo". E vá alguém seguir-lhe os passos na pretensão de um aprofundamento na vida espiritual...