Perguntas & Respostas

1. O Crente pode perder a sua salvação?

Satanás jamais deixará o crente descansar. Está em atividade, sem cessar, (Jó 1:7; 2:2), acusando os irmãos dia e noite perante Deus (Apocalipse 12:10), procurando fazê-los tropeçar ou tentando perturbá-los. Desde o princípio, seus meios para realizar esta obra de destruição são os mesmos. Ainda hoje, com o propósito de fazer vacilar a fé, semeia a dúvida nos corações, sempre colocando a mesma questão: "É assim que Deus disse?" (Gênesis 3: 1).


O fato de que alguns sejam perturbados sobre um tema tão claro e frequentem ente tão exposto como o da justificação pela fé, é prova cabal de que o inimigo continua repetindo seus ataques. Da mesma forma que o fez no momento de tentar o Senhor Jesus no deserto (Mateus 4:6; Lucas 4:10), ele o faz, empregando a Palavra; por exemplo, Tiago 2:24: "Verificais que uma pessoa é justificada por obras, e não por fé somente." E Satanás acrescenta: "Vê como sua conduta deixa muito a desejar! Onde estão as suas obras? Você tem fé, mas isso não é suficiente, pois a Palavra diz que não se é justificado somente pela fé."
Apresentam-se também outras passagens cujo sentido é falsificado e que, por isso, mantêm a dúvida nessa alma angustiada. Assim Romanos 11:22: "Você também será cortado", ou Filipenses 2:12: "desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor." Também é utilizado Hebreus 6:4-6 para fazer crer que o redimido por Cristo pode muito bem perder sua salvação, e para tirar toda a esperança de restauração daqueles que caíram em pecado.

Com efeito, esta passagem diz:"É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e ainda provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que de novo estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus, e expondo-o à ignomínia (zom­baria)" . A pessoa perturbada mantém-se assim em contínua inquietação com respeito a sua salvação, tendo sempre temor de que não realize obras suficientes para obtê-la ou para perdê-la.
Faremos duas observações: É perigoso isolar um texto bíblico de seu contexto e, por outro lado, a Revelação consistiu um todo. Sobre a Palavra, diz ela mesma:"Os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente justos." (Salmos 19:9).
Esta expressão "igualmente" mostra-nos bem que o sentido de uma passagem deve ser buscada de acordo com as demais verdades conhecidas do livro Santo. Estes dois princípios devem guiar-nos sempre quando examinamos uma porção das Escrituras.

Justificados perante Deus pela fé

A propósito da justificação, eis que o Apóstolo Paulo escreve aos romanos: "Mas ao que não trabalha, porém, crê naquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça" (Romanos 4:5), enquanto que o ensinamento de Apóstolo Tiago é este:"Verificais que uma pessoa é justificada por obras, e não por fé somente" (Tiago 2:24). Isolados de seu contexto, estas duas passagens parecem contraditórias e esta aparente contradição é motivo de confusão para muitos.É necessário compreender que nestas duas porções da Palavra tratam-se dois temas muito diferentes. Na epístola aos Romanos, trata-se da justificação perante Deus e na epístola de Tiago da justificação perante os homens. Deus lê no meu coração; Ele pode discernir a realidade de minha fé sem que para isso sejam necessárias as obras. Ao contrário, aqueles que me rodeiam somente podem me julgar através de minha vida prática: "Eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras" (Tiago 2:18).Um mesmo exemplo - o de Abraão - foi escolhido nas duas passagens atadas, o que é notável. Romanos 4 alude à cena de Gênesis 15: "Olha para os céus e conta as estrelas ... Assim será a tua posteridade." Isso é o que Deus disse.


É suficiente crer pra ser justificado: "E creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça". Este versículo mencionado em Romanos 4:3 é citado igualmente em Tiago 2:23, mas precedido por estas palavras. "E se cumpriu a Escritura que diz ... ". Quando foi cumprida esta Escritura? Quando Abraão ofereceu seu filho Isaque sobre o altar (v. 21). A cena de Gênesis 15, durante a qual foi pronunciada a expressão cumprida em Gênesis 22, é bastante anterior. !saque não havia nascido ainda. A fé, pois, precede as obras, as quais são somente a consequência e o testemunho daquela perante o mundo. Em Gênesis 22 havia testemunhas ("dois dos seus servos") embora não tenham ido ao local do sacrifício.


Qual é o resultado em cada uma dessas circunstâncias? Gênesis 15: Abraão creu em Deus. E isso lhe for "imputado para justiça", é justificado perante Deus por sua fé. Não é questão de obras: "ao que não trabalha, porém, crê ..." (Romanos 4:5). Gênesis 22: suas obras manifestam sua fé. Aqui não se diz que isso lhe foi lhe foi imputado como justiça; aqui são dirigidas duas mensagens diferentes: "Mas do céu lhe bradou o Anjo do Senhor ... " (v. 11), "Então do céu bradou pela segunda vez o Anjo do Senhor a Abraão" (v. 15). Quais são essas duas mensagens? A primeira: "Agora sei que temes a Deus ... " (v. 12). A segunda: "porquanto fizeste isso ... deveras te abençoarei" (vs. 16-18).
Torna-se, pois, muito claro, que somos justificados perante Deus pela fé. As obras que somos exortados a fazer nada acrescentam a uma salvação perfeita, a qual está fundamentada sobre o princípio da fé somente.


Elas manifestam esta fé aos olhos dos que nos rodeiam e mostram que vivemos no temor de Deus. (Gênesis 22:12; elas não nos levam à salvação, mas à bênção no caminho - capítulo 22: 16-18). Veja-se ainda, além dessas passagens, Efésios 2:8-10; Tito 3:5-8; Gálatas 2:16. Acrescentemos o que nos diz em outra parte a epístola aos Romanos a respeito da justificação. É Deus quem justifica (8:30,33), Deus e não o homem. Por que o faz? Porque é um Deus de graça: "sendo justificados gratuitamente por sua graça" (3:24). Mas, como um Deus justo e santo pode justificar culpados? Por causa da obra executada na cruz: o sangue de Cristo foi vertido e somos "justificados pelo Seu sangue" (5:9). Basta crer isso ­"justificados, pois pela fé" (5: 1) ­para ter paz com Deus.


Juntos com Cristo para sempre

O verdadeiro alcance de Romanos 11 perde-se de vista quando o aplicamos à salvação da alma. Outras passagens da Palavra (por exemplo, a epístola aos Efésios) nos ensinam que os redimidos por Cristo são vivificados e ressuscitados juntamente com Ele, que estão sentados com Ele nos lugares celestiais, que a Igreja é um só corpo com Ele. Como, pois, poderia ser rejeitado aquele que é "um" com Cristo no céu? Em Romanos 11, trata-se da terra e não do céu. A imagem escolhida pelo apóstolo - uma árvore ­mostra isso muito bem. Esta oliveira não representa a Igreja, mas a nação judaica; a outra oliveira, a selvagem, as nações. Escreve o apóstolo: "Dirijo-me a vós outros, que sois gentios" (v. 13). O Evangelho foi anunciado às nações, mas se elas não perseveram no temor de Deus, serão cortadas (v. 22), da mesma maneira que foram os ramos da boa oliveira, isto é, Israel. Poderia haver no corpo de Cristo membros que fossem arrancados dele para dar lugar a outros? Há nesse corpo alguma diferença entre judeus e gentios? Não diz o apóstolo Pedro aos judeus, falando dos crentes dentre as nações: "não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles ... ?" (Atos 15:9), e, não escreve o apóstolo Paulo aos Efésios: "Porque Ele é a nossa paz, o qual de ambos (os povos) fez um ... para criar, em Si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um (só) corpo?" (2: 14-16).
Não há, pois, nenhuma dúvida de que no capítulo 11 da epístola aos Romanos não se trata do Corpo de Cristo, mas dos judeus e das nações, responsáveis pelo testemunho de Deus na terra. Servir-se desta porção das Escrituras para afirmar que o crente que não anda fielmente pode perder sua salvação estaria em contradição com todo o restante dos ensinamentos da Palavra a esse respeito.


A Salvação da alma foi definitivamente alcançada

A explicação de Filipenses 2:12 também é dada frequentemente. Mas o apóstolo não tem em vista a justificação quando escreve: "Desenvolvei a vossa salvação com temor e temor." Na epístola que envia aos filipenses, apresenta a salvação como a meta a alcançar: a libertação ao final da carreira. Como possuímos a salvação sobre o princípio da fé - não foi exatamente em Filipos onde ele respondeu à pergunta do carcereiro: "Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo, tu e tua casa"? (Atos 16:30-32) - somos exortados a trabalhar tendo em vista a libertação final. É um trabalho incessante, um combate contra Satanás que quer nos fazer cair no caminho. Sem dúvida, se tivéssemos que nos defender nesse combate unicamente com nossas próprias forças e recursos, quem de nós poderia alcançar a meta? Mas "Deus é quem efetua em vós tanto o querer como realizar, segundo a Sua boa vontade" (Filipenses 2: 13). Assim, podemos esperar com inteira confiança "a adoção, a redenção de nosso corpo" (Romanos 8:23-24). A salvação de nossas almas já foi alcançada; é a salvação de nossos corpos a que esperamos.


Uma fé viva e não uma simples profissão de fé

O primeiro versículo da epístola aos Hebreus mostra claramente que ela foi enviada a crentes judeus. Deus havia falado aos pais pelos profetas; quando "falou pelo Filho", seu povo rejeitou-o e crucificou-o. Entretanto, fizeram-no por ignorância (Atos 3: 17). Então é­-lhes anunciado o Evangelho e pregado o arrependimento. Mas se, depois de ouvir, depois de adentrar a profissão de fé cristã, rejeitam a Cristo e voltam ao judaísmo, Deus não tem outro meio de salvação para oferecer-­lhes. Isso é o que dirá o apóstolo Pedro depois de pronunciar as palavras que acabamos de mencionar (Atos 4: 12). A passagem considerada de Hebreus 6:4-5 aplica-se, pois, a judeus que tiveram por algum tempo a aparência de profissão de fé cristã, mas sem ter realmente a vida de Deus. A "boa palavra de Deus" que ouviram, que apreciaram, iluminou-os; é o mesmo caso de muitos que apenas professam a fé (os que pretendem ser crentes e não o são) na atualidade. Chegaram a ser" participantes do Espírito Santo". Observemos bem que aqui não é utilizada a expressão de Efésios 1:13" Tendo crido nele, fostes selados com o Espírito Santo." Não se trata do selo do Espírito Santo, o qual Deus põe sobre seus filhos como uma marca de propriedade: é questão de pessoas que se encontraram no cristianismo, mas que jamais fizeram parte do único "corpo" (Efésios 1:23;4:4). Nada nestes versículos, pois, permite dizer que um filho de Deus possa perder sua salvação e que é impossível que seja conduzido novamente ao arrependimento se caiu. Um crente que cai não perde sua salvação, mas o gozo de sua comunhão com o Senhor. São duas coisas muito diferentes (Levítico 21:21-23).

Conclusão

Sem dúvida, estamos em tempo de relaxamento. Em muitos sentidos, é útil considerar com atenção nossa responsabilidade. "Já é hora de vos despertardes do sono" (Romanos 13:11-14), e esta exortação dirige-se também a nós:"Lembra-te, pois de onde caíste, arrepende-te, e volta à prática das primeiras obras" (Apocalipse 2:5). Temos necessidade de considerar seriamente nossa caminhada individual e coletiva, respondendo ao convite que nos foi feito:"Esquadrinhemos os nossos caminhos, provemo-los, e voltemos para o Senhor" (La­mentações de Jeremias 3:40). Talvez pudéssemos duvidar se realmente é salvo - somente Deus lê em nossos corações ­aquele que disser: "Sou salvo, não importa se eu andar fielmente ou não!" Aquele que crê se transforma em alguém que ama, porque o amor de Deus é derramado em seu coração, e este amor é manifestado guardando Sua Palavra (João 14:21-23). Dessa forma, temos que mostrar nossa fé por obras.


Mas, se nossa salvação dependesse de nossos caminhos, quem ousaria pretender ser salvo? Querer despertar a consciência dos santos adormecidos, mos­trando-lhes que sua salvação pode ser questionada, porque sua caminhada não é o que deveria ser, teria como único resultado perturbá-los em vez de despertá-los. Nossa vida está unida à de nosso amado Salvador: "Porque eu vivo, vós também vivereis" (João 14:19). De Suas ovelhas, às quais deu a vida eterna, Ele pode dizer: "jamais perecerão, e ninguém as arrebatará de minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai". (10:28-29). Esta salvação, que descansa sobre a obra perfeita de Cristo cumprida na cruz e que recebemos pela fé, não nos pode ser tirada. Esta certeza é nossa felicidade e nossa paz.


Que nenhum filho de Deus duvide de sua salvação. Esta descansa sobre o que Cristo fez e não sobre o que nós fazemos. Mas cada um deles manifeste sua fé por meio de suas obras; para ouvir esta promessa: "Agora sei que temes a Deus... deveras te abençoarei" (Gênesis 22: 12, 17). Poderá gozar então de uma comunhão feliz com o Pai e com o Filho: "Viremos para ele e faremos nele morada." (João 14:23). Também sentirá toda a felicidade que resulta da obediência: "Se guardardes meus mandamentos, permanecereis no meu amor ... Tenho vos dito estas cousas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo" (João 15: 10, 11).

P. Fuzier

2. Antissemitismo

A origem antissemitismo é tão antiga quanto a dos primeiros filhos de Abraão, quando Ismael perseguiu Isaque, (Gênesis 21 versos 8 a 11; e Gálatas 4 verso 29). E é tão recente quanto a hora em que você está lendo este artigo. O antissemitismo é talvez a forma de ódio mais antiga e intensa do mundo. Por quê? A resposta não será encontrada no domínio natural, mas no espiritual, e as duas fases específicas do antissemitismo só fazem sentido quando nos voltamos para a Bíblia.

Quando Adão pecou, ​​ele entregou o governo mundial a Satanás, (Lucas 4 versos 5 e 6; e João 16 verso 11). Então o Senhor disse a Satanás que a semente da mulher o esmagaria, (Gênesis 3 verso 15). Portanto, Satanás sempre procuraria impedir que esta semente prometida viesse ao mundo. Avisado por vários textos bíblicos ao longo da história, Satanás presumiria que a semente da mulher viria através de Abraão, (Gênesis 12), Judá, (Gênesis 49 verso 10) e Davi, (2ª Samuel 7). Os judeus se tornariam, portanto, seu alvo. Destrua-os e a semente da mulher não poderá chegar para destruí-lo. E assim, temos as tentativas de holocausto do Faraó, Hamã, Antíoco, Epifânio, Herodes e outros. Mas não se engane, o culpado por trás da cortina foi Satanás. No entanto, a primeira fase do antissemitismo não conseguiu cumprir o seu objectivo principal. Apesar do trágico assassinato de muitos judeus, Jesus Cristo, a semente prometida da mulher, nasceu em Belém. E Ele terminou a obra que Deus O enviou para fazer. Ele morreu, ressuscitou e ascendeu à direita de Deus, selando assim a condenação de Satanás.

Mas Satanás conhece as Escrituras. A Palavra de Deus diz que o mundo não viu o último Messias, Jesus Cristo. Não apenas Seu nascimento foi profetizado, mas também Seu retorno. E Israel ainda tem um papel crítico no plano de Deus para este mundo. Segundo o profeta Zacarias, pelo menos dois eventos ocorrerão antes do estabelecimento do reino de Cristo na terra. Um evento será a derrota liderada por Cristo sobre as nações reunidas para destruir Israel, (Zacarias 12 versos 8 e 9). A outra será o arrependimento da nação de Israel quando olharem para o Messias a quem traspassaram, (verso 10). Uma vez que eles se arrependam e O abracem, Deus esmagará Satanás, lançando-o no abismo, (Apocalipse 20 versos 1 a 3), e Cristo reinará sobre a terra. Mas se não houver judeus para defender e nenhum judeu para se arrepender, Satanás poderá manter o seu reino. Sabendo que tudo isso foi profetizado, Satanás iniciou a segunda fase do antissemitismo. E assim, temos (entre outras coisas) a Inquisição, as Cruzadas, o holocausto de Hitler e a posição dos extremistas muçulmanos de varrer Israel do mapa. O diabo não se importa com quem está disposto a ser usado, desde que sua agenda seja cumprida.

A atividade de Satanás nos bastidores não o torna o único responsável pelo antissemitismo, mas é útil lembrar porque é que a história é o que é e para onde tudo vai. Dias mais sombrios para Israel ainda estão por vir. Satanás será o instigador do severo anti-semitismo durante o próximo período da tribulação, (Apocalipse 12). Lá é dito que ele sabe que seu tempo é curto, (verso 12) antes do retorno de Cristo, e ele fará uma tentativa final e desesperada de destruir os judeus. Mas as últimas páginas da Bíblia mostram que Israel veio para ficar, enquanto será Satanás, o culpado por trás da cortina, quem será varrido da face da terra. E sem ele, também desaparecerá o ódio mais antigo do mundo, pois "todas as nações que vieram contra Jerusalém subirão de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos exércitos," (Zacarias 14 verso 16).

Por David Peterson

(Uso com permissão da revista Truth & Tidings)

3. A Igreja e a Grande Tribulação 

A IGREJA PASSARA PELA GRANDE TRIBULAÇÃO? (PARTE 1)


O Arrebatamento.

A verdade da segunda vinda de Cristo é importante não apenas do ponto de vista doutrinário, mas também do ponto de vista da vida e do serviço do crente. É inquestionavelmente uma das verdades essencialmente práticas que nós, como cristãos, podemos contemplar, e a própria consideração do assunto deveria tender a ajustar e embelezar a nossa caminhada.

É importante ter em mente que o Senhor Jesus Cristo virá em pessoa. Este fato é tão claramente afirmado na Palavra de Deus que é surpreendente que qualquer crente genuíno em Cristo possa deixar de o ver. A própria redação das declarações da Sua vinda, são claras e objetivas, que deveria banir imediatamente todos os equívocos. Note algumas destas declarações:

"'Eu voltarei", (João 14 verso 3).

"Este mesmo Jesus..., virá assim como vós o vistes partir", (Atos 1 verso 11).

"Para esperar do céu, a seu Filho, a quem Ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura", (1ª Tessalonicenses 1 verso 10).

"O próprio Senhor descerá do céu", (1ª Tessalonicenses 4 verso 16).

Se não fosse pela esperança de ver o próprio Senhor, o futuro seria tão negro quanto a meia-noite. É esta deliciosa antecipação que faz com que alguém se regozije no meio daquilo que a Bíblia chama de "uma criação que geme". É isto que constitui um dos maiores incentivos para um serviço eficaz. É isto que alivia a pesada carga e nos permite cantar os cânticos de Sião em circunstâncias adversas.

Com relação ao momento exato em que o Senhor retornará, esta informação nos foi sabiamente ocultada. Todas as sugestões sobre o ano exato em que Ele aparecerá foram experimentos perigosos e fúteis. Definitivamente, somos informados de que, (além do próprio Deus), ninguém sabe o dia nem a hora em que o maior de todos os eventos acontecerá. O Senhor pode vir este ano. Por outro lado, Ele pode demorar alguns anos para vir.

Portanto, é nosso privilégio estar sempre na torre de vigia da expectativa, em vista da possibilidade de Sua chegada a qualquer momento. Existem evidências inequívocas de que vivemos nos "últimos dias".

Muitos cristãos, sem dúvida, contestarão esta sugestão de que o Senhor pode vir a qualquer momento, especialmente se forem induzidos a acreditar que certos eventos terríveis devem acontecer primeiro. Refiro-me, é claro, à teoria de que a Igreja passará pela Grande Tribulação, e é meu propósito tentar mostrar, a partir das Escrituras, que tal proposição não está de acordo com a vontade divina.

Em primeiro lugar, é necessário que tenhamos uma concepção clara do significado do termo, "A Grande Tribulação". Será um período de sofrimento, perseguição, aflição e crueldade sem paralelo. Em Mateus 24, nosso Senhor descreve-o como sendo um tempo de tribulação, "e tal não houve desde o princípio do mundo..., nem jamais haverá". Duvido que algum de nós consiga imaginar o horror dos acontecimentos que ocorrerão durante esse período. Não só haverá fomes, pestes e terremotos em diversos lugares; não apenas muitos ficarão ofendidos a ponto de se odiarem e traírem uns aos outros; não apenas o amor de muitos esfriará por se multiplicar a iniquidade, mas a situação será tão terrível que aqueles que estiverem na Judeia serão aconselhados a fugir para as montanhas em busca de segurança. Aqueles que por acaso estão nos telhados ou nos campos são avisados ​​para não se preocuparem com os seus bens, pois isso impediria a sua fuga. As mulheres que antecipam as responsabilidades da maternidade ficarão numa situação quase desesperadora devido à sua incapacidade de fugir rapidamente para um local seguro. Além disso, as pessoas daquela época são aconselhadas a orar para que a sua fuga não seja no inverno, nem no dia de sábado, sendo a razão de que a fuga nos meses de inverno seria acompanhada de dificuldades quase intransponíveis, enquanto no dia de sábado apenas um curto período de distância poderia ser percorrida de acordo com a lei mosaica. Na verdade, esse período será tão terrível que, se não fosse por uma concessão oportuna, (a redução dos dias por causa dos eleitos), nenhuma pessoa seria salva. Certamente não nos é difícil ver que este quadro assustador se aplica ao povo terreno de Deus, os judeus. A Igreja e os Gentios não tem nada a ver com a Judeia ou com o dia de sábado.

Se a Igreja tiver de passar por todos os acontecimentos terríveis que acabei de enumerar, a grandeza da esperança do regresso iminente do Senhor para o arrebatamento será em grande parte minimizada, porque muitos do Seu povo redimido antecipariam o futuro com medo positivo.

Mas, afinal de contas, não se trata do que pensam vários grupos de crentes. O último tribunal de recurso é a Bíblia, e se, referindo-nos a várias passagens, pudermos compreender mais claramente quais são os propósitos do Senhor Jesus em relação aos Seus santos, a consideração mútua deste assunto profundo não terá sido em vão.

Há pelo menos duas passagens muito importantes que se relacionam com a vinda do Senhor para "os Seus", falando da Igreja e do arrebatamento antes da Grande Tribulação, e que têm sido uma fonte de conforto para dezenas de milhares de crentes. O primeiro deles fez parte do belo discurso de nosso Senhor aos Seus discípulos antes de Sua partida para Seu Pai, (João 14 versos 1 a 3). Nestes versículos vemos a Casa, ou o Palácio, o Lugar e a Pessoa. Nosso Senhor informa aos discípulos que na casa de Seu Pai há muitos lugares de permanência, (isto é, ampla acomodação para todos os redimidos); que Ele vai preparar um lugar para eles; logo após, Ele retornará e os receberá para Si mesmo; para que onde Ele esteja, eles também possam estar. Esta é a primeira insinuação que Ele fez de Sua segunda vinda em relação à recepção direta, por Ele mesmo, de Seus santos. Agora, observemos aqui toda a ausência de qualquer introdução. Não há referência a terremotos, fomes ou pestilências; nem uma palavra é dita sobre o amor de muitos esfriar por causa da iniquidade abundante; nem se diz nada a respeito da Grande Tribulação; nem nada sobre fugir para as montanhas, nem qualquer outro dos terríveis eventos mencionados em Mateus 24. O Senhor menciona a promessa de Seu retorno para confortar as mentes perturbadas de Seus entes queridos discípulos, sem sugerir que qualquer catástrofe chocante deva ocorrer anteriormente.

A segunda grande passagem é 1ª Tessalonicenses 4 versos 14 a 18. O versículo 13 parece indicar que alguns dos crentes tessalonicenses estavam passando por um período de luto, e o apóstolo escreveu para assegurar-lhes que, embora não fosse errado que eles se entristecessem, ainda assim era gloriosamente possível para eles se alegrarem em meio à sua tristeza, porque, na vinda do Senhor para o arrebatamento, aqueles que haviam falecido nEle ouviriam Seu tríplice chamado, o grito de vitória, a voz de arcanjo e a trombeta de Deus, e imediatamente responderiam levantando-se vitoriosamente de seus túmulos, para se juntarem aos santos vivos, para que em um único grupo, todos fossem arrebatados para encontrar o Senhor nos ares, para assim estarem para sempre com Ele.

Aqui novamente, observemos a ausência de qualquer introdução. Nem a menor referência é feita a qualquer uma das terríveis ocorrências mencionadas em Mateus 24 e outras passagens semelhantes. O escritor não apenas revela a verdade inspiradora do retorno do Senhor para os Seus, a Igreja, sem qualquer declaração preliminar, mas exorta distintamente seus irmãos crentes a confortarem uns aos outros com essas palavras, a não assustarem uns aos outros com a perspectiva desconfortável de sofrimento terrível, perseguição, e crueldade que alguns querem que acreditemos que deve ocorrer antes do cumprimento desse grande evento.


A IGREJA PASSARA PELA GRANDE TRIBULAÇÃO? (PARTE 2)


Um Ladrão na Noite.

Para entender que a Igreja não passará pela Grande Tribulação, e que o arrebatamento dela será iminente, isto é, não precisa de sinal algum que anteceda este evento, é muito necessário distinguir entre a "vinda do Senhor", em 1ª Tessalonicenses 4, e o "Dia do Senhor" no capítulo 5.

Lemos no Capítulo 5 verso 2: "Porque vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite."

A "vinda do Senhor", assunto que Paulo trata no fim do Capítulo 4, será um ato de bênção para a Igreja. O "Dia do Senhor", assunto do Capítulo 5, será um período de julgamento sem paralelo, que se dará após o arrebatamento da Igreja ao céu.

O Apóstolo Pedro em Atos 2 verso 19 e 20, citando a profecia de Joel, nos informa que o "dia do Senhor" será precedido por certos sinais definidos que serão vistos acima no céu e em baixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumaça. Note o que está registrado: "O sol se transformará em trevas, e a lua em sangue, antes que venha aquele grande e notável dia do Senhor." Estes fenômenos celestiais ocorrerão imediatamente após os dias da "Grande Tribulação" a que já nos referimos.

O mesmo apóstolo em sua segunda epístola, Capítulo 3 versos 10 a 12, nos diz que o "Dia do Senhor" terminará com desastres maiores e mais terríveis do que aqueles que o precederão. Note as palavras exatas: - "No qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos se derreterão com calor ardente, e a terra e as obras que nela há serão queimadas."

Não é difícil perceber que a frase, "como o ladrão de noite", indica que o "dia do Senhor" chegará repentina e inesperadamente. O ladrão tem muito cuidado para manter suas vítimas na ignorância da hora exata de sua chegada. Na verdade, ele faz o máximo para chegar quando menos se espera. Da mesma forma, a chegada do "Dia do Senhor", surpreenderá aqueles que serão esmagados.

Agora, a "vinda do Senhor", mencionada no Capítulo 4, não será um evento inesperado. Dezenas de milhares de filhos amados de Deus estão antecipando, diariamente e a cada hora, Sua chegada gloriosa, e o número desses crentes "vigilantes" está aumentando rapidamente.

E podemos perceber isto de uma maneira clara no que Paulo escreve em, 1ª Tessalonicenses 5 verso 3: "Porque quando disserem: Há paz e segurança; então lhes sobrevirá repentina destruição... e de modo algum escaparão". Aqui vemos o julgamento, repentino e certo. A "Paz e Segurança" mencionada nesta passagem é falsa. Uma falsa paz é pior do que a tempestade mais severa, porque numa tempestade severa a pessoa percebe o perigo e pode haver uma possibilidade de fuga, mas uma paz falsa é totalmente fatal, na medida em que a vítima pensa que tudo está bem quando tudo está errado, e antes que ele tenha consciência do perigo, ele é envolvido por uma calamidade da qual é impossível escapar. O mesmo se aplica a uma falsa segurança. A única paz real e duradoura é aquela que o Senhor Jesus fez pelo sangue de Sua cruz, e a única segurança real pode ser encontrada na eterna Rocha dos Séculos.

Mas a quem se refere o pronome "eles" pensam ter "Paz e Segurança"? Certamente não pode ser os crentes da Igreja, e se não for para os crentes, só pode se referir àqueles que estão nas trevas, àqueles que estão sem Deus e sem Cristo. Para os tais, o "Dia do Senhor" virá como um ladrão durante a noite. Agora observemos cuidadosamente o seguinte versículo: "Mas vós, irmãos, não estais nas trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão." (1ª Tessalonicenses 5 verso 4).

Isto indica claramente que o "Dia do Senhor" não tem nada a ver com os filhos de Deus da era da Igreja, mas com os filhos das trevas. Nós, que fomos tirados das trevas para a mais maravilhosa luz de Deus, estamos mais envolvidos nos versículos finais do Capítulo 4 do que nos versículos iniciais do Capítulo 5 de 1ª Tessalonicenses.

Uma das passagens mais importantes que provam que a Igreja nunca passará pela Grande Tribulação é, 2ª Tessalonicenses 2 verso 7, pois diz: "Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado." O Apóstolo nos informa claramente que o "Dia do Senhor" não chegará, a menos que venha primeiro a mais terrível das apostasias, culminando na manifestação do homem do pecado. Então o "Mistério da Iniquidade" atingirá o seu clímax, quando os inimigos da verdade seguirem o seu próprio caminho e quando as forças do mal forem liberadas, (por Deus), para agir no seu máximo.

Este profundo "Mistério da Iniquidade" já está agindo hoje, e funciona desde a era apostólica, mas tem sido controlado, limitado. Felizmente, tem havido um poder restritivo em ação, de modo que, embora o elemento de ilegalidade tenha ainda hoje atingido proporções alarmantes, não foi permitido que ultrapassasse a linha fronteiriça. Deus permite que a ira do homem seja exercida dentro de certos limites para que possa louvá-Lo, mas o restante da ira Ele restringe.

Chegará um tempo, porém, em que esse poder restritivo será retirado, e então o homem do pecado – aquele "iníquo" – que se exaltará acima de tudo o que é adorado, pois realmente se sentará no templo de Deus, "mostrando-se que ele é deus", será revelado em todos os seus poderes diabólicos, e sinais e maravilhas mentirosas.

Surge aqui uma questão muito importante: O que é esse poder restritivo? No texto que já citamos em 2ª Tessalonicenses 2 verso 7, o pronome usado é "Ele", não "isso", o que significa claramente que deve ser uma pessoa, e se for uma pessoa certamente não pode ser outro senão o Espírito Santo de Deus. Os crentes são designados como "o sal da terra", a razão é que eles são habitados pelo Espírito Santo e, portanto, constituem um agente purificador eficaz na terra na sua capacidade corporativa. Se não fosse pela presença do povo redimido de Deus no mundo, a situação seria intolerável. Como é bem sabido, o Espírito Santo desceu no Pentecostes. Mas quando Ele ascenderá? Ele ascenderá com a Igreja quando ela for arrebatada para encontrar seu Senhor glorificado nos ares. Sendo assim, o poder restritivo será removido quando Cristo vier para os Seus, antes do período conhecido como a Grande Tribulação.


A IGREJA PASSARA PELA GRANDE TRIBULAÇÃO? (PARTE 3)


O Livro com Sete Selos.

Existem muitas razões sugestivas pela qual a Igreja não passará pela Grande Tribulação e, sem dúvida, a mais importante e talvez a mais imperativa esteja no último livro da Bíblia. A consideração disto exigirá um exame bastante minucioso de um dos capítulos mais inspiradores da Bíblia, a saber, Apocalipse, capítulo 5, que diz assim: "E vi na mão direita daquele que estava assentado no trono um livro escrito por dentro e por trás, selado com sete selos".

É possível que o livro mencionado neste versículo contenha os títulos de propriedade da terra, embora seja bastante claro que os sete selos pelos quais ele está selado estão vitalmente ligados aos terríveis julgamentos que, no tempo de Deus, serão derramados sobre este mundo culpado.

Entre todos os habitantes do céu e da terra, apenas Um é considerado digno de abrir o livro e de desatar os seus selos, a saber, o Leão da tribo de Judá, o sempre vitorioso, que, como o Cordeiro de Deus no Calvário, prevaleceu sobre os poderes das trevas tão completamente que revelou Sua dignidade para abrir o livro e desatar os selos. Imediatamente depois, Ele é visto no meio do trono como o Cordeiro que uma vez foi morto. Ao redor do trono estão quatro seres viventes, e vinte e quatro anciãos, e estes são; engajado em cantar a canção mais doce já cantada. É descrita como a Nova Canção, e será sempre nova à medida que os acordes ecoarem pelas cortes celestiais. Devemos ouvir mais uma vez as grandes palavras deste Cântico: "Tu és digno..., porque foste morto, e com Teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação."

Geralmente é admitido que esses vinte e quatro anciãos incluem ou representam a Igreja, e, na verdade dificilmente poderia ser de outra forma, pois quem, a não ser os redimidos, pode cantar o cântico da redenção? E lembremo-nos de que este grupo celestial não é composto por um povo ou nação em particular, mas representa todas as partes deste mundo que Deus amou e pelas quais Ele deu o Seu Filho. Tenhamos também em mente que enquanto esses vinte e quatro anciãos estão empenhados em cantar o novo cântico, o livro está inteiro e com seus selos intactos.

Agora, quando é aberto o primeiro selo? Não no capítulo 5, mas no capítulo 6 de Apocalipse. É extremamente importante que observemos este fato, visto que ele transmite a conclusão inevitável de que antes dos julgamentos divinos atingirem este mundo, os redimidos já estão com Cristo no céu.

Vamos agora tabular os fatos e nos esforçar para ver a proposição em sua verdadeira perspectiva:

  1. O livro está à direita daquele que está assentado no trono.
  2. O livro está selado com sete selos, que estão intactos e que estão vitalmente ligados aos terríveis julgamentos que serão derramados sobre a terra.
  3. Os vinte e quatro anciãos incluem ou representam a Igreja que foram reunidos dos quatro cantos da terra.
  4. Esses vinte e quatro anciãos estão no céu, ao redor do trono, antes da quebra de qualquer um dos selos.
  5. O registro da quebra do primeiro selo está no capítulo 6.

Segue-se, portanto, que, antes que ocorra qualquer uma das coisas terríveis registradas em Apocalipse 6 em diante, a Igreja está seguramente alojada no céu de glória.

Pode-se dizer em resposta a tudo isso que os eventos do Apocalipse nem sempre são registrados em ordem cronológica. Isto é sem dúvida correto, mas a questão da ordem cronológica não afeta o ponto em questão. Permanece o fato incontestável de que, quando o livro é visto ainda totalmente selado, os remidos estão com Cristo no céu, portanto, devem ter sido introduzidos ali, antes da abertura do primeiro selo.

Naturalmente, há muitas questões desconcertantes que surgem na consideração deste grande assunto. Seria realmente estranho se não fosse assim.

Uma dessas dificuldades diz respeito ao toque das trombetas; se sãos as mesmas, que encontramos mencionadas em 1ª Coríntios 15 verso 52, 1ª Tessalonicenses 4 verso 16, e Apocalipse, Capítulos 8 a 11.

A distinção, resumidamente, é a seguinte: As duas primeiras em, 1ª Coríntios 15 verso 52, 1ª Tessalonicenses 4 verso 16, podem ser chamadas de trombetas de bênção e farão parte da tripla convocação que será ouvida pelos santos, quando o Senhor vier para os Seus, a Igreja no arrebatamento, antes da Grande Tribulação.

As trombetas mencionadas no livro do Apocalipse podem ser designadas trombetas de julgamento, com as quais, os crentes não terão nada a ver.

É bem verdade que em 1ª Coríntios 15, o apóstolo Paulo se refere à última trombeta e, no que diz respeito aos crentes, será a última e não tem nada a ver com a última da série de trombetas de Apocalipse, Capítulos 8 a 11. Não é de todo improvável que Paulo tivesse em mente os três sons de trombeta que eram ouvidos com tanta frequência pelos soldados romanos, o último dos quais foi o sinal para que marchassem em frente. Há também uma ligação sugestiva entre esta última trombeta de 1ª Coríntios 15, e as trombetas que foram usadas no acampamento de Israel, registradas em Números, Capítulo 10. Uma trombeta deveria ser tocada para a reunião dos príncipes, – os cabeças de Israel. Um alarme soou quando as pessoas deveriam iniciar uma viagem. Então vem este versículo significativo: "Mas quando a congregação estiver reunida, vocês tocarão, mas não tocarão o alarme."

Quando o Senhor voltar para nós, ouviremos o som da trombeta, embora, felizmente, não seja um alarme, mas o sinal de uma gloriosa "reunião" final de todo o Seu povo amado que encontrará seu Senhor nos ares, e O verão, não pela fé, mas pela vista.

Uma dificuldade adicional diz respeito a expressão à "primeira ressurreição", mencionada em Apocalipse 20, versículos 5 e 6.

Ainda há duas ressurreições para acontecer, e apenas duas. Elas são: 1ª. A dos justos e 2ª. A dos injustos.

A ressurreição dos justos presumivelmente ocorrerá em duas etapas, a saber, a 1ª. Etapa será quando o Senhor descer do céu somente até aos ares, (neste momento os santos da era da igreja serão ressuscitados com corpo de glória, e os crentes vivos transformados e todos levados para o céu), e a 2ª. Etapa da primeira ressurreição, será no final do período da Grande Tribulação e antes de começar o reino milenar de Cristo aqui na terra, será o momento quando os mártires da tribulação serão ressuscitados e com eles os santos do Antigo Testamento. Isto é chamado de a, "primeira ressurreição". A ressurreição dos injustos ocorrerá no final dos mil anos que compreenderão o Milênio, conforme notificado em Apocalipse 20 versos 11 a 15. A referência de Nosso Senhor às duas ressurreições está no Evangelho de João 5 versos 28 e 29.


A IGREJA PASSARA PELA GRANDE TRIBULAÇÃO? (PARTE 4)


Salvação em Toda a Sua Plenitude.

Cada salvo da era da Igreja, deve libertar os seus pensamentos de que passará pelos terríveis julgamentos em que o mundo estará envolvido, e concentrar-se agora na mente, nas glórias que nos aguardam, e que serão a posse alegre de todos os verdadeiros crentes no retorno do Senhor Jesus nos ares para o arrebatamento.

O escritor da Epístola aos Hebreus nos informa que tão certamente como Cristo apareceu uma vez para aniquilar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo, assim certamente Ele aparecerá uma segunda vez, sem pecado, para a salvação. (Hebreus 9 verso 28).

A questão do grande pecado foi resolvida de uma vez por todas na cruz. O Calvário nunca será reencenado. Quando Cristo voltar, esse grande evento será "para a salvação". Então compreenderemos plenamente aquela salvação que foi designada por Deus nas eras eternas passadas, comprada por Cristo na cruz e realizada para nós pelo Espírito Santo. O santo mais antigo e experiente da terra hoje mal tocou a margem desta "grande salvação", mas Deus organizou Seu programa para nós de uma maneira tão maravilhosa que quando, virmos o Senhor Jesus face a face, perceberemos então como nunca antes sua altura, profundidade e comprimento, e largura. Apreciaremos a sua magnitude divina e exultaremos na sua insondável plenitude.

Não é de forma alguma um fato insignificante que em mais de uma ocasião no Novo Testamento seja feita referência à vida eterna como uma promessa, a razão é que, embora possuamos essa vida aqui e agora, de longe a maior parte dela é futuro, e será realizado quando estivermos, "para sempre com o Senhor".

O apóstolo João nos lembra da grandeza e plenitude daquele amor que o Pai nos concedeu, para que sejamos chamados filhos de Deus. Este é o nosso direito espiritual de nascença. Esaú tolamente vendeu o seu direito de primogenitura por um mero bocado de sopa, mas, felizmente, é impossível para nós, como crentes, vender o nosso direito de primogenitura, pela simples, mas profunda razão de que a nossa vida está "escondida com Cristo em Deus". Tão grande valor divino foi atribuído àquela vida que nos foi comunicada, que Deus graciosamente a escondeu, e Seu esconderijo é Cristo. Está, portanto, fora do alcance de todos os nossos inimigos.

Mas o apóstolo continua seu tema fascinante dizendo: "E ainda não é manifesto o que seremos". Se fosse manifesto, o que aconteceria? Se por um breve intervalo de dez segundos Deus nos revelasse o nosso futuro, simplesmente seríamos incapazes de suportar esse peso eterno e extraordinário de glória. Portanto, é necessário que exerçamos aquela "paciência de esperança" pela qual Paulo lembra com elogios, os cristãos tessalonicenses.

Embora, no entanto, o panorama completo das maravilhas do Céu ainda não tenha sido divulgado, isto já foi registrado: "Seremos como Ele, Cristo". Comparadas com isso, todas as outras perspectivas se tornam insignificantes. O cumprimento destas quatro Palavras verá a culminação, combinação e consumação de todos os propósitos eternos de Deus para conosco. Ver a face de nosso amado Senhor será realmente o paraíso, mas ser como Ele, quem pode dizer o que isso significará?

Quando o Apóstolo Paulo lembrou aos crentes filipenses que a sua cidadania estava no céu, ele aproveitou a oportunidade para informá-los ao mesmo tempo que uma magnífica transformação aconteceria no retorno de nosso Senhor Jesus Cristo, que mudará este corpo da nossa humilhação, (que está sujeito ao fracasso, à doença e à morte), e o remodelará como Seu próprio corpo glorioso, de acordo com a operação de Seu poder onipotente. Isto constituirá a maior mudança em nossa história espiritual. Diz-se que os nossos corpos físicos estão em constante mudança, – na verdade, mudam completamente duas ou três vezes numa vida normal, – mas, por mais frequente e por mais completa que estes corpos naturais possam mudar, uma mudança muito mais maravilhosa ainda está para acontecer. A imagem terrena foi tristemente manchada como resultado da queda, mas tão certamente quanto carregamos a imagem do terreno, certamente carregaremos a imagem do celestial. O primeiro item no plano divino de redenção foi a presciência de Deus, e Aquele que conheceu o fim desde o princípio, predestinou que seríamos conformados à imagem de Seu Filho. Isto formou o propósito transcendente que Ele tinha em vista quando nos salvou pela Sua graça.

Mas tenhamos em mente que no céu preservaremos a nossa identidade. Não apenas o sol possui uma glória própria, mas a lua também possui uma glória que é dela. E não apenas isso, mas as estrelas também têm sua própria glória, e até elas mesmas diferem umas das outras em glória. Isto quer dizer que embora estes corpos celestes manifestem uma glória combinada, eles também exibem uma glória individual. Assim será conosco quando amanhecer o "dia perfeito". Seremos todos como Cristo e, nesse momento, cada crente preservará a sua identidade.

Este assunto da identidade pessoal leva a uma pergunta que é feita com tanta frequência: Conheceremos uns aos outros no céu? Sem dúvida que nos conheceremos. Há muitas evidências bíblicas disso. Para citar um dentre muitos, quando o Apóstolo Paulo indicou aos santos em Tessalônica que eles eram sua esperança, e alegria e coroa de regozijo no retorno do Senhor Jesus, ele claramente deu a entender que os identificaria, embora fossem tão poucos entre eles, em vista das miríades dos redimidos daquele dia.

A promessa final do Senhor Jesus na Bíblia é: "Certamente venho sem demora". De todos os eventos futuros registrados nas Escrituras, este está mais próximo do coração de nosso bendito Senhor. Para o cumprimento literal desta promessa, Ele suportou a cruz e desprezou a vergonha. Ele agora está antecipando o momento em que verá o trabalho de Sua alma e ficará satisfeito. Além disso, essa satisfação será mútua, na medida em que também estaremos satisfeitos quando despertarmos com a Sua semelhança.

Bem, poderíamos responder com alegria: "Amém, ora vem, Senhor Jesus". Que futuro! Chega de lágrimas; não há mais dor; não há mais tristeza; não há mais decepções; não há mais ansiedade; não há mais fome; não há mais sede; não há mais pecado; não há mais maldição; não há mais morte. Mas, afinal, estes são apenas pontos negativos. Quais devem ser os pontos positivos? O que substituirá todas essas coisas que agora com tanta frequência tendem a nos deprimir? Alegria indescritível e glória em toda a sua plenitude.

Será alegria após alegria; canção após canção; glória sobre glória; satisfação após satisfação sempre abundante à medida que as eras intermináveis ​​de uma eternidade sem data passam. Estaremos num lugar glorificado, vestidos com corpos glorificados, em companhia de um povo glorificado e na presença de um Salvador glorificado.

Então será vista a apresentação mais maravilhosa já testemunhada. A Igreja, — aquela pérola de grande valor, para a qual o Senhor Jesus "vendeu tudo o que tinha" quando se ofereceu sem mácula a Deus, — será apresentada a Si mesmo, uma Igreja gloriosa, completa em todos os aspectos. Nenhum membro estará faltando; nenhuma divisão prejudicará sua grandeza; nenhuma mancha, ruga ou defeito estragará sua beleza; nenhuma nota discordante será ouvida; nenhuma nuvem intervirá; nada faltará para completar a magnificência daquele maravilhoso espetáculo quando formos apresentados sem defeito diante de Sua presença com exultação.

Existe uma estranha teoria corrente entre alguns filhos de Deus, embora felizmente não se ouça menção dela com tanta frequência agora como antigamente. É a ideia de que quando Cristo vier para os Seus, apenas um número limitado, será levado, e o restante será levado num período posterior. Esses santos privilegiados serão. (assim somos informados), os fiéis, ou os vencedores, – aqueles que viveram vidas consistentes, que prestaram serviço fiel e que aguardam ansiosamente o retorno do Senhor. Esta é realmente uma teoria difícil de ser entendida, e pela seguinte razão: É possível, por um lado, que um crente seja fiel e verdadeiro ao Senhor, e ainda assim nunca tenha aprendido claramente a verdade da segunda vinda de Cristo, enquanto, por outro lado, é possível que um crente tenha sido completamente iniciado nesta grande verdade e ainda assim tenha vivido uma vida inconsistente.

As palavras que encontramos em Hebreus 9, versículo 28: "E aos que O esperam, Ele aparecerá segunda vez", tinham um significado especial para aqueles cristãos a quem a epístola foi dirigida, que estavam perfeitamente familiarizados com os serviços do Tabernáculo. Quando o sumo sacerdote entrava no lugar santo para fazer expiação pelo pecado, o povo ficou do lado de fora, aguardando ansiosamente seu reaparecimento, (isto por ser lindo em, Levítico 16 verso 17 e Lucas 1 versos 10 e 21). Pode ter havido aqueles que ficaram um tanto descuidados com o passar do tempo, mas isso de forma alguma alterou o fato de que o sumo sacerdote entrou e saiu, para a bênção de toda a congregação de Israel. Da mesma forma, Cristo já foi oferecido para levar os pecados de Seu povo, e em breve Ele reaparecerá em favor de todos eles para aquele ato final de bênção, quando Ele dirá: "Levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem", (Cânticos dos Cânticos 2 verso 10).

Se for verdade que apenas os fiéis serão arrebatados quando o Senhor retornar, é de se perguntar quantos irão! Afinal, quem alcançou aquele padrão de lealdade que o tornaria digno de estar entre os primeiros a ascender? Na melhor das hipóteses, somos todos servos inúteis. Comparado com o que deveria ser, o nosso amor é frio, o nosso serviço é pobre, a nossa influência é limitada.

Não é isso? Se for uma questão de mérito, nem um único santo irá. Se for uma questão de graça, (e certamente é), então toda Igreja irá embora.

Finalmente, lembremo-nos sempre de que, assim como a nossa esperança está centrada em Cristo, a Sua esperança está centrada em nós. Muitas vezes lemos no quarto evangelho que Ele desceu do céu, não para fazer a sua própria vontade, mas a do Pai que O enviou. A grande missão do Senhor Jesus a este planeta pode ser resumida nestas palavras: "Eis! Eu venho para fazer a Tua vontade, ó Deus." Isto foi particularmente manifestado no jardim do Getsêmani, quando, sob a sombra da cruz, Ele disse: "Não seja feita a minha vontade, mas a Tua".

Mas houve uma ocasião em que Ele expressou definitivamente o desejo do cumprimento de Sua própria vontade, e o registro está em João 17, versículo 24: "Pai, quero que onde eu estiver estejam comigo também aqueles que me deste, para que possam contemplar a Minha glória."

Quão grandioso é perceber que esse anseio intenso da parte de nosso bendito Senhor está tão intimamente ligado aos Seus redimidos! Qualquer outro pensamento; todos os outros propósitos; todas as outras expectativas eram subservientes a esse tremendo anseio de Seu coração.

Tenhamos, portanto, coragem, porque: "Porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé", (Romanos 13:11).

Por Ernest Barker

4. Preparação para o reavivamento

Todo verdadeiro avivamento é de Deus, é a operação do Espírito Santo no crente e na igreja. Alguns têm tolamente falado em "produzir um avivamento", mas um verdadeiro avivamento da vida espiritual e renovação do poder espiritual não é "levantou-se", mas "derrubou."

Sua vinda é invariavelmente em resposta à oração sincera, unida e confiante. Nunca vimos ou ouvimos falar de tempos reais de reavivamento, renovação e refrigério vindo sobre um povo sem oração, satisfeito consigo mesmo e pomposo.

O caminho do Senhor ainda é, "reavivar o espírito dos humildes e vivificar o coração dos contritos", (Isaías 57 verso 15).

Podemos considerar, portanto, que a primeira parada para um verdadeiro avivamento é encontrada no exame do coração, e autojulgamento diante de Deus. Isso resultará naquela condição castigada, contrita e humilde, para a qual Deus olha com aprovação e para a qual será, "como chuva sobre a grama cortada e como chuvas que regam a terra".

Seus reavivamentos e refrigérios vêm.

Cabe a nós abrir espaço para o Senhor trabalhar, e não ditar a Ele como e quando Ele deve fazê-lo.

A Palavra, no tempo de Eliseu, para a viúva, que estava na pobreza e endividada, mas que ainda tinha um "pote de azeite" em sua posse, em casa, era: "Traga, não poucos vasos vazios".

E quando estes vasos vazios foram trazidos e a porta fechada sobre eles, o óleo começou a fluir, até que todos os vasos vazios trazidos foram cheios, (2ª Reis 4 versos 1 a 7).

Então o óleo cessou.

Deus nunca desperdiça Suas misericórdias, quando elas não são desejadas, ou onde não há espaço para recebê-las e usá-las para obter lucro.

Aquela casa, com o pote de óleo ainda dentro, mas sem uso, pode certamente falar-nos do coração do crente e da igreja na qual habita o Espírito Santo de Deus e o poder, mas ainda espera que os "vasos vazios" sejam preenchidos.

Numa outra cena que se deu fora de uma casa, o mesmo princípio aparece. O profeta disse aos homens que vieram em tempo de seca em busca de água: "Fazei neste vale muitas covas", (2ª Reis 3 verso 16). Quando estas covas estavam preparadas, o Senhor encheu-os de água até transbordar.

Há poder no Espírito Santo para todo ministério: para despertar os "perdidos", para "manter os salvos em condição espiritual elevada", para "enviar o Evangelho com poder de conversão" e "dar unção e aderência à Palavra quando ministrada aos santos".

Que todos nós, sejamos vasos "vazios", mas limpos, homens e mulheres limpos do pecado, santificados para Deus, vasos "aptos para uso do Mestre", e que Ele possa encher do Seu poder, para que por meio dos quais possamos trabalhar para a bênção de outros. A pergunta solene e penetrante para cada um de nós é, "EU SOU UM NAVIO LIMPO?".

Por John Ritchie

5. O que é a vida eterna, e como recebê-la?

A vida eterna tem sido erroneamente considerada por alguns como sinônimo de imortalidade. O erro é grave, porque confunde o que Deus deu a todos os homens no caminho da natureza com o que a Sua graça concede àqueles que creem no Seu Filho. Pela inspiração divina no início, Deus teve o prazer de conferir à nossa raça um caráter de ser que é inextinguível. Chamamos isso de imortalidade; e é possuído por todos os homens, quer seu destino eterno, seja de felicidade ou de tristeza.

A vida eterna é algo totalmente distinto, é a vida incriada de Deus. Porém, é certo que os contemporâneos de nosso Senhor Jesus consideravam isso, um imenso benefício a ser sinceramente desejado; as diversas perguntas que Lhe foram dirigidas a respeito nos levaram a esta conclusão. Todas as suas investigações pareciam concordar em supor que isso era a recompensa do esforço humano; pois vemos isto claramente no jovem governante sério de Marcos 10, e o cauteloso advogado de Lucas 10, e ambos colocando sua pergunta da mesma forma: "Mestre, o que devo FAZER para herdar a vida eterna?" Era natural que falassem assim; pois entre os homens todas as coisas desejáveis ​​só são obtidas por dinheiro ou trabalho. No entanto, se tivessem compreendido a verdadeira condição do homem aos olhos de Deus, e a sua própria condição em particular, teriam-se expressado de forma diferente. O Espírito Santo de Deus não descreveu os homens como, "mortos em delitos e pecados?", (Efésios 2 verso 1). O que os mortos podem fazer? O Salvador não comparou os homens a um devedor que "não tinha nada a pagar"? (Lucas 7 verso 42). Que preço os falidos podem pagar?

A verdade é que a vida eterna é um dom de Deus. Como Paulo expressa: "O salário do pecado é a morte; mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor", (Romanos 6 verso 23). Aqui temos o princípio pelo qual Deus concede esse benefício inestimável. Não é a recompensa das boas obras, ou seria uma dívida, (Romanos 4 verso 4); é o dom do amor soberano para aqueles que não puderam fazer nem pagar nada para garanti-lo. A base sobre a qual a vida eterna é concedida é plenamente expressa nas conhecidas palavras de nosso Senhor Jesus a Nicodemos, registradas em João 3 versos 14 a 16. A Sua cruz, a satisfação da justiça de Deus e a poderosa expressão do amor de Deus, tornou possível que Ele conferisse a vida eterna a todos os que obedecem ao Evangelho.

A vida eterna tem dois aspectos. As Escrituras falam dela tanto como uma posse presente quanto como um prêmio a ser ganho na vinda do Senhor. O primeiro aspecto pode ser encontrado nos escritos de João; o outro nos escritos de Paulo. As palavras de João são muito explícitas: "Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em Seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida", (1ª João 5 versos 11 e 12). Esta é uma grande realidade, para ser desfrutada aqui e agora por cada crente. Sua grande característica é o conhecimento do Pai e do Filho.

A linguagem de Paulo é diferente, lemos: "Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna", (Romanos 6 verso 22).

Será que esta é, uma contradição de ensino dado pelo amado Apóstolo? De jeito nenhum. O pensamento de Paulo inclui tanto o corpo quanto a alma; e ele olha, portanto, para o momento glorioso do retorno do Senhor Jesus, quando os corpos de todos os salvos pela graça de Deus, que são os objetos de Seu amor, serão instantaneamente transformados e se tornarão absorvidos pela vida eterna, assim como suas almas são agora. Vemos esta mesma verdade do mesmo escritor inspirado colocada de forma impressionante em 2ª Coríntios 5 verso 4: "Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados; não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida."

"A mortalidade será engolida pela vida."

As declarações mais simples, completas e diretas sobre o que é a vida eterna podem ser encontradas, talvez, na primeira epístola de João, (o objetivo principal de toda a epístola é mostrar o que é essa vida). O apóstolo nos diz que: "O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, da Palavra da vida; porque a vida foi manifestada, e vimos e testifica e anuncia-vos aquela vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada". Aqui temos a vida eterna, primeiro com o Pai, mas manifestada na Pessoa de Cristo. Assim, no último capítulo o apóstolo nos diz: "E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida, e quem não tem o Filho de Deus não tem a vida". "Ele é o verdadeiro Deus e a vida eterna." Isso, então, é mais definido e distinto. A vida está no Filho. Ele é a vida eterna. Assim João também afirma em seu evangelho: "Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens". E ele diz mais: "Assim como o Pai tem vida em si mesmo, também deu ao Filho ter vida em si mesmo" (João 5). Ele é um Espírito que dá vida; Ele vivifica quem Ele quer.

Tudo isso é claro. A vida está no Filho, ou Ele é vida. Ele tem isso em Sua Pessoa; Ele comunica isso. É dado por Deus, não ganho. "Eu", diz Cristo sobre Suas ovelhas, "vim para que tenham vida e a tenham em abundância".

Podemos agora ver como isso é obtido. É o Espírito operando pela palavra. Nascemos do Espírito; e "segundo a sua vontade, ele nos gerou pela Palavra da Verdade, para que fôssemos uma espécie de primícias das suas criaturas", (Tiago 1 verso 18). O poder disso está no Espírito Santo, o dom divino de Jesus. É, "uma fonte de água que jorra para a vida eterna", (João 4). O Espírito Santo é vida, se Cristo estiver em nós, (Romanos 8). Ele deveria dar a vida eterna a tantos, (quantos o Pai deu a Ele), (João 17).

Lemos em Tito 1 verso 2, "a esperança da vida eterna, que Deus, que não pode mentir, prometeu antes do mundo começar". Como já fizemos notar, há outro aspecto no qual a vida eterna é vista, a saber, a sua plena realização em glória, de acordo com o pleno propósito de Deus. Nesta visão, é claro, não se diz que a temos, mas que a aguardamos e a seguimos. Assim, então Paulo disse a Timóteo: "Agarre-se, tome posse da vida eterna", (1ª Timóteo 6 verso 12).

Por John Nelson Darby

6. As Alianças na Bíblia

A Aliança com Adão (1)

É geralmente reconhecido que, embora muitas vezes úteis, as informações na Wikipédia nem sempre são precisas. Por exemplo, indica que talvez Priscila tenha sido a escritora anônima da Epístola aos Hebreus! Quando se trata de "Alianças Bíblicas", isso indica a grande variedade de opiniões sobre a natureza de uma aliança bíblica, dizendo-nos que os estudiosos veem algo entre uma e doze alianças diferentes. Aqui, no entanto, não abrangeremos de forma alguma o número superior de alianças, mas nos limitaremos ao que normalmente seria visto como pactos ou alianças bíblicas válidas.

Embora a palavra "aliança" seja empregada extensivamente nas Escrituras, mesmo sendo mantida nas traduções mais recentes, ela raramente é usada nas conversas atuais, portanto, uma indicação do significado da palavra parece necessária. As definições nos dicionários seculares transmitem a ideia de "um acordo solene" ou "um acordo juridicamente vinculativo", e isto expressa apropriadamente o significado bíblico de aliança.

A palavra é usada pela primeira vez em conexão com Noé: "contigo estabelecerei a minha aliança", (Gênesis 6 verso 18), e esta aliança tratará do acordo de Deus com Noé, que permanece válido até os dias de hoje. As outras alianças são as promessas de Deus a personagens notáveis ​​como Abraão e Davi.

Algumas das alianças que Deus iniciou eram compromissos incondicionais, como as promessas a Abraão e Davi, mas noutras ocasiões, a bênção prometida dependia do cumprimento das outras partes do contrato, mais notavelmente a aliança da Lei; portanto, falamos de pactos unilaterais e bilaterais.

Embora a primeira referência a uma aliança esteja na história de Noé, parece que Deus fez uma aliança com Adão nos dias primitivos. Estamos em dívida com o profeta Oséias por nos esclarecer sobre isso. O povo de sua geração transgrediu uma aliança "como Adão", (Oséias 6 verso 7). Assim, o primeiro acordo que Deus fez com a humanidade, foi com o cabeça da raça, o próprio Adão.

Nas suas notas bíblicas, Scofield fala da Aliança Edênica, baseada em Gênesis 1 verso 28, segundo a qual, na dispensação da inocência, Adão estava sob o mandato de "reabastecer a terra e subjugá-la". Ele então se refere à Aliança Adâmica, baseada nos pronunciamentos de Deus subsequentes à Queda, quando Ele condenou a humanidade e a terra a condições desagradáveis, aguardando a vinda da Era do Reino (Gênesis 3 versos 14 a 19). Paulo descreveu isso como "a criação [sendo] sujeita à vaidade, não por sua própria vontade", até ser finalmente "libertada da escravidão da corrupção", (Romanos 8 versos 20 a 21).

A descrição que Scofield faz dessas instruções e pronunciamentos como alianças é possivelmente válida, mas a maneira como a linguagem de Oséias é formulada e seu uso da palavra, "transgredido", nos deixa com a nítida impressão de que a aliança de Deus com Adão se relaciona com Suas instruções a respeito da árvore do conhecimento do bem e do mal, (Gênesis 2 versos 16 e 17). Não há registro do que foi prometido caso Adão observasse submissamente Seu mandamento em relação àquela árvore, mas pelo teor da advertência de Deus, pode ser legítimo conjecturar que havia a garantia de vida perpétua no planeta. A ameaça negativa prometia a morte pelo não cumprimento: "no dia em que dela comeres, certamente morrerás", (verso 17). Assim, a aliança era um acordo bilateral que exigia a obediência total de Adão para garantir a sua sobrevivência contínua.

Não temos ideia de quanto tempo durou o estado de inocência de Adão, mas Gênesis 3 é o triste registro de sua violação da aliança de Deus; é o relato do primeiro pecado humano, descrito por Paulo como "desobediência", (Romanos 5 verso 19). O ato rebelde foi precedido pela duplicidade da serpente, com a insinuação de que Deus nunca implementaria o lado punitivo de Sua aliança: "Certamente não morrereis", (Gênesis 3 verso 4). Isto resultou no engano de Eva, (2ª Coríntios 11 verso 3; 1ª Timóteo 2 verso 14). Esta última Escritura insiste que "Adão não foi enganado"; portanto, seu ato foi de desafio deliberado, – os termos da aliança foram violados.

Para Adão pessoalmente, as consequências de ignorar audaciosamente as condições da aliança foram imediatas. Novas emoções desagradáveis ​​giravam em torno de sua mente: vergonha (Gênesis 3 verso 7), culpa, (verso 8), medo, (verso 10) e suspeita, (verso 11). Havia agora a perspectiva de um trabalho incansável para sustentar a vida, (versos 17 a 19), mas no final, apesar de todo o esforço, a batalha seria perdida. A morte seria a vencedora inevitável: "tu és pó e ao pó retornarás", (verso 19). Adão era agora uma criatura mortal, pois independentemente do argumento do diabo em contrário, incorporado na aliança de Deus com Adão estava este: "certamente morrerás", (Gênesis 2 verso 17). As alianças de Deus são certas e Suas ameaças, bem como Suas promessas, são cumpridas, e assim está registrado: "e ele morreu", (Gênesis 5 verso 5).

Para a humanidade, os resultados da insubordinação de Adão foram imensos. Porque Adão violou a primeira aliança que Deus fez com o homem, seguiu-se uma tragédia, com doenças e morte afetando as nossas pessoas, e desastres como fomes, inundações e terremotos afetando o nosso planeta.

Além disso, como cabeça da raça, ele levou todos sob sua liderança a um estado de pecador. Tanto em Romanos 3 verso 23 como em Romanos 5 verso 12 somos informados de que "todos pecaram", mas um não é uma réplica do outro. A primeira é uma referência ao nosso fracasso pessoal em atingir o padrão perfeito de Deus, enquanto em Romanos 5 verso 12, temos o pensamento é que quando Adão pecou, ​​pecamos em associação com ele como cabeça da raça. É o conceito oriental de solidariedade de uma raça de pessoas, ilustrado em Hebreus 7, onde as ações de Abraão envolvem seus descendentes, (versos 4 a 10).

Adão é a única pessoa nas Escrituras que é considerada um "tipo" do Senhor Jesus, (Romanos 5 verso 14). Ele é um tipo de uma maneira específica. Um ato de sua parte, um ato de desobediência, teve efeitos extremamente adversos para todos os que estavam sob sua liderança; um ato da parte do Senhor Jesus, um ato de obediência ao ir à cruz, teve efeitos enormemente benéficos para todos os que estão sob Sua liderança, (Romanos 5 verso 19). Todos os salvos por Cristo, são aqueles que não estão mais "em Adão", mas "em Cristo" e, como tal, temos a certeza de que a morte não será o vencedor final, pois "em Cristo todos serão vivificados", e "nós também traremos a imagem do celestial", (1ª Coríntios 15 verso 22 e 49).

O ponto crucial para toda a humanidade depois da queda de Adão é que, todos pecaram e carecem, ou estão destituídos da glória de Deus. Em seus pecados, se torna impossível qualquer pessoa entrar no céu, depois da morte. É necessário ser salvo pela graça de Deus mediante a fé no Senhor Jesus Cristo. "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2 versos 8 e 9)

Cada pessoa tem uma alma imortal e eterna, que não deixa de existir na hora da morte, nem entra num estado de sono, e muito menos vai reencarnar para volta ao mundo e pagar por seus pecados passados.

Um pecador salvo pela graça de Deus, sem obras, e mediante a fé no Senhor Jesus Cristo, morrendo, sua alma vai para o céu. O apóstolo Paulo disse aos crentes de Filipos: "Mas a nossa cidade está nos céus." (Filipenses 3 verso 20)

Mas quando um pecador sem esta salvação morre, seu corpo é sepultado, mas sua alma, a verdadeira pessoa que abitou naquele corpo, entra imediatamente no inferno, e sofrerá eternamente as consequências dos seus pecados. O Senhor Jesus contou uma história nestes termos: "Morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos." (Lucas 16 versos 22 e 23)

Deus deseja salvar a todos, mas nem todos querem ser salvos. E você, onde estará na eternidade?

"Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo." (Hebreus 9 verso 27)


A Aliança com Noé (2)

A aliança de Deus com Noé foi o Seu primeiro acordo unilateral, pelo qual promessas incondicionais foram feitas por um "Deus que não pode mentir", (Tito 1 verso 2). Antes do dilúvio, Deus havia prometido a Noé que "contigo estabelecerei a minha aliança", (Gênesis 6 verso 18); observe o pronome singular "contigo". Após o dilúvio, tornou-se evidente que esta promessa se tornaria eficaz para toda a humanidade: "E falou Deus a Noé e a seus filhos com ele, dizendo: "E eis que estabeleço a minha aliança convosco e com a vossa descendência depois você", (Gênesis 9 versos 8 e 9). Este seria um acordo universal com os homens, pois todos descendem de Noé e de seus filhos, pois "deles se espalhou toda a terra", (verso 19). Na verdade, beneficiou todas as espécies, – "toda a carne que está sobre a terra", (versos 16 e 17).

Antes de examinar a aliança, lembre-se do contexto. A inundação era agora história recente; a escalada do mal durante os séculos exigiu o extermínio dos ocupantes da Terra. Enormes reservas de água armazenadas sob a crosta terrestre foram expelidas implacavelmente pela face do planeta e, além disso, houve um dilúvio incessante vindo dos céus, (Gênesis 7 versos 11 e 12). O resultado foi um dilúvio universal a tal ponto que "as montanhas foram cobertas", (verso 20). Noé foi o sobrevivente; a graça da parte de Deus (Gênesis 6 verso 8), e a fé da parte de Noé, (Hebreus 11 verso 7), o viram emergir de seu abrigo, "salvo pela água", (1ª Pedro 3 verso 20).

Houve gratidão imediata da parte de Noé, resultando em sua oferta de holocaustos, (Gênesis 8 verso 20), e "o Senhor sentiu um cheiro suave", (verso 21). Nas Escrituras, as características humanas são atribuídas a Deus, – o que chamamos de antropomorfismo. Aqui, um dos sentidos humanos é atribuído a Ele: "Deus sentiu uma doce fragrância do sacrifício de Noé". A palavra "cheiro", carrega a ideia de um odor sendo soprado (Forte), e a imagem é a de um aroma agradável flutuando em direção ao céu. A palavra "suave" contém o conceito de "descanso" e, portanto, alguns traduzem a frase, "um sabor de descanso". Esses sacrifícios proporcionaram a Deus uma sensação de contentamento, e Ele respondeu imediatamente à atividade de Noé, decidindo: "Não amaldiçoarei mais a terra com água por causa do homem". A incorrigível maldade humana teria exigido uma inundação em intervalos regulares! Isso nunca aconteceria, porque Deus "sentiu um cheiro suave".

A intenção de Deus era manter permanentemente a variação dos climas e das estações e a rotina dia e noite "enquanto a terra durar", ininterrupta por outro dilúvio universal, (verso 22). Não há registro de que isso tenha sido comunicado a Noé, mas obviamente fazia parte do acordo de Deus com ele. Jeremias descreveu-a como a "aliança" de Deus ao afirmar a permanência da dinastia de Davi. Seu argumento era que há tantas possibilidades de interferir na promessa de Deus a Davi quanto de interferir em Sua "aliança do dia e da noite", (Jeremias 33 versos 20 e 21). Assim, como descendentes de Noé, ainda desfrutamos dos benefícios da mudança das estações que facilitam a produção agrícola para o nosso sustento, e do ciclo dia e noite que equilibra a atividade e o sono para os nossos sistemas. William Cowper capturou o conceito dos decretos de um Deus superlativamente sábio em seus versos frequentemente cantados:

Nas profundezas de minas insondáveis

​​De habilidade infalível,

Ele entesoura Seus desígnios brilhantes

E realiza Sua vontade soberana.

Entre a expressão de diferentes aspectos da aliança, Deus introduziu inúmeras inovações para atender à nova era que chamamos de, "A Dispensação do Governo Humano". Os sobreviventes do dilúvio foram comissionados para iniciar o processo de reabastecimento da terra, (Gênesis 9 verso 1). Aliado a isso, eles foram investidos de autoridade sobre animais, pássaros e peixes, e Deus plantou dentro dessas criaturas um medo inato da humanidade. É geralmente aceito que somente quando se sentem ameaçados é que até mesmo os animais mais selvagens atacam os humanos. Como princípio geral, Tiago declara: "toda espécie de animais... foi domesticada pela humanidade", (Tiago 3 verso 7). É significativo que a distinção da humanidade seja mantida; o homem é uma criatura à parte, não apenas um animal sofisticado!

A liberdade foi dada para usar carne animal como alimento, (Gênesis 9 verso 3). Aparentemente, antes do dilúvio, a humanidade era vegetariana, mas a sua dieta agora incluía peixes, aves e carne. A aliança de Deus com Israel restringiu o âmbito da sua vida como parte de um regime que os tornou distintos, mas o Novo Testamento restabeleceu a plena liberdade que tinha sido estendida a Noé: "toda criatura de Deus é boa... é santificada pela Palavra de Deus, e a oração", (1ª Timóteo 4 versos 4 e 5). De uma perspectiva bíblica, os crentes não precisam ser nem vegetarianos nem escrupulosos em relação a qualquer tipo de carne. A advertência sobre o sangue, (Gênesis 9 verso 4), é importante; entre outras coisas, é uma questão de saúde. Qualquer doença em um animal é transmitida pela corrente sanguínea.

A gravidade do assassinato é explicada pelo fato de que o homem foi feito à imagem de Deus, e terminar voluntariamente uma vida humana expressa um ódio inato a Deus. Assim, Deus introduziu a pena capital, (Gênesis 9 versos 5 e 6). Não foi rescindido pela Lei de Moisés, e o ensino do Novo Testamento não defende a sua abolição. Na verdade, ensina que um dos deveres do Estado é manter a lei e a ordem, incluindo a responsabilidade de aplicar a pena de morte. É um assunto emotivo, mas não cabe ao crente exigir vingança; essa é a responsabilidade do governo civil como "ministro de Deus", (Romanos 13 versos 1 a 7).

Conforme observado, a aliança de Deus com Noé incluía a humanidade, (Gênesis 9 verso 9); foi um compromisso permanente, (verso 12), uma "aliança eterna", (verso 16). Essencialmente, foi a garantia da parte de Deus de que Ele nunca mais infligiria punição por meio de um dilúvio, (verso 11). O "arco na nuvem", (verso 13), era um "sinal" visível, um sinal que autenticava Sua promessa. Milênios se passaram; a promessa de Deus foi cumprida; o aparecimento frequente do arco nas nuvens é um lembrete de que, "Deus não é homem, para que minta", (Números 23 verso 19).

O fato de que nunca mais haverá outro dilúvio não significa que Deus nunca intervirá novamente em juízo sobre este mundo. Depois do arrebatamento da Igreja ao céu, vira a Tribulação a este mundo, e durante este período, tal será a severidade das expressões de ira que, se Deus não a restringisse, "nenhuma carne seria salva", (Mateus 24 verso 22). Então, saindo das referências ao dilúvio, Pedro dá um salto quântico até o fim dos tempos e mostra que o universo como é agora está "reservado ao fogo", (2ª Pedro 3 verso7). O Deus que o trouxe esta terra à existência do nada, irá atribuí-lo ao nada novamente, acompanhado por "um grande estrondo" e "calor ardente", (verso 10).

Nos dias que antecedem o dilúvio, os que pertencem à família de Deus trilham um caminho de peregrinos. Eles deixam o mundo para Caim. Não há neles nenhum sentimento de disputa e nem tampouco o menor indício de queixa. Eles não dizem, e nem pensam em dizer, "Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança", (Lucas 12 verso 13). Em seus hábitos e princípios de conduta, eles são tão distintos de seu irmão infrator (Caim) que parecem pertencer a uma outra raça; é como se vivessem em outro mundo.

A família de Caim é que faz toda a história do mundo. Eles constroem as cidades, eles promovem as artes, eles conduzem os negócios, eles inventam seus prazeres e passatempos. Mas em nada disso é encontrada a família de Sete. Os daquela geração chamam às suas cidades por seus nomes; os desta se fazem chamar pelo nome do Senhor. Os daquela fazem tudo o que podem para tornar o mundo seu, e não do Senhor; os da outra fazem tudo o que podem para se fazerem do Senhor e não mais pertencerem a si mesmos. Caim escreve seu próprio nome sobre a terra; Sete, escreve o nome do Senhor sobre si.

Podemos bendizer ao Senhor por este vigoroso perfil de estrangeiros celestiais vivendo na Terra, e rogar por graça para experimentarmos em nossas almas, e em nossas vidas, um pouco do seu poder. Temos uma lição a aprender disso.

Os instintos de nossa mente renovada nos sugerem que sigamos o mesmo caminho celestial com igual certeza e desembaraço. O chamado de Deus nos indica esse caminho, e todo o Seu ensino exige que o trilhemos. Os passatempos, costumes, interesses e prazeres dos filhos de Caim nada significam para esses peregrinos. Como ocorre ainda hoje, eles deixam bem claro que rejeitam a ideia de que este mundo seja capaz de lhes trazer satisfação. Eles estão descontentes com o mundo e não se esforçam nem um pouco para inverter esta situação. É nisto que está fundamentada a sua separação da senda de Caim e de sua casa. Eles não estavam preocupados com o país que os cercava, mas procuraram uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Eles são completamente contra o caminho de Caim, e têm um claro discernimento do caminho de Deus.

O Senhor deseja que sigamos esse mesmo padrão, estando no mundo, mas não sendo do mundo. Somos do céu, embora ainda não estejamos lá (exceto no que diz respeito à nossa posição em Cristo). Paulo, no Espírito Santo, desejou também que fôssemos assim, seguindo o exemplo daqueles cuja "cidade está nos céus", (Filipenses 3 verso 20). Pedro, no mesmo Espírito, desejou que fôssemos como "peregrinos e forasteiros", abstendo-nos "das concupiscências carnais", (1ª Pedro 2 verso 11). Tiago nos convoca, no mesmo Espírito, a sabermos que "a amizade do mundo é inimizade contra Deus", (Tiago 4 verso 4). E João nos separa como de um só golpe: "Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno", (1ª João 5 verso 19).


A Aliança com Abraão (3)

A aliança de Deus com Abraão dizia respeito principalmente à terra de Canaã e à promessa de que seus descendentes teriam direito a ela e a ocupariam integralmente. Deus o chamou em Ur dos Caldeus, (Hebreus 11 verso 8), com instruções para abandonar sua terra natal e se mudar para uma terra que Ele lhe mostraria, (Gênesis 12 verso 1; Atos 7 verso 3). Ao chegar lá, ele teve liberdade para viajar por toda a extensão da terra, mas nunca teve propriedade de nada dela, exceto que comprou um cemitério para sua esposa Sara, no final de seus dias, (Gênesis 13 verso 17; Atos 7 verso 5; e Gênesis 23).

Ao seu chamado, Deus acrescentou uma série de promessas auxiliares, à promessa de que Deus lhe mostraria a terra. Embora não tivesse filhos, foi-lhe dito que se tornaria "uma grande nação". Ele seria abençoado e desfrutaria de grandeza pessoal; ele seria um canal de bênção para outros, e seria vantajoso quem tomasse partido com Abraão, e prejudicial ser hostil a ele, (Gênesis 12 versos 2 e 3).

Após a separação com Ló, seu sobrinho, Deus convidou Abraão a inspecionar o território, – norte, sul, leste e oeste. Desta vez, o compromisso não era apenas mostrar-lhe a terra prometida como quando ainda estava em Ur, mas dar-lhe essa terra e aos seus descendentes; "toda a terra que vês, a ti darei e à tua descendência para sempre", (Gênesis 13 verso 15). Foi a confirmação do compromisso anterior, e imediatamente Abraão percorreu toda a extensão da terra, estabelecendo-se em Hebron, (Gênesis 13 versos 14 a 18).

Em última análise, Deus contratou formalmente Canaã a Abraão e seus descendentes, (Gênesis 15). Tendo prometido mais uma vez que seria o progenitor de multidões, (versos 1 a 6), novamente houve a promessa da terra (verso 7). Abraão aprendeu no capítulo 14 que Deus é "o Deus Altíssimo, possuidor dos céus e da terra", (verso 19); sem dúvida ele entendeu que o Possuidor tinha a prerrogativa de distribuí-lo como quisesse!

Esta Aliança Abraâmica foi um contrato unilateral pelo qual Deus prometeu Canaã ao patriarca e seus sucessores sem compromisso, (Gênesis 15 verso 18); foi por isso que Deus o tirou "de Ur dos Caldeus", (verso 7). Abraão havia aceitado a promessa de descendência, (verso 6), mas agora queria uma garantia da terra, (verso 8).

Nos tempos antigos, quando duas partes entravam num acordo, havia um processo elaborado que envolvia sacrifícios e a divisão dos animais. Os "signatários" do acordo caminharam entre as peças como uma indicação de que haviam fechado um acordo. Assim, aqui, Deus exigiu que várias criaturas estivessem disponíveis para sacrifício como parte integrante do ritual da aliança.

Observe que não havia nenhuma exigência para Abraão andar entre as peças porque, como vimos, esse acordo estava todo do lado de Deus; nenhuma obrigação recaiu sobre o patriarca. O elemento milagroso no procedimento seria que somente Deus, representado na fornalha fumegante e na lâmpada acesa, passaria entre as peças dos sacrifícios para satisfazer o pedido de Abraão por um sinal de que Sua Palavra seria cumprida. Em situações em que sacrifícios como esse eram exigidos, havia um prenúncio do único sacrifício final do Salvador. Aqui, a bênção prometida baseava-se no sacrifício e, portanto, está conosco no que diz respeito à nossa herança espiritual.

A obediência de Abraão deve ser notada. A ordem de Deus foi, "Leva-me uma novilha de três anos", (Gênesis 15 verso 9). As escrituras registram: "E ele levou consigo todos estes", (verso 10). Esta foi a obediência implícita. A afirmação é tão simples, mas essa obediência simples é crucial para o nosso bem-estar e progresso espiritual. Maria, disse aos serventes em ralação a Jesus: "Tudo o que Ele vos disser, fazei-o", (João 2 verso 5).

Os últimos versículos do capítulo de Gênesis 15, elucidam a promessa de Deus a Abraão no versículo 7. Ali a linguagem é "dar-te-ei esta terra", sendo "te", um pronome singular. Na verdade, Estêvão indicou que Abraão pessoalmente nunca foi considerado como possuidor da terra, (Atos 7 verso 5). Ele residia nela e Deus prometeu-lhe isso, mas seria a sua "descendência" que a povoaria e controlaria de forma abrangente depois de expulsar os seus antigos habitantes. Da parte de Deus, o cumprimento da promessa da terra a Abraão e à sua descendência parecia um fato consumado mais de quatrocentos anos antes de acontecer! Eu "dei esta terra", (verso 18). As intenções de Deus são muitas vezes vistas como realizações, como quando se diz que as pessoas justificadas já estão "glorificadas", (Romanos 8 verso 30).

Nos assuntos jurídicos, o título de propriedade da terra é elaborado cuidadosamente com limites bem definidos. Aqui, Deus delineia o território que Ele promete a Abraão, (Gênesis 15 versos 18 a 21). O fato de a expansão ser tão claramente definida é uma evidência conclusiva de que se refere a uma localização geográfica na terra; nunca deveria ser espiritualizado para significar o paraíso!

Na conquista de Canaã, "o Senhor deu a Israel toda a terra que jurou dar a seus pais", (Josué 21 verso 43). O mais perto que Israel chegou de desfrutá-lo inteiramente foi durante os dias tranquilos dos reinos de Davi e Salomão. Quando a teocracia for introduzida nos últimos mil anos da história humana, o Senhor Jesus "terá domínio também de mar a mar, e desde o rio até os confins da terra", (Salmos 72 verso 8). Finalmente, a Aliança Abraâmica será completamente implementada.

Houve treze anos de silêncio após o nascimento de Ismael, e então Deus apareceu novamente a Abraão, confirmando Seu compromisso anterior com relação aos seus descendentes e à terra. Sua promessa era irreversível, pois era "uma aliança eterna", (Gênesis 17 verso 7), e Canaã seria "uma possessão eterna", (verso 8). [Veja também Salmos 105 versos 8 a 13.] Embora Ismael tenha sido gerado antes de Isaque, esse convênio seria com a família proveniente de Isaque; "Isaque… estabelecerei com ele a minha aliança" (Gênesis 17 verso 19). Na verdade, a aliança foi reafirmada tanto para Isaque como para Jacó, (Gênesis 26 verso 3; Capítulo 28 versos 13 e 14; e Capítulo 35 versos 11 e 12).

Embora a promessa da terra fosse incondicional e irreversível, Deus ordenou o que Ele chamou de "sinal da aliança entre mim e ti", (Gênesis 17 verso 11), e Abraão e seus descendentes tiveram que se submeter ao rito da circuncisão. Quando o povo de Israel perdeu de vista a promessa da terra, eles falharam em circuncidar os seus filhos. Durante os 40 anos de Moisés em Midiã, quando ele estava "contente" ali, ele negligenciou a circuncisão de seus filhos, e durante os 40 anos em que o povo de Israel perdeu o ânimo no deserto, nenhum de seus filhos foi circuncidado, (Êxodo 4 versos 24 a 26; Josué 5 verso 5). A fé na promessa havia desaparecido, então "o sinal" foi ignorado. Alegremo-nos porque, apesar da rebelião persistente de Israel, eles são "amados por causa dos pais", e as promessas de Deus para eles serão cumpridas, incluindo a promessa da terra, pois "os dons e o chamado de Deus são sem arrependimento", (Romanos 11 versos 28 e 29).

É um sentimento muito comum, aos recém-convertidos ao Senhor, o medo de perderem a sua salvação, por notarem que o pecado continua a operar em sua carne. Como quem escreve estas linhas viveu também tal experiência e, pela graça de Deus, a superou, desejo ajudar os que sentem tal amargura que é o medo de se perderem novamente.

Não é possível que isto aconteça, pois Cristo "com uma só oblação aperfeiçoou PARA SEMPRE os que são santificados" (Hebreus 10 verso 14). O medo de se perder a salvação ocorre quando o coração não está firme no fato de que a salvação não depende da nossa conduta, seja antes ou depois da conversão, mas unicamente da perfeição e eficácia da obra de Cristo na cruz. "Temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez. Portanto, pode também salvar PERFEITAMENTE os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" (Hebreus 10 verso 10; e Capítulo 7 verso 25).

Por conseguinte, queridos remidos pelo precioso sangue de Cristo, não tenham medo, pois "se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu…", (Romanos 8 verso 31 a 34).

Quando um certo pregador voltou a visitar uma localidade onde havia estado um ano antes, aproximou-se dele uma recém-convertida, com lágrimas nos olhos, dizendo-lhe:

– É horrível o que está acontecendo comigo! Já não sinto a felicidade de ser salva…"

– Você está decepcionada consigo mesma? – Perguntou o visitante.

– Sim, – foi a resposta, – Sinto uma grande tristeza dentro de mim.

– Vamos examinar, então, qual é a causa de sua tristeza, – disse ele, e continuou, – Você acredita que, quando aceitou o Senhor Jesus como seu Salvador no ano passado, Ele sabia que você iria estar sentindo isto agora, assim como Ele sabe de tudo o que vai acontecer ao longo de sua vida?

– Certamente que sim, – foi a resposta.

– Você já sabe que Ele não a desprezou quando foi a Ele, como promete na Sua Palavra: "Aquele que vem a mim, de maneira nenhuma o lançarei fora", (João 6 verso 37). Agora você se sente decepcionada consigo mesmo, mas deve perceber que o Senhor, quando a aceitou, já sabia que isto ia acontecer, e a aceitou assim mesmo. Você não acha, então, que o seu temor reflete uma certa desconfiança do que o Senhor Jesus Cristo fez na cruz do Calvário, por você e por cada um que n'Ele crê?

O rosto da jovem, antes choroso e triste, iluminou-se com alegria e gozo, pois estas reflexões devolveram a paz e o sossego à sua alma.

No coração de cada filho de Deus deve reinar o gozo e a paz por reconhecer que o amado Senhor Jesus não morreu na cruz somente por um número limitado dos nossos pecados, mas por TODOS eles. Deus conhece de antemão a nossa vida e natureza, e não limita o Seu amor à nossa fidelidade. Lemos esta verdade no Salmo 103, que diz: "Ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó", (verso 14).

Lemos, pois, que o Senhor Jesus levou "em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro". Sim, querido amigo, "Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus", (1ª Pedro 2 verso 24; e Capítulo 3 verso 18). Aos que confiam n'Ele como seu Salvador, Cristo salva-os eternamente!


A Aliança Mosaica (4)

A aliança de Deus com Israel foi um acordo bilateral que prometia bênçãos, condicional à sua obediência. O termo genérico que as Escrituras usam para descrever as exigências da aliança é, "A Lei". Assim, os teólogos chamam esta aliança de Aliança Mosaica, porque "foi ordenada por anjos pela mão de um mediador", nomeadamente Moisés, (Gálatas 3 verso 19). Tanto o Senhor Jesus como Paulo ficaram felizes em referir-se a ela como, "a lei de Moisés", (por exemplo, João 7 verso 23; Atos 13 verso 39), um termo usado extensivamente no Antigo Testamento. Outros chamam esta aliança de Aliança Sinaítica, referindo-se ao Monte Sinai, o local onde os termos da aliança foram delineados.

Uma descrição bíblica desta aliança é, "a antiga aliança", (2ª Coríntios 3 verso 14), em contraste com a nova aliança, que é uma promessa incondicional de bênção para Israel no futuro.

Israel estava livre do Egito há três meses, (Êxodo 19 verso 1). Deus os trouxe para Si como se estivessem em asas de águia, uma metáfora que transmite conceitos de força e apoio, compaixão e controle, (verso 4). Uma conversa preliminar com Moisés resumiu Suas intenções para eles e os pré-requisitos para implementação.

Entre todos os povos da terra, esta nação seria Seu "bem precioso" com um lugar muito especial em Seu coração, (verso 5). Eles formariam um reino teocrático, com a expectativa de que funcionariam como sacerdotes perante seu Soberano divino, (verso 6). A singularidade de sua dieta, vestimenta e comportamento os tornaria uma "nação santa", distinta de todos os arredores.

As qualificações para esse relacionamento privilegiado com Jeová eram as seguintes: "se verdadeiramente obedecerdes à minha voz e guardardes a minha aliança, então...", (verso 5). Em uma palavra, a obediência seria um pré-requisito para a bênção.

Moisés transmitiu esse prólogo da aliança aos anciãos, e a resposta imediata deles foi positiva! "Tudo o que o Senhor falou faremos", (verso 8). Eles estavam determinados a assinar o acordo rapidamente e reiterariam essa resposta mesmo depois de terem ouvido os termos do contrato.

Foram implementados preparativos elaborados e controlos rigorosos, tendo sido observados fenômenos dramáticos; agora, o povo estava pronto para "encontrar-se com Deus", (Êxodo 19 versos 9 a 17). O barulho era ensurdecedor, junto com o trovão, e "a voz da trombeta extremamente alta" tornando-se "cada vez mais alta", (versos 16 e 19), mas acima do tumulto, aqueles reunidos sob a sombra do Sinai ouviram uma voz penetrante quando "Deus falou todas estas palavras", (Êxodo 20 verso 1). Os princípios fundamentais da aliança foram comunicados de forma audível por Deus, (os dez mandamentos), especificamente designados, "sua aliança, que ele ordenou que você cumprisse, sim, dez mandamentos", (Deuteronômio 4 verso 13). Moisés decorreu mais instruções depois que o povo aterrorizado lhe disse: "Fala tu conosco, e ouviremos; mas não fale Deus conosco, para que não morramos" (Êxodo 20 verso 19).

Deus descreveu essas instruções como, "os julgamentos que lhes porás", (Êxodo 21 verso 1), leis para governar sua vida nacional. Assuntos domésticos são abordados, o emprego é tratado e questões religiosas são delineadas. A agricultura tornar-se-ia a sua principal indústria, e isso é assegurado por uma extensa legislação relativa à terra e aos animais. As penalidades para a criminalidade são estabelecidas para violência, desonestidade ou má conduta sexual. São abordadas questões sociais, como o cuidado das viúvas e dos órfãos e o bem-estar geral dos pobres. A injustiça é redondamente condenada.

"Moisés escreveu todas as palavras do Senhor" num livro, descrito como "o livro da aliança" que foi "lido na audiência do povo", (Êxodo 24 versos 4 e 7). No capítulo 19 eles concordaram com o princípio geral de que se Deus desse regras, eles obedeceriam. Agora eles tinham os detalhes e ainda estavam firmes em seu compromisso de aderir a todos os princípios da legislação divina: "Tudo o que o Senhor disse faremos e seremos obedientes", (verso 7). Eles agora sabiam que todos os aspectos do seu bem-estar dependiam da sua obediência. A segurança da sua nação, colheitas abundantes, rebanhos e manadas crescentes e a sua saúde pessoal, (Êxodo 23 versos 20 a 33), dependiam todos da sua submissão aos ditames divinos. Mais tarde, as ramificações da obediência seriam explicadas em grande detalhe, assim como as terríveis implicações do não cumprimento (por exemplo, Deuteronômio 28).

A referência ao "livro da aliança" é seguida por uma alusão ao "sangue da aliança", (Êxodo 24 verso 8). Como uma indicação de que eles haviam "assinado" os termos da aliança, "Moisés tomou o sangue e aspergiu-o sobre o povo", uma forma habitual de apertar a mão num acordo nos tempos antigos; a aliança com Israel estava agora em vigor.

Talvez deva ser notado que, no que diz respeito à salvação pessoal, o cumprimento da lei nunca foi a base sobre a qual Deus abençoaria. O "faça isto e viverás" de (Lucas 10 verso 28) nunca foi viável, porque a Lei era "fraca pela carne". A Lei fez exigências, mas não deu poder para cumprir, e tal é a natureza incorrigível da carne pecaminosa; é incapaz de se submeter à Lei, (Romanos 8 versos 3 a 8). O melhor que a Lei pôde fazer foi expor a maldade humana, (Romanos 3 verso 20). Contudo, a morte de Cristo tem valor retrospectivo, a propiciação declarando a justiça de Deus "para remissão dos pecados cometidos anteriormente, pela paciência de Deus", (Romanos 3 verso 25). Além disso, em todas as épocas, o princípio sobre o qual a bênção da salvação foi concedida tem sido o da fé. Uma leitura dos primeiros versículos de Hebreus 11 demonstra isso.

A tinta do papel mal secava quando houve a primeira violação da aliança com o incidente do bezerro de ouro, (Êxodo 32)! Foi o protótipo de um longo relato de fracasso, desobediência e pura rebelião que arruinou a história de Israel. Deus implementa as Suas ameaças tão certamente como cumpre as Suas promessas, e a história do Antigo Testamento é salpicada de narrativas de invasão, fome, pestilência e deportação final. O comentário divino é, "Eles não guardaram a aliança de Deus", (Salmos 78 verso 10). Refletindo sobre a aliança que Deus havia feito com eles quando estavam saindo do Egito, Deus disse o seguinte: "que minha aliança eles quebraram", (Jeremias 31 verso 32).

O acordo de Deus com Israel exigia a observância do sábado. Cada um dos Dez Mandamentos é ratificado no Novo Testamento pelo menos por inferência, com exceção da ordem de guardar o sábado. Embora todas as exigências morais da Lei sejam vistas como um comportamento adequado para os crentes, o sábado era "um sinal" entre Deus e Israel (Êxodo 31 versos 13 e 17), "uma aliança perpétua", (verso 16). Era uma forma óbvia e pública pela qual a nação se distinguia das pessoas ao seu redor. Novamente, houve momentos em que esta questão foi ignorada, e homens como Neemias viram isso como uma grave violação dos termos da aliança, (Neemias 13 versos 15 a 22).

Finalizo apresentando o contraste entre a Lei e a Graça, pois a Lei foi dada por Moisés; mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo", (João 1 verso 17). Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê", (Romanos 10 verso 4). E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados por Ele é justificado todo aquele que crê", (Atos 13 verso 39).

Os dois princípios são distintos, e estão em nítido contraste um com o outro, não podendo ser harmonizados, nem acrescentados um ao outro. A lei torna a minha situação dependente daquilo que sou em relação a Deus. A graça faz tudo depender daquilo que Deus é para mim.

A lei exige; a graça oferece.

A lei condena; a graça justifica.

A lei amaldiçoa; a graça abençoa

A lei conserva em escravidão; a graça liberta o crente.

Porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça", (Romanos 6 verso 15). A lei diz: "Farás". A graça diz: "Está feito". A lei exige do homem justiça. A graça veste o homem com a justiça de Deus.

Tal como Deus fez túnicas de peles para vestir a Adão e Eva, assim a morte expiatória do Cordeiro de Deus cobre o crente. É "o melhor vestido", (Lucas 15 verso 22); a "justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem", (Romanos 3 verso 22).

O nosso Substituto, que nunca pecou, foi feito "pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus", (2ª Coríntios 5 verso 21); "agradáveis a Si no Amado", (Efésios 1 verso 6). "Portanto agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8.1). "Se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo", (2ª Coríntios 5 verso 17).

Se, depois de Deus haver feito para Adão e sua mulher aquelas túnicas de peles tão belas e duradouras, continuassem a fazer aventais de folhas de figueira; ou se tentassem adicionar às túnicas algum melhoramento, da sua própria imaginação, o que se pensaria deles? Contudo, é justamente isto que muitos, que se intitulam cristãos, estão fazendo. Já nos primeiros dias da Igreja o faziam; mas escute, amigo: "Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou?… Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?… Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós… Estai pois firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão… Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei: da graça tendes caído", (Gálatas 3 versos 1,3 e 13; Capítulo 5 versos 1 e 4).

Falsos irmãos, que ensinavam ser indispensável observar a lei, tinham perturbado os crentes, pervertendo o evangelho da graça de Cristo. Ensinavam ser obrigatório observar a lei.

(Leia com atenção: Atos 15 versos 1 a 11, e 24; Gálatas 1 versos 6 e 7; Capítulo 2 versos 4 e 16; e Capítulo 5 versos 10 e 12).

Adão e Eva foram mais sensatos. Não mereciam, nem tiveram de trabalhar para obter as túnicas de peles, nem acrescentar qualquer coisa à dádiva de Deus. Tinham trabalhado em vão para encobrir sua culpa. Agora só lhes restava agradecer a Deus a Sua graça para com eles. Então, depois de terem sido vestidos por Deus, podiam manifestar o que Deus tinha feito para beneficiá-los.

As nossas obras nunca podem ser o meio da nossa salvação. Mas, depois de sermos salvos por fé na obra de Cristo, a nova vida há de se manifestar em boas obras, como evidência do fato de sermos novas criaturas. "Eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras", (Tiago 2 verso 18). Certamente que aqueles que creem em Deus devem procurar "aplicar-se às boas obras", (Tito 3 verso 8), "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas", (Efésios 2 verso 10).

Não vou trabalhar, minha alma pra salvar,

Pois Cristo essa obra completou;

Mas prontamente irei, com alegria trabalhar,

Pra Quem a minha alma resgatou.


A Aliança com Israel (5)

Depois de 40 anos, as peregrinações de Israel no deserto terminaram. Eles estavam agora acampados "na terra de Moabe" e os campos verdejantes de Canaã acenavam, (Deuteronômio 29 verso 1). A aliança da lei foi acordada em Horebe, outro nome para o Sinai, ou talvez um pico na cordilheira do Sinai, (verso 1). Agora Deus estava fazendo uma aliança que era um acréscimo à Lei, uma confirmação da aliança com Abraão quando Ele lhe prometeu a terra. O pacto da lei era um acordo bilateral. Os seus benefícios dependiam da submissão do povo, mas o compromisso de Deus de dar a terra aos descendentes de Abraão não estava condicionado ao bom comportamento. Para que não houvesse qualquer dúvida sobre isso, Ele agora fez esta "aliança adicional... além da aliança que fez com eles em Horebe", (Deuteronômio 29 verso 1). É um princípio geral que nada dito na Lei poderia de alguma forma anular as promessas feitas a Abraão, (Gálatas 3 versos 15 a 19).

Alguns chamaram esta aliança de Aliança Palestina, embora talvez não seja a melhor descrição do acordo, pois a palavra Palestina é aliada à palavra Filisteu, e "a terra da Filistia" era apenas um fragmento do território prometido a Abraão. Portanto, é possivelmente preferível referir-se a ele pela sua descrição alternativa, o Pacto de Terras. Num certo sentido, é uma ampliação e um endosso da aliança com Abraão, e igualmente incondicional. A leitura dos primeiros versículos de Deuteronômio 30 pode dar a impressão de que a presença definitiva e permanente de Israel na terra dependerá da sua conduta. Uma leitura atenta revelará que a sua reintegração não está em questão; apenas o momento em que isso acontece é condicional, dependente do seu arrependimento, então lemos: "Para entrardes na aliança do Senhor teu Deus, e no seu juramento que o Senhor teu Deus hoje faz convosco; para que hoje te confirme por seu povo, e ele te seja por Deus, como te tem dito, e como jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó. E não somente convosco faço esta aliança e este juramento; mas com aquele que hoje está aqui em pé conosco perante o Senhor nosso Deus, e com aquele que hoje não está aqui conosco." (Deuteronômio 29 versos 12 a 15).

Deuteronômio 28 é uma leitura sombria, pois delineia as terríveis consequências do afastamento de Israel dos caminhos de Deus e de sua desobediência aos Seus mandamentos. Incluída na lista de desastres está a perspectiva de banimento de sua terra: "O Senhor te espalhará entre todos os povos, desde uma extremidade da terra até a outra", (verso 64). Essa ameaça foi implementada, pois mesmo nos dias bíblicos as tribos do norte foram transportadas para a Assíria e nunca mais regressaram em massa. O povo de Judá esteve exilado na Babilônia durante 70 anos, e seu retorno e eventos subsequentes estão registrados nos livros de Esdras e Neemias. Séculos se passaram com eles abrigados na terra, mas com lágrimas o Senhor Jesus predisse a destruição de Jerusalém, (Lucas 19 versos 41 a 44). Isso aconteceu quando os romanos saquearam a cidade no ano 70 d.C. Nesse ponto da história os judeus estavam realmente dispersos e, durante 2.000 anos, as suas andanças levaram-nos a quase todas as partes do globo. O Pacto da Terra prometia que, apesar da dispersão e de serem pessoas deslocadas, no final eles habitariam a terra que Deus havia prometido ao seu grande progenitor.

Um prenúncio do seu reencontro final foi testemunhado nos últimos 150 anos. O movimento sionista foi formado para facilitar o retorno dos judeus da diáspora às suas terras. Um acontecimento significativo foi a "Declaração Balfour" de 1917, quando Lord Balfour, o Ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, indicou as simpatias do governo britânico com a ideia de uma pátria para os judeus, um "lar nacional para o povo judeu". Alguns anos mais tarde, a Liga das Nações concedeu um Mandato Britânico para a administração da Palestina, que terminou em 15 de maio de 1948, altura em que nasceu o Estado de Israel. Isto foi precipitado pelos horrores do Holocausto e, desde então, os judeus continuaram a gravitar em torno da terra. Contudo, a ocupação final do território prometido a Abraão aguarda um dia futuro, quando o Messias reinar.

A Aliança antecipa a ausência de Israel da terra por causa do seu pecado, espalhado "entre todas as nações para onde o Senhor teu Deus te lançou", (Deuteronômio 30 verso 1). Nesse exílio forçado, eles "lembrarão" "a bênção e a maldição" relacionadas com a Lei, (verso 1), e a memória disso despertará um espírito arrependido e o desejo de restauração. Isso resultará no retorno deles ao Senhor e na obediência à Sua voz, e fazendo isso de todo o coração e alma, (verso 2).

Estas expressões de verdadeiro arrependimento invocarão a compaixão divina, (verso 3), e Deus intervirá pessoalmente para facilitar o seu regresso à sua terra. "Deus… te reunirá de todas as nações", (verso 3). "Dali o Senhor teu Deus te reunirá, e dali te buscará", (verso 4). "O Senhor teu Deus te introduzirá na terra que possuíram teus pais", (verso 5). O Deus que lhes deu a terra e expulsou os seus habitantes anteriores pelo Seu poder, exercerá esse mesmo poder para restabelecê-los na terra no final.

A Aliança promete-lhes não apenas a terra, mas também corações "circuncisos", permitindo-lhes amar a Deus como deveriam e, assim, "viver", (verso 6). Seus antigos perseguidores serão julgados, (verso 7), e eles desfrutarão de famílias florescentes, rebanhos aumentados e colheitas abundantes, (verso 9). Deus terá prazer neles como teve com seus antepassados, ​​(verso 9). Tudo isso aguarda o dia em que o Senhor Jesus retornará em poder e grande glória para estabelecer o Seu reino.

É provável que seja esta aliança, combinada com a nova aliança, que seja reafirmada nos dias de Ezequiel, e ali chamada de "aliança eterna", outra indicação da natureza incondicional desses compromissos divinos, (Ezequiel 16 verso 60).

Como indicado anteriormente, ao longo dos últimos 150 anos, muitos judeus regressaram à terra, mas isto não constitui o reagrupamento previsto nas Escrituras. Numerosas Escrituras profetizam esse retorno final, incluindo o ensino do Senhor Jesus no discurso do Monte das Oliveiras. É no retorno do Filho do Homem que os anjos serão enviados para "reunir os seus escolhidos desde os quatro ventos", (Mateus 24 verso 31). O arrependimento nacional será efetuado quando "olharem para mim, a quem traspassaram", (Zacarias 12 verso 10). "Naquele dia haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém, para o pecado e para a impureza", (Zacarias 13 verso 1). Em outras palavras, a obra da cruz efetuará a purificação do Israel arrependido.

A migração dos judeus para a terra será monitorada de modo que qualquer um que ainda tenha um espírito rebelde terá o acesso negado, (Ezequiel 20 versos 33 a 38), mas em geral, nos dias milenares a terra será povoada pela nação arrependida, com o Senhor Jesus sentado "no trono de seu pai Davi", (Lucas 1 verso 32). As promessas de Deus são sempre certas e fiéis.

Muitos pregadores estão abandonando as doutrinas solenes e fundamentais da queda espiritual e subsequente ruína e depravação total da raça humana. Raras vezes os pregadores declaram, com nitidez, que somos pecadores perdidos aos olhos de um Deus santo. Os sermões dos nossos antepassados — que procuravam frisar esta verdade constantemente nos corações dos seus ouvintes — são considerados como antiquados e fora de moda. Seja como for, fica conosco um pregador da antiga escola, que nos fala tão claramente hoje como nos tempos passados. Não é um pregador popular, apesar de o mundo inteiro ser a sua paróquia e viajar por toda a parte, falando todas as línguas do globo terrestre. Visita os pobres e os ricos, pregando tanto aos adeptos de todas as religiões como àqueles que não professam nenhuma religião e, seja qual for o auditório, o assunto do seu sermão é sempre o mesmo.

É um pregador eloquente e, muitas vezes, é capaz de comover o coração que jamais pôde ser comovido por qualquer outro, e faz derramar lágrimas a pessoas pouco habituadas a chorar.

Dirige-se à inteligência, à consciência e ao coração dos ouvintes, com argumentos que ainda ninguém pôde contradizer; e não há coração que tenha ficado de todo indiferente aos seus poderosos argumentos. Muita gente o odeia, pois muitos têm tremido na sua presença; mas, duma ou doutra maneira, obriga a todos a ouvirem a sua voz.

Não é nada condescendente nem delicado. De fato, muitas vezes desmancha combinações feitas e intromete-se bruscamente nos prazeres particulares de cada um! Frequenta as lojas, os escritórios e as fábricas; aparece entre os legisladores; também se introduz, em ocasiões inoportunas, nos ajuntamentos religiosos. O nome deste pregador é, A MORTE.

Sempre que você pega um jornal, encontra uma parte que lhe está reservada. Cada túmulo do cemitério lhe serve de púlpito. Muitas vezes se vê o seu auditório encaminhando-se para o cemitério ou dele regressando. O falecimento repentino daquele vizinho, — a despedida solene daquele parente, — a perda daquele amigo tão estimado, — o terrível vácuo que deixou no seu coração a morte da esposa tão querida, ou do filho amado, — têm sido apelos solenes e poderosos que o velho pregador dirigiu a você. Pode ser que em breve você mesmo sirva de texto para o sermão deste pregador, e do meio de sua própria família, ou ao pé do seu túmulo, ele pregue a outros… Que o seu coração agradeça a Deus, neste momento, a sua permanência ainda na terra dos viventes, e por você não ter, até agora, morrido em seus pecados!

Você pode livrar-se da Bíblia; zombar de seus ensinamentos; desprezar os seus avisos; rejeitar o Salvador de Quem ela fala. Você pode se afastar dos pregadores do Evangelho, pois ninguém poderá obrigá-lo a frequentar qualquer lugar de culto; você pode queimar este ou qualquer outro folheto semelhante que venha a cair em suas mãos. Mas como você se livrará do velho pregador de quem estou falando?

Homens e mulheres prestes a morrer: pensem na perspectiva que vocês têm diante de si! O tempo de vocês logo terminará, — os prazeres em breve chegarão ao fim. Vocês terão que morrer. Pois, "Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo", (Hebreus 9 verso 27).

Peço a você, amigo, que pense bem neste fato. Por que é que a morte tem que existir? Será por simples acaso que uma criatura com tanto poder e competência, como o homem, tenha um fim tão trágico e desonroso? Há uma única resposta para estas perguntas; e, enquanto o pregador da antiga escola estiver fazendo sua ronda, ele se encarregará de dá-la. Escuta: "Por um homem (Adão) entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte", (Romanos 5 verso 12).

A Queda do Homem não se trata de um simples dogma teológico; é a medonha realidade da qual são testemunhas a história do mundo e a nossa experiência.

O pecado é a negra e universal realidade, cuja presença traz a maldição sobre o mundo, e não apenas uma simples palavra da Bíblia, usada pelos pregadores para amedrontar os ouvintes.

"Assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram", (Romanos 5 verso 12). Amigo: estas palavras também dizem respeito a você. Você é um pecador; você pecou; sobre você pesa a sentença de morte.

Um momento após a sua morte e já lhe será sem importância ter morrido em um palácio ou numa prisão. Mas a sua condição por toda a eternidade, se é de infinita tristeza ou de suprema felicidade, isso dependerá do estado espiritual em que você morreu. Se tiver morrido em seus pecados, havendo desprezado o sangue purificador do Filho de Deus, sua condenação eterna é certa. Todos os incrédulos terão a sua parte "no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte", (Apocalipse 21 verso 8).

Qual destas frases poderia ser escrita em seu túmulo: "MORREU SEM MISERICÓRDIA", (Hebreus 10 verso 28), ou "MORREU NA FÉ", (Hebreus 11 verso 13)?

"Que bom se eles fossem sábios! que isto entendessem, e atentassem para o seu fim!", (Deuteronômio 32 verso 29).

"O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor", (Romanos 6 verso 23).

Mas Deus prova o Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores", (Romanos 5 verso 8). O pregador da antiga escola nunca falou com voz mais forte, ou em tom mais solene, como falou pela morte de Jesus no Calvário. A santidade divina não podia ter em pouca conta o pecado. O tremendo castigo da nossa culpa, — o salário do pecado em toda a sua realidade negra e terrível — caiu sobre o Substituto inocente. Ele tomou o nosso lugar na morte e condenação, para que nós tivéssemos o Seu lugar de aceitação e favor perante Deus. Você poderá morrer sem ter sido salvo, mas não morrerá sem ter sido amado.


A Aliança com Davi (6)

O Novo Testamento começa com a declaração de que Jesus Cristo é "filho de Davi, filho de Abraão", (Mateus 1 verso 1). Abraão foi o patriarca a quem Deus prometeu pela primeira vez a terra de Canaã, (Gênesis 15 verso 7), e Davi foi o homem a quem Deus prometeu o trono de Israel, com uma dinastia destinada a sucedê-lo, (1ª Crônicas 17 verso 11). Como descendente de Davi e Abraão, nosso Senhor Jesus Cristo receberá "o trono de seu pai Davi", (Lucas 1 verso 32). Ele será universalmente supremo, mas em particular, reinará sobre Seu povo Israel. Nessa altura, estarão reassentados na sua terra, cujo território se estenderá até às fronteiras prometidas a Abraão há séculos. O trono e a terra são dEle.

O pano de fundo da Aliança Davídica é encontrado nos primeiros versículos de 2ª Samuel 7, com sua passagem paralela, 1ª Crônicas 17. Davi havia insinuado a Natã que ele estava interessado em fornecer uma estrutura permanente para abrigar a Arca, e sem consultar o céu, o profeta deu sinal verde. Naquela noite, Deus o instruiu a reverter o conselho errado. Ele transmitiu essa revelação a Davi literalmente, (2ª Samuel 7 verso 17), e nela estão consagrados os detalhes da aliança de Deus com ele. Antes de delinear a aliança, Deus fez um resumo de Seu relacionamento com Davi, relatando Sua escolha dele como rei e Sua presença com ele para lhe dar vitória e fama. A segurança contínua de Israel na terra também foi assegurada, (versos 8 a 11a). Embora isto esteja no preâmbulo da aliança, é crucial, porque no cumprimento final da promessa de Deus, o Messias governará num ambiente onde a paz permeará todas as esferas da vida. Ele é Rei de Salém, Rei da Paz.

Depois de relatar as bênçãos passadas, Deus fez uma promessa sobre o futuro de Davi e da sua "casa", – "ele te fará uma casa", (verso 11b). Esta foi uma enorme compensação após a decepção esmagadora de ter sido negado a Davi o privilégio de construir o Templo. Obviamente, o uso da palavra "casa" não se refere a uma estrutura material, pois o capítulo 5 verso 11 relata detalhes da construção da luxuosa casa de Davi nesse sentido físico, e nosso capítulo o encontra confortavelmente instalado ali. Portanto, a palavra portuguesa, "dinastia", transmitiria melhor o sentido do que está sendo prometido; Davi lideraria uma dinastia que duraria para sempre, pois Aquele que "reinará para sempre sobre a casa de Jacó", (Lucas 1 verso 33) é "da ​​descendência de Davi segundo a carne", (Romanos 1 verso 3). Este uso da palavra "casa", que significa família ou lar, é bastante comum na Bíblia e, de fato, houve outra ocasião em que Deus concedeu uma linhagem familiar como recompensa; das parteiras fiéis, nos dias em que Moisés nasceu, as Escrituras dizem: "[Deus] fez-lhes casas", (Êxodo 1 verso 21).

Uma posteridade estabelecida era de considerável importância para as pessoas nos tempos antigos. Por exemplo, Jônatas obteve de Davi uma promessa, sob juramento, de que mesmo depois de sua morte, Davi nunca eliminaria sua família, (1ª Samuel 20 verso 14 a 17). Ele manteve essa promessa até o fim do seu reinado, (2ª Samuel 21 verso 7).

Inicialmente, a promessa de "uma casa" para Davi abrange a próxima geração: "Depois de ti levantarei a tua descendência", (2ª Samuel 7 verso 12). Então, a promessa é estendida no versículo 16: "a tua casa e o teu reino serão estabelecidos para sempre diante de ti". Daí a resposta de Davi ao Senhor: "Também falaste da casa do teu servo para muito tempo", (verso 19). Seu sucessor imediato seria responsável pela construção do Templo, (verso 13), e Deus o trataria como filho, o que envolveria disciplina, se necessário. No entanto, a experiência de ser deposto do reino como o rei Saul foi, nunca seria replicada, (versos 14 e 15). Na verdade, o trono nunca se afastaria da linhagem de Davi, (verso 16).

Depois que a nação foi dividida, nunca houve uma dinastia estabelecida no reino do norte; golpes militares perpétuos resultaram na transferência do poder dos reis para os generais. As coisas eram diferentes no sul. A Aliança com Davi foi mantida e o trono de Judá foi constantemente ocupado por seus descendentes. A única exceção foi quando Atalia, "se levantou e destruiu toda a descendência real", (2ª Reis 11 verso 1), e durante sete anos chefiou uma administração ameaçadora. O bebê Joás foi resgatado da carnificina e, embora a dinastia de Davi estivesse por um fio, ela se manteve firme; pois os propósitos de Deus, nunca poderão ser frustrados; Ele sempre cumprirá Sua Palavra.

No cativeiro babilônico, a dinastia pareceu cair no esquecimento, e o trono de Davi nunca mais foi ocupado. No entanto, Deus sabia exatamente quem eram os descendentes de Davi, – pessoas comuns que viviam na obscuridade, mas todos mencionados na genealogia do Messias. O último deles era apenas um carpinteiro em Nazaré, mas conhecido no céu como "José, filho de Davi", (Mateus 1 verso 20). A dinastia era como uma árvore cortada até a raiz, e ainda assim um ramo forte e vigoroso brotava dessas raízes, (Isaías 11 verso 1). A Aliança Davídica será totalmente implementada quando o Messias reinar.

As palavras que ouvimos muitas vezes como, "os termos da aliança", são inadequadas, porque foi mais um dos acordos incondicionais de Deus, sem quaisquer "termos" a serem cumpridos pela nação ou pelos indivíduos dentro dela. A palavra "disposições" é mais adequada.

As disposições da aliança davídica incluem, então, os seguintes itens:

1º. Davi terá um filho, ainda por nascer, que o sucederá e estabelecerá seu reino.

2º. Este filho (Salomão), construirá o Templo em vez de Davi.

3º. O trono do seu reino será estabelecido para sempre.

4º. O trono não lhe será tirado (Salomão), embora seus pecados justifiquem o castigo.

5º. A casa, o trono e o reino de Davi serão estabelecidos para sempre.

Algumas destas disposições tiveram o seu cumprimento historicamente, mas a plena implementação da aliança aguarda o futuro, quando o Senhor Jesus assumir o trono. As palavras-chave em 2ª Samuel 7 verso 16, relacionadas a este aspecto futuro da aliança são as seguintes:

"Casa", – O Senhor Jesus é "da ​​semente de Davi", (2º Timóteo 2 verso 8);

"Reino", – Haverá um povo sobre o qual o Senhor Jesus reinará;

"Trono", – O Senhor Jesus exercerá autoridade soberana e absoluta, (Salmos 72 verso 8);

"Para sempre", – Como está bem descrito em Isaías 9 verso 7: "Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto". Jeremias corrobora ao profetizar que o Senhor levantará a Davi, "um Renovo justo", que administrará com sabedoria e justiça, e que é identificado como Jeová Tsidkenu; pois o Filho de Davi, é o Senhor de Davi, (Jeremias 23 versos 5 e 6; e Salmos 110 verso 1).

Em todas as pessoas existe certo conhecimento do bem e do mal; mas a tendência geral da maioria é a de tomar por padrão as normas que julgam estar ao seu alcance. Por exemplo, o bêbado acha não fazer mal beber demais, mas considera como um grande pecado roubar. O avarento, que habitualmente se serve da mentira "para conseguir bons negócios", tranquiliza-se pensando, "todos têm que mentir, sem o que é impossível negociar; mas não me embriago como alguns". Outro, que se tem por muito sério e moral, julga ser cumpridor de todos os seus deveres e, olhando ao seu redor, despreza os que são abertamente pecadores; porém nunca se lembra de quantos maus pensamentos e desejos pecaminosos tem abrigado no seu íntimo, sem que outros o saibam; e que Deus julga o que se passa no coração, embora o homem veja apenas a vida exterior. Assim, cada qual se felicita comparando-se com quem tenha feito coisas piores.

Porém existe um padrão de justiça, que é o da justiça de Deus. Quando a consciência de alguém começa a despertar e a encarar o pecado da forma como ele é visto por Deus, então compreende que é culpado e que está arruinado; não tentará justificar-se procurando descobrir alguém que seja pior; antes, com toda a franqueza, confessará o seu pecado, condenando-se a si mesmo, e manifestará ansiedade por saber se é possível que Deus lhe perdoe.

Sim, o coração depravado do homem encontra alívio e consolação ao descobrir alguém que seja pior do que ele próprio! E, ainda mais, não pode suportar que Deus exerça a Sua graça. A GRAÇA — que significa o perdão NÃO MERECIDO de todo e qualquer pecado, sem que Deus exija coisa alguma à pessoa assim perdoada. É um princípio tão contrário a todo o pensamento humano, tão elevado acima do homem, que este o detesta, e no seu íntimo por vezes o classifica de injustiça. É muito humilhante termos de confessar que dependemos inteiramente da graça — que nada que tenhamos feito, ou possamos fazer, nos tornará aptos para Deus — antes, que tudo aquilo quanto temos que nos recomende à graça de Deus é tão somente a nossa miséria, pecado e ruína.

Quando Adão se reconheceu culpado, lá no jardim do Éden, foi se esconder; voltou as costas ao seu único Amigo, precisamente quando mais necessitava dele. E assim é ainda hoje. O homem tem medo daquele que é o Único realmente pronto a perdoá-lo. "Torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar", (Isaías 55 verso 7).

Se você, querido amigo, deseja possuir o perdão pleno e gratuito que provém de Deus, importa que, antes de mais nada, como pecador culpado, se encontre a sós com Jesus, consciente da sua culpabilidade. Isto sem que primeiro você faça quaisquer promessas ou tentativas de melhorar a si mesmo. São os seus próprios pecados que o levam à presença daquele que morreu pelos ímpios. "Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios", (Romanos 5 verso 6).

Quando o príncipe de Gales procurava em certa ocasião descobrir um preso digno de ser perdoado, pôs de parte todos os que alegavam não serem culpados, mas escolheu um velhote que, chorando, confessou com franqueza e vergonha ser culpado, e que bem merecia ficar encarcerado. O Salvador que nos perdoa disse: "Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento", (Lucas 5 verso 32).


A Nova Aliança (7)

A passagem fundamental para nossa consideração é Jeremias 31 versos 31 a 34. Claramente, a nova aliança é uma promessa de bênçãos futuras para um Israel unido; será feito "com a casa de Israel e com a casa de Judá", (verso 31). Tão certo como o pacto da Lei foi estabelecido com "seus pais", assim este novo pacto se aplicará aos seus descendentes. A primeira aliança foi um acordo bilateral que exigia sua obediência, uma obediência que não aconteceu, pois, diz o Senhor que, "minha aliança eles quebraram", (verso 32). Esta nova aliança é um compromisso unilateral de Deus para abençoar.

Um fato importante emerge da passagem, – a verdade superficial, mas que precisa ser enfatizada. Haverá um reino unido literal de Israel e Judá. A nação que foi fraturada no reinado de Roboão será unificada e administrada por Cristo. Ele prometeu aos Seus apóstolos que eles "se assentariam sobre doze tronos, julgando as doze tribos de Israel", (Mateus 19 verso 28). Há tanta probabilidade de as estrelas reterem a sua luz, ou de os padrões das marés serem perturbados, como há de Israel "deixar de ser uma nação". Há tantas possibilidades de medir o universo quanto de "a semente de Israel" ser "rejeitada", (Jeremias 31 versos 35 a 37). Isso nunca acontecerá, e com esse reino unido Deus estabelecerá esta nova aliança.

Israel está atualmente marginalizado enquanto Deus tira das nações, "um povo para o seu nome", (Atos 15 verso 14), mas a sua cegueira atual não é total nem permanente. É "em parte", "até que entre a plenitude dos gentios", (Romanos 11 verso 25). A salvação nacional será experimentada quando "o Libertador" "de Sião" intervir, (verso 26), e a nova aliança entrará em jogo, quando Ele "afastar de Jacó a impiedade" e "tirar os seus pecados", "minha aliança para eles", (verso 27). A aliança será implementada na segunda vinda do Senhor para reinar.

No contexto imediato de Jeremias 31, as bênçãos da nova aliança são as seguintes. Primeiro, a lei de Deus será colocada no seu interior e escrita nos seus corações. A inferência é que durante o milênio as exigências do Decálogo ainda estarão em vigor, mas Deus fornecerá gratuitamente o poder para realizá-las. Foi aí que a antiga aliança falhou; era "fraco pela carne", (Romanos 8 verso 3). Em si, a Lei era "boa", (1ª Timóteo 1 verso 8), mas a sua deficiência residia no fato de que a carne pecaminosa não iria e não poderia satisfazer as suas exigências, (Romanos 8 verso 7). A nova aliança irá remediar isso para Israel; quando regenerado, o povo finalmente será energizado para implementar a promessa que fez quando recebeu a antiga aliança: "Tudo o que o Senhor disse faremos e obedeceremos", (Êxodo 24 verso 7).

Em segundo lugar, experimentarão a dignidade de serem reconhecidos universalmente como povo especial de Deus; Eu "serei o seu Deus, e eles serão o meu povo", (Jeremias 31 verso 33). O rótulo de seus dias idólatras, "Lo-Ami", "não meu povo", será removido, (Oséias 1 verso 9).

Terceiro, eles irão saborear a doçura do relacionamento íntimo com o Messias. Ninguém terá que ensiná-los como maximizar o prazer de sua ligação com Ele, "pois todos me conhecerão, desde o menor até o maior deles", (Jeremias 31 verso 34). A comunhão perpétua com Deus será normal.

Quarto, não menos importante em seu pacote de bênçãos estará o perdão. A sua longa história de rebelião será eliminada da memória divina, para nunca mais ser desenterrada para condená-los; "Não me lembrarei mais dos seus pecados", (verso 34).

Quando a antiga aliança foi estabelecida, ela foi acompanhada pelo sangue do sacrifício, (Êxodo 24 versos 4 a 8), "dedicado" com sangue, (Hebreus 9 verso 18). Da mesma forma, a nova aliança será ratificada com base no sangue derramado. Esse sangue endossa o acordo e fornece uma base sólida por meio da qual suas bênçãos serão transmitidas de maneira justa, sem violar a justiça divina.

Ao instituir a Ceia do Senhor, o Salvador vinculou o derramamento de Seu sangue à nova aliança. O cálice simbolizava "meu sangue do novo testamento (aliança), que é derramado por muitos para a remissão dos pecados", (Mateus 26 verso 28). Ele indicou assim que, ao derramar Seu sangue, Ele estava fornecendo o sangue do sacrifício que autorizaria a aliança, ao mesmo tempo que legitimava suas disposições, como o perdão dos pecados.

Diz-se que Ele é "o mediador do novo testamento", Aquele através de quem os seus beneficiários "recebem a promessa da herança eterna", (Hebreus 9 verso 15), "tendo ocorrido uma morte", tornando isso possível.

A aliança da qual Ele é o mediador é "uma melhor aliança", (Hebreus 8 verso 6). A antiga aliança não era "impecável", (verso 7); conforme observado, não dava poder para atuar. A nova aliança é "melhor", pois "foi estabelecida sobre promessas melhores", (verso 6), portanto as suas bênçãos prometidas são incondicionais e mais extensas.

A primeira aliança "desapareceria", (Hebreus 8 verso 13). Tornar-se-ia obsoleta, pois a função da Lei como "mestre" era apenas "até Cristo", (Gálatas 3 verso 24), "até que Cristo viesse"; quando Ele veio, tornou-se redundante. Por outro lado, a nova aliança é uma "aliança eterna", (Hebreus 13 verso 20), um eco de Ezequiel ao destacar a bênção permanente concedida ao Israel arrependido, (Ezequiel 37 verso 26).

Enfatizamos que Jeremias indicou que a aliança será feita com Israel e Judá, de modo que seus beneficiários serão um futuro Israel arrependido. Contudo, parece que as bênçãos espirituais prometidas são a experiência presente dos crentes da era da Igreja. Paulo descreveu a si mesmo como "ministro do novo testamento", (2ª Coríntios 3 verso 6), uma declaração que se tornou uma plataforma de lançamento para o desenvolvimento do tema de sua responsabilidade de comunicar o evangelho, um tema que se estende por vários capítulos.

As quatro principais disposições da aliança estão em evidência nestes capítulos. Aqueles que acreditam no evangelho têm poder para viver; eles têm "liberdade", (2ª Coríntios 3 verso 17), pois Deus está trabalhando em suas vidas e lhes deu o Seu Espírito, (2ª Coríntios 5 verso 5). Segundo, eles agora são o povo de Deus: "Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo", (2ª Coríntios 6 verso 16). Então, eles conhecem o Senhor, pois lhes foi dada "a luz do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo", (2ª Coríntios 4 verso 6). Por fim, experimentaram o perdão, por terem sido reconciliados, Deus não imputa as suas ofensas, (2ª Coríntios 5 verso 19).

O que foi dito sobre estas bênçãos espirituais vistas na Igreja hoje, não implica que todas as promessas a Israel tenham sido transferidas para a Igreja, mas o fato é que, com base no sangue da nova aliança, as bênçãos a serem desfrutadas pela nação arrependida no futuro, são também realidade espirituais para nós hoje e agora.

O Evangelho proclama o que Deus fez, antes que venha o Dia do Juízo, a fim de que o homem não tenha que responder pelos seus pecados.

Se o meu credor vier exigir o pagamento de uma dívida, e eu não tiver com que pagar, estou perdido; mas se ele vier para quitá-la, fico livre.

Deus não pode aprovar a iniquidade; isso é impossível; mas uma coisa é insistir pelo pagamento de uma dívida, e outra é vir liquidá-la. O Evangelho nos conta o que Cristo fez como Salvador, antes de Sua próxima vinda, então como Juiz.

Na Cruz de Cristo vemos demonstrada ao máximo a inimizade do coração humano; o que nem sempre nos é tão evidente. Logo que encontram uma oportunidade, todos menosprezam o Senhor. Felizmente, pela misericórdia de Deus, Cristo veio para demonstrar a graça divina. A cruz, porém, demonstra também a podridão e o ódio que existem no fundo do coração humano. O mundo crucificou o Filho de Deus!

Agora Deus pode dizer ao mundo: "O que vocês fizeram com meu Filho? O que Ele fez a vocês? Nada senão o bem. Então, por que cuspiram em Seu rosto e O crucificaram?" Se alguém tivesse feito o mesmo ontem à minha mãe, seria possível que hoje eu estivesse disposto a ter amizade com tal pessoa? O homem tem procedido assim, e quando se faz luz em seu espírito, confessa ter agido deste modo e reconhece ser incapaz de justificar a si próprio, mesmo que seja de uma acusação das muitas que pairam sobre si.

O mundo deve sofrer o juízo. Todos nós sabemos que assim será e, no entanto, continuamos de mãos dadas com ele! O que nos diz a lei de Deus? Declara ao homem o que ele deve ser: "Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração"; "Não cobiçarás." Mas bem sei que não tenho amado a Deus, e tenho cobiçado. Portanto, sendo réu em um ponto que seja já não estou isento de culpa, mesmo que não tenha cometido todos os pecados de que o homem é capaz.

Muitos falam de misericórdia, mas o que querem dizer com isto é que têm o desejo de que Deus dê, aos pecados que cometeram, tão pouca importância quanto eles próprios dão. Por exemplo, um homem cometeu dez pecados e espera ir para o Céu. Se tiver cometido onze, julgará que não é muito mau; quando tiver cem pecados em sua conta, ainda há de julgar que Deus o desculpará, pois não conhece a santidade de Deus. Ora, um único pecado basta para nos separar de Deus; porém a porta não se fecha para qualquer um que agora confessar tudo com franqueza. O que é o pecado? Acaso o amigo gosta de fazer a sua própria vontade? Isto é que é pecado.

A lei exigia pagamento da dívida. Cristo veio pagá-la, e é isso a graça! "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não tomando em conta os seus pecados", (2ª Coríntios 5 verso 19). Volto-me para a Cruz de Cristo: o que Ele está fazendo ali? Julgando o ladrão arrependido? Não, mas "levando Ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro", liquidando-os, para que jamais voltem a ser lembrados, (1ª Pedro 2 verso 24; Hebreus 10 verso 17).

Lá está Aquele Salvador bendito, a Quem tenho desprezado durante toda a minha vida, e vejo que Ele tomou sobre Si os meus pecados, carregou o meu fardo. "Tudo está consumado" — consumado com absoluta perfeição, nada podendo se acrescentar à Sua obra, pelo que Cristo assentou-Se à destra do trono de Deus. Voltou à glória por haver completado a obra. O Espírito Santo torna isto claro aos nossos corações, e, desse modo, eu posso afirmar que Cristo fez tudo por mim. "O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação", (Romanos 4 verso 25). A ressurreição é a prova de que Deus aceitou a obra, e que nós, também, fomos aceitos ou "feitos agradáveis a Si no Amado", (Efésios 1 verso 6).

Assim, ao invés de afastar a mim, Deus afastou de mim o meu pecado. Veio ao meu encontro no dia da graça, para eu não ter que comparecer perante Ele no dia do Juízo.


Por Jack Hay

(Uso com permissão da revista Truth & Tidings)

7. O Milênio e o Amilenismo

1. O MILÊNIO - O Conteúdo das Escrituras.

Por que acreditamos num Milênio literal e futuro? Em primeiro lugar, porque é ensinado na Bíblia.

O amilenista irá contrariar isto dizendo que isto só é ensinado numa passagem, Apocalipse 20, e que, estando num livro que é tão simbólico, não significa um período de 1.000 anos literais.

Agora, é verdade que Apocalipse 20 é o único lugar onde a sua duração é dada, mas é afirmado que é de 1.000 anos, nada menos que seis vezes nessa passagem, (uma vez em cada um dos versículos 2 a 7). E quantas vezes a Bíblia precisa afirmar algo para que possamos considerá-lo verdade? Certamente uma vez deve ser suficiente!

Além disso, Apocalipse 20 não é o único lugar na Bíblia onde lemos sobre um reinado literal de Deus na terra. Na verdade, grande parte do Antigo Testamento é dedicada a isso. As referências são tão extensas que seria impossível apresentar todas aqui, e percorrer todas elas. Mas uma leitura de passagens como o Salmo 72; Isaías Capítulos 2, 11, 35 e 65; Ezequiel Capítulos 20, 34, 36, e 47; e Amós 9, nos revela um futuro glorioso para Israel quando ele for reunido e purificado. Haverá bênção universal com libertação da opressão. Haverá retidão e justiça, paz e segurança. As terras improdutivas tornar-se-ão férteis e haverá colheitas abundantes e frequentes. O Mar Morto estará repleto de vida e os animais selvagens serão domesticados, sem perigo para os seres humanos. A terra ficará cheia do conhecimento do Senhor.

Estas, e muitas outras profecias semelhantes, são declaradas claramente no Antigo Testamento, sem qualquer sugestão de que não devam ser interpretadas literalmente. Certamente, a nação à qual foram dadas as entendeu como sendo literais. E nós também. Eles estão na Palavra de Deus e, portanto, acreditamos nelas tal como estão.

Contra isto, o amilenista dirá: "Se eles devem ser interpretados literalmente, por que não são repetidos no Novo Testamento?" Ao que respondemos com três pontos.

Em primeiro lugar, referem-se principalmente à nação de Israel e como as bênçãos fluirão de Israel para as nações. Portanto, não deveríamos ficar surpresos que os detalhes sejam dados no Antigo Testamento, e não no Novo Testamento.

Em segundo lugar, quando Deus já tinha dado estas promessas, não havia necessidade de listá-las todas novamente.

Em terceiro lugar, o Novo Testamento, como o seu nome indica, preocupa-se com a nova revelação de Deus, na Pessoa do Seu Filho, e como consequência disto, a ênfase nas epístolas do Novo Testamento está na verdade da Igreja. O ensino do Antigo Testamento não se torna inválido simplesmente porque não é totalmente repetido no Novo Testamento!

A questão mais pertinente é esta: "O Novo Testamento nega as promessas de futuras bênçãos terrenas dadas no Antigo Testamento a Israel nacionalmente?" A resposta para isso é negativa. Veja, por exemplo, Atos 1 versos 6 e 7. O Senhor Jesus está prestes a retornar ao céu, e os discípulos Lhe perguntam: "Senhor, restaurarás tu neste tempo novamente o reino a Israel?" Israel, como nação, não muito mais de um mês antes disso, O rejeitou. Se Israel estivesse acabado como nação, se não houvesse esperança de um futuro reino terreno, então este seria o momento ideal para o Senhor revelar aos discípulos que eles estavam errados. Mas ele não o fez. Pelo contrário, Ele lhes diz que não cabe a eles conhecer os "tempos e as estações", quando sucederão estas coisas. Não era uma questão de saber se isso aconteceria, mas de quando aconteceria.

Assim, não muito depois da ascensão do Senhor, em Atos 3 versos 19 a 26, Pedro é capaz de dizer ao seu público judeu, numa mensagem cheia de alusões ao Antigo Testamento, que, no retorno do Senhor, e somente então, todas as profecias do Antigo Testamento seriam cumpridas em relação aos "tempos da restituição de todas as coisas" (verso 21).

Mais tarde, (Atos 15 versos 13 a 17), Tiago afirma que a profecia de Amós 9 versos 11 e 12, (que Deus reconstruirá o tabernáculo de Davi), e será "depois" da era atual, (verso 16), quando Ele tomar dentre as nações, "um povo para o Seu Nome", (verso 14).

Tudo isso está bem ilustrado na "parábola das minas", (Lucas 19 versos 11 a 27). O "certo homem", (verso 12) é sem dúvida o Senhor Jesus, que foi para um "país distante" para "receber para si um reino" e que "voltará". É igualmente certo que os "cidadãos" que O rejeitam representam a nação de Israel (verso 14). O Senhor foi rejeitado pela nação; Ele foi embora e retornará na glória do reino.

O homem da parábola retorna ao mesmo lugar e às mesmas pessoas e, como recompensa, receberá autoridade sobre as cidades daquele reino. Da mesma forma, o Senhor retornará ao mesmo lugar onde foi rejeitado, à mesma nação que O rejeitou, e aqueles que foram fiéis serão recompensados ​​naquele reino na terra.

Assim, longe de anular ou espiritualizar as promessas do Antigo Testamento de um futuro reino terreno, pois o Novo Testamento faz o oposto, ele confirma. As promessas estão aí e nós acreditamos nelas.

Mas o amilenista diz: "Não é assim. Estas promessas de bênçãos não serão cumpridas no futuro, literalmente, mas estão sendo cumpridas no presente, espiritualmente, nas bênçãos desfrutadas pela Igreja". No tópico seguinte, consideraremos as condições atuais e veremos se tal afirmação merece exame minucioso.


2. O MILÊNIO – As Condições do Tempo Presente.

O amilenista diz que a igreja (atualmente) cumpre as promessas do Antigo Testamento dadas a Israel em relação às bênçãos terrenas. Olhemos em volta e examinemos se o que vemos no presente, corresponde a esta afirmação.

Há muitos lugares nas Escrituras aos quais poderíamos recorrer, mas nos restringiremos a dois: um do primeiro livro da Bíblia e outro do último.

Em Gênesis 12 verso 1, Deus diz a Abrão para ir para "uma terra que eu te mostrarei". No versículo 5, ele chega a Canaã, e Deus diz que é "esta terra" a que Ele estava se referindo. No capítulo 13 versos 14 e 15, Deus lhe diz que a terra que ele estava olhando pertenceria a ele e à sua semente, para sempre. Isto é reafirmado no capítulo 15 verso 7. Nos versículos 8 a 21, Deus soleniza Sua aliança, indicando que Abrão pode ter certeza de que é "esta terra", que lhe será dada, (verso 18). Além disso, Deus identifica os limites da terra (versos 18 a 21).

O amilenista diz que estas promessas nunca serão cumpridas literalmente; mas afirmam que elas tenham uma realização espiritual presente na Igreja. Porém, nas passagens que citamos, Deus mostra a Abrão uma terra literal e deixa claro que é "esta terra" a que Ele está se referindo, com limites precisos. Em Gênesis, quando "terra" é usada, denota uma terra literal. Por exemplo, no capítulo 15 verso 13, Deus diz: "a tua descendência será estrangeira numa terra que não é deles". Isto é o Egito, e isso foi cumprido literalmente. José, (Gênesis 50 veros 24), não tem dúvidas de que a terra que Deus "jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó", era a terra literal de Canaã, pois ele diz que é para lá que Deus os levará. Moisés em, (Êxodo 32 veros 13), está igualmente certo disso.

O amilenista tenta contra-atacar dizendo que, sim, os santos do Antigo Testamento acreditavam que era literalmente a terra de Canaã, mas à luz do Novo Testamento, podemos ver que ela foi feita para ser tomada espiritualmente, nas bênçãos presentes da Igreja.

O problema com esta visão é que em nenhum lugar, seja no Antigo Testamento ou no Novo Testamento, nos é dada a menor indicação de que as Palavras de Deus a Abraão não foram entendidas literalmente; em nenhum lugar a promessa é anulada ou transferida para a Igreja. Pelo contrário, as Escrituras do Novo Testamento afirmam e referem-se literalmente à terra de Canaã. Em Atos 7 versos 3 a 8, Estêvão diz aos seus acusadores que "a terra", (verso 3), é "esta terra em que agora habitais", (verso 4), e que esta era a terra que Deus havia prometido a Abrão e à sua descendência, (verso 5). Não poderia ser mais claro que o Novo Testamento reafirma a promessa da terra literal aos descendentes literais de Abraão. Em Hebreus 11 verso 9, diz-se que Abraão peregrinou na "terra da promessa". Esta tem que ser a terra literal. Assim, o estatuto da "terra da promessa" não mudou, e as promessas relativas a ela aguardam cumprimento.

Passamos para Apocalipse 20. O amilenista diz que esta passagem fala do presente; que os 1.000 anos são a era atual; que a prisão de Satanás é a sua derrota na cruz; que a "primeira ressurreição" é o que uma pessoa experimenta quando recebe a salvação; que os crentes estão atualmente "reinando" com Cristo; e que isso continuará até que os mortos ressuscitem juntos, no fim do mundo.

Agora, tomemos a interpretação do amilenista pelo seu valor nominal, e imediatamente podemos ver três grandes problemas:

1º. Apocalipse 20 verso 2 diz que Satanás será "amarrado" durante todo o reinado de Cristo. O significado disso nos é dito no versículo 3: "para que não engane mais as nações". Olhemos em volta e perguntemos se esta é uma declaração apropriada das atuais condições do mundo. É totalmente inapropriado. Escrituras escritas sobre a era atual, como 2ª Coríntios 4 versos 3 e 4, descrevem vividamente como Satanás cega as mentes dos incrédulos, e nós (crentes) não estamos imunes aos seus ataques: a descrição em 1ª Pedro 5 verso 8, de "um leão que ruge" e que "anda em busca de quem possa devorar", dificilmente retrata alguém que está preso e incapaz de influência! Veja mais algumas passagens como evidência da atividade atual de Satanás: Atos 5 verso 3; 2ª Coríntios 11 verso14; Efésios 2 verso 2; 1ª Tessalonicenses 2 verso 18; e 2ª Timóteo 2 verso 26. E as manchetes diárias testemunham a eficiência de Satanás em enganar as nações.

2º. Apocalipse 20 versos 3, 7 e 8 nos diz que, depois dos 1.000 anos, Satanás será solto por um curto período de tempo e enganará as nações novamente. O amilenista afirma que a era atual continuará até o fim do mundo, quando todos serão ressuscitados e julgados, e o estado eterno começará. Isto não deixa espaço para nada que corresponda à libertação de Satanás. Se, como eles afirmam, o aprisionamento de Satanás é a sua derrota na cruz, então seria desfazer a obra da cruz se ele fosse desamarrado e solto. Não há, no esquema do amilenista, nenhuma explicação para a libertação de Satanás depois do milênio.

3º. Apocalipse 20 verso 4 afirma que os mártires "viveram e reinaram com Cristo durante mil anos". O amilenista diz que esta "ressurreição", (verso 5), refere-se à vida espiritual obtida quando uma pessoa confia em Cristo. Se sim, o que o versículo 5 quer dizer quando diz que, "os demais mortos não reviveram até que se completassem os 1.000 anos"? Não pode significar espiritualmente, pois estas pessoas não são salvas. Se eles forem honesto, serão forçados a admitir que se trata de uma ressurreição literal. Está muito claro no final do verso 4, que diz, e "viveram", e no início do versículo 5, temos outro significado totalmente diferente, apesar do fato de que o contexto e a linguagem deixam claro que esses versículos descrevem um contraste na experiência, (isto é, ressurreição literal), entre dois grupos diferentes. A interpretação amilenista viola o ensino claro da passagem.

"E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição." (Apocalipse 20 versos 4 e 5)

Assim, olhando para as condições atuais, vemos que a doutrina amilenista não resiste a um exame minucioso. Tanto a promessa da terra como a promessa dos santos reinando com Cristo exigem cumprimento literal no futuro.

Acreditamos que uma passagem das Escrituras deve ser interpretada de acordo com o seu vocabulário e gramática, levando em conta o seu contexto, e comparando-a com outras Escrituras. Em outras palavras, as Escrituras querem dizer o que dizem e dizem o que significam. Se abandonarmos este princípio, então a Escritura pode ser entendida como significando tudo o que o leitor desejar.

Muitos amilenistas acreditam na inspiração plenária das Escrituras e, geralmente, defendem o mesmo método. Em muitas doutrinas importantes, como o nascimento virginal e a ressurreição, as Escrituras são interpretadas como significando o que dizem. Mas então, no caso de profecias relativas ao futuro, eles abandonam esse método, substituindo-o por um método alegórico, no qual declarações claras das Escrituras são espiritualizadas e transformadas em significado seja o que o indivíduo escolher. Mas, procuraremos mostrar algumas das inconsistências de tal método de interpretação.

Deus fez muitas promessas a Abraão em Gênesis nos capítulos 12 a 15. Alguns exemplos são que ele teria um herdeiro; que ele seria o pai de muitas nações; que dele sairiam reis; que seus descendentes seriam escravos no Egito; que eles sairiam dessa escravidão. Todas essas profecias foram literalmente cumpridas. Assim, para as promessas relativas à terra, que fazem parte da mesma aliança, podemos esperar que também serão cumpridas literalmente. A consistência da interpretação exige isso.

Agora, considerando as promessas à "descendência" de Abraão nas mesmas passagens, o amilenista, ao tentar fazê-las referir-se à Igreja, aponta para passagens do Novo Testamento onde o termo, a "descendência de Abraão" aparece, e ela é usado para todos os crentes, e diz que estas promessas referem-se à semente espiritual de Abraão e não aos seus descendentes literais. Mas a consistência da interpretação não permite isso. Em Gênesis 15 verso 13, Deus lhe diz: "a tua descendência será estrangeira numa terra que não é deles". Esta é a permanência de Israel no Egito e refere-se aos seus descendentes literais. Diz-se também que as promessas da aliança foram dadas à "descendência" de Isaque, (Gênesis 17 verso 19,) e à "descendência" de Jacó, (Gênesis 28 verso 13). Estes devem ser os descendentes literais e não podem significar os crentes do Novo Testamento, pois nunca somos chamados de "semente de Isaque" ou "semente de Jacó". Outras referências à palavra "semente" em Gênesis, incluem capítulo 7 verso 3; capítulo 9 verso 9; capítulo 38 verso 8; capítulo 46 verso 6; e capítulo 48 versos 11 e 19. Em cada uma destas passagens, deve referir-se a descendentes literais. Por razões de consistência, as referências na aliança de Deus também devem referir-se a Abraão.

A promessa a Davi de que seu trono seria "estabelecido para sempre", (2ª Samuel 7 versos 12 a 16), está embutida em outras profecias que foram literalmente cumpridas, (que ele teria um filho; que este filho construiria o templo; que ele seria castigado pela iniquidade, mas que a misericórdia de Deus não se afastaria dele). Davi esperava o cumprimento literal de toda a profecia, (versos 18 a 29) e, com base na consistência, também podemos esperar o cumprimento literal.

Outras passagens do Antigo Testamento como o, (Salmos 22, Isaías capítulos 7, 11, 53 e 61; e Miquéias 5), que predizem a primeira vinda de Cristo, (que Ele seria descendente de Davi; que Ele nasceria em Belém; que Ele nasceria de uma virgem; descrições de Seu ministério terreno; detalhes de Seus sofrimentos e morte), foram certamente cumpridas literalmente. Além disso, no Antigo Testamento, numerosas passagens falam da Sua segunda vinda, do Seu retorno à terra, dos julgamentos, de um futuro abençoado para Israel, com bênçãos fluindo para as nações, e de um tempo de paz e justiça sem precedentes. Muitas vezes estes estão junto com profecias de Sua primeira vinda, (por exemplo, em Isaías 61). Não negamos o cumprimento literal de Isaías 53 na Sua primeira vinda. Como podemos então negar o cumprimento literal de Isaías 11 em Sua segunda vinda? Não faz sentido dizer que, quando os profetas escreveram sobre Sua primeira vinda, isso significava literalmente, mas quando escreveram sobre Sua segunda vinda, isso significava espiritualmente.

Chegando agora ao Novo Testamento, em Lucas 1 verso 31, Maria é informada de que ela conceberá e dará à luz um Filho, e chamará Seu nome de Jesus. Não duvidamos da interpretação literal destas palavras. Então, imediatamente lemos: "o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre; e o seu reino não terá fim", (versos 32 e 33). O amilenista não pode ter as duas coisas. Se ele considera os detalhes do nascimento do Senhor como literais, então ele também deveria considerar o reinado sobre Israel no trono de Davi como sendo literal.

O amilenista tenta negar o Milênio literal alegando que o Apocalipse é um livro cheio de símbolos. Mas, como já mostramos, o amilenista abandonou a interpretação literal muito antes de chegar ao Apocalipse!

Finalmente, consideremos a rejeição do amilenista do significado literal de Apocalipse 20. Fazer isto com base no fato de o Apocalipse estar cheio de símbolos não servirá. Sim, existem muitos símbolos, mas esses símbolos denotam coisas que são literais. Por exemplo, no capítulo 1 verso 12, os "candeeiros" são símbolos, mas representam algo real: sete igrejas, (verso 20). O "Cordeiro", (capítulo 5 verso 6), é o Senhor Jesus Cristo, embora Ele não seja literalmente um cordeiro. O uso da figura não anula a realidade do que está sendo retratado. Assim é no capítulo 20; a "corrente" (por exemplo) no versículo 1 é figurativa, mas a prisão de Satanás (que ela representa), é real. O uso de imagens enriquece as Escrituras e aprofunda a nossa compreensão delas, mas não elimina a realidade dos eventos literais descritos.

Assim, o amilenista é inconsistente em sua interpretação das Escrituras, usando o método literal em geral, mas mudando para o método alegórico para a profecia, ou pelo menos para alguma profecia; pois ele nem sequer é consistente com a profecia. Quando se trata da primeira vinda do Senhor, eles interpretam literalmente, mas quando se trata da Sua segunda vinda, eles abandonam o método literal.

Quando usamos consistentemente o mesmo critério de interpretação, o método histórico-gramatical, então concluímos que haverá um Milênio literal e futuro, quando Cristo reinará sobre este mundo.


3. O MILÊNIO - O contraste entre Israel e a Igreja.

A Bíblia faz uma distinção clara entre Israel e a Igreja, portanto, esta é mais outra razão pela qual acreditamos num Milênio futuro e literal. Israel e a Igreja, são queridos ao coração de Deus, mas são distintos, com diferentes promessas e papéis nos propósitos de Deus.

Consideremos o que o Novo Testamento ensina sobre a Igreja. Uma passagem crucial é Efésios 3 versos 1 a 12, onde é descrita nos (versos 3 e 4), como um "mistério". Agora, o que é um "mistério"? O versículo seguinte (verso 5), nos diz que é algo "que em outras épocas não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como agora é revelado aos Seus santos apóstolos e profetas pelo Espírito". Outras Escrituras como, (Romanos 16 verso 25; Colossenses 1 verso 26; e Efésios 3 verso 9) ensinam a mesma coisa. É uma verdade que não foi revelada antigamente, mas que Deus agora tornou conhecida. Em suma, é algo que não está no Antigo Testamento, mas no Novo Testamento.

Agora, o que é esse "mistério" na parte inicial de Efésios 3? É a verdade de "um só corpo", tanto judeus como gentios, unidos no "mesmo Corpo", (verso 6). Paulo chama isso de "um Novo Homem", (Efésios 2 verso 15). A Igreja não é o desenvolvimento de Israel, nem está incorporada em Israel; antes, é uma entidade inteiramente nova e distinta, que estava "oculta em Deus", (verso 9), e "agora" foi tornada conhecida, (verso 10). Não poderia haver declaração mais clara do fato de que a Igreja não está no Antigo Testamento.

Quando o Senhor Jesus esteve na terra, Ele disse: "Eu edificarei a Minha Igreja", (Mateus 16 verso 18). O tempo verbal é futuro, indicando que a Igreja ainda não existia quando Ele falou. Em Efésios 1 versos 20 a 23, lemos que Deus, "deu Cristo Jesus para ser o Cabeça sobre todas as coisas da Igreja", mostrando que a Igreja, da qual Ele é o Cabeça, veio à existência em consequência da Sua ressurreição, ascensão e glorificação. O batismo no Espírito Santo ocorreu no dia de Pentecostes, pouco depois de Ele ter ascendido de volta ao céu, (Atos 2), e é por meio deste batismo que todos os crentes foram batizados em um corpo, (1ª Coríntios 12 verso 13). Assim, a Igreja começou no Pentecostes.

No Novo Testamento, Israel e a Igreja são claramente distinguidos. Por exemplo, Paulo, ao falar de si mesmo em Filipenses 3, faz uma distinção cuidadosa entre "Israel", (verso 5), e "a Igreja", (verso 6).

Assim, nesta era, surgiu uma nova entidade, diferente de Israel, cujas promessas não são as muitas bênçãos terrenas prometidas a Israel no Antigo Testamento, mas as "bênçãos espirituais", (Efésios 1 verso 3), com as quais temos sido abençoado em Cristo. Muitas são as bênçãos que temos nEle, mas as promessas da terra e das bênçãos nacionais são dadas a Israel e ainda permanecem. Eles não foram transferidos para nós. Deus garantirá que elas sejam cumpridas, literalmente para Israel, num dia vindouro.

O amilenista fará uma série de objeções:

Em primeiro lugar, que a Igreja não é ensinada no Antigo Testamento.

Ao que respondemos que concordamos com a objeção! Na verdade, é precisamente isso que estamos dizendo: a Igreja é um "mistério", que não foi revelado no Antigo Testamento, mas agora foi revelado, como ensina o Novo Testamento.

Em segundo lugar, que o Antigo Testamento não faz nenhuma provisão para que Deus deixe de lado Israel, introduza a Igreja e assuma Israel novamente.

Dizemos que, embora a Igreja não seja revelada no Antigo Testamento, ela fala de Israel sendo rejeitado por Deus e depois retomado. Um exemplo é Oséias 1 verso 10 e 11; outra é a profecia das "setenta semanas" de Daniel 9 versos 24 a 27. Estas 69 semanas de anos, que são (483 anos) decorridas entre o mandamento de restaurar Jerusalém, (verso 25), e a morte do Messias, (verso 26), foram bem estabelecidas, já se cumpriram; isso deixa mais uma "semana", (sete anos) para ser cumprida no futuro. A era da Igreja ocorre entre a 69ª e a 70ª semana. Quando o Senhor Jesus leu Isaías 61 na sinagoga de Nazaré, (Lucas 4 versos 16 a 21), Ele parou depois das profecias da Sua primeira vinda e não leu aquelas relativas à Sua segunda vinda. A lacuna deixa espaço para a era atual. Isto é descrito em Atos 15 versos 14 a 17, onde lemos que, atualmente, Deus está tirando dos gentios "um povo para o Seu nome", (verso 14), e então Israel será restaurado (verso 16).

Terceiro, que as promessas feitas a Israel no Antigo Testamento são aplicadas à Igreja no Novo Testamento, equiparando assim Israel e a Igreja. Um exemplo é a profecia da "nova aliança" de Jeremias 31 versos 31 a 34, mencionada em Hebreus 8 versos 8 a 12 e capítulo 10 versos 15 a 17.

No entanto, isso não é um problema. O que o escritor aos Hebreus está nos dizendo é que, (por causa do derramamento do sangue de Cristo), aqueles que se voltam para Ele hoje, experimentam, no presente, a bênção do perdão dos pecados que Israel nacional, receberá como bênção no futuro. Isto não nega o fato de Israel usufruir disso no futuro; nem significa que Israel e a Igreja sejam a mesma coisa.

Portanto, nos pouparemos de muita confusão se "manejarmos bem a Palavra da verdade" (2ª Timóteo 2 verso 15). Devemos lembrar que há uma distinção entre Israel, que atualmente está na incredulidade, mas para o qual há um futuro glorioso, quando ela conhecer Jesus Cristo como o verdadeiro Messias, e a Igreja, que é um mistério, não revelado no Antigo Testamento, reunido dentre as nações, e pelo qual é dada a conhecer, "a multiforme sabedoria de Deus", (Efésios 3 verso 10).

Muitas e maravilhosas são as bênçãos, presentes e futuras, que são nossas no Senhor Jesus Cristo; mas nem uma delas anula as promessas de grandes bênçãos a Israel e às nações, que encontrarão o seu cumprimento no Milênio.


4. O MILÊNIO - Alianças com os Pais Israelitas.

O amilenista concordará que homens como Abraão, Isaque, Jacó e Davi, a quem Deus fez promessas tão maravilhosas, foram grandes homens de Deus. Mas então eles apontarão para o fato de que os seus descendentes na nação de Israel não viveram de acordo com o seu padrão e, portanto, a nação perdeu as bênçãos que lhe foram prometidas.

Concordamos com a primeira parte desta afirmação: a história de Israel é geralmente uma triste história de afastamento de Deus, e a nação pagou caro por isso muitas vezes ao longo dos anos, até aos dias de hoje.

Contudo, temos que examinar a segunda parte da afirmação: a nação de Israel perdeu as bênçãos prometidas aos pais?

Vejamos novamente a Aliança Abraâmica. Já consideramos as promessas feitas a Abraão e à sua descendência da terra e das bênçãos fluindo para todos os povos. As promessas são declaradas e repetidas a ele, e também a Isaque e Jacó, em diversas ocasiões, (veja por exemplo, Gênesis 12 versos 1 a 3; capítulo 13 versos 14 a 17; capítulo 15 versos 1 a 7, e verso 18 a 21; capítulo 17 versos 1 a 19; capítulo 26 versos 2 a 5; capítulo 28 versos 13 a 15).

Não há sugestão de que seja condicional por parte dos descendentes. É uma aliança "eterna", (Gênesis 17 versos 7, 13 e 19; 1ª Crônicas 16 versos 16 e 17; Salmos 105 versos 9 e 10) e, portanto, por definição, inquebrável pelo homem.

Quando Deus o solenizou, (Gênesis 15 verso 9-17), somente Ele passou pelos pedaços – o homem não teve parte nisso; seu cumprimento dependia inteiramente de Deus. Um indivíduo poderia, por causa da desobediência, perder o seu próprio relacionamento com o povo da aliança, (Gênesis 17 verso 14), mas isso não anulava a aliança.

Considerações semelhantes se aplicam à Aliança Davídica, (2ª Samuel 7 versos 12 a 16).

É descrito como "para sempre" ou "eterno", (2ª Samuel 7 verso 13 e 16; capítulo 23 verso 5); suas promessas são muitas vezes repetidas, apesar do fracasso, (Is 9:6, 7; Jeremias 23 verso 5, 6; capítulo 33 verso 14-17, 20, 21); a desobediência de Salomão traria correção, mas não anularia a aliança, (2ª Samuel 7 versos 14 e 15); foi confirmado por um juramento, (Salmos 132 verso 11); e Deus diz que não o quebrará, (Salmos 89 versos 34 a 36).

Mesmo em meio à apostasia, Deus afirma que não rejeitará Israel (por exemplo, Jeremias 31:35-37). O fracasso por parte da nação não anula Suas promessas.

Voltando-nos para o Novo Testamento, depois de a nação de Israel ter cometido o pior pecado possível, rejeitando o Messias, as alianças ainda são especificamente declaradas como sendo deles, (Romanos 9 verso 3, 4 e Efésios 2 verso 12).

Em Romanos 3 versos 1 a 4, Paulo deixa bem claro que a falta de fé por parte de alguns israelitas de forma alguma, anula a fidelidade de Deus. As promessas de Deus não são descartadas só porque alguns não acreditam nelas. Mesmo que todas as pessoas no mundo dissessem o oposto do que Deus diz, então Deus será aquele que será considerado verdadeiro, e todos os outros serão considerados mentirosos, (verso 4). Deus é totalmente fiel e honrará Suas promessas à nação.

Em Romanos 11 versos 1 e 2, Paulo afirma que "Deus não rejeitou o seu povo, que dantes conheceu". Ele continua, (verso 11), afirmando que o "tropeço" deles não é completo e final. A sua "cegueira", (verso 25) é parcial e temporária: "até que entre a plenitude dos gentios". Então, Israel "será salvo", (verso 26), e isso acontecerá quando o Libertador vier "e afastar de Jacó a impiedade", (verso 26), e "tirar os seus pecados", (verso 27).

Que isto se refere à nação de Israel, e não à Igreja, não poderia ser mais claro, pois Paulo diz deles no versículo 28: "Quanto ao evangelho, eles são inimigos por causa de vós". Ele já falou de Israel como daqueles por quem ele tem tristeza no coração, (capítulo 9 verso 2); dos seus privilégios, (capítulo 9 versos 4 e 5); do fato de que Cristo veio através deles, (capítulo 9 verso 5); do seu zelo equivocado, (capítulo 10 versos 2 e 3); da sua desobediência, (capítulo 10 verso 21).

Todas essas referências não podem estar falando da Igreja. Todo o contexto de Romanos capítulos 9 a 11 mostra que quando ele fala de Israel, ele está falando da nação literal de Israel. Então, quando ele fala no capítulo 11 verso 26 de Israel sendo salvo, é a salvação futura da nação. Afirmar que é o contrário é distorcer o ensino claro desta seção de Romanos.

Agora, por que é que, apesar de todo o fracasso de Israel, da sua rejeição do Messias, da sua inimizade para com a Igreja, existe ainda um salvação futura para eles? Não nos resta adivinhar. Em Romanos 11 verso 28, Paulo declara um fato que substitui todas as negativas. "No que diz respeito à eleição, eles são amados por causa dos pais." O seu relacionamento com os patriarcas, a quem as promessas foram feitas, significa que, apesar da sua inimizade para com o evangelho, eles são amados por Deus e recebem grandes bênçãos. Paulo encerra o argumento quando escreve: "Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento" (verso 29). Isto é, Deus não muda de ideia. Ele fez Suas grandes promessas à nação de Israel e as cumprirá. Elas serão cumpridos.

E assim, por causa das alianças com os pais da nação de Israel, que Deus certamente honrará, acreditamos em um Milênio literal e futuro, quando essas promessas certamente serão cumpridas. Grandes são as nossas bênçãos na Igreja nos dias de hoje, bem como no futuro, mas não são o cumprimento das promessas que Deus fez aos pais da nação de Israel no Antigo Testamento; pois, as promessas que Ele fez a Abraão, a Isaque, a Jacó e aos seus descendentes. Ele os cumprirá.

Levemos a sério a advertência de Paulo aos cristãos em Romanos 11 verso 25. Existe o perigo de sermos "sábios em nossos próprios conceitos", de estarmos tão cheios de nossa auto-importância que desprezamos Israel, pensando erroneamente que todas as bênçãos são nossas e que não resta mais nada para eles. Deus tem um futuro glorioso para aquela nação, e é no Milênio que tantas promessas serão cumpridas.


5. O MILÊNIO - Completude do Programa Divino.

Acreditamos que um futuro reinado literal de 1.000 anos, na terra, é necessário para que os planos de Deus para esta terra sejam cumpridos. Quando Deus fez o mundo e tudo que nele há, tudo era "bom", (Gênesis 1). Ele colocou um homem como cabeça da criação, (Gênesis 1 versos 26 e 28). Isto é descrito no Salmo 8 verso 6: "Fizeste que ele, [o homem] tivesse domínio sobre as obras das tuas mãos; Tu puseste todas as coisas debaixo dos seus pés." Porém, entrou o pecado, por isso, citando e comentando este Salmo, o escritor aos Hebreus diz que, no presente, não vemos todas as coisas sujeitas sob o homem, (Hebreus 2 verso 8). No entanto, esta passagem, (usando as palavras, "ainda não"), mostra que chegará um tempo em que o faremos. Isso ele chama de, "a era vindoura" (verso 5). E certamente o Homem em quem isso se cumprirá é o Senhor Jesus Cristo, (versos 9 e 10).

Como e quando isso acontecerá? Sob o esquema amilenista, não haverá um tempo em que esta terra verá a sua antiga glória restaurada, pois de acordo com eles, as coisas continuarão como estão agora, até o fim, quando haverá uma ressurreição geral, um julgamento geral, a destruição da terra e a introdução do estado eterno. Assim, de acordo com este esquema, as palavras da oração padrão do Pai Nosso, (Lucas 11 verso 2): "Venha o Teu Reino. Seja feita a tua vontade, como no céu, assim na terra", nunca será respondida, no que diz respeito à presente terra.

Contudo, não só o Antigo Testamento está repleto de referências a bênçãos futuras na terra, mas o Novo Testamento as afirma. A "criação inteira", que "geme e sofre de dores" será "libertada da escravidão da corrupção para a liberdade gloriosa dos filhos de Deus", (Romanos 8 versos 21 e 22). Uma profecia tão maravilhosa dificilmente poderia ser cumprida pelo "calor ardente" de 2ª Pedro 3 verso 10, que descreve a dissolução da criação atual, em vez da sua libertação! A conflagração que Pedro descreve aqui certamente ocorrerá, mas não antes que o período glorioso do governo de 1.000 anos de Cristo na terra tenha sido completado. Não, a vontade de Deus será feita nesta mesma terra, durante 1.000 anos, antes que ocorra a dissolução dos elementos, resultando nos novos céus e na nova terra.

Passagens como Zacarias 14 não teriam sentido se não se referissem à terra literal. Afirma-se que o Senhor estará no monte das Oliveiras, (verso 4), e Zacarias descreve grandes mudanças topográficas que ocorrerão então: o monte se dividindo em dois, (verso 4), um grande movimento de águas, (verso 8), e a formação de uma planície, (verso 10). Se fosse verdade que a vinda do Senhor iria resultar imediatamente na dissolução de tudo, Zacarias poderia ter dito isso, sem dar detalhes de lugares geográficos específicos e eventos, que, se o amilenista estiver certo, não acontecerão. Certamente é melhor aceitar as palavras de Zacarias como estão. No retorno do Senhor à terra, haverá mudanças, mas elas acontecerão na mesma terra em que vivemos agora, em lugares que podem ser identificados no globo atual. Além disso, uma vez que Zacarias descreve mudanças topográficas, não atomização, seria sábio aceitar que o que acontecerá no retorno do Senhor é apenas isso, e manter a atomização e a reconstituição (de 2 Pedro 3), para quando ela cumprir, muito mais tarde.

Quando o Senhor esteve aqui, Ele foi crucificado. Ele partiu como um rei rejeitado. Ele ainda é rejeitado. Será este o fim das coisas no que diz respeito a este mundo? Ele nunca irá reinar nesta terra onde foi rejeitado? Sim, ele vai! Quão abençoadas são as palavras de Zacarias 9 verso 10: "Seu domínio se estenderá de mar a mar, e desde o rio até os confins da terra". Ele reinará neste mesmo mundo onde foi rejeitado.

O Salmos 2 versos 1 a 3, descreve o ódio das nações contra o Senhor. O salmista expressa a futilidade de sua oposição: "Contudo, coloquei o meu Rei no meu santo monte de Sião", (verso 6). Isto sem dúvida se refere ao reinado futuro do Senhor Jesus Cristo, (as palavras no verso 7, que diz: "Tu és meu Filho; hoje te gerei", citadas em Atos 13 verso 33; Hebreus 1 verso 5; e capítulo 5 verso 5, e a citação do Salmo 2 em Atos 4 versos 25 a 27, confirme que a passagem se refere a Ele). Os leitores destes Salmos não teriam dúvidas de que "Sião", era a colina sobre a qual Jerusalém foi construída, (Salmos 48 verso 12), e certamente teriam entendido que a declaração no versículo 6, se referia ao Messias reinando na cidade terrena de Jerusalém. Não há razão para alguém descartar o cumprimento literal desta bela profecia messiânica. A declaração em Hebreus 12 verso 22, que diz: "Mas vós chegastes ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial", nos mostra que nós, como crentes nos dias atuais, recebemos as bênçãos espirituais associadas ao céu, a morada de Deus, da qual Sião e a Jerusalém terrestre são um retrato. Isto não nega as referências bíblicas a Ele, Jesus reinando como Rei na cidade literal de Jerusalém.

Quando o Senhor Jesus caminhou pela última vez pelas ruas de Jerusalém, o povo clamou: "Fora com este homem, não queremos que Ele reine sobre nós", (Lucas 23 verso 18). Mas quando O virem novamente, dirão: "Bendito o que vem em Nome do Senhor", (Mateus 23 verso 39). A mesma cidade que O rejeitou O receberá com alegria. Ele estabelecerá Seu trono ali mesmo, e dele fluirão bênçãos para as nações.

Ao negar um reinado futuro de Cristo, centrado em Jerusalém sobre a terra, o amilenista está a negar uma parte vital do programa de Deus para a terra atual. Somente através de um governo literal e futuro de Cristo na terra todas as promessas de Deus para Israel e este mundo poderão ser cumpridas.


6. O MILÊNIO - O Caráter de Deus.

A grande maioria da cristandade é amilenista em doutrina. O Catolicismo Romano vê-se como o cumprimento das profecias do Reino, e não aceitaria a ideia de que há Alguém vindo que substituirá a sua própria preponderância! A maioria das denominações protestantes apóstatas incorporaram a posição católica romana sobre eventos futuros por defeito, – na maior parte das vezes sem questionamento sério. Liberais e modernistas não aceitam a verdade da inspiração das Escrituras. Parte de sua agenda mais ampla é negar o cumprimento literal da profecia, o que então nega a literalidade das Escrituras em geral.

Dito isto, sabemos que existem muitos amilenistas que são verdadeiros crentes, que defendem a inerrância das Escrituras e que nunca procurariam impugnar o caráter de Deus. Contudo, se olharmos atentamente para o que é o ensino amilenista, podemos ver que ele não é consistente com a visão elevada do caráter de Deus, conforme apresentado para nós na Palavra de Deus.

A Bíblia nos diz que Deus não pode mentir, (Tito 1 verso 2). No entanto, a doutrina amilenista está efetivamente dizendo que Deus disse coisas que não eram verdadeiras e que, dessa forma, Ele enganou deliberadamente as pessoas. Por exemplo, quando Ele disse a Abraão para olhar para a terra que ele e sua semente receberiam, (Gênesis 13 versos 14 e 15), e quando Ele indicou os limites da terra, (Gênesis 15 versos 18 a 21), Abraão certamente entendeu as referências à "terra" como literais. Se o amilenista estiver certo, então Deus não tinha nenhuma intenção de lhe dar aquela terra, e Abraão foi enganado.

O mesmo acontece com as promessas feitas a Abraão e à sua "descendência". Abraão certamente tomou o termo para se referir aos seus descendentes literais, (Gênesis 21 verso 12), mas o amilenista nos diz que o termo não se refere à semente literal de Abraão, mas à sua semente espiritual.

Ao longo do Antigo Testamento, quando Deus deu profecias detalhadas à nação de Israel, a respeito do futuro, eles certamente as teriam interpretado literalmente. Esta expectativa era igualmente forte no Novo Testamento. Fica claro pela nossa leitura dos evangelhos e de Atos dos Apóstolos que os discípulos esperavam um reino futuro, literal, com Israel à frente das nações, (Atos 1 verso 6). Será que realmente se espera que acreditemos que, durante centenas e centenas de anos, Deus permitiu que o Seu povo fosse enganado quanto à verdadeira natureza das promessas que Ele estava fazendo? E se eles entenderam mal o verdadeiro caráter da profecia, por que o Senhor Jesus não os corrigiu quando teve a oportunidade de ouro, de o fazer? (Atos 1 verso 7). Será que os amilenistas pensam que receberam algum grande conhecimento da mente de Deus, o que lhes permite descartar as passagens claras que abundam nas Escrituras, quando até mesmo o próprio Senhor Jesus, quando aqui na terra, não o fez?

A implicação de tudo isso não é uma questão insignificante. Pois, se Deus disse coisas a Israel que Ele não pretendia cumprir, que razão temos para acreditar que Ele cumprirá as promessas que nos fez? Podemos estar confiantes de que nos sairemos melhor do que Israel? Se os santos do Antigo Testamento entenderam mal o que Deus lhes prometeu, como podemos ter certeza de que não estamos entendendo mal as promessas que Ele nos fez? Rejeitemos tais calúnias sobre o caráter de Deus e citemos com confiança Hebreus 10 verso 23: "Fiel é aquele que prometeu".

A Bíblia nos diz que Deus não muda de ideia em relação ao Seu chamado e aos Seus dons, (Romanos 11 verso 29). No entanto, o amilenista ensina que (por causa da incredulidade), a nação de Israel perdeu as bênçãos que lhe foram prometidas. Isto contradiz terminantemente o que Paulo diz em Romanos 11, onde ele indica claramente que Deus não voltará atrás em Suas promessas aos patriarcas (verso 28), que a cegueira de Israel é parcial e temporária (verso 25), e que há futuro salvação e perdão dos pecados para a nação de Israel (versos 26 e 27). Também contradiz as declarações do Antigo Testamento sobre o caráter incondicional das promessas de Deus. Por exemplo, no Salmo 89, o escritor fala da aliança de Deus com Davi, (versos 3, 4 e 20) e afirma que, embora a desobediência por parte dos descendentes de Davi resulte em julgamento sobre eles, (versos 29 a 32), ela de forma alguma anulará a aliança que Deus fez com ele, (verso 28 e 33 a 37).

A Bíblia ensina que nada é impossível para Deus (Lucas 1 verso 37). No entanto, frequentemente o amilenista afirma que um futuro milênio literal é "impossível". Por exemplo, ele diz que os registros das tribos foram perdidos, então seria impossível saber quem são os levitas. Mas certamente Deus ainda os conhece, e não será difícil para Ele torná-los conhecidos à Sua própria maneira e em Seu próprio tempo.

Argumenta-se também que as dimensões do templo milenar, conforme fornecidas em Ezequiel, não caberiam no local atual do templo. Mas isso não inclui as grandes mudanças topográficas que ocorrerão (Zacarias 14), que abrirão espaço para uma estrutura muito maior. Sem dúvida existem outras "dificuldades" para as quais não temos respostas. Mas Deus sabe as respostas e podemos confiar Nele. Não limitemos as capacidades de Deus para cumprir o que Ele prometeu.

Nosso Deus é um Deus de verdade, (Deuteronômio 32 verso 4), um Deus que é capaz de cumprir aquilo que prometeu, (Romanos 4 verso 21). Acreditar num futuro, num Milênio literal, é reconhecer estas coisas; negá-lo é efetivamente negar a confiabilidade e o poder de Deus.

Mas o amilenista discordará da nossa afirmação de que o Novo Testamento não anula as promessas de um reino futuro literal na terra. Ele apontará passagens do Novo Testamento que, segundo ele, mostram que as promessas do reino devem ser interpretadas espiritualmente. Será?


7. O MILÊNIO - O Contexto das Citações Bíblicas.

Acreditamos que, por várias razões bíblicas, haverá um reinado de 1.000 anos de nosso Senhor Jesus Cristo aqui nesta terra. Contudo, aqueles que têm a opinião oposta citam certas passagens do Novo Testamento, que, afirmam, espiritualizam as profecias do Antigo Testamento e, portanto (dizem eles), não devem ser interpretadas literalmente. Aqui, podemos considerar apenas uma amostra de tais citações.

Um exemplo frequentemente citado diz respeito ao termo "semente de Abraão", que é usado pelos crentes atuais em Gálatas 3. Assim (diz o amilenista), todas as promessas da Bíblia à "semente de Abraão" são cumpridas em nós, e não têm cumprimento futuro à semente literal de Abraão.

Mas vejamos o contexto em que somos chamados de "descendência de Abraão". Considere Gálatas 3 verso 8: "E a Escritura, prevendo que Deus justificaria os gentios pela fé, pregou antes do evangelho a Abraão, dizendo: 'Em ti serão benditas todas as nações.'" No restante deste capítulo, Paulo prossegue, continuado a mostrar que a promessa de que todas as nações seriam abençoadas por meio de Abraão é cumprida na salvação que pessoas de todas as nações recebem, por meio da fé, por causa da obra do Senhor Jesus Cristo, (versos 14, 26 e 28). Assim, ele pode encerrar o capítulo, (no verso 29), com as palavras: "E se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa". Qual promessa? Pelo contexto, é a promessa declarada no versículo 14, que diz: "A promessa do Espírito mediante a fé". Assim, nós, como semente espiritual de Abraão, em Cristo, (versos 19 e 29), cumprimos a promessa feita de bênção ao mundo por meio do evangelho. Nada é dito aqui, que foi anulado qualquer uma das promessas sobre a nação de Israel e a terra. Eles nem são mencionados. Eles aguardam o cumprimento literal no Israel literal.

Outro conjunto de citações usado pelo amilenista são, Hebreus 8 versos 8 a 12 e capítulo versos 15 a 17, referindo-se à promessa da "nova aliança" dada à casa de Israel e à casa de Judá, que é citação de Jeremias 31 versos 31 a 34. O fato de estas promessas serem citadas aos crentes desta era significa, (afirma o amilenista), que "Israel e Judá" e "a Igreja" são uma e a mesma coisa e, portanto, somos o cumprimento completo desta profecia, e não há realização futura para a nação.

Mais uma vez, examinemos cuidadosamente o contexto e veremos que em nenhum lugar o escritor aos Hebreus diz que a promessa da nova aliança é completa e finalmente cumprida pela Igreja. A base para a nova aliança é o derramamento do sangue de Cristo, e isto encontramos em passagem como, (Lucas 22 verso 20; 1ª Coríntios 11 verso 25; e Hebreus 9 verso 15), e o resultado para aqueles que estão sob este sangue, é que seus pecados não serão mais lembrados, (Jeremias 31 verso 34; Hebreus 8 verso 12, e Capítulo 10 verso 17). Assim, uma pessoa que recebe hoje a Cristo como seu Salvador recebe as bênçãos da nova aliança. Esse é o ensino da epístola aos Hebreus. No entanto, isto não vai de forma alguma contra o seu cumprimento futuro para Israel. Israel ainda está incrédulo, mas quando se voltar para o Senhor, a profecia de Jeremias será cumprida para a nação. Os crentes atuais, da era da Igreja, já estão na bênção do que Israel ainda espera. Mas o fato de o possuirmos agora, não significa, de forma alguma, que isso será negado a Israel no futuro.

Outro exemplo usado pelo amilenista é Oséias 1 verso 10 e 11 e Capítulo 2 verso 23, que Paulo cita em Romanos 9 versos 23 a 26. O contexto de Oséias 1 e 2 mostra que ele se refere à restauração de Israel; Paulo está se referindo a trazer bênçãos aos gentios. Assim, diz o amilenista, Paulo está afirmando que a Igreja é o cumprimento da promessa de Oséias a Israel.

Mas Paulo não está dizendo isso. Ele está simplesmente tomando emprestadas as palavras de Oséias e aplicando-as num contexto diferente. Suas palavras são claras: "Como também diz em Oséias", (Romanos 9 verso 25). Ele não afirma que a bênção dos gentios é o cumprimento das palavras de Oséias, mas apenas que as palavras de Oséias podem ser aplicadas a eles. Ele não está negando o futuro cumprimento literal da profecia de Oséias.

Outro caso são as palavras de Tiago em Atos 15 versos 14 a 17, onde Tiago cita Amós 9 verso 11, que, afirmando o amilenista, mostra que a bênção dos gentios no presente, cumpre a profecia de que Deus que diz, "edificará novamente o tabernáculo de Davi".

Mas, mais uma vez, Tiago não diz tal coisa. O exame de suas palavras mostrará que, a atual bênção dos gentios, está "de acordo", (note o verso 15), com esta profecia e não o cumprimento em si dela. Portanto, devemos notar que, Tiago diz mais: é "depois disto", (verso 16), que o tabernáculo de Davi será restaurado. Enquanto isso, Deus está tirando dos gentios, "um povo para o Seu nome", (verso 14). Isto está de acordo com o que Amós disse; e não é o cumprimento da profecia.

Esta análise das citações no seu contexto não foi certamente exaustiva; no entanto, confiamos que já foi dito o suficiente para mostrar que, quando um amilenista cita certos "textos de prova" para a sua doutrina, um exame cuidadoso deles, no seu contexto, mostrará que eles não apoiam a sua teoria.

Acreditamos num futuro reinado literal de Cristo de 1.000 anos na terra; porque as Escrituras ensinam isso; porque as condições atuais no mundo, não respondem à visão alternativa; porque está em consonância com princípios consistentes de interpretação; porque preserva a distinção que as Escrituras fazem entre Israel e a Igreja; porque é a única maneira pela qual as alianças de Deus com os pais serão cumpridas; porque é necessário para a completude do programa de Deus para todos os tempos; porque é consistente com o caráter de Deus; e porque as Escrituras que parecem sugerir o contrário, quando examinadas em seu contexto legítimo, não dizem nada disso.

De bom grado nos unimos a Paulo enquanto ele ensina inequivocamente a restauração e bênção de Israel: "Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis ​​são os Seus julgamentos e os Seus caminhos inescrutáveis! … Pois dele, e por meio dele, e para ele, são todas as coisas, a quem seja a glória para sempre. Amém" (Romanos 11 versos 33 a 36).


Por David McAllister (2010)

(Uso com permissão da revista Truth & Tidings)

8. O diabo está nos detalhes

Muitas vezes, quando o tema da tentação é abordado, a menção ao diabo geralmente vem logo em seguida. Sendo ele um ser vivo e fora de nós, é fácil vê-lo como a tentação personificada. Embora seja verdade que ele é chamado de "o tentador", a expressão casual, "o diabo me obrigou a fazer isso", é uma desculpa esfarrapada para qualquer pecado e está em desacordo com a realidade, (leia, Tiago 1 verso 14). Em certo sentido, podemos dar ao diabo mais crédito do que ele ganhou. Por outro lado, João adverte que "o mundo inteiro está sob o domínio do Maligno", (1ª João 5 verso 19). O pecado de Satanás foi o orgulho, desejando ser o que Deus não havia permitido. Embora já tenhamos notado que a carne é o inimigo que tenta por dentro, "o príncipe das potestades do ar" é o inimigo que ataca de fora. Enquanto o mundo incita o desejo de "ter o que quero" e a carne diz: "Farei o que quero", o sussurro tentador do diabo é que "sereis o que quiser". Sua determinação motriz era esta: "Subirei acima das nuvens mais altas; far-me-ei semelhante ao Altíssimo", (Isaías 14 verso 14).

A nossa sociedade exorta-nos a respeitar as pessoas que se "criaram por si" e a defender a crença equivocada de que cada um pode ser o que quiser. Sem dúvida, Satanás está a explorar inseguranças psicológicas e traumas, e um desejo de pertencer, para promover a preocupante agenda política de identidade pessoal tão prevalecente hoje.

O desejo consumidor de Satanás de se tornar independente foi sua ruína. Não sejamos apanhados desprevenidos; embora tenha perdido sua posição, ele não perdeu nada de seu desejo. Ele continua a encorajar atitudes que desprezam a Deus e exaltam o eu dentro de nossos próprios corações. A tentação que João mais tarde identificaria como "a soberba da vida" é a que Eva experimentou em "que a árvore era desejável para dar entendimento". A tentação de Satanás sempre foi que eu, de fato, me tornasse uma versão melhor, mais sábia, mais esclarecida e mais confiante de mim mesmo do que sou agora.

Desde a tragédia no Éden, ele planeja constantemente criar dentro de nós uma suspeita persistente de que Deus está nos negando algo de bom, ou seja, que Deus nos prescreveu certas limitações porque Ele se sente de alguma forma ameaçado pelo quão poderosos poderíamos nos tornar se atingíssemos "nosso pleno", potencial desimpedido. Uma pessoa orgulhosa será a primeira a cair (novamente) na tentação de Satanás. Em contrapartida, os humildes procuram e encontram refúgio em Deus. Em vez do popular lema "repreender o diabo", as Escrituras nos instruem a resistir a ele. Contudo, a instrução para "resistir ao diabo" não é uma ordem isolada. Em vez disso, está associada a uma resposta correspondente e oposta a Deus, que envolve "submeter-se" e "aproximar-se" dEle, "humilhar-se" sob Ele e "lançar sobre Ele todas as suas preocupações", (leia Tiago 4 versos 7 e 8; e 1ª Pedro 5 verso 6).

Enquanto ataca de cima, o diabo dirige o olhar para baixo. O resultado de desprezar outra pessoa é que nos sentimos elevados. Se Eva ou Acã, Davi ou Pedro tivessem parado para olhar para cima por um momento, as suas histórias poderiam ter sido muito diferentes, – e a nossa também! Naturalmente, ele nos tentará a querer o que pensamos ser melhor para nós mesmos, o que envolve ignorar o sofrimento, parte integrante do seguimento de Cristo, (Mateus 16 verso 24). Quando Pedro ouviu o Senhor falar sobre Seu próprio sofrimento e crucificação que estava por vir, ele objetou veementemente. "Mas Ele se virou e disse a Pedro: 'Para trás de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para Mim; pois vocês não estão pensando nos interesses de Deus, mas nos interesses dos homens", (Mateus 16 verso 23). O Senhor acusa Pedro de atender à tentação de Satanás de focar nos próprios interesses e não nos de Deus. Os crentes em Tessalônica estavam experimentando a prova do sofrimento e Paulo "temia que o tentador os tivesse tentado", (1ª Tessalonicenses 3 verso 5). Ele ficou grandemente encorajado ao ouvir que a fé deles permanecia firme em meio ao sofrimento e na hora da tentação. Precisamos de ser lembrados desta ameaça quando enfrentamos ou antecipamos o sofrimento.

Paulo deixa claro em sua carta aos Efésios que Satanás e suas hostes de demônios estão falando sério, e o crente deve levar a ameaça a sério. "Coloque toda a armadura de Deus para poder resistir às maquinações do diabo. Pois a nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra os governantes, contra as autoridades, contra os poderes cósmicos das trevas, contra as forças espirituais do mal nos lugares celestiais. Por isso, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir no dia mau e, tendo feito tudo, tomar posição", (Efésios 6 versos 11 a 13). Quando reconhecemos quão medonho é o nosso inimigo, podemos ser tentados a desesperar. No entanto, "mesmo que Satanás ligue o aquecimento, o Pai Celestial mantém Sua mão todo-poderosa no termostato!"

Em conflitos militares, a batalha consiste em mais do que projéteis de morteiro; envolve também uma guerra de informação. Propaganda, invasão de dados de inteligência, interferência de sinais e redes de satélite se combinam para tornar o ataque mais eficaz. Satanás é experiente em usar informações para lançar seus ataques no nível da mente, disposto até mesmo a usar as próprias Escrituras como uma arma, a fim de redirecionar as afeições de nossos corações. No caso de Eva, ele primeiro lançou dúvidas sobre a Palavra de Deus antes de negar abertamente a sua verdade. Na tentação do Senhor ele diz: "Está escrito" numa tentativa de legitimar o seu tratamento profano das Sagradas Escrituras. O inimigo das nossas almas terá prazer em dar-lhe o seu cristianismo formal, a sua teologia formal, e até mesmo dar-lhe conhecimentos bíblicos… se ele puder capturar e controlar o seu coração. Paulo exorta os crentes sob ataque a "em todas as situações, tomem o escudo da fé, com o qual vocês podem extinguir todas as flechas inflamadas do Maligno", dirigidas aos nossos corações e mentes, (Efésios 6:16).

O Novo Testamento aponta alguns dos campos minados que podem fazer um crente tropeçar e deixá-lo exposto aos esquemas tentadores do diabo. Lemos por exemplos sobre, presunção de posição, (1ª Timóteo 3 versos 6 e 7), raiva não resolvida, (Efésios 4 versos 26 e 27), separação conjugal, (1ª Coríntios 7 verso 5), falta de perdão, (2ª Coríntios 2 versos 10 e 11). O enganador de todo o mundo, sussurra: "Eu serei o que eu quiser". Diante desta tentação, o antídoto prescrito é a humildade diante de Deus, (Apocalipse 12 verso 9).

Por Tim Woodford

(Uso com permissão da revista Truth & Tidings)

9. O Milênio


O MILÊNIO – O PACTO (1)

A palavra 'milênio' não é um termo bíblico, embora descreva uma doutrina bíblica. O termo, "millennium", é composto por duas palavras latinas, "mille", que significa mil e "nnium", que significa um ano, portanto milênio significa mil anos.

A doutrina assim descrita é que em Seu segundo advento o Senhor Jesus Cristo será aceito por Israel como seu Messias e Ele reinará sobre o mundo inteiro a partir de Jerusalém por mil anos. Estes mil anos do reinado do Senhor são mencionados em Apocalipse 20 versos 1 a 6. Aqui somos informados de que o período de mil anos começa com a ressurreição dos justos e termina com a ressurreição do resto da humanidade para julgamento, (20 versos 7 a 15).

Diz-se que o milênio é mencionado apenas em um lugar nas escrituras, que está aqui em Apocalipse 20, (onde aparece, seis vezes). Certamente esta é a única declaração quanto à sua extensão, mas pretendemos mostrar que o milênio é um dos grandes temas das Escrituras.

Está registrada no livro de Gênesis a aliança que Deus fez com Abraão, (Gênesis 12 versos 1 a 7). Na verdade, as repetidas referências a esta aliança, com as suas reafirmações a Isaque e Jacó, fazem dela o tema principal do livro do Gênesis, sendo mencionada extensamente pelo menos quinze vezes.

(Gênesis 12:1-7; 13:14-18; 15:1-21; 17:1-27; 18:1-19; 22:15-19; 24:7; 26:1-5; 28:1-4; 28:10-22; 32:12; 35:9-15; 46:1-4; 48:1 -4 e 50:24).

Este acordo (aliança) era que, à medida que Abraão cresse e obedecesse a Deus ao deixar seu país, Deus faria de seus descendentes uma grande nação, (Gênesis 12 verso 2), que se tornaria a nação de Israel; e através daquela nação trazer uma bênção a toda a humanidade, (Gênesis 12 verso 3), que seria o Evangelho, (Gálatas 3 verso 8); e essa nação possuiria a terra de Canaã, (Gênesis 12 verso 7). Abraão cumpriu sua parte na aliança obedecendo a Deu, (Gênesis 12 verso 4) e crendo em Deus (Gênesis 15 verso 6).

Deve-se notar que isso é chamado de aliança eterna, (Gênesis 17 versos 7,13,19). Não pode ser quebrado ou abolido. Abraão cumpriu a sua parte pela sua obediência, (Gênesis 26 verso 5) e agora morto, portanto Deus deve cumprir a sua parte. Isto significa que a nação dos descendentes de Abraão não pode ser exterminada; embora muitas tenham sido as tentativas de fazê-lo. Também que a terra de Canaã será deles até o fim da história, (Gênesis 17 verso 8; e Capítulo 48 verso 4).

Deve-se notar também que a nação produziria reis, (Gênesis 17 verso 6; e Capítulo 35 verso 11), que seriam da tribo de Judá, (Gênesis 49 verso 10). Esta parte da aliança foi explicada quando Davi, o rei escolhido por Deus, foi estabelecido sobre Israel. Esta expansão da aliança abraâmica está registrada em 2ª Samuel 7 e 1ª Crônicas 17. Deus diz a Davi: "E a tua casa e o teu reino serão estabelecidos para sempre diante de ti; o teu trono será estabelecido para sempre", (2ª Samuel 7 verso 16). Isto declara que não apenas o reino continuaria para sempre, mas também que um rei da linhagem de Davi reinaria sobre esse reino para sempre. Isto é confirmado pelo profeta Jeremias: "Assim diz o Senhor; se meu convênio não for com o dia e com a noite e se eu não tiver designado as ordenanças do céu e da terra; então rejeitarei a descendência de Jacó e de Davi, meu servo, para que não tome nenhum de sua descendência para governar a descendência de Abraão, Isaque e Jacó; porque farei voltar o seu cativeiro e terei misericórdia sobre eles". (Jeremias 33 versos 25 e 26, leia também versículos 19 a 24).

E é por isto que temos a profecia de Isaías a respeito do nascimento deste Rei: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto." (Isaías 9 versos 6 e 7). E, quando abrimos a primeira página do Novo Testamento, nos deparamos com o anúncio dos anjos antes do nascimento deste Rei: "Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Seu pai Davi; e Ele reinará sobre a casa de Davi, para sempre; e o seu reino não terá fim". (Lucas 1 Versos 32 e 33).

Assim, a soma total da aliança de Deus com Abraão, Isaque, Jacó e Davi é que os descendentes de Jacó (Israel) habitariam na terra de Canaã, governada por um rei da casa de Davi, enquanto a terra existir.


O MILÊNIO – O PARADOXO (2)

As Sagradas Escrituras, registram duas alianças, que dizem respeito à nação de Israel. A primeira delas foi feita com Abraão: "No mesmo dia o Senhor fez aliança com Abrão", (Gênesis 15 verso 18). A segunda foi feita com a própria nação de Israel: "O Senhor nosso Deus fez aliança conosco em Horebe", (Deuteronômio 5 verso 2). Isso é diferente da aliança com Abraão, pois lemos: "O Senhor não fez esta aliança com nossos pais, mas conosco", (Deuteronômio 5 verso 3).

As duas alianças são distintas e, portanto, não devem ser confundidas. A aliança abraâmica, não deve ser confundida com a aliança mosaica que foi feita séculos depois. Esta distinção deve ser feita pelas seguintes razões.

Primeiro, a aliança abraâmica foi feita com um indivíduo durante a sua vida, enquanto a aliança mosaica foi feita com uma nação inteira, de geração em geração.

Segundo, a aliança com Abraão foi uma aliança eterna (Gênesis 17 versos 13 e 19), enquanto a aliança com Israel foi uma aliança do tipo "se obedecer". Note o que Bíblia diz: "Se vocês andarem em meus estatutos". "Mas se não me ouvirdes". (Levítico 26 versos 3 e 14). Esta aliança Deus fez com Israel no Monte Sinai, com Moisés atuando como seu representante. A parte de Israel era obedecer a Deus: Lemos em Êxodo 24 verso 7: "E ele (Moisés) tomou o livro da aliança e o leu diante do povo; e eles disseram: Tudo o que o Senhor disse faremos e obedeceremos". A parte de Deus no acordo era abençoar Israel nas suas guerras, nas suas colheitas, no seu abastecimento de água, na sua saúde, no seu gado e na sua herança. (Leia, Êxodo 23 versos 22 a 33). A obediência de Israel a Deus significava a bênção de Deus para Israel. Como uma aliança que exigia, "se obedecesse", era uma aliança continuamente condicional, exigia obediência contínua por parte da nação israelita de geração em geração, caso contrário a aliança se tornaria nula e sem efeito.

Terceiro, a aliança abraâmica tem efeito perpétuo, Abraão cumpriu a sua parte pela fé e obediência e agora está morto, portanto, o lado humano do acordo não pode ser quebrado. Considerando que Israel quebrou sua aliança pela desobediência a Deus, e isso resultou na catástrofe do cativeiro babilônico. Lemos em Jeremias 31 verso 31, o Senhor dizendo: "A aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para tirá-los da terra do Egito; a minha aliança eles quebraram". Mas Jeremias se apressa em afirmar que, embora Israel tivesse quebrou a aliança do Sinai, isso de forma alguma afetou a aliança com Abraão. Pois lemos nos versos 35 a 37 deste Capítulo de Jeremias: "Assim diz o Senhor, se os céus lá em cima puderem ser medidos, e os fundamentos da terra pesquisados ​​​​lá em baixo, também rejeitarei toda a semente de Israel por tudo o que fizeram, diz o Senhor".

Portanto, agora chegamos ao paradoxo. Sob o inalterável pacto abraâmico, a nação israelita deveria possuir a terra de Canaã para sempre, mas sob o pacto mosaico, que eles haviam quebrado, seriam expulsos da terra. Por causa dos seus pecados, até ao ponto do sacrifício humano, os antigos habitantes de Canaã foram expulsos para dar lugar a Israel. (Leia, Deuteronômio 18 versos 9 a 14). Os israelitas, como parte da sua aliança com Deus, foram proibidos de seguir o seu exemplo (Leia Levítico 20 versos 1 a 5). Se Israel quebrasse a aliança, eles também seriam expulsos da terra, pois o Senhor disse: "Se vós... quebrardes a minha aliança... eu vos espalharei entre os gentios", (Levítico 26 versos 15 e 33). Eles quebraram a aliança, (leia, 2ª Crônicas 33 versos 1 a 9), e foram igualmente expulsos da terra, (leia 2ª Crônicas 36 versos 15 a 20). O paradoxo é que sob uma aliança a terra era deles para sempre, enquanto sob a outra aliança eles deveriam ser expulsos da terra. A solução para o paradoxo era que sempre que Israel fosse expulso de sua terra por causa do julgamento divino contra seus pecados, mesmo assim, por causa da aliança com Abraão, eles seriam trazidos de volta mais tarde à terra de Canaã, (leia, Levítico 26 versos 40 a 45).

Este cenário profético foi encenado duas vezes na história.

Primeiro, conforme já dissemos, Israel pecou e foi levado ao cativeiro babilônico. Mas, conforme profetizado por Jeremias, o exílio duraria apenas 70 anos, (leia, Jeremias 25 versos 11 a 13; e Capítulo 29 versos 10 a 14), e então Israel retornou à sua terra, (2ª Crônicas 36 versos 22 e 23), conforme registrado nos livros de Esdras e Neemias.

Segundo, Israel cometeu o pecado supremo contra Deus ao crucificar o seu próprio Messias. O apóstolo Pedro, e sua pregação no dia de Pentecostes, disse: "Portanto, saiba com certeza toda a casa de Israel que Deus fez daquele mesmo Jesus, a quem vós crucificastes, Senhor e Cristo, (Messias)", (Atos 2 verso 36). O próprio Senhor Jesus Cristo alertou sobre as consequências do seu pecado final. Eles caíram ao fio da espada e foram levados cativos para todas as nações; e Jerusalém foi pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem, (Lucas 21 verso 24). Esta profecia foi cumprida quando os romanos capturaram e destruíram Jerusalém no ano 70 d.C. Mas agora, depois de tantos anos, os descendentes de Abraão estão de volta à sua terra. O cenário está sendo montado para o retorno do Messias.


O MILÊNIO - OS PROFETAS (3)

Por causa das promessas de Deus aos seus antepassados, Abraão, Isaque, Jacó e Davi, os profetas aguardavam a idade de ouro para Israel, quando todas estas promessas seriam cumpridas. Sendo profetas, a sua visão desfrutou da vantagem da inspiração divina. As glórias terrenas daquela era vindoura constituem o clímax da maior parte do livro profético do Antigo Testamento. A visão dos profetas era de Jerusalém e da terra de Canaã habitada pelos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó sob a linhagem do rei de Davi, desfrutando de paz ininterrupta e prosperidade material enquanto a terra existir.

Aqui segue um exemplo de declaração de cada profeta com algumas leituras adicionais, pois este assunto preenche uma porção considerável dos escritos proféticos.

Davi profetizou: "A Israel por uma aliança eterna. Dizendo: A ti te darei a terra de Canaã, a parte da tua herança", (1ª Crônicas 16 versos 13 a 18, e repetido no Salmo 105 versos 7 a 11).

Um salmista, Etã, profetizou: "Uma vez jurei pela minha santidade que não mentirei para Davi. A sua descendência durará para sempre, e o seu trono será como o sol diante de mim", (Salmo 89 versos 35 e 36, leia todo o Salmo, e também os Capítulos 2, 72 e 110).

Isaías profetizou: "Tu (Jerusalém) também serás uma coroa de glória na mão do Senhor, e um diadema real na mão do teu Deus. Não serás mais chamado de Abandonado", (Isaías 62 versos 3 e 4, veja o capítulo inteiro e também o capítulo 2).

Jeremias profetizou: "Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que a cidade (Jerusalém) será edificada para o Senhor. Serão santos ao Senhor; nunca mais será arrancada nem derrubada", (Jeremias 31 versos 38 a 40).

Ezequiel profetizou: "Eles habitarão na terra que dei a Jacó, meu servo, onde habitaram vossos pais; e habitarão nela, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre; e meu servo Davi será seu príncipe para sempre", (Ezequiel 37 verso 25, leia os versículos 15 a 28).

Oséias profetizou: "Serei para Israel como o orvalho; ele crescerá como o lírio, e lançará as suas raízes como o Líbano", (Oséias 14 verso 5, leia os versículos 4 a 9).

Joel profetizou: "Mas Judá habitará para sempre, e Jerusalém de geração em geração", (Joel 3 verso 20, leia o capítulo inteiro).

Amós profetizou: "Trarei novamente do cativeiro meu povo Israel. E plantá-los-ei na sua terra, e nunca mais serão arrancados da terra que lhes dei, diz o Senhor teu Deus" (Amós 9 verso 14 e 15).

Miquéias profetizou: "Ele se converterá novamente, terá compaixão de nós... Tu cumprirás a Jacó a verdade e a Abraão a misericórdia que juraste a nossos pais desde os dias antigos", (Miquéias 7 versos 19 a 20, leia versículos 11 a 20).

Sofonias profetizou: "Naquele tempo Eu os trarei novamente, sim, no tempo em que Eu os reunir, quando Eu fizer voltar do seu cativeiro diante dos seus olhos, diz o Senhor", (Sofonias 3 verso 20, leia os versículos 14 a 20).

Zacarias profetizou: "E os homens habitarão nela, e não haverá mais destruição total; mas Jerusalém será habitada em segurança", (Zacarias 14 verso 11, leia os versículos 11 a 21).

A visão futura desses profetas pode ser resumida nas palavras do seu colega profeta Daniel: "Eu vi nas visões noturnas, e eis que alguém como o Filho do Homem veio com as nuvens do céu, e veio ao Ancião de dias, e o fizeram chegar diante dele. E foi-lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino, que não será destruído", (Daniel 7 versos 13 e 14).

Isto é confirmado pelo próprio Senhor Jesus Cristo, pois Ele disse: "Ó tolos e lentos de coração para crer em tudo o que os profetas falaram, (…) e começando por Moisés e todos os profetas, ele lhes explicou em todas as Escrituras as coisas a Seu respeito", (Lucas 24 versos 25 a 27).


O MILÊNIO - O REI (4)

O anúncio do anjo antes do nascimento do Senhor Jesus Cristo deixa claro que Ele é o rei da linhagem de Davi que governará para sempre sobre Israel. Pois lemos: "Ele será chamado grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; e ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre; e do Seu reino não haverá fim", (Lucas 1 verso 32 e 33).

Os magos viajaram do leste para encontrar este Rei, e "Perguntando: Onde está Aquele que nasceu Rei dos Judeus?", (Mateus 2 verso 2).

Seus discípulos reconheceram o Senhor Jesus como tal nas palavras de Natanael: "Tu és o Rei de Israel", (João 1 verso 49).

O Senhor reivindicou publicamente esse título ao cumprir a profecia de Zacarias ao entrar em Jerusalém montado num jumentinho, (Mateus 21 versos 1 a 11).

"Alegra-te muito, ó filha de Sião; grita, ó filha de Jerusalém, eis que o teu Rei vem a ti, Ele é justo e tem a salvação; humilde, e montado num jumento, e num jumentinho, cria de jumenta" (Zacarias 9 verso 9).

As multidões gritaram em resposta à sua afirmação: "Hosana ao Filho de Davi" (Mateus 21 verso 9); a ser repetido pelas crianças no Templo, "Hosana ao Filho de Davi", (versículo 15).

Os principais sacerdotes e escribas condenaram tal adoração, mas o Senhor respondeu: "Da boca dos pequeninos e das crianças de peito, se ouve um aperfeiçoado o louvor" (versículo 16, citando o Salmo 8 verso 2).

Até mesmo seus inimigos reconheceram que Ele fez tal afirmação por meio de suas zombarias, enquanto o Senhor Jesus Cristo estava pendurado na cruz. Estes incluíam Pilatos (João 19 versos 1 a 22), bem como os líderes judeus (Mateus 27 versos 32 a 43).

"Então disseram os principais sacerdotes dos judeus a Pilatos: Não escrevas, O Rei dos Judeus; mas que Ele disse: Eu sou o Rei dos Judeus. Pilatos respondeu: O que escrevi, escrevi", (João 1 versos 21 e 22).

O Senhor Jesus Cristo anunciou em Seu ensino que Ele retornaria a esta terra como o Filho do Homem, a Pessoa mencionada por Daniel como o governante designado por Deus sobre as nações. "Eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído", (Daniel 7 versos 13 e 14).

O Senhor referiu-se a isso muitas vezes em Suas parábolas, conforme registrado no evangelho de Mateus.

A parábola do chefe de família, (Mateus 24 versos 42 a 44): "Portanto, estai vós também preparados; porque numa hora em que não imaginais, virá o Filho do Homem", (versículo 44).

A parábola dos servos sábios e maus, (Mateus 24 versos 45 a 51): "O senhor daquele servo virá num dia em que ele não o espera, e numa hora que ele não sabe", (versículo 50).

A parábola das dez virgens, (Mateus 25 versos 1 a 13), "Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do Homem virá", (versículo 13).

A parábola dos talentos, (Mateus 25 versos 14 a 30): "Depois muito tempo vem o Senhor daqueles servos e acerta contas com eles", (versículo 19).

A parábola das ovelhas e dos cabritos, (Mateus 25 versos 31 a 46): "Quando o Filho do Homem vier em Sua glória, e todos os santos anjos com Ele, então, se assentará no trono da sua glória", (versículo 31).

Mas, primeiro, o Filho do Homem deve ser crucificado: "Tendo Jesus terminado todas estas palavras, disse aos seus discípulos: o Filho do homem será traído, e será crucificado", (Mateus 26 verso 1 a 2).

Não apenas em Suas parábolas, mas também em Seus ensinamentos claros, o Senhor referiu-se à Sua segunda vinda como o Filho do homem. "Pois assim como o relâmpago sai do leste e brilha até o oeste; assim será também a vinda do Filho do Homem". (Mateus 24 verso 27, ver também Marcos 13 versos 26 e 27, e Lucas 21 verso 27).

Nem sempre é reconhecido que foi a afirmação aberta e pública do Senhor de ser o Filho do Homem da profecia de Daniel a causa imediata de Sua crucificação. Conforme descrito em Mateus 26 versos 57 a 66, o conselho judaico teve grande dificuldade em encontrar duas testemunhas falsas que concordassem em condenar o Senhor. Colocado sob juramento, o Senhor foi obrigado a responder se Ele era ou não o Messias. Ele respondeu: "Tu disseste; contudo, eu vos digo, daqui em diante vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poder e vindo sobre as nuvens do céu", (versículo 64). Todo o tribunal reconheceu isso como uma citação do profeta Daniel. Acreditando que Sua afirmação de ser o Filho do Homem era falsa, eles O condenaram à morte por blasfêmia.

O apóstolo João aguardava com expectativa o dia do Seu aparecimento, quando assumiria a Sua suprema autoridade terrena como Filho do Homem. Pois lemos: "Os reinos do mundo tornaram-se os reinos de nosso Senhor e do Seu Cristo", (Apocalipse 11 verso 15, ver também pode ser lido, Capítulo 19 verso 11 até ao Capítulo 20 verso 6).


O MILÊNIO - O APÓSTOLO (5)

Paulo era o apóstolo dos gentios, mas, sendo ele próprio judeu, a descrença nacional no Evangelho por parte de Israel era um fardo constante para ele. Ele se refere longamente a esse fardo em sua carta à igreja romana, capítulos 9, 10 e 11. É compreensível que Paulo estivesse angustiado porque a maioria de seus companheiros judeus havia rejeitado o Evangelho (Romanos 9 versos 1 a 5). Paulo disse: "Pois eu desejaria ser anátema de Cristo, por causa de meus irmãos, meus parentes segundo a carne", (versículo 3).

Se então a nação do próprio povo de Deus rejeitou Seu Filho, Deus rejeitou Seu povo? Paulo responde que, "Não!", (Romanos 11 versos 1 a 27). A resposta é um duplo, "Não!". Primeiro, um remanescente substancial foi salvo. Um remanescente de milhares: "Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos diante da imagem de Baal. Da mesma forma, também neste tempo há um remanescente segundo a eleição da graça", (Romanos 11 versos 4 a 5).

Lemos em Atos 21 versos 18 a 20, que quando Paulo subiu a Jerusalém, no dia seguinte, Paulo entrou em casa de Tiago, e todos os anciãos vieram ali. E, havendo-os saudado, contou-lhes por miúdo o que por seu ministério Deus fizera entre os gentios. E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que creem, e todos são zeladores da lei."

Mas e o resto da nação? Lemos, "Israel não obteve aquilo que procurava; mas a eleição o obteve, e os demais foram cegados", (Romanos 11 verso 7).

Mas com isto, será o seu fracasso, como nação, em obter a bênção de Deus permanente?

Paulo responde: "Eu digo então: Eles tropeçaram para cair? Deus me livre", (Romanos 11 verso 11).

Paulo nos diz que isto, é temporário, enquanto os gentios têm a oportunidade de obter a bênção de Deus no Evangelho: "Mas antes, através da sua queda (de Israel), a salvação chegou aos gentios", (Romanos 11 verso 11).

Na parábola da oliveira, que encontramos em, (Romanos 11 versos 16 a 24), os ramos judaicos da oliveira da bênção divina foram quebrados para dar lugar aos ramos gentios serem enxertados. Mas os ramos nacionais judaicos serão enxertados novamente na sua própria oliveira de bênção divina. Lemos: "Pois se foste cortado da oliveira que é selvagem por natureza, e foste enxertado contrariamente à natureza numa boa oliveira, quanto mais estes, que são os ramos naturais, serão enxertados na sua própria oliveira?", (Romanos 11 verso 24).

Esta bênção nacional ocorrerá no segundo advento de Cristo, sete anos após o arrebatamento da Igreja ao céu, lemos: "Virá de Sião o Libertador, e afastará de Jacó a impiedade", (Romanos 11 verso 26).

Embora Israel tenha quebrado a aliança que Deus fez com eles através de Moisés no Sinai, agora substituída pela nova aliança do Evangelho, (leia Jeremias 31 versos 31 a 34, e Hebreus 8 versos 7 a 13); embora eles também tenham rejeitado o Evangelho da graça, falando nacionalmente, Israel ainda é o herdeiro da aliança que Deus fez com Abraão, Isaque e Jacó.

Lemos: "No que diz respeito ao Evangelho, eles (Israel) são inimigos por causa de vós (os gentios); mas no que diz respeito à eleição, eles são amados por causa dos pais", (Romanos 11 verso 28).

O que exatamente Deus prometeu aos seus antepassados?

A aliança com Abraão, transmitida a Isaque e Jacó, continha três promessas, (Gênesis 12).

Primeiro, os descendentes de Abraão se tornariam uma grande nação, Israel, (Gênesis 12 verso 2).

Segundo, eles seriam o meio de bênção para toda a raça humana, pelo Evangelho, (Gênesis 12 verso 3, e Gálatas 3 verso 8).

Terceiro, eles ocupariam a terra de Canaã, (Gênesis 12 verso 7).

Também Deus prometeu ao Rei Davi que um dos seus descendentes reinaria sobre Israel para sempre (2ª Samuel 7 verso 16).

Além disso, Deus prometeu continuamente através dos profetas que, no final das contas, Israel habitaria na terra em paz permanente sob o reinado próspero daquele Rei.

Assim, através da ruptura temporária da nação de Israel com a bênção divina, a salvação veio para todos, tanto judeus como gentios, (Romanos 11 versos 30 a 32).

Lemos: "Porque Deus os encerrou na incredulidade, para ter misericórdia de todos", (Romanos 11 verso 32).

Mas na segunda vinda do Senhor Jesus Cristo o mistério será revelado. "Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério, para que não sejais sábios em vossos próprios conceitos; que a cegueira em parte aconteceu a Israel, até que a plenitude dos gentios entre. E assim todo o Israel será salvo: como está escrito, sairá de Sião o Libertador, e afastará a impiedade de Jacó", "Romanos 11 versos 25 a 26).

"Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém." (Romanos 11 versos 33 a 36)


O MILÊNIO - O PRELÚDIO (6)

Foi dado aos profetas Ezequiel e Zacarias definir o cenário no qual o próprio Senhor se introduziria em sua segunda vinda à Terra para governar e reinar.

No capítulo 37 de seu livro, Ezequiel visualiza o retorno da nação de Israel do cativeiro na Babilônia. Ele retrata os esqueletos secos que jaziam nas terras de Israel desde a invasão babilônica voltando à vida, (versículos 1 a 14). Anteriormente havia duas nações, Israel e Judá, mas elas retornariam como uma só nação, (versículos 15 a 23). Então a linhagem do rei de Davi virá até eles, (versículos 22 a 28).

Ezequiel ignora a rejeição deles ao seu Rei, para contar que essa era a tarefa de Isaías, (Isaías 52 verso 13, até ao Capítulo 53 verso 12). Ezequiel está ansioso pelo segundo advento do Rei nos últimos dias, (Ezequiel 38 versos 8 e 16). E mostra como naquele tempo Israel estará de volta à terra de Canaã como nação, (Leia com atenção os Capítulos 38 e 39). Os judeus foram dispersos de suas terras pelos romanos como resultado das Guerras Judaicas, quando Jerusalém foi destruída no ano 70 d.C. Depois de quase mil e novecentos anos, Israel foi reconstituído como uma nação na terra no ano 1948 d.C., e depois da Guerra dos Seis Dias, os judeus ganharam o controle de toda Jerusalém, encerrando assim o controle gentio daquela cidade desde os tempos romanos. "Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem", (Lucas 21 verso 24).

Ezequiel diz que a nação de Israel foi reunida de muitas nações na terra, (Ezequiel 38.8). A terra conheceu a guerra, mas agora está em paz, (versículo 8). A terra tem sido um desperdício contínuo, (versículo 8), mas agora está florescendo, (versículo 12).

Israel tem um inimigo no extremo norte, (Ezequiel 38 versos 6 e 15, e Capítulo 39 verso 2), um inimigo equipado com um enorme exército, (Ezequiel 38 versos 2 a 6).

Se o meridiano 35 de longitude, que corre 30 milhas (48,28 quilômetros) a oeste de Jerusalém, for traçado até o extremo norte, identificará a terra da qual Ezequiel está falando.

Este exército vem invadir Israel, para isso deve cruzar o rio Eufrates, como mostrará facilmente num mapa. Compare isto com as declarações de João sobre o rio Eufrates em Apocalipse 9 versos 13 a 21, e Capítulo 16 versos 12 a 14.

Mas esse exército, esperando uma vitória fácil, (Ezequiel 38 versos 10 a 12), será totalmente destruído pela intervenção divina direta, (Ezequiel 38 verso 17 até ao Capítulo 39 verso 5).

Esta é a batalha do Armagedom, (Apocalipse 16 versos 14 a 16).

João usa a própria linguagem de Ezequiel, (Ezequiel 39 versos 17 a 20), para descrever esta batalha, (Apocalipse 19 versos 11 a 21, leia com atenção, principalmente os versículos 17 e 18).

O profeta Zacarias pinta o mesmo quadro geral nos últimos três capítulos do seu livro, (Zacarias 12 a 14). Zacarias profetiza sobre o ataque a Jerusalém por muitas nações. (A terra ao extremo norte é uma união de repúblicas). Ele também fala da libertação da cidade pelo Senhor. Chegará o momento em que o Senhor retornará à terra, Aquele a quem eles traspassaram, (Zacarias 12 verso10), Aquele a quem feriram e feriram, (Zacarias 13 versos 6 e 7), Aquele que estará no Monte das Oliveiras, (Zacarias 14 verso 4), de onde Ele ascendeu ao céu, (Atos 1 versos 11 e 12). Então toda a nação, O reconhecerá como seu Messias, (Zacarias 12 verso 10).

Lemos em Miquéias 7 verso 20: "Mostrarás fidelidade a Jacó e amor inabalável a Abraão, como juraste a nossos pais desde os tempos antigos"

E concluímos com Zacarias 14 verso 9: "O Senhor se tornará Rei sobre toda a terra".


O MILÊNIO – O REINO (7)

A maior afronta da humanidade ao seu Criador foi a rejeição e assassinato do Seu Filho.

Os discípulos em oração em Atos 4, transmite isto muito bem: "Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra, e os príncipes se ajuntaram a uma, Contra o Senhor e contra o seu Ungido. Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel", (Atos 4 versos 25 a 27, é uma citação no Salmo 2 versos 1 e 2).

O grande propósito do milênio é anular este insulto supremo à majestade do Pai e do Filho.

"Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai." (Filipenses 2 versos 9 a 11).

O reinado milenar de Cristo ridicularizará a rebelião arrogante da raça humana contra o seu Criador todo-poderoso, lemos no Salmo 2: "Aquele que está assentado nos céus se rirá: o Senhor os ridicularizará", (Salmo 2 verso 4, observe o contexto).

Em Sua presciência, Deus prometeu a Abraão que Ele teria descendentes que formariam uma nação terrena para o Messias, (Gênesis 15 versos 5 a 6).

Deus prometeu uma terra para eles viverem, (Salmos 105 versos 9 a 11).

Também um Rei da linhagem de Davi para governá-los, (2ª Samuel 7 versos 18 a 29).

A nação de Israel ainda existe, após 4.000 anos após a promessa. Eles agora, nesta geração, retornaram àquela terra após uma ausência de quase 2.000 anos.

O Rei ressuscitou dos mortos e vive no poder de uma vida imortal por 2.000 anos no céu, (Hebreus 7 verso 16).

As condições, o cenário, o palco, estão dando forma para o reinado milenar do Senhor Jesus Cristo.

Quais serão as características do reinado milenar?

As profecias dos Salmos, Capítulos 2, 72, 110 e 132, nos dão vislumbres de suas principais características.

Em primeiro lugar, será de extensão universal. "Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e os confins da terra por tua possessão", (Salmos 2 verso 8).

"Ele dominará também de mar a mar, e desde o rio até os confins da terra", (Salmos 72 verso 8).

Os quatro impérios universais das visões de Daniel, (Capítulos 2 e 7), que eram Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma, eram universais apenas no sentido limitado do mundo de então conhecido.

Mas o domínio do Senhor controlará o globo inteiro. "E a pedra que feriu a imagem tornou-se um grande monte e encheu toda a terra", (Daniel 2 verso 35, veja também os versículos 44 e 45).

Só no século XX é que a tecnologia de comunicação deste mundo permitiria que o globo inteiro fosse governado a partir de um centro. "Porque o Senhor escolheu Sião; ele a desejou para sua habitação", (Salmos 132 verso 13).

Em segundo lugar, será um reinado de paz e prosperidade. "Nos seus dias florescerão os justos; e haverá abundância de paz enquanto durar a lua", (Salmos 72 verso 7).

"Que haja abundância de grãos na terra; no topo das montanhas possa ondular; que os seus frutos sejam como o do Líbano; e que os homens floresçam nas cidades como a grama do campo!", (Salmos 72 verso 16).

As forças militares e as guerras serão abolidas, pois as nações do mundo serão como uma nação sob um único governante. "Os reinos deste mundo tornaram-se os reinos de nosso Senhor e de seu Cristo; e ele reinará para todo o sempre", (Apocalipse 11 verso 15).

O domínio de Satanás sobre as nações será abolido, "para que ele não engane mais as nações", (Apocalipse 20 verso3).

Os problemas de poluição, superpopulação, fome, doenças e pobreza serão resolvidos pela sabedoria divina (Salmos 72).

Terceiro, será um reinado de justiça. O pecado não será erradicado do coração humano, mas a raça humana estará sob uma disciplina Onisciente e Todo-Poderosa. "Governará todas as nações com vara de ferro", (Apocalipse 12:5, veja também Salmos 2 verso 9, Apocalipse 2 verso 27, e Capítulo 19 verso 15).

O crime e a injustiça serão severamente reprimidos, mas o pecado humano alimentará uma rebelião final, (Apocalipse 20 versos 7 a 10).

Quarto, o reino milenar perdurará até o fim do mundo. O Senhor Jesus Cristo governará a terra até que ela passe. "De cuja face fugiram a terra e o céu; e não foi achado lugar para eles, porque o primeiro céu e a primeira terra passaram". (Apocalipse 20 verso 11 e Capítulo 21:1, ver também Salmos 72 verso 5, Jeremias 31 versos 35 a 36, e Lucas 21 verso 33).

No propósito de Deus, conforme definido nas Escrituras, o reinado milenar do Senhor Jesus Cristo é o clímax da história mundial, mas mesmo isso é apenas o prelúdio para o reinado eterno do Senhor sobre os novos céus e a nova terra, (Apocalipse 21 verso 1 a Capítulo 22 verso 5).

Como o apóstolo Pedro expressou: "Nós, de acordo com a Sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, onde habita a justiça", (2ª Pedro 3 versos 13).

Por J. E. Todd

10. A verdadeira libertação - (Romanos 7 e 8)

A doutrina de que o crente está morto para a lei; e o fato de ele estar casado com outra Pessoa, Cristo Jesus, que foi ressuscitado dentre os mortos, como a única fonte de produção de frutos, é apresentado nos primeiros seis versículos de Romanos 7; depois, nos próximos versículos deste mesmo capítulo, temos um caso suposto de experiência de uma alma vivificada sob a lei, lutando pela libertação. Esta libertação é declarada por alguém que foi liberto. A prática segue a libertação.

A pessoa que deveria estar aqui falando em Romanos 7 versos 7 a 25, tem vida, pois,

  1. Ele sabe que "a lei é espiritual", isto é, não se aplica apenas à conduta externa, mas aos sentimentos e desejos internos; e que ele é carnal, vendido sob o pecado, o escravo do pecado.
  2. Ele declara que a lei é boa e resolve ser bom e fazer o bem, mas não consegue.
  3. Ele se deleita na lei segundo o homem interior e diz que o mandamento é santo, justo e bom. É porque seu entendimento mudou que ele consente com a lei é boa; porque sua vontade foi mudada, a vontade está presente com ele para sempre; e porque ele agora tem um coração segundo Deus, ele se deleita na lei de Deus de acordo com o homem interior. Isto revela o seu estado e que ele nasceu de Deus; mas o contexto mostra também que ele não está ocupado nem com Cristo, nem com o Espírito Santo, mas consigo mesmo.

Mas embora tenha vida eterna, ele está realmente sob a lei e, através da sua luta com a lei, aprende,

  1. Que nele (sua carne) não habita nenhum bem. (Verso 18).
  2. Esse pecado habita nele. (Verso 20).
  3. Que ele não tem poder para realizar o que é bom, de modo que é levado cativo à lei do pecado que está em seus membros. Ele descobre que é impotente para superar o mal que o habita através de esforços de cumprimento da lei.

Três lições proveitosas, mas muitas vezes aprendidas através de profunda angústia e humilhação de espírito. E tendo descoberto por experiência, embora dolorosamente, que o pecado habita nele, que toda a sua natureza de Adão é pecaminosa, sem nenhum bem nela, e que ele não tem poder sobre isso, ele fica verdadeiramente "miserável" e clama por um libertador para tirá-lo disso: "Quem me livrará?" Então ele descobre que Deus já fez isso por ele, através de Jesus Cristo, nosso Senhor; e, acreditando nisso, ele agradece a Deus. Ele agora tem a libertação da alma e espera pela libertação do seu corpo, pois o propósito de Deus é que "sejamos conformados à imagem de seu Filho". Ele pode ter recebido o perdão dos pecados antes, mas agora descobre que está liberto do pecado e da lei pela morte de Cristo, e a partir desse momento ele tem uma nova experiência. Sem dúvida, entre muitas outras lições proveitosas, tais pessoas aprendem que a experiência nunca proporciona paz com Deus, mas que a fé no Senhor Jesus Cristo sempre proporciona.

Em Romanos Capítulos 3 a 7, Deus é o Justificador dos ímpios, o Reconciliador do Seu inimigo, o homem, e Deus é também o Libertador do pecado. A lei, em vez de justificar, condenou; em vez de reconciliar, dá o conhecimento do pecado; e em vez de libertá-lo, torna-o culpado e sob maldição. No entanto, a lei é "santa", porque, em vez de desculpar o pecado, expõe o pecado; a lei é "justa", porque julga até mesmo os movimentos do pecado, bem como a prática dos pecados; e a lei é "boa" se um homem a usa legalmente. Nossos pecados são perdoados com base em Cristo ter morrido por nós, mas somos libertos desse princípio maligno em nós (pecado) pela morte, pois Cristo "morreu uma vez para o pecado", morremos com Ele e agora estamos vivos para Deus, nAquele que está vivo novamente, e isso para sempre.

Quanto à sua experiência agora:

  1. Seus olhos estão fora de si mesmo e da lei, ele olha para Deus em Cristo e fica ocupado com tudo o que a graça divina realizou para ele nessa obra. Antes que ele conhecesse a libertação, era uma preocupação consigo mesmo, "eu" e "eu" - mas agora ele está diante de Deus, agradecendo-Lhe pelo que Ele fez por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Isto produz uma mudança surpreendente no estado de alma.
  2. Ele tem os pensamentos de Deus, em vez dos seus próprios pensamentos sobre si mesmo. Ele agora sabe que tem duas naturezas de qualidades muito opostas – "aquela que nasce da carne" e "aquela que nasce do Espírito". A primeira ele vê como tendo sido julgada por Deus na cruz; este último ele sabe que é uma nova criação em Cristo, na qual Deus sempre o vê. Ele está ciente de que ambas as naturezas são imutáveis ​​em suas qualidades morais, pois "aquilo que nasce da carne é carne" e "aquilo que nasce do Espírito é espírito". Ambas as naturezas estão no crente; um pratica o que é "apenas o mal", a outra o que é para a glória de Deus. Ao olhar para si mesmo agora, ele toma partido de Deus e, reconhecendo essas duas naturezas, conclui: "Então, com a mente (ou nova natureza), eu mesmo sirvo à lei de Deus", mas "com a carne (ou velha natureza) a lei do pecado." (Verso 25).
  3. Ele desistiu de ter qualquer posição na carne diante de Deus e de confiar nela; pois Deus deu-lhe um novo estado e colocou-o diante dele em terreno totalmente diferente. Ele não apenas foi perdoado, mas Deus o libertou de seu antigo estado carnal e lhe deu um novo lugar diante dele. Ele não está mais em Adão, mas em Cristo Jesus; não na carne, mas no Espírito, se assim for, o Espírito de Deus habita nele. Esta é uma libertação real e, acreditando no testemunho de Deus a respeito dela, temos, pelo Espírito, o conforto e o poder dela; pois "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus." (Romanos 8 verso 1). Que grande contraste agora quanto ao estado e à posição, e que conforto e descanso tem a alma que simplesmente recebe o testemunho de Deus!
  4. Ele, o crente, tem poder sobre o pecado. Se ele pensa no pecado na carne, ele se lembra de que Deus enviou Seu próprio Filho à semelhança da carne pecaminosa, e pelo pecado condenou o pecado na carne. Foi assim para sempre para a fé, sob o julgamento de Deus. Se ele considera que em sua carne não habita o bem, ele sabe que sua posição diante de Deus agora não está na carne, mas em Cristo Jesus. E agora, em vez de ficar desamparado quanto ao pecado e ao seu cativeiro, ele descobre que tem poder para andar na luz, como Deus está na luz, para resistir ao diabo e vencer o mundo. Ele sabe que pelo dom do Espírito Santo está ligado a um Cristo triunfante. Ele está consciente de que foi libertado e que o PECADO não é mais seu mestre; e, olhando para cima, ele pode dizer que "o Espírito da vida em Cristo Jesus me libertou da lei do pecado e da morte". (Verso 2). Assim, tendo uma nova natureza e o dom do Espírito Santo, os dois grandes requisitos da lei são cumpridos nele; amor a Deus e amor ao homem; embora ele não esteja sob a lei e ande "não segundo a carne, mas segundo o Espírito". (Romanos 8 versos 1 a 4).

Nas escrituras que examinamos até agora, pode ser bom observar que há quatro leis apresentadas diante de nós:

  1. "A lei de Deus", cujas exigências até mesmo uma alma vivificada se vê impotente para responder. (Romanos 7 verso 22).
  2. "A lei da minha mente", que é a resolução de uma alma vivificada, de obedecer a Deus. (Romanos 7 verso 23).
  3. "A lei do pecado e da morte", que é o princípio da inimizade e antagonismo do homem natural para com Deus, da sujeição à Sua vontade; como outro disse, "aquele princípio mortal que governou em nós antes como vivo na carne".
  4. "A lei do Espírito de vida em Cristo Jesus", que é o princípio e o poder daquela nova vida que nos foi dada em Cristo pelo Espírito Santo, que agora habita em nós.

A alma assim trazida à liberdade, ou libertada pela graça divina, é libertada de três maneiras:

Pela morte. Nosso velho homem foi crucificado com Cristo, pois Deus condenou o "pecado na carne" na morte de Seu próprio Filho imaculado e bem-amado. Assim, "morremos para o pecado", "morremos com Cristo" e estamos isentos da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos detidos; e pode um homem morto ter concupiscência ou pecado?

Como "não debaixo da lei, mas debaixo da graça", o pecado não terá domínio sobre nós. Estamos agora "em Cristo Jesus", trazidos ao pleno e permanente favor de Deus. A fé não conhece outra posição. E isso nos levará ao pecado? Não deveríamos antes ter nossos frutos para a santidade! (Romanos 6).

Pelo Espírito de vida em Cristo Jesus, conduzindo-nos a uma nova ordem de coisas, – nova vida, nova posição e estado. Será, então, que esta nova vida e poder no Espírito Santo nos levará ao pecado; ou seremos assim fortalecidos para resistir ao diabo e nos abster de todo mal?

Estamos libertos, então,

  1. Quanto à consciência, pela morte de Cristo, em quem Deus condenou o "pecado na carne".
  2. Quanto ao estado e posição, não na carne, mas em Cristo; e o Espírito habitando em nós, e não debaixo da lei, mas debaixo da graça.
  3. Quanto à experiência, o pecado não tem mais domínio sobre nós, mas tendo em nossos corações amor a Deus e aos homens, e poder do Espírito para vencer, descobrimos que a mente do Espírito Santo é vida e paz.
  4. Quanto à prática, "que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito".

Que libertação! Que louvor e adoração isso suscita! Que causa interminável de ação de graças a Deus! Certamente podemos dizer ao crente desconsolado: "Olhe para Jesus e não se preocupe mais."

É o conforto desta libertação que temos, "em acreditar". Nosso poder para desfrutá-lo, e para a vida e a piedade, é o Espírito Santo, e somos informados de que, se formos guiados pelo Espírito, não estaremos sob a lei; e se andarmos no Espírito, não satisfaremos os desejos da carne. Antes da libertação era tudo "eu", "eu" e "meu", mas depois da libertação, CRISTO se torna o objeto da fé, e o Espírito Santo o poder para a santidade. Podemos, portanto, fazer todas as coisas através de Cristo que nos fortaleceu.

Quanto ao Espírito Santo, podemos observar que:

  1. Ele nos dá "vida em Cristo Jesus". (Romanos 8 verso 2).
  2. Ele habita em nós como uma Pessoa divina - o Espírito Sano que ressuscitou Jesus dentre os mortos e "vivificará seus corpos mortais". O próprio Espírito Santo habita em nossos corpos. (Romanos 8 verso 11).
  3. Ele é o nosso poder para "mortificar as obras do corpo". Observe, não diz "o corpo", mas "as ações do corpo". (Romanos 8 verso 13).
  4. Ele é "o Espírito de adoção", para nos fazer saber que somos filhos de Deus. Ele forma em nós afetos e pensamentos adequados a tal relacionamento, e nos conduz a "clamar, Abba, Pai". (Romanos 8 verso 15).
  5. Ele é as "primícias do Espírito", porque, aos poucos, o Espírito será derramado sobre toda a carne. (Romanos 8 verso 23).
  6. Ele é o Ajudador de nossas enfermidades em oração e intercede por nós. (Romanos 8 verso 26).
  7. Ele nos ensina a esperar pela redenção do nosso corpo. (Romanos 8 verso 23).

Assim, trouxemos diante de nós algo do poder que atua em uma alma libertada. Não deveríamos, então, "abundar em esperança, pelo poder do Espírito Santo"?

Na linha de coisas da velha criação, temos pecado, carne, morte, sofrimentos, gemidos e enfermidades, muitas vezes lutando sob a lei; mas na nova criação temos libertação do pecado, vida no Espírito, ação de graças, paz; estamos em Cristo, e o Espírito em nós; todas as coisas trabalhando juntas para o nosso bem, somos mais do que vencedores em todos os problemas, "não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça", não tendo condenação e não conhecendo separação.

Mas lembre-se de que, embora tão abençoadamente libertos e andando no Espírito, nunca podemos esquecer que a carne está em nós; mas a carne não somos nós, pois estamos em Cristo e não estamos na carne diante de Deus. No entanto, nunca perdemos a sensação de que em nós, isto é, em nossa carne, não habita nenhum bem; sabemos qual é o conflito entre as duas naturezas e descobrimos que a nossa comunhão com o Pai é interrompida no momento em que confiamos na carne e andamos nela. Além disso, a alma libertada geme:

  1. Geme por ter um corpo mortal. Pois "nós que estamos neste tabernáculo gememos". "Nisto gememos, desejando sinceramente ser revestidos com a nossa casa que é do céu", nosso corpo glorificado. Deus sabe que tem um "corpo mortal", sujeito a doenças e dores. (2ª Coríntios 5; Romanos 8 verso 11).
  2. A alma libertada tem gemidos por dentro. "Também nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do corpo". (Romanos 8 verso 23). Isto é mais do que sofrimento em nossos corpos; pois, tendo o Espírito Santo, as afeições e pensamentos são de acordo com Cristo, o Sofredor e Rejeitado, que está vindo, não apenas para a redenção de nosso corpo, mas para trazer até mesmo a esta criação que geme para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
  3. A alma libertada tem gemidos inexprimíveis em oração, pois "o próprio Espírito Santo intercede por nós com gemidos inexprimíveis".

Quantos gemidos o Senhor Jesus silenciará quando Ele voltar! Quão abençoado é o pensamento de que quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, nós também seremos manifestados com Ele em glória! (Colossenses 3 verso 4). Enquanto isso, que nossos corações, elevados a Ele, permaneçam firmes na liberdade com a qual Ele nos libertou e se regozijem na esperança da glória de Deus!

Por Charles Stanley

11. A falsa teoria de que a Igreja passará pela Grande Tribulação

A teoria de que a Igreja passará pela Tribulação, elimina a distinção vital entre a vinda do Filho do Homem à terra para julgamento e reinar, e a vinda do Senhor Jesus nos ares para chamar aos céus a Sua Igreja. Evento conhecido como, o arrebatamento.

O primeiro destes estágios do retorno do Senhor como Filho do Homem, (que realmente é, subsequente ao outro na ordem dos eventos), foi predito no Antigo Testamento, por exemplo, em Daniel 7 verso 13, "Eu vi nas visões noturnas alguém como o Filho do Homem", e mencionado em passagens como Mateus 24, Marcos 13 e Lucas 21.

Já este último, a vinda do Senhor nos ares, o arrebatamento, era "um mistério", (isto é, mantido em segredo até ser divulgado no Novo Testamento), e revelado especialmente a Paulo, e por ele para a Igreja em suas epístolas, em especial, a "Palavra do Senhor" para os Tessalonicenses, e como um "mistério" para os Coríntios, pois é o que lemos, ("Eis que vos digo um mistério" 1ª Coríntios 15 verso 51).

O apóstolo Paulo, depois de falar sobre o arrebatamento em 1ª Tessalonicenses 4, algo que eles não poderiam saber lendo somente o Antigo Testamento, o apóstolo continua falando, no capítulo 5, daquilo que está relacionado com "tempos e épocas", ou seja, o "dia do Senhor", do qual ele diz: "Não tendes necessidade de que eu vos escreva, porque vós mesmos sabeis perfeitamente".

Como eles poderiam saber disso? Porque o "dia do Senhor", é a vinda em julgamento, é o "dia grande e notável", que foram mencionados nos profetas do Antigo Testamento, de Isaías a Malaquias.

Mas se os Tessalonicenses e os Coríntios necessitavam de revelações especiais para os informar sobre a "vinda do Senhor" para a Sua Igreja, como se poderia supor que os apóstolos, no Evangelho de Mateus 24 tivessem em mente, esta vinda, que naquela época era um mistério não revelado?

É realmente muito anticientífico, para usar uma expressão moderna, reler nas mentes dos apóstolos aquilo que, se estivesse lá, teria sido nada menos que uma vaga ideia surpreendente. Não, o Senhor não foi enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Ele se dirigia a quatro dessas ovelhas perdidas, que haviam ouvido a voz do pastor, e elas estavam com Ele na relação de um remanescente judaico fiel ao seu Messias, e representavam esse remanescente fiel nos últimos dias.

Todos os temas e circunstâncias de Mateus 24 são judeus, e dependem da destruição de Jerusalém, – a tribulação "deste povo" (leia Lucas 21, que diz: "grande ira sobre este povo"), e Mateus 24 continua falando da vinda do Filho do Homem para a sua libertação, como predito em Zacarias 14. É claro que aqueles que enfatizam o título aqui usado, de "Filho do Homem", não querem dizer que este nunca seja usado quando estão em questão de verdades diretamente aplicáveis ​​à Igreja. Tudo o que se quer dizer é que onde você tem "a vinda do Filho do Homem", a referência é à vinda do Filho do Homem conforme revelado a Daniel.

Um escritor, sem o menor senso de interpretação bíblica, referiu-se à "notável semelhança" entre as "vindas" descritas em Mateus 24 e 1ª Tessalonicenses 4. Infelizmente, ele se absteve de indicar os pontos de semelhança. Mas ele não apresentou, porque não existe. Qualquer um que acredite que as Escrituras são inspiradas por Deus ficaria, penso eu, mais impressionado com os pontos de contraste do que com os pontos de semelhança. As palavras das Escrituras não são usadas ao acaso. Diferenças que podem não significar nada num mero livro humano têm muitas vezes um significado profundo no Livro de Deus. É verdade que existem certas semelhanças superficiais. Em ambas as passagens é descrita "uma vinda", e a da mesma Pessoa. Mas os dois eventos diferem quanto a circunstâncias, maneira e objetos.

Quanto às circunstâncias, ambas as passagens de fato se referem à mesma Pessoa, Jesus Cristo, mas por que essa Pessoa é descrita como "Filho do Homem" em Mateus, e como "o próprio Senhor" em 1ª Tessalonicenses 4?

Perguntamos se não há significado no fato de que "a vinda" em Mateus 24 é precedido pelo "sinal do Filho do Homem", pelas maravilhas celestiais e pela Grande Tribulação, e é comparado ao "dilúvio" e tem, portanto, caráter de julgamento divino, enquanto que, em 1ª Tessalonicenses 4 não há uma palavra de sinais premonitórios ou Tribulação, nem indício de julgamento acompanhante?

Quanto à maneira, em Mateus 24, a vinda é assim descrita: "Então as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo nas nuvens do Céu com poder e grande glória; e Ele enviará os Seus anjos, e eles reunirão os Seus eleitos". Em 1ª Tessalonicenses 4, as tribos da terra não aparecem em cena, nem os anjos são mencionados sequer uma vez. Os santos são reunidos pela voz pessoal do Senhor e pela trombeta de Deus. A ação aqui em 1ª Tessalonicenses 4, é instantânea, num abrir e pescar de olhos; mas o evento de enviar anjos e reunir o povo por meio da sua atuação, como em Mateus 24, apresenta a ideia de tempo.

A vinda de Jesus como "Filho do Homem" em Mateus 24 é pública. "Todas as tribos da terra se lamentarão." Não há menção disso em conexão com a vinda do Senhor Jesus em 1ª Tessalonicenses 4. Tudo termina "num momento, num abrir e fechar de olhos", (confira 1ª Coríntios 15, onde a mesma vinda é descrita), e o efeito no mundo em geral não é mencionado.

É absurdo afirmar que porque "o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus", (1 Tessalonicenses 4 verso 16), o mundo ouvirá. Em João 12 temos um relato autêntico de Deus falando do céu em palavras definidas. Para alguns que estavam ali, foi apenas um trovão. Deus pode fazer ouvir Sua voz a quem Ele quiser, e velá-la a quem Ele quiser.

Quanto aos objetos em vista, em Mateus 24, os objetos são duplos: 1º. os eleitos; 2º. o mundo. Em 1ª Tessalonicenses 4 os objetos também são duplos, mas diferentes daqueles que acabamos de mencionar: 1º. os santos adormecidos que serão ressuscitados, (não há menção de ressurreição em Mateus 24); e 2º. os santos vivos, que serão transformados e ambos arrebatados nas nuvens, para estarem para sempre com o Senhor.

Mas alguém dirá: Não encontramos o arrebatamento mencionado em Mateus 24 versos 40 e 41? Sim, mas é precisamente de caráter inverso ao de 1ª Tessalonicenses 4.

Os levados em 1ª Tessalonicenses 4, são os santos da Igreja removidos de um mundo condenado ao julgamento. Em Mateus 24, se compararmos os versículos 40 e 41 com o versículo 39, notamos que os "levados" correspondem aos ímpios cortados pelo dilúvio, enquanto os deixados correspondem a Noé e sua família, e serão abençoados como eles. Quando o Senhor vier como em 1ª Tessalonicenses 4, será uma bênção ser levado embora. Quando Ele vem em Seu Mateus 24 versos 39 a 41, será uma bênção ser deixado para trás. Os levados, são os ímpios levados a julgamento, que não foram salvos pelo evangelho do reino pregado naqueles dias, e os deixados, ficam para entrar com Cristo no reino milenar.

Antes de concluir este assunto, temos que dizer que, a ordem dos eventos no Apocalipse e o caráter judaico do Livro são fortes argumentos, contra a falsa teoria de que a Igreja passará pela Tribulação e Grande Tribulação.

Em Apocalipse 1 verso 19, é dada a divisão tripla do Livro, onde diz que o capítulo 1 representa a primeira divisão; os capítulos 2 e 3 a segunda, a saber, "as coisas que são", (não apenas mensagens para as sete igrejas literais, mas, como é geralmente admitido, uma visão profética e panorâmica da Igreja desde o período apostólico até os últimos dias); e temos no capítulo 4 até o fim, a terceira divisão, ou seja, "as coisas que hão de acontecer depois destas". Neste ponto, João é arrebatado ao céu aberto, de onde ele olha para a terra, e daí em diante começa o tratamento de Deus com Israel, Babilônia e as nações.

Por que Ele não trata mais com "as igrejas"?

Porque, como creio, o arrebatamento de João em Apocalipse 4, é apenas representativo do arrebatamento de toda a Igreja, que pode ser representada no capítulo 4 sob a figura de vinte e quatro anciãos vestidos de branco. Estes estão sentados ao redor do trono, em contraste com a grande multidão no capítulo 7, que é vista em pé diante do trono. No capítulo 5, o Senhor Jesus é mencionado como "o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi", evidentemente em contraste com Israel, (pois não é nesses termos que Ele nos é apresentado em relação à Igreja).

Mais tarde, o Leão é visto como "o Cordeiro", uma palavra usada para Ele apenas no Apocalipse, e bastante distinta daquela empregada no Evangelho de João 1 verso 29 e 36; Atos 8 verso 32; e 1ª Pedro 1 verso 19. Foi como "o Cordeiro" que Ele comprou o mundo, e pode reivindicar romper os selos do livro, os títulos de propriedade da compra da terra. É dEle como "o Cordeiro" que os seres viventes e os vinte e quatro anciãos dão testemunho, como também do sangue, o preço de compra (leia Jeremias 32 versos 8 a 12). À medida que cada um dos primeiros quatro selos é quebrado, uma criatura vivente clama: "Venha!" E imediatamente há uma manifestação correspondente de energia na terra, que mostra que embora o homem proponha e Satanás se oponha, ainda é Deus quem dispõe.

Muitos acreditam que o conquistador do capítulo 6 é apenas a imitação de Satanás daquele outro Conquistador em um cavalo branco de Apocalipse 19, e não é outro senão "o homem do pecado" de 2 Tessalonicenses 2, que está destinado a fazer uma aliança de sete anos, não com a Igreja, mas com o povo de Daniel, "Israel". O quinto selo pode muito bem corresponder em medida à Grande Tribulação, consequente à quebra dessa aliança no meio do período de sete anos. Esta Tribulação, idêntica, creio eu, ao tempo da "angústia de Jacó" (Jeremias 30 verso 7), continua até o fim, até aquele, "um dia" de Zacarias 14 verso 7.

É notável que no versículo 1 deste capítulo a Versão Revisada diz, não: "O dia do Senhor vem", mas "Um dia do Senhor vem", ou seja, um dia especial, descrito abaixo como um dia "quando a luz se acenderá", "não será claro nem escuro", "nem dia, nem noite", devido, talvez, ao escurecimento dos corpos celestes? Estes sinais, sabemos por Mateus 24, precedem imediatamente a vinda do "Filho do Homem com poder e grande glória". Acredito que este, "um dia", é o dia mencionado nas Escrituras, "o dia do Senhor, o grande e notável".

É geralmente reconhecido que o Apocalipse não pode ser lido consecutivamente, exceto dentro de certos limites. O Espírito de Deus continuamente nos leva até o fim, embora "o fim ainda não tenha chegado". Assim, o capítulo 5 nos leva às cenas milenares, capítulos 6, 14 e 19, ao que parece ser em cada caso (pelo menos nos dois últimos) o clímax do julgamento final. Mas onde quer que estejamos, o registo está tingido com uma coloração judaica. A própria oração das almas sob o altar (no capítulo 6), que clama por vingança contra seus inimigos, certamente é suficiente para mostrar que estes não são mártires cristãos, mas judeus salvos depois do arrebatamento. Embora a resposta mostre que o dia da tribulação ainda estava em andamento.

Os 144.000 israelitas do capítulo 7, o Templo reconstruído do capítulo 11, o caráter do testemunho das duas testemunhas do capítulo 11 e o do "Evangelho Eterno" do capítulo 14, (que, embora, é claro, baseado no mesmo fundamento que o "Evangelho da graça de Deus" desta dispensação, é certamente distinto desta última, como mostram seus termos), e muitos pontos semelhantes, todos provam que a Igreja não está à vista no Apocalipse do capítulo 6 em diante, até que ela venha com seu Senhor no capítulo 19.

A esperança do cristão não é uma vida longa nem uma morte sem dor. Não é nem a conversão do mundo, nem o julgamento do mundo. Não é "o dia do Senhor" nem "a Grande Tribulação", mas a vinda do Senhor nos ares para o arrebatamento. A teoria de que a Igreja passará pela Tribulação, tira esta esperança de todo o salvo desta dispensação.

Mas, não precisamos temos esta falsa teoria, pois uma das últimas promessas de Cristo foi: "Virei outra vez", e Sua última garantia antes do fechamento do Livro de Apocalipse foi: "Eis que venho sem demora". Era por Ele mesmo, não os acontecimentos na terra, muito menos "a Grande Tribulação", pela qual Ele nos faria esperar.

Temos a certeza de que a Grande Tribulação é apenas como um semáforo que mergulha para mostrar que o trem está na hora certa; mas a ilustração não é muito feliz, pois se um semáforo afundasse e o trem demorasse três anos e meio para chegar, deveríamos supor que houve um acidente.

De alguma forma, não posso deixar de suspeitar que por trás desta falsa teoria se esconde, insuspeitada pelos seus adeptos, a legalidade. Ou seja, no conceito errôneo deles, como a Igreja não tem sido o que deveria ter sido, nem coletivamente, nem individualmente, portanto ela deve passar pela Grande Tribulação, uma espécie de "Purgatório Protestante", para expiar os seus múltiplos fracassos. Na verdade, se fosse uma questão padecer pelos desvios, ela merecia sofrimentos piores do que uma Grande Tribulação pode ameaçar. Mas a mesma graça que nos salva nos dá um objeto para procurar e nos ocupar, aquela bendita esperança, (Tito 2 verso 13).

O que só posso descrever como uma tentativa muito inadequada foi feita para superar a dificuldade. Foi feito um esforço para sugerir um paralelo entre a Igreja que espera pelo seu Senhor e um grupo de cidadãos que espera pela chegada do seu Rei. É verdade que estes últimos sabem que o seu Rei deve ser precedido por um esquadrão de cavalaria e uma banda militar, mas será que isso estragaria a sua esperança de vê-lo?

Eles não prefeririam forçar os olhos e os ouvidos para captar a primeira visão e o esforço do líder da procissão?

Assim argumenta o apologista da Tribulação.

Muito bem, mas o que corresponderia no caso da Igreja a estes alegres acordes musicais?

A perseguição mais terrível que o mundo já conheceu, pior que os massacres mundiais, uma "Grande Tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá" (Mateus 24 verso 21).

Se, voltando ao suposto paralelo, os cidadãos soubessem que antes que o seu Rei pudesse aparecer, teriam de suportar três anos e meio de tortura e massacre na prisão, afirmo que seria inútil falar-lhes da vinda do seu Rei com esta sombra terrível em seu caminho. Os Tessalonicenses foram ensinados por Deus a "esperar pelo Seu Filho do Céu", a esperar o próprio Senhor, porque era, por assim dizer, a próxima coisa a acontecer no programa celestial, o arrebatamento da Igreja.

Por W. Hoste, BA

12. A teoria da Grande Tribulação para a Igreja

Para algumas pessoas a questão da "Teoria da Tribulação para a Igreja", pode parecer sem importância. Na realidade não é assim. A teoria tende a apagar distinções da maior importância. Confunde as dispensações presentes e futuras. Introduz uma estranha confusão na interpretação do Apocalipse. Em uma palavra, anularia de uma só vez grande parte do ensino distintivo que os servos de Deus têm insistido nos últimos cento e quarenta anos. Mas, como alguém bem disse, "Uma hipótese experimental pode explicar muitos fatos, mas nada menos do que um apoio bíblico completo deverá satisfazer-nos quanto ao que afirma ser a verdade de Deus". Acredito que a "Teoria da Tribulação" está errada por cinco razões.

A primeira razão que a "Teoria da Tribulação" está errada é porque confunde a Igreja e Israel.

Aprendemos em Romanos 11 que Israel como nação, devido à sua rejeição a Cristo, foi rejeitada por um tempo. Ela está privada de privilégios nacionais e religiosos, (Oséias 3 verso 4), e foi "deixada como uma casa varrida ou vazia", do espírito impuro da idolatria. Este espírito retornará mais tarde numa forma sete vezes pior do que antes. Agora, o afastamento de Israel deixou espaço para a revelação do "mistério de Cristo mantido em segredo desde o princípio do mundo", (Romanos 16 verso 25), ou seja, uma Igreja composta de judeus e gentios crentes, entre os quais a parede intermediária de separação foi quebrado sob a liderança de um Cristo glorificado. Israel era um povo terreno, com uma herança terrena e um "santuário terreno". A Igreja é um povo celestial com um chamado celestial, como também um sacerdócio e uma herança celestiais.

Em 1ª Coríntios 10 verso 22 Paulo divide a população de Corinto em "judeus" (rejeitando Jesus como Messias), "os gentios" (sem Cristo e sem Deus) e "a Igreja de Deus" (consistindo de todos os dois primeiros judeus e gentios salvos pela graça de Deus, pois que receberam a Cristo como Senhor e Salvador). Agora, enquanto a Igreja estiver na terra, nenhum judeu ou gentio poderá receber a Cristo sem ser, por esse mesmo fato, imediatamente incorporado ao único Corpo, (leia 1ª Coríntios 12 verso 13). Quando a Igreja for arrebatada ao céu, então a antiga distinção permanecerá válida novamente, e haverá grupos de judeus e gentios crentes, não apenas distintos do mundo, mas uns dos outros. É claro então que se as Escrituras nos falam de um momento futuro em que a adoração no Templo será restaurada em Jerusalém e os israelitas salvos serão mais uma vez reconhecidos como tais, a Igreja não estará mais na terra.

Agora, aplique isso a Mateus 24. Temos aqui um discurso profético proferido a quatro discípulos de Jesus que eram judeus, (leia Marcos 13 verso 3). Eles estavam ansiosos pelo estabelecimento do trono do Messias na terra, por aquele momento em que "o reino deveria ser restaurado a Israel". Sem eles perceberam de momento, estavam, é verdade, destinados a um lugar mais elevado, pois deveriam fazer parte "da Igreja que é o Corpo Cristo". Esse, porém, era um mistério escondido em Deus, revelado oficialmente pela primeira vez por meio de Paulo, e de suas esperanças e destinos eles então não sabiam absolutamente nada. Em Mateus 24, o Senhor Jesus dirigiu-se a eles como representantes do fiel remanescente judeu dos últimos dias. Certamente a atmosfera de Mateus 24 é judaico e não a Igreja. O cenário dos eventos preditos é Jerusalém e a Judeia, (veja isto em Mateus 24 verso 16; e Lucas 21 verso 20). O Templo destruído no ano 70 d.C. terá sido reconstruído depois do arrebatamento da Igreja ao céu, pois um certo sinal predito por Daniel a respeito do seu povo será visto no "lugar santo". Então os fiéis judeus devem fugir e deixá-los, e "orar para que a sua fuga não aconteça no sábado".

Agora, o que a Igreja tem a ver com o sábado?

E por que a Igreja deveria ser encontrada especialmente em Jerusalém e na Judeia?

E que papel a Igreja tem nos "lugares santos feitos por mãos"?

Não, não há nada da Igreja em Mateus 24.

Pensar nisso é um anacronismo grosseiro. Se ela estivesse lá, então os judeus crentes, servindo a Deus de acordo com os antigos ritos, não poderiam estar lá ao mesmo tempo, pois eles próprios formariam parte da Igreja. Mas acabamos de ver que os judeus crentes são as mesmas pessoas a quem se dirige e, portanto, se conclui sabiamente que a Igreja está excluída de Mateus 24 e da Grande Tribulação.

A segunda objeção à "Teoria da Tribulação" é que ela se baseia numa exegese equivocada de Mateus 24 verso 29 e Atos 2 verso 20. Na primeira dessas passagens diz-se que os sinais celestiais seguem a Grande Tribulação, na última diz-se que eles precedem "o grande e terrível Dia do Senhor" e, portanto, também os "Tribulacionistas" argumentam que a ordem dos eventos futuros será: 1º. A Grande Tribulação; 2º. Os sinais celestiais; 3º. O dia do Senhor!

Isto é certamente muito claro; mas pode ter ocorrido a esses professores que, se sua teoria fosse tão verdadeira quanto é claro, dificilmente teria sido deixado para os nossos dias a tarefa de fazer a notável descoberta. A falácia do seu argumento reside no fato de não terem conseguido compreender a diferença entre "o dia do Senhor" e, "o grande e notável dia do Senhor". Embora diga que os sinais celestiais precedem estes últimos, não diz que eles precedem "o dia do Senhor".

A "Grande Tribulação", de Apocalipse 7, deve ser cuidadosamente distinguida, admitem esses professores, do longo período de tribulação que até agora está conduzindo a ela.

Não negligenciaram eles a diferença entre, "o grande e notável dia do Senhor," (descrito em Joel 2; Malaquias 4; e Atos 2), e o longo período intitulado, "o dia do Senhor"?

Este período de tempo, "o dia do Senhor", acredito, surgirá em Apocalipse 6 verso 1, e continuará por pelo menos mil anos, até Apocalipse 20, quando, de acordo com 2ª Pedro 3, "Os céus passarão com grande estrondo".

Já, "o grande e notável dia do Senhor" será, pelo contrário, uma crise de tempo, quando Cristo será revelado como, "o Sol da Justiça" para a cura do Seu povo Israel, e "como um forno ardente" para a destruição dos ímpios (Malaquias 4). Isso, portanto, é perfeitamente verdadeiro e podemos afirmar que, "os sinais nos céus" precedem, "o grande e notável dia", mas eles próprios são apenas um incidente no longo período conhecido como, "o dia do Senhor". Não quero dizer, é claro, que em cada passagem onde "o dia do Senhor" é trazido diante na Bíblia, a distinção do que já dissemos seja necessariamente enfatizada, mas onde as duas expressões ocorrem na mesma passagem, como em Joel 2, a distinção é tão claro, quanto importante

Sendo assim, a ordem dos acontecimentos não é como afirmam os "Tribulacionistas"; mas da seguinte forma:

1º. O Arrebatamento da Igreja.

2º. O Dia do Senhor, que incluirá: A Grande Tribulação; Os sinais celestiais; O grande e notável dia do Senhor; e até mesmo, O reinado milenar.

Que esta ordem é a correta, apresento as cinco seguintes provas:

1ª. Em diversas profecias, o dia do Senhor começou antes que os sinais celestiais ocorressem.

2ª. Não lemos nos profetas sobre uma Grande Tribulação precedendo o "dia do Senhor".

3ª. As mesmas características são comuns ao dia do Senhor e à Grande Tribulação.

4ª. O mesmo caráter incomparável de gravidade é previsto para ambos os períodos.

5ª. Não vemos nem no Antigo nem no Novo Testamento que o Senhor seja exaltado durante "o dia do Senhor".

Em vários lugares das Escrituras, o "dia do Senhor" é descrito como estando em pleno progresso antes mesmo dos "sinais nos céus" serem mencionados: Veja por exemplo Isaías 24 versos 1 a 23; Joel 2 versos 1 a 10; É um. 13.6-10; É um. 34.2,3. Como então é possível sustentar, em face de tais Escrituras, que o "dia do Senhor" só começa depois dos sinais nos céus? Tampouco existe a distinção rígida e rápida que esses professores manteriam entre o "dia do Senhor" e a " Grande Tribulação ", seja no que diz respeito ao tempo ou ao caráter. Parece antes que o primeiro inclui o último. Mesmo pela exibição dos "Tribulacionistas", "a Grande Tribulação " ocupa apenas uma parte de todo o período, estendendo-se desde a abertura do primeiro selo em diante, (Apocalipse 6). Seria estranho que este período inclusivo não tivesse um nome genérico. Acredito que sim e que esse nome é, "O Dia do Senhor".

Como no Egito durante as pragas, o "dia do Senhor" durante parte de seu curso, será caracterizado pela tribulação do povo terreno de Deus (Israel), nas mãos de seus inimigos com a permissão de Deus, e ao mesmo tempo por julgamentos terríveis contra as nações da terra diretamente da mão de Deus, na qual Seu povo terreno também participa.

Portanto, se a ordem dos eventos for como ensinam os defensores da "Teoria da Tribulação", não deveríamos apenas esperar encontrar "o dia do Senhor", precedido pelos sinais celestiais, (o que, como acabamos de ver, não é o caso), mas com forte razão, a "Grande Tribulação ", ou por algum período que, embora não tenha esse nome, de qualquer forma corresponderia a ele em caráter. Vimos que é impossível, de qualquer forma, excluir Israel das cenas retratadas em Mateus 24.

Não deveríamos esperar encontrá-la dizimada e exausta pelas terríveis perseguições pelas quais acabou de passar?

Mas onde encontramos tal estado de coisas nas profecias?

É "o dia do Senhor", com o qual Israel será ameaçado se não se arrepender, (por exemplo, Isaías 2; Joel 2; Amós 1; Sofonias 2), bem como as nações da terra.

Portanto, se a vinda do Senhor em 1ª Tessalonicenses 4, é o arrebatamento e a libertação da Sua Igreja após "a Grande Tribulação ", por que não há nenhuma indicação disso, anteriormente naquele capítulo?

Pelo contrário, a exortação que imediatamente precede é: "Que se consoleis com as Palavras que Paulo escrevia, e estais quietos, e era para seguir adiante com seus negócios, e trabalhar com as suas próprias mãos", conselho dificilmente adequado para um povo que sofre uma perseguição feroz como a "Teoria da Tribulação" exige. Claro, eu não admito por um momento que temos em 1ª Tessalonicenses 4 versos 13 a 17, uma descrição da vinda do Filho do Homem, como em Mateus 24.

Mas por que não temos, mesmo no capítulo seguinte, uma alusão à Tribulação e aos sinais celestiais que provavelmente precederão o "dia do Senhor", ali mencionado?

E por que em 2ª Tessalonicenses os santos imaginaram que estavam no "dia do Senhor", e não na " Grande Tribulação ", se isso aconteceria primeiro?

A leitura mais correta de 2ª Tessalonicenses 2 verso 2, é:"como se o dia do Senhor já estivesse presente".

É sem fundamento aplicar, como faz um certo escritor, as referências em 1ª Tessalonicenses à "ira de Deus", simplesmente dizendo que é o "dia do Senhor". Esta "ira de Deus", é mencionada em Apocalipse 14 versos 10 e 11.

Uma terceira razão para rejeitar a "Teoria da Tribulação", é que a ordem dos acontecimentos em que ela se baseia necessita de uma distinção fictícia entre "o dia do Senhor", como um tempo em que só Deus julga o homem, e a "Grande Tribulação", como um tempo quando somente o homem aflige o povo de Deus. Aliás, os dois períodos são marcados pelas mesmas características.

Não é verdade que "o dia do Senhor" seja apenas um momento de julgamento divino direto sobre o homem. Pois, em Joel 2, por exemplo, vemos o julgamento de Deus sobre o Seu povo, mas não diretamente. Ele usa "um povo grande e forte" para castigá-los. Israel é afligido pelo homem, mas isso é claramente chamado de "o dia do Senhor" em Joel 2 verso 1. Em Lucas 21 verso 22, por outro lado, que é uma passagem paralela a Mateus 24, onde se fala da "Grande Tribulação", lemos: "Estes serão os dias da vingança, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas." Certamente a vingança aqui mencionada é a vingança de Jeová pelas mãos de Seus inimigos. Observe também a expressão em Lucas 21 verso 23, a "ira sobre este povo".

Que pessoas, além de Israel, poderiam estar em causa aqui?

A expressão no verso 22 diz: "todas as coisas que estão escritas", também aponta para isso, pois Israel é o sujeito da profecia, não a Igreja. O "dia do Senhor" também será marcado pelo julgamento de Deus contra as nações gentias, (lei com atenção, Apocalipse 16), mas não há indícios de que estes, tenham mudado nem um pouco em seu ódio contra aqueles, que recusam a marca da besta.

Veremos mais tarde que, "o tempo de angústia de Jacó", é outra maneira de expressar, a "Grande Tribulação". Mas comparando Isaías 13 verso 8, com Jeremias 30 verso 6, vemos que a mesma característica estranha é comum ao "tempo de angústia de Jacó", e ao "dia do Senhor". O problema em cada um deles é comparado ao de uma mulher em trabalho de parto, (leia também 1ª Tessalonicenses 5 verso 3). Isto não é uma prova adicional de que a "Grande Tribulação", ou "o tempo de angústia de Jacó", (e chame como quiser), está incluído no "dia do Senhor"?

Uma quarta razão para rejeitar esta ordem falaciosa de acontecimentos e esta distinção fictícia entre "o dia do Senhor" e "a Grande Tribulação", é que o mesmo carácter único e sem paralelo de severidade são previstos para ambos os períodos. Em Mateus 24 verso 21 lemos: "Haverá Grande Tribulação, tal como não existia desde o início do mundo, nem jamais haverá", e em Joel 2 verso 2 é dito sobre "o dia do Senhor"; "Nunca houve igual, nem haverá mais depois dele". Em ambos os casos, as declarações são feitas da maneira mais geral de todos os povos e épocas, de modo que não se pode dizer que os dois períodos sejam únicos apenas na experiência de alguma classe particular de sofredores. Os dois períodos referidos não devem ser iguais?

Portanto, em Jeremias 30 verso 6 lemos sobre, o "tempo de angústia de Jacó", que "não há outro igual". Visto que a mesma coisa é dita sobre a "Grande Tribulação" em Mateus 24 verso 21, não fica claro para uma demonstração que as duas expressões descrevem, possivelmente de pontos de vista diferentes, o mesmo período?

Temos que responder e dizer, segue-se inevitavelmente que se fala do mesmo período em ambos os lugares.

Mais uma vez, os "Tribulacionistas" ensinam que a "Grande Tribulação" é exclusivamente um tempo de perseguição do povo de Deus por parte do homem, e que "o dia do Senhor" é exclusivamente um tempo de julgamentos de Deus sobre o homem, mas como vimos, a sua teoria exige que a "Grande Tribulação", da qual se diz que "nenhum tempo será igual a este", deveria preceder o "dia do Senhor". Portanto, se isto fosse verdade, a perseguição do homem será mais severa do que os julgamentos de Deus sobre os perseguidores, o que é incrível. Mas como também é dito sobre o "dia do Senhor" que nunca haverá um tempo como este antes, somos reduzidos a dizer que a "Grande Tribulação" é maior do que o "dia do Senhor", e que esta última é maior que "a Grande Tribulação", o que é absurdo.

Podemos afirmar então com segurança que estas duas expressões, e o "tempo de angústia de Jacó", são apenas três maneiras diferentes de descrever, a partir de três pontos de vista diferentes, o mesmo período simultâneo. Mas se a "Grande Tribulação" é descrita em Jeremias 30 verso 6 como o tempo da "angústia de Jacó", é certo que não será a Igreja, que passará por essa Tribulação, mas o próprio Israel.

É bem possível dar muita ênfase à expressão que temos em Isaías 2: "Somente o Senhor será exaltado naquele dia". Acredito que isso não significa que durante todo o "dia do Senhor", somente Ele será exaltado, mas como resultado dos julgamentos de Deus, somente Ele será exaltado. Esta interpretação, além de perfeitamente natural, tem a vantagem adicional de estar de acordo com os fatos.

Onde encontramos naqueles capítulos de Apocalipse que os "Tribulacionistas" atribuem especialmente ao "dia do Senhor", que somente o "Nome do Senhor" é exaltado?

É realmente incrível como alguém pode sustentar seriamente que o Senhor é o único exaltado durante o "dia do Senhor", quando em Sua vinda Ele encontra a besta e o falso profeta em rebelião em flagrante contra o Senhor.

Por W. Hoste, BA

13. Os pais da Igreja eram Amilenistas ou Pré-Milenistas?

A esperança ardente do povo judeu, baseada nas promessas do Antigo Testamento, foi durante séculos o estabelecimento do Reino de Deus em glória visível na terra. Contudo, na sua ignorância, os líderes da nação ignorou completamente dois fatos básicos. Uma delas era que as promessas do Reino não lhes poderiam ser cumpridas enquanto rejeitassem a Cristo, que era o Rei de Israel. A outra era que o único caminho para o Reino era através de um nascimento espiritual. Em Seu ministério, nosso Senhor deixou esses fatos bem claros, acrescentando que Ele, sendo rejeitado, seria temporariamente afastado deles (Mateus 23 verso 39). Contudo, nunca em Sua pregação, nem em Suas conversas com os fariseus, nosso Senhor sequer sugeriu que a promessa de restauração e glória da nação tivesse sido revogado ou anulado. Visto que Ele tinha tanto a dizer a esses homens a título de correção, por que, se as antigas aspirações de Israel eram apenas um sonho vazio, Ele não lhes disse isso claramente?

Ele expôs a hipocrisia dos fariseus e mostrou que em muitos assuntos eles estavam perdendo o significado espiritual interno das Escrituras, mas nunca, nem por um momento, Ele disse algo que enfraquecesse ou diminuísse o significado externo e literal das promessas do Antigo Testamento. Aos Seus Ele disse, "que é necessário que se cumpram todas as coisas que estão escritas na lei de Moisés, e nos profetas, e nos Salmos, a meu respeito" (Lucas 24 verso 44). Quem será tão ousado a ponto de dizer que estas, "todas as coisas", não incluíam Seu futuro reinado terrestre? Quando os discípulos perguntaram: "Senhor, restaurarás neste tempo o reino a Israel?" (Atos 1 verso 6), por que Ele simplesmente respondeu que não cabia a eles conhecer "os tempos", se na verdade o Reino nunca seria restaurado?

É muito importante que isto esteja claro, pois tem sido ensinado que os princípios do Pré-Milenismo foram emprestados pela primeira geração de cristãos do judaísmo corrupto, e que desde que o nosso Senhor condenou os fariseus, Ele próprio deve ter sido um A-Milenista. O Pré-Milenismo tem suas raízes nos escritos sagrados do Antigo Testamento e não há verdade na afirmação de que nosso Senhor era um Amilenista.

O fato de pouco ser dito sobre o reinado terreno de nosso Senhor em algumas das epístolas não prova nada e não precisa nos surpreender. Muito pouco é dito neles a respeito da Ceia do Senhor, mas isso não significa que os escritores não acreditassem nessa ordenança sagrada. Novamente, comparativamente falando, não é revelado muito no Antigo Testamento a respeito da felicidade das almas dos santos que partiram. Vários livros não fazem alusão a isso, mas certamente a verdade de seu estado futuro não é posta em dúvida por causa disso. A Bíblia é uma grande unidade divina, e nela cada doutrina tem seu lugar apropriado. Deus não se repete desnecessariamente. Se Ele, o Autor da verdade, menciona um fato ou doutrina uma vez, seja no Antigo ou no Novo Testamento, isso deveria ser suficiente para a nossa fé. Não há nada em nenhum livro do Novo Testamento que seja inconsistente com o conceito de um reinado glorioso na terra. Acreditamos que nosso Senhor e Seus apóstolos o consideraram um artigo vital de sua fé, embora sua duração não seja revelada até chegarmos a Apocalipse 20. O período apostólico não foi sem suas disputas sobre certos assuntos doutrinários, mas, sobre "o Reino Milenar", não há registro de qualquer disputa sobre esta questão, e devemos entender o silêncio de alguns escritores sobre o assunto. Não existia necessidade de enfatizar uma doutrina bem conhecida e universalmente sustentada.

O período que se seguiu imediatamente à era apostólica foi o período mais puro, mais espiritual e mais ortodoxo da história da Igreja desde que os apóstolos faleceram. Nele estavam professores santos que conheceram e ouviram os apóstolos. Tais pessoas estavam, portanto, bem qualificadas para contar o que os apóstolos acreditavam sobre esta questão, e também como eles próprios e seus contemporâneos encaravam a profecia do Apocalipse. Escrevendo sobre suas visões teológicas, o teólogo anglicano irlandês, erudito bíblico, professor e tradutor da Irlanda do Norte, Sr. Robert Henry Charles, que não tinha preconceitos milenares, disse: "Os primeiros expositores estavam certos, pois estavam em contato próximo com o tempo apostólico".

Como veremos agora, a evidência destes primeiros Pais da Igreja, inclina fortemente a balança a favor do Pré-Milenismo. É claro que os A-Milenistas não gostam de admitir isso. Na sua obra em inglês, intitulado, "The Momentous Event", o autor,

William James Grier, dedica um capítulo a, "Os Pai da Igreja e o Milênio". Nele, ele se esforça arduamente para refutar uma afirmação do Dr. Charles Feinberg, que afirma que, "toda a Igreja primitiva dos primeiros três séculos era Pré-Milenistas, quase até um homem". Ao fazer isso, o Sr. Grier revisa os ensinamentos de vários santos, desde Clemente de Roma, (possivelmente, seja o mesmo Clemente de Filipenses 4 verso 3), até Agostinho (do ano 354 a 430 d.C.), e se ele consegue ou não refutar a afirmação do Dr. Charles Feinberg, só é válido para ele mesmo. Ele nos assegura que na primeira carta de Clemente não há, "nenhum indício de duas ressurreições ou de uma ressurreição apenas dos justos ou de um reino milenar na terra", e que na segunda carta, (provavelmente escrita pelo mesmo Clemente), não há, "nem uma palavra de um reino milenar na terra". Este silêncio, contudo, não consegue provar que Clemente não cria num milênio literal na terra. Ele pode ter sido o mais convencido deste fato. Em sua primeira carta, ele cita Hebreus 10 verso 37 e Malaquias 3 verso 1 em apoio à visão de que os propósitos de Deus, "serão cumpridos em breve e repentinamente". Estas citações não implicam claramente o reino terreno do Senhor Jesus? Muitos acreditam que sim. A vinda do Senhor ao 'Seu templo' em Malaquias 3 verso 1, é seguida pela promessa de que, "Então a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos", (verso 4). Não é esta uma "sugestão", – e também bastante clara, – de "um reino milenar na terra"?

O A-Milenistas, Sr. William James Grier, a seguir faz uma citação de Policarpo sobre a vinda do Juiz e sobre nossa ressurreição. Incluída na citação está a frase: "Ele vem como Juiz dos vivos e dos mortos". Comentando isto, o Sr. Grier, diz: "Policarpo parece esperar um julgamento geral na segunda vinda de Cristo. Ele certamente não tem uma palavra sobre um reino milenar na terra". Ora, é verdade que o nobre mártir aqui, "parece procurar um julgamento geral". Não é de todo certo que ele o faça. Ele "parece" fazer isso, mas você não pode construir com segurança o que uma pessoa "parece" fazer, pode? Na verdade, não há base sólida e segura nesta afirmação para a opinião de que Policarpo acreditava num julgamento geral. Note o que Policarpo disse: "Se conquistarmos Sua aprovação no mundo atual, ganharemos também o mundo vindouro. Ele prometeu nos ressuscitar dentre os mortos. Se nos comportarmos como cidadãos dignos do Seu reino, também compartilharemos da Sua realeza... Ou vocês não sabem que os santos julgarão o mundo?" Isto pode ser lindo na, (Cartas de São Policarpo aos Filipenses, no livro intitulado: "Ancient Christian Writers", ou seja, "Antigos Escritores Cristãos", Volume 6, páginas 78 e 81).

Agora, a primeira frase aqui é uma referência a Hebreus 2 verso 5; a segunda e a terceira sentenças são retiradas de 2ª Timóteo 2 versos 11 e 12, e Apocalipse 20 versos 4 e 6; e o último é uma citação de 1ª Coríntios 6 verso 2. É verdade que Policarpo não usa aqui, "uma palavra de um reino milenar na terra". Pode haver alguma dúvida, entretanto, sobre o que ele tem em mente? Qual é o contexto em cada uma dessas quatro passagens? Em que sentido é afirmado em Apocalipse 20 verso 4, que "eles viveram e reinaram com Cristo"? Novamente, quando os santos julgarão o mundo? Será na "era vindoura"? Se assim for, essa "Era", não pode ser o estado eterno, pois não haverá mal para julgar, se então fosse o caso. Portanto, deve estar no que chamamos de milênio. Se insistirmos que a referência é ao julgamento do Grande Trono Branco, então isso não pode ser um "julgamento geral", como ensinam os A-Milenistas, pois como podem os santos "julgar o mundo", e na mesma sessão serem eles próprios julgados com o mundo? Qualquer que seja a nossa visão, ela condena os A-Milenistas. Agora, por que o Sr. Grier ignorou em silêncio essas crenças do amado Policarpo? Talvez, é claro, ele não os tivesse notado.

O terceiro Pai da Igreja, cujos escritos são revistos em, "O Evento Momentâneo", é Inácio de Antioquia. Em sua longa viagem a Roma, onde seria martirizado, Inácio escreveu sete cartas, afirma o Sr. Grier, "dos eventos finais, ele não diz absolutamente nada". Agora, é verdade que Inácio diz muito pouco sobre "eventos finais". Ele alude a um desses eventos, no entanto, como ilustram as seguintes citações: "Quem (falando de Cristo), além disso foi verdadeiramente ressuscitado dentre os mortos, tendo Seu Pai o ressuscitado, o qual da mesma forma ressuscitará também a nós que cremos Nele, - Seu Pai, eu digo, nos ressuscitará, - em Cristo Jesus"; (extraído da carta de Inácio, "Para os Tralianos", capítulo 9); "Eu ressuscitarei livre nEle" (extraído da carta de Inácio, "Aos Romanos", capítulo 4). Nestas citações, Inácio fala da ressurreição futura, e isso certamente é um evento do fim dos tempos. Neles também está a ressurreição dos santos de que ele fala. Eles serão ressuscitados "da mesma forma" como o Filho de Deus foi ressuscitado. Eles serão criados "em Cristo Jesus" e "livres nEle". Nenhuma pessoa não salva será ressuscitada na primeira ressurreição. Isto é perfeitamente consistente com o ensino do Novo Testamento.

Além disso, ser ressuscitado, "da mesma forma" como Filho de Deus, "em Cristo Jesus", e "livre nEle", implica uma ressurreição além de todo julgamento, no que diz respeito às consequências penais da culpa. Sugerir que um crente em Cristo, que foi "perdoado de todas as ofensas", que foi abençoado, não apenas com a dignidade de filiação, mas "com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais", que foi "feito adequado para a herança dos santos na luz", cujo espírito resgatado talvez esteja há séculos, "com Cristo, que é muito, muito melhor", e cujo corpo será ressuscitado "em glória" e "em poder", conforme (1ª Coríntios 15 verso 43), para sugerir que esse crente ainda deve permanecer com a multidão ímpia, os inumeráveis ​​mortos ímpios, em um "julgamento geral" diante do Grande Trono Branco de Apocalipse 20, para ser "julgado cada homem de acordo com suas obras", trai uma concepção estranhamente pervertida do amor de nosso gracioso Pai. É antibíblico, absurdo e totalmente indigno de Deus, cuja Palavra prometida é que o crente, "não entrará em julgamento". (João 5 verso 24)

Mesmo que a afirmação de Inácio de Antioquia, "Eu ressuscitarei livre nEle", se refira ao que aconteceria na morte do mártir, a citação mais longa certamente alude a "um evento no final". Além disso, se um crente for "livre" na morte, muito mais ele será "livre" na ressurreição. Onde, porém, estaria a liberdade se ele soubesse que ainda teria de comparecer no tribunal, enfrentar os livros abertos, mesmo que no final lhe fosse concedida uma dispensa judicial?

Inácio, também disse: "Marquem as estações. Esperem Aquele que está acima de todas as estações, o Eterno…" ("Santo Policarpo", volume 7, capítulo 3). A palavra grega aqui traduzida como 'esperar' pode ser traduzida corretamente como 'aguardar', e na verdade, outra tradução é: "Considere o tempo. Aguarde por Ele...". Isso enfatiza o espírito de expectativa e, como as citações anteriores, aponta para o tempo do fim. Finalmente, as últimas palavras do mártir aos romanos foram estas: "Ficai bem até o fim, na paciente espera por Jesus Cristo." Como seus outros ditos que foram citados, este é completamente Pré-Milenistas em perspectiva.

O A-Milenista, Sr. Grier, então examina, "A Carta de Barnabé", que se pensa ter sido escrita em algum momento entre os anos 117 e 138 d.C. Ele cita o Professor, Diedrich Hinrich Kromminga, dizendo: "Barnabé era o que hoje chamamos de A-Milenista". Segundo o próprio revisor, porém, esta afirmação foi uma 'presunção' por parte do Professor. Ficamos satisfeitos, após uma leitura cuidadosa da, "A Carta de Barnabé", de que nada mais era do que isso, uma 'presunção'. Em que então Barnabé acreditou? Ele acreditava no retorno iminente de Cristo, lemos por exemplo em sua Carta: — "Está próximo o Senhor e Sua recompensa", extraído do livro, (Antigos Escritores Cristãos, Volume 6, página 64). Ele acreditava que os seis dias da Criação em, (Gênesis 1), retratam as seis eras sucessivas da história humana, que o Senhor virá, "porá fim à era do Iníquo, julgará os ímpios e mudará o sol, o a lua e as estrelas", e que "então no sétimo dia Ele dará descanso". Além disso, ele acreditava que "o fim do mundo" se seguiria, quando Deus "inauguraria o oitavo dia, que é o amanhecer de outro mundo", extraído do livro, (Antigos Escritores Cristãos, volume 6, página 59). Isso é consistente com o ensino A-Milenista? Certamente que não! Isto é o que nosso amigo chama de "presunção" do erudito Professor! O editor dos livros, "Antigos Escritores Cristãos", afirma claramente em suas "Notas" anexas, que Barnabé sustentava a doutrina de um milênio terrestre, (Isto pode ser lido no livro, Antigos Escritores Cristãos, volume 6, página 79, nota 160).

Ao discutir os pontos de vista deste pai da Igreja, o A-Milenista, Sr. Grier pergunta: "Que Pré-Milenista está disposto a admitir que o milênio é introduzido pelo julgamento dos ímpios, como Barnabé afirma?" Só podemos expressar espanto por tal pergunta ser feita. Como ele imagina que acreditamos que isso será introduzido? Será por julgamento divino sobre os ímpios, é claro. Isto é o que muitas Escrituras ensinam claramente. Mas perguntamos, como pode o Sr. Grier, ser tão ignorante sobre o que os Pré-Milenistas defendem? "Barnabé", diz novamente o Sr. Grier, "exclui a possibilidade de um milênio terreno em que os homens não regenerados estarão sob o reinado de Cristo". Respondemos que o que o pai Igreja ensinou a respeito do lugar dos "homens não regenerados" naqueles dias é uma consideração muito secundária. Não discutiremos sobre isso. Afirmamos, no entanto, que "Barnabé" certamente NÃO "exclui a possibilidade de um milênio terrestre", mas sim o estabelece. Sua doutrina certamente não deixa espaço para a escatologia A-Milenista. Apenas o Professor, Diedrich Hinrich Kromminga, de todos os autores consultados, parece acreditar que Barnabé era um amilenista. Muitos A-Milenista admitem que ele é um Pré-Milenista.

Já dissemos o suficiente para demonstrar se os argumentos do A-Milenista, Sr. Grier, relativos às crenças dos antigos Pais da Igreja repousam ou não sobre um fundamento seguro. Ele parece estar inadequadamente informado sobre o que os Pré-Milenistas realmente acreditam. Esta é uma característica surpreendente em muitas partes de seu livro. Outra característica notável é que, embora ele cite o que se adequa ao seu propósito, – e é claro que ninguém pode culpá-lo por isso, – ele frequentemente ignora muitas coisas que poderiam ir contra as visões A-Milenistas. Também em vários casos os seus argumentos baseiam-se principalmente em evidências negativas, incertas e inconclusivas, por exemplo, ele diz: — "Clemente… não tem indícios de duas ressurreições", "não diz uma palavra de qualquer reino milenar", "Policarpo parece procurar um julgamento geral", "ele provavelmente teria dito isso", "Isso parece um julgamento geral", "toda distinção parece ter sido eliminada" e "a presunção é". Declarações de certeza positivas, fundamentariam o seu argumento e transmitiriam convicção, mas certamente não em sentenças tão carentes de provas como estas.

É verdade que alguns dos primeiros Pais da Igreja cometeram erros graves. Alguns tinham uma concepção muito imperfeita da verdade profética. Alguns mudaram e outros modificaram suas opiniões, e alguns empregaram linguagem extravagante. Tudo isso é concedido de bom grado. No entanto, – e é isto que sublinho, – o Pré-Milenismo foi forte no período Pós-Apostólico. Alguns Pais da Igreja fizeram apenas uma breve referência aos seus conceitos milenares, mas mesmo isto deve ser levado em conta. Todos acreditavam que uma certa ilha era desabitada, mas a crença desapareceu no ar quando uma pegada humana foi encontrada em sua costa. Assim, mesmo uma "pegada" da escatologia Pré-Milenista é suficiente para indicar a posição de certos Pais da Igreja. Eusébio, o historiador da Igreja, (que viveu entre os anos 260 a 340, d.C.), embora não seja um Pré-Milenista, admite que, "a maioria dos escritores eclesiásticos", incluindo, Pápias e Irineu, "adotaram tais sentimentos", (isto pode ser lindo em seu livro, "História Eclesiástica", página 115). Muitos comentaristas e autores confiáveis ​​de tempos mais modernos afirmam que há evidências abundantes e esmagadoras disso. Vamos citar apenas alguns:

Temos o Dr. A. J. Bengel, (viveu do ano 1687 a 1751), autor do famoso "Gnomon", ele disse: "A Igreja primitiva acreditava plenamente que a segunda vinda de Cristo poderia preceder ou inaugurar os mil anos de Seu reinado".

Dr. Andrew Bonar, o santo pregador escocês, disse: "A doutrina do milênio prevaleceu universalmente durante os primeiros três séculos", (em seu livro, "Marcos Proféticos").

Adolf Harnack, disse: "Esta doutrina do segundo Advento de Cristo e do reino milenar, aparece tão cedo que pode ser questionado se não deve ser considerada como uma parte essencial da religião cristã".(Pode ser lido na, Encyclopaedia Britannica", volume 15, página 495).

Dr. Philip Schaff, historiador da Igreja, disse: "O ponto mais marcante na escatologia da era Pré-Nicena, é o proeminente "Quiliasmo", ou seja, a doutrina que afirma que os predestinados ficariam ainda na Terra durante mil anos após o julgamento final, no gozo de todos os prazeres." (Em seu livro, "A Testemunha do Advento").

Henry Alford, o notável comentarista, disse: "Que o Senhor virá em pessoa a esta terra, que Seus eleitos reinarão com Ele…, que o poder do mal será limitado…, esta é minha firme convicção…, assim como foi a de Sua Igreja primitiva, antes que a controvérsia cegasse os olhos dos Pais, à luz da profecia". (Em seu livro, "O Testamento Grego", página 259).

Até mesmo Oswald Allis, um importante A-Milenista, admite que o "Quiliasmo", "era amplamente defendido na Igreja primitiva"; e Daniel Whitby, o "pai do Pós-Milenismo", (que viveu entre os anos de 1638 a 1726), também afirma que, "a doutrina do milênio…, passou entre os melhores cristãos durante duzentos e cinquenta anos como uma tradição apostólica".

Em vista destas evidências, todas tão inequívocas, e todas provenientes de homens na primeira linha da erudição, o que se ganha ao tentar dar a impressão de que a Igreja primitiva não era predominantemente Pré-Milenista? No entanto, o Sr. Philip Mauro em seu livro, "O Evangelho do Reino", o Arquidiácono Lee em seu livro, "The Speaker's Commentary", o Sr. W.H. Rutgers em seu livro, "Premillermialism in America", e outros, bem como o Sr. Grier, esforçam-se arduamente para estabelecer isto. Todos os seus argumentos, no entanto, são fracos e insatisfatórios. O Sr. Charles Caldwell Ryrie atribui as afirmações de Mauro à pura "ignorância dos fatos". O grande refúgio do Sr. Lee é o silêncio de certos Padres da Igreja sobre o assunto. O argumento do Sr. Rutger é que "a prevalência de pontos de vista milenaristas tem sido indevidamente exagerada". "Mas quando ele (o Sr. Rutger), se pronuncia sobre o "Quiliasmo" dos primeiros colonizadores americanos, suas observações são tão infundadas e tão amplas que o Sr. Smith lhe dá o golpe de misericórdia em todo o argumento histórico". (Livro intitulado: "Pré-Milenismo ou A-Milenismo?", Sr. C.L. Feinberg, página 245).

Em sua obra, "A Base da Fé Pré-Milenista", o autor, Sr. Charles Caldwell Ryrie, traça a evidência do Pré-Milenismo ao longo dos três primeiros séculos cristãos. Ele fundamenta isso com citações de homens como: 1º. O Didache; 2º. Clemente de Roma; 3º. O Pastor de Hermas; 4º. Barnabé; 5º. Inácio; 6º. Papias; 7º. Justino Mártir; 8º. Irineu; 9º. Tertuliano; 10º. Cipriano; 11º. Commodiano; 12º. Nepos; 13º. Lactâncio.

Ele também inclui os nomes de homens como: 14º. Coracion; e 15º. Metódio, que pelas razões expostas devem ser considerados "Quiliastas".

A esta lista, é claro, outros nomes poderiam ser adicionados. Alguns deles tinham mais luz do que outros. Alguns enfatizam uma faceta da crença Pré-Milenista, alguns outros.

Sr. George N. H. Peters que foi um ministro luterano americano e autor d do livro "The Theocratic Kingdom", fornece uma lista mais extensa de expoentes do "Quiliasmo" para este período. Ele dá os nomes de quinze defensores dele no primeiro século, (sete deles são apóstolos, e estão listados por Papias, que é, acredita-se ter conhecido o apóstolo João); nove no segundo; e sete no terceiro (pode ser lido no livro, "Things to Come", páginas 374 e 375). Mesmo que a evidência de alguns destes trinta e um defensores seja contestada, o testemunho a favor do Pré-Milenismo permanece forte e inabalável. Isto fundamenta plenamente as declarações anteriores citadas sobre a prevalência quase universal desta fé no período Pós-Apostólico, no qual havia homens ainda vivos que conheceram e ouviram o discípulo amado e, portanto, tinham o melhor direito de nos dizer o que ele significado em Apocalipse Capítulo 20.

Por William Bunting

14. Existem profecias assegurando um futuro nacional para Israel?

As Profecias concernentes ao futuro dos Judeus, de sua terra e do trono de Davi, seu rei, são tão numerosas que seria impossível, no espaço aqui disponível, citar ou mesmo referir-se a mais do que algumas delas.

ISAÍAS está repleto de promessas de restauração de Israel. Capítulos inteiros são dedicados ao assunto.

Isaías 11 versos 11 a 13, por exemplo, o profeta diz: "O Senhor porá novamente a sua mão pela segunda vez, para recuperar o remanescente do seu povo, que restará, da Assíria…, Egito…, Patros…, Cuxe…, Elão…, Sinar…, Hamate, e das ilhas do mar. E Ele (…) reunirá os rejeitados de Israel e reunirá os dispersos de Judá desde os quatro cantos da terra. Também a inveja de Efraim desaparecerá, e os adversários de Judá serão exterminados. Efraim não invejará Judá, e Judá não irritará Efraim."

Agora, a primeira vez que o Senhor recuperou Seu povo foi quando as duas tribos foram trazidas de volta da Babilônia. Mas aqui Ele promete que no "segundo tempo", Ele recuperará todas as doze tribos, (quando menciona, Judá, está também, Benjamim; e quando fala de Efraim, se refere as dez restantes), e isso "dos quatro cantos da terra", e não apenas da Babilônia. Então as duas partes alienadas da nação viverão juntas pacificamente. Esta profecia nunca foi cumprida e não pode ser aplicada espiritualmente à Igreja com qualquer consistência.

O mesmo assunto é tratado em Isaías, nos capítulos 27 versos 12 e 13; Capítulo 43 versos 1 a 8; Capítulo 49 versos 8 a 16; Capítulo 61 versos 1 a 11; Capítulo 65 versos 8 a 10, e versos 17 a 25; Capítulo 66 versos 10 a 24, e outras passagens nesta grande profecia.

Como a porção no Capítulo 11, eles ainda nunca foram cumpridos. Certamente não estão se cumprindo na Igreja.

Como poderiam os dois versículos do Capítulo 27, por exemplo, se aplica a esse organismo, a Igreja?

A Igreja alguma vez foi chamada de "Jacó", (Isaías 43 verso 1)?

O Egito, a Etiópia e Sebá foram dados como "resgate" por isso, (verso 3)?

A Igreja "herda heranças desoladas", (Isaías 49 verso 8)?

Qual é a "terra da sua destruição", (Isaías 49 verso 19), e quais são as suas "cidades devastadas", (Isaías 61 verso 4)?

Ou estão no Céu ou no Estado Eterno?

Novamente, Deus alguma vez "abandonou" Sua Igreja, como se diz de Israel (Isaías 49 versos 14; Capítulo 54 verso 7)?

Ele não disse a ela: "Nunca te abandonarei", (Hebreus 13 verso 5)?

Não negamos que nestes capítulos haja linguagem figurada, e que partes deles possam receber uma aplicação secundária à Igreja, mas certamente deve ser cegado deliberadamente aquele que não pode ver aqui o futuro reagrupamento literal da nação de Israel.

De que outra forma devemos entender os dois últimos capítulos do livro de Isaías?

Onde e quando será cumprido, Isaías 65 verso 20?

Não haverá "pecador" e nem "maldição" no Céu nem no Estado Eterno. Lá também "eles não contam o tempo em anos", mas nesta profecia de Isaías fala em, "uma criança e em cem anos."

Então o versículo 25 deste capítulo, fala da presença de lobos, cordeiros, leões e serpentes.

Alguém ousaria afirmar que estes estão na Igreja, no Céu ou no Estado Eterno?

Perguntamos ainda, como também devemos entender a cena de Isaías 66, onde haverá um centro de adoração; onde serão celebrados o "sábado", e as festas mensais, onde oficiarão os "sacerdotes e levitas", onde haverá uma cidade chamada "Jerusalém", e fora dela um lugar de "abominação para toda a carne"?

Só há uma resposta! O cenário é Milenar e aguarda o dia do grande retorno e restauração de Israel.

E quando passamos para o testemunho das profecias de JEREMIAS, só vem a confirma tudo isto. Aqueles a quem o Senhor prometeu recuperar do cativeiro são chamados de "Israel", "Judá", "Jacó" e "Efraim", (Jeremias 30 versos 3 e 7; e Capítulo 31 verso 9), – nomes que nunca se referem à Igreja. Eles são ainda descritos como "a semente de Abraão, Isaque e Jacó", (Jeremias 33 verso 26), e embora se admita que os membros do Corpo de Cristo sejam a semente de Abraão, eles nunca são chamados de semente de Isaque ou Jacó. Novamente, quando lemos: "Aquele que dispersa Israel", (Jeremias 31 verso 10), a alusão não pode ser ao rebanho espiritual de Cristo, pois é o lobo e o mundo que dispersa Suas ovelhas, (João 10 verso 12; e Atos 8 verso 1), mas nunca o Bom Pastor; e nenhum cristão instruído certamente falaria do Senhor ferindo Sua Igreja "com a ferida de um inimigo" (Jeremias 30 verso 14). Além disso, quando lemos sobre o povo retornando à "terra que (Deus) deu a seus pais", (Jeremias 30 verso 3), sobre sua habitação novamente nas cidades de Judá, (Jeremias 31 verso 24), e quando sete marcos bem conhecidos na Jerusalém restaurada são nomeados, (Jeremias 31 versos 38 a 40), parece absurdo sugerir que é a Igreja que está em vista. Bobagem, irmãos, bobagem! O que a "torre de Hananéel", o "vale dos cadáveres" ou a "porta dos cavalos" têm a ver com a Igreja do Deus vivo?! Tudo isso é linguagem literal. Seu bom senso dado por Deus lhe diz que sim. Não pode referir-se à Igreja, e seria igualmente absurdo aplicá-lo ao Céu ou ao Estado Eterno. Foi o Israel literal que foi "disperso", e é o Israel literal que será "reunido" novamente, (Jeremias 31 verso 10).

Quando o Senhor promete ainda que Seu povo retornará "dos confins da terra" (Jeremias 31 verso 8), que um "grande grupo retornará", (verso 8), tão grande de fato que a terra não será grande o suficiente para contê-los, (Isaías 49 versos 19 e 20; e Zacarias 10 verso 10), para que "todos conheçam o Senhor" e "desfrutem do Seu perdão", (Jeremias 31 verso 34), para que tenham "abundância de paz", (Jeremias 33 verso 6), que "Jerusalém habitará seguramente", (verso 16), que eles "não mais sofrerão" (Jeremias 31 verso 12), nem serão "derrubados", (Jeremias 31 verso 40), que eles não tenham mais medo (Jeremias 30 verso 10), que "os estranhos não mais se servirão deles", (Jeremias 30 verso 8), e que então servirão, "Davi, seu rei", (Jeremias 30 verso 9), é óbvio que uma libertação muito maior do que o da Babilônia sob Esdras é contemplado. Portanto, nenhuma dessas doze declarações foram cumpridas. Tudo o que aqui é prometido, porém, terá um cumprimento literal e completo "nos últimos dias", (Jeremias 30 verso 24), pois a "Força de Israel não mentirá nem se arrependerá".

Nas profecias de EZEQUIEL, da mesma maneira, presta sua cota de testemunho. O Bom Pastor "procurará as suas ovelhas e as livrará de todos os lugares onde foram espalhadas", e "as levará para a sua terra", (Ezequiel 34 versos 12 e 13). Nunca mais estarão sob o jugo gentio, (verso 28). O Capítulo 36 versos 1 a 15 descreve a restauração da Terra; e versículos 16 a 38, a limpeza moral da nação. A Restauração Nacional de "toda a casa de Israel", segue em Ezequiel 37 versos 1 a 14, e então nos versículos 15 a 25 ocorre a reunião das dez tribos e das duas tribos, "e meu servo Davi será seu príncipe para sempre", (verso 25). A destruição de seus inimigos "sobre as montanhas de Israel" ocorre nos capítulos 38 e 39. Os capítulos 40 a 48 fornecem uma descrição magnífica da Jerusalém restaurada e do Templo reconstruído. Os limites do Território são apresentados nos capítulos 47 e 48, sendo várias cidades listadas no capítulo 47; enquanto no capítulo 48 todas as tribos de Israel são nomeadas. Está totalmente fora de questão supor que essas grandes profecias já tenham sido cumpridas na história da nação, e que as bênçãos desfrutadas pela Igreja, correspondam de alguma forma a elas. Contudo, como as profecias de Jeremias que vimos, cada uma delas será literalmente cumprida ao pé da letra "nos últimos dias", (Ezequiel 38 versos 8 e 16).

Além do já citamos, existem muitas referências à bênção futura de Israel em livros posteriores do Antigo Testamento, por exemplo: Daniel 9 versos 24 a 27; 12.1; Oséias 3 verso 4, 5; Joel 3 verso 20; Amós 9 verso 14 e 15; Miquéias 4 versos 6 e 7; Zacarias 3 versos 14 a 20; Zacarias 2 versos 11 e 12; Zacarias 8 versos 20 a 23; Zacarias 12 versos 2 e 3; Zacarias 14 versos 1 a 21.

Algumas dessas passagens são de especial interesse para nosso estudo. A profecia de Daniel 9, por exemplo, foi proferida para que o povo de Deus soubesse que a libertação prometida da Babilônia não era a libertação total e final de Israel predita pelos profetas. Isto aconteceria, não no final dos setenta anos previstos em Jeremias 25 verso 12, (conforme Daniel 9 verso 2), mas no final de setenta "semanas" proféticas (ou seja, setenta, setes de anos). A septuagésima semana de Daniel 9 verso 27, porém, ainda não foi cumprido, falta uma semana, ou seja, sete anos. Para o seu cumprimento, Israel deve estar de volta à sua própria terra, e no seu final as bênçãos do verso 24, serão desta nação salva e restaurada ao Senhor.

As outras passagens de significado especial são aquelas encontradas em Zacarias, e sua característica interessante é que foram escritas após o retorno da Babilônia. Agora, a grande libertação e restauração nacional de Israel, conforme aqui prevista, não pode, com qualquer consistência, ser espiritualizada como aplicável à Igreja. O cumprimento das profecias de Zacarias, portanto, deve ser ainda futuro, o que confirma o que foi dito sobre profecias anteriores com as quais estas estão em perfeita harmonia.

Por William Bunting

15. O futuro nacional para Israel é certo?

Os Amilenistas afirmam com confiança que não existe um futuro para Israel como nação. Mas o que diz a Escritura? Deus não tem um futuro glorioso reservado para Israel? Se Ele não o fará, o que aconteceria com as numerosas profecias bíblicas de bênçãos nacionais mundiais para os filhos de Jacó?

Os principais argumentos dos A-Milenista de que não existe um futuro para Israel como nação, são as seguintes:

1ª. Que essas promessas devem ser compreendidas espiritualmente.

2ª. Que muitos dessas promessas estão sendo cumpridos na Igreja nesta época.

3ª. Que outras promessas que retratam uma era dourada para a nação, se cumprem no Céu.

Em relação ao primeiro destes argumentos, de que o método espiritualizante, tal como empregado pelos A-Milenistas, violenta todos os cânones de interpretação sólida. "As Escrituras", devem ser entendidas de uma forma normal, gramatical e literal; isto é, é claro, a menos que o Senhor indique claramente o contrário. Quando o bom senso faz sentido, não procure outro sentido. O cumprimento literal de centenas de profecias no passado prova a absoluta solidez deste princípio fundamental de interpretação. Destas profecias, podemos considerar aqui apenas algumas, para dar provas de que, é incensastes a maneira de interpretação A-Milenista:

1ª. Profecias a respeito de indivíduos. Veja, por exemplo, Deuteronômio 32 verso 50 (Moisés); Josué 6 verso 28 (Reconstrutor de Jericó); 2ª Reis 7 versos 1, 2, 17 a -20 (um "senhor" em Samaria).

2ª. Profecias relativas às grandes cidades. Veja, por exemplo, Ezequiel Capítulos 26 e 27 (Tiro); Capítulo 28 versos 20 a 23 (Sidônia); e Lucas 19 versos 42 a 44 (Jerusalém).

3ª. Profecias sobre nações poderosas. Veja, por exemplo, Gênesis 15 verso 14 (Egito); Isaías Capítulos 13 e 14 (Babilônia).

3ª. Profecias a respeito de Israel, — sua escravidão no Egito, (Gênesis 15 verso 13); sua libertação do Egito (Gênesis 15 verso 14); seus quarenta anos de peregrinação (Números 14 verso 33); a conquista de Canaã (Josué 1 versos 2 e 3); sua apostasia (Deuteronômio 31 versos 16); seus setenta anos de cativeiro (Jeremias 25 versos 11, 12); seu retorno do cativeiro (Jeremias 29 verso 10); sua atual dispersão e cegueira espiritual (Lucas 21 verso 24; e Romanos 11 verso 25).

4ª. Profecias relativas ao Universo Físico, (Gênesis 8 verso 22; Capítulo 9 versos 12 a 17; Isaías 54 verso 9; Salmos 148 versos 4 a 6; e Jeremias 31 versos 35 e 36).

5ª. Profecias relativas ao primeiro advento de Cristo, – Seu nascimento, vida, sofrimentos, morte, sepultamento e ressurreição. Eles são numerosos demais para serem listados aqui, mas são do conhecimento de todo leitor sincero. E sei que existem ao todo mais de 300 delas.

6ª. Profecias dos últimos tempos, últimas dias e últimas horas, (1ª Timóteo 4 versos 1 a 3; 2ª Timóteo 3 versos 1 a 5; 2ª Pedro 2, e a Epístola de Judas).

Agora, todas essas profecias foram, ou estão em vias de ser, literalmente cumpridas. Quando Deus as criou, Ele quis dizer exatamente o que Ele disse, – nada mais, nem menos, nem diferente; e aqueles a quem foram feitos justos, os compreenderam. Como então, diante de algumas das declarações mais claras da Palavra de Deus, ousamos nós ou qualquer outra pessoa dizer que as profecias relativas ao destino de Israel serão cumpridas de qualquer maneira que não seja literal?

É verdade que essas profecias são mantidas em suspenso durante o atual parêntese da Igreja. As Escrituras deixam perfeitamente claro que desde a rejeição de Cristo pelos líderes Judeus em Mateus Capítulos 12 e 13, todos os relacionamentos meramente naturais foram negados por Cristo, (Mateus 12 versos 46 a 50), que a oferta do tão esperado reino em glória e poder foi retirada da nação favorecida, (Mateus 21 verso 43), e que o reino está agora em forma de mistério. Isto é, está velado e, portanto, não é visível nem exposto externamente, pois como poderia ser manifestado publicamente, visto que o Rei teve seus direitos reais negados perversamente, expulso e crucificado? (Mateus 21 versos 33 a 43). Daí o ensino em parábolas de nosso Senhor sobre o reino em Mateus Capítulo 13, é descrito no versículo 11 como "mistérios", que os rejeitadores Judeus não conseguiam entender (versos 11 a 15), e o Capítulo nos fornece as características especiais do reino conforme visto nesse aspecto. Daí também Palavras de Cristo em Lucas 17 verso 21, "O reino de Deus está dentro de vós", com as quais podemos comparar com Romanos 14 verso 17 e 1ª Coríntios 4 verso 20. Este aspecto era algo inteiramente novo e jamais sonhado por Seus discípulos. Naturalmente foi difícil para eles reconciliarem-se com a visão de que o reino havia agora assumido uma forma nova e oculta. Mesmo depois da ressurreição de Cristo "perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?" (Atos 1 verso 6).

O fato de Israel estar presentemente posto de lado, contudo, não significa de forma alguma que a rejeição da nação por parte de Deus seja final ou irrevogável. Se fosse esse o caso, nosso Senhor não estava moralmente obrigado a dizer isso aos discípulos perplexos em Atos 1: "Não vos compete saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder" (verso 7). Perguntamos, "Os tempos ou as estações" de quê? A resposta certa é, da "restauração do reino a Israel", que era o assunto sobre o qual acabavam de lhe perguntar, como se vê claramente no contexto. Israel é rejeitado, mas apenas temporariamente. O apóstolo Paulo disse: "Deus não rejeitou o seu povo, que dantes conheceu" (Romanos 11 verso 2). Seu decreto imutável é que Israel será reunido e se tornará o centro da administração divina e das bênçãos sobre a terra. "E assim todo o Israel será salvo; como está escrito: Virá de Sião o Libertador, e afastará de Jacó a impiedade. Pois os dons e o chamado de Deus são sem arrependimento". (Romanos 11 versos 26 a 29)

Por William Bunting

16. Romanos 11, ensina que os crentes do Antigo e Novo Testamento formam uma Igreja, a mesma “Oliveira”?

Será que podemos concordar com aqueles que afirma que, os termos "Igreja", e "Oliveira", de Romanos 11, são sinônimos? Não, nem por um momento.

A verdade da Igreja não entra em Romanos 11. Pois Romanos 11, trata da verdade dispensacional. É de extrema importância ver isso. É verdade que da apostasia de Israel há, "neste tempo, um remanescente segundo a eleição da graça" (verso 5), e que faz parte da Igreja. Esse, no entanto, não é o argumento aqui.

A Oliveira representa Israel no lugar de privilégio e responsabilidade para Deus na terra. Por causa da incredulidade, "os ramos naturais", isto é, o povo Judeu, foram cortados e uma "oliveira brava" enxertada (verso 17). Não precisamos ter nenhuma dúvida quanto ao povo que a oliveira brava representa. Representa "os gentios". Observe com que frequência, eles são mencionados no capítulo. Observe também que, ao se dirigir aos seus leitores romanos no versículo 13, Paulo não se dirige a eles como "cristãos", ou mesmo como "santos", como havia feito no capítulo 1 verso 7. "Eu falo", diz Paulo, "a vocês, gentios". Isto é, ele se dirige a eles como representantes dos gentios, que, agora, após o fracasso de Israel, são, na soberania de Deus, colocados no lugar de privilégio e responsabilidade. Eles são avisados, no entanto, que se falharem, também serão afastados do seu lugar de bênção (verso 21). Sabemos, é claro, que todos os gentios salvos nesta era estão na Igreja, mas essa verdade não é o que Paulo está ensinando em Romanos 11. Sugerir que a Oliveira é a Igreja seria um absurdo. Quem já ouviu falar do Corpo de Cristo ter membros "naturais", (verso 21), ou de algum de seus membros ser cortado (verso 20)? Não, a Oliveira não é, nem pode ser, a Igreja.

Pouco precisa ser dito sobre os demais pontos. Em vista do que foi escrito, deveria ser óbvio para todo leitor honesto que os títulos ou cabeçalhos, colocados em alguns capítulos do Antigo Testamento, nos quais "a Igreja" é mencionada, são totalmente enganosos. Esses títulos não fazem parte das Escrituras originais. Eles foram adicionados como resumos para ajudar os leitores a dividir os capítulos em diversas partes. Aqueles que os compuseram eram, sem dúvida, homens eruditos e sinceros, e devemos agradecer a Deus pelo seu trabalho infatigável, mas certamente estavam "todos errados" ao inserir as palavras, "a Igreja", nos títulos.

Acreditamos que a verdade da Igreja estava escondida dos santos da velha economia, os crentes do Antigo Testamento. Contudo, o A-Milenista, Sr. William James Grier, afirma com segurança que não foi assim. Os profetas antigos, diz ele, "apontam direta e definitivamente para a Igreja do Novo Testamento".

Mas o que diz a Escritura? Efésios 3 versos 4 a 6, fala das principais características da Igreja como sendo "um mistério, que em outras épocas não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como agora é revelado aos seus santos apóstolos e profetas pelo Espírito Santo, em que os gentios deveriam ser coerdeiros, e do mesmo corpo, e participantes de sua promessa em Cristo pelo evangelho".

Agora, o que é um mistério? É um segredo que é revelado apenas aos iniciados. E essas verdades sobre a natureza da Igreja eram um segredo que em épocas passadas era desconhecido do homem. (Compare com Romanos 16 versos 25 e 26).

Como então os profetas do Antigo Testamento poderiam ter tido conhecimento deles? Não há ambiguidade na linguagem de Paulo.

Em quem devemos acreditar, – no Apóstolo inspirado ou nos A-Milenista?

Como podemos verificar se os profetas do Antigo Testamento conheciam a Igreja?

Onde, por favor, eles falam sobre isso?

A citação de Romanos 9 versos 24 a 26, à qual o Sr. Grier alude, é tirada de Oséias 2 verso 23. Esta profecia, prediz ricas bênçãos espirituais para os gentios, assim como muitas outras passagens do Antigo Testamento. Em vão, porém, procuramos nele a menor referência à Igreja. O mesmo se aplica a Atos 26 verso 22. Pois os versículos que se seguem, (23 e 24), nos dizem que "as coisas que Moisés e os profetas disseram que deveriam acontecer", ou seja, que Cristo deveria morrer e ressuscitar, "e deveria trazer luz ao povo e aos gentios". Mas não há aqui uma sílaba sobre a Igreja.

Quanto a Atos 2 versos 16 a 21, é uma citação de Joel 2, a respeito do derramamento do Espírito Santo. É verdade que isto teve um cumprimento parcial no dia em que a Igreja nasceu; mas onde na profecia há a mais leve que seja, em alusão à própria Igreja? Não há nenhum.

O Novo Testamento tem muito a dizer sobre a Igreja, – a sua origem, o seu custo, o seu fundamento, a sua natureza, a sua composição, a sua preciosidade para Deus, o seu conflito, o seu progresso e o seu destino celestial.

É o Corpo de Cristo (Efésios 1), o Edifício de Deus (Efésios 2), a Noiva do Senhor Jesus (Efésios 5).

Em vão, porém, procuramos nos livros do Antigo Testamento alguma revelação dessas verdades gloriosas. Eles não estão lá. Se estiverem, onde, por favor, devemos encontrá-los?

No entanto, os A-Milenista insistem que os profetas do Antigo Testamento falam da Igreja Cristã. É preciso graça para ter paciência com esses pensadores vãos. Nós nos perguntamos como eles leem suas Bíblias. Se alguma coisa é "ultrajante", certamente é que os homens não acreditam nas declarações claras das Sagradas Escrituras.

Mais uma vez, citamos o Sr. Grier, pois rejeita o significado óbvio de Efésios 3 versos 5 e 6, tomando as palavras de Paulo que diz, "como agora é revelado", como uma cláusula qualificativa. Isto é, quando Paulo declara "que os gentios deveriam ser coerdeiros e pertencer ao mesmo corpo, ele de forma alguma diz que isso era totalmente desconhecido nas épocas passadas, mas não conhecido tão completa e claramente como é agora".

A este argumento a seguinte resposta parece conclusiva: Para que não se deva presumir da palavra, 'como', na frase, "como agora é revelado", em Efésios 3, que esta afirmação é comparativa, não absoluta, significando apenas que a revelação foi de fato feita através dos profetas anteriores, mas em alguns obscuridade que agora havia sido esclarecida, as palavras de Colossenses 1 verso 26,que diz: "o mistério que esteve oculto desde os tempos e gerações, mas agora foi manifestado aos seus santos", corrigem esta impressão. A ordem das palavras também mostra que não se trata dos profetas que precederam os apóstolos, mas daqueles que vieram com eles e depois deles. É inútil, portanto, recorrer ao Antigo Testamento em busca de instruções a respeito da Igreja da qual o Senhor e Seus apóstolos falaram.

O relógio profético parou no Calvário e o intervalo atual entre os Adventos de Cristo é um "parêntese, dos quais nenhuma palavra é claramente falada pela profecia do Antigo Testamento"?

Ao procurar responder a estas questões, admite-se imediatamente que a ressurreição de nosso Senhor, (que se lê no, Salmos 16 verso 10; e Salmos 110 verso 1), o derramamento do Espírito Santo, (visto em Joel 2 verso 28), a consequente iluminação e bênção dos gentios até os confins da terra (citado em Isaías 42 verso 6; e Capítulo 49 verso 6), e a rejeição temporária de Israel (conforme Oséias 3 versos 4 e 5); todos os quais são posteriores ao "Calvário", foram preditos no Antigo Testamento.

Até agora, porém, no que diz respeito à história de Israel durante sua dispersão, a ascensão e queda dos grandes poderes gentios e o propósito divino na formação do Corpo místico de Cristo, nesta era da Igreja, não há uma palavra em profecia do Antigo Testamento. No que diz respeito ao futuro das nações, a profecia tem a ver principalmente com Israel, mas como Israel está agora posto de lado, esta era presente é ignorada em todas as previsões do Antigo Testamento. Essas previsões predizem o "Calvário", mas aí, como disse o Sr. Ironside, "o relógio profético parou".

A Igreja, como já vimos, não é objeto da profecia do Antigo Testamento. Esta era cristã é um "parêntese". Assim que terminar, o relógio da profecia começará a funcionar novamente, e as previsões da reunificação de Israel e da derrubada da dominação gentia no mundo terão o seu cumprimento completo, tão certo como estas coisas foram ditas por homens movidos pelo Espírito Santo.

Podemos concluir, então, que quando mãos iníquas ergueram a cruz no Calvário, e Deus pronunciou o terrível, 'Lo-Ami; porque vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus', de (Oséias 1 versos 9 e 10), sobre Seu povo Israel, o curso da era profética cessou. Nem fluirá novamente até que a autonomia de Judá seja restaurada.

A afirmação de que esta era da Igreja é um parêntese não precisa nos surpreender de forma alguma. Existem lacunas ou parênteses na história do Antigo Testamento, como todo estudante sabe. Da mesma forma, várias Escrituras que apresentam os dois Adventos de Cristo, desconsideram totalmente esta era cristã. Contudo, é interessante notar que estas Escrituras estão redigidas de modo a deixar espaço para o período atual. Isto deve, sem dúvida, ter sido muito desconcertante para os profetas do Antigo Testamento, e podemos apreciar a declaração de Pedro de que o que os intrigava não era tanto o fato dos "sofrimentos de Cristo e a glória que se seguiria", mas o "tempo" e a "maneira", " em que essas coisas seriam cumpridas. (1ª Pedro 1 verso 11).

Das numerosas passagens do Antigo Testamento nas quais o Espírito Santo, inspirador, ignora intencionalmente esta era da Igreja, podemos mencionar as seguintes: — Salmo 118 verso 22; Isaías 9 versos 6 e 7; Capítulo 53 versos 10 e 11; Capítulo 61 verso 2; Oséias 3 versos 4 e 5; Daniel 7 versos 23 e 24; Capítulo 8 versos 22 e 23; Capítulo 9 versos 26 e 27; Zacarias 9 versos 9 e 10.

Por William Bunting

17. As falhas por não distinguir Israel da Igreja

Os Amilenistas apontam, e com razão também, que nas Escrituras o termo "Israel" é empregado de uma forma dupla para se referir à raça escolhida que surgiu de Abraão. Geralmente é usado em seu sentido mais amplo e denota seus descendentes naturais através de Jacó. Como tal, a grande maioria do povo carecia da fé de Abraão, e quando o Messias, há muito prometido veio, eles O rejeitaram. Ao longo dos tempos, contudo, tem havido uma pequena minoria espiritual na nação que acreditou em Deus e que acolheu a Cristo quando Ele apareceu, e o termo "Israel" também é usado para este remanescente, em contraste com a nação como um todo. É o verdadeiro "Israel", pois como diz o Apóstolo: "Nem todos os que são de Israel são Israelitas", (Romanos 9 verso6); e "²⁸ Porque não é judeu o que o é exteriormente, mas é judeu o que o é no interior", (Romanos 2 versos 28 e 29).

Os A-Milenista ensinam, no entanto, que esta verdadeira minoria espiritual, e a Igreja do Novo Testamento, são um e o mesmo corpo. O A-Milenista, William James Grier, em seu livro intitulado, "The Momentous Event", demonstrarão isso. "Insistamos aqui", diz ele, "que havia uma Igreja nos tempos do Antigo Testamento; e que os crentes do Antigo Testamento e do Novo Testamento formam uma Igreja – a mesma oliveira de (Romanos 11),... e que os profetas do Antigo Testamento apontam direta e definitivamente para a Igreja do Novo Testamento." Ele segue dizendo que, "a alegação da maioria dos pré-Milenistas é que o chamado da Igreja do Novo Testamento foi escondido dos profetas do Antigo Testamento. Durante o intervalo entre os adventos, Cristo estabeleceu Sua Igreja, que é, dizem eles (os pré-Milenistas), não um cumprimento em qualquer sentido das promessas e profecias do Antigo Testamento, mas algo novo e desconhecido para os profetas - é um 'parêntese', agora totalizando quase dois mil anos, dos quais nenhuma Palavra é claramente falada pela profecia do Antigo Testamento. Esta é a opinião do Dr. Henry Allan Ironside. Ele diz: 'O relógio profético parou no Calvário. Nenhum tique foi ouvido desde então'."

O escritor, William James Grier, declara ainda que, "dizer que os profetas do Antigo Testamento não falam da Igreja Cristã é ultrajante, tendo em vista muitas passagens do Novo Testamento, como Romanos 9 versos 24 e 26, onde temos a declaração de Paulo de que o chamado para fora dos Judeus e Gentios na Igreja Cristã, é o cumprimento direto de uma profecia de Oséias." Duas outras passagens às quais o Sr. Grier se refere como confirmação de sua afirmação são, Atos 2 versos 16 a 21; e Capítulo 26 verso 22. Ele então tenta justificar os títulos da Bíblia em inglês, Versão Autorizada, em capítulos como Isaías Capítulos 30, 34, 43, 45, 50, 54 e 64, em que cada um dos quais a "Igreja" é nomeada; e conclui seu parágrafo dizendo que "Estêvão falou de uma Igreja no tempo de Moisés (Atos 7 verso 38), e Paulo diz que os crentes do Antigo e do Novo Testamento formam uma oliveira".

Já foi citado o suficiente para deixar clara esta posição dos A-Milenismo, e que pode ser resumida da seguinte forma:

  1. Que havia uma Igreja no Antigo Testamento.
  2. Que Atos 7 verso 38 prova que havia uma Igreja no Antigo Testamento.
  3. Que os crentes do Antigo Testamento e do Novo Testamento formam uma Igreja.
  4. Que esta Igreja é a Oliveira de Romanos 11.
  5. Que os títulos dos capítulos da Versão Autorizada do Antigo Testamento nos quais a Igreja é nomeada não estão "totalmente errados".
  6. Que o chamado da Igreja do Novo Testamento não foi escondido dos profetas do Antigo Testamento.
  7. Que os profetas do Antigo Testamento predisseram a Igreja do Novo Testamento.
  8. Que o relógio profético não parou no Calvário, mas que ainda funciona.

Examinaremos agora este ensino à luz da Palavra de Deus.

Em primeiro lugar, havia uma Igreja no Antigo Testamento? Nossa resposta é que, se houve, nunca foi mencionado ali. Lemos sobre Israel, uma nação terrena, sendo plantada como um testemunho de Deus entre os pagãos circundantes. Lemos frequentemente sobre a "congregação do Senhor", e muitas referências são feitas aos fiéis em Israel que em dias de declínio se associaram; mas nunca lemos sobre uma Igreja no Antigo Testamento. Como veremos mais adiante, as características essenciais de uma Igreja são evidentes pela sua ausência.

O que dizer então da declaração de Estêvão em Atos 7 verso 38, onde ele se refere à "igreja no deserto"? Como é bem sabido, a palavra "Igreja", significa, "uma companhia chamada". Pode ser usado para qualquer corpo ou grupo que para qualquer propósito, secular ou sagrado, tenha sido convocado da reunir-se. Assim, é a palavra que é traduzida três vezes como "assembleia" em Atos 19. Nos versículos 32 e 41 denota uma multidão indisciplinada, e no versículo 39, uma assembleia de cidadãos legalmente constituída. A palavra "Igreja", no entanto, é usada mais de 100 vezes no Novo Testamento num sentido técnico e teológico para descrever os salvos desta era, quer no seu conjunto, quer num aspecto local; mas em Atos, nos Capítulos 7 e 19, o termo é usado em seu sentido original, não técnico e não teológico. Portanto, a palavra "igreja" em Atos 7 não deve ser escrita com "I" maiúsculo. A referência de Estêvão não prova que havia uma Igreja no Antigo Testamento, e evitaria confusão de ideias se a sua expressão fosse lida como na margem em algumas versões bíblicas, "congregação no deserto". A palavra "Igreja" seria tão justificada no capítulo 19 como no capítulo 7 de Atos. No entanto, quão totalmente fora de lugar e enganoso seria substituir apalavra, "Igreja", por "assembleia" ali! Isto ilustra que o princípio de traduzir sempre a mesma palavra grega para o mesmo termo português não é praticável.

Do que foi dito segue-se que os crentes do Antigo Testamento e do Novo Testamento, NÃO formam uma Igreja. É verdade, claro, que eles têm muito em comum. Existem muitos pontos de semelhança entre o povo de Deus nas eras passada e presente. Assim, todos eles: — foram amados por Deus, — arrependeram-se do pecado, — foram salvos pela fé, — foram redimidos pelo sangue, — foram vivificados pelo Espírito, — foram trazidos para um relacionamento de aliança com Deus, — foram tornados eternamente seguros, — foram descritos como descendentes de Abraão, — compartilharam muitas das mesmas promessas, — testemunharam por Deus, — desfrutaram da comunhão com Ele, — viveram como estrangeiros e peregrinos aqui em baixo, — tiveram conflito com o mesmo inimigo triplo, — ansiaram pelo descanso eterno do Céu, — e assim todos um dia serão glorificados.

Aqui estão cerca de quinze semelhanças, às quais sem dúvida outras poderiam ser acrescentadas. Será que isto, no entanto, prova que os crentes no Antigo Testamento e no Novo Testamento formam uma Igreja? – Nem por um momento. Duas fotografias podem ser extremamente semelhantes, mas seria tolice argumentar que devem, portanto, ser imagens do mesmo original.

Passaremos agora a salientar que embora existam tantas semelhanças, a Igreja do Novo Testamento possui características que são bastante peculiares a si mesma, o que prova conclusivamente que Israel e a Igreja não são idênticos. Pois crentes nesta dispensação:

1º. São batizados no Espírito Santo, formando o Corpo místico de Cristo (1ª Coríntios 12 verso 13). Isto não era verdade para nenhum crente do Antigo Testamento.

2º. Os salvos da Igreja, são habitados pelo Espírito Santo (João 14 verso 17). No Antigo Testamento, o Espírito Santo simplesmente, "se encontrou, ou vinha sobre", os homens. Leia por exemplo Juízes 3 verso 10; Capítulo 14 verso 6.

3º. Os salvos da Igreja, todos são um, sejam Judeus ou Gentios (Gálatas 3 verso 28). No Antigo Testamento, "a parede intermediária de separação" ficava entre eles, (Efésios 2 verso 14).

4º. Os salvos da Igreja, são membros do Corpo cuja Cabeça está no Céu (Efésios 1 verso 22; e Capítulo 5 verso 23). Isto não poderia ser dito de nenhum crente do Antigo Testamento.

5º. Os salvos da Igreja, foram "escolhidos em Cristo antes da fundação do mundo" (Efésios 1 verso 4). Nada disso é dito dos crentes do Antigo Testamento; é dito somente, "está preparado desde a fundação do mundo". (Mateus 25 verso 34)

6º. Os salvos da Igreja, são "feitos para assentar-se com o Senhor Jesus nos lugares celestiais", (Efésios 2 verso 6). Nunca se diz que nenhum crente do Antigo Testamento esteja em uma associação tão exaltada.

7º. Os salvos da Igreja, são "abençoados com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo" (Efésios 1 verso 3). Nunca se diz que nenhum crente do Antigo Testamento tenha desfrutado de tal bênção, pois as suas são terrenas.

8º Os salvos da Igreja, "são edificados casa espiritual, e um sacerdócio santo", (1ª Pedro 2 verso 5). No Antigo Testamento, os crentes tinham um sacerdócio separado, – o de Aarão, e adoravam numa casa material.

9º Os salvos da Igreja, não devem esperar nada no mundo a não ser tribulações como recompensa por uma vida piedosa (João 15 versos 19 e 20; Capítulo 16 verso 33; e 1ª Timóteo 3 verso 12). No Antigo Testamento, aos crentes foi prometida prosperidade material e bênçãos terrenas como recompensa por uma vida piedosa.

10º. Os salvos da Igreja, devem orar por bênçãos sobre seus inimigos (Mateus 5 verso 44). No Antigo Testamento, os crentes oravam por vingança contra seus inimigos.

Estas dez diferenças vitais provam de uma vez por todas que Israel e a Igreja não são idênticos. A Igreja é única, possuindo características que lhe são peculiares. Não há Igreja no Antigo Testamento. O fato de que este é um caso incontestável é confirmado pelas próprias palavras de nosso Senhor Jesus que disse: "EU EDIFICAREI A MINHA IGREJA", (Mateus 16 verso 18). Observe que Ele não disse: "Estou construindo a Minha Igreja", mas, "EU EDIFICAREI a Minha Igreja". Portanto, a Igreja ainda era futura que Ele falou assim. Ele ainda não havia começado a construí-lo. Cristo teve que morrer, ressuscitar, ascender ao Céu e enviar o Espírito Santo antes que a Igreja pudesse existir. Quão néscio e absurdo é, portanto, que os homens falem da Igreja do Antigo Testamento!

Ora, foi somente no Calvário que o fundamento da Igreja foi lançado. Portanto, Como poderia a Igreja ter existido antes de seu fundamento ser lançado? Não, não, as palavras claras e simples de nosso Senhor nos proíbem de acreditar que a Igreja existiu no Antigo Testamento. Sua linguagem é inequívoca: "EU EDIFICAREI A MINHA IGREJA".

As palavras de Pedro em Atos 11 verso 15, também são corroborativas e decisivas, ele disse: "O Espírito Santo desceu sobre eles como sobre nós no princípio". A referência é ao dia de Pentecostes registrado em Atos 2.

Me responda, por favor, o que, teve seu "começo" ali em Atos 2? Só há, uma resposta: o período da Igreja.

No Novo Testamento, Israel nunca é chamado de Igreja, e a Igreja nunca é chamada de Israel. Em Gálatas 6 verso 16, onde Paulo se dirige ao "Israel de Deus", não é exceção.

Perguntamos: a Igreja alguma vez foi chamada de Israel?

Em Gálatas 6 verso 16, fala de judeus crentes, a Igreja não é Israel.

Já foi dito o suficiente para demonstrar que não havia Igreja no Antigo Testamento e que, portanto, Israel e a Igreja não são idênticos. O ensino de que são idênticos, é doutrinária e historicamente incorreto, e deve ser visto como um erro grave por aqueles que valorizam a Verdade bíblica, e desejam manejar bem, a Palavra da Verdade.

Por William Bunting

18. Como entender corretamente Apocalipse 20:1-9

Talvez não haja nenhuma passagem das Escrituras, cujo significado tenha sido mais veementemente contestado por escolas opostas de interpretação profética, do que os primeiros nove versículos de Apocalipse 20. Omitindo suas pequenas diferenças, a visão popular dos A-Milenistas é a seguinte:

O final do capítulo 19 nos leva ao fim do mundo, no Segundo Advento de Cristo.

Os versículos 1 a 9 do capítulo 20 fornecem uma recapitulação dos triunfos da era da graça, que datam do Primeiro Advento.

O versículo 10 então retoma a narrativa temporariamente deixada no capítulo 19 verso 21, dando-nos a condenação de Satanás, assim como esse versículo nos deu a condenação de seus dois principais agentes, – a Besta e o Falso Profeta.

Assim interpretada, porém, a passagem é quase completamente desprovida de significado literal. A prisão de Satanás é explicada como tendo ocorrido durante a vida de nosso Senhor ou na cruz. Os mil anos são feitos para representar esta era Evangélica. Durante ela, Cristo reina no céu, aqueles que estão sentados em tronos com Ele, simbolizando os santos que partiram desta vida. A primeira ressurreição é explicada como definindo o novo nascimento do crente. A segunda ressurreição, porém, é aceita como sendo literal. Afirma-se que é uma ressurreição geral dos mortos, que abrange todos os justos e ímpios que partiram. Embora a avaliação do Grande Trono Branco, na segunda metade do capítulo 20, seja interpretada pelos A-Milenistas como sendo idêntica ao julgamento das ovelhas e dos bodes em Mateus 25 versos 31 a 46, e o do Tribunal de Cristo em 2ª Coríntios 5 verso 10.

Agora, é verdade que João às vezes retorna a um evento ou época histórica anterior à medida que revela o futuro em seu Apocalipse. Ele faz isso para traçar os acontecimentos de um ângulo diferente ou para enfatizar uma lição diferente. Contudo, não parece de todo sustentável que ele o faça aqui em Apocalipse 20 versos 1 a 9. Os acontecimentos destes versículos são claramente a sequência natural e esperada da importante descida de Cristo à terra, tão graficamente descrita no capítulo 19. Ali os reis da terra são destronados, aqui outros, e sugerimos que os mansos da terra, são entronizados. No capítulo 19, os dois agentes de Satanás são sumariamente lançados à sua condenação, no capítulo 20, o próprio grande inimigo de Deus e dos homens, Satanás, é tratado. Primeiro ele fica confinado ao abismo durante mil anos, (Apocalipse 20 versos 1 a 3). Depois ele é liberto por um breve período, (versos 7 a 9), possivelmente para demonstrar que sua prisão não mudou em nada seu ódio implacável por Deus. Depois disso, ele é lançado na mesma condenação eterna de seus dois capangas, (verso 10).

No capítulo 19, Cristo retorna à terra como "REI DOS REIS" (verso 16) e suprime toda oposição. Aqui, após Sua conquista triunfal, Ele reina com os Seus por mil anos (verso 4), o que é um prelúdio, uma introdução para Seu reinado eterno, (Apocalipse 22 verso 5).

Deve-se observar também que temos nesta passagem duas visões, cada uma introduzida pela expressão, "E eu, vi", (versos 1 e 4). Essas visões são apenas parte de uma série de visões que se estende do capítulo 19 ao capítulo 21, todas introduzidas pelas mesmas palavras. Sua descrição inspiradora flui suavemente em uma sequência cronológica simples, ordenada e majestosa. João nos diz que ele "viu":

No capítulo 19 versos 11 a 16, João vê: A descida do Senhor, sentado em um cavalo branco.

No capítulo 19 versos 17 e 18, João vê: Um anjo chamando as aves para o grande banquete de carne humana, da grande ceia de Deus.

No capítulo 19 versos 19 a 21, João vê: A destruição das forças militantes reunidas da Besta.

No capítulo 20 verso 1-3, João vê: Um anjo desce para amarrar e aprisionar Satanás.

No capítulo 20 versos 4 a 6, João vê: Três grupos de seres celestiais que vivem e reinam com Cristo.

No capítulo 20 verso 11, João vê: O Grande Trono Branco.

No capítulo 20 versos 12 a 15, João vê: Os inumeráveis ​​mortos ímpios diante do Trono.

No capítulo 21 verso 1, João vê: A Nova Criação.

No capítulo 21 verso 2, João vê: A Cidade Santa, a Nova Jerusalém.

Certamente o leitor cuidadoso das Escrituras, pode discernir que neste simples tratamento destes capítulos não há nada de contundente ou fantasioso. Apenas segue o esboço divino dos eventos futuros, sem se envolver em quaisquer detalhes expositivos de natureza controversa. Se isso for aceito como a previsão do futuro revelado pelo Espírito Santo, pense no que isso significa. Isso significa que a teoria da recapitulação A-Milenial, supostamente encontrado em Apocalipse 20, entra em colapso completamente, e vai longe ao expor a falácia de todo esse sistema de interpretação profética.

Passaremos agora a examinar a passagem mais detalhadamente, o que confirmará ainda mais a total insustentabilidade do ponto de vista dos A-Milenial.

Um defensor desse ponto de vista A-Milenial, diz que, "os Pré-Milenistas às vezes nos fazem acreditar que todo o seu esquema milenar em Apocalipse 20, é claro como um mapa do bairro onde moramos". 

Só podemos responder que não acreditamos nem por um momento em tal coisa e é um assunto sério para alguém fazer uma declaração tão precipitada. O que acreditamos é que todo o esquema milenar está claramente escrito nas páginas das Sagradas Escrituras, das quais Apocalipse 20, é uma pequena porção. 

O mesmo escritor acusa, o escritor Pré-Milenistas, Walter Scott de, "misturar o simbólico e o literal por seu mero capricho", ao tratar desta passagem, porque o Sr. Scott, trata a chave, a corrente e o selo como símbolos, mas os mil anos, o abismo, as duas ressurreições, etc., como literais. 

Parece nunca ocorrer ao crítico que isso é exatamente o que ele mesmo faz. Ele ensina que enquanto a ressurreição do versículo 12, que diz: ("Eu vi os mortos, pequenos e grandes, presentes diante de Deus") é uma ressurreição literal dos mortos, mas "a primeira ressurreição", do versículo 5, é o novo nascimento do crente. 

Além disso, ele faz isso, apesar do fato óbvio de que nos versículos 4 a 6, o Espírito Santo menciona as duas ressurreições juntas, e as menciona em uma linguagem que significa claramente que, embora no tempo, elas estejam separadas por mil anos, e ambas devam ser entendido exatamente no mesmo sentido, literal.

O apóstolo João diz: "E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos." (Apocalipse 20 versos 4 a 6)

Os leitores da Bíblia, já devem ter previsto há muito tempo que não podemos consentir em distorcer as palavras de seu sentido claro e lugar cronológico na profecia, por conta de quaisquer considerações de dificuldade ou de qualquer risco de abusos que a doutrina do milênio possa trazer consigo. Aqueles que viveram depois dos Apóstolos, e toda a Igreja durante 300 anos, compreenderam-nos no sentido literal; e é estranho ver hoje em dia expositores que estão entre os primeiros a reverenciar a antiguidade, deixando de lado complacentemente os exemplos mais convincentes de unanimidade que a antiguidade primitiva apresenta.

No que diz respeito ao texto em si, nenhum tratamento legítimo dele irá extorquir o que é conhecido como a interpretação espiritual agora em voga.

Se, em uma passagem onde, "DUAS RESSURREIÇÕES" são mencionadas, onde certas "ALMAS VIVERAM" no início, e o resto dos "MORTOS VIVERAM" apenas no final de um período específico após aquela primeira, se em tal passagem a primeira ressurreição pode ser entendida como significa "RESSUSCITAÇÃO ESPIRITUAL" com Cristo, enquanto o segundo significa "RESSUSCITAÇÃO LITERAL" da sepultura, então há um fim para todo significado na linguagem, e a Escritura é eliminada como um testemunho definitivo de qualquer coisa.

Se a "primeira ressurreição" é espiritual, então a "segunda ressurreição" também o é, o que suponho, que ninguém será suficientemente resistente para manter esta interpretação. Mas se a "segunda ressurreição" é literal, então a "primeira ressurreição" também o é; o que, em comum com toda a Igreja primitiva e muitos dos melhores expositores modernos, mantenho e recebo como um artigo de fé e esperança.

À luz do que foi dito, o leitor atento, pode julgar por si mesmo quem é que "mistura o simbólico e o literal conforme seu mero capricho", ao interpretar Apocalipse 20.

Espera-se que fique duas coisas perfeitamente claras. Uma é que a "primeira ressurreição" não é o novo nascimento. A palavra "ressurreição" (Grego: anastasis), que ocorre cerca de 40 ou 42 vezes no Novo Testamento, nunca é usada neste sentido. É empregada consistente e exclusivamente na ressurreição de uma pessoa ou pessoas que estavam mortas fisicamente, sendo Lucas 2 verso 34, uma possível exceção.

Além disso, nosso Senhor em João 5 versos 25 a 29 distingue claramente, não apenas entre a transmissão de vida espiritual às almas mortas espiritualmente e de vida física aos cadáveres, mas também entre o período de tempo em que cada transmissão seria feita. Falando do primeiro, Ele diz: "Vem a hora, e AGORA É quando os mortos ouvirão, e viverá". Falando deste último, Ele diz apenas: "A hora está chegando" (verso 28), porque aquela hora em que, "todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz" era, e de fato é, ainda futura.

Por William Bunting

19. Amilenismo nega a verdade dispensacional

A Bíblia revela Deus como sendo ordeiro, metódico e progressista em todos os Seus caminhos. No primeiro capítulo de Gênesis, isto está muito bem ilustrado, onde descreve os seis dias da criação. Cada dia viu seu trabalho particular realizado e tudo culminou no homem como a coroa da criação.

As mesmas características de ordem, método e progressão podem ser vistas na história humana. A grande procissão dos séculos, não é uma marcha desorganizada de anos. O tempo é dividido em "Eras" ou "Dispensações". A palavra "Dispensação" é um termo perfeitamente bíblico. Representa uma palavra que ocorre sete vezes no Novo Testamento. É traduzido como "Mordomia" em Lucas 16 versos 2, 3 e 4; e "Dispensação" em 1ª Coríntios 9 verso 17; Efésios 1 verso 10; Capítulo 3 verso 2; e Colossenses 1 verso 25. O significado literal da palavra é "Ordenação, gerenciamento ou administração de uma casa". Portanto, não denota estritamente um período de tempo, mas o usamos para referir-se ao método ou maneira de Deus lidar com o homem em qualquer época específica. Ao todo, existem sete grandes "Eras" ou "Dispensações" sucessivas. Esta, acreditamos, é a visão simples da história bíblica.

Os A-Milenistas, no entanto, não veem as coisas assim, embora seja realmente difícil de entender como eles falham em fazê-lo. Eles não apenas ignoram as grandes distinções dispensacionais, mas negam que elas existam. "Não existe", declaram eles, "nenhum plano dispensacional presente nas Escrituras". Dizer que existe é "tudo um erro". "Estamos todos errados", afirmam eles, "ao pensar que o Antigo Testamento apresenta uma série de Dispensações, e que no Novo Testamento encontramos pessoas passando de uma dispensação para outra".

Mas, uma vez que enfatizam a unidade do propósito de Deus desde a queda do homem até o estado eterno, eles falham em fazer qualquer distinção entre o programa de Deus para Israel e aquele para a Igreja, e apesar das contradições que tal método acarreta, eles persista nisso.

Quanto a um futuro milênio terrestre, é visto por eles como sendo uma mera "noção", baseada na interpretação encontrada na Bíblia Scofield.

Mas, qual é então o testemunho das Escrituras?

As Escrituras reconhecem, "Eras" ou "Dispensações" distintas? Afirmamos que sim!

É verdade que não nos fornece uma lista formal destas dispensações, mas nenhuma tabela desse tipo é fornecida em conexão com muitas outras doutrinas bíblicas. No entanto, reconhece e diferencia cuidadosamente as grandes eras históricas. Para ter uma compreensão clara destes é necessário "manejar bem a palavra da verdade" (2ª Timóteo 2 verso 15).

Esta expressão, é claro, aplica-se a mais do que a verdade dispensacional. Aplica-se a todas as doutrinas bíblicas, cada uma das quais deve receber o seu devido lugar e ser mantida em equilíbrio adequado com outras doutrinas. Nada, porém, é mais importante do que uma apreensão inteligente dos grandes períodos de tempo e das suas respectivas características.

Na verdade, sem isso, é impossível evitar total confusão de pensamento no estudo das Escrituras.

A Bíblia fala de Eras passadas (Efésios 3 verso 5; e Colossenses 1verso 26); fala da Era atual (Romanos 12 verso 2; e 2ª Coríntios 4 verso 4; Gálatas 1 verso 4; Efésios 1 verso 21; Capítulo 2 verso 2; Capítulo 6 verso 12; e Tito 2 verso 12); e fala de uma Era futura em (Efésios 1 verso 10, que diz "a dispensação da plenitude dos tempos"; e no Capítulo 1 verso 21, diz: "aquela (Era ou idade) que há de vir"; em Hebreus 2 verso 5 fala do: "mundo ("a terra habitada ") por vir").

Na maioria dessas passagens a palavra "mundo" é corretamente traduzida como "idade" em algumas versões.

Referências as expressões, "tempos", "estações" e "dias" nas Escrituras poderiam ser adicionadas aqui, mas alguns desses termos são usados ​​para denotar períodos judaicos ou gentios que não são de grande importância, por isso não os incluímos.

Com facilidade encontramos na Bíblia sete dispensação:

1ª. A Dispensação da Inocência, que vai da Criação à Queda.

2ª. A Dispensação da Consciência, que vai de Caim ao Dilúvio.

3ª. A Dispensação do Governo Humano, que vai de Noé a Babel.

4ª. A Dispensação da Promessa. Que vai de Abraão ao Êxodo.

5ª. A Dispensação da Lei, que vai de Moisés a Cristo.

6ª.A Dispensação da Graça, que vai de Cristo até o Segundo Advento.

7ª. A Dispensação do Governo Justo, ou Milênio, que vai do Segundo Advento até o fim dos Mil Anos.

Um pouco de estudo diligente deverá satisfazer qualquer leitor bíblico sincero e imparcial de que esta lista, são as grandes Eras ou Dispensações da história humana.

As Escrituras ensinam que estas Eras foram divinamente planejadas. Hebreus 1 verso 2, diz: "Ele fez os séculos"; e capítulo 11 verso 3, diz que as "eras foram estabelecidas".

Sabemos, é claro, que a palavra "idades" aqui, é entendida por muitos como significando "o universo".

Os Pais Gregos, no entanto, viram na palavra o seu significado original, "Idades do Tempo", e Vine e outros comentaristas confiáveis ​​concordam que o fator tempo está incluído nela.

Além disso, estas "Eras" exibem uma ordem, um método e um propósito progressivo divinos maravilhosos. O homem que, num período de tempo ou no outro, em que foi testado de uma forma ou de outra, revelou-se um completo fracasso. No entanto, Deus, em infinita sabedoria, paciência e amor, mudou, era após era, Sua maneira de lidar com ele, tudo para proporcionar oportunidade para mais testes de obediência. Não sugerimos que Deus alguma vez tenha mudado, e afirmamos que existe apenas um Evangelho, embora tenha vários aspectos, mas os métodos de Deus, variam de acordo com as necessidades humanas. Não há espaço aqui para elucidar detalhes, mas um pouco de reflexão também mostrará que estas "Eras", têm certas características em comum. No início de cada uma, Deus faz uma nova abordagem ao homem, concede-lhe uma nova revelação de Si mesmo e confia uma nova mordomia aos líderes escolhidos. Durante cada "Era", o homem revela-se um completo fracasso e torna-se apóstata. Consequentemente, cada "dispensação" termina em julgamento, que define claramente o seu prazo.

No estudo da Bíblia é importante lembrar que sim, é o contexto em cada caso que determina o sentido em que uma palavra é usada. O mesmo acontece com a palavra "Idade". Em algumas passagens, todo o tempo presente e futuro são descritos como uma "Era". Assim, em Lucas 20 versos 34 a 36, lemos: "Os filhos deste século casam-se e são dados em casamento. Mas aqueles que forem considerados dignos de alcançar o século vindouro e a ressurreição dentre os mortos, não se casarão nem serão dados em casamento, porque eles serão iguais aos anjos." Aqui o Tempo e o Estado Futuro são descritos como "Eras", separadas pela ressurreição.

O escritor aos Hebreus 9 verso 26, por outro lado, nos diz que foi no "fim dos tempos", (observe o plural), que Cristo morreu. Isto, no entanto, não significa, como afirma um A-Milenista, que "a encarnação de Cristo introduziu os períodos finais da história do mundo". A palavra "fim", aqui é traduzida como "consumação", em algumas traduções.

Vine em dicionário bíblico, diz: "Não denota um término, mas um encaminhamento dos eventos até o clímax designado".

Foi no "cabeçalho" das épocas anteriores, quando os propósitos do amor Divino atingiram seu grande objetivo, que nosso Senhor foi crucificado; e todo o futuro olhará para trás, para Seu Primeiro Advento como sendo "a consumação dos tempos". O grande centro espiritual e ápice do "Tempo", foi a Cruz. Tudo, por um lado, era preparatório e para ele convergia; tudo, por outro lado, irradia dEle. "A lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo" (João 1 verso 17). Se a palavra, "consumação", significa um fim, então a história humana deveria ter terminado na Cruz.

É verdade que João diz: "É a última vez", em (1ª João 2 verso 18), mas isso também não significa, como afirma confiantemente outro A-Milenista, que "o período em que vivemos é o último programa no plano divino". Pelo contrário, significa que é o último período antes de Cristo vir à terra para estabelecer o Seu reino. O argumento de que este é o período final visa livrar-se do Milênio, mas as Escrituras ensinam claramente o futuro reinado terrestre de Cristo. Será "o mundo (a terra habitada) por vir, do qual falamos" (Hebreus 2 verso 5).

Na primeira dispensação, o governo da terra nas mãos de Adão (Hebreus 2 versos 6 a 8) falhou devido ao seu pecado. Portanto, "ainda não vemos todas as coisas sujeitas a ele", (verso 8).

Contudo, pela morte de Jesus (verso 9), "o último Adão", recuperou a soberania perdida da terra, e o oitavo Salmo, do qual o escritor ao Hebreus cita nos versículos 6 a 8, encontra a sua gloriosa realização nEle, o "Filho do Homem".

Nenhum argumento honesto ou justo pode fazer com que a expressão, "a terra habitada que está por vir", signifique este período do Evangelho; e uma vez que deve estar sujeito ao "Filho do Homem", não é o Estado Eterno, pois então "Ele entregará o reino a Deus, o Pai", como lemos claramente em, (1ª Coríntios 15 verso 24).

A referência, portanto, é claramente à última dispensação na terra, quando "Ele derrubará todo governo, toda autoridade e poder" (1ª Coríntios 15 verso 24), e triunfará onde o primeiro Adão falhou. Na inauguração desse reinado, Deus "trará novamente o Primogênito à terra habitada", (mesma palavra encontrada em Hebreus 2 verso 5), e "todos os anjos de Deus", não apenas uma multidão, como em Seu Primeiro Advento, "o adorarão", (Hebreus 1verso 6).

Desejamos, no entanto, deixar igualmente claro nesta conjuntura que não acreditamos no que é geralmente denominado, "Ultra-Dispensacionalismo". Este é o ensinamento defendido pelo falecido, Ethelbert William Bullinger, que foi um clérigo anglicano e professor de estudos bíblicos. Segundo ele, os Quatro Evangelhos são judaicos, e não se aplicam de forma alguma aos dias de hoje. Também, Atos dos Apóstolos cobre um, chamado por ele, "período de transição", e somente quando chegamos às Epístolas da Prisão é que a, "Dispensação do Mistério", é revelada. Assim começou a Igreja que é o Corpo de Cristo, como se afirma, não no Dia de Pentecostes, mas cerca de trinta anos depois. Quanto às ordenanças, Batismo e Ceia do Senhor, pertencem ao período de Atos e não têm lugar agora, sendo esta uma dispensação espiritual.

É com total falta de confiança que vemos as sutis distinções que os Ultra-Dispensacionalistas imaginam discernir na Palavra de Deus. Esses professores levam seus princípios a extremos antibíblicos, e na profecia, como, na verdade da Igreja, e em qualquer outra linha de verdade, os extremos antibíblicos são errados e perigosos. Eles levam ao erro e a todos os tipos de inconsistências. Certos pontos da doutrina são muito enfatizados, enquanto outros pontos de fé e moral, talvez de maior importância, são ignorados. Não só isso, eles levam a conflitos, amargura e divisão entre aqueles que deveriam ser marcados pelo amor. Portanto, extremos antibíblicos devem ser evitados. O Ultra-Dispensacionalismo leva as coisas a um extremo errado. O ensino que ignora ou nega as diferenças dispensacionais leva-as ao extremo oposto, e é isso que o A-Milenismo faz. A Verdade que acreditamos, está entre estes dois extremos.

Por William Bunting

20. Como entender as duas ressurreições da Bíblia? 

Uma interpretação correta das Escrituras, concluirá que haverá, duas ressurreições distintas. Sabemos que a passagem de João 5 versos 25 a 29, é às vezes citada em apoio a uma ressurreição geral. A base para isso é que nosso Senhor coloca a ressurreição "dos que fizeram o bem" e "dos que fizeram o mal" na mesma "hora".

Mas para o leitor atento, perceberá que quando o Senhor Jesus fala sobre o assunto, Ele distingue claramente, não apenas entre a transmissão de vida espiritual às almas mortas e de vida física aos cadáveres, mas também entre o período de tempo em que cada transmissão seria feita.

Falando da primeira "hora", Ele diz: "Vem a hora, e AGORA É, quando os mortos ouvirão..., e … viverão". Aqui fala de ter vida eterna, todo aquele que ouvir, e crer no Senhor Jesus como salvador pessoal.

Mas falando da último "hora", Ele diz apenas: "A hora está chegando" (verso 28), aquela hora em que "todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz" era, e de fato é, ainda futura.

Um momento de reflexão, porém, dir-nos-á que dois acontecimentos poderiam ocorrer na mesma hora, sem que acontecessem simultaneamente. É preciso considerar a duração de tempo que "hora" pode denotar. O uso da palavra por nosso Senhor, três versículos antes, como também no capítulo 4 versos 21 a 23, indicaria que "hora" pode significar um período de tempo muito longo e extenso. Portanto, concluímos que o uso da palavra "hora" por nosso Senhor não é prova alguma de que uma ressurreição geral é ensinada em João 5. A mesma coisa pode ser dita do "último dia" em João 6 versos 39,40,44 e 54; e no capítulo 11 verso 24, onde "Marta lhe disse: Eu sei que ele (Lázaro) ressuscitará na ressurreição, no último dia".

O conceito de uma ressurreição geral levanta dificuldades que nos parecem intransponíveis. Por exemplo, em Lucas 14 verso 14, nosso Senhor disse: "Recompensado serás na ressurreição dos justos". Por que, entretanto, nosso Senhor exigiu descrever a ressurreição como sendo aquela, "DOS JUSTOS", se todos, justos e injustos, ressuscitarão ao mesmo tempo?

Estas palavras qualificativas, "DOS JUSTOS", não implicam claramente outra ressurreição?

Além disso, se todos devem ser ressuscitados juntos, por que o Senhor Jesus, em uma ocasião posterior, falou de uma classe que será "considerada digna de alcançar aquele mundo e a ressurreição dentre os mortos"? (Leia Lucas 20 verso 35).

Visto que haverá uma ressurreição para a qual nem todos serão "considerados dignos de alcançar", segue-se que necessariamente deve haver outra ressurreição.

Um outro fator decisivo, entretanto, é encontrado em nosso versículo em Lucas 20. A expressão, "dos mortos", são literalmente, "dentre os mortos", (no grego: ek nekron). Esta expressão, que ocorre quase 50 vezes no Novo Testamento, deve ser cuidadosamente distinguida da frase "dos mortos" (no grego nekron), encontrada em muitas passagens, como Atos 17 verso 32; Capítulo 24 versos 15 e 21; 1ª Coríntios 15 verso 13, em que o assunto da ressurreição é tratado de forma ampla, aplicando-se a todos os que morreram, tanto justos como ímpios.

Nosso Senhor usou a expressão anterior (grega: ek nekron) em Marcos 9 verso 9, ao falar de um tempo então futuro, "quando o Filho do Homem ressuscitar dentre (os) mortos".

O uso desta linguagem deixou os discípulos muito perplexos. Como judeus, é claro, eles acreditavam na ressurreição dos mortos. Mas "eles guardaram esse ditado entre si, questionando uns aos outros o que deveria significar ressurgir DENTRE OS MORTOS" (verso 10).

Com o nosso conhecimento, sabemos, graças a Deus, o que o nosso Senhor quis dizer - nomeadamente, que a Sua ressurreição seria uma ressurreição dentre milhões de outros mortos, que permaneceriam imperturbados nas suas sepulturas e seriam ressuscitados mais tarde.

Isto também foi o que aconteceu: "Agora Cristo ressuscitou dentre os mortos (grego: ek nekron), sendo as primícias dos que dormem" (1ª Coríntios 15 verso20); e é disso que falamos como "A RESSURREIÇÃO EXCELENTE".

Aqui está então o que nosso Senhor tinha em mente em Lucas 20 verso 35. A ressurreição dos santos será segundo o Seu próprio modelo. Será uma ressurreição extraordinária. Nenhum que desprezou a Cristo pode "alcançá-lo" e, portanto, no Novo Testamento a palavra é usada apenas para se referir a nosso Senhor e àqueles que morrem "em Cristo".

Este pensamento Paulo expressa com grande ênfase em Filipenses 3 verso 11.

Ele deu as costas a tudo o que, como judeu piedoso, lhe era querido, (Filipenses 3 versos 4 a 7), para que pudesse "ganhar a Cristo", (verso 8), ser encontrado Nele (verso 9), "conhecê-Lo", (verso10), e finalmente alcançar "A RESSURREIÇÃO EXCELENTE, DE ENTRE OS MORTOS". (Esta frase no grego seria assim: teen exanastasin teen ek nekron).

E vemos que, Daniel 12 verso 2, concorda perfeitamente com essas passagens.

O estudioso bíblico inglês, Samuel Prideaux Tregelles, cuja autoridade em crítica textual é bem conhecida, diz: "Não duvido que a tradução correta deste versículo em Daniel 12 verso 2, seja: 'E muitos dentre os que dormem no pó da terra despertarão; estes serão para a vida eterna; mas aqueles (o resto dos que dormem, aqueles que não acordam neste momento) serão para vergonha e desprezo eterno'".

A partir desta consideração, fica perfeitamente claro que haverá duas ressurreições distintas dos mortos. Embora muitas passagens tratem do assunto sem fazer essa diferenciação, a Bíblia não ensina uma ressurreição geral. Porém, somente quando chegamos a Apocalipse 20 é que somos ensinados que mil anos separarão as duas ressurreições. Isto não nos surpreende, pois é apenas aqui, que o período "dos mil anos" é mencionado. Isto se harmoniza perfeitamente com as profecias anteriores e é totalmente consistente com o princípio reconhecido do avanço da revelação divina, que corre como uma corrente cada vez mais ampla através da Palavra de Deus. É no Apocalipse que as numerosas linhas da verdade profética atingem as suas alturas mais sublimes e convergem, e que a profecia como sujeito recebe a sua amplificação e confirmação finais.

Lemos em Apocalipse 20 verso 5, a frase "ESTA É A PRIMEIRA RESSURREIÇÃO".

Esta frase exige algumas observações. De acordo com a nossa passagem, esta ressurreição ocorre no final do reinado da Besta e no início dos mil anos. Visto que é descrito como "a primeira", contudo, pode haver uma ressurreição antes do reinado da Besta começar, como ensinam os pré-tribulacionistas?

No livro intitulado, "O advento de Cristo que se aproxima", na página 81, do autor, Alexander Reese, ele argumenta que se a ressurreição de 1ª Tessalonicenses 4 e 1ª Coríntios 15 ocorre antes da Grande Tribulação, então João deveria ter dito aqui: "Esta é a segunda ressurreição". Ele está confiante, porém, de que a palavra "primeira" em Apocalipse 20 verso 5 é prova de que não há ressurreição anterior a esta.

Quando o autor diz: "Nenhuma palavra", ele nos assegura, "é dita por João em todo o Apocalipse sobre tal ressurreição em duas etapas. Nada pode ser encontrado de algo anterior, nem aqui nem em qualquer outra parte da Palavra de Deus."

Esta é certamente uma declaração precipitada. Alguém pode se perguntar se o Sr. Alexander Reese não leu sobre os vinte e quatro Anciãos nos capítulos anteriores do Apocalipse. Quer representem os santos do Antigo Testamento e a Igreja, ou apenas a Igreja, a sua presença no céu pressupõe a ressurreição. Além disso, o que dizer das duas Testemunhas do capítulo 11 que morreram e ressuscitaram de entre os mortos? No entanto, este escritor tem a ousadia de informar calmamente aos seus leitores que "nenhuma palavra é dita por João em todo o Apocalipse sobre tal ressurreição".

Agora, o que é contemplado na "primeira ressurreição" é a ressurreição dos santos, e acreditamos que ela é chamada de "primeira" porque haverá outra e posterior ressurreição – a dos ímpios mortos. É importante, também, que compreendamos que a expressão "a primeira ressurreição", não significa que haverá apenas um ato divino de ressurreição dos santos adormecidos. As palavras denotam uma ordem de ressurreição em vez de um ato.

Lemos que, "Cada um", será ressuscitado, "por sua própria ordem". (1ª Coríntios 15 verso 23)

Lemos que "Cristo, as primícias" da ressurreição do Seu povo, já ressuscitou dos mortos. Nos estágios posteriores da ressurreição, surgirão grupos de santos, pois embora seja uma ressurreição, ocorrerá em vários estágios sucessivos.

(Leia com atenção: 1ª Tessalonicenses 4 versos 13 a 18, juntamente com, 1ª Coríntios 15 versos 51 a 55; Apocalipse 11 versos 11 e 12; e Capítulo 20 verso 4).

O que desejamos deixar claro é que a expressão: "Esta é a primeira ressurreição", indica que a fase final já passou. A última companhia ou destacamento de santos adormecidos a fazer parte da ressurreição pré-milenar ocorreu agora (Apocalipse 20 verso 4). "Esta é (a conclusão da) primeira ressurreição".

O fato de os santos serem ressuscitados em grupos, em momentos ou etapas diferentes, para formar uma ressurreição, é bastante consistente com os caminhos de Deus. Ele estabeleceu uma aliança com Abraão em Gênesis, capítulos 15 e 17. Ela é sempre referida como sendo uma e indivisível, mas foi estabelecida em duas etapas, separadas por mais de 14 anos. O Advento de Nosso Senhor ocorreu em etapas – Belém, Jordão, Calvário – mas foi um só Advento. Seu próximo Advento também será em etapas, pois se Ele vier "COM" Seus santos, (1ª Tessalonicenses 3 verso 13), Ele deverá primeiro vir "PARA" eles, (1ª Tessalonicenses 4 versos 16 e 17) - um Advento, mas em duas etapas ou partes distintas. Da mesma forma, a Palavra de Deus ensina, com clareza inconfundível, uma ressurreição pré-milenar de santos, mas será composta por uma série de ressurreições dentre os mortos, claramente definidas nas Escrituras.

Por William Bunting

21. A Igreja não herda as promessas de Israel?

Está claro nas Escrituras proféticas, tanto do Antigo como do Novo Testamento que a supremacia final e o esplendor insuperável de Israel como potência mundial são garantidos pelas promessas divinas. Essas promessas constituem um assunto importante nas Escrituras proféticas. A antiga teoria romana era "que a Igreja do Novo Testamento é a herdeira legítima de todas as promessas da Aliança feitas a Israel no Antigo Testamento", e foi erroneamente revivida pelo falecido Philip Mauro. Este, é um dos principais argumentos dos A-Milenistas. É, no entanto, uma falácia total. Essas promessas foram seladas pelo juramento e aliança Divinos, e nada pode invalidá-las. A honra do nome do Senhor está inseparavelmente ligada a alas e Ele não deixará de cumprir Sua obrigação moral para com aqueles a quem Suas promessas foram originalmente feitas.

No entanto, mesmo que alguém estivesse inclinado a favorecer a visão de tal transferência de bênçãos prometidas, surge uma dificuldade que nem o Sr. Philip Mauro, nem ninguém que conhecemos, jamais foi capaz de remover. O que acontece com as "maldições" e "pragas" punitivas da vingança divina ameaçadas sobre a nação pela desobediência em Deuteronômio Capítulos 28 e 29?

Estas incluíam carência, pestilência, opressão, destruição, dispersão mundial, cegueira espiritual e abandono por parte de Deus. Estes também, ou os julgamentos que lhes respondem, foram transferidos para a Igreja?

Qualquer jovem crente sabe que não. Os membros do Corpo de Cristo, sem dúvida, experimentam individualmente o castigo do Senhor por causa do pecado não julgado, algo que temos, por exemplo, em, (1ª Coríntios 11 verso 32); uma igreja pode agir de tal maneira que seu candeeiro de testemunho possa ser removido pelo governo divino, algo que temos, por exemplo, em, (Apocalipse 2 verso 5); e professantes impenitentes e sem Cristo serão "jogados da boca do Senhor", algo que temos descrito em, (Apocalipse 3 verso 16); mas a concepção da amada Igreja de Cristo sendo amaldiçoada, atormentada, abandonada ou, em qualquer sentido, sujeita à ira de Deus, está completamente em desacordo com o ensino do Novo Testamento.

Com base em que princípio justo pode então ser demonstrado que a Igreja é herdeira das promessas nacionais de Israel, mas não dos seus julgamentos penais?

Eles permanecem ou caem juntos?

Ou todas as bênçãos devem ser apropriadas para a Igreja, e todas as maldições ser deixadas para Israel?

Uma resposta afirmativa parece muito simples e conveniente, mas não seria nem razoável, nem justa, nem consistente.

Pode-se argumentar, no entanto, que a Igreja herda as bênçãos, menos as maldições, com base na Nova Aliança, que é de pura graça, enquanto o trato de Deus com a nação de Israel estava de acordo com a Aliança do monte Sinai, que era uma das obras.

Sabemos que houve tal mudança de aliança - um fato que enfatiza a importância de distinguir entre coisas que diferem, especialmente entre os métodos de Deus com o homem nos vários períodos de tempo da história, respectivamente. Não fazer isso é em grande parte responsável pelos erros da A-Millennial.

As bênçãos espirituais da nossa era Cristã, contudo, não correspondem às previsões da futura restauração e exaltação de Israel. Não se pode demonstrar que sejam a contrapartida das promessas de Israel. É inútil tentar ilustrar que sim. Acreditamos, portanto, que o cumprimento dessas promessas está temporariamente suspenso, e que a Nova Aliança será a própria base sobre a qual elas ainda serão cumpridas para o povo judeu.

Lemos em Jeremias 31 versos 31 a 34: "Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que farei uma nova aliança com a casa de Israel".

Observe que esta aliança foi feita principalmente "com a casa de Israel", e que é muito semelhante à Aliança Abraâmica, da qual, na verdade é uma amplificação. Que os seus termos incondicionais, e pelo menos parte das suas graciosas disposições, se aplicam à Igreja, é comprovado pelas cinco referências diretas a elas no Novo Testamento.

Pode ser lindas em passagem como: Lucas 22 verso 20; 1ª Coríntios 11 verso 25; 2ª Coríntios 3 verso 6; Hebreus 8 verso 8; e Capítulos 9 verso15).

Mas há inúmera prova de que, as disposições da Nova Aliança, feita com a casa de Israel, em Jeremias, que não são esgotadas pela Igreja, e devem, portanto, ser reservadas para aqueles a quem foram originalmente dadas - a nação Judaica.

Um argumento importante e, como nos parece, incontestável em apoio a isso é o fato de que esta é a única Aliança nas Escrituras de acordo com a qual se diz que Deus remove os pecados e, portanto, esta deve ser a aliança da qual o Espírito fala em Romanos 11 versos 26 e 27, quando Ele diz: "E assim todo o Israel será salvo; como está escrito, sairá de Sião o Libertador, e Ele afastará de Jacó a impiedade. Porque esta é a minha Aliança para eles, quando eu tirar os seus pecados".

A expressão; "a casa de Israel", é, portanto – os descendentes físicos de Jacó, e "Jacó" nunca significa "a Igreja" – que ainda herdará as bênçãos da Nova Aliança na sua glória e plenitude sem nuvens.

Já fizemos alusões às maldições anunciadas sobre Israel. O mais temível delas foi o que lhe sobreveio em consequência de sua rejeição a Cristo. Ora, o Sr. Philip Mauro ensinou que esse julgamento era final e irrevogável. Assim, comentando sobre Mateus 21 verso 43, que diz: "O reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que produza os seus frutos", ele concluiu erroneamente que este "ato Divino, era o claro e definitivo, fim da nação de Israel".

(Isto está em seu livro, intitulado, "A Esperança de Israel", na página 89).

Para ele era "totalmente impossível", que a nação Judaica tivesse um futuro de bênçãos; pois disse ele, os Judeus "deixaram de ser uma nação no ano 70 d.C.

Estas declarações precipitadas e sem reservas da pena de um advogado cristão são surpreendentes.

Não, "Deus não rejeitou o seu povo, que dantes conheceu", (Romanos 11 verso 2).

A eles "as promessas" ainda "pertencem", (Romanos 9 verso 4).

Somente por "um pequeno momento", Deus os abandonou Israel (Isaías 54 verso7).

O seu reagrupamento é tão certo como a sua dispersão. "Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o pastor ao seu rebanho." (Jeremias 31 verso 10).

O julgamento que lemos em Mateus 21 verso 43 não é, "o fim da nação Judaica", pois o remanescente será salvo.

Durante cerca de dois mil e quinhentos anos, reis, concílios, governos, ditadores, papas, prelados e impérios tentaram exterminar os judeus; mas Deus disse: "Porquanto darei fim a todas as nações entre as quais te espalhei; a ti, porém, não darei fim, mas castigar-te-ei com medida". (Jeremias 30 verso 11)

Lemos no profeta Amós 9 verso 8, o Senhor Deus dizendo a esta nação: "Não destruirei totalmente a casa de Jacó"; e o milagre da existência contínua da nação é um testemunho da fidelidade da Palavra de Deus.

Pela mesma Palavra, seus filhos ainda "dominarão sobre seus opressores." (Isaías 14 verso 2)

"A abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas dos gentios virão a ti." (Isaías 60 verso 5)

"Os reis serão seus pais que amamentam, e diante deles se curvarão com o rosto em terra e lamberão o pó dos seus pés." (Isaías 49 verso 23)

"A nação e o reino que não te servirem, perecerão" (Isaías 60 verso 12),

Deus fará deles "um nome e um louvor entre todos os povos da terra" (Sofonias 3 verso 20).

Depois do arrebatamento da Igreja ao céu, e este pobre mundo ter passar pela Tribulação e Grande Tribulação, o Senhor Jesus volta em poder e grande glória como o Filho do Homem, para salvar Israel e julgar as nações.

Então chegaram o fim dos "tempos dos gentios" e a transferência da soberania mundial novamente para Israel marcarão a inauguração da idade de ouro da Terra – o Milênio. A palavra "Milênio" é derivada de duas palavras latinas – "mille", mil, e "annus", um ano, e é equivalente ao termo grego "chilia ete", que em Apocalipse 20 é traduzido "mil anos".

Pelos fatos de que a palavra "Milênio" nunca ocorre em nossa Bíblia em português, de que um período de tempo limitado para o reino visível e terrestre de Cristo nunca foi revelado anteriormente, e de que nosso Senhor e Seus apóstolos disseram tão pouco sobre tal reino futuro, – alguns chegam afirmam que não disseram nada, – foram aproveitados como argumentos a favor do A-Milenismo. É em parte com base nisso que o termo "mil anos" é espiritualizado, e seu sentido literal e comum é negado. Mas isto, é um erro, o reinado literal de mil anos, com o remanescente de Israel restaurado e salvo e as bênçãos milenar, são assuntos de profecias como Isaías 65.

Deus tem um reino e Daniel falou dele, (Daniel 2 verso 44), João Batista também falou dele, (Mateus 3 verso 2), Cristo também falou dele, (Marcos 1 verso 15), Paulo também, (Atos 20 verso 25), Pedro também, (2ª Pedro 1 verso 11), e tantos outros falaram sobre isso; e será proclamado durante "a Grande Tribulação" (Mateus 24 verso 14).

É um reino totalmente literal aqui na terra, fique perfeitamente claro sobre isso, mas tem diferentes aspectos ou fases. A futura forma terrena, com a qual estamos atualmente preocupados, durará mil anos. Longe de anular o Reino Eterno, o Reino Milenial será "o vestíbulo" para ele. Certamente uma pessoa com inteligência média pode perceber isso.

Por William Bunting

22. Qual era o plano original para Israel?

Era o desejo original de Deus que os descendentes de Jacó fossem, "um tesouro peculiar para Ele acima de todos os povos" (Êxodo 19 verso 5), que eles "possuíssem a porta de seus inimigos", (Gênesis 22 verso 17), desfrutassem da supremacia política como "o cabeça das nações", (Deuteronômio 28 verso 13), e que como um, "reino de sacerdotes" eles deveriam permanecer entre Deus e as outras nações (Êxodo 19 verso 6) – que a nação fosse um veículo de bênção para toda a humanidade (Gênesis 22 verso 18).

Contudo, por causa do afastamento perverso e persistente do Senhor, Israel falhou em seu alto chamado. Consequentemente, depois de muito sofrimento a eles por causa divina, muitas advertências e pequenos castigos, as ameaçadas, "maldições" e "pragas" de Deuteronômio capítulos 28 e 29 visitaram o povo e sua amada terra.

(Veja isto em Deuteronômio 28 versos 15 a 68; e Capítulo 29 versos 22 a 28).

Partes desses dois capítulos tiveram um cumprimento parcial quando a nação foi levada ao cativeiro – o Reino do Norte foi levada para Assíria no ano 721 a.C. (2ª Reis 18 verso 11); e o Reino do Sul foi levado para a Babilônia no ano 606 a.C., (2ª Reis 24 versos 1 a 4). Porém, estes dois capítulos de Deuteronômio, tiveram um cumprimento mais completo e exaustivo na época da invasão romana da Judeia pelo general Tito, no ano 70 d.C.

Agora, desde a queda do Reino de Judá no ano 606 a.C., até o presente, Israel tem sido "a cauda" das nações (Deuteronômio 28 verso 44). Pois naquele ano, Deus transferiu solenemente o cetro da soberania mundial do Reino de Judá para o Império Babilônico, (Leia Jeremias 27 versos 6 e 7; e Daniel 2 verso 38). Assim começou o longo período de supremacia gentia na terra, mencionado por nosso Senhor Jesus como "os tempos dos gentios" em (Lucas 21 verso 24). A expressão "tempos dos gentios" deve ser distinguida daquilo que Paulo chama de "plenitude dos gentios" em (Romanos 11 verso 25). O primeiro refere-se ao prolongado período de dominação mundial pelos gentios, como acabamos de salientar; o último, para a conclusão da reunião graciosa dos gentios durante o período em que Israel é judicialmente, embora apenas temporariamente, posto de lado por Deus. A primeira expressão é política; a outra, é espiritual.

Estes "tempos dos gentios" são retratados pela imagem colossal, "cujo brilho era excelente" e cuja "forma era terrível", que Nabucodonosor viu em seu sonho, conforme registrado em Daniel 2. Durante o seu curso, quatro grandes Monarquias Gentias, representadas pelas quatro partes respectivas da Imagem mencionada pelo profeta, irão suceder-se umas às outras como Potências mundiais (Leia Daniel 2 versos 31 a 45). Como é bem sabido, as quatro Potências são Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma. Ao longo destes "tempos" Jerusalém será "pisada pelos gentios" (Lucas 21 verso 24), mas este tempo chegará ao seu fim na ocasião da descida Jesus, como o Filho do Homem à terra "com poder e grande glória" (Lucas 21 verso 27). Ele é a "pedra cortada sem mãos", que "feriu a estátua nos pés", de modo que o todo foi "despedaçado e tornou-se como a palha da eira de verão, e o vento as levou embora, que não se achou lugar para eles; e a pedra que feriu a imagem tornou-se um grande monte e encheu toda a terra" (Daniel 2 versos 34 e 35).

Na interpretação que se segue, não nos restam dúvidas quanto ao significado desta imagem. Nos versículos 44 e 45, Daniel 2 diz: "Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, da maneira que viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro; o grande Deus fez saber ao rei o que há de ser depois disto. Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação."

É claro, portanto, que quando terminar o período divinamente designado de dominação gentia, um quinto reino, o de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o substituirá. Disto não pode haver dúvida. "O sonho é certo e a sua interpretação certa." Na verdade, na grande visão concedida ao próprio profeta em Daniel no Capítulo 7, cerca de 48 anos depois, esta profecia foi confirmada e amplificada. As quatro Bestas correspondem às quatro partes da Imagem do capítulo 2, a diferença é que os sucessivos impérios mundiais são ali vistos como Deus os viu, ao passo que no sonho anterior eles são vistos como apareceram a Nabucodonosor.

Os dez chifres ali em (Daniel 7 versos 20 e 24), correspondem aos dedos dos pés do Capítulo 2 versos 41 a 44 e representam dez reis que se unirão para formarem a fase final do quarto Império mundial, nos dias finais da supremacia gentia.

Da mesma forma, Aquele em (Daniel 7 versos 13 e 14) que é descrito como "semelhante a um Filho de Homem", que veio "com as nuvens do céu", a quem foi dado "domínio e glória, e um reino, para que todas as pessoas, nações e línguas, deveria servi-lo", e cujo "domínio é um domínio eterno que não passará, e o seu reino que não será destruído", é claramente Aquele representado pela "pedra cortada sem mãos" e destinado pelo "Deus do céu" para "tornar-se uma grande montanha e encher toda a terra" (Daniel 2 versos 34 e 35).


Os seguintes fatos devem ser cuidadosamente observados:

1. Não há absolutamente nada que sugira que estas monarquias mundiais gentias devam melhorar moralmente, manifestar qualquer mudança interna para melhor ou desenvolver-se gradualmente no Reino de Deus. Toda a sua tendência é de deterioração moral, o que está de acordo com a declaração de Paulo, de que "os homens maus, pioram cada vez mais" (2ª Timóteo 3:13).

2. Não poderá haver reinado de paz até que Cristo retorne. A era dourada não pode ser introduzida pela instrumentalidade humana – pela reforma social, pela educação secular, pelos tratados de paz ou mesmo pela pregação do Evangelho, mas apenas pela intervenção divina da "Pedra cortada sem mãos". Isto expõe a total falácia do ensino pós-milenista.

3. Esta intervenção será repentina, rápida, universal e com julgamento devastador. Cristo descerá e com um golpe de mestre de severidade sem paralelo quebrará em arrepios a força combinada de Seus inimigos, e a supremacia gentia terminará para sempre. Veja passagens como Números 24:17-24; Salmos 2:7-9; Isaías 63:1-6; Joel 3:13-16; Zacarias 3:8; Ageu 2:22; Zacarias 12:1-9; 14.3; Mateus 24:30; Apocalipse 1:7; 11:15; 19:11-21.

4. Este golpe cairá "nos dias daqueles reis" que são representados pelos dedos dos pés da Imagem (Daniel 2:41-44) e pelos chifres da quarta Besta (Daniel 7:24-27). Esses reis reinarão simultaneamente e se federarão para formar um poderoso império, que terá um suserano poderoso – o "chifre pequeno" do capítulo 7:8, 20-24. É, portanto, bastante absurdo dizer, como fizeram alguns Amilenistas, que esta profecia foi cumprida no primeiro Advento, ou, como outros ensinaram, durante a história europeia subsequente. O primeiro Advento ocorreu no reinado de Tibério César (Lucas 3:1), e não nos dias daqueles reis", cujo tempo ainda é futuro. Além disso, "não há nada na história passada dos reinos da Europa que responda a isto. Geralmente eram inimigos guerreiros, cada um buscando a destruição dos outros. Rejeitamos totalmente esta interpretação dos dez dedos dos pés.

5. O quinto reino então, que será o messiânico, estará aqui na terra, assim como foram os quatro anteriores. Será "debaixo de todo o céu" (Daniel 7:27) e "lavrar toda a terra" (Daniel 2:35). Para estabelecê-lo, Cristo retornará corporalmente à terra (Atos 1:10,11). Ele descerá ao Monte das Oliveiras (Zacarias 14:4). Então, ao derrotar Seus inimigos, "o reino do mundo se tornará o reino de nosso Senhor e do Seu Cristo" (Apocalipse 11:15). "Ele será rei sobre toda a terra" (Zacarias 14.9). Numerosas outras passagens descrevem ou aludem ao Seu reinado terreno.

Veja, por exemplo, Salmo 22:27-29; 72:1-20; Isaías 11:9; Jeremias 3:17; 23.5; Zacarias 14:16,17; Mateus 5:5; 6:10; Apocalipse 5:10. Cada um dos chamados Profetas Menores diretamente ou por tipo fala disso, ou de Sua vinda visível para estabelecê-lo.

Como estas passagens, em muitas das quais são mencionadas relações terrenas, condições terrenas, prosperidade terrena e nomes próprios nacionais e geográficos, podem ser aplicadas ao Céu ou ao Estado Eterno, como os Amilenistas sugerem, confunde a compreensão de alguém. Além disso, que a Igreja, cuja vocação, carácter e destino são celestiais, possa preencher o papel do Reino de Daniel capítulos 2 e 7, é totalmente inadmissível, para dizer o mínimo.

6. O Reino de nosso Senhor na terra será literal e visível. Os antigos reinos em Daniel 2 e 7 eram literais e visíveis, portanto, por uma questão de consistência, devemos entender aquele que os substituirá de maneira semelhante. Não há nada no contexto que indique uma mudança no modo normal de interpretação literal, que precedeu, nem há nada incompatível com isso aqui ou em qualquer uma das outras numerosas passagens às quais nos referimos. Na verdade, o testemunho combinado das Escrituras exige tal interpretação. Embora literal e visível, porém, o Reino futuro também será espiritual, pois o Espírito de Deus será então "derramado sobre toda a carne" (Joel 2:28). O Reino hoje é espiritual, interior e invisível. Naquele dia será espiritual, mas em manifestação pública. Um reino espiritual inteiro", porém, "sem a união santificada do material ou natural, é totalmente oposto à Palavra de Deus.

Neste contexto, não pode ser demasiado enfatizado que as Escrituras proféticas não devem ser interpretadas como significando qualquer coisa senão o que o seu sentido claro e óbvio indica, como já foi apontado nestes capítulos. Quando nos é dito, por exemplo, que nosso Senhor num dia futuro estará no "Monte das Oliveiras, que está diante de Jerusalém, a leste" (Zacarias 14:4), o que poderia ser mais claro do que a literalidade da declaração? Quando lemos sobre homens cultivando seus campos, plantando vinhas e bebendo vinho, nos dias da restauração de Israel à sua própria terra (Amós 9:11-15), a referência certamente não pode ser a pessoas que se revestiram da imortalidade e estão habitando no paraíso. Não sejamos tão tolos, portanto, a ponto de "cair no absurdo cego de esperar o cumprimento de teorias baseadas no que os homens conjeturam que os profetas deveriam ter predito. Mesmo uma leitura superficial de Daniel 2 e 7 deixará claro que, em muitos aspectos, o quinto reino mundial será totalmente diferente dos quatro que o precedem. Eles são simbolizados por metais, por uma "pedra cortada sem mãos"; eles são marcados por uma deterioração crescente da qualidade e por uma força, influência e glória crescentes; eles duram cada um, mas por um tempo limitado, "permanecerá para sempre". No entanto, tal como eles, será um reino literal e material - um reino em manifestação pública, que "quebrará em pedaços e consumirá todos estes (outros) reinos". Não há nenhuma garantia bíblica para acreditar no contrário.

7. Finalmente, "o reino será dado ao povo dos santos do Altíssimo" (Daniel 7:27). Quem serão essas "pessoas"? Acreditamos que eles serão o mesmo povo descrito como o "povo" de Daniel no capítulo 12:1. Em outras palavras, eles são o povo de Israel. Israel foi posto de lado, como vimos, mas apenas, observe apenas, "até que os tempos dos gentios se cumpram" (Lucas 21.24), apenas "até que chegue a plenitude dos gentios" (Romanos 11:25). Então "todo o Israel será salvo" (Romanos 11:26), e o Israel salvo se tornará mais uma vez o cabeça das nações.

Por William Bunting

23. Israel é a chave para a profecia?

Na mente da Cristandade, a Igreja, é a continuação ou substituição de Israel, o antigo povo de Deus que ficou no Antigo Testamento. Para eles, as profecias do Antigo Testamento, que faria do Israel restaurado e salvo, a cabeça das nações, caducaram, e se tornaram bênçãos espirituais vistas hoje na Igreja. Mas isto está longe de ser uma interpretação correta das Escrituras.

Quem pode duvidar, portanto, de que as coisas preditas nas Escrituras em relação a Israel estão agora tomando forma literalmente?

Que fazer com que todas as condições e ocorrências que se, sincronizassem, coincidissem, convergissem exatamente para o mesmo período da nossa história?

Sabemos que o relógio profético está parado nesta era da Igreja, mas o cenário já está sendo montado, para que, com o arrebatamento da Igreja ao céu, Israel volte a ser o foco de Deus para a sua restauração e salvação.

Se, como alguns sugerem, a Bíblia não é a própria Palavra de Deus, por que as coisas opostas não acontecem hoje?

Russell Taylor Smith disse muito bem que "qualquer homem que consegue segurar uma Bíblia aberta em uma mão, e um jornal na outra, e então não consegue dizer que horas são, precisa se lembrar das palavras de nosso Senhor Jesus que disse: 'Ó hipócritas, vocês não conseguem discernir os sinais dos tempos?' (Mateus 16 verso 3)".

Se, portanto, o cenário está preparado para o cumprimento literal das profecias, como pode ser negado que Israel, como nação, foi destinado por Deus a desempenhar um papel nos acontecimentos dramáticos e cruciais para os quais o mundo está agora a mover-se rapidamente?

O que acontecerá se os Judeus e sua terra forem tirados deles?

Quem é tão cego que não consegue ver que Israel é o pivô em torno do qual giram hoje todos os relacionamentos de Deus com as nações?

Deixar de fora a nação de Israel como o futuro destinatário da bênção de Deus na terra, não só anula o efeito da Palavra de Deus, mas também a distorce completamente, de modo que a profecia não tem significado.

A atual cena política internacional, especialmente quando vista em relação a Israel, tem um significado profundo. Pois, em primeiro lugar, o Médio Oriente e os Países próximos constituem um dos focos mais vitais da tensão mundial. Em segundo lugar, muitos povos daquela e de outras regiões surgiram como do pó, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, e sacudiram a inércia de séculos, reafirmando os seus direitos e declarando corajosamente a sua independência. Especialmente o Egito tem vindo a ganhar cada vez mais destaque e é agora um Estado soberano. A seguir, os vizinhos de Israel e as nações mais distantes lançam sobre ele, olhares cobiçosos.

Não precisamos nos surpreender com isso. Israel é uma terra de riqueza e prosperidade ilimitadas. Sua conquista e rápido desenvolvimento foram surpreendentes. O espírito pioneiro dos seus filhos fez com que o deserto florescesse como uma rosa. Nas artes, na cultura, no comércio, na ciência, na medicina e na agricultura, Israel está cada vez mais na vanguarda. O aumento das chuvas é um milagre moderno. O seu serviço de saúde está num nível superior ao dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Rússia, França ou Alemanha. A sua taxa de mortalidade é a mais baixa do mundo, e considerando que o Estado tem apenas setenta e cinco anos e que a migração em massa de tantas terras para ele foi acompanhada por doenças generalizadas.

No entanto, apesar da conquista notável e do progresso nacional de Israel, há algo ainda mais notável. Está no fato bem conhecido de que os Judeus na Palestina hoje estão totalmente excluídos do único lugar na terra que, acima de todos os outros, é querido e sagrado para seus corações – a sua amada Cidade de Davi, com sua área do Templo, o Muro das Lamentações e outros objetos de veneração. A velha Jerusalém ainda está em mãos árabes.

Contudo, não são apenas as nações vizinhas que cobiçam a riqueza de Israel; eles nutrem um ódio intenso e profundo. Eles são seus inimigos declarados. No mesmo dia da sua independência, o novo Estado foi atacado em todas as frentes pelos exércitos de sete países. Também há alguns meses depois, o Egito, a Síria e o Iraque assinaram um tratado para se unirem a fim de destruí-lo. Na época, um político israelita, chamado Davi Ben Gurion, disse: "Pela primeira vez na história das nações modernas, a destruição de um povo foi estabelecida como objetivo na constituição de três países que eram membros das Nações Unidas". Além disso, no extremo norte da Palestina encontra-se a antiga e grande União ateia das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que através da "penetração pacífica" e outros meios tem agora muitas nações satélites sob as suas asas. Esta potência também é hostil a Israel e tem ajudado os árabes enviando-lhes grandes quantidades de armas e equipamento militar, para usarem contra os Judeus.

Então não devemos deixar de observar que a oeste da Palestina se formou uma grande combinação de nações como – Itália, Alemanha Ocidental, França, Bélgica, Luxemburgo e Holanda. Esta poderosa combinação estabeleceu o que é conhecido como "Mercado Comum Europeu", que foi ratificado pelo "Tratado de Roma" em 1957. O seu objetivo é tanto econômico como político, e foi descrito como "a maior tentativa de unificação europeia desde Carlos Magno." Como é bem sabido, a influência cada vez mais dominante nesta grande combinação é o Vaticano Romano. Uma grande diferença entre ela e da antiga União Soviética é que ela é amiga da causa judaica.

Aqui está, brevemente, um delineamento do atual cenário internacional, visto em sua relação com Israel. O seu significado profundo, como o da vida judaica moderna, reside na sua estreita semelhança com o quadro dos últimos dias tão graficamente retratado nas Escrituras proféticas, como veremos agora.

Estas Escrituras indicam claramente que o centro da tempestade no fim dos tempos será a Palestina e os países adjacentes (Para ver e entender tudo isto, é sugerido que leia com a tenção, Ezequiel Capítulos 38 e 39; Daniel 11 versos 40 a 45; Zacarias 10 versos 10 e 11; e Capítulos 14 versos 1 a 21). Estas passagens bíblicas, ensinam que nessa altura haverá um poderoso surto de nacionalismo. A figueira exibindo suas folhas tenras, após o longo sono do inverno como temos em (Lucas 21 versos 29 a 33), simboliza a revivificação e a prosperidade de Israel como nação; enquanto a afirmação de que "todas as árvores brotarão", indica que nova vida e vigor também se manifestarão em outras raças. Mesmo que se duvide desta interpretação da parábola de nosso Senhor, muitas outras Escrituras ensinam claramente a mesma coisa.

Assim, Daniel 11 versos 41 a 43 implica que no tempo do fim, nações como Edom, Moabe, Amom, Egito, Líbia e Etiópia, que durante séculos foram fracas, e sem importância, serão poderes a serem considerados.

Ezequiel Capítulo 38 nomeia várias grandes nações guerreiras. Que deve ser comparadas também com o Salmo 72 verso 10; Isaías 60 versos 6 a 9 e Joel Capítulo 2; profecias que nenhuma das quais ainda foi cumprido. De todas estas nações, a mencionada com mais frequência como tendo um grande papel no futuro é o Egito, como mostrará a referência a Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e outras profecias.

O profeta Ezequiel prediz, também, que nos "últimos anos" (Capítulo 38 verso 8) – "nos últimos dias" (verso 16) – "os povos que estão reunidos dentre as nações" (verso 12) – "Israel " (verso 14) - então habitar "na terra que foi trazida de volta da espada" (verso 8), "no meio da terra" (verso 12), será tão rico em "prata e ouro, gado e bens" (verso 13), que certas nações, gananciosas e invejosas das suas vastas riquezas, irão atacá-los "para capturar a presa… para levar grande despojo" (verso 13).

Tudo isto não deixa de ser muito interessante, mas chegamos agora a um ponto muito mais interessante. Pois embora esteja claro nas Escrituras que Israel reocupará sua própria Terra na incredulidade, e antes da descida de Cristo à terra para reinar por mil anos, nosso Senhor menciona algo que à primeira vista pode parecer sugerir uma contradição positiva disto. Este é o fato de que Jerusalém, a capital da Palestina, não será libertada do jugo gentio, mas será "pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se cumpram" (Lucas 21 verso 24).

Conciliar este versículo com as passagens que parecem ensinar exatamente o oposto deve ter sido uma dificuldade para muitos estudantes devotos da Palavra de Deus até os tempos modernos. Mas, para nós hoje isso demonstra a precisão infalível dessa Palavra. A Jerusalém moderna cobre agora a área precisa predita em Jeremias 31 versos 38 a 40, e pertence a Israel, mas a cidade do Tempo de nosso Senhor, a velha Jerusalém, ainda está sob o domínio dos gentios.

Além disso, Joel 3 versos 9 a 19 e Zacarias 12 versos 1 a 9; e Capítulo 14 versos 1 e 2, indicam claramente que Israel será assolado por muitos inimigos no fim dos tempos. Acreditamos, também, que o Salmo 83, no qual uma grande confederação de dez povos se opõe a Nação, e do qual alguns veem um cumprimento parcial em 2ª Crônicas 20, ainda aguarda seu cumprimento integral. A profecia, é claro, emprega nomes antigos. Embora a identidade de alguns deles seja talvez incerta, a referência é claramente às nações árabes que fazem fronteira com Israel – Assur, ao norte; Tiro ao noroeste; Edom, Ismael e Moabe ao sul; Amom e Amaleque ao leste; e os filisteus (hoje no distrito da faixa de Gaza) a oeste. Todos estes estão empenhados na destruição do povo escolhido de Deus.

"Venha", dizem eles, "vamos excluí-los de ser uma nação; para que o nome de Israel não seja mais lembrado" (Salmos 83 verso 4). Então, em Ezequiel 38, já mencionado, o grande inimigo que ataca Israel tão impiedosamente nos "últimos anos" vem "dos confins do norte" (Observe isto em Ezequiel 38 versos 6 e 15; e Capítulo 39 verso 2). A expressão que está nestes versículos, "os extremos do norte" (ou seja, o norte da Palestina), não deixa qualquer dúvida quanto à localização geográfica em vista – que é aquela ocupada hoje pela Rússia.

Finalmente, além da grande Confederação do Norte, as Escrituras falam da presença de um poderoso bloco de nações no Sul da Europa no tempo do fim. Este poderoso império será composto por dez reinos (Leia Daniel 2 versos 40 a 43; Capítulo 7 versos 7 e 24; Apocalipse 13 verso 1; Capítulo 17 versos 3,7,12,16,17).

Durante algum tempo será controlado pelo sistema eclesiástico representado pela mulher vestida de escarlate em (Apocalipse 17 versos 3 e 7). As sete colinas sobre as quais a mulher está sentada significam a cidade de Roma (Apocalipse 17 versos 9 e 18). Roma será, portanto, o centro governamental deste imenso império – "uma Europa Unida". O seu grande príncipe será declaradamente amigo dos Judeus e celebrará com eles um pacto de sete anos, garantindo, sem dúvida, a proteção dos direitos e liberdades do seu pequeno Estado (Daniel 9. 26-27).

Ver-se-á assim que, ao tocar em todas estas questões profundamente significativas - o foco da tensão mundial, o espírito do nacionalismo, a importância crescente do Egito, a ganância das nações pela vasta riqueza de Israel, os fatos únicos relativos a Jerusalém, o ódio dos árabes dos Judeus, a ascensão da Rússia e o seu apoio às nações árabes, a união das grandes potências na Europa, a sua crescente subserviência a Roma e a sua atitude favorável para com Israel - no que diz respeito a todos estes assuntos e outros que poderiam ser mencionados, existe uma semelhança estreita e surpreendente entre a face da atual situação internacional e o programa profético dos últimos dias, conforme retratado na Palavra de Deus.

Bem, tenho uma surpresa para todos aqueles que acompanharam os pensamentos descritos aqui, pois tudo isto foi escrito pelo irmão William Bunting, no ano de 1963, e só mostra como a Palavra de Deus é infalível, pois o cenário de hoje está mais arranjado do que quando ele escreveu estas linhas.

24. A Parábola das Dez Virgens se refere ao Arrebatamento?

Mateus 24 e 25 são uma unidade, sendo uma narrativa contínua. O discurso do Senhor flui de questões sobre o templo, Sua vinda e o fim dos tempos.

O foco em "sinais de sua vinda" indica o cenário judaico da passagem, pois "os judeus pedem um sinal" (1 Coríntios 1:22) e "os tempos e estações" que o Senhor dá aqui estão relacionados ao Dia do Senhor e o tempo em que a destruição repentina (1 Tessalonicenses 5:1-3) virá sobre aqueles que confiam em uma aliança com o inferno (Isaías 28:15; Daniel 9:27) para garantir-lhes "paz e segurança".

Tudo isso está ligado com a última semana, das 70 Semanas de Daniel, que o período de 7 anos que se segue após ao Arrebatamento.

Os sinais iniciais que o Senhor dá em (Mateus 24:4-10), correspondem aos cinco primeiros selos dos julgamentos de (Apocalipse 6:1-11), que vem após o arrebatamento, visto figurativamente quando João é chamado ao Céu, em (Apocalipse 4:1) e a recompensa é dada aos santos dessa era da Igreja (Apocalipse 4:10).

A abominação da desolação (Mateus 24:15) refere-se à metade do período de 7 anos (Daniel 9:27b).

"E sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador."

A "grande tribulação" (Mateus 24:21) aponta para a última metade desse período e para a vinda visível do Filho do Homem, para o retorno do Senhor à terra. (v.27)

"Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem."

Paulo confirma isso em 2 Tessalonicenses 1:7-10, dizendo que, "O Senhor Jesus vem do céu com os anjos do seu poder, Com labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, longe da face do Senhor e da glória do seu poder, Quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que creem."

O ensino comparando os dias de Noé em (Mateus 24:37-42) refere-se à vinda do Filho do Homem, referindo-se ao versículo 27, assim como a advertência no versículo 44.

"Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há-de vir à hora em que não penseis."

A Parábola dos Servos Fiéis e Maus em (Mateus 24:45-51) tratam igualmente da "manifestação do Senhor Jesus", que deve ser a vinda do Filho do Homem, pois é isto que vemos no contexto.

A Parábola dos Talentos (Mateus 25:14-30), que segue a Parábola das Dez Virgens, não pode se referir aos crentes desta era da Igreja.

O servo perverso teve a responsabilidade confiada a ele por seu mestre, mas é lançado pelo mestre nas trevas exteriores. Isso é semelhante à parábola no final de Mateus 24, e tem um cenário judaico.

A parábola das ovelhas e dos cabritos, (Mateus 25:31-46) também se refere à vinda gloriosa do Filho do Homem.

"E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda."

Portanto, o contexto das Dez Virgens é o retorno do Senhor à terra e não o Arrebatamento.

25. As Dez Virgens ensina o arrebatamento parcial dos crentes?

Muitos tentam extrair da parábola das Cinco Virgens prudentes e das Cinco Virgens loucas de Mateus 25, um ensinamento sobre um arrebatamento parcial, mas isto é imprudente e antibíblico.

Primeiro, porque o contexto mostra que a parábola não trata do arrebatamento.

Em segundo lugar, as descrições de "sábios" e "insensatos" neste último discurso em Mateus nos lembram do mesmo contraste no final do primeiro discurso do Senhor em, (Mateus 5-7).

Lá, os tolos não constroem sobre a Palavra do Senhor e sua construção sofre uma grande queda. Eles não são crentes.

E em terceiro lugar, se alguém relacionar as virgens acordadas (sábias) e as adormecidas (tolas) aos dois estados, que temos registrados em (1 Tessalonicenses 5:10), que diz, "quer acordados, quer dormindo", só mostra insensatez, pois o contexto dessa passagem dissipará a ideia de um Arrebatamento parcial.

Paulo em 1 Tessalonicense 4:13 ao 5:10, descreve os cristãos que estão esperando a vinda iminente do Senhor no arrebatamento e fala também dos cristãos cujo comportamento é semelhante aos incrédulos do mundo (ou seja, esfriaram na fé e estão dormindo na noite, v. 7), mas Paulo não sugere um arrebatamento parcial somente com os crentes firmes na fé, pelo contrário, ele afirma que a razão pela qual ambos serão levados no Arrebatamento e porque serão salvos da ira vindoura, (que é o período dos 7 anos de tribulação).

O arrebatamento de todos os salvos é o resultado da morte de Cristo e não da nossa condição espiritual.

O ensino de um arrebatamento parcial não está na Parábola das Dez Virgens ou em qualquer outro lugar nas Escrituras.

26. Qual é a interpretação correta da parábola das Dez Virgens?

A parábola das Dez Virgens está registrada em Mateus 25:1-13, e percebemos que todas as virgens têm lâmpadas que indicam que estão esperando o retorno de um noivo durante a noite. Esta é uma figura do testemunho delas.

Elas estão todas inconscientes, instintivas do tempo, pois estão dormindo.

No meio da noite, um grito traz todas elas à consciência.

O anúncio é que esta é a noite da vinda do noivo. As virgens não são noivas ou candidatas a noivas.

Elas estão esperando para participar da festa de casamento (o contexto define-se pela palavra "casamento", v. 10, e se refere ao casamento ou à festa de casamento) com o noivo.

O evento que anuncia a vinda do noivo mostra a diferença entre as duas classes.

As sábias com o óleo em suas vasilhas, e as outras, que se mostram incapazes de encontrá-lo, porque não têm óleo para sustentar sua professa expectativa do noivo.

Tudo isto nos leva para um período depois do arrebatamento da Igreja, e vemos aqui dois tipos de judeus que professam estar esperando o retorno de Cristo à terra.

Das 70 semanas proféticas de Daniel 9:24-27, falta uma semana de 7 anos para se cumprir. Evento que começa a se desenrolar após o arrebatamento da Igreja para o céu.

No meio do período destes 7 anos, ocorre o evento que o Senhor descreve no capítulo 24 de Mateus como, a abominação da desolação.

O Iníquo profana o templo judaico em Jerusalém tomando o lugar de Deus, provavelmente sentado no propiciatório do templo.

Isso fará com que aqueles judeus que professam esperar pela redenção de Israel reconheçam os tempos proféticos cruciais que os cercam. (Lucas 21:28; 2:38)

Aqueles que não foram salvos e nasceram do Espírito (representado pelo óleo nas vasilhas) não serão capazes de resistir ao poder da Besta (o Iníquo), e será difícil sobreviver em uma sociedade governada pela marca da Besta (Apocalipse 13:4-18).

Quando o Sol da Justiça (Malaquias 4:2), o Senhor Jesus, o Filho do Homem vier para acabar com aquela noite escura de perseguição, os regenerados pelo Espírito entrarão na alegre festa de casamento (Apocalipse 19:9, 11).

Os não regenerados serão eternamente excluídos do reino milenar e da presença do Senhor.

Ambas as classes nesta parábola são judeus que estão esperando a vinda do Noivo, o Filho do Homem, retornando com Sua Noiva, a Igreja.

O Senhor não nos se os envolvidos na parábola ouviram o evangelho antes do arrebatamento, mas ele nos dá sua herança. Eles tinham as Escrituras proféticas do Antigo Testamento para assegurar-lhes o retorno do Senhor à Terra de acordo com os sinais, os tempos e as estações. A questão de uma segunda oportunidade de salvação após o arrebatamento, não está nesta passagem.

27. O batismo era necessário para a salvação antes de Pentecostes?

Lemos em Lucas 3:3: "E (João) percorreu toda a terra ao redor do Jordão, pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados."

Há um princípio bíblico que, devemos observar os detalhes de qualquer assunto registrado pela primeira vez na Bíblia, e Paulo invoca essa "lei da primeira menção", quando em Romanos destaca que a justiça e a fé são introduzidas juntas nas Escrituras. Ele diz que, "Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça" (Romanos 4:3).

Paulo está ensinando que, desde o princípio, estar de bem com Deus era baseado na fé, não pela observância de ritos religiosos como a circuncisão, ou obediência à Lei (Romanos 3:1-13).

Paulo recorre a Habacuque 2:4 para apoiar o que ele tem a dizer em Romanos 1:16-17: "Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé."

Ser salvo, que é inseparável de ser declarado justo por Deus, é, foi e sempre será baseado na fé.

O "batismo para arrependimento" de João Batista não era um batismo para a salvação.

O anjo Gabriel descreveu a missão de João dizendo: "Ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus. E ele irá adiante dele no espírito e poder de Elias, preparar para o Senhor um povo preparado" (Lucas 1:16, 17).

Ele ministrou à nação para preparar dentre eles, um povo que esperasse no Senhor.

João despertou a consciência de seus ouvintes, cuja pergunta era: "O que devemos fazer?" (Lucas 3:10, 12, 14).

Sua resposta não os direcionou à fé, como fizeram Paulo e Silas diante da pergunta do carcereiro em (Atos 16:30, 31), mas João os direcionou às obras de fé, para "dar frutos dignos de arrependimento" (Lucas 3:8, 11, 13, 14).

Seu batismo de arrependimento não os salvou; preparou-os para a mensagem culminante quando ele viu a Jesus vindo para o batismo: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." (João 1:29)

Se os 12 discípulos de João Batista encontrado por Paulo em Éfeso tivessem sido salvos pelo batismo de João (Atos 19:1-7), eles já teriam recebido o Espírito Santo e teriam feito parte da Igreja no Pentecostes. (1 Coríntios 12:13)

O batismo que João administrava, foi uma expressão de submissão à mensagem de Deus entregue a João.

Confirmou um reconhecimento de culpa ligada aos seus próprios pecados e aos pecados de sua nação.

Na verdade, esse ato batismal de João, declarava que: "Precisamos da vinda do Messias-Salvador".

Pelo menos para alguns que foram batizados por João, seu batismo para arrependimento precedeu a fé em Cristo.

28. Atos 2:38 indica que o batismo é necessário para a salvação depois de Pentecostes?

Atos 2:38, 39 diz, "E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar."

Pedro, assim como João Batista, estava falando para ouvintes judeus.

Assim como o batismo de João foi uma declaração de dissociação, separação de seu passado – tanto pessoal quanto nacional – então a ordem de Pedro para se arrepender e ser batizado chamou a atenção para sua dissociação de pecados pessoais e nacionais do passado.

Na sua pregação, Pedro declara o grande pecado da Nação: "Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos?" (Atos 2:36, 37)

O batismo de João foi "para arrependimento"; o que Pedro ordenou foi o batismo "para remissão".

Para alguns, o batismo para arrependimento precedeu a fé; para todos, a fé precedeu o batismo para a remissão (livramento, perdão).

Os judeus, cujo nascimento os ligava à nação que havia rejeitado o Messias, foram salvos ao receberem alegremente a mensagem de Pedro de Deus, mas eles se salvaram "desta geração pervertida" por seu batismo "para remissão."

Atos 2:40-42, diz: "E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas, e perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações."

O batismo deles afirmava visivelmente que eles não estavam mais ligados àqueles que haviam rejeitado a Cristo.

Não acrescentou nada à sua fé pessoal Nele (Cristo) e não contribuiu em nada para a sua salvação eterna.

Foi dito a Saulo de Tarso: "Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor" (Atos 22:16).

Ele mesmo mostra mais tarde que "invocar o nome do Senhor" é evidência de fé já depositada em Cristo quando ele pergunta: "Como, pois, invocarão aquele em quem não creram?" (Romanos 10:14).

Em Romanos 10:9-13, Paulo diz: "Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido. Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo."

Saulo (o Judeu) foi salvo antes de ser batizado, mas seu batismo afirmou sua dissociação, separação de sua vida passada de animosidade contra o Cristo.

29. À luz de Efésios 4:5, por que praticamos o batismo nas águas?

Lemos em Efésios 4:4-6: "Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós."

O raciocínio por trás dessa pergunta parece ser que "um batismo" é o batismo do Espírito Santo (Lei Atos 1:5; 1 Coríntios 12:13) e, portanto, os cristãos não têm outro batismo – nenhum batismo nas águas.

Duas respostas possíveis para isso dependem de como interpretamos "um só batismo".

Alguns baseiam sua interpretação no agrupamento que veem nas sete "coisas únicas" em Efésios 4:4-6.

Os três primeiros formam um grupo: um Corpo, um Espírito (que formou o Corpo), uma esperança (pertencente ao Corpo, veja Efésios 1:18).

Os próximos três formam um outro grupo: um Senhor (a quem todos obedecem), uma fé (pela qual todos confiaram em Cristo, e também refere-se a um corpo de verdade revelada que todos guardam pela obediência), e um batismo (pelo qual todos expressaram sua união com Cristo).

O último grupo é um só Deus e Pai de todos.

O primeiro grupo, (Um Corpo, Um Senhor e Uma esperança), nos fala do que é posicional (o que Deus fez).

O segundo grupo, (Uma fé, um batismo) nos fala do que é prática (o que devemos fazer).

O terceiro grupo, (um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós), é teológico e resume os grupos anteriores.

Se aceitarmos esta interpretação, o único batismo é o batismo nas águas que Deus ordenou para cada crente nesta era.

Pode haver razão, entretanto, para ver o único batismo como o batismo do Espírito Santo.

A palavra "há" no início do versículo 4, foi acrescentada pelos tradutores, não se encontra no original grego.

Esta palavra pode obscurecer a conexão dos versículos 4 a 6 com o versículo 3, que diz: "Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz."

Paulo está expandindo sua declaração, "a unidade do Espírito Santo".

No Pentecostes, o Espírito Santo formou uma entidade única que nunca existiu antes.

Essa unidade, o sujeito do mistério de (Efésios 3), é composta por judeus e gentios (Efésios 1 e 2).

Nesses versículos, Paulo resume o ensino posicional dos capítulos anteriores. Ele o usa como o pivô no qual baseia sua exortação prática ("esforçando-se para manter a unidade do Espírito Santo").

O único Senhor é Aquele em quem todos estão unidos e, antecipando o restante da epístola, a quem todos devem obedecer.

A única fé é o corpo revelado da verdade ou doutrina, incluindo agora o mistério sobre a Igreja.

O único batismo é o único evento que formou o Corpo.

Além dessa interpretação, Paulo estaria falando sobre a unidade do Espírito Santo sem mencionar quando o Espírito a formou.

Se essa é a interpretação de "um batismo", nesses três versículos (vs. 4-6), Paulo está lidando com nossa posição (o que Deus fez por nós).

Esse batismo nunca será repetido e não ocorre quando um crente é salvo.

O Senhor disse que isso aconteceria não muitos dias depois que Ele estivesse com Seus discípulos (Atos 1:5).

Paulo ensina que o batismo nas águas expressa nossa união com Cristo e é nossa responsabilidade prática ser batizado.

Lemos em Romanos 6:4, 5: "De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição."

Lemos em Gálatas 3:26, 27: "Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, já vos revestistes de Cristo."

Em Gálatas, Paulo ao falar dos judeus, ele usa a expressão "nós", e ele mostra que estavam confinados sob a lei até a vinda de Cristo. A lei manteve-os, como um povo separado para quem a justificação pela fé poderia ser pregada.

Após serem justificados, deixaram de estar debaixo da lei, e seu caráter distintivo como judeu cessou. Daqui até o fim do capítulo, o pronome vós, inclui os salvos entre os judeus e os gentios. Todos esses são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus.

A união com Cristo, que acontece no momento da conversão, é confessada pelo batismo em água.

Esse batismo não torna a pessoa membro de Cristo, ou herdeira do reino de Deus. Trata-se apenas de uma identificação pública com Cristo, o que Paulo descreve aqui como "revestir-se de Cristo".

Assim como um soldado se declara membro do exército por "vestir" a farda, do mesmo modo um crente se identifica como pertencendo a Cristo por ser batizado na água.

Por esse ato, ele confessa publicamente sua submissão à liderança e autoridade de Cristo. Ele mostra visivelmente que é filho de Deus.

É claro que o apóstolo não está sugerindo que o batismo na água une uma pessoa a Cristo. Seria repudiar completamente sua tese básica de que a salvação é somente pela fé.

Tampouco Paulo em Gálatas 3:27, trata do batismo do Espírito Santo, o que coloca o crente no corpo de Cristo e é tratado em 1 Coríntios 12:13. O batismo do Espírito Santo é invisível e aconteceu somente uma vez, no dia de Pentecostes.

Não há nada que corresponde a um "revestimento" público de Cristo.

Esse é um batismo em Cristo. Como os israelitas foram batizados em Moisés, identificando-se com ele como seu líder, da mesma maneira os crentes hoje são batizados em Cristo, significando que o reconhecem como seu verdadeiro Senhor.

O batismo na água, do crente, significa também o sepultamento da carne, junto com os esforços dela para conseguir justiça própria. Significa o fim da velha maneira de viver e o começo da nova.

Sendo batizados na água, os gálatas confessaram que haviam sido mortos com Cristo e que foram sepultados com ele.

Assim como Cristo morreu para a lei, do mesmo modo os gálatas estavam mortos para a lei e não deviam desejar estar sujeitos a ela como regra de vida. Assim como Cristo, por sua morte, derrubou a distinção entre judeus e gentios, eles devem fazer morrer suas diferenças nacionais.

Revestiram-se de Cristo no sentido de que levavam uma vida nova — a vida de Cristo.

Depois da morte, ressurreição e antes de volta para o céu, o Senhor associa o batismo ao discipulado e à mensagem do evangelho nesta era (Mateus 28:19, 20; Marcos 16:15, 16).

Ele também indica que o crente é responsável por ser batizado na água e isso não é feito pelo Espírito Santo, mas por aqueles que "vão", "fazem discípulos", "batizando-os", "ensinando-os" (Mateus 28:19, 20).

30. Ancião tem posição mais elevada na assembleia do que outros?

A Bíblia ensina que os homens que trabalham publicamente no presbitério na assembleia local devem ser "reconhecidos e estimados por dignos de duplicada honra".

Proponho lermos algumas passagens que tratam dos anciãos e qual deve ser a postura dos outros crentes em relação a eles.


"Agora lhes pedimos, irmãos, que tenham consideração para com os que se esforçam no trabalho entre vocês, que os lideram no Senhor e os aconselham. Tenham-nos na mais alta estima, com amor, por causa do trabalho deles. Vivam em paz uns com os outros." (1 Tessalonicenses 5:12, 13)

"Os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino." (1 Timóteo 5:17)

"Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão-de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil." (Hebreus 13:17)

"Aos presbíteros, que estão entre vós, apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória." (1 Pedro 5:1-4)

"Olhai, pois, por vós (anciãos), e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue." (Atos 20:28)

A Versão Almeida Atualizada é enganosa ao traduzir (Atos 20:28), pois ela diz: "Atentai por vós mesmos e por todo rebanho sobre o qual, o Espírito Santo vos constituiu bispos".

Em vez de dizer "sobre o qual", a traduções mais precisas desta passagem deve ser "no qual" ou "entre os quais".

Embora os irmãos de fé devam se submeter aos anciãos, e considerá-los dignos de honra e de muita estima, esses anciãos estão no rebanho, não sobre ele.


A posição dos anciãos não está acima de outros crentes.

Quando uma assembleia reconhece um homem que o Senhor levantou para ser um presbítero, isso não muda a preocupação de seu coração pelos crentes ou sua capacidade de cuidar deles por meio da Palavra de Deus.

No entanto, dá a ele a responsabilidade adicional de se reunir com os anciãos quando eles se reúnem (Atos 20:17, 18).

Publicamente, ele se juntou a outros anciãos e compartilha com eles a responsabilidade pela saúde espiritual de cada ovelha (Hebreus 13:17).

O Senhor deu uma lição espiritual para todos os crentes e principalmente para queles que estão na frente do rebanho, ao literalmente, lavar os pés de Seus discípulos (João 13:7, 12).

Ele estava exemplificando o cuidado amoroso que cada ancião deve ter com os outros ao remover dos discípulos, pela Palavra de Deus, tudo aquilo que impedirá a comunhão com seu Senhor.

Ao cingir-se com uma toalha e inclinar-se aos pés dos discípulos, Ele foi o modelo de cuidado de serviço.

Assim, aqueles que aceitam a responsabilidade de cuidar com amor da condição espiritual dos irmãos na fé são humildes servos do Mestre.

Ele ensinou que aqueles que lideram Seu povo são ministradores (diáconos) e servos (escravos). (Mateus 20:26, 27).


E esta atitude é exigida de todos os crentes, pois Paulo disse aos Filipenses:

"Nada faça por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens."

(Filipenses 2:3-7)


Lemos em 1 Pedro 5:4: "E, quando aparecer o Sumo Pastor, (os anciãos) alcançareis a incorruptível coroa da glória."

Essa coroa aparentemente é para os "sub pastores" que cuidam das ovelhas do Sumo Pastor.

O contexto do livro pode explicar por que Pedro (pela inspiração do Espírito) a chama de coroa de glória.

Pedro lembra os crentes dos sofrimentos do Senhor Jesus e de Sua glória subsequente (1 Pedro 1:11).

Ele encoraja os crentes em suas provações de que seu sofrimento também precede a glória (1 Pedro 1:7; 4:13).

De duas maneiras, os anciãos podem ter sofrimentos especiais.

Quando os inimigos perseguem os crentes, os líderes são alvos especiais. Além disso, o fardo de cuidar do rebanho muitas vezes lhes causa muita dor e sofrimento na alma.

A glória segue o sofrimento, por isso, de maneira única, o Senhor reservou para eles uma coroa de glória.


A Bíblia fala em outras coroas, a coroa da vida, por exemplo, é oferecida aos que "suportam a tentação" (Tiago 1:12).

Todos os crentes podem concorrer a esta coroa por sofrer por amor ao seu Senhor.

31. A Alma Humana é Consciente de Si?

A Bíblia afirma que o ser humano é formado por corpo, alma e espírito.

Paulo em 1 Tessalonicenses 5:13 diz: "E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo."


A Bíblia também afirma que alma e espírito não é a mesma coisa, pois lemos em Hebreus 4:12: "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração."

Como o espírito, a alma não é física. No entanto, faz sentido posicionar a alma entre o espírito e o corpo e considerá-la como a parte "inferior" de nossa constituição espiritual, porque a Bíblia relaciona intimamente a alma com o corpo.


Mentalmente, a alma tem consciência de si mesma e é capaz de raciocinar e lembrar. Por meio de uma interface com o cérebro físico, a alma recebe os sentidos corporais e dirige as ações corporais.

A alma, por exemplo:

Come (Levítico 7:20).

Toca (Levítico 5:2; 22:6; Números 19:13).

Jura (Levítico 5:4).

Além disso, a alma exibe toda a gama de emoções:

Ama (1 Samuel 18:1).

Odeia (2 Samuel 5:8).

Regozija-se (Salmos 35:9).

Sofre (Mateus 26:38).

É "lançada para baixo" (Salmos 42:6).

Quando lemos sobre almas comendo, tocando e xingando, entendemos que a Escritura está usando "alma" como uma "figura de linguagem" para a pessoa inteira.

Mas por que tanta ênfase na alma?

Por que a Palavra de Deus chama o homem inteiro de "alma vivente" em vez de corpo vivente?

Porque o Espírito Santo quer que entendamos que a pessoa verdadeira e duradoura é a alma invisível, não o corpo visível - uma flagrante contradição da filosofia do materialismo.

Deus considera a alma responsável pelo pecado (Levítico 5:15, 17; Ezequiel 18:4).

As concupiscências carnais, combatem contra a alma (1 Pedro 2:11).

Por outro lado, a alma do crente, em sintonia com o espírito humano, pode louvar a Deus (Lucas 1:46).

Então a alma faz escolhas.

A Bíblia chama aqueles que não têm o Espírito de Deus habitando neles de "almáticos", porque suas almas perdidas dominam suas vidas e suprimem seus espíritos humanos disfuncionais. (1 Coríntios 2:14; Tiago 3:15; Judas 19).

Na verdade, eles se comportam como animais, que não têm espírito.

Essas pessoas não têm consciência de Deus e não podem compreender as verdades espirituais; eles agem em impulsos físicos, entregam-se ao conforto da criatura caída, buscam gratificação instantânea e cedem a toda luxúria e imoralidade.


Mas os salvos, estão em Cristo e são novas criaturas, com nova vida espiritual.

(2 Coríntios 5:17; João 3:6).

Seus espíritos renovados agora supervisionam suas almas e controlam os apetites da alma.

(Romanos 6:12; 1 Coríntios 9:27).

Eles andam de acordo com o Espírito Santo de Deus, que produz Seu fruto neles.

(Gálatas 5:16, 22-23).

Deus reivindica nossas almas e somos responsáveis ​​por fazer as escolhas certas para Ele.

A alma que serve a Deus assumirá a responsabilidade por seus pensamentos (Filipenses 4:8).

Ele permitirá que a doutrina cristã fortaleça sua mente e excluirá todos os pensamentos indignos.

A obediência à Palavra de Deus e o amor por nossos irmãos e irmãs manterão nossas almas puras: "Purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro; sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre." (1 Pedro 1:22, 23).

Paulo escrevendo para aquelas pessoas que já estavam salvas em Éfeso, disse: "Estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes, pois faziam a vontade da carne e dos pensamentos." (Efésios 2:1-3)


A vida de uma pessoa não regenerada está quase por inteira governada pela alma.

Pode estar vivendo com temor, curiosidade, alegria, orgulho, piedade, prazer, delícia, estranheza, vergonha, amor, arrependimento, gozo.

Ou pode estar cheia de ideais, imaginações, superstições, dúvidas, suposições, interrogações, induções, deduções, análise, introspecções.

Ou pode ser impulsionada — pelo desejo de poder, reconhecimento social, riqueza, liberdade, posição, fama, glória, conhecimento — a tomar decisões atrevidas, a entrar pessoalmente em compromissos, a expressar opiniões obstinadas, ou inclusive a resistir a testes pacientemente.

Todas estas coisas e outras similares são simplesmente manifestações das três principais funções da alma, que são a emoção, a mente e a vontade.

Acaso a vida não se compõe predominantemente destas coisas? Mas nunca poderão levar à regeneração.

Fazer penitência, sentir-se aflito pelo pecado, derramar lágrimas, inclusive fazer votos, não leva à salvação.


A confissão, a decisão e muitos outros atos religiosos nunca podem nem têm que ser interpretados como um novo nascimento. O julgamento racional, a compreensão inteligente, a aceitação mental, ou a busca do bom, do belo e do autêntico, são simplesmente atividades da alma não salva.

Embora possam servir bem como criados, as ideias, sentimentos e decisões do homem natural não podem servir como donos e por isso são secundários neste assunto da salvação.

Daí que a Bíblia nunca considera que o novo nascimento seja tratar com severidade o corpo, um sentimento impulsivo, a exigência da vontade ou uma reforma através da compreensão mental. O novo nascimento bíblico acontece em uma área muito mais profunda que o corpo, sim, é no espírito e alma do homem onde recebe a vida de Deus por meio do Espírito Santo.

O escritor de Provérbios nos diz que "o espírito do homem é a candeia do Senhor" (Provérbios 20:27).


No renascimento, o Espírito Santo entra no espírito do homem e o aviva como se acendesse um abajur.

Este é o "espírito novo" mencionado em Ezequiel 36:26.

O velho espírito morto é avivado quando o Espírito Santo lhe transmite a vida incriada de Deus.

Lemos em Romanos 8:16: "O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus."

Antes da regeneração, a alma do homem controla a seu espírito, enquanto seu próprio "eu", governa a sua alma e sua paixão governa a seu corpo. Neste caso a alma se converteu na vida do corpo.

Na regeneração, o homem recebe a própria vida de Deus em seu espírito e nasce de Deus. Em consequência disso, agora o Espírito Santo governa o espírito do homem, que, por sua vez, é equipado para recuperar o controle sobre sua alma e, por meio da alma, governar seu corpo.


Quando um pecador é salvo pela graça de Deus, o seu espírito humano, a alma e o corpo são restaurados segundo o propósito original de Deus.

Paulo diz que, "Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça. E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita. De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai."

Não sei como tem pessoas e até líderes religiosos que não somente pensam, mas estão eles mesmos, por suas habilidades naturais e religiosas alcançar esta tão grande salvação, que somente Deus pode produzir.

A Bíblia é clara: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie."

(João 3:17, 18; Efésios 2:8, 9)

Não há uma única pessoa no céu que tenha chagado lá sem ter sido salva pela graça de Deus, mediante a fé.

"Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna." (Tito 3:5-7)

32. O Corpo Humano é Consciente do Mundo?

Deus projetou o espírito e a alma para habitar um corpo material. Experimentamos nosso ambiente físico por meio dos sistemas sensoriais do corpo e controlamos nosso ambiente por meio de seus sistemas motores. Com nossos corpos, nos relacionamos com outros seres físicos. Embora os materialistas insistam que o corpo é a pessoa inteira, a Escritura vê o corpo como a posse e morada da alma e do espírito.

Após a morte, a localização de uma pessoa é a localização de seu espírito e alma, no céu ou no inferno; o corpo retorna ao pó Assim, um corpo sozinho não é uma pessoa, mas apenas um espírito e uma alma é uma pessoa.


Vamos ler alguns versículos para nos ajudar no que foi dito até agora:

Paulo disse: "Tenho desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne." (Filipenses 1:23, 24)

"Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor." (2 Coríntios 5:8)

"E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio." (Lucas 16:22, 23)

Apesar do corpo ser a parte mais periférica e menos essencial do ser humano, as Escrituras ainda o consideram necessário para a integridade humana.

Atualmente, tanto o céu quanto o inferno são povoados por pessoas desencarnadas, descritas, por exemplo, como "espíritos de justos aperfeiçoados" (Hebreus 12:23) ou "espíritos em prisão" (1 Pedro 3:19).

São pessoas incompletas, almas "nuas" num certo sentido, aguardando uma reunião final com seus corpos (2 Coríntios 5:1-3).


Quer sejam salvos ou perdidos, está chegando o dia em que homens e mulheres entrarão em sua morada eterna como pessoas completas com seus corpos, almas e espíritos.

Antigos filósofos gregos como Platão, os saduceus da época de Cristo e os gnósticos posteriores viam o corpo como uma prisão maligna.

Na verdade, eles acreditavam que o corpo poluía a alma, impedindo-a de obter seu verdadeiro potencial. Para esses pensadores, a salvação e a liberdade vêm apenas quando a alma escapa das correntes do corpo e dos emaranhados do mundo físico. Hoje, os pensadores da Nova Era ensinam essencialmente a mesma coisa: por meio da meditação e de outros meios, pode-se aproveitar as energias espirituais para escapar do corpo, transcender o físico e alcançar a unidade com o cosmos.

A Bíblia nega completamente essas visões.


Quando Deus criou Adão, ele era "muito bom" – seu corpo não era mau ou corruptível. Se o pecado não tivesse entrado, o envelhecimento físico e o desgaste que levam à morte não teriam feito parte da vida humana. (Gênesis 2:17; 3:19, 22; Romanos 5:12)

A Bíblia ensina que o pecado estragou e humilhou o corpo humano (Filipenses 3:21), mas nunca culpa o corpo físico pelo pecado. (Mateus 15:19; Romanos 1:28; Efésios 2:3)

A salvação, então, não é a libertação da alma do corpo.

Pelo contrário, a salvação deve primeiro purificar o espírito e a alma.

Em um dia vindouro, a redenção transformará também o corpo do crente para se tornar como "o corpo da sua glória". (Romanos 8:23; Filipenses 3:21).

A Bíblia considera o corpo como uma vestimenta que a alma veste na concepção, tira na morte e veste novamente na ressurreição.

Paulo também compara o corpo a uma tenda – uma habitação temporária para a alma e o espírito (2 Coríntios 5:1, 4).


As estacas podem ser levantadas e a tenda dobrada a qualquer momento.

No arrebatamento (evento que somente os salvos participarão), trocaremos nossas tendas por lares permanentes — trocaremos este corpo terreno por um corpo celestial eterno (2 Coríntios 5:2).

Paulo chama nossos corpos em sua condição atual de "almáticos" (no grego: psuchikos ), porque Deus os projetou principalmente como veículos para a alma (1 Coríntios 15:44).

Nossos corpos estão associados a Adão, a "alma vivente" (1 Coríntios 15:45).

Eles não estão totalmente equipados para que o espírito humano se expresse.

Mas um dia, na ressurreição, eles mostrarão sua associação com Cristo, o "Espírito que dá vida".


Receberemos então corpos espirituais, não corpos compostos de espírito (como um fantasma), mas corpos governados pelo espírito regenerado.

Assim como nossos corpos atuais expressam a vida da alma, nossos corpos futuros expressarão a vida do espírito.

Eles terão habilidades para o serviço de Deus além do que podemos imaginar agora.

Hoje somos animados a apresentar nossos corpos "como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto espiritual" (Romanos 12:1).

Nossos corpos são agora os templos do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19).

Deus os valoriza, e nós também devemos.

As pessoas do mundo dizem a Deus e ao governo para "manter suas leis fora do meu corpo".

O crente, entretanto, sabe que ele ou ela é apenas um mordomo do corpo - não o dono: "Porque fostes comprados por bom preço; portanto, glorificai a Deus em vosso corpo" (1 Coríntios 6:20).


Não devemos entregar nossos corpos a vícios e outros hábitos pouco saudáveis; nunca devemos abusar dos direitos de Deus alterando nossos corpos com tatuagens, piercings ou cirurgias plásticas desnecessárias do ponto de vista simplesmente estético.

Paulo disse: "Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça." (Romanos 6:12, 13)

Com nossos espíritos, temos consciência de Deus; com nossas almas, estamos conscientes de nós mesmos; com nossos corpos, nos relacionamos com o mundo físico.

Quando falamos em ter "três partes", entretanto, devemos lembrar que cada um de nós é uma unidade com uma única consciência.


O pecado arruinou todo o nosso ser, mas a redenção de Cristo purificou e reivindicou todo o nosso ser, e Ele nos aperfeiçoará como seres humanos intactos. Ainda assim, Deus revelou essas verdades para nosso aprendizado, para que possamos servi-Lo com mais inteligência.

Que nossos espíritos comuniquem com Deus e aceitem a instrução do Espírito Santo; que nossas almas respondam à direção de nossos espíritos e resolvam ser separadas para Deus; e que nossos corpos honrem e sirvam ao Senhor Jesus!

O apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 3:1, divide a todos os cristãos em duas classificações.

São os espirituais e os carnais. Um cristão espiritual é aquele em que o Espírito Santo vive em seu espírito e controla todo seu ser. Então, o que significa ser carnal?

A Bíblia usa a palavra "carne" para descrever a vida e o valor de um homem não regenerado. Compreende tudo o que surge de sua alma e de seu corpo pecaminoso (Romanos 7:19).

Por isso o cristão carnal é o que nasceu de novo e que tem a vida de Deus, mas em lugar de vencer a sua carne é vencido por ela.

Sabemos que o espírito de um homem caído está morto e que esse homem está dominado por sua alma e seu corpo. Em consequência, um cristão carnal foi salvo, é aquele cujo espírito foi avivado, mas que ainda segue à sua alma e ao seu corpo para pecar.

Se um cristão permanecer em um estado carnal muito tempo depois de ter experimentado o novo nascimento, impede que a salvação de Deus leve a cabo sua completa manifestação e seu potencial.


Só se crescer na graça, constantemente governado pelo Espírito Santo, pois desta forma, pode a salvação manifestar-se totalmente nele.

Deus providenciou uma salvação completa no calvário para a completa regeneração dos pecadores, e uma vitória total sobre a velha criatura por parte dos crentes.

"Assim também vós considerai-vos certamente mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus, nosso Senhor. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça." (Romanos 6:11-14)

33. As almas humanas diferem das almas dos animais?

A Bíblia deixa bem claro que o homem é único de todas as outras criaturas. "E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança" (Gênesis 1:26).

Observe que Deus discute apenas a criação do homem, não dos animais. A formação do homem difere da das outras criaturas: somente o homem é criado como indivíduo, formado pessoalmente do pó, e separadamente recebe o sopro da vida diretamente de Deus.

Esta vida única equipa o homem com entendimento espiritual e uma consciência.

Lemos em Jó 32:8: "Na verdade, há um espírito no homem, e a inspiração do Todo-Poderoso o faz entendido."

E lemos em Provérbios 20:27: "O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, que esquadrinha todo o interior até o mais íntimo do ventre."

Feito à imagem de Deus, somente o homem representa Deus; feito à semelhança de Deus, só o homem se assemelha a Deus. Somente o homem tem um espírito, capacitando-o de maneira única para a comunhão com Deus. Somente Adão era o "filho de Deus" pela criação, e ele, com Eva, tinha domínio sobre o resto da criação. (Lucas 3:38)


Devemos reconhecer, no entanto, que os animais também são almas viventes.

Gênesis 1:20, 21, 24 e 30 usa a expressão, "hebraico: nephesh hayyah" (literalmente "uma alma de vida") para peixes, pássaros e criaturas terrestres, e Gênesis 2:7 usa a mesma expressão para o homem.

Os animais têm alma no sentido de que sua vida, como a nossa, não pode ser reduzida apenas ao funcionamento biológico de suas células. Eles têm uma força vital imaterial.

No entanto, a Bíblia em nenhum lugar sugere que as almas dos animais existem sem fim.

Milhares de almas de animais acompanharam Noé na arca, mas em 1 Pedro 3:20 afirma que apenas oito almas foram salvas.

As almas humanas são, portanto, totalmente diferentes das almas animais.

Apenas as almas humanas são responsáveis ​​perante Deus, apenas as almas humanas sobrevivem a seus corpos e apenas as almas humanas habitam o céu ou no inferno para sempre.


Em relação aos sacrifícios do Antigo Testamento, é imperativo ver o significado da vida da alma animal.

Levítico 17:11 ensina que "a vida (hebraico: nephesh, alma) da carne está no sangue".

O sangue derramado de animais faz expiação pela alma humana.

O próprio sangue permeia todo o corpo, trazendo uma única vida coerente ao organismo; o sangue ilustra a existência de uma força vital imaterial dentro do corpo físico.

Lemos em Deuteronômio 12:23: "O sangue é vida; pelo que não comerás a vida com a carne."

O sangue correndo sinaliza a presença de uma vida anímica interior e informe que transcende a mera vida biológica.

O derramamento de sangue animal significava o gasto de uma alma animal, que fornecia limpeza cerimonial para almas humanas.

Deus não soprou nos animais e, portanto, eles não possuem espíritos.

Reconhecidamente, Gênesis 6:17 e 7:15, 22 usam o termo (hebraico: ruach - "espírito" ou "fôlego") para animais, mas esses versículos da narrativa do Dilúvio referem-se a respiração literal.


Todos os animais que respiram ar morreram afogados no dilúvio, exceto os que estavam na arca de Noé. Os animais não têm espíritos reais ou almas sem fim.

Tem outras passagens na Bíblia que também falam de respiração literal, como Salmos 104:29 e Eclesiastes 3:21.

A morte entrou no mundo por meio da queda do homem.

Aqui se faz referência à morte espiritual que separa o homem de Deus. Entrou por meio do pecado no princípio e continuou fazendo-o desde então. A morte sempre chega através do pecado. Notemos o que nos diz Romanos 5:12 sobre este assunto. 

Em primeiro lugar, que "o pecado entrou no mundo por meio de um homem". Adão pecou e introduziu o pecado no mundo.

Segundo, que "a morte (entrou no mundo) através do pecado". A morte é o resultado invariável do pecado.

E, finalmente, que como consequência "a morte se estendeu a todos os homens porque todos os homens pecaram".


A morte não "se estendeu a" ou "passou aos homens simplesmente", mas sim literalmente "passou para todos os homens".

A morte impregnou o espírito, o alma e o corpo de todos os homens. Não há nenhuma parte de um ser humano pela que não tenha passado.

Por isso é indispensável que o homem receba a vida de Deus. A salvação não pode chegar por uma reforma humana porque "a morte" é irreparável. O pecado tem que ser julgado antes de que possa haver resgate da morte para os homens. Isto é exatamente o que tem feito a salvação do Senhor Jesus.

O homem que peca deve morrer. Isto está anunciado na Bíblia.


Nenhum animal nem nenhum anjo podem sofrer o castigo do pecado em lugar do homem. É a natureza do homem a que peca, por isso é o homem que deve morrer. Só o humano pode expiar pelo humano. Mas como o pecado está em sua humanidade, a morte do homem não pode expiar por seu próprio pecado. O Senhor Jesus veio e assumiu a natureza do homem, para poder ser julgado em lugar da humanidade.

Não corrompida pelo pecado, sua santa natureza humana pôde deste modo expiar pela humanidade pecadora por meio da morte. Morreu como substituto, sofreu todo o castigo do pecado e ofereceu sua vida como resgate por muitos.

Como consequência, todo aquele que crê nEle já não será julgado (João 5:24).

Falando do Senhor Jesus, a Bíblia diz que, quando o Verbo se fez carne, levava em si toda carne.

Assim como a ação de um homem, Adão, representa a ação de toda a humanidade, a obra de um homem, Cristo, representa a obra de todos. Temos que ver quão completa é a obra de Cristo antes de poder compreender o que é a redenção.

Por que o pecado de um homem, Adão, é julgado como o pecado de todos os homens passados e presentes?


Adão é o cabeça da humanidade da qual vieram ao mundo todos os demais homens. De uma forma similar, a obediência de um homem, Cristo, faz-se justiça de muitos, passados e presentes, posto que Cristo constitui o Cabeça de uma nova humanidade, originada por um novo nascimento.

Estava em Suas mãos livrar-se destes sofrimentos da cruz do calvário, mas voluntariamente ofereceu seu corpo para suportar todas as insondáveis provações e dores sem acovardar-se nem um momento até que soube que "tudo estava consumado". Só então entregou seu espírito. (João 19:28-30)

Não só seu corpo; sua alma também sofreu. A alma é o órgão da própria consciência. Antes de ser crucificado, deram a Cristo vinho misturado com mirra como calmante para mitigar a dor, mas Ele o rejeitou porque não estava disposto a aceitar nenhum sedativo, mas sim a estar plenamente consciente do sofrimento. As almas humanas desfrutaram plenamente do prazer dos pecados; por conseguinte, Jesus ia suportar em sua alma a dor destes pecados. Preferiu beber a taça que Deus lhe deu do que a taça que anestesiaria sua consciência.

Que vergonhoso era o castigo da cruz, utilizava-se para executar os escravos fugidos.

Um escravo não tinha propriedades nem direitos. Seu corpo pertencia a seu dono, e por conseguinte podia ser castigado com a cruz mais vergonhosa. O Senhor Jesus tomou o lugar de um escravo e foi crucificado.

O profeta Isaías o chamou "o servo", e Paulo disse que tomou a forma de um escravo. Sim, veio como um escravo para nos resgatar aos que estávamos sob a escravidão perpétua do pecado e de Satanás. Fomos escravos da paixão, do temperamento, dos costumes e do mundo. Estivemos a mercê do pecado. No entanto, Ele morreu por nossa escravidão e carregou com todo nosso opróbrio.

A Bíblia traz o relato de que os soldados ficaram com a roupa do Senhor Jesus (João 19:23).

Estava quase nu quando o crucificaram. Esta é uma das vergonhas da cruz. O pecado nos tira nossa veste radiante e nos deixa nus.

Nosso Senhor foi despido diante de Pilatos e logo depois de novo no Calvário. Como reagiu sua santa alma diante de semelhantes maus tratos?

Acaso não era um insulto à santidade de sua personalidade e uma vergonha?

Quem pode sondar seus sentimentos naquele trágico momento?

Como todos os homens tinham desfrutado da glória aparente do pecado, o Salvador tinha que suportar a autêntica vergonha do pecado.

"Verdadeiramente (Deus) cobriste-o de vergonha..., com que os teus inimigos, ó Senhor, têm difamado os passos do teu ungido."; e até "suportou a cruz, desprezando a vergonha."

(Salmos 89:45, 51; Atos 12:2).

Ninguém poderá jamais constatar o muito que sofreu a alma do Salvador na cruz. Contemplamos frequentemente seus sofrimentos físicos, mas passamos por cima dos sentimentos de sua alma. Uma semana antes da Páscoa o ouviram dizer: "Agora a minha alma está perturbada" (João 12:27). Isto assinala a cruz.

No Jardim do Getsêmani o ouviram de novo dizer: "A minha alma está triste até a morte" (Mateus 26:38).

Se não fosse por estas palavras quase não poderíamos pensar que sua alma tinha sofrido.

Em Isaías 53:10-12, menciona três vezes que sua alma foi oferecida pelo pecado, que sua alma sofreu e que derramou sua alma até a morte.

Pois que Jesus suportou a maldição e a vergonha da cruz, quem crê nele já não será maldito nem envergonhado.

Seu espírito também sofreu terrivelmente. O espírito é a parte do homem que o equipa para comunicar-se intimamente com Deus. O Filho de Deus era santo, inocente, imaculado, separado do pecado.

Seu espírito estava unido ao Espírito Santo em perfeita unidade. Nunca teve seu espírito um momento de perturbação nem de dúvida, porque sempre teve a presença de Deus com Ele.

Jesus disse: "Não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou... E aquele que me enviou está comigo" (João 8:16, 29).

Por isso pôde orar: "Pai, graças te dou, porque me ouviste. Eu sabia que sempre me ouves" (João 11:41,42).

Enquanto pendurado na cruz — e se houve algum dia que o Filho de Deus necessitasse desesperadamente da presença de Deus deve ter sido esse dia — Ele gritou: "meu Deus, Meu Deus, por que me desamparaste?" (Mateus 27:46).

Seu espírito estava separado de Deus. Quão intensamente, sentiu a solidão, o abandono, a separação!


O Filho eterno ainda estava cedendo, o Filho ainda estava obedecendo à vontade de Deus-Pai; sem dúvida, o Filho tinha sido abandonado: não por causa dEle, mas sim por causa de outros.

O pecado afeta muito profundamente o espírito e, por conseguinte, embora o Filho de Deus fosse santo, tinha que ser separado de Deus porque levava o pecado de outros.

É certo que nos incontáveis dias da eternidade, como Ele mesmo disse: "eu e o Pai somos um" (João 10:30).

Inclusive durante sua estada na Terra continuou sendo assim, porque sua humanidade não podia ser uma causa de separação do Deus.

Só o pecado podia separá-los, embora esse pecado fosse de outros.

Lemos em 2 Coríntios 5:19-21: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus."

Abandonado Por Deus, Cristo sofreu, pois, a mais amarga dor do pecado, suportando na escuridão a ira castigadora de Deus sobre o pecado sem o apoio do amor de Deus ou a luz de seu rosto.


Ser abandonado por Deus é a consequência do pecado.

Agora nossa humanidade pecadora foi julgada totalmente porque foi julgada na humanidade sem pecado do Senhor Jesus. Nele, a humanidade santa conquistou sua vitória. Toda sentença sobre o corpo, a alma e o espírito dos pecadores foi lançada sobre Ele. Ele é nosso representante. Por fé estamos unidos a Ele. Sua morte é considerada como nossa morte, e sua sentença como nossa sentença. Nosso espírito, alma e corpo foram julgados e castigados nele. Seria o mesmo que se tivéssemos sido castigados em pessoa.

"Assim, agora não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8:1).

Isto é o que Ele tem feito por nós e esta é agora nossa posição diante de Deus.

"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." (2 Coríntios 5:19)

Nossa posição real é de que já morremos no Senhor Jesus, e agora só falta que o Espírito Santo transporte este fato para nossa experiência. A cruz é onde o pecador — seu espírito, alma e corpo — é julgado.

É por meio da morte e da ressurreição do Senhor que o Espírito Santo de Deus pode nos transmitir as realidades da natureza divina.


A cruz ostenta o julgamento do pecador, proclama a ausência de valor do pecador, crucifica o pecador e proporciona a vida do Senhor Jesus. Desde então, qualquer que aceitar a cruz nascerá de novo pelo Espírito Santo e receberá a vida do Senhor Jesus.

"Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus." (1 Coríntios 1:18)

A Bíblia é clara: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (João 3:17, 18; Efésios 2:8, 9)

Não há uma única pessoa no céu que tenha chagado lá sem ter sido salva pela graça de Deus, mediante a fé.


"Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna." (Tito 3:5-7)

34. A alma e o espírito humano são distintos?

Como o espírito difere da alma não é tão óbvio ou fácil. De fato, o escritor aos Hebreus aponta que somente a Palavra de Deus pode distinguir claramente os dois: "penetra até a divisão da alma e do espírito" (Hebreus 4:12).

No interior do corpo (representado por seus ossos), um bisturi pode dissecar articulações da medula. Assim, no setor não físico interno, a Palavra de Deus diferencia a alma humana do espírito humano.

A frase "a divisão da alma e do espírito" não significa que a Palavra de Deus realmente desconecte esses componentes imateriais um do outro. Embora a morte física separe o espírito-e-alma do corpo, nada pode deslocar o espírito da alma.

A parte espiritual do homem, composta de espírito e alma juntos, é indivisível; ainda assim, a Palavra de Deus pode separar figurativamente a alma e o espírito, distinguindo-as e tratando-as cada uma separadamente.

Apesar disso, muitos teólogos modernos ensinam que os termos "alma" e "espírito" são idênticos, afirmando que os seres humanos têm apenas dois componentes, não três.

Eles baseiam isso no fato de que a Palavra de Deus muitas vezes parece usar "alma" e "espírito" de forma intercambiável.

As palavras de Maria em Lucas 1:46-47 são um exemplo disso: "A minha alma se engrandece..., e meu espírito se alegrou". (Leia Jó 7:11; Isaías 26:9).


Quando o Espírito Santo de Deus coloca frases paralelas juntas, no entanto, Ele não pretende que vejamos as palavras correspondentes como precisamente idênticas. Se deixarmos de procurar distinções sutis, deixaremos escapar verdades valiosas por entre os dedos. Por exemplo, aqueles que entendem significados idênticos para as frases "à nossa imagem" e "conforme a nossa semelhança" em Gênesis 1:26 perdem a verdade de que Deus fez o homem à sua imagem para representar Ele, mas fez o homem à Sua semelhança para se assemelhar a Ele.

Frases semelhantes não são frases idênticas.

Mas por que os termos "alma" e "espírito" parecem se sobrepor na Palavra de Deus?

A Bíblia frequentemente usa um dos dois termos para representar ambos, ou mesmo para a pessoa como um todo. Chamamos esse dispositivo literário de "sinédoque" – uma figura de linguagem na qual uma parte representa o todo (como a mão do marinheiro em todas as mãos no convés), ou o todo representa uma parte (como a lei para o policial).

Assim, Lucas registra em Atos 27:37: "E éramos ao todo, no navio, duzentas e setenta e seis almas".

Neste versículo, o termo "alma" é uma sinédoque para pessoas inteiras, (corpo, alma e espírito).

Da mesma forma, a Bíblia às vezes usa "espírito" ou "carne" ou "coração" ou "corpo" para se referir à pessoa inteira.

Portanto, algumas passagens falam de termos "corpo" e "alma" (Mateus 10:28), algumas usam os termos "corpo" e "espírito" (Tiago 2:26; 2 Coríntios 7:1), e algumas combinam " carne" e "coração" (Salmos 16:9; 73:26; Ezequiel 44:7).

Em cada caso, "espírito", "alma" ou "coração" representam o componente imaterial e espiritual do homem, em contraste com o físico.


O conceito de regeneração conforme o encontramos na Bíblia fala do processo de passar da morte para a vida. O espírito de um homem antes da regeneração está afastado de Deus e é considerado morto, porque a morte é a dissociação da vida e de Deus, que é a fonte da vida. Em consequência, a morte é a separação de Deus.

O espírito do homem está morto e por conseguinte é incapaz de ter comunhão íntima com Ele. Ou sua alma o controla e o submerge em uma vida de ideias e imaginações, ou os desejos carnais e os costumes de seu corpo o estimulam e reduzem a sua alma à escravidão.

A Bíblia é clara no assunto da nossa salvação: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (João 3:17, 18; Efésios 2:8, 9)


Não há uma única pessoa no céu que tenha chagado lá sem ter sido salva pela graça de Deus, mediante a fé.

"Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna." (Tito 3:5-7)

O espírito do homem tem que ser avivado porque nasceu morto. O novo nascimento de que falou o Senhor Jesus com Nicodemos é o novo nascimento do espírito. (João 3)

É obvio que não é um nascimento físico como acreditava Nicodemos, nem tampouco anímico. Devemos nos fixar cuidadosamente em que o novo nascimento transmite a vida de Deus ao espírito do homem. Posto que Cristo expiou por nossa alma e destruiu o princípio da carne, os que estamos unidos a Ele participamos de sua vida de ressurreição.

Quando salvo pela graça de Deus mediante a fé em Cristo, fomos unidos a Ele em sua morte; por conseguinte, é em nosso espírito onde colhemos primeiro o cumprimento de sua vida de ressurreição.


O novo nascimento é algo que acontece totalmente no espírito humano: não tem nenhuma relação com o corpo em si.

O que faz que o homem seja único na criação de Deus não é que possui uma alma, mas sim que tem um espírito que, unido à alma, constitui o homem. Esta união faz do homem um ser extraordinário no universo.

Segundo a Bíblia é seu espírito que tem relação com Deus. Deus é Espírito, e em consequência todos os que o adoram devem adorá-lo em espírito. Só o espírito pode ter comunicação íntima com Deus. Só o espírito humano pode adorar em Espírito e em verdade. Por isso encontramos na Bíblia frases como:

"Servindo com meu espírito" (Romanos 1:9; 7:6; 12:11);

"Conhecendo por meio do espírito" (1 Coríntios 2:9-12);

"Adorando em espírito" (João 4:23, 24);

"Recebendo em espírito a revelação de Deus" (Apocalipse 1:10; 1 Coríntios 2:10).


A bíblia diz que antes da salvação, aquela pessoa, "estava morta nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes, pois faziam a vontade da carne e dos pensamentos" (Efésios 2:1-3).

A Palavra de Deus não divide o homem em duas partes de alma e corpo. Pelo contrário, trata o homem como um ser tripartido: espírito, alma e corpo.

1 Tessalonicenses 5:23, 24 diz: "E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, e ele também o fará."

Este versículo mostra claramente que o homem está dividido em três partes. O apóstolo Paulo se refere aqui à santificação total dos crentes: "vos santifique completamente".

Segundo o apóstolo, como se santifica uma pessoa por completo? Guardando para Deus o seu espírito, alma e corpo.


Com isso, é fácil compreender que o conjunto da pessoa compreende estas três partes.

Este versículo também faz uma distinção entre espírito e alma, pois de outro modo Paulo teria dito simplesmente "sua alma". Posto que Deus distinguiu o espírito humano da alma humana, concluímos que o homem está composto, não de dois, mas sim de três partes: espírito, alma e corpo.

Em sua carta aos Gálatas, depois de enumerar muitos atos da carne, o apóstolo Paulo adverte que "os que pertencem a Jesus Cristo crucificaram a carne com suas paixões e desejos"(Gálatas 5:24). Eis aqui a libertação.

Não é estranho que o que interessa ao crente difere muito do que interessa a Deus?

O crente está interessado nas "obras da carne" (Gálatas 5:19), quer dizer, nos pecados variados da carne. Está ocupado com a irritação de hoje, o ciúme de amanhã ou a disputa depois de amanhã.

O crente se lamenta por um pecado em particular e deseja conseguir a vitória sobre ele. Entretanto, todos estes pecados só são frutos da mesma árvore. Enquanto se agarra uma fruta (em realidade não se pode agarrar nenhuma) aparece outra. Crescem uma atrás de outra e não dão nenhuma possibilidade de vitória. Por outro lado, Deus não está interessado nas obras da carne, mas sim na crucificação da carne.


A salvação que proporciona esta vitória é justamente o remédio adequado preparado exclusivamente por Deus.

Primeiro Cristo morreu na cruz pelo pecador para perdoar seus pecados. Portanto, o Deus santo podia perdoá-lo com justiça. Mas a seguir está o fato de que o pecador também morreu na cruz com Cristo para que não possa ser controlado mais por sua carne. Só isto pode fazer que o espírito e alma do homem recuperem seu próprio domínio, que o corpo seja seu servidor externo.

Desta forma, o espírito, a alma e o corpo serão restaurados a sua posição original anterior à queda.

"Os que pertencem a Cristo Jesus" se refere a todo crente no Senhor. Todos os que creram nEle e nasceram de novo lhe pertencem.


O fator decisivo é se esteve unido a Ele pela fé para ser salvo, não se é espiritual ou se trabalhar para o Senhor, nem se conseguiu libertação do pecado; pois, com a verdadeira salvação que recebemos em Cristo, venceram-se as paixões e desejos da carne e agora se é plenamente santificado.

Em outras palavras, a pergunta só pode ser: foi-se regenerado, ou não?

Creu no Senhor Jesus como Salvador, ou não?

Se a resposta for sim, não importa o estado espiritual atual — em vitória ou em derrota —, "crucificou-se a carne".

"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." (2 Coríntios 5:17)


O assunto que temos adiante não é moral, nem é coisa da vida, conhecimento ou obras espirituais. Simplesmente é, se é do Senhor ou não.

Se for assim, então já se crucificou a carne na cruz. Está claro que isto significa, não que alguém vai crucificar, nem que está no processo de crucificação, mas sim que já crucificou.

Se foi uma crucificação conjunta, então quando o Senhor Jesus foi crucificado, nesse momento também foi crucificada nossa carne. Além disso, a crucificação junto com a sua não a sofremos pessoalmente, posto que foi o Senhor Jesus quem nos levou a cruz em sua crucificação.

Em consequência, Deus considera nossa carne já crucificada. Para Ele é um fato consumado. Sejam quais forem nossas experiências pessoais, Deus declara que "os que pertencem a Cristo Jesus, crucificaram a carne".

Para possuir esta morte não devemos dedicar muita atenção a investigar ou observar nossas experiências. Em vez disso, devemos crer na Palavra de Deus.


Deus diz que minha carne foi crucificada e por isso acredito que está crucificada. Reconheço que o que diz Deus é verdade. Respondendo desta maneira logo nos encontraremos com a realidade disto. Se primeiro olhamos o ato de Deus, nossa experiência virá a seguir.

Da perspectiva de Deus, (os crentes de Corinto que boa parte era carnal) já tinham crucificada sua carne na cruz com o Senhor Jesus, mas do seu ponto de vista é evidente que não tinham semelhante experiência.

Possivelmente isto se devia a seu desconhecimento de fato de Deus. Daí que o primeiro passo para a libertação é tratar a carne segundo o ponto de vista de Deus. E o que é isso?

Não é tentar crucificar a carne, mas sim reconhecer que foi crucificada; não é andar segundo nossa vista, mas sim segundo nossa fé na Palavra de Deus. Se estivermos bem assentados neste ponto de reconhecer que a carne já está crucificada, então poderemos tratar com a carne em nossa experiência. Se vacilarmos quanto a este fato perderemos a possibilidade de possuí-lo definitivamente. Para experimentar a crucificação junto com Cristo, primeiro devemos deixar de lado nossa situação atual e simplesmente confiar na Palavra de Deus e viver a luz desta verdade.


Lemos em Gálatas 5: "Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito."

35. O espírito humano é Consciente de Deus?

O conceito corrente da constituição dos seres humanos é dualista: alma e corpo. Segundo este conceito, a alma é a parte interior espiritual invisível, enquanto que o corpo é a parte corporal externa visível. Embora haja algo de correto nisto, contudo, é inexato.

Esta opinião vem de homens caídos, não de Deus. Além da revelação de Deus não há nenhum conceito seguro. Que o corpo é a cobertura externa do homem é, sem dúvida alguma, correto, mas a Bíblia jamais confunde o espírito e a alma como se fossem a mesma coisa. Não só são diferentes em condições, mas também suas naturezas diferem uma de outra. A Palavra de Deus não divide o homem em duas partes de alma e corpo. Pelo contrário, trata o homem como um ser tripartido: espírito, alma e corpo.

Lemos em 1 Tessalonicenses 5:23, 24 diz: "E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, e ele também o fará".


Para termos consciência de Deus, amá-lo e comungar com ele, precisamos ter espírito. Embora as plantas tenham corpos físicos e os animais tenham almas, apenas os seres humanos possuem espíritos. Somente por nossos espíritos conhecemos Deus, o Pai dos espíritos (Hebreus 12:9).

"Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (João 4:24).

A Palavra de Deus atribui ao espírito habilidades como razão, fé e esperança. O espírito do homem o torna consciente de Deus e capaz de se relacionar com Deus (1 Coríntios 14:2, 14-16).

Além disso, seu espírito o torna consciente de seus próprios pensamentos e capaz de compreender a si mesmo (1 Coríntios 2:11).

O espírito de uma pessoa tem o senso moral de fazer julgamentos éticos e formar convicções, e carrega a capacidade de anular os instintos. O espírito humano é capaz de reverência e adoração. Nenhum animal tem tais capacidades.

O espírito humano, dá-lhe imaginação e criatividade.


Antes da conversão, nossos espíritos estavam alienados de Deus (Efésios 4:18).

No entanto, a salvação trouxe vida espiritual, e "aquele que se une ao Senhor é um só espírito com Ele", descrevendo a união mais próxima possível (1 Coríntios 6:17).

Assim como o sopro de Deus trouxe vida a Adão, o Espírito Santos de Deus nos traz vida eterna (João 6:63).

O Espírito de Deus continua a trabalhar intimamente com nossos espíritos: "O mesmo Espírito Santos testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus" (Romanos 8:16).

Na verdade, esse contato é tão próximo que às vezes não temos certeza se certos versículos se referem aos nossos espíritos ou ao Espírito Santo de Deus que os capacita (por exemplo, Filipenses 3:3).

"Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne."

Pelo gracioso controle do Espírito Santo, "os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas" (1 Coríntios 14:32).

O serviço mais elevado que podemos prestar a Deus é o serviço que surge de nossos espíritos renovados (Romanos 1:9).

Deus espera que tenhamos uma mente espiritual (Romanos 8:6).

A mente espiritual aprende a ceder ao Espírito e recebe dele a verdade espiritual e anseia por comunhão íntima com Deus. (1 Coríntios 2:10-16).


Qualquer pecador pode ser salvo pela graça de Deus, mediante a fé no Senhor Jesus Cristo. E quanto a isso, a Bíblia é muito clara: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie."

(João 3:17, 18; Efésios 2:8, 9)

Não há uma única pessoa no céu que tenha chagado lá sem ter sido salva pela graça de Deus, mediante a fé.

"Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna."

(Tito 3:5-7)

Paulo diz aos crentes em Roma, que, "Enquanto estavam vivendo na carne, nossas paixões pecaminosas, obravam em nossos membros para dar fruto de morte. Mas agora estamos, mortos com Cristo." (Romanos 7:5, 6)

A consequência disto é a carne já não ter nenhum poder sobre nós.

Acreditamos e reconhecemos que nossa carne foi crucificada na cruz. O que Deus tem feito por nós na Cruz de Cristo e o que experimentamos dia a dia da obra acabada de Deus, embora sejam duas coisas distinguíveis, são inseparáveis.

Deus fez o que podia fazer. A pergunta imediata é: Que atitude adotamos em relação à sua obra terminada?


Ele crucificou nossa carne na cruz, não de nome, mas sim de fato. Se acreditamos e exercemos nossa vontade para escolher o que Deus tem feito por nós, esta experiência será nossa para sempre. Não se nos pede que façamos nada, porque Deus tem feito tudo. Não se nos exige que crucifiquemos nossa carne, porque Deus a crucificou na cruz.

Cremos nisso como verdade consumada?

Desejam possuí-lo em nossa vida?

Se cremos e desejamos, então colaborarão com o Espírito Santo para conseguir uma rica experiência.

Colossenses 3:5 nos exorta: "Exterminai, pois, as vossas inclinações carnais." Este é o caminho para a experiência.

O "pois" indica a consequência do dito no versículo 3, "morrestes".

O "morrestes" é o que Deus obteve para nós. Posto que "morrestes", pois, "façam morrer o que é terrestre em vós".

Aqui, a primeira menção da morte é nossa posição de fato em Cristo; a segunda é nossa experiência real. O fracasso dos crentes de hoje pode achar-se no fracasso em ver a relação entre estas duas mortes. Alguns tentaram anular sua carne porque têm insistido exclusivamente na experiência da morte. Por isso sua carne cresce mais forte com cada tentativa!

Outros reconheceram a verdade de que sua carne de fato foi crucificada com Cristo na cruz, mas não procuram a realidade prática disso. Nenhum destes pode jamais se apropriar em sua experiência da crucificação da carne.

Se desejamos fazer morrer nossos membros, devemos primeiro ter uma base para semelhante ação, pois do contrário simplesmente confiaríamos em nossas forças. Nenhum grau de entusiasmo pode nos trazer jamais a experiência desejada.

Além disso, se unicamente soubermos que nossa carne foi crucificada com Cristo, mas não nos preocupamos de que sua obra acabada trabalhe em nós, nosso conhecimento também será inútil.


Para fazer morrer nossos membros devemos primeiro passar pela identificação de sua morte. Conhecendo nossa identificação, devemos então proceder ao fazer morrer nossos membros. Estes dois passos devem acontecer juntos.

Enganamos a nós mesmos se nos conformamos em simplesmente entender o fato da identificação, achando que agora somos espirituais posto que a carne foi destruída. Por outro lado, também nos enganamos se, ao fazer morrer as más ações da carne, colocamos nisso muita ênfase e falhamos em tomar a atitude de que a carne morreu.

Se esquecermos que a carne está morta, nunca poderemos nos desprender de nada, enterrar nada. O "façam morrer" depende do "morrestes".


Aqui, o fazer morrer significa levar a morte do Senhor Jesus a todas as ações da carne. A crucificação do Senhor tem muita autoridade porque faz morrer aquilo com que se enfrenta.

Como estamos unidos a Ele em sua crucificação, podemos aplicar sua morte a qualquer membro que seja tentado pelas paixões e fazê-lo morrer imediatamente.

Nossa união com Cristo em sua morte significa que é um fato em nossos espíritos. O que o crente deve fazer agora é tirar esta morte de seu espírito e aplicá-la a seus membros cada vez que suas paixões despertem.

Esta morte espiritual não é coisa para uma vez e pronto. Se o crente não se mantiver vigilante ou se perde a fé, é indubitável que a carne entrará em um frenesi de atividade.

Quem deseja ser totalmente conformado à morte do Senhor, deve fazer morrer sem cessar as ações de seus membros para que o que é real no espírito se realize no corpo.

Mas de onde vem o poder para aplicar a crucificação do Senhor a nossos membros?

Paulo insiste em que é "pelo Espírito Santo que se fazem morrer as ações do corpo" (Romanos. 8:13).


Para fazer morrer estas ações, o crente deve confiar no Espírito Santo para converter sua crucificação conjunta com Cristo em uma experiência pessoal.

Deve acreditar que o Espírito Santo aplicará a morte da cruz a tudo o que tenha que morrer. Em vista do fato de que a carne do crente foi crucificada com Cristo na cruz, não tem que ser crucificada de novo.

Tudo o que se precisa é aplicar, por meio do Espírito Santo, a morte consumada do Senhor Jesus em favor dele sobre a cruz a qualquer ação má do corpo que tente elevar-se. As obras más da carne podem surgir em qualquer momento e em qualquer lugar. Como consequência, se os filhos de Deus não fazem valer constantemente pelo Espírito Santo o poder da santa morte de nosso Senhor Jesus, não poderá triunfar.

Mas se enterrar as ações do corpo deste modo, o Espírito Santo que habita nele realizará finalmente o propósito de Deus de deixar inoperante o corpo do pecado (Romanos 6:6).

Apropriando-se da cruz deste modo, o menino em Cristo será libertado do poder da carne e será unido ao Senhor Jesus na vida da ressurreição.


Daí em diante o cristão deveria "andar pelo Espírito, e não satisfazer os desejos da carne" (Gálatas 5:16).

Deveríamos recordar sempre que por muito profundamente que penetre em nossas vidas a cruz do Senhor, não podemos esperar evitar mais perturbações das más ações de nossos membros sem uma constante vigilância por nossa parte.

Sempre que um filho de Deus fracassa em seguir o Espírito Santo, isto tem como consequência imediata seguir à carne.

36. Liderança tem que ser masculina?

A Palavra de Deus confia a autoridade e a liderança nos relacionamentos humanos aos homens. Assim, no governo da assembleia local, o Novo Testamento exclui as mulheres dos papéis de liderança e da pregação e ministério público, em vez disso, as chama para servir em tarefas igualmente importantes, mas complementares. As Escrituras baseiam essa divisão em papéis de gênero não no valor ou habilidade pessoal, mas sim na liderança – um princípio fundamental que Deus constrói em tudo o que Ele faz.

O termo hierárquico "cabeça" (hebraico "rosh ", grego "kephale"), descreve o que está em primeiro lugar.

Liderança pode ser confundida com senhorio, então observe as seguintes distinções:

Senhorio é sobre propriedade, Liderança é sobre ordem, autoridade;

Senhorio é poder, Liderança é posição;

Senhorio é regra, Liderança é ordenação.


Tanto um senhor quanto um líder ou chefe assumem o papel principal entre outros. Um senhor exerce a força para subjugá-los; uma liderança recebe a autoridade para liderá-los.

Os que estão sob o domínio devem se curvar, mas os que estão sob a liderança se submetem voluntariamente, reconhecendo a responsabilidade localizada em sua chefia para liderá-los e inspirá-los.

Pelo desígnio de Deus, Jesus não é apenas Senhor, mas Cabeça.

Ele é o Cabeça sobre todas as coisas para a Igreja (Efésios 1:22).

O Cabeça da Igreja (Efésios 5:23; Colossenses 1:18).

O Cabeça de todos os homens (1 Coríntios 11:3).

O Cabeça de todos os governos e autoridade (Colossenses 2:10).

No milênio vindouro, Deus "encabeçará todas as coisas no Cristo" (Efésios 1:10) – será o cumprimento espetacular de Seu plano de colocar um Homem sobre o universo.

(Gênesis 1:26; Salmos 8:5-6; Hebreus 2:8-9).


Como Cabeça administrativa, Cristo assume a responsabilidade de liderar, motivar e apoiar aqueles sob Sua liderança; como a Cabeça orgânica, Ele assume o encargo de santificar, nutrir e cuidar de Seu corpo (Efésios 5:25-33).

Todas as lideranças menores sob a liderança de Cristo finalmente O honram, então a liderança é imensamente preciosa para Deus.

Embora o Senhor Jesus seja infinitamente maior do que as criaturas sob Sua liderança, o próprio conceito de liderança nunca requer superioridade pessoal. Liderança é liderança funcional. A Bíblia revela tal hierarquia dentro da Trindade: embora o Pai, o Filho e o Espírito Santo sejam iguais em ser e em glória, o Filho se submete ao Pai, e o Espírito se submete ao Pai e ao Filho. (1 Coríntios 11:3; João 14:26; 15:26).


Uma vez que "a cabeça de Cristo é Deus" (1 Coríntios 11:3), a submissão à liderança não pode envolver inferioridade.

Homens e mulheres são igualmente o mesmo em valor. Em Gênesis 1:26-28, Deus descreve o homem genérico como eles – macho e fêmea.

Em seu relacionamento vertical com Deus, eles permaneceram como iguais, ambos criados à Sua imagem e segundo a Sua semelhança, mas distintos em sua masculinidade e feminilidade. O segundo capítulo de Gênesis, no entanto, Deus introduz a liderança. Aprendemos que a mulher foi feita depois, do homem e para o homem.

Deus formou o homem e falou com ele sozinho antes de formar sua ajudante Eva do seu lado. Assim, em seu relacionamento horizontal um com o outro, o macho e a fêmea são desiguais em função: Deus atribuiu a liderança a Adão e o papel de ajudadora a Eva.

Embora o domínio deles fosse uma parceria, a responsabilidade por esse domínio era apenas do homem. A submissão da mulher à chefia do homem, como a subordinação de um vice-presidente a um presidente em uma organização, não viola seu valor ou minimiza sua importância como pessoa.


Satanás, sem surpresa, odeia a liderança e a mina sempre que pode (Isaías 14:13-14).

Ele derrubou a liderança no Jardim isolando Eva de Adão (Gênesis 3:1-7), e as consequências trouxeram o pecado ao mundo (Romanos 5:12).

Hoje, Deus chama Seu povo para restaurar e manter a ordem original da criação praticando a liderança, não apenas em casa, mas também na assembleia local. Ao se submeterem inteligente e voluntariamente à chefia masculina, as mulheres podem honrar a Cristo de uma maneira ordenada apenas para elas. Nas reuniões da assembleia local, comunicamos essa liderança por liderança e ensino masculino, e cobertura feminina e o silêncio das mulheres. (1 Timóteo 2:12-15; 1 Coríntios 11:2-16; 14:33-35).


Quando os homens agem como homens e as mulheres como mulheres, eles retratam a relação de Cristo com Seu Corpo e deleitam não apenas os anjos, mas o próprio Deus. (1 Coríntios 11:10)

Antes de falar sobre as qualificações dos anciãos em sua primeira carta a Timóteo, Paulo afirma que "a mulher deve aprender em silêncio e em total submissão". Ele continua: "Não permito que a mulher ensine ou tenha autoridade sobre o homem; ela deve ficar em silêncio" (1 Timóteo 2:11-12).

Ele faz o mesmo argumento em 1 Coríntios 14:34, onde escreve: "As mulheres devem ficar caladas nas igrejas. Pois elas não têm permissão para falar, mas devem estar submissas, como também diz a Lei".

Paulo baseia seu ensinamento inspirado não em questões culturais atuais em Éfeso ou Corinto, mas na prioridade do homem na criação e na "prioridade" da mulher na queda, onde a ordem de liderança foi invertida de Deus-homem-mulher- serpente para serpente-mulher-homem-Deus (1 Timóteo 2:13, 14).


Após afirmar a liderança masculina nas reuniões de assembleia local em 1 Timóteo 2, Paulo aplica esse princípio no próximo capítulo aos homens que aspiram servir como anciãos (1 Timóteo 3:1-7).

Ele dá a Tito uma lista semelhante para ajudá-lo a reconhecer os anciãos nas assembleias de Creta (Tito 1:5-9).

Em ambas as listas, Paulo restringe as qualificações aos homens. Ele consistentemente usa apenas pronomes e adjetivos masculinos e inclui "marido de uma só mulher", uma frase que só pode ser aplicada a homens (1 Timóteo 3:2; Tito 1:6).

O modelo bíblico é liderança servil, não tirania opressiva. Pedro escreve que os anciãos não devem dominar os que estão sob sua responsabilidade, mas servir de exemplo para o rebanho (1 Pedro 5:3).


Os anciãos devem, no entanto, ensinar e exercer autoridade sobre o rebanho – funções de liderança designadas por Deus para os homens. Homens piedosos lideram e mulheres piedosas servem em papéis de apoio de importância crucial.

Ensinar papéis de gênero para homens e mulheres se choca com o igualitarismo que agora prevalece no mundo ocidental e em alguns círculos pseudocristãos.

Temendo represálias do estado e cedendo à pressão feminista, até mesmo grupos cristãos conservadores estão agora abertos a "reinterpretar" as declarações claras das Escrituras sobre os papéis de gênero.


Nesta era da mídia de massa, essas opiniões da moda e esquisitices hermenêuticas inundaram o mundo evangélico e estão se infiltrando por toda parte da Cristandade.

Os igualitaristas anunciam Gálatas 3:28 como seu manifesto e é a última palavra sobre o assunto.

Quando Paulo escreveu em Gálatas: "Não há macho e fêmea, pois todos vocês são um em Cristo Jesus", eles dizem que Paulo alcançou seu pensamento mais nobre; e nas "passagens problemáticas" onde ele ensinou a liderança masculina, ele estava recaindo em seu farisaísmo pré-conversão.

A partir disso, eles concluem que mulheres e homens são intercambiáveis ​​em todos os lugares e que não deve haver restrições baseadas em gênero em qualquer "cargo" da igreja ou ministério.

Mas um texto arrancado de seu contexto é um mero pretexto.


Em Gálatas, Paulo proclama a justificação somente pela fé e não pelas obras (Gálatas 2:16).

Ele aborda apenas o relacionamento vertical das pessoas com Deus, não o relacionamento horizontal de homens e mulheres entre si; Paulo está falando da posição celestial "em Cristo" de cada pessoa salva pela graça de Deus mediante a fé em Cristo, não de homens e mulheres em sua condição terrena em uma família ou em uma assembleia local.

Deus aceita todos os que colocam a fé em Cristo no mesmo terreno, não importa quem ou o que sejam. Todos os crentes são "um homem em Cristo Jesus", fundidos não apenas a Cristo, mas uns aos outros (Gálatas 3:28; Efésios 2:15).


Longe de neutralizar todas as distinções étnicas, sociais ou de gênero entre os cristãos, este versículo afirma que essas distinções – que ele assume – não implicam desigualdade espiritual diante de Deus.

Não temos dúvidas de que as assembleias locais dependem das mulheres. Os homens nunca poderiam fornecer o lastro espiritual que as mulheres fornecem. O serviço que prestam é tão valioso quanto o trabalho dos homens, e os homens não poderiam fazer o que fazem sem o apoio feminino.


A bênção depende da oração das mulheres. As mulheres casadas servem a Deus criando filhos e sustentando seus maridos (1 Timóteo 2:15).

Todas as mulheres fortalecem os crentes por sua misericórdia e hospitalidade, e por seu serviço a outras mulheres e crianças (Tito 2:3-5).

A divulgação do evangelho seria impossível sem as mulheres – um terço dos trabalhadores que Paulo elogia em Romanos 16 são mulheres.

As boas obras das mulheres constroem integridade na assembleia local e a transferem para os de fora (1 Timóteo 2:10; 5:10).

Quando os homens exibem a glória da liderança e as mulheres a glória da ajuda, temos o Éden antes da queda novamente.

37. Estamos certos em pregar que a salvação é uma decisão?

A pregação evangélica usa "uma decisão por Cristo" como equivalente para receber a salvação.

Vale a pena repetir com ênfase uma declaração frequentemente reiterada: "Ninguém é salvo se não decidiu buscá-lo, mas essa decisão não é a salvação".

O Senhor disse: "Esforce-se para entrar" (Lucas 13:24).

Os pecadores, portanto, são responsáveis ​​por exercer sua vontade – decidir – na busca da salvação.

O pecador deve receber a Cristo para nascer de Deus (João 1:12).

No entanto, João 1:13 deixa claro que a vontade do homem não o salva: "Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus".

A salvação é uma obra de Deus, um ato da graça divina, não merecida pela decisão do pecador, nem causada pela fé do pecador, (pois então não seria pela graça de Deus).

Um pecador precisa estar ciente de sua responsabilidade, mas nossa pregação ou conquista pessoal de almas não deve pressionar um incrédulo a acreditar, como se decidir concordar com a verdade divina o salvaria.

A ênfase está em "Jesus Cristo e este crucificado" (1 Coríntios 2:2).


O pecador arrependido finalmente enfrenta sua total incapacidade de salvar a si mesmo e assim encontra a suficiência de Cristo para salvá-lo porque Cristo sofreu pelos pecados.

Lemos em Romanos 5:6-8: "Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores."

"Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus." (1 Pedro 3:18)

Lemos na Bíblia: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (João 3:17, 18; Efésios 2:8, 9)

Não há uma única pessoa no céu que tenha chagado lá sem ter sido salva pela graça de Deus, mediante a fé.


"Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna." (Tito 3:5-7)

Uma revelação nas Escrituras é o ato de Deus de divulgar a verdade que não poderia ser conhecida de outra forma. Às vezes, esta revelação é chamada de mistério. (Efésios 3:3; 1 Coríntios 2:10).


Iluminação é compreender a verdade já revelada. À luz do ensinamento de Paulo em 2 Coríntios 4:4, a salvação chega a um indivíduo quando a verdade do evangelho se manifesta nele.

Paulo traça o paralelo entre a luz ordenada na criação e a luz que brilha em nossos corações na salvação (2 Coríntios 4:6).

Deus está pronto e desejoso de ordenar que essa luz brilhe no coração de todo pecador e não demora a fazê-lo quando um pecador finalmente submete sua vontade ao que Deus diz. O alvorecer da luz do evangelho não é uma questão de eleição, mas da submissão do pecador à Palavra de Deus.

"Deus nosso Salvador, quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos." (2 Timóteo 2 3-6)


Pregar arrependimento como se fosse um passo para a salvação não é bíblico nem útil para um pecador. Um pecador precisa aceitar a mensagem de Deus sobre sua condenação e desamparo; essa é a mensagem que ele precisa.

Tampouco devemos pregar ao pecador que ele precisa de uma revelação ou, mais propriamente, de uma iluminação.

Ele precisa de Cristo.

Ao apresentarmos Cristo e Seu glorioso triunfo no Calvário, o pecador arrependido receberá a verdade da salvação, iluminada pela Palavra de Deus.

Assim, a cruz está onde a justiça de Deus é manifestada. A cruz nos mostra o quanto Deus odeia o pecado. Ele está determinado a julgar o pecado. Ele estava disposto a pagar preço tão alto como o de ter Seu Filho pregado na cruz. Deus não estava disposto a desistir de Sua justiça. Se Deus estivesse disposto a esquecer Sua justiça, a cruz teria sido desnecessária. Por não estar disposto a abandonar Sua justiça, Deus preferiu que Seu Filho morresse.


A cruz também é o lugar onde o amor de Deus é manifestado. O peso dos nossos pecados deveria estar sobre nós. Se não o suportamos, é injusto. Mas suportar tal carga é demais para nós. Por isso Ele veio e a carregou por nós. O fato de Deus dispor-se a suportar a carga mostra-nos Seu amor. O fato de Deus ter, na verdade, suportado tal fardo, demonstra a Sua justiça. Deus fazer-nos levar a punição é justiça sem amor. Deus não nos fazer levar a punição é amor sem justiça. Por Ele tomar a punição e levá-la por nós, há tanto justiça como amor. Aleluia! A cruz cumpre tanto a exigência da justiça, como a exigência do amor. Nossa salvação hoje não é "mercadoria contrabandeada"; não a recebemos de modo fraudulento ou impróprio. Nós não fomos salvos ilegalmente. Fomos salvos de modo claro e definitivo por meio do julgamento.


Para nós, o perdão é gratuito, mas para Deus não há tal coisa como perdão gratuito. Para Ele, o perdão vem somente após a redenção dos pecados. Por exemplo, se você infringir a lei, e o tribunal exigir que pague uma multa de mil dólares, você deve pagar a multa para que seu caso seja encerrado. Da mesma maneira, fomos salvos somente após sermos julgados na cruz. Nossa salvação vem do julgamento de Deus sobre Cristo por nossos pecados. É uma salvação que vem apenas mediante o julgamento.

Neste caso, nós fomos julgados; então, depois disso, fomos salvos. O amor de Deus está aqui e a justiça de Deus também está aqui.


Se você não sabe o que é a justiça de Deus, tudo o que precisa fazer é encontrar uma pessoa salva e dar uma boa olhada nela. Você então saberá o que é a justiça de Deus. Se quiser conhecer a justiça de Deus, basta encontrar um cristão e saberá que Deus não lida com os nossos pecados irresponsavelmente. Ele fez pecado Àquele que não conheceu pecado. Porque o Senhor Jesus morreu, a obra da redenção foi cumprida. Estarmos hoje no Senhor Jesus é uma expressão da justiça de Deus. Quando uma pessoa vê alguém que crê no Senhor Jesus, ela vê a justiça de Deus.

O ponto de partida de uma pessoa salva é a Palavra de Deus, não a conduta do homem.

Hoje você pode perguntar-me se ainda está salvo, pois mentiu ontem. Eu não posso afirmar se você é salvo ou não baseado em se sua mentira foi uma boa mentira ou má mentira, uma mentirinha ou uma grande mentira.


Posso somente dizer-lhe o que a verdade da Bíblia diz. Se não for assim, não serão necessários, o tribunal de Cristo para os salvos do julgamento e o grande trono branco para não salvos.

Somente podemos atentar para o que a Palavra de Deus diz. Podemos apenas julgar as atitudes do homem pela Palavra de Deus. Nunca podemos julgar a Palavra de Deus pelas atitudes do homem. É a Palavra de Deus que diz que uma vez que o homem é salvo, ele é salvo eternamente.

Não há nada de errado nisso. Embora seja errado o homem agir irresponsavelmente por causa dessa palavra, ainda devemos julgar tudo pela Palavra de Deus. A Palavra de Deus é nossa constituição plena e nosso tribunal mais elevado.

38. E os Dinossauros?

Não precisamos ficar desesperados ou na ignorância porque a Palavra de Deus não faz nenhuma referência "clara" aos dinossauros, esses bichinhos que encantam, tantas as crianças como também o tempo e o dinheiro dos arqueólogos.

A Bíblia também não faz nenhuma menção sobre águas-vivas ou cangurus.

Toda a criação é uma revelação maravilhosa de Deus e muito dela ainda é desconhecida.

Que os dinossauros existiram não está em discussão aqui. O enorme esqueleto exposto em um museu não foi "inventado"; faz parte do registro da maravilhosa habilidade de Deus em criar todas as coisas.

Ninguém que conheça um pouco que seja da Bíblia, vai negar a existência dos dinossauros. Agora, quanto a teoria da evolução, ou melhor, chamada de "hipótese da evolução", a isto sim nos opomos, porque ela nega o registro da Palavra de Deus.

Em Jó 40 e 41, somos apresentados a dois animais enormes chamadas beemote e leviatã, criaturas com as quais Deus esperava que Jó se familiarizasse, foram criadas junto com a humanidade e eram claramente superiores a outros animais. (Jó 40:15; 41:33)


Não é novidade para ninguém que agora essas criaturas estão extintas, mas quem são estas criaturas em Jó, que são chamadas de beemote e leviatã, de tamanho enorme e grande força, senão dinossauros?

Os evolucionistas teorizam que os dinossauros morreram devido a mudanças climáticas catastróficas que causaram o desaparecimento de suas fontes normais de alimento.

A catástrofe em questão foi uma inundação global, provocada por um novo fenômeno chamado chuva, que é um dos pilares dos padrões climáticos atuais, combinado com uma redução das presas disponíveis para apenas o que caberia dentro da arca construída por Noé.

Através dos anos, com o avanço cada vez mais profundo da ciência, ela tem chagado a uma conclusão que apoia a verdade da criação divina.


Não dependemos da ciência para crer em Deus e na Sua Palavra, mas não devemos ter medo de nos informar e fazer uso desse conhecimento. O apóstolo Paulo se valeu e citou duas vezes poetas-estudiosos gregos em seu sermão na Colina de Marte em Atos 17 para pregar as verdades divinas.

A Segunda Lei da Termodinâmica científica (todas as leis também têm sua origem em Deus!) afirma que qualquer coisa deixada a si mesma degenera em vez de produzir algo melhor.

A decadência é uma lei que Paulo viu claramente "escrita em seus próprios membros" (Romanos 7:23).

Esta lei que tem suas raízes no pecado e persistirá até que o pecado seja erradicado, contradiz a premissa básica da evolução (que a ordem pode surgir espontaneamente do caos).

Para existir, a ordem tem que ter um Criador.


Os especialistas que se dedicas e estudam a genética humana, provaram que os humanos compartilham um ancestral comum mais recente, vivendo em qualquer lugar, entre 6000 anos a.C. a 1000 anos d.C. – ou seja, chegaram a Noé e sua esposa.

Estudos semelhantes mostram que todos nós compartilhamos um único pai chamado de "Adão do cromossomo Y" pelos evolucionistas, e também uma mãe solteira "Eva mitocondrial".

Mas nós podemos usar os nomes que Deus lhes deu – Adão e Eva.


A óbvia juventude da criação é vista na terra, no mar e nos céus. O rápido declínio do campo magnético da Terra, os altos níveis de hélio aprisionado em rocha produzido por elementos instáveis, os baixos níveis de sedimentos fluviais e sal em nossos oceanos, a existência contínua de cometas, o baixo número de supernovas observadas e as formações de galáxias cata-vento, todos apontam para um universo criado recentemente. Portanto, a criação divina tem uma idade entre 6000 mil a 7000 mil anos.

(Informações retiradas de artigos do site: www.icr.org – Instituto de Pesquisa da Criação).

Uma nota de cautela: quando Davi levou cinco pedras em sua bolsa de pastor, isso nos diz que ele se preparou para mais do que apenas o confronto imediato com Golias, mas ele claramente não estava planejando enfrentar todo o exército dos filisteus sozinho!

A derrota total das mentiras de Satanás pertence exclusivamente a Cristo; Por mais tentador que seja, não vamos antecipar Sua vitória nos engajando em uma cruzada global contra a evolução.


Como Paulo em Montanha de Marte em Atos 17, tentamos apresentar a verdade em qualquer oportunidade que nos é dada e continuamos com aqueles dispostos a ouvir. O evangelho é, e continua sendo, nosso foco, sendo a criação uma bela faceta de toda a joia divina.

O que toda criatura humana precisa saber em primeiro lugar, e com urgência, é que Deus a declara perdida por causa de seu pecado, e que será condenada por causa dos seus pecados. Mas que Deus preparou uma salvação sem obras do pecador, recebida pela fé, e está disponível a todos. E não menos importante, é responsabilidade de cada indivíduo se apropriar desta salvação enquanto tem condições mentais e físicas para fazer isto.

O profeta Isaías disse: "Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos." (Isaías 55:1-9)


O Senhor Jesus disse: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus."

(João 3:17, 18)

O apóstolo Pedro disse: "Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos." (1 Pedro 3:18; Atos 4:11, 12)


O Senhor Jesus quando andou aqui deu uma ordem e caso rejeitemos esta ordem, nossa eternidade será desesperadora, ele disse: "Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem." (Mateus 7:13, 14).

O Senhor Jesus informar-nos que há um lugar chamado perdição.

A entrada a esse lugar é por meio de uma porta larga e além da porta, encontra-se um caminho espaçoso. Gente incontável apressa-se para este lugar; até mesmo parecem estar indo de trens expressos, tanta é a velocidade com que se dirigem para este destino!

Visto que a porta é larga, tudo pode ser levado com eles. E uma vez que o caminho é espaçoso é muito fácil viajar por ele. Mas esta porta e este caminho conduzem para a perdição. O lugar da perdição é o inferno.


Assim, o que o Senhor Jesus diz aqui é que larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para o inferno e são muitos os que entram por ela. Pode ser que você se encontre entre os que estão neste caminho, rumo a perdição.

Não fique a especular, dizendo não haver porta para o inferno. Pelo contrário, a porta para o inferno existe e é larga.

Não fique a imaginar que não há caminho para o inferno, pois existe um caminho que conduz ao inferno e é mais espaçoso do que qualquer via expressa deste mundo. É muito mais espaçoso do que a rodovia mais espaçosa que se construiu.

De fato, os caminhos do inferno são muitos — não há somente um. Se a pessoa desejar ir para o inferno pode encontrar muitas estradas secundárias à sua escolha.

Embora sejam muitos os caminhos, um só é o destino.


Embora os pontos de partidas possam variar, a linha de chegada é a mesma. Embora as pessoas viajem por caminhos diversos, todas acabam no inferno.

De forma que se você está decidido a ir para esse lugar, a Bíblia pode, facilmente, mostrar-lhe muitos caminhos a seguir. Todos os que desejarem ir para o inferno podem tomar qualquer destes caminhos e terão a segurança de acabarem lá. Entretanto, os que não quiserem acabar no inferno podem aprender como escapar de tal destino.

O anseio de Deus é que ninguém vá para o inferno; mas se alguém insiste em palmilhar este caminho, quem poderá fazê-lo mudar de ideia?

Deus pelo evangelho avisa o pecador da sua ruína, do remédio que Ele preparou e também da responsabilidade de cada pessoa receber pela fé esta grande salvação.

Rejeitar este evangelho é rejeitar o único caminho de salvação. E tal atitude naturalmente mandará a alma para o inferno. A pessoa pode ser boa, mas não consegue ser perfeita. Quem poderá dizer que durante a vida jamais pecou nem por um segundo?

Se a pessoa pecar uma única vez em um segundo, necessitará de um Salvador porque seu pecado deve ser punido. Ao rejeitar o Salvador manda a si mesmo para o inferno. Não abrigue o pensamento de que se você praticar boas obras, não irá para o inferno. A menos que você nunca tenha, desde o nascimento até a morte, nem por um único segundo, cometido pecado por ação, palavra ou pensamento, você está destinado para o inferno.

Mediante a morte e a ressurreição do Senhor Jesus realizou-se a redenção. O que lhe está sendo entregue agora é o evangelho.


Por que é ele chamado de boas-novas, evangelho?

Porque todos os pecadores na terra, sem exceção, podem ser salvos. O Senhor Jesus morreu por todos eles. Ele levou em seu corpo os nossos pecados sobre aquela cruz. Logo, todos os que estiverem dispostos a aceitá-lo pela fé como Salvador serão libertos da opressão e também do castigo do pecado.

O caminho do homem é sempre tentar gradativamente reformar a si mesmo, acumulando mais méritos e esperando, ao final, alcançar a salvação.

Isso não são boas-novas; são notícias de miséria. Pois quantos neste mundo são capazes de disciplinar a si mesmos de tal forma a acumular virtudes nesta vida, se é que alguém possa fazê-lo?

E a todos os que desejam salvar a si mesmos mediantes as boas obras façam a seguinte observação: a não ser que sua boa obra seja perfeita e sem mácula, o seu assim chamado bem em si mesmo é pecado.

A menos que sua justiça alcance os padrões dos céus e satisfaça a Deus, é como trapos da imundícia. Na solidão da noite sua consciência o acusará de misturar o ego, a fama, a reputação e outros pensamentos impuros com seus atos justos; como é que Deus pode ficar satisfeito com "justiça" como essa?

Será que você pode praticar o bem que satisfaça a Deus (e não somente satisfazer a si mesmo ou aos seus vizinhos)? Dificilmente.


Visto que você não pode praticar o bem, as notícias de que você deve realizar o bem a fim de ser salvo, na verdade, são notícias más.

Mas graças a Deus que ele não pede que façamos o impossível.

Ele conhece nossa fraqueza e por isso fez com que seu Filho morresse por nós e levasse a penalidade de todos os nossos pecados. Não precisamos, gradativamente, praticar o bem em antecipação da salvação; podemos ter a vida eterna imediatamente depois de crermos no Filho de Deus como nosso Salvador pessoal, e aceitá-lo como tal.

Isso não significa, é claro, que nós, os que cremos no Senhor Jesus, não precisemos praticar o bem; quer simplesmente dizer que, não podemos ser salvos por meio das boas obras.

Nossa salvação depende inteiramente da graça de Deus (Efésios 2:8).

Depois de sermos salvos, porém, o Senhor dá-nos nova vida e essa vida praticará o bem espontaneamente. Primeiro, seja salvo, depois pratique o bem. Não queira primeiro praticar o bem para ser salvo.

Há alguém oprimido pelo pecado?

Há alguém que trema só em pensar na vida depois da morte?

A sua consciência não lhe diz que é pecador?

Você não tem medo da morte e do juízo?


Eis a salvação para o pecador contrito. O Senhor Jesus veio para salvar tais pecadores. Venha a ele pela fé assim como estás, e ele o salvará.

Ele mesmo declarou: "o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora" (João 6:37).

O seu temor deve ser em não vir, mas não tenha medo algum de que ele não o receba.

Agora você não tem desculpa alguma porque já ouviu o evangelho.

Obedecerá a ele?

O evangelho trouxe o Salvador até você e informou-o que o caminho da salvação é mediante a aceitação de Cristo. Agora a decisão de obedecer é sua. Se você perecer não será por causa de seus pecados passados, mas por não obedecer ao evangelho.

Suponha que você esteja doente e quase à porta da morte e alguém lhe traz um remédio que pode curá-lo. E suponhamos que você se recuse a tomar o remédio. Se morrer, não será por causa da doença, mas por ter recusado o remédio que podia tê-lo curado e salvado.

Não há dúvida de que você pecou, mas eis um Salvador cuja especialidade é salvar pecadores. Se você perecer, será porque não deseja obedecer ao evangelho e aceitar o Salvador dos pecadores.


E quantas almas estão agora no inferno — contudo, estão lá por muito mais do que a causa dos seus pecados, pois rejeitaram ao Salvador.

O Senhor Jesus disse uma certa vez: "Contudo não quereis vir a mim para terdes vida" (João 5:40)

39. Se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado para nos salvar! 

No evangelho de João 8:58, o Senhor Jesus fez mais uma das maiores declarações já feitas: "Em verdade, em verdade vos digo, antes que Abraão existisse, eu sou."

"Verdadeiramente, verdadeiramente" nos diz que o que se segue é fundamentalmente importante. E o que se segue é a afirmação de Cristo de Sua própria eternidade e divindade! Os judeus ouviram nas palavras ditas por Jesus, a linguagem de Isaías 41:4: "Eu, o SENHOR, o primeiro e com o último; Eu sou ele."

Eles entenderam as reivindicações de Cristo e tentaram apedrejá-lo por blasfêmia.

Nos séculos seguintes, muitos atiraram pedras nessas mesmas verdades.

O presbítero Ário de Alexandria/Egito, ensinou que o Filho não era eterno, levando a uma avalanche de conclusões heréticas. Ele raciocinou que o Filho "foi gerado atemporalmente, antes dos tempos de vida", mas que "houve um tempo quando ele não existia".

Se o Filho não fosse "eterno" e se "gerado" significasse começo, então, Ário concluiu, "o Filho tem uma origem, mas Deus não tem origem".


Isso significaria que o Pai e o Filho não são iguais e que, o Filho não é Deus. Ário mergulhou ainda mais nessas mentiras diabólicas e concluiu que Cristo era apenas um ser criado.

Atanásio estava entre aqueles que se opuseram a Ário. Ele argumentou que se Cristo não fosse Deus (o que Ele não poderia ser se não fosse eterno), então Cristo não poderia ter revelado Deus ao homem, não fomos redimidos por Deus, nem fomos unidos a Deus em Cristo. Na verdade, se Cristo não fosse eternamente Deus, então seríamos idólatras flagrantes por adorá-lo. Claramente, a eternidade de Cristo é uma verdade fundamental!

O apóstolo João tratou isso como fundamental. Ele abriu seu Evangelho ecoando Gênesis 1:1.

Quando o tempo, o espaço e a matéria foram trazidos à existência, ali, presente, afirma João, "estava o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (João 1:1).

A expressão "Era (Deus)" em João 1:1, justapõe, une-se a expressão "tornou-se, se fez (carne)" no versículo 14.

A existência da Palavra fora do tempo contrasta com o momento no tempo em que Ele "se tornou" carne.

Aquele cuja glória é "do Filho único do Pai", este sempre foi, e este se tornou o homem que João conheceu.


Quando João afirma que Ele estava "no princípio com Deus" é uma salvaguarda inserida para evitar a ideia falsa que diz que o Verbo (o Filho) foi criado. Tanto Ele como Deus já existiam na Divindade, no princípio. Esta existência não foi produzida por qualquer causa inicial - as Escrituras desconhecem tal coisa, pois Ele não teve "princípio de dias", era um estado eterno. (Hebreus 7:3)

Cristo declarou Sua própria existência pré-terrena em várias ocasiões. Por exemplo, Ele disse a Nicodemos que "ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu" (João 3:13).

Ele perguntou a Seus discípulos: "E se vísseis o Filho do Homem subindo para onde estava antes?" (João 6:62).

E Ele orou: "Pai, glorifica-me junto de ti, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse" (João 17:5).

Paulo também afirma a preexistência do Filho. Aos romanos ele escreveu: "Deus... enviando seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa" (Romanos 8:3)

Aos gálatas Paulo disse: "Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher. " (Gálatas 4:4).

Paulo também lembrou aos coríntios "que, (o Filho eterno) sendo rico, por amor de vós se fez pobre" (2 Coríntios 8:9), o que só faz sentido se a vida de pobreza de Cristo na terra foi precedida por riquezas em outros lugares.

E aos Colossenses, Paulo afirmou que pelo "Filho amado... todas as coisas foram criadas... e ele é antes de todas as coisas." (Colossenses 1:13, 16-17).

O escritor aos Hebreus afirma o mesmo, iniciando com a declaração de que Deus "nos falou por meio de seu Filho... por meio de quem também criou o mundo" (1:2, 10).

Mais tarde, o escritor descreve Melquisedeque, cujo sacerdócio foi "feito como o Filho de Deus", "não tendo princípio de dias nem fim de vida" (Hebreus 7:3).


Cristo não foi feito como Melquisedeque, mas o sacerdócio contemporâneo de Abraão foi modelado segundo o que já era verdade para o Filho de Deus: sem começo nem fim.

Muito mais poderia ser dito sobre esses e outros versículos que ensinam que Cristo é o eterno Filho de Deus.

A primeira coisa que os opositores, desta verdade de tão fácil compreensão encontrada na Bíblia, fazem, é tirar o leitor das traduções já existentes, para leva-los aos "tais originais gregos", que dizem eles, até agora ninguém percebeu, mas que eles têm a "chave" da interpretação correta, mais evolutiva. E por trás da mão deste "mágico tradutor fiel", vem sua doutrina diabólica, rastejando como uma serpente mortal.

O apóstolo Paulo falou desses homens a Timóteo: "Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.

Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles. Tu, porém, tens seguido a minha doutrina." (2 Timóteo 3:1-10)


Mas, antes de terminar, talvez pode ser útil tocar brevemente em dois termos bíblicos relacionados as expressões: "primogênito" e "gerado".

Cristo é "o primogênito de toda a criação" (Colossenses 1:15).

"Primogênito", algumas vezes na Bíblia pode se referir à ordem de nascimento, mas esse título também é usado para significar ocupar o lugar de privilégio.

Como mostram Êxodo 4:22 e Salmo 89:27, "primogênito" nem sempre significa onde de nascimento.

Êxodo 4:22 diz: "Então dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito." Bem, se formos para Jacó, que foi chamado de Israel, e Esaú seu irmão; Esaú seria o primogênito e não Jacó/Israel. Neste caso vemos que primogênito e dignidade, preeminência, elevação. E se falarmos de Israel como nação, que deve ser o caso aqui neste versículo, o termo continua tendo o mesmo significado, pois a nação Israelita não foi a primeira.


O Salmo 89:27 diz: "Também o farei meu primogênito mais elevado do que os reis da terra." Estas palavras do Senhor Deus se refere a Davi, mas ele era o mais novo dos filhos de Jessé. Portanto o primogênito aqui também tem o sentido e preeminência, honra, dignidade. Não está ligado ao tempo, mas sim a sua posição de dignidade ocupada.

O arianismo erroneamente concluiu que "primogênito" significava um começo.

Hebreus 1:5 cita o Salmo 2: "Tu és meu Filho, hoje te gerei".

E João fala de Cristo como o "unigênito". (João 1:14,18; 3:16,18; 1 João 4:9).

"Unigênito" transmite a singularidade de Cristo como o Filho, e Sua essência é a mesma do Pai.


Em termos humanos, entendemos que o que fazemos não compartilha de nossa natureza, mas sim o que geramos.

O "Filho unigênito" compartilhou eternamente a natureza de Seu Pai.

Devemos lembrar que os relacionamentos humanos pai-filho são uma imagem imperfeita do arquétipo – o perpétuo e divino relacionamento Pai-Filho Deus.

Seria um retrocesso interpretar a filiação de Cristo com base nos limites do paralelo humano.

Se negarmos a filiação eterna de Cristo, perdemos nossa medida do amor divino. A força de uma passagem como João 3:16 deriva do relacionamento único de Cristo com o Pai. Ele não se tornou o Filho de Deus por ser dado ao mundo; ele foi dado como Filho de Deus.

A primeira coisa que temos de ver no assunto da nossa salvação, é que o Senhor Jesus é Deus.


Se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado a levar nossos pecados de maneira justa. Jesus de Nazaré era Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados.

Podemos dizer que somente Deus pode levar o pecado do homem. Nunca considere o Senhor Jesus como uma terceira pessoa vindo para sofrer uma morte substituta. Não pense que Deus seja uma parte, nós outra parte e o Senhor Jesus a terceira parte. A Bíblia nunca considera o Senhor Jesus como uma terceira parte. Pelo contrário, ela O considera como a primeira parte. Podem ter-lhe dito que o evangelho é comparado a um devedor, um credor e o filho do credor. O devedor não tem dinheiro para quitar seu débito; o credor, sendo muito severo, insiste no pagamento. Mas o filho do credor se prontifica a pagar o débito em lugar do devedor e o devedor fica livre.


Esse é o evangelho que o homem prega hoje. Mas não é o verdadeiro evangelho. Se esse fosse o caso, pelo menos dois pontos não seriam corretos e seriam contrários à Bíblia. Primeiro, esse tipo de entendimento mostra Deus como o malvado, e o Senhor Jesus o bondoso. Em tal ilustração, não vemos Deus amando o mundo. Antes, vemos apenas Sua justa exigência e a exigência da lei. Vemos um Deus severo, Alguém sem a graça e cujas palavras para o homem são sempre ásperas; e vemos que é o Senhor Jesus quem nos ama e nos dá graça. Esse evangelho está errado.


A Bíblia diz que Deus amou o mundo de tal maneira que nos deu Seu Filho (João 3:16).

Deus enviou Seu Filho porque nos amou. Eis por que fomos levados de volta a Deus após o Senhor Jesus ter cumprido Sua obra na cruz. Se Deus não nos tivesse amado e não nos tivesse enviado o Senhor Jesus, o máximo que o Senhor Jesus poderia ter feito era levar as pessoas de volta a Si mesmo; Ele não poderia levar as pessoas de volta a Deus. Graças ao Senhor porque quem nos amou foi Deus. Agradecemos-Lhe porque foi o próprio Deus quem enviou Seu Filho a nós. O Pai é quem foi movido por compaixão. O Pai é quem nos amou. Foi o Pai quem planejou a salvação. Foi o Pai quem teve uma vontade na eternidade passada. Primeiramente, o Pai propôs todas as coisas e, então, o Filho veio. Assim, é errado o homem pensar que há três partes. Há somente duas partes: Deus e o homem.

O Senhor Jesus é a dádiva de Deus ao homem. Contudo, essa dádiva é algo vivo e com uma vontade, não sem vida e sem vontade. Graças a Deus porque a salvação é algo entre Deus e o homem. O Senhor Jesus é uma dádiva. Hoje, é a Deus que devemos voltar-nos. Nós nos achegamos a Deus por meio do Senhor Jesus. Essa é a primeira coisa que temos de perceber.

Segundo, se houvesse três partes, o Senhor Jesus não teria sido qualificado a morrer por nós. É verdade que quando o Senhor Jesus morreu por nós, a justiça de Deus foi cumprida e os pecados humanos foram perdoados.

Mas foi justo para o Senhor Jesus?


Suponha que tenhamos dois irmãos aqui. Suponha que um dos irmãos tenha cometido um crime capital e tenha sido condenado à morte. O outro irmão quis muito morrer por ele e, por isso, foi executado em seu lugar. Ele é inocente, e também uma terceira parte. Agora, ele morre em lugar do outro. A Bíblia nunca nos mostra que o Senhor Jesus morreu por nós deste modo. Ela nunca nos mostra que Deus tinha uma exigência, que Sua lei tinha de ser satisfeita e que para que o homem cumprisse a exigência da lei, o Senhor Jesus veio para cumprir a lei de Deus. Não há tal coisa.

Que posição o Senhor Jesus tomou quando Ele veio cumprir a redenção?

O mundo pensa que há apenas um modo de lidar com o problema do pecado. Os pregadores que pregam ensinamentos errados dizem que há três maneiras de lidar com o pecado. Mas para Deus há somente dois modos de lidar com o pecado.

Antes de ler a Palavra de Deus, alguém pode pensar que um desses três modos pode resolver o problema: o homem pode resolvê-lo, Deus pode resolvê-lo ou uma terceira parte também pode resolvê-lo por substituição. Os que não são salvos, que não conhecem a Deus, consideram que há apenas uma solução: que é o homem quem deve resolver o problema por si mesmo. Mas a justiça de Deus mostra-nos que há somente dois modos de resolver o problema: Um é pelo próprio Deus e o outro é pelo próprio homem.

Que quero dizer com isso?


Vamos primeiro considerar o que o homem pensa. Ele pensa que é pecador e deve, portanto, sofrer o julgamento do pecado e da ira de Deus. Ele pensa que deveria perecer e ir para a perdição. A única maneira é ele resolver o problema por si mesmo, indo para o inferno. Ele se responsabilizará pelo que fez. Se alguém peca, vai para o inferno e sofre julgamento do pecado. Essa é uma maneira de resolver o problema. Quando alguém deve dinheiro, ele vende tudo o que tem. Ele pode até mesmo ter de vender sua esposa, filhos, casa e terra, se isso for necessário para resolver o problema. Isso é justo.

Então, há outro conceito errado. Para os que ouviram o evangelho, há a consideração de que o Senhor Jesus é a terceira parte vindo tomar nosso lugar e resolver o problema do nosso pecado. O homem pecou e incorreu no julgamento do pecado. Agora, todo o julgamento está sobre o Senhor Jesus; Ele sofre todo o julgamento. Tal ensinamento parece correto. Mas vocês verão resumidamente que ele não é exato.


Na Bíblia, há duas importantes doutrinas, que são: levar os pecados e o resgate pelos pecados.

Por favor, não pensem que não creio na substituição. Mas a substituição sobre a qual alguns falam não é a substituição da Bíblia, porque é um tipo de substituição que envolve injustiça. Se o Jesus imaculado deve ser um substituto para nós, homens pecadores, é claro que isso nos é um bom negócio.

Mas é justo tratar o Senhor Jesus dessa maneira? Ele não pecou.

Por que Ele deveria ser morto? Esse não é o tipo de substituição que a Bíblia fala.

Se o Senhor Jesus veio morrer em lugar de todos os pecadores do mundo, então os que creem em Jesus, assim como os que não creem Nele, serão igualmente salvos. O Senhor morreu por ambos, quer creiam ou não. Não se pode voltar atrás e revogar a morte do Senhor apenas porque alguns não creem. Pode-se voltar atrás em outras coisas. Mas isso não é algo reversível.

Por que a Bíblia diz que os que não creem já foram julgados e perecerão? (João 3:16,18).

A razão é que o Filho de Deus teve apenas uma morte substitutiva por nós, os que cremos. Ele não é um substituto para os que não creem.

Qual, então, é a maneira de resolver o problema do pecado de acordo com a Bíblia?

Há somente duas maneiras justas para resolver o problema. Uma é tratar com quem pecou e a outra é tratar com aquele contra quem se pecou. Há apenas duas partes que são qualificadas para lidar com esse problema. Há apenas duas pessoas no mundo que têm o direito de tratar com o problema do pecado.


Uma é aquela que pecou contra outra. A outra é aquela contra quem se pecou.

Quando uma pessoa processa outra num tribunal, nenhuma outra parte tem o direito de dizer coisa alguma. No proceder do tribunal, somente os dois envolvidos têm o direito de falar. A respeito da salvação do pecador, se ele mesmo não cuida disso, então Deus o faz por ele. O pecador é a parte pecaminosa e Deus é a parte contra quem se pecou. Ambos podem lidar com o problema do pecado da maneira mais justa. Do lado do pecador, é justo que ele sofra o julgamento e a punição, pereça e vá para a perdição. Mas há uma outra maneira que é igualmente justa: a parte contra quem se pecou pode assumir a punição.

Isso pode ser totalmente inconcebível para nós, mas é um fato.

É a parte contra quem se pecou que suporta os pecados. Não é uma terceira parte que leva nossos pecados. Uma terceira pessoa não tem autoridade ou direito de intervir. Se uma terceira pessoa intervier, é injustiça. Somente quando a parte contra quem se pecou está disposta a sofrer a perda, é que o problema pode ser solucionado. Visto que Deus tem amor e também tem justiça, Ele não permitiria que um pecador carregasse os próprios pecados, pois isso significaria que Deus é justo, mas sem amor. A única alternativa é a parte contra quem se pecou carregá-los. Somente por Deus suportar nossos pecados é que a justiça será mantida.

Você sabe o que significa o perdão?


No mundo, nós temos perdão. Entre pessoas, há perdão. Entre um governo e seu povo também há perdão. Até entre nações há perdão. Entre Deus e o homem também há perdão. O perdão é algo universalmente reconhecido como um fato. Ninguém pode dizer que o perdão seja algo injusto. É algo que alguém concede alegremente ao outro.

Mas a questão é: quem tem o direito de perdoar?

Se um irmão me roubou dez dólares, e eu o perdoo, isso significa que eu tenho de suportar a consequência do seu pecado. Eu assumi a perda desses dez dólares. Também como outro exemplo, digamos que você me bateu no rosto. A força foi tanta que sangrou. Se eu disser que o perdoo, significa que você comete o pecado de bater e eu sofro a consequência do golpe. O pecado foi cometido por você, mas eu sofro a consequência dele. Isso é perdão. Perdoar significa que alguém peca e outro sofre a consequência desse pecado. Perdão é assumir a responsabilidade da parte pecadora pela parte contra quem se pecou. Uma terceira parte não tem o direito de intervir para perdoar. Ela não pode interferir na retribuição. Se uma terceira parte intervém para perdoar e para retribuir, isso é injustiça.

Se o Senhor Jesus interferisse como uma terceira parte para substituir o pecador, poderia ser bom para o pecador e Deus também poderia não ter problemas com isso, mas haveria um problema com o Senhor Jesus. Ele não tem pecado. Por que Ele teve de sofrer o julgamento?


Somente o pecador pode suportar a consequência do pecado; ele tem o direito de assumir a responsabilidade e sofrer o julgamento pelo seu pecado. E há somente um que pode levar os pecados do pecador — aquele contra quem se pecou. Somente aquele contra quem se pecou pode assumir o pecado do pecador. Isso é justiça. Esse é o princípio do perdão. Tanto a lei de Deus como a lei do homem reconhecem que isso é justo. O homem tem a obrigação de sofrer a perda. Visto que o homem tem livre arbítrio, Deus também tem livre arbítrio. Uma pessoa com livre arbítrio tem o direito de escolher sofrer a perda.

Então, que é a redenção de Cristo? A obra redentora de Cristo é o próprio Deus vindo para levar o pecado do homem cometido contra Si. Esta palavra é mais amável de se ouvir do que todas as músicas do mundo.

Que é a obra redentora de Cristo? É Deus suportando o que o homem pecou contra Si. Em outras palavras, se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado a levar nossos pecados de maneira justa. Jesus de Nazaré era Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados. Hoje, é Deus quem leva os nossos pecados em lugar do homem. Eis por que foi uma ação justa. Não podemos suportá-los por nós mesmos. Se fôssemos tomá-los, estaríamos acabados. Graças a Deus que Ele mesmo veio ao mundo para suportar os nossos pecados. Essa é a obra do Senhor Jesus na cruz.

Por que, então, Deus teve de tornar-se um homem?


Já é suficiente que Deus ame ao mundo. Por que Ele teve de dar Seu Filho unigênito?

É preciso perceber que o homem pecou contra Deus. Se Deus exigisse que o homem suportasse seu pecado, como o homem faria isso? O salário do pecado é a morte. Quando o pecado induz e age, ele acaba em morte. A morte é a cobrança justa do pecado (Romanos 5:12).

Quando o homem peca contra Deus, ele tem de suportar a consequência do pecado, que é a morte. Por isso, Deus é a outra parte. Se Ele viesse e assumisse nossa responsabilidade e sofresse a consequência do nosso pecado, Ele teria de morrer.

Mas em 1 Timóteo 6:16 é-nos dito que Deus é imortal; Ele não pode morrer. Mesmo que Deus quisesse vir ao mundo tomar nossos pecados, morrer e ir para a perdição, para Ele seria impossível fazê-lo. A morte simplesmente não tem efeito em Deus. Não há a possibilidade de Deus morrer. Portanto, para Deus sofrer o julgamento do pecado do homem contra Si, Ele teve de tomar o corpo de um homem.


Por isso Hebreus 10:5 diz-nos que quando Cristo veio ao mundo, Ele disse: "Corpo me formaste". Deus preparou um corpo para Cristo, com o propósito de Cristo se oferecer como oferta queimada e oferta pelo pecado. O Senhor diz: "Não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado" (Hebreus 10:6).

Agora Ele oferece Seu próprio corpo para tratar com o pecado do homem. Então, o Senhor Jesus se tornou um homem e veio ao mundo para ser crucificado.

O Senhor Jesus não é uma terceira parte; Ele é a parte primeira. Por ser Deus, Ele é qualificado para ser crucificado. Por ser homem, Ele pode morrer na cruz em nosso lugar. Devemos fazer clara distinção entre essas duas declarações. Ele é qualificado para ser crucificado porque é Deus, e pode ser crucificado porque é homem. Ele é a parte oposta; Ele se colocou ao lado do homem para sofrer punição. Deus se tornou um homem. Ele habitou entre os homens, uniu-se ao homem, tomou o fardo do homem e levou todos os pecados do homem. Se a redenção tem de ser justa, Jesus de Nazaré deve ser Deus. Se Jesus de Nazaré não for Deus, a redenção não é justa.


Todas às vezes que olho para a cruz, digo a mim mesmo: "Este é Deus". Se Ele não for Deus, Sua morte se torna injusta e não pode salvar-nos, pois Ele não é senão uma terceira parte. Mas agradecemos e louvamos ao Senhor, pois Ele é a outra parte. Por isso declarei que apenas duas partes são capazes de lidar com os pecados. Uma parte somos nós mesmos, e nesse caso temos de morrer. A outra parte é Deus, contra quem pecamos, e nesse caso Ele morre por nós. Além dessas duas partes, não há uma terceira que tenha direito ou autoridade para lidar com nossos pecados.

40. Encarnação de Cristo

Quando Deus olhou do céu, Ele observou que toda a raça humana era corrupta e ninguém buscava a Deus (Salmos 14:2-3). Ele nos criou à Sua imagem, e nós nos rebelamos. A humanidade estava perdida, cega e escravizada pelo pecado. Como nosso Deus misericordioso respondeu? Ele o fez tornando-se um de nós e compartilhando humildemente nossa existência carnal e sanguínea (Hebreus 2:14). Ao mesmo tempo, em Aquele menino estava na manjedoura e depois nos braços de Maria, sua mãe, Ele sustentava e mantinha em perfeita ordem e harmonia toda a Sua criação." Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.""Ele é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele."(João 1:4; Colossenses 1:15-17)


O termo em encarnação vem de palavras latinas que significam "em" e "carne". Na teologia cristã, então, a encarnação refere-se ao "encarnado" de Deus – Seu ser corporificado em carne humana. No evangelho João 1, identifica Jesus Cristo como o Filho eterno de Deus e o chama de "o Verbo" – uma pessoa distinta dentro da Divindade ("com Deus"), mas igualmente Deus ("era Deus"). Então João testifica claramente sobre a encarnação: "O Verbo se fez carne e habitou entre nós. Nós observamos a sua glória, a glória como o único Filho do Pai" (João 1:1,14).
Observe que Ele (Filho eterno) não foi despojado da glória divina, "porque toda a plenitude da natureza de Deus habita corporalmente em Cristo", de modo que na encarnação Ele se tornou o que nunca foi antes (um homem) sem deixar de ser o que Ele sempre foi (Deus). (Colossenses 2:9)


Só Deus tem a prerrogativa de possuir outro corpo, se ficar culpa.Todo outro nascimento [concepção] é a criação de uma nova personalidade. Não foi assim com Jesus. Já existia uma Pessoa Divina, mas agora entrando em um novo modo de existência. No entanto, é preciso ter cuidado para não confundir a encarnação com uma metamorfose. Deus não se transformou em homem, como na mitologia grega.
Em vez disso, o Filho de Deus adotou a natureza humana e a uniu à Sua natureza divina na unidade de uma pessoa. Isso deve ser entendido como não significando que Jesus Cristo é um terceiro ser entre Deus e o homem, mas que ele é Aquele que é totalmente Deus e verdadeiramente homem. Em nosso desejo de proteger a divindade do Senhor Jesus, devemos ter cuidado para não minimizar a realidade de Sua humanidade. Na verdade, negar a genuinidade de Sua experiência humana é o espírito do anticristo em ação.(1 João 4:2-3; 2 João 7).


Em Sua humanidade, Ele se desenvolveu no seio de Maria. Ele passou pelos sucessivos estágios da vida, pois as Escrituras diz que Maria deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, e logo vemos um menino que provocou ansiedade em Seus pais por ter ficado em Jerusalém depois da festa e ainda assim quando o acharam se submeteu a eles, e também vemos um homem que tinha um emprego regular como carpinteiro. (Lucas 2:7,48,51; 6:3)
Sua peregrinação terrena foi caracterizada pela oração, porque Ele era um homem real vivendo na dependência de Seu Deus (Lucas 22:41-42).
Ele teve fome (Mateus 4:2), sede (João 4:6-7), esteve cansado (Marcos 4:38), e lágrimas rolaram pelo Seu rosto diante da morte de seu amigo Lázaro (João 11:35).
Adoramos um Deus que não está distante da dor de nossa existência humana, "pois, visto que ele mesmo padeceu quando foi tentado, pode socorrer os que são tentados" (Hebreus 2:18).


Mas ao se tornar como nós, Ele permanece diferente de nós, pois Sua verdadeira humanidade é uma humanidade perfeita. Hebreus 4:15 é um resumo precioso disso: "Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado".Havia um grande propósito na encarnação do Filho eterno, e esta era a revelação de Deus.Deus falou de muitas maneiras ao longo dos tempos, mas Sua mensagem final e auto-revelação vieram nestes últimos dias pela encarnação de Seu Filho (Hebreus 1:1-2).
Enquanto "ninguém jamais viu a Deus, o Filho Unigênito, que é Deus e está junto do Pai – ele o revelou" (João 1:18). Deus não nos deixou no escuro acerca de Si mesmo e de Seus propósitos, como se nós O procurassem em vão, procurássemos por um Ser que nunca encontrariam.


Deus não se escondeu – "Ele se manifestou em carne" (1 Timóteo 3:16). Quando olhamos para o Senhor Jesus nas páginas das Escrituras, vemos Deus revelado em clareza cristalina e nossos corações são tocados ao aprendermos em Cristo que nosso Deus é um Deus que se humilha (Filipenses 2:5-8).
Tome nota – o homem, Cristo Jesus, não é uma representação parcial de Deus, mas uma revelação perfeita de tudo o que Deus é, "a imagem, ou, a expressão exata do Deus invisível" (Colossenses 1:15).
As Escrituras estão repletas da mensagem de que, por causa de nossa pecaminosidade, Deus só pode ser abordado com base em um sacrifício e que "sem derramamento de sangue não há perdão" (Hebreus 9:22).


A morte eterna do pecador é o justo castigo pelos seus pecados (Apocalipse 21:8).
Para sermos salvos – reconciliados com Deus – nossa penalidade precisava ser paga, mas nenhum homem ou mulher jamais poderia pagar a penalidade por si mesmo. Somos pecadores frágeis e finitos, e mesmo o castigo eterno dos incrédulos não pagará pelos pecados cometidos contra o Deus infinito. A encarnação é a resposta. Nossa salvação exigia que alguém sofresse e morresse em nosso lugar, que oferecesse um sacrifício de valor infinito e pagasse integralmente nossa pena. Somente o próprio Deus poderia atender a esse requisito, então Ele encarnou na pessoa de Seu Filho para realizar isso por nós.
"O Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo" (1 João 4:14), e "o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo o pecado" (1 João 1:7).


Observe, então, estas duas coisas: o Pai não se encarnou, mas somente o Filho; e as Escrituras nunca dizem que Deus morreu, mas o homem que é Deus morreu. Deus é espírito e não pode morrer.
Assim, foi necessário que Ele se tornasse homem, em carne e osso, para morrer por nós (Colossenses 1:19-22).A humanidade de Cristo começou em Sua concepção no ventre de Maria, que inicialmente e compreensivelmente não acreditou na possibilidade de ela dar à luz por não ter "conhecido" um homem.
Então o anjo Gabriel explicou: "Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Portanto, o Santo que há de nascer será chamado Filho de Deus" (Lucas 1:35). 


Obviamente, as Escrituras não fogem do sobrenatural. Quando Deus traria Seu Filho eterno ao mundo, é apropriado que Ele destacasse a singularidade da pessoa por meio de um sinal único. A razão pela qual os defensores da fé nos primeiros séculos da Igreja incluíram o nascimento virginal em suas declarações de credo é que eles sabiam que não era um adendo trivial à mensagem do evangelho. (Por exemplo, Credo dos Apóstolos, Credo Niceno, Credo de Calcedônia)Mateus protege cuidadosamente a verdade no capítulo um de seu Evangelho. Depois de uma longa lista de homens que geraram seus filhos, ele muda a fórmula no versículo 16: "Jacó gerou José, marido de Maria, que deu à luz Jesus, chamado o Messias". 


Jesus não foi gerado por José e, como evidência adicional, José sabia disso, como os versículos 18-19 deixam claro. Mateus também registra o nascimento de Cristo como o cumprimento de Isaías 7:14: "A virgem conceberá, terá um filho e lhe dará o nome de Emanuel." O que todos na presença de Acaz entenderam naquele dia é discutível.
Mas a interpretação do Espírito Santo e a escolha de palavras em Mateus 1:23 não deixam dúvidas – o nascimento virginal de Cristo foi um cumprimento necessário da profecia. Quando o Filho de Deus assumiu a carne humana, Ele não veio como um ser sem gênero, mas como um homem. Ele tinha um cromossomo Y. Ele tinha pelos faciais. Sua companhia principal era um grupo de homens. Isso não está afirmando que os homens são superiores às mulheres – eles são iguais, ambos tendo sido criados à imagem de Deus – mas revela que a encarnação abraça a ordem divina da sexualidade de gênero estabelecida em Gênesis 1.


De forma alguma, isso diminui o valor do gênero feminino, pois o Filho de Deus "nasceu de mulher" (Gálatas 4:4). Mas a encarnação mostra que a distinção de gêneros na criação original era boa – e a ressurreição de Jesus e outros nos mostra que ela permanecerá. A encarnação, uma vez realizada, é um estado duradouro para nosso Senhor Jesus. Começou em seu nascimento e continua para sempre, embora agora em um corpo ressurreto, glorificado. É o mesmo corpo humano em que Cristo, nasceu, viveu e sofreu na cruz que Ele também ressuscitou, e Sua ressurreição é o padrão para a nossa. O Senhor Jesus é para sempre um homem. Claramente, os corpos humanos são significativos, pois o Filho de Deus possui um.


Então, que é a redenção de Cristo? A obra redentora de Cristo é o próprio Deus vindo para levar o pecado do homem cometido contra Si. Esta palavra é mais amável de se ouvir do que todas as músicas do mundo. 

Que é a obra redentora de Cristo?
É Deus suportando o que o homem pecou contra Si. Em outras palavras, se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado a levar nossos pecados de maneira justa. Jesus de Nazaré era Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados. Hoje, é Deus quem leva os nossos pecados em lugar do homem. Eis por que foi uma ação justa. Não podemos suportá-los por nós mesmos. Se fôssemos tomá-los, estaríamos acabados. Graças a Deus que Ele mesmo veio ao mundo para suportar os nossos pecados. Essa é a obra do Senhor Jesus na cruz. Por que, então, Deus teve de tornar-se um homem? 

Já é suficiente que Deus ame ao mundo. Por que Ele teve de dar Seu Filho unigênito? É preciso perceber que o homem pecou contra Deus. Se Deus exigisse que o homem suportasse seu pecado, como o homem faria isso? O salário do pecado é a morte. Quando o pecado induz e age, ele acaba em morte. A morte é a cobrança justa do pecado (Romanos 5:12).


Quando o homem peca contra Deus, ele tem de suportar a consequência do pecado, que é a morte. Por isso, Deus é a outra parte. Se Ele viesse e assumisse nossa responsabilidade e sofresse a consequência do nosso pecado, Ele teria de morrer. Mas em 1 Timóteo 6:16 é-nos dito que Deus é imortal; Ele não pode morrer. Mesmo que Deus quisesse vir ao mundo tomar nossos pecados, morrer e ir para a perdição, para Ele seria impossível fazê-lo. A morte simplesmente não tem efeito em Deus. Não há a possibilidade de Deus morrer. Portanto, para Deus sofrer o julgamento do pecado do homem contra Si, Ele teve de tomar o corpo de um homem.
Por isso, Hebreus 10:5 diz-nos que quando Cristo veio ao mundo, Ele disse: "Corpo me formaste". Deus preparou um corpo para Cristo, com o propósito de Cristo se oferecer como oferta queimada e oferta pelo pecado. O Senhor diz: "Não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado" (Hebreus 10:6). Agora Ele oferece Seu próprio corpo para tratar com o pecado do homem. Então, o Senhor Jesus se tornou um homem e veio ao mundo para ser crucificado.


O Senhor Jesus não é uma terceira parte; Ele é a parte primeira. Por ser Deus, Ele é qualificado para ser crucificado. Por ser homem, Ele pode morrer na cruz em nosso lugar. Devemos fazer clara distinção entre essas duas declarações. Ele é qualificado para ser crucificado porque é Deus, e pode ser crucificado porque é homem. Ele é a parte oposta; Ele se colocou ao lado do homem para sofrer punição. Deus se tornou um homem. Ele habitou entre os homens, uniu-se ao homem, tomou o fardo do homem e levou todos os pecados do homem. Se a redenção tem de ser justa, Jesus de Nazaré deve ser Deus. Se Jesus de Nazaré não for Deus, a redenção não é justa.

41. Divindade de Cristo

O raciocínio hipotético de Paulo em 1 Coríntios 15:14 sobre a ressurreição poderia ser aplicado a este tópico atual: Se Cristo não é divino, nossa fé é vã, ainda estamos em nossos pecados... somos os mais miseráveis ​​de todos os homens. Isso não é uma hipérbole; a eternidade depende da identidade do Senhor Jesus.

Dizer que Cristo é divino é dizer que Ele tem a natureza e substância essenciais de Deus. Ele não é ontologicamente inferior de forma alguma. Como um homem na terra, Ele ainda era co-igual, co-essencial e co-eternamente Deus.

Há uma distinção de pessoas dentro da Divindade, significando que Cristo é o Filho, e não o Pai. Visto que a substância de Deus não pode ser dividida, ambas as pessoas são divinas.

Quando Ele se fez carne, Ele se tornou o que nunca havia sido antes, mas nunca deixou de ser quem sempre foi. Em uma pessoa (Cristo) residiam duas naturezas (divina e humana). Ele é simultaneamente e paradoxalmente verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem.

Provar a divindade de Cristo "não é forçar um ou dois textos, mas a doutrina da Escritura tecida em toda a sua composição".


Ao comprar uma pintura original, um certificado de autenticidade é vital, mas o comprador também quer ver as cores, contrastes e pinceladas da obra de arte. Ele quer ver e sentir sua realidade. Assim é com as Escrituras. Existem textos de prova em abundância da divindade de Cristo, estes correspondem ao certificado.

Mais do que isso, no entanto, são as sombras, sugestões, implicações e tempos verbais que se combinam para dar a sensação e a experiência da realidade.

(Leia: João 1:1; 20:28; Romanos 9:5; 1 Timóteo 3:16; Tito 2:13; Hebreus 1:8; 2 Pedro 1:1; 1 João 5:20)

A galeria de arte dos tipos do Antigo Testamento nos mostra que o homem Cristo Jesus é divino.

O éfode do sumo sacerdote era um item singular (Êxodo 39:2,3), com dois materiais distintos – linho e fio de ouro (os judeus consideravam o ouro como um símbolo da divindade, daí o bezerro de ouro (Êxodo 32:3,4).

O maná era como uma semente dourada (Números 11:7), e o tabernáculo tinha peles de texugo por fora (Êxodo 26:14), velando o ouro por dentro.

Cada tipo descreve um item, com duas características distintas, prenunciando uma pessoa (Cristo) com duas naturezas (divina e humana).

O Salmo 45, que fala do casamento do Messias, retrata o filho de Davi com seus "companheiros" – Ele é um homem.

Deus diz a este rei: "O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre" (Salmos 45:6,7).

O homem no trono é chamado de Deus – Ele é divino.

O filho de Davi também é o Senhor de Davi, mostrando que Ele é eterno; "O SENHOR disse ao meu Senhor (Adon): Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés" (Salmos 110:1; Marcos 12:35-37).

O salmista nunca considerou "Adon" um título inferior a Jeová (Leia Salmos 8:9; 97:5).


O fato de hoje haver um homem sentado onde somente Deus está sentado nos diz que Cristo é divino.

Deus é um Deus ciumento e não pode dar Sua glória a outro. Cristo está sentado em um lugar reservado para a divindade – nenhuma criatura ousa sentar-se ali (Hebreus 1:13).

Outra prova de Sua divindade é vista na subjugação de todos os Seus inimigos. O governo universal é exclusivo de Deus; Ele é o "Rei sobre toda a terra" (Salmos 47:2); somente Ele pode ser adorado (Lucas 4:8).

Visto que Cristo recebe a homenagem e a honra devidas a Deus, isso mostra que Ele é divino.

Os profetas também acreditaram nessa doutrina, proclamando o filho da virgem como Emanuel (Isaías 7:14).

O filho dado era o Deus Forte (Isaías 9:6).

Eles disseram que um mensageiro seria enviado com antecedência para preparar o caminho de Jeová (Isaías 40:3; Malaquias 3:1).

João Batista anuncia a vinda de Jesus de Nazaré (Mateus 3:3).

Mateus, Marcos e Lucas se harmonizam com os profetas, pois eles afirmam que o Jesus de Nazaré é Jeová dos exércitos.


Muito antes de o Senhor Jesus vir a Jerusalém montado em um jumento, Zacarias disse: "O teu Rei vem a ti, justo e salvador" (Zacarias 9:9).

Ele ainda descreve esse rei como "o SENHOR... rei sobre toda a terra" (Zacarias 14:9).

Zacarias registra ambos os adventos do Rei e o chama de Jeová – este é "o Rei dos séculos" (1 Timóteo 1:17).

O Senhor Jesus é Auto existente, Auto suficiente e absolutamente independente de Sua criação. Ele tem vida em Si mesmo e, como o EU SOU, é completo em Si mesmo (João 5:26; 8:58).

Além disso, Ele é o criador não contingente; todas as coisas foram feitas por Ele, o que significa que Ele não recebeu propósito e existência de ninguém (João 1:3).

O mistério de Sua pessoa é que aquele com vida em Si mesmo a deu na cruz.

Não é que Deus morreu, mas Cristo, tornando-se homem, morreu.

O Auto suficiente aqui na terra tinha fome, sede e chorava, e o criador sem causa, que não precisava de nada, baixou e se humilhou para comprar uma noiva como Sua plenitude.

O "Jesus Cristo que é o mesmo ontem, e hoje, e para sempre" de Hebreus 13:8, é paralelo de Malaquias 3:6, "Eu sou o SENHOR, não mudo".

O Senhor Jesus é Jeová. Em Sua natureza, Ele é imutável, perfeito e não sofre nem flutua. Ele não é o Deus do teísmo aberto, mudando Sua vontade e sofrendo emocionalmente.

A entropia é uma característica da criação; ela perece, mas o Filho "permanece".

Entropia é um conceito da termodinâmica que mede a desordem das partículas de um sistema físico, portanto ela prece, mas o Filho "permanece para sempre" (Hebreus 1:10,11).

Embora sendo Filho (referindo-se à Sua natureza divina – imutável e impassível), Ele aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu (Hebreus 5:8).


Ele só poderia sofrer tendo se tornado homem, mas tais sentimentos e experiências só serviram para mostrar e torna-lo "perfeito" e o capacitaram para ser nosso misericordioso Sumo Sacerdote. (Hebreus 2:10)

Lemos em João 3:31, "Aquele que vem do céu está acima de todos", e Ele mesmo disse em João 8:23, "Eu sou lá de cima". São declarações de transcendência.

Embora fosse um humilde carpinteiro que caminhava pelas estradas da Galileia, Ele ainda habitava a eternidade, mais alto e maior do que tudo. Aquele que desceu do céu ainda era o Filho do homem no céu (João 3:13).

Ele estava muito além do alcance do homem, mas chegou tão perto que foi visto e tocado.

Embora Ele tenha vindo em carne e sangue, há um aspecto da pessoa de Cristo que está muito além de nossa compreensão – insondável.

Jó entendeu que isso era um atributo divino, dizendo: "Tocando o Todo-Poderoso, não podemos encontrá-lo" (Jó 37:23).

Lucas concorda, registrando: "Ninguém sabe quem é o Filho" (Lucas 10:22).

Isso se refere à vida interior do Filho, além de Suas relações com o homem. Se Ele não tivesse escolhido se revelar, ainda estaríamos cegos.


Para provar a realidade invisível de Sua natureza divina, o Senhor Jesus realizou milagres. A cura do coxo é um exemplo clássico. O Senhor Jesus afirmou perdoando seus pecados, mas os judeus afirmaram e com razão, que essa era uma obra que só Deus poderia fazer (Lucas 2:5,7).

Sendo onisciente, Ele conhecia seus pensamentos (v.8) e os apresentou a um dilema humanamente impossível. Pecados perdoados ou o andar do coxo, qual é mais fácil?

Para provar a realidade invisível – que os pecados deste homem foram perdoados e que Ele era Deus – Ele disse ao coxo para andar. Não é de admirar que eles tenham dito: "Nunca vimos isso dessa maneira" (v.12).

Da mesma forma, quando o Senhor Jesus afirmou que Deus era Seu Pai (João 5:17), Ele estava afirmando ter a mesma natureza de Deus. Para provar essa realidade invisível, Ele delineou as obras visíveis que realizaria. Suas obras são as obras clássicas da divindade: salvação, condenação, adoração (João 5:21-24).

As obras são descritas como sendo dadas pelo Pai, mostrando as funções da Divindade. Mas todos eles brotam da mesma fonte – o Pai e o Filho têm a mesma essência, apesar de serem pessoas distintas.


Quem mais senão uma pessoa eterna poderia conceder vida eterna?

Quem senão um juiz onisciente poderia conhecer todos os casos e avaliar cada coração em um julgamento global?

Cristo fez essas obras exatamente como o Pai as teria feito.

Não é de admirar que Ele tenha dito: "Quem me vê, vê o Pai" (João 14:9), a expressão perfeita e visível da substância de Deus (Hebreus 1:3).

Somente Deus pode revelar Deus.

A eternidade é outra prova da divindade, e esse atributo é revelado como um título nas Escrituras: "Eu sou o primeiro e eu sou o último... fora de mim não há Deus" (Isaías 44:6).

O equivalente no Novo Testamento sobre o Filho é: "Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último" (Apocalipse 1:11).


João atribui esse título ao Filho do homem, o Senhor Jesus. João descreve ainda o Filho do homem como o Ancião de Dias da profecia de Daniel (Daniel 7:9; Apocalipse 1:14).

Ele não usa o título, mas espelha as mesmas características. Daniel viu o Filho do homem e o Ancião de Dias como pessoas distintas. João viu a mesma essência. Ambos estavam certos.

O Senhor Jesus também é chamado de "Santo" (Atos 3:14), "verdadeiro Deus" (1 João 5:20) e "Filho de Deus" (Mateus 14:33). Ele tem os nomes e títulos de Deus – Pois Ele é Deus.

Ao considerar o mistério e a maravilha de nosso bendito Senhor, só podemos cair a Seus pés e exclamar: "Meu Senhor e meu Deus" (João 20:28).

42. Impecabilidade de Cristo

O apóstolo Pedro experimentou o pecado e o fracasso em sua vida, mas conheceu um Homem perfeito, o Senhor Jesus. E quando ele pegou sua pena para escrever sua primeira epístola, ele incluiu dois retratos deste Sem pecado: primeiro como um Cordeiro (1 Pedro 1:18-21) e depois como um Pastor (1 Pedro 2:21-25).

"Um Cordeiro sem defeito e sem mácula" (1 Pedro 1:19).

Deus enviou Seu Filho como um Cordeiro imaculado e perfeito a um mundo cheio de "ovelhas desgarradas" (1 Pedre 2:25).

Ele veio da eternidade para nos redimir (1 Pedre 1:20).

Ele era santo e nasceu de uma virgem (Lucas 1:35), enviado para viver entre toda uma raça concebida em pecado (Salmos 51:5).

E pela primeira vez, o anseio de Êxodo 13:2 foi plenamente atendido: Aqui estava um Filho primogênito perfeitamente santo.

Santos em "Seus passos" (1 Pedre 2:21).

Desde o início, Seu caminho refletiu Seu caráter santo. Não foi apenas que Ele não pecou, ​​mas que Ele "amou a justiça" (Hebreus 1:9).

Ele se deleitava em fazer o que era certo. Ele amava a vontade de Seu Pai.


Nosso primeiro vislumbre dEle ocorre aos doze anos de idade - uma idade em que muitas crianças resistem à autoridade. Mas Ele não era rebelde; Ele era um Filho submisso, focado na vontade de Seu Pai. Os mestres em Jerusalém ficaram maravilhados com o Seu conhecimento, mas Maria e José não O entenderam. Ainda assim, Ele os honrou voltando a Nazaré e submetendo-se a eles (Lucas 2:46-51).

Por trinta anos, Ele viveu uma vida imaculada na obscuridade, crescendo no favor de Deus e dos homens (Lucas 2:52).

Cada passo que Ele deu foi certo. E o veredito de Deus sobre aqueles anos ocultos foi o mesmo que sobre Seu ministério público: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mateus 3:17; 17:5).

Pedro disse Ele era aquele, "Que não cometeu pecado" (1 Pedre 2:22).


O padrão da lei de Deus já era inatingivelmente alto para a humanidade. Então, o que Cristo fez? Ele elevou nossa compreensão a níveis ainda maiores (Mateus 5:17-48).

Não apenas o assassinato foi condenado, mas também a raiva descontrolada, não apenas o adultério, mas também a luxúria. Não só devemos amar nossos vizinhos, mas também nossos inimigos, e assim por diante. Em um mundo que busca constantemente rebaixar os padrões de Deus, Ele os exaltou e então os atendeu plenamente.

Seus inimigos procuraram ansiosamente por falhas nele, mas quando ele afirmou que sempre agradaria a Deus e os desafiou a convencê-lo de pecado, eles não tiveram resposta. Eles só podiam recorrer à calúnia (João 8:29,46,48).

Mesmo Seu inimigo mais poderoso não poderia fazer com que Ele tropeçasse. Satanás sabia que se ele pudesse fazer o Filho de Deus pecar apenas uma vez, então tudo estaria arruinado. Mas, embora o Senhor estivesse sozinho no deserto e com muita fome, Ele não poderia ser seduzido a fazer nem mesmo um pão sem a vontade de Seu Pai (Mateus 4:3-4).

Ele resistiu a todas as tentações.


O testemunho de Seu santo caráter foi abrangente: tanto anjos como demônios, tanto Seu traidor como Seu juiz, tanto Seu carrasco quanto o criminoso executado com Ele – todos eles declararam Sua justiça. (Lucas 1:35; 4:34; 23: 41,47; Mateus 27:4; João 18:38)

Aqueles que O conheciam melhor, Seus apóstolos, estavam unidos em seu testemunho sobre Ele:

"Ele não conheceu pecado!" (2 Coríntios 5:21);

"Ele não cometeu pecado!" (1 Pedro 2:22);

"Nele não há pecar!" (1 João 3:5).

Pedro disse que "Nem dolo se achou em sua boca" (1 Pedro 2:22).

Para Pedro, a impecabilidade de Cristo era especialmente evidente em Suas palavras: sem dolo, sem injúrias e sem ameaças. Nós pecamos tão facilmente com nossas línguas indisciplinadas; basta um momento de descuido para mentir, exagerar, ameaçar ou se gabar. Todos nós nos arrependemos e nos desculpamos por coisas que dissemos, mas Ele nunca precisou. Ele estava impecável!


Ele ensinou que nossas palavras refletem nosso coração (Mateus 12:34).

Ele disse isso às pessoas cujas palavras revelavam sua maldade, mas Suas próprias palavras revelavam Sua pureza interior. Ele era tão "cheio de graça e de verdade" (João 1:14) que as pessoas se maravilhavam com Suas "palavras graciosas" (Lucas 4:22).

E quando os principais sacerdotes enviaram guardas para prendê-lo, eles voltaram de mãos vazias, dizendo: "Nunca ninguém falou como este homem" (João 7:46).

Pedro também disse que "Quando sofria, não ameaçava" (1 Pedro 2:23).

Infelizmente, nosso pior comportamento geralmente ocorre quando estamos sob estresse. Deixamos escapar coisas que normalmente não diríamos. Nosso Senhor foi tratado de maneira terrível e imerecida. Mas quando eles O insultaram, Ele não revidou. Quando Ele sofreu sob o abuso deles, Ele não ameaçou. Sua resposta à crueldade deles foi esta: "Pai, perdoa-lhes" (Lucas 23:34).

"Ele … se comprometeu com Deus, que julga com justiça" (1 Pedro 2:23). Um dos pecados mais básicos da humanidade é a incredulidade, mas a confiança do Senhor Jesus em Deus nunca vacilou, mesmo até o fim. Ele viveu Sua vida em total dependência do Pai. Ele confiou e obedeceu totalmente a Ele – até a morte de cruz (Filipenses 2:7-8).

"Ele mesmo carregou os nossos pecados em seu próprio corpo sobre o madeiro, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça" (1 Pedro 2:24).

Se Ele tivesse pecado pelo menos uma vez em Sua vida, então Ele não poderia ter sido nosso Substituto. Mas como o Sem pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus (2 Coríntios 5:21).


Antes do Calvário, Ele nunca conheceu nada além do deleite e do sorriso de Deus. Mas lá na cruz, Ele sentiu, pela primeira vez, a ira e abandono de Deus contra o pecado. Ele levou em seu corpo os nossos pecados sobre aquele madeiro, Ele tomou o nosso lugar no julgamento de Deus, deu Sua vida e depois ressuscitou triunfante sobre a morte.

A sepultura não poderia reivindicar que ficasse na morte, Aquele que não tinha pecado.

Como salvos pela fé em Cristo e agora ocupando já neste mundo uma posição de santos, temos um chamado elevado – viver para a justiça – mas também temos um grande apoio: um pastor para nos guiar e um santo sumo sacerdote para nos sustentar (1 Pedro 2:25; Hebreus 7:26).

Ele está sentado à direita de Deus como um Homem perfeito e glorificado.

Quando a pressão da tentação parece esmagadora, podemos buscar ajuda naquele que foi tentado como nós, mas sem pecado (Hebreus 4:15).


Ele resistiu ao ataque implacável da tentação sem ceder um centímetro. Ele sozinho, de todos os homens, suportou todo o seu peso sem vacilar ou ceder por um momento. Por causa disso, Ele pode nos dar graça para ajudar em tempos de necessidade (Hebreus 4:16).

E se falharmos, então Ele se aproxima como Advogado, "Jesus Cristo, o justo" para nos restaurar a comunhão com o Pai (1 João 2:1).

Devemos dar graças a Deus por nosso Salvador sem pecado!

43. Cristo, o Servo Perfeito

O fato de que o eterno Filho de Deus alguma vez "se aniquilou" ao vir ao mundo na forma de um servo é uma maravilha da graça divina.

Talvez ainda mais surpreendente seja que o abençoado Senhor Jesus manterá esse caráter de servo por toda a eternidade (Lucas 12:37).

Nos chamados "Cânticos do Servo" de Isaías, eles pintam um resumo conciso e bonito do curso daquele Servo perfeito.

No Novo Testamento, o Evangelho de Marcos apresenta o Senhor Jesus como o Servo perfeito, pois tinha em vista alcáçar o mundo romano.

Isaías primeiro nos apresenta o Messias como aquele que é um Filho divino, nascido no mundo por meio do nascimento virginal (Isaías 7:14).

Embora Ele fosse um menino nascido, Ele também era um Filho dado, que sempre esteve do lado do Pai (Isaías 9:6).

É este Filho eterno que se tornou um servo. Desde a eternidade Ele foi o Servo chamado e escolhido a quem Deus deseja que contemplemos: "Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito" (Isaías 42:1).

Ele foi escolhido por causa de quem Ele é por natureza, pois somente aquele que é Deus manifestado na carne poderia realizar a obra para a qual Ele foi ordenado. De fato, Ele foi chamado "desde o ventre" e "em justiça", isto é, para cumprir o justo propósito de Deus. (Isaías 42:6; 49:1)

Graças a Deus, Ele não mostrará fraqueza nem se deixará ferir, até que estabeleça a justiça sobre a terra (Isaías 42:4).

Em uma bela declaração, Isaías resume o propósito do Servo perfeito. Ele é aquele em quem Deus "será glorificado" (Isaías 49:3).

A preocupação primária do Servo era a glória de Seu Pai (João 17:4).

Isso Ele fez, entre outras coisas, curando corações partidos (Isaías 61:1), abrindo olhos cegos e libertando almas (Isaías 42:7).

Mas tal glória foi plenamente manifestada no Calvário, e embora o Servo crucificado em uma cruz possa ter a marca de aparente fracasso (Isaías 49:4), é por meio dessa obra consumada que Ele restaurará os "preservados de Israel", ser uma "luz para os gentios," e ser a "salvação de Deus até a extremidade da terra" (Isaías 49:6).

Por fim, Ele estabelecerá justiça na terra – o Servo, de fato, será um Rei reinando em retidão (Isaías 32:1).

O Servo perfeito ainda tem negócios inacabados aqui na terra!

Um Servo perfeito deve ter um caráter perfeito, pois os dois andam de mãos dadas. O Senhor Jesus ainda dirá a servos imperfeitos como nós: "Muito bem, servo bom e fiel" (Mateus 25:21).


O caráter "bom" ou irrepreensível (reto) é essencial para o desempenho fiel no serviço. Tal era o caráter do Senhor Jesus. Ele nunca foi ostensivo ou clamando por atenção. Ele não reclamou em voz alta, não chorou por vingança ou discutiu com raiva. Ele nem levantou a voz na rua, mas falou com calma, suavidade e serenidade. Havia um espírito neste Servo que contrastava fortemente com o orgulho do coração humano (Isaías 42:2).

Ele nunca procurou ferir uma "cana" já frágil e quebrada, como a viúva de Naim, mas procurou consertá-la com cuidado e compaixão. Ele nunca apagaria dois pavios fumegantes, como os dois no caminho de Emaús, mas sim procurou acender a chama brilhante do testemunho novamente. Não é de admirar que o caráter desse servo tenha encantado seu Mestre; Ele era verdadeiramente alguém em quem "a minha alma se deleita" (Isaías 42:1).

O Servo perfeito ministrou conforto aos outros, não menos por Suas palavras. Sua língua era a de alguém bem instruído e educado. Ele sabia exatamente o que dizer e como dizer. Tiago declara que nenhum ser humano pode "domar" (subjugar) a língua, mas Cristo estava em completo controle sobre a Sua. Todas as manhãs Ele despertava com a instrução de Seu Pai para que Ele, por sua vez, pudesse erguer o coração abatido e fortalecer o cansado. Embora parte de Seu ministério fosse "consolar todos os que choram" (Isaías 61:2), Ele mesmo não foi deixado sem o consolo da presença e preservação de Seu Pai.

Sua promessa foi: "Eu… te segurarei pela mão e te guardarei" (Isaías 42:6).

A conduta do Servo perfeito sempre foi marcada pelo poder e energia do Espírito.

O Espírito de Deus repousou sobre Ele em Sua encarnação (Isaías 11:2), batismo (Isaías 42:1) e durante Seu ministério público (Isaías 61:1).


Não havia necessidade de o Espírito Santo lutar com Ele como faz conosco. Consequentemente, Suas palavras eram como uma "espada afiada", indicando a incisão penetrante e poderosa com a qual Ele falava (Isaías 49:2).

O próprio Servo era como uma "flecha polida" ou "flecha afiada" que, sem rugosidade ou irregularidade, é altamente precisa em seu voo. Seu único objetivo era a vontade do Pai, e Ele não errou!

É inevitável que o serviço diligente a Deus leve ao sofrimento e à perseguição nas mãos daqueles que se opõem a Deus. Assim, o Servo perfeito foi obediente até a morte, até a morte de cruz. Muito antes do tempo, Ele sabia exatamente o que Seu sofrimento acarretaria, mas Ele não era rebelde, nem se desviou do caminho claramente marcado que estava diante Dele (Isaías 50:5).

Suas costas foram dadas aos "batedores", sua face aos "que arrancavam a barba". Seu rosto foi exposto a "vergonha e salivadas" (Isaías 50:6).

Ele foi brutalizado além da conta, de forma que seu parecer ficou irreconhecível (Isaías 52:14).


Mas Ele cumprirá o propósito divino, custe o que custar. Isso é, em última análise, para a glória de Deus e, portanto, Ele irá sem murmurar (Isaías 53:7).

Mas este Servo receberá a mais alta compensação por Seu serviço fiel: Ele "será exaltado e muito elevado" (Isaías 52:13).

Embora os judeus designassem Sua sepultura com os ímpios de acordo com sua morte vergonhosa em uma cruz, Deus planejou que Ele realmente fosse enterrado na tumba de um homem rico de acordo com Sua beleza moral – Ele não havia cometido "violência" nem "engano" estava em Sua boca (Isaías 53:9).

Além disso, este Servo "verá o trabalho de sua alma e ficará satisfeito" (Isaías 53:11).

O fruto do Calvário, Sua "semente" espiritual, Lhe trará plenitude de deleite. Para ser franco, o terrível sofrimento do Calvário será totalmente compensado (valeu a pena!) quando Sua noiva (Igreja) for revelada ao Seu lado.

João 12:24 é um versículo precioso na Bíblia. Lá diz que se um grão de trigo cair na terra e não morrer, fica ele só.


Um homem como o Senhor Jesus foi exatamente um grão diante de Deus. Somente após Ele ter morrido, houve os muitos grãos. A salvação começa com a cruz. Embora devamos ter Belém (Seu nascimento) antes de podermos ter o Gólgota (Sua morte), somos salvos por meio do Gólgota, não por meio de Belém.

O Filho de Deus é totalmente justo. Ele foi o grão justo. Mas Sua justiça não nos pode salvar. Ela não pode ser imputada a nós. Deus faz menção da justiça de Cristo na Bíblia.

Mas Ele nunca diz que a justiça de Cristo deve ser nossa. A Bíblia diz que Cristo é nossa justiça. Ela nunca diz que a justiça de Cristo é nossa justiça. Gostaria de salientar isso, pois isso exaltará a cruz do Senhor Jesus Cristo. A Bíblia diz que Cristo é a nossa justiça. O próprio Cristo é a nossa justiça. Nós nos achegamos a Deus em Cristo. Cristo é nossa justiça.

É a justiça de Deus que nos traz o perdão e nos livra do julgamento. Não é a justiça de Cristo que faz isso.

A justiça de Cristo é somente a qualificação para que Ele seja nosso Salvador. Cristo nunca transferiu-nos Sua justiça. Se a justiça do Senhor Jesus fosse transferível a nós, Ele poderia tê-lo feito enquanto vivia na terra. Ele não teria de ir à cruz e nós, assim, poderíamos ter sido salvos.


Se o caso fosse esse, Sua vida se tornaria nossa vida resgatadora. Mas não há tal doutrina como vida resgatadora. Há somente a doutrina da morte resgatadora. Somente a morte do Senhor Jesus nos salvará.

Sua vida é e pode ser um bom exemplo. Mas não podemos ser salvos por Sua vida. Sua justiça nos condena.

Quanto mais justo Ele é, mais embaraçados ficamos. Não há maneira alguma de Sua justiça ser imputada a nós. Se Deus nos colocasse lado a lado com a justiça do Senhor, somente poderíamos ir para o inferno.

Mas graças a Deus porque Ele morreu e se tornou nossa justiça. Eis por que somos salvos.

A salvação vem da cruz. Ela não veio da manjedoura. A salvação vem do Gólgota; ela não vem de Belém. Se a justiça do Senhor Jesus pudesse salvar-nos, Ele não precisaria ter morrido. Por isso, quando lemos a Bíblia, não devemos ser afetados pela teologia. Ficaremos muito mais esclarecidos se formos ensinados pela Bíblia do que pela teologia. A palavra do homem pode ajudar, mas ela também pode danificar. Devemos colocar de lado a palavra do homem.


Lemos em Isaías 53:5-10: "Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro, foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido. Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca. Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos".

Os apóstolos citam Isaías 53 muitas vezes no Novo Testamento. A pessoa falada nessa passagem das Escrituras é o Senhor Jesus.


Que disse o profeta quando escreveu essa porção da Escritura?

A última frase no versículo 4 diz: "Nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido".

No começo, o profeta achava que Ele fora ferido e afligido por Deus, que fora punido por Seus próprios pecados e ferido por Deus por Suas transgressões. Mas no versículo 5 há uma volta.

Deus lhe deu uma revelação através da palavra "mas".

Achávamos que Ele estivesse meramente sofrendo punição e ferimento por seus erros. Mas Ele não estava sofrendo punição e ferimento por si, mas por nós: "Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades: o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho" (Isaías 53:5-6).

A frase seguinte é muito preciosa: "Mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos" (v. 6).

Isso é o que o Senhor fez. Vemos que em relação à cruz há o aspecto do homem e o aspecto de Deus. Embora tenham sido as mãos humanas que pregaram o Senhor Jesus, manifestando o ódio do homem por Deus, foi também Deus quem colocou todos os nossos pecados sobre Seu Filho, o Servo perfeito, e O crucificou. A cruz foi obra de Deus; foi algo que Jeová cumpriu para nossa salvação.


"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (João 3:16-18; Efésios 2:8,9)

44. Como é feita a reconciliação do pecador, com Deus?

A palavra "reconciliação" ocorre apenas quatro vezes no Novo Testamento, e às vezes ela é traduzida em algumas versões por "expiação". (Romanos 5:11; 11:15; 2 Coríntios 5:18,19)

A palavra, no grego (katallage), tem seu significado primário como troca – no negócio de cambistas, que troca valores equivalentes.

Mas temos um outro significado que é o ajuste de uma diferença, reconciliação, restauração à situação favorável anterior.

A "reconciliação" tem base na morte sacrificial de Cristo na cruz que fornece a Deus um meio de oferecer perdão e salvação aos pecadores culpados.

Seria impossível exagerar a importância da "reconciliação" feita por Cristo; está intimamente ligada às outras verdades discutidas em outros vídeos recentemente.

O nascimento virginal, a encarnação, a divindade e o caráter perfeitamente sem pecado de nosso Senhor Jesus Cristo fornecem a "reconciliação" com suas propriedades essenciais e valor incalculável. A ressurreição e a ascensão são fundamentadas na "reconciliação" e dão a ela a validação do céu.


Os ministérios presentes e futuros de Cristo não teriam valor, na verdade, não existiriam, sem a "reconciliação".

Ao considerar a "reconciliação", é importante diferenciar entre o fato e as teorias da "reconciliação".

O fato da "reconciliação" é uma verdade singular apresentada por Deus; as teorias dos homens sobre isso são muitas.

O fato da "reconciliação" está, de fato, bem no centro da verdade divina. Uma compreensão imprecisa de sua verdade afetará, na medida correspondente, todas as outras verdades a respeito da pessoa de Cristo. Seria impossível explicar completamente a "reconciliação" em um único vídeo, então examinaremos os principais pontos da doutrina sob uma série de questões.


Por que a "Reconciliação"?

A resposta está nos eventos de Gênesis 3, conforme explicado em Romanos 5:12: "Por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte; e assim a morte passou a todos os homens."

O pecado de Adão mergulhou o mundo em pecado, morte e condenação; essa é a situação de todos os seus descendentes. A humanidade está condenada diante de Deus, com uma natureza pecaminosa herdada que inevitavelmente resulta em pecado, e dessas ações pecaminosas vem a pena de morte e julgamento eterno.

Romanos 5, descreve a situação: "Pela ofensa de um homem, a morte reinou por um só" (v.17), e "pela desobediência de um homem muitos foram feitos pecadores" (v.19).

A afronta ao trono de Deus pela transgressão de Adão resultou na separação da humanidade de Deus. Tendo pecado, Adão nada pôde fazer para efetuar a reconciliação entre ele e Deus, que é santo e justo. Naquela situação desesperadora, Deus providenciou o remédio: túnicas de peles para vestir Adão e Eva em seu estado decaído. Foi gracioso e amoroso da parte de Deus fornecer um remédio, mas isso sugere que Seu amor, misericórdia e graça tiveram precedência sobre Sua santidade, justiça e retidão? De jeito nenhum.

Cada atributo de Deus funcionou em divina harmonia no jardim de uma maneira que prenuncia a maior provisão que Ele, em misericórdia e graça, faria com retidão pela morte de Seu Filho. A misericórdia e a graça não se opunham aos requisitos da justiça, nem a justiça impedia o exercício da misericórdia e da graça.


O que é a "Reconciliação"?

A "reconciliação" é o meio provido por Deus para lidar com o problema criado pelo pecado. Esse problema é multifacetado e, entre outras coisas, declara que o homem está "morto em delitos e pecados", corrompido em sua natureza, "filhos da ira", distante de Deus, seguindo "as concupiscências da nossa carne, cumprindo os desejos … da mente". (Efésios 2:1-13)

Para Deus oferecer perdão aos pecadores, Sua justiça deve ser satisfeita. Essa satisfação deve incluir exigir a pena de morte pelo pecado.

A "reconciliação" por Cristo forneceu propiciação (para apaziguar a Deus santo e justo), em um sacrifício expiatório que satisfez a justiça de Deus e reconciliação (retirar os pecados).

O objeto da propiciação é Deus; o objeto da reconciliação é a impureza, o pecado.

A propiciação e a reconciliação são dois componentes da "reconciliação": "Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados do mundo inteiro" (1 João 2:2).

E "agora, no fim dos tempos, apareceu para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo" (Hebreus 9:26).

No Calvário, todos os requisitos da justiça divina foram atendidos e, assim, Deus pode justamente oferecer perdão e remissão a todo pecador.

A "reconciliação" feita por Cristo no Calvário não foi o sofrimento da penalidade idêntica devida ao pecador, mas foi uma provisão divina de medida muito maior do que a punição que todos os pecados de toda a humanidade exigiam. Essa provisão respondeu corretamente a todas as demandas da justiça do céu de uma maneira e em uma extensão que excede em muito o que a execução real da punição pelo pecado teria sido se imposta ao pecador.

Se Cristo suportasse os sofrimentos devidos aos pecadores, por mais numerosos que fossem, não seria uma reconciliação, mas suportando meramente a penalidade por seus pecados e nada mais. Sua reconciliação foi muito maior em medida e de um tipo diferente da penalidade exigida pelos pecados da humanidade.

Se Cristo sofreu a mesma penalidade pelos pecados da humanidade, então a remissão da penalidade ao crer em Cristo não é resultado de graça e misericórdia, mas é uma obrigação.

Quando Cristo "morreu por nossos pecados" (1 Coríntios 15:3), Seu sacrifício forneceu uma base justa de valor ilimitado sobre a qual Deus pode oferecer e dispensar perdão a qualquer pecador crente.

A obra de reconciliação não é o mesmo que expiação, redenção, perdão, santificação ou justificação, mas é a base sobre a qual essas bênçãos podem ser oferecidas livremente. Como resultado da reconciliação, Deus pode estender todas essas bênçãos e ser misericordioso com o pecador de maneira honrosa.

Em resumo, então, a reconciliação contém dois elementos: primeiro, um sacrifício que satisfez a Deus em relação ao pecado e, segundo, uma provisão de tal medida no sacrifício que permite a Deus oferecer perdão a todo pecador.

A mensagem das Escrituras é que Deus, em Seu grande amor, providenciou os meios de reconciliação do pecador através da morte de Seu Filho: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que crê em não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16).


Quando Foi Feita a Reconciliação?

A reconciliação feita por Cristo restringiu-se às horas de Seu sofrimento na cruz.

A vida imaculada de Cristo foi um pré-requisito necessário para a reconciliação, e a ressurreição e ascensão foram uma validação necessária da reconciliação, mas a reconciliação em si foi completada inteiramente na cruz quando o Salvador disse: "Está Consumado".

Isso significa que tudo o que foi concluído na cruz permanece completo por toda a eternidade e não pode ser complementado de forma alguma depois disso. Quem foi incluído na provisão de reconciliação na cruz permanece assim eternamente.

É por esta razão que o trilema de John Owen de "todos os pecados de todos os homens" ou "todos os pecados de alguns homens" ou "alguns dos pecados de todos os homens" é um argumento falso.

Baseia-se em uma visão comercial antibíblica da reconciliação que defende a execução do julgamento por uma quantidade específica de pecados e pecadores. A morte de Cristo nunca é vista dessa forma nas Escrituras.


Qual é o Resultado da Reconciliação?

A reconciliação feita por Cristo foi um sacrifício substitutivo que tornou possível a salvação de todos os homens, removendo todos os obstáculos que impediam Deus de oferecer um perdão, e fazê-lo de maneira que honrasse Sua Lei. Deus tem os meios pelos quais Ele pode genuinamente oferecer a salvação a todo pecador e trazer os pecadores arrependidos para um relacionamento com Ele, evitando a penalidade por seus pecados.

Isso é descrito em Romanos 3:26: "para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus".

Se algum pecador é salvo ou não, não faz diferença para o expediente fornecido pela reconciliação de Cristo. Se um pecador é salvo, é porque os obstáculos à sua salvação foram removidos por Deus; se um pecador perece, não é por causa de um obstáculo da parte de Deus. Quando um pecador perece, é inteiramente devido à sua incredulidade. Deus se declara disposto e pronto para salvar qualquer pecador; Ele é "Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos" (1 Timóteo 2:3-4).

A reconciliação feita por Cristo é o meio pelo qual Deus dispensa a salvação, e também o meio pelo qual o pecador obtém a salvação. A mensagem do evangelho é para "toda criatura", porque as bênçãos da salvação estão disponíveis para toda criatura. (Marcos 16:15)

No entanto, nem todas as pessoas serão salvas. As bênçãos disponíveis por meio da reconciliação feita por Cristo são dispensadas mediante o exercício da fé. Cristo é o sacrifício pelo pecado, cujos benefícios são apresentados por Deus, e os pecadores obtêm a remissão da pena de seus pecados quando creem no Senhor Jesus como salvador pessoal (Romanos 3:24-25).

Na conversão, o pecador recebe as bênçãos que fluem da reconciliação que Cristo fez na cruz – perdão, libertação, vida eterna, expiação, redenção, santificação e a certeza do céu para a eternidade.


Para quem é a reconciliação?

É importante observar que: Não há uma passagem nas Escrituras que afirme que Cristo morreu apenas por alguns pecadores.

As Escrituras afirmam que a morte de Cristo foi por todos os homens.

(leia: Isaías 53:6; João 1:29; 2 Coríntios 5:15; 1 Timóteo 2:6; Tito 2:11-14; 1 João 2:2).

A mensagem do evangelho de perdão é para todas as pessoas (Lucas 2:10; Marcos 16:15).

Uma vez que a mensagem do evangelho é para o mundo inteiro e exorta aqueles que a ouvem a se arrependerem de seus pecados e crerem em sua mensagem, deve haver uma possibilidade real de todos aproveitarem as bênçãos da reconciliação para que ela seja uma oferta genuína, feito de boa fé.

Cristo morreu pelos pecadores (Romanos 5:6,8) e pelos pecados de todo pecador (1 João 2:2).

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (João 3:16-18; Efésios 2:8,9)

45. Ressurreição de Jesus Cristo

Juntamente com a encarnação e morte de Cristo, a ressurreição corporal de Jesus Cristo permanece como o evento mais significativo e transformador que já ocorreu. Para usar uma frase bem conhecida, é a "dobradiça da história", uma trindade de ações divinas que formam o fundamento inabalável do propósito redentor de Deus. A ressurreição é "a espinha dorsal do evangelho cristão, a pedra angular da doutrina cristã e a base da conduta cristã". O túmulo vazio de Cristo afirma a gloriosa plenitude de nosso exaltado Senhor: "Eu estou … vivo. Eu morri, e eis que estou vivo para todo o sempre" (Apocalipse 1:17-18).


Ser ressuscitado é ser ressuscitado corporalmente dentre os mortos. O Novo Testamento nos ensina que assim como a morte é universal – "a morte passou a todos os homens porque todos pecaram" (Romanos 5:12) – assim também a ressurreição será todo-inclusiva. O Senhor Jesus apontou para uma hora vindoura "quando todos os que estão nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão, os que fizeram o bem para a ressurreição da vida, e os que fizeram o mal para a ressurreição do juízo" (João 5:28-29).

Isso não é uma bagatela teológica. Paulo nos diz que "se os mortos não ressuscitam, nem mesmo Cristo ressuscitou" (1 Coríntios 15:16).

Se os homens comuns não pudessem ser ressuscitados, então a ressurreição do homem perfeito de Deus seria impossível também, e ainda estaríamos perecendo.

Desde os primeiros tempos, o povo de Deus acreditou na ressurreição corporal. Jó, na antiguidade, afirmou com confiança que "depois que minha pele for assim destruída, ainda em minha carne verei a Deus" (Jó 19:26).

Seu contemporâneo, Abraão, tinha a mesma crença; em relação a Isaque, ele reconheceu "que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos" (Hebreus 11:17-19).

E Davi, nos Salmos, falou com grande confiança espiritual: "Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; quando acordar, ficarei satisfeito com a tua semelhança" (Salmos 17:15).

Essa antecipação da ressurreição de Cristo foi prenunciada nas Festas de Jeová em Israel (Levítico 23).


Assim como a Páscoa indicava Sua morte, a Festa das Primícias, no primeiro dia da semana, antecipava Sua ressurreição. Paulo ensinou que "Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. Porque, assim como a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois, na sua vinda, os que pertencem a Cristo" (1 Coríntios 15:20-23).

Tanto o Antigo Testamento quanto o Novo Testamento contém histórias maravilhosas sobre o poder de Deus em ressuscitar os mortos. A breve alusão a "mulheres [que] receberam de volta seus mortos pela ressurreição" em Hebreus 11:35 apontava para eventos na vida dos profetas Elias (1 Reis 17:17-24) e Eliseu (2 Reis 4:32-37).

Acrescente-se a essas histórias a narrativa colorida de um homem morto que foi jogado às pressas na tumba de Eliseu e ressuscitou milagrosamente ao entrar em contato com seus ossos (2 Reis 13:21).


O registro da vida de Cristo no Novo Testamento também contém três ressurreições. Na cidade de Naim, Jesus ordenou ao filho de uma viúva que se levantasse, e "o morto sentou-se e começou a falar" (Lucas 7:15).

Em outro dia, Ele ressuscitou uma menina judia, filha de Jairo (Lucas 8:40-56).

Mais tarde ainda, quando a triste notícia da morte de Lázaro de Betânia O alcançou, Ele disse: "Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou despertá-lo" (João 11:11).

Ao proclamar "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá" (João 11:25), Jesus emitiu uma ordem em voz alta, e Lázaro saiu da tumba, vivo!

Após a própria morte de Cristo, três outras ressurreições são registradas; lemos que quando o Senhor Jesus entregou seu espírito na cruz, houve um terremoto e "muitos corpos de santos que dormiam, ressuscitaram (depois ressurreição dEle)" (Mateus 27:50-54).


Em Jope, Pedro ordenou a Tabita (ou Dorcas) que ressuscitasse dos mortos, o que ela fez (Atos 9:36-41), e Paulo, como os profetas antes dele, estendeu-se sobre o corpo quebrado de Êutico e o devolveu vivo para a assembleia em Trôade (Atos 20:7-12).

É significativo que todas as pessoas, uma vez ressuscitadas, também morram novamente. O veredicto de Deus, "ao homem está ordenado morrer uma só vez" (Hebreus 9:27), estabelece a sentença mínima; não contradiz a possibilidade de morrer duas vezes, como os ressuscitados na Bíblia realmente fizeram. Tampouco nega a terrível realidade de uma "segunda morte" para aquele que rejeita a Cristo.

Mas houve uma ressurreição diferente de todas as outras. Paulo escreveu: "Sabemos que, sendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, não morrerá nunca mais; a morte não tem mais domínio sobre ele. Para a morte que ele morreu, ele morreu para o pecado, de uma vez por todas, mas a vida que ele vive, ele vive para Deus" (Romanos 6:9-10).

E agora, para aqueles que aguardam Sua vinda, existe a possibilidade real de que nós também nunca morreremos. Olhando para Sua vinda, Jesus disse: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá" (João 11:25-26).


Paulo escreveu: "Os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Então nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles" (1 Tessalonicenses 4:16-17).

A morte de Jesus Cristo é indiscutível; pensando na lança e no sangue, Spurgeon disse: "Nenhum homem neste mundo esteve mais certamente morto do que ele". Assim, também, Sua ressurreição era certa. Os romanos podem selar uma tumba fechada, mas nós colocamos nossa esperança em uma tumba aberta! Como os primeiros visitantes, ouvimos a doce palavra angelical: "Ele ressuscitou", e então, como Maria, nos voltamos para abraçar Seus pés em adoração.

Ele não experimentou nenhum tipo de corrupção na tumba.

Imaculado em Sua impecabilidade e perfumado com nardo e especiarias preciosas, Ele emergiu no "poder de uma vida indestrutível" (Hebreus 7:16).

Sim, era um corpo humano, mas agora, muito mais; neste corpo ressurreto, havia novas qualidades, elevando-se acima das limitações materiais, transcendendo as leis naturais dentro de Sua própria criação.


Houve testemunhas, é claro – não poucas, mas multidões de testemunhas confiáveis. E o que eles viram? Eles viram um homem vivo, criado em um corpo humano real.

Ele não disse aos discípulos: "Vejam minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo. Toque-me e veja. Pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho" (Lucas 24:39)?

Pedro testificou: "Deus o ressuscitou no terceiro dia" e Ele apareceu às "testemunhas, que comeram e beberam com ele depois que ressuscitou dos mortos" (Atos 10:40-41).

É claro que houve "narrativas alternativas" apresentadas para negar Sua morte e ressurreição, todas elas invenções mal disfarçadas de descrença. Não, Ele não desmaiou. Não, não havia engano sobre o túmulo. E não, não houve alucinação em massa das testemunhas. Ele morreu. Ele ressuscitou. Ele vive!

A mensagem de Pedro no Dia de Pentecostes estabeleceu a agenda para toda mensagem autêntica do evangelho. "Jesus de Nazaré [foi] (…) crucificado e morto pelas mãos de iníquos. Deus o ressuscitou, soltando as ânsias da morte, porque não era possível que ela o retivesse" (Atos 2:22-24).


Apontando para Davi, ele argumentou convincentemente que "ele previu e falou sobre a ressurreição do Cristo, que ele não foi abandonado no Hades, nem a sua carne viu a corrupção. A este Jesus Deus ressuscitou, e disso todos nós somos testemunhas" (Atos 2:31-32).

Toda a mensagem apostólica foi centrada aqui. Paulo registrou de forma memorável o evangelho que lhe havia sido revelado em quatro proposições curtas (1 Coríntios 15:3-8).

Cristo morreu, foi sepultado, ressuscitou e foi visto; esta foi a soma e a substância da palavra pregada. Desde sua primeira mensagem registrada em Antioquia (Atos 13:30), sua pregação foi permeada pelo Cristo ressurreto.

E ainda hoje, "se confessares com a tua boca que Jesus é o Senhor e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo" (Romanos 10:9).


Um Cristo ressuscitado é essencial para nossa salvação. Sem ela, o cristianismo é inválido; "Se Cristo não ressuscitou, sua fé é vã e vocês ainda estão em seus pecados. Logo, também os que dormiram em Cristo pereceram" (1 Coríntios 15:17-18).

Felizmente, Pedro nos lembra que Deus, "segundo a sua grande misericórdia… nos fez renascer para uma viva esperança, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos" (1 Pedro 1:3).

Somos declarados justos quando "cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue por nossos delitos e ressuscitou para nossa justificação" (Romanos 4:24-25).


A santificação agora é nossa; "Assim como Cristo ressuscitou dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida" (Romanos 6:4).

A ressurreição de Jesus Cristo garante nosso futuro em Sua presença, "sabendo que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também com Jesus e nos levará convosco à sua presença" (2 Coríntios 4:14).

Um Cristo ressuscitado confere total segurança para todos os salvos, pois Eles disse; "porque eu vivo, vocês também viverão" (João 14:18-19).

46. Ascensão de nosso Senhor Jesus Cristo

Os discípulos seguiram ansiosamente seu Senhor de Jerusalém a Betânia (Lucas 24:50).

Eles pararam ao cruzar o riacho Cedrom e possivelmente se lembram da última vez que cruzaram suas águas.

Eles queriam ficar no Getsêmani? Não somos informados.

Foi em Betânia que eles finalmente chegaram.

Talvez eles estivessem pensando que finalmente chegara a hora. Seu Salvador triunfante estava prestes a estabelecer o Reino, afirmar Sua messianidade e reivindicar a coroa. Ninguém poderia negar que o Homem que foi colocado na cruz, que agora estava vivo, deveria ser o Messias!

Suas expectativas devem ter sido altas. Depois de três anos sendo incompreendido e negado, sem dúvida Ele afirmaria com poder Sua realeza. Em vez disso, algo totalmente diferente, mas tão surpreendente e importante quanto Sua morte, sepultamento e ressurreição: foi Sua ascensão. Atos 1 descreve isso em detalhes.

Os discípulos foram testemunhas oculares. Não há possibilidade de espiritualizar isso como os homens tentaram fazer com a ressurreição. Esta não foi uma "experiência edificante" na qual os discípulos de alguma forma tiveram uma experiência espiritual que viu o poder de Deus ainda presente à direita de Deus. Esta não foi uma ilusão provocada pelo êxtase emocional. O relato em Atos 1:9-11 enfatiza a experiência como uma realidade ao empregar palavras como ver, contemplar e ouvir – todas as palavras que atestam o relato de uma testemunha ocular.

Lemos em Lucas 24:50 que o Senhor Jesus ressuscitado conduziu os seus discípulos até Betânia.

A pequena aldeia ficava nas proximidades do Getsêmani. Talvez a razão pela qual Ele escolheu Betânia foi porque era o único lugar que Ele frequentava onde era sempre bem-vindo. Belém não tinha lugar para Ele, Nazaré e Cafarnaum O rejeitaram, Jerusalém lhe deu uma cruz, mas Betânia sempre O acolheu. A última semana de Sua estada aqui na terra, Betânia, e mais particularmente o lar em Betânia, acolheu-O e cuidou dele.

A linguagem de Atos 1 é emocionante de se considerar. Os verbos de ação nos dão uma noção da maravilha que marcou o momento: "ele foi arrebatado", "uma nuvem o recebeu", "enquanto subia", "este mesmo Jesus... arrebatado".

Lucas, em seu Evangelho, acrescenta à lista que Ele foi "levantado" (Lucas 24:51).

A nuvem Shekiná o escoltou até a sala do trono, onde Ele entrou com pleno direito moral e Se sentou à direita da Majestade nos céus (Hebreus 8:1).

Ele subiu em virtude de Sua Pessoa; Ele foi recebido no céu como se em repreensão à terra que O havia rejeitado. Aquele que carregou uma cruz para a colina da caveira foi agora levado para o céu, para ser abordado por Seu Pai: "Senta-te à minha direita, até..." (Salmos 110:1).

Os discípulos ficaram olhando para o céu enquanto marcavam Seu caminho desde a terra até a mão direita do Pai. Ele atravessou o domínio de Satanás, o príncipe das potestades do ar, e atravessou-o sem impedimentos. Todas as hostes do inferno tiveram que se afastar enquanto o poderoso conquistador caminhava triunfalmente por seu domínio (Colossenses 2:15).

Sua suposta vitória no Calvário foi sua derrota final. Sua ascensão através de sua esfera demonstrou a eles sua impotência e foi um prenúncio de sua derrota final e definitiva.

Em Gênesis, temos uma bela ilustração disse na vida de José, pois chegou o dia em que José foi chamado de sua cela na prisão e conduzido à sala do trono do Faraó. Como sinal de sua exaltação, um anel foi colocado no dedo de José, investindo-o de autoridade e majestade. De maneira muito maior, a glorificação do Filho de Deus O colocou no cume do domínio e da glória universais.

Ouça algumas das palavras dos escritores do NT:

"Também Deus o exaltou soberanamente " (Filipenses 2:9)

"Muito acima de todo principado e potestade" (Efésios 1:21)

"Ele… é também o mesmo que subiu muito acima de todos os céus (Efésios 4:10)

"Mais alto, mais sublime que os céus" (Hebreus 7:26)

Deus deu o lugar mais alto ao Homem a quem a terra deu o lugar mais baixo. Ele não é apenas exaltado, mas altamente exaltado, não apenas acima de tudo, mas muito acima de tudo. Deus não poderia honrar Seu Filho em nenhuma medida mais elevada.

A ascensão de nosso Senhor Jesus é vital para a verdade doutrinária. Na epístola aos Hebreus, a presença do Senhor Jesus no céu é nossa garantia da Nova Aliança. Assim como a aceitação de Israel, ano após ano, dependia da aceitação de seu Sumo Sacerdote no Dia da Expiação, Cristo tendo entrado no céu é nossa garantia de nossa aceitação. Permite-nos chegar com ousadia, entrar com confiança e aproximar-nos com toda a segurança. Ao longo da carta aos Hebreus, é enfatizada a ascensão e o sentar de Cristo à direita de Deus. Quatro vezes nos é dito que Ele está sentado em um trono. Cada menção nos garante que:

Ele se senta no trono do controle universal (Hebreus 1:8)

Ele ocupa um trono de conforto infalível (Hebreus 4:16)

Ele se senta em confiança inquestionável (Hebreus 8:1)

Ele está sentado como o incontestado campeão da fé (Hebreus 12:1-2)

É também a garantia de um futuro para Israel, para a Igreja e para as nações. "Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir." (Atos 1:11).

Seus pés um dia pisarão no Monte das Oliveiras quando Ele vier para Israel e as nações para reinar (Zacarias 14:4).

Mas sete anos antes, Ele vem até as nuvens, de onde ele arrebata a sua noiva, a Igreja e a leva para a casa do Pai.

Tudo isso nos dá a segurança da Sua vitória no Calvário. Nos assegura a satisfação de Deus com Sua obra na cruz, o triunfo final de todos os propósitos e planos de Deus e a honra e glória eternas devidas ao Filho.

Sua morte vicária, ressurreição vitoriosa e ascensão visível são indispensáveis ​​para nossa salvação e bênção.

A mensagem do evangelho de perdão é para todas as pessoas (Lucas 2:10; Marcos 16:15).

Uma vez que a mensagem do evangelho é para o mundo inteiro e exorta aqueles que a ouvem a se arrependerem de seus pecados e crerem em sua mensagem, deve haver uma possibilidade real de todos aproveitarem as bênçãos da reconciliação para que ela seja uma oferta genuína, feito de boa fé.

Cristo morreu pelos pecadores (Romanos 5:6,8) e pelos pecados de todo pecador (1 João 2:2).

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (João 3:16-18; Efésios 2:8,9)

47. Ministério Presente de Cristo

Para aqueles que já leram Êxodo 17, vão lembrar do campo de batalha naquele dia em Refidim, e a visão teria sido tanto desconcertante quanto intrigante. No vale estavam os dois exércitos em combate, Israel, sob o comando de Josué, e Amaleque, seu inimigo de longa data. Mas na colina com vista para o campo de batalha estava um homem com as mãos estendidas para o céu. Surpreendentemente, enquanto suas mãos permaneciam levantadas, Israel prevaleceu, mas quando suas mãos abaixavam, Amaleque moveu-se com poder prevalecente. À medida que o dia avançava, ficou claro que o que estava acontecendo no vale estava sendo dramaticamente afetado de cima.

Maravilhosamente, nós também temos um Homem na glória, pois nosso Senhor não apenas morreu por nós, mas agora vive por nós em nossa jornada de peregrinação.

Hebreus 9:24 deixa esta grande verdade bem clara: "Cristo não entrou num santuário feito por mãos... mas no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus". Embora o Calvário tenha resolvido a grande questão do nosso pecado, dia a dia estamos sendo salvos por Seu ministério contínuo no céu. Como pecador, eu precisava de um Mediador com um Deus justo (1 Timóteo 2:4); como filho na família, precisava de um Advogado junto ao Pai; mas como peregrino, precisava de um Intercessor em vista das minhas fraquezas e enfermidades. Nosso Senhor Jesus Cristo realizou tudo isso e muito mais. Então, o que exatamente Ele está fazendo agora?

As jornadas pelo deserto não foram fáceis para os israelitas, nem são para nós. Mas nosso Deus não nos deixou enfrentar essas dificuldades sozinhos, pois Cristo, nosso Grande Sumo Sacerdote, nos convida a nos aproximarmos para experimentar Sua presença e poder. Sua intercessão em nosso favor não está relacionada ao nosso pecado, mas sim às fraquezas e enfermidades que nos marcam.

A Bíblia Corrigida Fiel, usa a palavra "socorrer" em Hebreus 2:18, quando fala Cristo como nosso Sumo Sacerdote junto a Deus; isto, na verdade, significa que Ele pode "ajudar" em vista de nossas necessidades.

A mulher de Canaã que apelou ao Senhor em nome de sua filha finalmente gritou em desespero: "Senhor, ajuda-me!", e o Senhor graciosamente curou sua filha. (Mateus 15:25)

Muitos de nós clamamos a mesma oração na grandeza de nossa necessidade, com resultados semelhantes. Que recurso tremendo temos n'Aquele que conhece todos os detalhes sobre nós, que se lembra de nossa fragilidade, que se compadece de nós como um pai se compadece de seus filhos, e que tem prazer em atender nossas carências. Ele esteve onde nós estamos e, "porque ele mesmo padeceu quando tentado, pode socorrer os que são tentados" (Hebreus 2:18).

Ele realmente simpatiza conosco em nossas fraquezas, pois Ele "em tudo foi tentado como nós, mas sem pecado", e assim podemos ir com ousadia ao trono da graça para obter a misericórdia e a graça para o julgamento. (Hebreus 4:15)

Nosso acesso a Ele é ilimitado – 24 horas por dia, 7 dias por semana – pois Jesus Cristo é apresentado como um sacerdócio eterno e imutável.

Por causa disso, "ele é capaz de salvar perfeitamente [ou, em todos os momentos] aqueles que se aproximam de Deus por meio dele, pois vive sempre para interceder por eles" (Hebreus 9:25).

Mas as intercessões de nosso Senhor nem sempre começam quando nos aproximamos Dele. No caso de Pedro, Cristo revelou a ele que já havia orado por ele para que sua fé não falhasse. Sua intercessão precedeu a provação e a tentação e, embora Pedro tenha falhado tristemente com seu Senhor, a graciosa intercessão do Senhor finalmente o preservou e restaurou a uma vida e ministério de grande bênção.

Cristo não apenas é marcado pela intercessão em nosso favor, mas também é nosso advogado junto ao Pai em vista do pecado em nossa vida.

A única referência a esta grande obra é encontrada em 1 João 2:1: "Se alguém [crente] pecar, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo". Um advogado (grego, parakletos) é aquele que "se aproxima para ajudar" no momento em que o pecado rompeu a comunhão com o Pai. Nosso pecado nunca é minimizado ou desconsiderado, mas por causa de quem Jesus é e do que Ele fez, nosso Advogado pleiteia os méritos de Seu próprio sacrifício no Calvário diante do Pai, pois Ele é a "propiciação [satisfação] pelos nossos pecados".

Por Jesus ser o "Justo", nossa união com o Pai é mantida. O Calvário é o lugar onde a propiciação foi realizada, mas aqui em 1 João 2, é a maravilhosa pessoa do próprio Cristo que satisfez as justas exigências de um Deus ofendido. Que bênção tremenda ter Alguém na glória que está apto e disposto a nos representar como advogado de defesa e defender nossa causa.

Mas há outro foco em Sua defesa, pois a palavra grega contém a ideia de "consolador". No Cenáculo, Nosso Senhor prometeu enviar outro Consolador, o Espírito Santo; e exatamente como Ele prometeu, o Espírito veio no Pentecostes. Assim, temos um Consolador acima mantendo nossa ligação com o Pai e um Consolador abaixo que nos mantém em nossa caminhada de fé. A defesa de Cristo por nós é contínua e sem falhas, pois Ele pagou um preço tremendo para nos tornar Seus e ternamente cuida de nós ao longo do caminho. Ele garante nossa segurança na família e procura manter nosso desfrute do Pai.

Existem outros aspectos do ministério atual de Cristo, mas preciso acrescentar um breve lembrete de Seu trabalho contínuo como o Bom Pastor. Seu cuidado e sacrifício pelos Seus enquanto aqui na terra é o tema de nossa adoração e louvor, mas Ele ainda não está pastoreando Seu rebanho?

Parte desse trabalho foi dado a homens fiéis que receberam o dom de Cristo, e no meio do povo do Senhor, atuam como "pastores auxiliares", "querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor."(Efésios 412-16)

Em 1 Pedro 1:5 diz-se: "Sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo". O último passo da salvação é a redenção na vinda do Senhor Jesus. A salvação pode ser dividida em três estágios. A salvação abordada neste trecho refere-se à nossa redenção na volta do Senhor Jesus. Mediante a fé somos guardados pelo poder de Deus para a redenção.

Somos nós que seguramos Deus ou é Deus quem nos segura?

Somos nós que nos guardamos ou somos guardados por Deus?

A Bíblia diz que é Deus quem nos guarda. O guardar do poder de Deus pressupõe que se eu me perdesse, a responsabilidade não seria minha, mas de Deus. Eu falo reverentemente: se nós nos perdêssemos, maior responsabilidade recairia sobre Deus do que sobre nós. Por isso, não devemos ter qualquer pensamento de que os cristãos podem perder-se. Falaremos sobre esse assunto nos próximos capítulos deste livro. O problema hoje é a salvação. A salvação é algo totalmente relacionado com Deus.

Por que seremos totalmente salvos?

Em 2 Timóteo 1:12 diz-se: "Porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia". Tudo o que Paulo depositou no Senhor, o Senhor guardará até o dia de Sua volta. Portanto, estamos salvos o tempo todo até aquele dia.

Para mim, ir para o inferno e perecer, não importaria muito, mas para a glória de Deus a perda significaria muito. Minha perdição não seria importante; mas se eu perecesse, Deus certamente não seria glorificado. Sua glória certamente seria danificada, porque indicaria que Deus não guarda bem. Se eu perecesse, isso aconteceria porque Deus não me guardou bem. Por causa da glória de Deus, todos os que conhecem Deus e Seu poder protetor dirão que não há como perder a salvação de Deus. Não há possibilidade de perdê-la. A Palavra de Deus é mais do que clara a esse respeito.

Em relação aos versículos sobre a segurança da salvação do crente, o que mais gosto é Judas 24-25a.

Ele é mais peculiar do que qualquer dos outros versículos. Ele nos diz o que o nome de Deus é. O nome de Deus é "Àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da Sua glória, ao único Deus, nosso Salvador".

Que é o nome de Deus? O nome de Deus é Aquele que é poderoso para nos guardar de tropeços; o nome de Deus é Aquele que é poderoso para nos apresentar com exultação, imaculados diante de Sua glória; o nome de Deus é Aquele que é o único Deus, nosso Salvador. Este é nosso Deus.

Que é não tropeçar? Aqui não diz que Deus nos livrará de cair, e, sim, que Ele nos guardará de tropeços. Cair é deitar no chão. Mas tropeçar é somente cometer um deslize. Ele diz que Deus pode guardar-nos de deslizes. Deus não apenas pode livrar-nos de cair, mas pode livrar-nos de deslizes.

Nenhum ensinamento na Bíblia pode ter os pecadores como ponto de partida; todos os ensinamentos devem ter o Senhor Jesus como ponto de partida. Seria terrível se os pecadores fossem tomados como ponto de partida; mas se o Senhor Jesus é tomado como o ponto de partida, as coisas ficarão esclarecidas. Se tomarmos os pecadores como ponto de partida, o problema do pecado se tornará obscuro para nós. Haverá muitas coisas que não consideraremos como pecados. Muitas questões imundas serão consideradas limpas; muitas questões fracas serão consideradas fortes; muitas coisas vergonhosas serão consideradas gloriosas. Mesmo após nos tornarmos cristãos, ainda consideraremos muitas coisas pecaminosas como gloriosas. Entre os que conhecem a Deus, há ainda muitos pecados que não foram julgados. Há ainda muitos pecados que um cristão considera como gloriosos.

Se um cristão não tem clareza a respeito da questão do pecado, quanto mais um pecador?

Há muitos pecados que Deus já julgou no Senhor Jesus, que não nos foram manifestados como pecados quando éramos pecadores. Somente após crermos no Senhor Jesus é que fomos esclarecidos de que eram pecados. Quando éramos pecadores, não tínhamos clareza; somente após crermos no Senhor Jesus fomos esclarecidos. Contudo, mesmo os cristãos não são tão dignos de confiança; há ainda muitas coisas que eles não veem.

Quanto a perder a salvação, se considerarmos a questão do ponto de vista humano, nunca veremos coisa alguma. Se considerarmos as verdades da Bíblia do nosso ponto de vista, tudo se tornará confuso. Podemos pensar que uma coisa é maior que as demais. Somente quando consideramos as coisas do ponto de vista do Senhor é que teremos clareza. A questão não é se somos capazes ou não de conservar a nossa salvação. A questão é se o Senhor Jesus é ou não capaz de conservar a nossa salvação. E quanto a isto Ele mesmo afirma:

"E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um." (João 10:28-30)

48. O Futuro Ministério de Cristo

O Senhor Jesus disse em João 5:28,29: "Vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação."

Isso acontecerá durante um período de tempo, começando com a ressurreição dos crentes que será em duas etapas,

1a) primeiro os mortos da Era da Igreja no Arrebatamento (1 Tessalonicenses 4:13-18),

1b) e depois de sete anos, será a ressurreição dos santos da Tribulação (e, creio eu, também os santos do Antigo Testamento) no final da Tribulação (Daniel 12:1,2; Apocalipse 20:4,6),

2) terminando com a ressurreição dos mortos injustos no final do Milênio para comparecer diante do Trono Branco para serem lançado no Lago de Fogo, corpo, alma e espírito (Apocalipse 20:5, 11-13).

No Arrebatamento, o Senhor Jesus receberá Sua Igreja: "E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo; para que onde eu estou estejais vós também" (João 14:3).

Após o arrebatamento, sete anos mais tarde, Ele receberá a nação arrependida de Israel, dando-lhes as boas-vindas a Si mesmo. Sobre isto Paulo disse: "Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos? E, se as primícias são santas, também a massa o é; se a raiz é santa, também os ramos o são." (Romanos 11:15,16).

Nesta mesma ocasião, Ele receberá os salvos das nações, convertidos pela pregação do Evangelho do Reino, feto pelos 144.000 evangelistas Israelenses que, com Israel redimido, entrarão em Seu reino. Note o que o Senhor Jesus diz sobre este evento: "Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo" (Mateus 25:34).

Em vários estágios do programa para o futuro, o Senhor Jesus resgatará Seu povo. Um exemplo notável está no final da Tribulação, quando Israel está enfrentando o que parece ser, uma destruição certa. Então Ele virá do céu em grande glória e concederá libertação física e espiritual. Note o que Bíblia diz sobre isto: "E acontecerá naquele dia que procurarei destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém. E derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém o espírito de graça e de súplicas" (Zacarias 12:9,10).

"E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador, e afastará de Jacó as impiedades" (Romanos 11:26).

No tribunal de Cristo, evento que está ligado somente com os crentes da dispensação da Igreja, Ele revelará nossas obras, lemos na Bíblia que, "A obra de cada um se manifestará; porque aquele dia a declarará, porque pelo fogo será revelada; e o fogo provará qual seja a obra de cada um" (1 Coríntios 3:13).

Quando Ele retornar à terra no final da Tribulação, Ele Se revelará: "Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória" (Mateus 24:30).

Pedro também escreve sobre "sua glória" que "será revelada" (1Pe 4:13; 5:1).

Teremos uma parte nisso; Paulo escreve que "as aflições do tempo presente não podem ser comparadas com a glória que em nós há de ser revelada" (Romanos 8:18).

Paulo anima aos crentes de Tessalônica com estas palavras: "É justo da parte de Deus retribuir com tribulação aos que lhes causam tribulação, e dar alívio a vocês, que estão sendo atribulados, e a nós também. Isso acontecerá quando o Senhor Jesus for revelado lá do céu, com os seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes. Ele punirá os que não conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder. Isso acontecerá no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos e admirado em todos os que creram, inclusive vocês que creram em nosso testemunho." (2 Tessalonicenses 1:6-10)

Todos serão julgados pelo Senhor Jesus Cristo (João 5:22,27).

Após o arrebatamento, os crentes da presente era "todos devem comparecer perante o tribunal de Cristo; para que cada um receba o que foi feito por meio do corpo" (2 Coríntios 5:10).

Após sete anos do arrebatamento, quando Ele retornar em glória, Ele julgará aqueles que vivem na terra, resultando em "castigo eterno" ou "vida eterna" (Mateus 25:31-46).

No final do Milênio, os mortos injustos serão ressuscitados, julgados "segundo as suas obras" no grande trono branco e "lançados no lago de fogo" (Apocalipse 20:11-15).

Seja em recompensa ou em punição, o Senhor Jesus sempre agirá com retidão.

"Pois conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. E ainda: O Senhor julgará o seu povo" (Hebreus 10:30).

Pedro falou de "Jesus Cristo… a quem convém que o céu receba até os tempos da restauração de todas as coisas" (Atos 3:20,21).

Em Seu retorno à terra, ou seja, sete anos após o arrebatamento, Satanás será lançado no abismo por mil anos, onde não poderá mais enganar as nações (Apocalipse 20:2,3).

Naquela época, o Senhor Jesus Cristo "restaurará o reino a Israel" (Atos 1:6).


Durante esse período de mil anos, a terra experimentará uma restauração de condições favoráveis, incluindo fertilidade (Isaías 35:1,2; Amos 9:13,14), administração justa (Salmos 98:9; Isaías 11:4, 5), paz (Miqueias 4:3,4) e segurança (Isaías 11:6-9).

"E o Senhor será Rei sobre toda a terra" (Zacarias 14:9).

"Seu domínio será de mar a mar, e desde o rio até os confins da terra" (Zacarias 9:10).

"Todo aquele que restar de todas as nações que vieram contra Jerusalém subirá de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos" (1Zacarias 4:16).

Os santos da Era da Igreja e da Tribulação reinarão com Ele (Apocalipse 5:10; 20:4-6).

Este reinado não acabará no fim dos mil anos, mas será eterno: "Reinará eternamente sobre a casa de Jacó; e o seu reino não terá fim" (Lucas 1:33);

"Os reinos deste mundo passaram a ser de nosso Senhor e de seu Cristo; e ele reinará para todo o sempre" (Apocalipse 11:15).

Este é "o reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (2 Pedro 1:11).

Em sua visão, João "viu um novo céu e uma nova terra: porque o primeiro céu e a primeira terra já passaram" (Apocalipse 21:1).


Sem dúvida, assim como na criação do cosmos original, o Senhor Jesus será Aquele por meio de quem Deus realizará essa ação. Este cosmo renovado estará livre de qualquer traço de pecado e não haverá possibilidade de o pecado entrar nele.

Então se cumprirá em sua totalidade o que temos em João 1:29: "No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo."

O apóstolo pedro anima e exorta os crentes com as seguintes palavras: "O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento. O dia do Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será desnudada. Visto que tudo será assim desfeito, que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? Vivam de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda. Naquele dia os céus serão desfeitos pelo fogo, e os elementos se derreterão pelo calor.

Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça.

Portanto, amados, enquanto esperam estas coisas, empenhem-se para serem encontrados por ele em paz, imaculados e inculpáveis. Tenham em mente que a paciência de nosso Senhor significa salvação, como também o nosso amado irmão Paulo lhes escreveu, com a sabedoria que Deus lhe deu. Ele escreve da mesma forma em todas as suas cartas, falando nelas destes assuntos. Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles.

Portanto, amados, sabendo disso, guardem-se para que não sejam levados pelo erro dos que não têm princípios morais, nem percam a sua firmeza e caiam. Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém." (2 Pedro 3:9-18).

49. Que significa quando Pedro disse: “Deus fez Jesus, Senhor e Cristo”?

Pedro em sua pregação no dia de Pentecostes disse a seus ouvintes: "Saiba, pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo." (Atos 2:36)

Pedro disse que Deus fez de Jesus o Senhor e o Messias.

Isso significa que Jesus não era o Senhor antes de Sua ressurreição?

Bem, todos os leitores da Bíblia devem lembrar que muitas vezes no Novo Testamento Jesus é chamado de "Senhor", Ele também é identifica como Javé.

Mas se Jesus era verdadeiramente Senhor nesse sentido último, Ele não poderia ser feito Senhor, poderia?

Quando os que negam que Jesus é Deus olham para Atos 2:36, eles não veem apenas o fim de um grande sermão, mas da falha que é a teologia Trinitariana.

Para eles, as palavras de Pedro significam o fim da doutrina da Trindade.

Mas o que devemos fazer?

Nós nos encontramos fazendo a mesma pergunta que a primeira audiência de Pedro fez (Atos 2:37).

Por um lado, é tentador enfraquecer a palavra que diz, que Jesus foi, "constituiu, ou feito" em algo, como "reconhecido".

Mas a palavra grega não nos permite este pensamento.

Deus não apenas reconheceu Jesus como Senhor após a ressurreição; Ele O fez Senhor.

Por outro lado, não se pode negar que Lucas chama Jesus de Senhor antes de ressuscitar. Na verdade, Lucas fala de três nomes ou títulos que Jesus recebe em Sua exaltação – Senhor, Cristo e Salvador (Atos 2:36; 5:31) – embora ele tenha aplicado esses nomes a Jesus o tempo todo.

Já na narrativa do nascimento, por exemplo, o anjo anuncia aos pastores que lhes nasceu "um Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lucas 2:11).

Não podemos suavizar a palavra grega (poieo), traduzida em algumas versões por "fez ou constituído" Senhor e Cristo.

Algo mudou na ressurreição e exaltação de Jesus – Deus o fez Senhor.

Mas também não podemos negar o fato de que antes de Deus O fazer Senhor, Jesus já era Senhor, pois isto fica claro nas Escrituras, e foi afirmado pelo próprio Jesus aos Judeus: "E ele lhes disse: Como dizem que o Cristo é filho de Davi? Visto como o mesmo Davi diz no livro dos Salmos: Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés. Se Davi lhe chama Senhor, como é ele seu filho?" Lucas 20:41-44


Parece que estamos diante de um dilema, pois em que sentido Deus "fez" de Jesus, o Senhor?

Para responder a isso, devemos começar observando como a sentença final de Pedro em Atos 2:36 "Deus o fez Senhor e Cristo", está intimamente ligada ao restante de seu sermão.

Em Atos 2:36, a palavra inicial deste versículo "Saiba" cria uma inclusão com a abertura de seu sermão (Atos 2:14), e a palavra "pois" mostra que todo o seu argumento foi construído até este ponto.

"Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo." Atos 2:36


Para entender o que ele quer dizer com Deus tornando Jesus Senhor, precisamos prestar muita atenção a tudo o que ele disse antes.

O que causou a explosão multilíngue de louvor a Deus naquele dia?

O fluir dos espíritos? Não, foi o derramamento do Espírito Santo de Deus, conforme havia prometido por meio do profeta Joel (Atos 2:17).

Os últimos dias finalmente chegaram.

Deus cumpriu outras promessas também. A rejeição e crucificação de Jesus de Nazaré pela nação fazia parte do plano predeterminado de Deus. Eles mataram o Messias, mas Deus O ressuscitou e O exaltou ao trono do céu e deu a Ele (Jesus) "a promessa do Espírito Santo", que Jesus havia derramado (Atos 2:33).

Esse fenômeno que eles estavam testemunhando era nada menos que o dom do Espírito do fim dos tempos, disponibilizado pela morte, ressurreição e exaltação do Messias.

As antigas palavras do Salmo 110:1 chegaram ao seu cumprimento: o Senhor Deus havia convidado o Senhor de Davi para sentar-se à Sua direita no céu e reinar (Atos 2:34-35).

É neste sentido que devemos entender o versículo 36.

Deus fez Jesus o Senhor quando Ele instalou Seu Messias no trono divino. Algo significativo mudou na exaltação de Jesus – Ele começou a reinar. Ao mesmo tempo, nada mudou ontologicamente em nosso Senhor Jesus.


Assim como existem vários estágios importantes na vida de um rei, desde o nascimento como herdeiro do trono, até a unção… Ou mudando para uma analogia mais conhecida, o presidente é eleito presidente por algum tempo antes de exercer o direito de seu cargo. Seu mandato só começa quando ele é empossado em Janeiro.

De maneira semelhante, Cristo, durante Seu ministério terreno, foi corretamente identificado como o Messias…. Mas foi somente quando ele foi entronizado no céu que começou a exercer todas as prerrogativas do ofício.

E vendo desta forma, o dilema está então resolvido.

O fato de Deus ter feito Jesus Senhor em Sua exaltação de forma alguma implica que Jesus não era Senhor antes. Assim, os que negam se Jesus Deus, não podem usar este versículo para minar outros versículos do Novo Testamento que identificam Jesus como Senhor no sentido pleno de Javé.

Não devemos ter dúvida quanto a isto, pois Jesus não é outro senão Javé, o único Deus de Israel, como mostram as seguintes linhas de evidência:

Primeiro, o escritor Lucas repetidamente identifica Jesus como Senhor em Lucas e Atos. Basta ler estes dois livros para comprovar isto.

Em segundo lugar, neste mesmo sermão, Pedro identifica Jesus como o Senhor. O mesmo fluxo de pensamento e coerência que determinam o significado de Atos 2:36 também revelam algo mais profundo sobre a identidade do Homem que Deus fez Senhor.

A promessa de Deus de que Ele, Javé, derramaria Seu Espírito (Atos 2:17-18) é cumprida quando Jesus derrama o Espírito (Atos 2:33).

E Pedro ainda identifica Jesus como o Senhor e salvador em sua citação de Joel que diz: "todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Atos 2:21).

Vimos Paulo aplicar este texto de Javé a Jesus. "Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo." (Romanos 10:13)


E Pedro faz o mesmo, soando uma nota que será tocada repetidas vezes na pregação apostólica que se segue: a salvação não pode ser encontrada em nenhum outro nome senão o de Jesus Cristo (Atos 2:38).

Em Atos 2:33,38, vemos que é Jesus quem agora concede o perdão dos pecados e o dom do Espírito, e é o nome do Senhor (Javé em Joel), que deve ser invocado para ser salvo do julgamento do 'dia do Senhor', é o Senhor Jesus, o Senhor de Davi, que está sentado à direita do Senhor (Atos 2:34).

Também devemos lembrar que o Espírito Santo é uma Pessoa divina não criada. Nenhum mero ser humano, mesmo que sem pecado, poderia transmiti-Lo a outros. Se Jesus Cristo derramou o Espírito Santo – e Ele derramou – toda a casa de Israel pode saber, sem sombra de dúvida, que Jesus de Nazaré não é apenas o Messias; Ele deve ser Deus encarnado.

Estas foram as duas qualificações que Cristo deve cumprir a fim de receber o convite divino do Salmo 110. Ele tinha que ser filho de Davi e, portanto, totalmente humano (Atos 2:22-23,34); Ele precisava ser o Senhor de Davi e, portanto, totalmente Deus.

As palavras de Pedro em Atos 2:36 descrevem um desenvolvimento chocante no céu. Na sua ascensão e entronização … Jesus começou a fazer como Homem glorificado o que sempre havia feito como Deus: reinar sobre todos.

50. Os cristãos são moralmente transformados na morte para estarem com Cristo?

Paulo nos fornece a tão desejada esperança de que, quando o Senhor Jesus voltar para Seus santos no Arrebatamento, "seremos transformados" (1 Coríntios 15:51-52).

Ele escreve: "Quando isto que é corruptível se revestir da incorrupção, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória" (1 Coríntios 15:54).

João acrescenta estas palavras surpreendentes: "Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque o veremos como ele é" (1 João 3:2).


A reconstituição de milhões de corpos humanos terrestres no Arrebatamento será um grande milagre. Mas ainda mais será a transformação imediata de todos aqueles em corpos glorificados, nos quais não apenas veremos nosso Salvador pela primeira vez, mas, ainda mais notável, seremos semelhantes a Ele. Essas mudanças serão a transformação moral definitiva para os filhos do pó.

Mas como estão aqueles que deixam esses corpos terrenos por meio da morte e vão para o céu?

Foi Paulo, escrevendo em Romanos 7 sobre as lutas com sua carne e sua natureza pecaminosa, quem perguntou: "Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?" (Romanos 7:24).

Suas lutas morais, como crente, estavam relacionadas com "este corpo de morte" e sua natureza pecaminosa que o acompanha.

Mas, então o apóstolo, em seus últimos dias na terra, escreveu estas palavras em Filipenses 1:23 em relação à sua vida continuando ou talvez terminando: "Tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é muito melhor".

Se lhe fosse permitido viver, ele ainda teria que lidar com a carne e sua natureza pecaminosa. No entanto, se o Senhor permitisse que ele "partisse" e o levasse para casa no céu para estar com Cristo, ele entendia que isso seria "muito melhor". Podemos apenas concluir que sua chegada ao céu para estar com seu Salvador não envolveria a miséria de seu corpo mortal e a natureza pecaminosa que o acompanhava. Uma vez morto, "este corpo de morte" será deixado para trás.


O escritor de Hebreus refere-se aos habitantes da "cidade do Deus vivo" (Hebreus 12:22) e aos santos do Antigo Testamento que foram justificados pela fé. Ele os descreve como "os espíritos dos justos aperfeiçoados" (Hebreus 12:23).

Justificados pela fé, eles permanecem em pureza imaculada porque o valor da obra de Cristo foi imputado a eles.

Parece então que quando o Senhor Jesus voltar, e os corpos de milhões de santos adormecidos forem ressuscitados, eles se tornarão corpos glorificados, adequados para o céu.

Eles serão reunidos aos espíritos almas dos santos que já faleceram, cujos espíritos já foram preparados para a presença de Cristo.

Nós que estivermos vivos no arrebatamento, é que teremos nossos corpos e espíritos transformados, moral e fisicamente, naquele momento tão glorioso, e então seremos capazes de apreciar plenamente nosso Salvador e estar com Ele para sempre.

Antes de finalizar, gostaria de apresentar de uma maneira clara e concisa, como temos tanta certeza da salvação e que somos salvos para sempre.

Em João 10:27-30 o Senhor Jesus disse: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um."


A palavra do Senhor aqui não pode ser mais clara: "Eu lhes dou a vida eterna; de modo algum perecerão". Estas palavras sozinhas são suficientes. Aqui o Senhor fala de maneira muito solene e definida que nós "de modo algum pereceremos". É exatamente como dizer que não seremos abandonados, como mencionado anteriormente. É também como dizer que não entraremos em julgamento, mas passamos da morte para a vida, como mencionado em João 5:24. Estas são palavras totalmente absolutas: "Eu lhes dou a vida eterna; de modo algum perecerão". Deus é um Deus eterno. Os que não conhecem Deus não sabem o que Deus fez. Se um homem conhece Deus, ele sabe que tudo o que Deus faz é eterno. Deus nunca faz algo temporário. Deus não muda de tempo em tempo. O que Deus fez está feito uma vez por todas. Deus não mudará após dois dias. Desde que Deus tenha feito algo, está feito para sempre. Deus não salvará você hoje e o jogará no inferno amanhã. Ele não o salvará novamente no dia seguinte e o jogará no inferno novamente no próximo. Se esse fosse o caso, o livro da vida não seria muito bonito; haveria cancelamentos e correções aqui e ali. Deus é eterno. O que Ele nos dá é vida eterna. Eis por que nunca pereceremos. Precisamos ver que tudo o que Deus faz é eterno. Deus jamais mudará. O homem pode mudar à vontade, mas Deus não. Uma vez que Ele nos salva, estamos salvos eternamente; nunca mais correremos o perigo de perecer.


Que prova temos disso? "Ninguém as arrebatará da Minha mão". A palavra "ninguém" no texto original significa "nenhuma coisa criada". O Senhor diz que nenhuma coisa criada pode arrebatar-nos de Sua mão. "Eu sou o bom pastor; eu dei a vida pelas minhas ovelhas, e minhas ovelhas jamais perecerão". Como o Pai deu as ovelhas ao Senhor, nenhuma coisa criada pode arrebatá-las da mão do Pai. O versículo 28 fala do Pastor. O versículo 29 dá uma volta e menciona o Pai: "Meu Pai, que as deu a Mim, é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar". A mão mencionada no versículo 28 é "Minha mão" e a mão mencionada no versículo 29 é a mão do Pai.

Quem é o Pai? Ele diz que o Pai é maior que tudo. Todas as coisas estão incluídas nesse "tudo". Todas as coisas criadas, todos os anjos, todos os espíritos malignos, todos os seres humanos, todas as coisas criadas no mundo, incluindo você e eu, estão incluídas nesse "tudo". O Senhor diz que o Pai é maior que tudo. Ninguém pode arrebatar-nos de Sua mão. Ele tem uma grande mão que guarda Suas ovelhas.

Como podem elas perder-se novamente?

Somente alguém que, se possível, fosse maior que esse que é maior que todas as coisas é que poderia arrebatar-nos.

Alguns podem dizer: "Na verdade, os outros não podem arrebatar-nos, mas eu mesmo posso sair". Quando alguém diz isso, prova que sua mente é caída. Ele não conhece a Palavra de Deus e não conhece a si próprio.


Após uma pessoa ser salva, se ela viesse a perecer, seria por causa de sua própria vontade de perecer? Ou seria por causa da tentação do mundo, a sedução do inimigo e o ataque de Satanás? Um cristão perecer significaria que a cobiça pode arrebatar o homem da mão de Deus; significaria que o diabo e o mundo podem arrebatar o homem da mão de Deus.

O homem não vai para o inferno porque ele quer ir para o inferno; mesmo os próprios pecadores não querem ir para o inferno, muito menos os cristãos. É evidente que o homem está morto no pecado por causa da obra opressora dos espíritos malignos. Todos no mundo são oprimidos pelos demônios.

Todos os pecadores têm demônios trabalhando neles. Se os cristãos podem ser arrebatados da mão do Pai, então os espíritos malignos são maiores que o Pai de toda a criação. Aqui está uma ovelha na mão do Pai de todos. Se nada é maior que o Pai de todos, então não há possibilidade de que essa ovelha seja arrebatada. Além do mais, é-nos impossível escapar por nós mesmos, porque até nós somos parte de todas as coisas. O Senhor Jesus disse: "Meu Pai é maior que tudo". Você não pode colocar-se do lado de fora de todas as coisas.

O versículo 28 mostra-nos a mão do Senhor Jesus e o versículo 29 mostra-nos a mão do Pai.

O versículo 28 fala-nos sobre a mão do Pastor. Essa não é uma questão de lei nem de maldição tampouco de misericórdia, mas uma questão de ser guardado pela mão de Deus. O versículo 29 diz que a mão do Pai é maior e mais poderosa que tudo. Devemos considerar-nos seguramente guardados por duas mãos: a do Pai e a do Pastor.

51. A Divindade de Cristo

Vivemos em uma época em que toda verdade preciosa e vital a respeito do Senhor Jesus é atacada e questionada, e a divindade do Senhor Jesus não é exceção. Passado e presente, há um componente rebelde do coração humano que nega a própria essência de quem é o Senhor Jesus. Em termos simples, a divindade do Senhor Jesus é a verdade de que Ele é Deus, nada menos, nunca.

O Senhor Jesus no Novo Testamento é o mesmo que Jeová no Antigo Testamento.

Este fato é inaceitável para o incrédulo.

Dos fariseus egoístas do primeiro século aos "arianos" do quarto século, às seitas modernas e talvez até mesmo aos seus amigos, o Senhor Jesus está longe de ser Deus. Felizmente, as Escrituras não deixam dúvidas, com uma apresentação completa dessa verdade. A Escritura confirma que o Senhor Jesus é, em todos os pontos, totalmente Deus.

A divindade de Cristo é estabelecida na eternidade e não precisa de defesa. Não é uma verdade oculta nas Escrituras; em vez disso, é proclamado em voz alta, clara e frequentemente.


Na primeira carta de Paulo a Timóteo, foi "sem controvérsia" que "Deus se manifestou na carne" (1 Timóteo 3:16).

O próprio Deus é a autoridade. Muito antes que os homens pudessem questionar a divindade de Cristo, o Pai a estabeleceu para sempre com uma declaração gloriosa sobre Seu Filho: "O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre" (Salmos 45:6).

Em Hebreus 1:8, o Espírito de Deus garante que sabemos que Ele está falando sobre o Senhor Jesus: "Ao Filho diz: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre."

O Senhor Jesus chocou os judeus com esta afirmação: "Antes que Abraão existisse, eu sou" (João 8:58).

Não tenho dúvidas de que eles, conhecendo o Antigo Testamento completamente, pensaram em Moisés no Horebe quando Deus lhe disse para dizer ao povo que "EU SOU me enviou a vós" (Êxodo 3:14).

Seus argumentos foram inúteis e sua raiva se manifestou quando entenderam que isso era uma afirmação direta de ser Deus, o eterno "EU SOU". Mais tarde, no templo, o Senhor novamente respondeu ao questionamento dos judeus com a ousada declaração de que "Eu e meu Pai somos um" (João 10:30).


Pela segunda vez, suas mãos perversas pegaram pedras para arremessá-lo.

Em nossos dias, o diabo com muito mais experiência, usa seus "ministros da trevas" para dizer que no "grego" não é bem assim, ou a nossa Bíblia como a lemos não está totalmente correta, precisa de colocar um "e" ou tirá-lo, para que então combine com a "falsa doutrina" que eles pregam.

Não precisamos ter dúvidas se estamos com a Bíblia certa ou não, desde que não sejam "Bíblias" modernas como "Tradução na Linguagem de Hoje" e outras que seguem o mesmo estilo, são boas traduções.

A Bíblia na versão Corrigida e na versão Atualizada, são ótimas fontes de leitura e pesquisa para todo o estudante da Palavra de Deus.

Numa certa ocasião, foi o próprio Senhor quem questionou: "Que pensais vós do Cristo? Ele é filho de quem?" (Mateus 22:42).

Ele então os silenciou com uma citação do Salmo 110:1 para mostrar que Ele era realmente Deus: "Disse o Senhor ao meu Senhor: Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés".

Podemos estar muito distantes no tempo, cultura e linguagem; no entanto, os judeus presentes quando o Senhor falou estavam muito seguros de Suas reivindicações.

Em suas próprias palavras, o Senhor "disse também que Deus era Seu Pai, fazendo-se igual a Deus" (João 5:18). (Leia também João 10:33, 19:7).


Em grande graça, o Senhor disse a um certo paralítico: "Filho, os teus pecados estão perdoados".

A resposta dos judeus foi "Quem pode perdoar pecados senão Deus somente?" (Marcos 2:5, 7).

Os inimigos do Senhor chegaram a uma conclusão correta com esta afirmação! Se ao menos eles pensassem mais sobre suas próprias palavras, e se convencessem que o Jeová estava ali com eles, teriam sido salvos do inferno para onde foram, se não se arrependeram depois daquele evento.

Em Lucas 2:11, o anjo tinha uma mensagem maravilhosa para os pastores: "Porque na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor". O uso consistente de "Senhor" no capítulo 2 Lucas (vs. 11, 22-23) apresenta Cristo como Jeová conforme extraído de Êxodo 13.


Reserve um tempo para ler Apocalipse 5 por conta própria e determine se os anjos na sala do trono adoraram ou não o Senhor Jesus como Deus ou como alguém menos.

João Batista recebeu uma tarefa especial e foi descaradamente fiel a ela. Ele declarou que o Senhor Jesus estava diante dele em preferência e tempo, e respondeu aos judeus questionadores citando Isaías 40:3: "A voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas" (Mateus 3:3). Aquele que vinha era o Senhor (Jeová)!

No evangelho de João 1:1 lemos: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus."

O apóstolo João falou com clareza e conforto ao ensinar sobre o Filho que veio, "a Verdade" que revelou perfeitamente o Pai. João disse: "estamos naquele que é verdadeiro, sim, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna" (1 João 5:20).

Não havia dúvida em sua mente. É maravilhoso pensar que João, que era tão íntimo da perfeita humanidade do Senhor, também podia declarar Sua perfeita divindade.

Após a ressurreição, quando Tomé finalmente estava na presença do Senhor Jesus, havia apenas uma resposta possível de seu coração: "Meu Senhor e meu Deus" (João 20:28).

Sim, Tomé "duvidoso" pode ter sido menos do que perfeito, mas é difícil criticar alguém que chega ao ponto de uma compreensão tão profunda.


A pessoa de Cristo encheu o coração do apóstolo Paulo, e ele ansiava pelos companheiros israelitas, que eles também apreciassem "Cristo, que é Deus sobre todos, bendito para sempre. Amém" (Romanos 9:5).

Aos filipenses, ele exaltou a humildade daquele "que, subsistindo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus" (Filipenses 2:6).

Verdadeiramente, somos completos em Cristo: "Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade" (Colossenses 2:9).

Além do que já observamos no Salmo 45, o Espírito de Deus declara em Hebreus 1:3 que o Senhor Jesus é o resplendor ou "brilho da glória de Deus e a expressão exata de Sua natureza."

Como alguém menos que Deus poderia revelar Deus plenamente?

No Salmos 102:10, tratando da continuação do discurso ao Filho, Deus o chama de Senhor (Jeová).

Muitos anos antes do nascimento de Cristo, o profeta Isaías revelou os detalhes: "Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel" (Isaías 7:14).

Mateus acrescenta a interpretação "Deus conosco" (Mateus 1:23).

Mais uma vez, Isaías fornece uma verdade inestimável informando-nos que o filho nascido de Maria não era menos do que "o Deus poderoso" (Isaías 9:6).

Que incrível humildade; a maravilha não está em Sua divindade, mas em Sua humanidade!

Deus afirma ser o "primeiro e o último" três vezes em Isaías (41:4, 44:6, 48:12).

Não é por acaso que o Senhor Jesus afirma ser o "primeiro e o último" três vezes no livro de Apocalipse (1:17, 2:8, 22:13).

Muitas Escrituras adicionais apontam para a divindade daquele que é "Cristo, o poder de Deus e a sabedoria de Deus" (1 Coríntios 1:24).

Muitas são as ações traçadas através dos Evangelhos que falam da onipotência, onisciência, onipresença, eternidade e soberania do Senhor Jesus. É bom lembrar, porém, que se o Senhor Jesus nunca tivesse realizado um único milagre, Ele ainda seria plenamente Deus. Suas ações registradas servem como confirmação do que já era verdade.


Há uma maravilhosa "unidade" no relacionamento entre o Pai e o Filho.

Eles são um em essência (João 10:30),

Um em honra (João 5:23),

Um em posses (João 16:15),

Um em domínio (Apocalipse 22:1),

Um em salvação (Isaías 43:11)

Um em glória (Isaías 42:8, Apocalipse 21:23, Hebreus 1:3).

Pense nos sábios que adoraram o menino Jesus em Belém e lembre-se de que a Escritura sanciona a adoração a Deus somente, sem exceções (Apocalipse 19:10).

O Senhor teve uma taxa de sucesso de 100% na realização de milagres, incluindo ressuscitar os mortos, e somente Ele poderia ler os pensamentos dos outros. Tudo isso aponta para Sua divindade.

A obra redentora de Cristo para nos salvar é o próprio Deus vindo para levar o pecado do homem cometido contra Si (contra Deus).

Que é a obra redentora de Cristo? É Deus suportando o que o homem pecou contra Deus. Em outras palavras, se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado a levar nossos pecados de maneira justa. Jesus de Nazaré era Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados. Hoje, é Deus quem leva os nossos pecados em lugar do homem. Eis por que foi uma ação justa. Não podemos suportá-los por nós mesmos. Se fôssemos tomá-los, estaríamos acabados. Graças a Deus que Ele mesmo veio ao mundo para suportar os nossos pecados. Essa é a obra do Senhor Jesus na cruz.

Por que, então, Deus teve de tornar-se um homem? Já é suficiente que Deus ame ao mundo. Por que Ele teve de dar Seu Filho unigênito? É preciso perceber que o homem pecou contra Deus. Se Deus exigisse que o homem suportasse seu pecado, como o homem faria isso? O salário do pecado é a morte. Quando o pecado induz e age, ele acaba em morte. A morte é a cobrança justa do pecado (Romanos 5:12).

Quando o homem peca contra Deus, ele tem de suportar a consequência do pecado, que é a morte. Por isso, Deus é a outra parte. Se Ele viesse e assumisse nossa responsabilidade e sofresse a consequência do nosso pecado, Ele teria de morrer.

Mas em 1 Timóteo 6:16 é-nos dito que Deus é imortal; Ele não pode morrer. Mesmo que Deus quisesse vir ao mundo tomar nossos pecados, morrer e ir para a perdição, para Ele seria impossível fazê-lo. A morte simplesmente não tem efeito em Deus. Não há a possibilidade de Deus morrer. Portanto, para Deus sofrer o julgamento do pecado do homem contra Si (contra Deus), Ele teve de tomar o corpo de um homem.

Por isso Hebreus 10:5 diz-nos que quando Cristo veio ao mundo, Ele disse: "Corpo me formaste".

Deus preparou um corpo para Cristo, com o propósito de Cristo se oferecer como oferta queimada e oferta pelo pecado. O Senhor diz: "Não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado" (v. 6).

Agora Ele oferece Seu próprio corpo para tratar com o pecado do homem. Então, o Senhor Jesus se tornou um homem e veio ao mundo para ser crucificado.

O Senhor Jesus não é uma terceira parte; Ele é a parte primeira. Por ser Deus, Ele é qualificado para ser crucificado. Por ser homem, Ele pode morrer na cruz em nosso lugar. Devemos fazer clara distinção entre essas duas declarações. Ele é qualificado para ser crucificado porque é Deus, e pode ser crucificado porque é homem.

Somos gratos porque quando o Senhor Jesus for revelado como "REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES", Sua divindade nunca mais será questionada! (Apocalipse 19:16)

52. A Bíblia ensina a “depravação total” do ser humano?

Moralmente, nossa natureza caída é completamente corrompida e degradada.

"Enganoso acima de tudo e incurável", é o nosso coração natural, a nossa mente, e somos hostis a Deus, rebeldes e incapazes de se submeter à justiça de Deus. (Jeremias 17:9; Romanos 8:7, 8).

Se não fosse a intervenção de Deus em nos buscar e salvar, não O buscamos, nem desejamos nada além do que serve a nós mesmos.

Esse mal contamina tudo o que a natureza humana produz; portanto, o não regenerado não pode glorificar ou agradar a Deus.

Porém, indo além das Escrituras, os "calvinistas", no entanto, ensinam que "depravação total" significa que a vontade do homem não pode escolher o que é certo.

A Bíblia afirma a capacidade do homem de escolher o bem ou o mal, pois vemos isto no fato de Deus julgar aquele que não escolhe crer no Filho para a salvação, e também vemos Deus garantir que a "água da vida" seja recebida pela vontade do homem.

(Leia sobre isto em João 3:36; Apocalipse 22:17)


A queda de Adão dobrou a vontade dos "filhos da desobediência" para o mal (Efésios 2:3), mas não os tornou incapazes de escolher o que é certo.

Além disso, a consciência do homem traz a assinatura da lei de Deus (Romanos 2:13).

A depravação é total em seus efeitos sobre tudo o que o homem faz, mas Deus ainda o responsabiliza por não escolher e querer ser salvo.

O Senhor Jesus clama dizendo: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!" (Mateus 23:37)

Quando um fazendeiro planta uma semente, ele pode semear num campo sem ter feito nada na terra?

O trigo cresce muito facilmente?

Até para fazer o trigo crescer, primeiro devemos arar o campo e cultivar o solo. Do mesmo modo, deve haver primeiro a obra do cultivo na salvação de Deus antes de as plantas crescerem de maneira profunda. Por isso, os que nunca sentiram que pecaram jamais irão ser salvos nem os que nunca sentiram que estão errados. Talvez depois que alguém ouvisse o evangelho completo como estamos pregando muitas vezes, seria esclarecido a respeito da obra de Deus em Cristo e iria alegremente receber o evangelho.

Eu não ousaria dizer que ele não se arrependeu. Talvez ele tenha se arrependido.

Mas se um homem não se arrependeu por não saber o quanto está arruinado diante de Deus, talvez receba o evangelho prontamente quando escuta, mas só de forma mental e emocional, e em sua experiência futura, Deus ainda precisa mostrar a ele sua ruína e a necessidade de arrependimento e fé, e desta forma ser verdadeiramente salvo. Até então, mesmo religioso, ele ainda não é salvo e está no caminho para o inferno como qualquer outro pecador.


É necessário conhecer a si mesmo na hora da salvação e isto levará ao arrependimento, pois não nada de bom em nós; isto nos levará ao Deus salvador para a fé em Cristo. Deus nunca permite que um cristão não se conheça.

Portanto, podemos ver o verdadeiro significado de arrependimento segundo a Bíblia. É um novo conceito do passado do homem. O arrependimento vê alguém do mesmo modo que a fé vê o Senhor Jesus.

Do lado positivo, quando o homem crê, ele vê o que o Senhor Jesus fez por ele na sua morte de cruz.

Do lado negativo, quando o homem se arrepende, vê as más obras que ele mesmo fez no passado.

Ver o que alguém fez no passado, repudiar e abandonar tudo aquilo em seu coração é arrependimento, ver o que o Senhor Jesus fez na cruz é fé. Se quisermos ver o que o Senhor Jesus fez por nós, precisamos primeiro ver o que nós próprios fizemos. A menos que o ladrão que foi crucificado ao lado de Jesus tivesse dito claramente com a própria boca que o que ele estava sofrendo era o que ele merecia, ele não poderia ter dito para Aquele crucificado ao seu lado: "Lembra-te de mim quando vieres no teu reino" (Lucas 23:42).

Se aquele delinquente crucificado estivesse somente amaldiçoando os magistrados como agentes dos imperialistas e não tivesse visto que ele estava sofrendo porque merecia, ele não teria visto quem o Senhor era.


Quando não nos vemos, não vemos o Senhor. Quando vemos a nós mesmos como pecadores perdidos no caminho do inferno por causa dos nossos pecados, vamos lançar os olhos da fé no Senhor que morreu por nós, para nos salvar. Isso é arrependimento e fé.

Portanto, podemos ver que o arrependimento não implica nenhum elemento de nós mesmos, de nosso trabalho, de nosso comportamento.

Por um lado, um homem não é salvo por meio do arrependimento, mas pela fé. Essa é a verdade mostrada a nós pelo Evangelho de João, e pelas Epístolas de Romanos e Gálatas. Não podemos equivocar-nos a esse respeito.


Mas, por outro lado, sem arrependimento um homem não pode crer. Então, em nossa pregação, muitas vezes falamos às pessoas para se arrependerem. Isso não significa que só o arrependimento nos salvará. Pelo contrário, significa que o arrependimento levará a um outro passo, que é da fé. Se um homem não se arrependeu não será capaz de crer.

Mas arrependimento não é obras. A Bíblia diz que o arrependimento é dado por Deus. Deus nos fala para nos arrependermos. Não é que sentamos em um canto pensando que devemos arrepender-nos, que temos de odiar nossos pecados e julgar-nos.


Temos de perceber que ninguém pode fazer isso. Sinto dizer que ninguém em todo o mundo consegue fazer isso. Mesmo se alguém fosse capaz de fazer isso, não teria nenhum valor. Arrependimento é um dom de Deus. Mesmo nos Evangelhos, quando o Senhor Jesus veio para pregar o evangelho, Ele não somente pregou o perdão, mas também o arrependimento. Ele é o único que nos capacita a arrependermo-nos.

Os que se arrependem são os cristãos e os salvos. Se há aqui os que não foram salvos ainda e que não sabem como receber a graça de Deus, temos de dizer que Deus deseja dar-lhes graça. Ele deseja dar-lhes arrependimento. Ele os está conduzindo à salvação por meio do arrependimento dos pecados praticados por si e para a fé em Cristo como salvador pessoal.

"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2:8,9)

53. Como Cornélio se harmoniza com o ensino da depravação humana?

Cornélio era um homem de atitudes justas e era respeitável, orava, temia a Deus e dava esmolas. (Atos 10).

Essas qualidades notáveis ​​se coordenam com a crescente consciência de Pedro quando disse no versículo 34 "Eu percebo", por meio de revelação anterior (por exemplo em, Lucas 24:47), sua visão (Atos 10:11-16) e suas circunstâncias (versículos 19-33) que Deus não faz distinção entre judeus e gentios que O buscam (versículo 35).

Deus afirma em sua Palavra que "Não há homem justo na terra" (Eclesiastes 7:20; Romanos 3:10); "não há temor de Deus" no homem por natureza (Romanos 3:18); "não há quem busque a Deus" (Romanos 3:11).

Isso se harmoniza com o que é dito sobre Cornélio apenas porque ele respondeu à luz da revelação divina e aos procedimentos do Espírito de Deus.

É um falso ensina, quem usa a história de Cornélio antes da salvação, para dizer que isto é o "novo nascimento" operado pelo Espírito Santo, preparando-o para a salvação.

O novo nascimento faz parte do "grande pacote" recebido pelo pecador salvo pela fé em Cristo.


Embora Cornélio não fosse salvo e nem tão pouco havia nascido de novo (Atos 11:14), ele escolheu fazer as coisas certas, justas e honestas; mas ainda assim, cada um desses atos ficou aquém dos justos requisitos de Deus (Romanos 3:23).

Nada do que é dito sobre Cornélio indica que ele foi salvo sem graça por meio da fé (Efésios 2:8).

A graça de Deus falou com Cornélio, concedendo-lhe arrependimento (Atos 11:18) e remissão de pecados e recebimento do Espírito Santo (Atos 10:43,44).

Antes e depois de sua salvação, Cornélio não tinha do que se vangloriar diante de Deus. Como é apropriado, ele se submeteu a Deus.

Todos os que leem a Bíblia sabem que a condição para a salvação é a fé. Não há outra condição senão a fé. O homem, por ter caído e ser corrupto, por seus pensamentos serem tortuosos e por estar a sua carne na esfera da lei, pensa que deve fazer algo para que seja salvo. Contudo, a Bíblia nos mostra que a única condição para nossa salvação é a fé. Além da fé não há outra condição. O Novo Testamento diz-nos claramente, pelo menos cento e quinze vezes, que quando o homem crê, ele é salvo, tem a vida eterna e é justificado. Quando o homem crê, ele tem todas essas coisas. Somando-se a essas cento e quinze vezes, outras trinta e cinco vezes a Bíblia diz que o homem é justificado pela fé, ou torna-se justo por meio da fé. No primeiro caso, temos o verbo crer. No segundo caso, temos o substantivo fé.


O verbo crer é usado cento e quinze vezes. Uma vez que o homem crê, ele é salvo (Atos 16:31).

Uma vez que o homem crê, tem a vida eterna (João 3:36).

Uma vez que o homem crê, ele é justificado. Além desses versículos, há trinta e cinco ocorrências em que o substantivo fé é usado. O homem é salvo mediante a fé. Ele recebe vida eterna pela fé, e é justificado mediante a fé. Portanto, em todo o Novo Testamento, pelo menos cento e cinquenta vezes é dito que o homem é salvo, justificado, e tem vida eterna unicamente por meio da fé. Não é uma questão de quem a pessoa seja, do que ela faça ou do que possa fazer. Tudo depende do crer. Tudo depende da fé.

Outra questão que merece especial atenção é que em todas essas cento e cinquenta ocorrências da fé e do crer, nenhuma outra condição é adicionada. Esses versículos não dizem que o homem deve crer e a seguir fazer algo para receber a vida eterna. Eles não dizem que o homem deve crer e fazer algo antes que possa ser justificado. Tampouco dizem que o homem deve crer e fazer algo antes que possa ser salvo. A Palavra do Senhor menciona a fé de maneira clara e definida. Nada além é misturado ou vinculado à condição da fé. Portanto, a Bíblia nos mostra claramente que do ponto de vista de Deus, não há outra condição para a salvação além de crer.


Um dos livros mais lidos e apreciados no Novo Testamento é o Evangelho de João. Se alguém o ler cuidadosamente, verá que João escreveu esse livro com o único propósito de dizer-nos como o homem pode receber vida e ser salvo e como pode ser libertado da condenação. O Evangelho de João menciona oitenta e seis vezes que é por fé somente, e por nada mais, que o homem recebe a vida, é justificado, e não entra em condenação. Portanto, a Bíblia nos mostra clara, adequada e simplesmente que a salvação não é baseada no que o homem é, no que ele tem, tampouco no que fez. A Bíblia nos mostra que quando o homem crê, ele recebe. Ele recebe por meio de crer.

"Mas, a todos quantos receberam (o Senhor Jesus), deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus." (João 1:12,13)


De acordo com a Bíblia, graça é o que Deus nos deu por intermédio de Jesus Cristo. Para Ele, fazer isso está no princípio da graça. Uma vez que esteja no princípio da graça do lado de Deus, então, do nosso lado, está no princípio da fé. Fé e graça são dois princípios inseparáveis. Graça é Deus dando algo a nós, e fé é o nosso receber algo da parte de Deus.

Fé nada mais é que receber o que Deus nos deu em espírito. Isso é totalmente independente de obra. Somente dessa maneira o homem pode receber a graça de Deus. Se recorrermos a quaisquer outros meios, não seremos capazes de receber a graça de Deus.

"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2:8,9)

54. É necessário pregar sobre a pecaminosidade humana?

O Senhor Jesus disse aos seus discípulos: "Todavia, digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Espírito Santo não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado." (João 16:7-11)

Os discípulos pregaram que os homens deveriam se arrepender, enquanto ainda o Senhor estava com eles na terra. (Marcos 6:12)

Antes de Sua ascensão, o Senhor Jesus os enviou para pregar arrependimento e remissão de pecados (Lucas 24:47).

Paulo pregou "o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo" (Atos 20:21).

Para os judeus em Jerusalém, Pedro destacou a crucificação do Messias (Atos 2:36).

Aos judeus na Ásia, Paulo enfatizou sua desobediência histórica a Deus (Atos 13:17-29) e aos filósofos gentios seu pecado de idolatria (Atos 17:22-30).

O Senhor enfrentou a mulher samaritana com sua necessidade percebida e com seus pecados (João 4:13-16), como também fez com o homem rico (Lucas 18:18-22).

O Senhor se concentrou no pecado de Nicodemos, sua ruína espiritual (João 3:3).


Pregadores evangélicos populares estão aumentando sua insistência de que o evangelho deve deixar os buscadores confortáveis ​​e atender apenas às necessidades percebidas dos ouvintes.

Em geral, o pensamento da sociedade justifica o pecado e obscurece a linha divina entre o certo e o errado. Essas condições exigem uma ênfase maior, em vez de diminuída, na pecaminosidade do homem.

Os incrédulos, mesmo lutando para serem salvos, ainda não se arrependeram ou se submeteram a Deus. Apresentar claramente o sacrifício de Cristo e a simplicidade da salvação não libertará um pecador impenitente.

A pregação do evangelho equilibra essas verdades valiosas sobre o remédio de Deus com a apresentação convincente da ruína do homem, sem amenizar a responsabilidade de cada um crer no Evangelho.


Na Bíblia, os pecados (plural) estão relacionados com a nossa conduta, enquanto o pecado (singular) está relacionado com a nossa vida natural. Pecados são os cometidos pelas mãos, pelos pés, pelo coração, e mesmo por todo o corpo. Paulo refere-se a isso ao falar dos feitos do corpo (Romanos 8:13).

Então, que é o pecado? O pecado é uma lei que controla nossos membros (Romanos 7:23).

Existe algo dentro de nós que nos leva a pecar, a cometer o mal e esse algo é o pecado.

Os pecados têm a ver com a nossa conduta, e para isso a Bíblia mostra-nos que precisamos de perdão.

O Senhor Jesus disse aos Seus discípulos: "O meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados." Mateus 26:28

O apóstolo Pedro falando do mesmo assunto disse: "Ao Senhor Jesus Cristo, dão testemunho, todos os profetas, de que todos os que nele creem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome." (Atos 10:43)


Porém, o pecado é o que nos incita, induz-nos a cometer os atos pecaminosos. Por isso, a Bíblia mostra-nos que precisamos de libertação.

O apóstolo Paulo fala dos crentes em Roma que, desde o momento da salvação em diante, eles: "Obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça. Pois que, assim como (antes) apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para santificação. Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte. Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna. Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor." (Romanos 6:17-23)

55. A pregação sobre o pecado não ofenderá os incrédulos?

A maneira gentil, precisa e respeitosa do Senhor ao perguntar pelo marido da mulher samaritana é instrutiva. (João 4:16)

Ele pretendia uma resposta imediata.

As relações pacientes de Jesus com o príncipe rico e jovem governante visavam uma resposta final. (Lucas 18:18-24)

O príncipe não estava preparado para reconhecer sua necessidade, então o Senhor Jesus plantou sementes da verdade destinadas a produzir convicção. Visto que o príncipe não amava seu próximo como a si mesmo, ele precisava enfrentar sua culpa por quebrar a lei de Deus.

A necessidade e o grau de compreensão dos ouvintes determinaram a abordagem.

Pedro em sua pregação no Pentecostes, não condenou a idolatria em Jerusalém (Atos 2); Paulo não condenou a culpa de crucificar o Messias em Atenas (Atos 17).

Pregar sobre o pecado foi e é essencial em todas as gerações.

Noé e chamado de "o pregoeiro da justiça." (2 Pedro 2:5)

Noé vivia e pregava na contramão da vida de seus conterrâneos.

"E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor." (Gênesis 6:5-8)


A mensagem de Romanos 3:22,23, de que "não há diferença, porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus", confronta o pensamento humano, mas sua apresentação não precisa ser conflituosa ou ofensiva.

Alguns que ouviram a pregação apostólica ficaram desconfortáveis ​​e ofendidos (Atos 2:37; 4:1-3; 7:54).

O conteúdo da mensagem, não a forma de sua apresentação, foi o motivo.

A pregação no poder do Espírito de Cristo convencerá cada indivíduo de sua ruina total diante de Deus, do remédio que Deus tem preparado em Jesus Cristo, e da responsabilidade de receber pela fé, o remédio de Deus.

O pregador deve ser sensível às necessidades dos ouvintes, lidando com verdades de confronto da maneira mais provável de ser eficaz.

Pregar o evangelho é um serviço. Os servos precisam serem fieis e honrarem ao seu Senhor, sem deixar de ter compaixão por aqueles que um dia estavam no mesmo lugar que ele, longe de Deus, nas travas do pecado e de satanás.

Dentre todos os pecados, há um que encabeça a lista. Este pecado introduz todos os demais. Por meio dele todos os outros se sucederam. A Bíblia diz que o pecado entrou no mundo por um só homem (Romanos 5:12).


Quero perguntar-lhes: Qual foi o pecado que este homem cometeu? Foi fornicação, roubo, homicídio, incêndio criminoso? Não havia coisas semelhantes no Éden. Todas as coisas malignas, imundas ou terríveis que ocorrem no mundo hoje tiveram origem naquele incidente único envolvendo Adão.

Que fez Adão? Adão não assassinou, não cometeu fornicação, ele não cometeu nenhum dos pecados malignos e sujos do mundo de hoje. O pecado que Adão cometeu foi simples. Adão achou que Deus estava escondendo algo dele. Ele pensou que se comesse do fruto daquela árvore seria como Deus. O pecado que Adão cometeu foi, na verdade, um problema que se desenvolveu entre ele e Deus. Deus esperava que Adão permanecesse em sua posição. Contudo, Adão não acreditou que aquilo que Deus lhe havia dado fosse proveitoso para ele. Ele começou a duvidar do amor de Deus. Um problema surgiu, então, em relação ao amor de Deus.


O pecado de Adão foi um problema que surgiu entre ele e Deus. Em decorrência disso, todos os tipos de pecados se sucederam.

Em João 3:17,18, o Senhor Jesus disse que quem não crê nEle para ter a vida eterna, ser salvo, já está condenado.

O motivo de o homem cometer pecados é que ele não tem um relacionamento adequado com o Senhor Jesus. No Antigo Testamento, quando o homem deixou de ter um relacionamento adequado com Deus, todos os tipos de pecados foram cometidos. No Novo Testamento, quando o homem deixa de ter um relacionamento adequado com o Senhor Jesus, é que todos os tipos de pecados são cometidos. Aqui residem todos os problemas. Enquanto está atento a esta mensagem, você pode achar que apesar de eu ter provado que você é um pecador, na verdade, você não cometeu muitos pecados. Mas ninguém no mundo pode dizer que não cometeu o pecado de não amar a Deus. Tampouco existe alguém no mundo que possa dizer que não cometeu o pecado de não crer no Senhor Jesus. Note, eu não disse que as pessoas não creiam que Ele existe, eu disse que as pessoas não creem nEle como salvador pessoal, totalmente suficiente. Por isso, ninguém pode dizer que não é um pecador.


Agradecemos a Deus porque a Sua salvação é completa. Ele tratou com nossos pecados diante Dele. Ele também julgou nossos pecados na pessoa do Senhor Jesus. Além disso, o Espírito Santo aplicou a obra de Cristo a nós, para que pudéssemos receber o Senhor Jesus e ter paz em nossa consciência. Uma vez que a consciência é purificada, não há mais percepção dos pecados. A Bíblia diz que o sangue do Senhor Jesus purifica-nos de nossos pecados. Portanto, podemos desfrutar de paz e alegria, pois não sentimos mais a presença dos pecados perdoados por Cristo. Isso é maravilhoso. Estou alegre porque quando a consciência é purificada, não mais precisamos estar conscientes dos pecados.


Se nossa consciência ainda está consciente dos pecados é porque ainda há registro de pecados diante de Deus. Mas se os pecados se foram de diante de Deus, como ainda podemos estar conscientes deles?

Uma vez que os pecados diante de Deus foram tratados, os pecados em nossa consciência também devem ter sido tratados. Assim sendo, não precisamos mais estar conscientes de nossos pecados.

56. Que significa quando Jesus disse ao Pai: “Conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro”?

Com a vinda de Cristo ao mundo e o início do cristianismo, o monoteísmo ainda é mantido, embora a existência de Deus em três Pessoas divinas também seja claramente vista. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são co-iguais em poder e glória. "A Trindade" (uma verdade bíblica, se não um termo bíblico) é um conceito tão grande que não podemos entendê-lo completamente, mas é tão importante que devemos acreditar nele e tão maravilhoso que devemos apreciá-lo.

Mas o que o Senhor Jesus quis dizer, quando chamou o Pai de, o único Deus verdadeiro e disse também que o Pai era maior do que Ele? (João 17:3; 14:28)

Alguns argumentam, portanto, que as próprias palavras de Jesus subvertem a doutrina da Triunidade de Deus, e qualquer conversa sobre três pessoas em um só Deus é antibíblica.

Bem, devemos acreditar em tudo o que esses dois versículos dizem e de estabelecer o que eles dizem interpretando-os no contexto de todo o Evangelho de João. O livro inteiro é a Palavra de Cristo tanto quanto as citações de Cristo que ele registra.

Quando fazemos isso, começamos a detectar um padrão. Podemos chamá-lo de padrão de ambos.


Duas vezes no prefácio, João identifica o Filho como Deus e O distingue de Deus (João 1:1,18).

No meio do Evangelho, Jesus faz o mesmo, distinguindo-se de Deus – e identificando-se como o único Deus de Israel (João 8:54,58).

Agora, conforme avançamos neste Evangelho até o final do livro, veremos João usar o padrão novamente.

Também veremos outra característica surgir – a estrutura geral do livro.

João não apenas encerrou a introdução com a divindade de Cristo (João 1:1,18), mas todo o seu Evangelho.

O auges do corpo principal de sua obra é Tomé dizendo: "Meu Senhor e meu Deus" (João 20:28).

Este é o tipo de expressão que um israelita diria a Javé, ou os habitantes do céu a Deus Pai (Salmos 99:8; Apocalipse 4:11).

Tomé diz isso a Jesus Cristo. Jesus é Deus no início e no fim deste Evangelho (João 1:1; 20:28).

Os que negam que Jesus é Deus, têm maneiras engenhosas de contornar o sentido claro deste texto de Tomé chamando Jesus de Deus.

A maioria destes argumentos bem elaborados por eles, até mesmo colocando em dúvida as traduções que temos de nossas Bíblias, é refutada quando observamos que Tomé é um judeu monoteísta.


A aparição repentina e o conhecimento sobrenatural de Jesus implicam Sua divindade (João 20:27).

Tomé está respondendo a Jesus, chamando-o de Deus (sem olhar para o céu).

Longe de repreender Tomé, Jesus endossa sua fé (João 20:29).

Os que não creem em Jesus é Deus, tentam ma objeção mais sincera indica que Tomé não é a primeira pessoa a dizer "meu Deus" na passagem. Alguns versículos antes, Jesus diz as mesmas palavras ao Seu Deus, o Pai (João 20:17).

Jesus é o Deus de Tomé, com certeza, mas o Pai é o Deus de Jesus.

"Vejam", dizem eles, o que esta visão diz, "tudo se encaixa com João 14:28 e João 17:3. E seguem argumentando, como Filho de Deus, Jesus é divino por natureza. Mas somente o Pai é o único Deus verdadeiro, o mais alto em posição. Por que outra razão o Filho O chamaria de 'meu Deus'?"

Mas infelizmente, essa interpretação falha em detectar o padrão de João em seu Evangelho, Aquele que ele espera que reconheçamos no versículo inicial do Evangelho.

João está novamente identificando Jesus como Deus ao mesmo tempo em que o distingue de Deus.


As palavras "meu Deus" ditas a Cristo por Tomé, estabelecem Sua divindade; as palavras "meu Deus" ditas por Cristo distinguem Sua Pessoa – Ele não é o Pai Deus, mas o Filho Deus.

"Mas, podemos perguntar a João, como pode o Filho chamar o Pai de seu Deus, se o Filho é igual ao Pai?"

Um João exasperado poderia responder: "Você não leu minha introdução do Livro? Já não expliquei que o Filho que é Deus se fez homem?"

É exatamente como vimos em Hebreus 1:8-9.

"Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de equidade é o cetro do teu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros."

Para nos salvar, o Filho teve que se tornar um homem perfeito, obediente a todos os mandamentos, não tendo outros deuses diante de Javé.

Quando Jesus chama o Pai de Seu Deus, Ele não está diminuindo Sua divindade, mas expressando Sua humanidade.


Jesus é Deus, que tem Deus, como Seu Deus.

E porque Ele permanecerá um homem por toda a eternidade, Ele sempre terá – mesmo no céu – Deus como Seu Deus (Apocalipse 3:12).

Longe de sinalizar alguma inferioridade da parte de Cristo, as duas instâncias de "meu Deus" em João 20 transmitem poderosamente que há duas Pessoas em um Deus, e que uma dessas Pessoas (o Filho) é Deus e homem.

Mas já hora de voltar para João 17:3 e João 14:28, onde o Senhor Jesus chamou o Pai de o único Deus verdadeiro e disse que o Pai era maior do que Ele.

Toda a estrutura do Evangelho de João é projetada para defender – não diminuir – a divindade e a humanidade de Cristo. E em todo o caminho, João implantou o padrão de ambos, uma estratégia eficiente para comunicar tanto a unidade no único Deus quanto a distinção nas Pessoas. No entanto, alguns insistem que quando Jesus chama o Pai de o único Deus verdadeiro, Ele não está apenas excluindo os falsos deuses pagãos, mas também a si mesmo.

Mas observe:

  • No mínimo, João 17:3 afirma o monoteísmo, um componente crucial da doutrina da trindade.
  • Jesus não diz que somente o Pai é o único Deus verdadeiro.
  • O padrão de ambos ressurge: a vida eterna é conhecer Deus o Pai e Jesus Cristo. Veja o que esse emparelhamento implica? Quem mais poderia colocar seu nome ali senão Aquele que é o próprio Deus? A vida eterna é conhecer a Deus... a vida eterna é conhecer a Cristo.
  • Cristo é o Filho encarnado. Como um homem orando a Seu Deus, não é apenas apropriado, mas reconfortante ouvi-lo reconhecer o Pai como o único Deus verdadeiro. De que outra forma esperaríamos que o Homem perfeito orasse?
  • Porque a vida eterna é conhecer a Deus, é algo que só Deus pode dar. No entanto, o Filho tem autoridade para dá-la, assim como o Pai (João 17:2).
  • João não tem medo de chamar Cristo de "o verdadeiro Deus" em outro lugar (1 João 5:20).

Ainda não tem certeza?

Se João 17:3 significa que somente o Pai é o verdadeiro Deus, mas João 20:28 diz que Jesus é Deus, então que tipo de "deus", isso faz de Jesus? Um "deus" falso ou um "deus" separado.

No primeiro caso, então Jesus endossa a adoração de Tomé a um "deus" falso.

Se for o último, então Tomé (e todos os cristãos) adoram dois "deuses", em contradição com o monoteísmo de João 17:3!

Pedro disse em 2 Pedro 1:1: "Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo."

A única maneira de se apegar a toda a palavra de Cristo no Evangelho de João é entender que tanto o Pai quanto o Filho são o único Deus verdadeiro.

Não há nada em João 17:3 que contradiga essa interpretação, e há tudo em todo o Evangelho para apoiá-la. Nossas únicas, outras opções são o politeísmo (Pai e Filho são "deuses" separados) ou negar a divindade de Cristo.

A Palavra de Deus nos constrange.


Mas o que dizer de João 14:8, que "o Pai era maior do que Ele", e o fato de que em João 17:3, "o Filho é enviado?" E mais, nunca lemos sobre "o Pai sendo enviado pelo Filho".

É verdade: o Pai envia, o Filho é enviado. O Pai dá ao Filho autoridade para conceder a vida eterna (João 17:2), e não o contrário.

João já nos ensinou como entender esse padrão também, ensinando-nos que o Filho é eternamente gerado pelo Pai (João 1:14,18).

Alguns acreditam que é esta a "geração eterna do Filho" que está por trás das palavras de Cristo: "O Pai é maior do que eu" (João 14:28).

Uma explicação mais provável é a da humanidade de Jesus - Igual ao Pai no que diz respeito a Sua Divindade e inferior ao Pai no que diz respeito à Sua humanidade.

A melhor visão apela não apenas para a encarnação de Cristo, mas para a humilhação que ela implicou. Aquele que era igual a Deus se humilhou para se tornar um servo (Filipenses 2:6-7).

Um servo não é maior que seu mestre (João 13:16).


A partida do Senhor da terra para o céu após Sua morte, abriria mais bênçãos para os discípulos (João 14:12,16), e restauraria tal bem-aventurança ao Senhor, pois que seria egoísmo míope da parte dos discípulos, invejar a exaltação do Filho eterno, quando estaria volta à glória e presença do Pai, agora não somente como Deus verdadeiro, mas também Homem (João 17:5).

Portanto, Ele não estaria mais andando pelas estradas poeirentas da Galileia, cercado pelo pecado, doença e miséria. Ele não seria mais alvo de ataque e ridicularizado por legiões de escribas e fariseus.

Em vez disso, Ele estaria à direita do Pai no próprio céu. Assim, vemos que o termo 'maior' fala da posição do Pai no céu em contraste à posição do Filho na terra de servo.

Mais uma vez, João exige que acreditemos em ambos: o Pai é maior que o Filho (João 14:28), e o Filho é igual ao Pai (João 5:18; 10:30; Filipenses 2:6).


O mesmo apostolo João, em 1 João 5:20 diz aos salvos que, "E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que conheçamos ao Verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna."

Portanto, conhecer o verdadeiro Deus e ter a vida eterna estão indissoluvelmente ligados e isso foi confirmado pelo Senhor Jesus quando Ele disse. "E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (João 17:3).

Então, "nós - conhecemos aquele que é verdadeiro" e indo além, muito, além disso, "estamos naquele que é verdadeiro ".

A vida eterna por meio da qual tanto o Pai quanto o Filho são glorificados, se manifesta no verdadeiro conhecimento daquele que enviou e do enviado.

Em João 17:3 não temos uma definição de vida eterna, porém mostra como ela se revela e quão maravilhosa ela é.

Conhecer o Pai e Jesus Cristo, pois ele é o único caminho para o Pai (João 14.6), não se refere meramente ao conhecimento abstrato, mas ao prazeroso reconhecimento de sua soberania (João 1.10), alegre aceitação de seu amor e comunhão íntima com Sua Pessoa (por meio das Escrituras, isto é, por meio de sua Palavra a nós dirigida; e por meio da oração, isto é, por meio de nossa palavra a ele dirigida).


Devemos notar com muita atenção o que Jesus, o Filho Deus, expressa ao referir-se ao Pai como, "o único Deus verdadeiro", pois dissipava a não fantasia da imaginação dos judeus, que tentaram cultuar um Pai que não tinha se revelado no Filho; nem o objeto do culto pagão, que era dirigido à criatura em lugar do Criador; mas ao Pai como revelado no Filho.

Paulo escrevendo aos Tessalonicenses disse: "Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus o seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura."

1 Tessalonicenses 1:9,10

Quando a pessoa experimenta a vida eterna, ela tem comunhão com Deus em seu Filho Unigênito, que como o Cristo ou Ungido (separado e qualificado para a obra) é Jesus, o Salvador.

A obra redentora de Cristo é o próprio Deus vindo para levar o pecado do homem cometido contra Si (Deus).

Que é a obra redentora de Cristo? É Deus suportando o que o homem pecou contra Si (Deus.

Em outras palavras, se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado a levar nossos pecados de maneira justa. Jesus de Nazaré era Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados.

Hoje, é Deus quem leva os nossos pecados em lugar do homem. Eis por que foi uma ação justa. Não podemos suportá-los por nós mesmos. Se fôssemos tomá-los, estaríamos acabados. Graças a Deus que Ele mesmo veio ao mundo para suportar os nossos pecados. Essa é a obra do Senhor Jesus na cruz.


Por que, então, Deus teve de tornar-se um homem?

Já é suficiente que Deus ame ao mundo. Por que Ele teve de dar Seu Filho unigênito?

É preciso perceber que o homem pecou contra Deus. Se Deus exigisse que o homem suportasse seu pecado, como o homem faria isso?

O salário do pecado é a morte. Quando o pecado induz e age, ele acaba em morte. A morte é a cobrança justa do pecado (Romanos 5:12).

Quando o homem peca contra Deus, ele tem de suportar a consequência do pecado, que é a morte. Por isso, Deus (Jesus Cristo) é a outra parte. Se Ele viesse e assumisse nossa responsabilidade e sofresse a consequência do nosso pecado, Ele teria de morrer.

O Senhor Jesus não é uma terceira parte na obra da redenção; Ele é a parte primeira. Por ser Deus, Ele é qualificado para ser crucificado. Por ser homem, Ele pode morrer na cruz em nosso lugar.

"Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor." (Romanos 6:23)

57. Jesus é Deus e Homem para o cumprimento da Redenção!

A Bíblia deixa bem claro que o Senhor Jesus é Deus.

Podemos dizer que somente Deus pode levar o pecado do homem. Nunca considere o Senhor Jesus como uma terceira pessoa vindo para sofrer uma morte substituta. Não pense que Deus seja uma parte, nós outra parte e o Senhor Jesus a terceira parte.

A Bíblia nunca considera o Senhor Jesus como uma terceira parte. Pelo contrário, ela O considera como a primeira parte, pois Ele é Deus.

Podem ter-lhe dito que o evangelho é comparado a um (1) devedor, um (2) credor e o (3) filho do credor.

O (1) devedor não tem dinheiro para quitar seu débito; o (2) credor, sendo muito severo, insiste no pagamento. Mas o (3) filho do credor se prontifica a pagar o débito em lugar do devedor e o devedor fica livre.

Esse é o evangelho que o homem prega hoje.

Mas não é o verdadeiro evangelho. Se esse fosse o caso, pelo menos dois pontos não seriam corretos e seriam contrários à Bíblia.

Temos que entende, que esse tipo de percepção mostra Deus como o malvado, e o Senhor Jesus o bondoso. Em tal ilustração, não vemos Deus amando o mundo. Antes, vemos apenas Sua justa exigência e a exigência da lei. Vemos um Deus severo, alguém sem a graça e cujas palavras para o homem são sempre ásperas; e vemos que é o Senhor Jesus quem nos ama e nos dá graça. Esse evangelho está errado, e isso não é a Bíblia.


A Bíblia diz que Deus amou o mundo de tal maneira que nos deu Seu Filho (João 3:16).

Deus enviou Seu Filho porque nos ama. Eis por que fomos levados de volta a Deus após o Senhor Jesus ter cumprido Sua obra na cruz. Se Deus não nos tivesse amado e não nos tivesse enviado o Senhor Jesus, o máximo que o Senhor Jesus poderia ter feito era levar as pessoas de volta a Si mesmo; Ele não poderia levar as pessoas de volta a Deus.

O Pai é quem foi movido por compaixão. O Pai é quem nos amou. Foi o Pai quem planejou a salvação. Foi o Pai quem teve uma vontade na eternidade passada.

Primeiramente, o Pai propôs todas as coisas e, então, o Filho veio. Assim, é errado o homem pensar que há três partes. Há somente duas partes: Deus e o homem.

O Senhor Jesus é a dádiva de Deus ao homem. Contudo, essa dádiva é algo vivo e com uma vontade, não sem vida e sem vontade. Graças a Deus porque a salvação é algo entre Deus e o homem. O Senhor Jesus é uma dádiva.


Hoje, é a Deus que devemos voltar-nos. Nós nos achegamos a Deus por meio do Senhor Jesus. Essa é a primeira coisa que temos de perceber.

Outra coisa, se houvesse três partes, o Senhor Jesus não teria sido qualificado a morrer por nós. É verdade que quando o Senhor Jesus morreu por nós, a justiça de Deus foi cumprida e os pecados humanos foram perdoados.

Mas foi justo para o Senhor Jesus?

Suponha que tenhamos duas pessoas aqui. Suponha que uma dessas pessoas tenha cometido um crime capital e tenha sido condenado à morte. A outra pessoa quis muito morrer por ela e, por isso, foi executada em seu lugar.

Ele é inocente, e também é uma terceira parte. Agora, ele morre em lugar do outro.

A Bíblia nunca nos mostra que o Senhor Jesus morreu por nós deste modo. Ela nunca nos mostra que Deus tinha uma exigência, que Sua lei tinha de ser satisfeita e que para que o homem cumprisse a exigência da lei, o Senhor Jesus veio para cumprir a lei de Deus. Não há tal coisa.


Mas então, que posição o Senhor Jesus tomou quando Ele veio cumprir a redenção?

Temos de considerar essa questão cuidadosa e precisamente conforme a Bíblia.

Gostaria que vocês estivessem cientes de uma coisa. O mundo pensa que há apenas um modo de lidar com o problema do pecado.

Os pregadores que pregam ensinamentos errados dizem que há três maneiras de lidar com o pecado.

Mas para Deus há somente dois modos de lidar com o pecado.

Alguma explicação se faz necessária aqui. Antes de ler a Palavra de Deus, alguém pode pensar que um desses três modos pode resolver o problema: (1) o homem pode resolvê-lo, (2) Deus pode resolvê-lo ou (3) uma terceira parte também pode resolvê-lo por substituição.

Os que não são salvos, que não conhecem a Deus, consideram que há apenas uma solução: que é o homem quem deve resolver o problema por si mesmo. Mas a justiça de Deus mostra-nos que há somente dois modos de resolver o problema: Um é pelo próprio (1) Deus e o outro é pelo próprio (2) homem.


Que quero dizer com isso? Vamos primeiro considerar o que o homem pensa.

Ele pensa que é pecador e deve, portanto, sofrer o julgamento do pecado e da ira de Deus. Ele pensa que deveria perecer e ir para a perdição. A única maneira é ele resolver o problema por si mesmo, indo para o inferno. Ele se responsabilizará pelo que fez. Se alguém peca, vai para o inferno e sofre o julgamento do pecado. Essa é uma maneira de resolver o problema.

Quando alguém deve dinheiro, ele vende tudo o que tem. Ele pode até mesmo ter de vender sua esposa, filhos, casa e terra, se isso for necessário para resolver o problema. Isso é justo.

Então, há outro conceito errado. Para os que ouviram o evangelho, há a consideração de que o Senhor Jesus é a terceira parte vindo tomar nosso lugar e resolver o problema do nosso pecado.

O homem pecou e incorreu no julgamento do pecado. Agora, todo o julgamento está sobre o Senhor Jesus; Ele sofre todo o julgamento. Tal ensinamento parece correto. Mas vocês verão resumidamente que ele não é exato.

Na Bíblia, há duas importantes doutrinas, que são: (1) levar os pecados e o (2) resgate pelos pecados.

Por favor, não pensem que não creio na substituição, pois é uma doutrina bíblica.

Mas a substituição sobre a qual alguns falam não é a substituição na Bíblia, porque é um tipo de substituição que envolve injustiça.


Se o Jesus imaculado deve ser um substituto para nós, homens pecadores, é claro que isso nos é um bom negócio. Mas é justo tratar o Senhor Jesus dessa maneira? Ele não pecou.

Por que Ele deveria ser morto? Esse não é o tipo de substituição que a Bíblia fala.

Se o Senhor Jesus veio morrer em lugar de todos os pecadores do mundo, então os que creem em Jesus, assim como os que não creem Nele, serão igualmente salvos.

O Senhor morreu por ambos, quer creiam ou não. Não se pode voltar atrás e revogar a morte do Senhor apenas porque alguns não creem. Pode-se voltar atrás em outras coisas. Mas isso não é algo reversível.

Por que a Bíblia diz que os que não creem já foram julgados e perecerão? (João 3:16,18).

A razão é que o Filho de Deus teve apenas uma morte substitutiva, por aqueles que já cremos. Portanto, a doutrina bíblica da substrução feita por Cristo na Cruz, não desrespeita aos que não creram ainda, Ele não é substituto para os que não creem.

Qual, então, é a maneira de resolver o problema do pecado de acordo com a Bíblia?

Há somente duas maneiras justas para resolver o problema.

(1) Uma é tratar com quem pecou e a (2) outra é tratar com aquele contra quem se pecou.

Há apenas duas partes que são qualificadas para lidar com esse problema. Há apenas duas pessoas no mundo que têm o direito de tratar com o problema do pecado. Uma é aquela que pecou contra outra. A outra é aquela contra quem se pecou.

Quando uma pessoa processa outra num tribunal, nenhuma outra parte tem o direito de dizer coisa alguma. No proceder do tribunal, somente os dois envolvidos têm o direito de falar.

A respeito da salvação do pecador, se ele mesmo não cuida disso, então Deus o faz por ele. O pecador é a parte pecaminosa e Deus é a parte contra quem se pecou. Ambos podem lidar com o problema do pecado da maneira mais justa. Do lado do pecador, é justo que ele sofra o julgamento e a punição, pereça e vá para a perdição. Mas há uma outra maneira que é igualmente justa: a parte contra quem se pecou pode assumir a punição.


Isso pode ser totalmente inconcebível para nós, mas é um fato. É a parte contra quem se pecou que suporta os pecados. Não é uma terceira parte que leva nossos pecados. Uma terceira pessoa não tem autoridade ou direito de intervir.

Se uma terceira pessoa intervier, é injustiça. Somente quando a parte contra quem se pecou está disposta a sofrer a perda, é que o problema pode ser solucionado. Visto que Deus tem amor e também tem justiça, Ele não permitiria que um pecador carregasse os próprios pecados, pois isso significaria que Deus é justo, mas sem amor. A única alternativa é a parte contra quem se pecou carregá-los. Somente por Deus suportar nossos pecados é que a justiça será mantida.

Você sabe o que significa o perdão?

No mundo, nós temos perdão. Entre pessoas, há perdão. Entre um governo e seu povo também há perdão. Até entre nações há perdão. Entre Deus e o homem também há perdão. O perdão é algo universalmente reconhecido como um fato. Ninguém pode dizer que o perdão seja algo injusto. É algo que alguém concede alegremente ao outro. Mas a questão é: quem tem o direito de perdoar?


Se um irmão me roubou dez dólares, se arrepende, e eu o perdoo, isso significa que eu tenho de suportar a consequência do seu pecado. Eu assumi a perda desses dez dólares. Também como outro exemplo, digamos que você me bateu no rosto. A força foi tanta que sangrou. Se eu disser que o perdoo, desde que se arrependa, significa que você comete o pecado de bater e eu sofro a consequência do golpe.

O pecado foi cometido por você, mas eu sofro a consequência dele. Isso é perdão. Perdoar significa que alguém peca e outro sofre a consequência desse pecado. Perdão é assumir a responsabilidade da parte pecadora pela parte contra quem se pecou. Uma terceira parte não tem o direito de intervir para perdoar. Ela não pode interferir na retribuição.

Se uma terceira parte intervém para perdoar e para retribuir, isso é injustiça. Se o Senhor Jesus interferisse como uma terceira parte para substituir o pecador, poderia ser bom para o pecador e Deus também poderia não ter problemas com isso, mas haveria um problema com o Senhor Jesus. Ele não tem pecado.

Por que Ele teve de sofrer o julgamento? Somente o pecador pode suportar a consequência do pecado; ele tem o direito de assumir a responsabilidade e sofrer o julgamento pelo seu pecado. E há somente um que pode levar os pecados do pecador — aquele contra quem se pecou. Somente aquele contra quem se pecou pode assumir o pecado do pecador. Isso é justiça.


Esse é o princípio do perdão. Tanto a lei de Deus como a lei do homem reconhecem que isso é justo. O homem tem a obrigação de sofrer a perda.

Visto que o homem tem livre arbítrio, Deus também tem livre arbítrio. Uma pessoa com livre arbítrio tem o direito de escolher sofrer a perda.

Então, que é a redenção de Cristo? A obra redentora de Cristo é o próprio Deus vindo para levar o pecado do homem cometido contra Si (Deus).

Que é a obra redentora de Cristo? É Deus suportando o que o homem pecou contra Si (Deus). Em outras palavras, se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado a levar nossos pecados de maneira justa.

Jesus de Nazaré era Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados. Hoje, é Deus quem leva os nossos pecados em lugar do homem. Eis por que foi uma ação justa. Não podemos suportá-los por nós mesmos. Se fôssemos tomá-los, estaríamos acabados.


Por que, então, Deus teve de tornar-se um homem?

Já é suficiente que Deus ame ao mundo. Por que Ele teve de dar Seu Filho unigênito? É preciso perceber que o homem pecou contra Deus. Se Deus exigisse que o homem suportasse seu pecado, como o homem faria isso?

O salário do pecado é a morte. Quando o pecado induz e age, ele acaba em morte. A morte é a cobrança justa do pecado (Romanos 5:12).

Quando o homem peca contra Deus, ele tem de suportar a consequência do pecado, que é a morte. Por isso, Deus é a outra parte. Se Ele viesse e assumisse nossa responsabilidade e sofresse a consequência do nosso pecado, Ele teria de morrer.

Mas em 1 Timóteo 6:16 é-nos dito que Deus é imortal; Ele não pode morrer.

Mesmo que Deus quisesse vir ao mundo tomar nossos pecados, morrer e ir para a perdição, para Ele seria impossível fazê-lo. A morte simplesmente não tem efeito em Deus. Não há a possibilidade de Deus morrer. Portanto, para Deus sofrer o julgamento do pecado do homem contra Si, Ele teve de tomar o corpo de um homem.

Por isso, Hebreus 10:5 diz-nos que quando Cristo veio ao mundo, Ele disse: "Corpo me formaste".


Deus preparou um corpo para Cristo, com o propósito de Cristo se oferecer como oferta queimada e oferta pelo pecado. O Senhor diz: "Não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado" (v. 6).

Agora Ele oferece Seu próprio corpo para tratar com o pecado do homem. Então, o Senhor Jesus se tornou um homem e veio ao mundo para ser crucificado.

O Senhor Jesus não é uma terceira parte; Ele é a parte primeira. Por ser Deus, Ele é qualificado para ser crucificado. Por ser homem, Ele pode morrer na cruz em nosso lugar.

Devemos fazer clara distinção entre essas duas declarações. Ele é qualificado para ser crucificado porque é Deus, e pode ser crucificado porque é homem.

Ele é a parte oposta; Ele se colocou ao lado do homem para sofrer punição. Deus se tornou um homem. Ele habitou entre os homens, uniu-se ao homem, tomou o fardo do homem e levou todos os pecados do homem. Se a redenção tem de ser justa, Jesus de Nazaré deve ser Deus. Se Jesus de Nazaré não for Deus, a redenção não é justa.


Todas às vezes que olho para a cruz, digo a mim mesmo: "Este é Deus".

Se Ele não for Deus, Sua morte se torna injusta e não pode salvar-nos, pois Ele não é senão uma terceira parte. Mas agradecemos e louvamos ao Senhor, pois Ele é a outra parte.

Por isso afirmei que apenas duas partes são capazes de lidar com os pecados. Uma parte somos nós mesmos, e nesse caso temos de morrer e ir a perdição eterna. A outra parte é Deus, contra quem pecamos, e nesse caso Ele morre por nós. Além dessas duas partes, não há uma terceira que tenha direito ou autoridade para lidar com nossos pecados.

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." (João 3:16-18)

58. O telefone celular e a assembleia local

Em 2013, o discurso de vendas de Telemóvel da fabricante Apple para seu iPhone declarou: "Chame-o de melhor, mais rápido e ainda mais mundano".

Mundanismo e piedade são opostos um ao outro. É verdade que um iPhone não é mundano em si. A tecnologia não é boa nem ruim. Mas a tecnologia tem um potencial (e uma história) para causar problemas.

Em muitas assembleias locais espalhadas pelo mundo, os anciãos têm passado por um dilema, pois muitos dos crentes já substituíram o modo de usar a Bíblia no formato papel e tinta, para o modelo digital, facilmente baixado em muitos telemóveis.

Mas alguém dirá, onde está o problema em usar a Bíblia no formato digital, não é a mesma Palavra de Deus?

E até podem argumentar que, antigamente a Bíblia vinha em rolos de pergaminhos, sendo impossível cada pessoa ter uma Bíblia completa e andar com ele por aí, então onde está o problema?!


Bem, o problema não está em ter a Bíblia no formado digital em seu Telemóvel e durante a semana levar consigo para onde quiser, e até mesmo, se preferir, usá-la nas reuniões; o problema está que, no aparelho em que foi baixado a Bíblia, também tem muitas outras coisas como, as redes sociais e o WhatsApp, e nas reuniões da assembleia, o Telemóvel ficando conectado a internet, o canal fica aberto para aquele aparelho receber mensagens, vídeos, imagens e etc.

E como todo ser humano é curioso, e muitos crentes não têm domínio próprio, logo deixa de estar em espírito e comunhão na reunião e em tudo o que está acontecendo ali, e passa a olhar as novidades que acabam de chegar. Após dar uma olhadinha a sua volta para certificar-se que ninguém percebeu, seus dedos correm para responder algo ou interagir com a novidade que acaba de chegar.


Portanto, aí está o grande problema exposto, crentes estão indo para as reuniões da assembleia com suas Bíblias em seus Telemóvel, mas com ela, levam o mundo consigo, que não conseguem se desconectar nem naquela hora.

A pessoa que age assim, não só está prejudicando a si mesma, mas está dando um mal testemunho e passando a ideia aos outros crentes mais jovens e mais francos, que nas reuniões do povo do Senhor, podem agir assim.

Além de que, em muitas dessas reuniões, estão presentes os não salvos que percebem este comportamento, principalmente os filhos ainda não salvos dos crentes piedosos, que procuram estabelecer o temor do Senhor nos corações deles.

Paulo disse: "Bom é nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça." (Romanos 14:21)

A atitude correta é, querendo fazer uso da Bíblia em seu Telemóvel na hora das reuniões, desconecte-o da internet, e se limite a usar o aparelho naquilo que harmonize com o ambiente espiritual do momento.


Eu não tenho o costume de usar o Telemóvel para a leitura bíblica nas reuniões da assembleia, mas tenho uma biblioteca de comentários bíblicos nele, a Bíblia em várias versões e a Bíblia com o dicionário de Strong e outras ferramentas deste gênero para consulta e leitura quando precisar. Faço anotações bíblicas em um bloco eletrônico que existe nele.

Mas, uma coisa é você fazer uso de algo para o bem e dominá-lo, e outra é deixar que este algo domine e te leve a tropeçar.

Mas, voltando aos anciãos, eles têm um verdadeiro dilema para resolver, pois são os responsáveis pelo bom andamento das reuniões e pelo cuidado de todo o rebanho sobre que o Espírito Santo os constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. (Atos 20:28)

Quando algum crente não tem domínio próprio, seja em que área for da sua vida, e este mal afeta as reuniões da assembleia local, os anciãos tem que agir, primeiramente falando com esta pessoa e também apresentado ministérios que vá ajudar os outros a não cometerem o mesmo erro.


A Bíblia aconselha a todos os crentes, "Obedecei a vossos pastores (anciãos), e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil." (Hebreus 13:17)

Os anciãos e os irmãos que ministram o povo de Deus, fazem uso da Palavra de Deus, pois ela é útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem e mulher de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra."(2 Timóteo 3:16,17)

Mas o apóstolo Paulo diz: "se alguém não obedecer à nossa palavra…, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe." (2 Tessalonicenses 3:14)

Cada assembleia local e chamada à igreja de Deus, e os salvos ali são os santificados em Cristo Jesus e chamados santos, juntamente com todos os que, em toda parte, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso." (1 Coríntios 1:2)


Portanto, se alguém por seu mau comportamento prejudicar esse "Templo de Deus", Deus o destruirá; pois o santuário de Deus, que são vocês, é sagrado. Não se enganem. Se algum de vocês pensa que é sábio segundo os padrões desta era, deve tornar-se "louco" para que se torne sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura aos olhos de Deus. Pois está escrito: Ele apanha os sábios na astúcia deles; e também: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios e sabe como são fúteis." (1 Coríntios 3:17-20)

Cada pessoal salva deve ouvir a Deus: não ouvir uma voz do céu, mas sim, uma sensibilidade à Sua Palavra enquanto medita sobre ela e uma abertura à Sua orientação enquanto ora e busco a face de Deus.

Ouvir a Deus também inclui uma sensibilidade de consciência diante de Deus, estar pronto para mudar meus caminhos quando percebo que algo não está certo em minha vida.

Paulo poderia dizer em Atos 24:16: "E nisto me exercito, para ter sempre uma consciência limpa de ofensa para com Deus e para com os homens".


Existem problemas reais para todos nós, e precisamos apoiar uns aos outros e orar uns pelos outros.

São nas poucas horas que passamos juntos nas reuniões da assembleia local, agindo com atitudes irreverentes e impensadas que refletimos como está a nossa vida espiritual e nossa comunhão com Deus durante a semana.

No final do dia, você se pergunta:

"Para onde foi o tempo?"

Foi pelo dreno tecnológico ou produziu algo para a eternidade?

Em uma pesquisa da "bimeanalytics.com" sobre o iPhone (Telemóvel), ela diz que, 33% dos entrevistados nos EUA disseram que usam o iPhone de 30 a 49 vezes por dia. Isso é cerca de uma vez a cada 40 minutos.

Claro, não estamos falando de 30 telefonemas. Como já mencionamos, os Telemóveis se tornaram úteis para muitas coisas, desde verificar o tempo até pesquisar as Escrituras. Mas da próxima vez que você começar a ir além da Bíblia na hora das reuniões neste aparelho, pare um momento para se perguntar: "Isso realmente é urgente e necessário, vai importar daqui a uma hora ou amanhã… no ano que vem… depois desta vida?"


O Senhor Jesus disse: "Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal." (Mateus 6:33,34)

Tiago, chamando os crentes de infiéis ao Senhor, dizendo: "Crentes infiéis, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?" (Tiago 4:4,5)

Os métodos de Satanás não mudaram. Desde o início, suas táticas têm sido tentar e ostentar o desconhecido e o prazer sensual, tornando-o algo desejável - algo que você está perdendo, algo que você deveria ter, mas que Deus reteve de você.

Lembre-se de que comer daquela árvore significará um desastre e trará ruína e devastação à sua vida e de outros.

O jardim com todo o gozo das bênçãos de Deus, como deve ser as reuniões de uma assembleia local para o crente, a participação em Sua obra, a comunhão com Seu povo e a comunhão com Sua pessoa serão perdidos se você comer daquela árvore.

Lembre-se do primeiro Adão e sua queda, e honre o Último Adão (Jesus Cristo) e Seu sacrifício.


A primeira árvore significava morte certa. A árvore do Calvário significava morte. Lembre-se, também, que seu antigo eu, morreu no madeiro do Calvário.

"Assim também vós considerai-vos certamente mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça." (Romanos 6:11-13)

O mundo em que vivemos perdeu em grande parte o senso de modéstia, o respeito santo, devido a muitas coisas que veem e ouvem, incluindo publicidade, televisão e Internet.

Por favor, não contribua para este mundo que não tem respeito pelas coisas santas de Deus, e nem tão pouco vivem uma vida de piedade.

Ao fazer o que eles fazem, você tenta os outros a pecar, e isso é sério. Os homens respondem a estímulos visuais muito mais do que a maioria imagina. A modéstia é bela para um homem espiritual e de grande valor para Deus. Lembre-se disso!

Temos um Deus bom e generoso.

"Nenhum bem sonegará aos que andam retamente" (Salmos 84:11).

Deixe que seu desejo seja andar no caminho do Senhor, e o desejo do Senhor será abençoá-lo e encantá-lo além das palavras.

59. Como João Batista foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe?

Esta questão, sem dúvida, surge ao tentar entender esta afirmação à luz do ensino que temos hoje a respeito do Espírito Santo no período da Igreja.

Muitos encontram dificuldades com as palavras do anjo em Lucas 1:15 a espeito de João Batista: "Ele será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe".

Alguns têm chegado a dizer que João teve um nascimento espiritual antes do seu nascimento natural. Toda esta especulação humana é desnecessária. Há um contraste óbvio sendo feito entre ser cheio do Espírito Santo e as palavras "não beberá vinho, nem bebida forte". Este é o contraste feito por Paulo em Efésios 5:18.

Ser cheio do Espírito é estar sob o Seu controle para serviço, e é bem distinto da verdade neotestamentária de "morada" do Espírito Santos, que dependia da ressurreição e ascensão do Senhor Jesus e começou no Pentecostes (João 14:12-17).

Esta é a primeira menção do Espírito Santo por Lucas, e é um tema principal em seus dois livros.


Do livro dos Atos dos apóstolos e das cartas as igrejas locais, aprendemos que, após a conversão, o cristão é selado e subsequentemente habitado pelo Espírito Santo, é guiado pelo Espírito, pode entristecer o Espírito e extinguir o Espírito. (Efésios 1:13, João 14:6)

O estudo comparativo com o Antigo Testamento ensina que o Espírito Santo, antes de Sua descida no Pentecostes, veio "sobre" as pessoas. Isso foi para um serviço particular para Deus, como com Saul, com Davi e com o servo perfeito de Jeová, descrito na profecia de Isaías e cumprido no Senhor Jesus quando Ele iniciou Seu ministério terreno.

(Leia 1 Samuel 11:6; 16:13; Isaías 42:1; Lucas 4:18).


Outro termo encontrado antes de Pentecostes, no caso do Senhor Jesus, e depois com Estêvão (e outros), é "cheio do Espírito Santo." (Lucas 4:1; Atos 6:1, 5).

Essa expressão descreve o caráter de tais pessoas e é distinta de "estar cheio do Espírito Santo" no período da Igreja.

Mas as palavras "cheio do Espírito Santo" em relação a João Batista (Lucas 1:15), também ocorrem antes e depois do Pentecostes.

O exame revela que:

a) o verbo é passivo descrevendo uma ação feita, não "por" uma pessoa, mas "para" ela;

b) é o ajuste de uma pessoa, pelo Espírito Santo, para capacitá-la a falar por Deus.

Foi profetizado sobre João Batista, mas também foi mencionado sobre seu pai, sua mãe, os apóstolos em Atos e até mesmo sobre o cristão em sua comunicação diária com outros crentes e em seu louvor a Deus. (Leis, Lucas 1:15, 41, 67; Atos 2:4; 4:8; Efésios 5:18).


Assim, o segredo da verdade, poder e eficácia do ministério de João estava na presença e no poder do Espírito Santo dentro dele, e não no caráter rude do homem.

Quando chegou a hora de Deus para ele pregar, as palavras, o poder, e a ousadia necessária foram todas supridas pelo Espírito Santo que o encheu na época. Isso por si só pode explicar o aparente sucesso em seu serviço.

A expressão "desde o ventre de sua mãe" dificilmente poderia se referir ao enchimento do Espírito Santo desde o momento em que ele foi concebido no ventre.

Afinal, levaria tempo para ele aprender a falar; e levaria anos até que seu serviço real começasse. Mas a separação e a abnegação tão obviamente características da vida de João, começaram no nascimento.


As proibições expressas eram características do voto do nazireu, como visto em Sansão, Samuel e outros, também incumbidos desde o nascimento. Eles eram servos de Jeová criados para atender às necessidades de seus dias, assim como João.

(Números 6 fala sobre a vida e conduta de um Nazireu)


A vida de João, portanto, assim como sua mensagem, foi um testemunho contra os excessos dos líderes de Israel, a quem ele reprovou ao apresentar Cristo. Portanto, a expressão "desde o ventre de sua mãe" deve se referir à vida de abnegação que ele levaria, e não ao poder com que falaria.

A pontuação da Bíblia e a ordem das palavras foram inseridas pelos tradutores para facilitar a leitura; não foi inspirado nem no texto original.

Aqui, causou alguma confusão quanto ao tempo de início da obra do Espírito Santo em João. Também sabemos que exigiria algum momento quando João fosse "salvo" e, somente depois, "ser cheio do Espírito Santo", embora esses eventos não sejam registrados.


A Bíblia NVI traduz Lucas 1:15, assim: "Pois será grande aos olhos do Senhor. Ele nunca tomará vinho nem bebida fermentada, e será cheio do Espírito Santo desde antes do seu nascimento."

Na Bíblia Corrigida Fiel: "Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe."

Versão Católica: "Porque será grande diante do Senhor e não beberá vinho nem cerveja, e desde o ventre de sua mãe será cheio do Espírito Santo."

Na Bíblia de Darby, Lucas 1:15, está assim: "Porque (João) será grande diante do Senhor, e vinho e bebida forte não beberá, e de Espírito Santo será enchido já desde o ventre de sua mãe."


Mas Darby faz uma observação em nota de rodapé, dizendo que a expressão grega ('epi ek' – traduzida 'já desde') se refere a um momento específico, uma data; i.e.: 'desde o nascimento'.

Ele diz que são pouquíssimos manuscritos que têm: 'já dentro' do ventre. Ou seja, que João era cheio do Espírito Santo já no ventre de sua mãe. E Darby acrescenta, portanto, essa possibilidade pode ser descartada.

60. Os sofrimentos de Cristo na cruz, estão relacionados aos dos perdidos no inferno?

O que foi infinito em caráter (os sofrimentos de nosso Senhor Jesus no Calvário) e o que será eterno em duração (os sofrimentos dos perdidos no lago de fogo) devem ser cuidadosamente distinguidos. Uma consideração reverente das descrições bíblicas do Calvário indica que o Senhor Jesus suportou o julgamento absoluto de Deus. Ele tinha uma capacidade infinita de sentir e sofrer. Suas santas emoções, desanuviadas pelo pecado, registraram plenamente a tempestade que se aproximava quando Ele estava no Getsêmani.

Ele suportou a totalidade daquele julgamento na cruz. Profeticamente, Sua linguagem foi:

"Tu me afligiste com todas as Tuas ondas". 

"Todas as Tuas ondas e Tuas vagas passaram sobre mim."

Embora as águas do dilúvio fossem "contidas" nos dias de Noé, nenhuma dessas limitações restringiu a maré de tristeza que varreu Sua alma santa.

Tipologicamente, o bode expiatório, cuja morte ocorreu em uma terra desabitada, aponta para Aquele cujos sofrimentos eram incompreensíveis para a mente humana. Como poderíamos medir Seus sofrimentos quando Aquele que é a Santidade absoluta foi, ao mesmo tempo, "feito pecado por nós?"


O Salvador não apenas estava sofrendo pelos pecados de incontáveis ​​outros, mas Deus, por meio de Seu Filho, estava condenando o pecado na carne.

Os pecadores hoje no inferno e depois no lago de fogo sofrem por causa dos seus pecados e por não terem crido no Senhor Jesus como salvador pessoal. Sofrerão por uma dívida impagável, contraída por eles mesmos.

O apóstolo Paulo montra em Tito 3:5, como Deus salva um pecador perdido no caminho para o inferno, ele diz: "Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou".

Não há justiça em nós. Enquanto estávamos sem justiça e numa situação de sofrimento aqui no mundo e sem esperança, Deus teve misericórdia de nós. Graças ao Senhor que existe a misericórdia! A misericórdia origina-se no amor e termina na graça. Quando a misericórdia se estende, somos salvos. Ele teve misericórdia de nós na condição em que estávamos, e como resultado podemos ser salvos.

Em Romanos 11:32, o apostolo Paulo diz: "Porque Deus a todos encerrou na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos". Por que Deus encerrou a todos na desobediência?


Foi para que pudesse mostrar misericórdia a todos. Deus permitiu que todos se tornassem desobedientes e encerrou a todos na desobediência, não com o propósito de fazê-los desobedientes, mas a fim de mostrar misericórdia para com todos. Após ter mostrado misericórdia, Seu próximo passo foi salvá-los. Portanto, a misericórdia tem a ver com sua condição, não a condição após você ter-se tornado um cristão, mas com a sua condição antes de ser salvo. Porém, graças a Deus, que Ele não parou na misericórdia; com Ele há também a graça.

"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2:8,9)


Existe um lugar na Bíblia que nos mostra claramente que nossa regeneração é proveniente da misericórdia. A Primeira Epístola de Pedro 1:3 diz: "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos". Toda a obra de Deus na graça foi planejada de acordo com Sua misericórdia em amor. Sua graça é dirigida por Sua misericórdia, e Sua misericórdia é dirigida por Seu amor. 


É segundo a Sua grande misericórdia que Deus nos regenerou para uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. Assim sendo, tanto a regeneração como a viva esperança estão relacionadas com a misericórdia. Por existir a misericórdia, existe a graça.

Esta salvação é recebida pela fé, sem obras: "Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar? E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo." (Atos 16:30,31)

61. Os poderes de raciocínio seriam perdidos nos tormentos de um fogo literal?

As implicações da questão são tão avassaladoras que nos impedem de responder a isso de alguma maneira teórica ou filosófica. As realidades eternas só podem ser expressas pela Palavra de Deus.

O outro perigo que devemos evitar é tentar entender as experiências eternas pelas terrenas temporais. Lucas 16 nos revela um homem no inferno. Além de ter outras faculdades, ele é evidentemente capaz de pensar, lembrar, reconhecer responsabilidades e tirar conclusões. Ele se lembra de cinco irmãos. Se ele era o mais velho, isso mostra seu senso de responsabilidade pelo bem-estar deles. Ele reconhece e deduz logicamente que se seguirem o mesmo caminho que ele, também estarão no inferno.

Ele formula um plano, "Enviar Lázaro…" para avisar seus irmãos, pois Lázaro era um homem bem conhecido por ele, que também tinha morrido, mas agora estava num lugar feliz, que ele assume irá convertê-los.

Tudo isso defende a preservação do raciocínio do homem sem Deus.

Assim como o corpo foi usado pelo pecador não salvo como veículo para o pecado e, portanto, deve participar do sofrimento no lago de fogo (Apocalipse 20:11-13), a mente e o raciocínio, empregados para manter Deus à distância por toda a vida, devem ser preservados para sofrer já hoje no inferno (Marcos 9:44).

O sofrimento na terra frequentemente entorpece a mente e destrói o corpo. O Deus que impedirá a destruição dos corpos no fogo eterno, o lago de fogo, também impedirá a destruição do raciocínio.

Como é diferente a vida e o futuro de uma pessoa salva, Judas 21 diz: "Guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna".

O pecador é salvo pela graça de Deus por meio da fé no senhor Jesus. Ele não vai para o inferno, ele vai para o céu.

Este versículo em Judas 21, mostra-nos que hoje nós os salvos, devemos manter-nos no amor de Deus. Até que o Senhor venha novamente, isto é, até que Ele apareça a nós, devemos aguardar a Sua misericórdia para a vida eterna. Antes de sermos arrebatados, devemos aguardar a Sua misericórdia. Hoje, enquanto vivemos nesta terra, recebemos não apenas misericórdia, mas também graça.

Agradecemos ao Senhor que fomos salvos e pertencemos a Deus, contudo ainda há um problema.

O nosso corpo ainda não está redimido. Embora não sejamos mais do mundo, ainda estamos no mundo. É bom não pertencermos ao mundo, mas isso não é suficiente.

Cedo ou tarde, os israelitas tiveram de deixar o Egito. Cedo ou tarde, Noé teve de deixar a arca para entrar no novo período. Cedo ou tarde, Ló teve de deixar Sodoma. E virá o dia em que os cristãos terão de deixar o mundo.

Enquanto estou sendo atacado neste mundo, espero a misericórdia do Senhor Jesus. Enquanto estou sendo confrontado pelo pecado neste mundo, espero a misericórdia do Senhor Jesus.

Enquanto estou sendo esbofeteado por Satanás neste mundo, aguardo a salvação no seu sentido amplo do Senhor. Assim, enquanto estamos vivendo nesta terra e mantendo-nos no amor de Deus, esperamos o dia em que o Senhor mostrará misericórdia a nós. Portanto, é ainda necessário que a Sua misericórdia esteja sobre nós. Temos de aguardar a Sua misericórdia até o dia de sermos arrebatados.

Hebreus 4:16 exorta-nos a vir constantemente ao Senhor a fim de orar. Ao virmos orar diante do Senhor, recebemos misericórdia e achamos graça para socorro em ocasião oportuna.

Algumas versões usam a expressão obter misericórdia. Mas, na verdade, na linguagem original, a palavra não é obter. Obter é algo muito ativo. No grego, a palavra é mais passiva.

Ela deveria ser traduzida para "receber". Recebemos misericórdia e achamos graça.

Que é receber? Receber significa que tudo está aqui; está sempre pronto para uso a qualquer tempo.

Que é graça? Graça é algo que você tem de "achar", pois é algo que Deus fará. Graça é algo positivo; é algo para ser elaborado. É por isso que se diz "receber" misericórdia e "achar" graça.

Você pode ver que a Bíblia é muito clara acerca da misericórdia e da graça. Não há confusão entre ambas.

"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2:8,9)

62. A punição do homem pelos pecados é eterna?

Essa pergunta não pode ser respondida pelo raciocínio humano, mas pela revelação bíblica. Antes de respondermos a isso, precisamos entender o que são os "pecados" diante de um Deus infinitamente santo.

O pecado é errar o alvo. É injustiça, iniquidade, transgressão, ilegalidade; portanto, o pecado não pode ser tolerado e deve ser punido.

Romanos 6:23 ensina: "O salário do pecado é a morte". O pecado é, na verdade, uma afronta ao caráter de Deus. Se Deus não punir o pecado com justiça, Ele será infiel a Seu caráter.

A Palavra de Deus revela a punição eterna pelos pecados em linguagem vívida e inconfundível:

"punidos com destruição eterna" (2 Tessalonicenses 1:9);

"enviados para o castigo eterno" (Mateus 25:41);

"a sua parte será no lago de fogo que arde com fogo e enxofre para todo o sempre (Apocalipse 21:8).

Isso não é apenas punição eterna, mas punição eterna consciente, pois mesma Bíblia diz: "a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre, e eles não têm descanso nem de dia, nem de noite" (Apocalipse 14:11); e em Judas 7 lemos dos ímpios "sofrendo (presente contínuo) a vingança do fogo eterno".


A maior prova de "punição eterna" pelo pecado é oferecida nos sofrimentos infinitos de Cristo pelos pecados. A rejeição de Cristo tem consequências eternas. Se pudéssemos compreender os sofrimentos de Cristo pelos pecados, poderíamos compreender o castigo eterno dos homens em seus pecados. Os dois são Impossíveis!

O homem pensa que par escapar do julgamento eterno, ele tem que praticar boas obras e Deus pesar com seus pecados e tirar uma nota positiva.

Quais são as obras do homem? Genericamente falando, existem três coisas consideradas como obras do homem:

1) seus delitos, 2) suas realizações e 3) suas responsabilidades.


As obras más do homem são seus delitos; as boas são suas realizações e as obras que ele está disposto a assumir, suas responsabilidades.

Aqui temos três coisas: das coisas que o homem faz, as que não são bem feitas tornam-se seus delitos; as que são bem feitas tornam-se suas realizações, e as que ele promete fazer para Deus são suas responsabilidades.

Na questão do tempo, delitos e realizações são coisas do passado, enquanto responsabilidades são coisas do futuro; são coisas pelas quais um homem é responsável.

Se a graça de Deus que pode salvar o homem pela fé, é Deus trabalhando pelo homem pecaminoso, fraco, ímpio e desamparado, imediatamente vemos que a graça de Deus e o delito do homem não podem ser unidos.

Tampouco pode a graça de Deus ser unida às realizações e responsabilidades do homem. Quando a questão do delito entra em cena, a graça não existe. Quando a questão da realização entra em cena, a graça também não existe. De semelhante modo, onde houver a responsabilidade, a graça não existirá. Se a graça de Deus é de fato graça, os delitos, as realizações e as responsabilidades não podem ser misturados a ela. Sempre que os delitos, as realizações e as responsabilidades são adicionados, a graça de Deus perde suas características.

"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." (Efésios 2:8,9)


A primeira característica da graça de Deus é que ela não está relacionada com os maus procedimentos do homem. A graça de Deus é concedida ao homem pecaminoso, aos pecadores desamparados, baixos, fracos e impiedosos. Se a questão do delito surge e se está determinado que aqueles com pecado não terão graça, então a graça está fundamentalmente anulada. A graça de Deus nunca pode ser retida simplesmente porque o homem pecou. A graça de Deus não pode ser reduzida nem quando os pecados do homem aumentam. Isso nunca pode ocorrer.

A mente do homem, estando cheia da carne, está preenchida com o conceito da lei. Podemos achar que os bem-sucedidos podem receber graça, mas nós, pecadores e sem realizações, estamos desqualificados para receber graça. No conceito do homem, delito e graça estão em extremos opostos. No conceito do homem, graça somente vem onde não houver delito. Se você disser a alguém que tem alguma consideração por Deus, que Deus o amou e deu-lhe graça, ele imediatamente vai querer saber como isso pode ser verdade, uma vez que ele tem cometido tantos pecados.


O conceito do homem é que a graça pode ser recebida somente quando não há delito. Ele não consegue perceber que isso está totalmente errado.

Por quê? Porque o delito dá a melhor oportunidade para a graça operar. Sem delito, a graça não tem oportunidade de manifestar-se. Além de ser incapaz de impedir a graça, o delito é a condição necessária para a graça ser manifestada.

Da mesma forma, nossa insuficiência diante do Senhor não é um impedimento para a graça. Pelo contrário, a nossa pobreza é uma condição para recebermos graça. Se não estivermos muito pobres, não estaremos desejosos de receber graça.

Todos já se deparam com algum mendigo. Eles andam por toda parte, e são muito pontuais onde lhes dão esmolas. Quando se aproximam e você lhes dá uma ou duas moedas, eles sorriem e pegam-nas.


Mas, que ocorreria se você oferecesse uma moeda a qualquer homem ou mulher que estivesse bem vestido e que tivesse uma boa educação, e dissesse: "Tome aqui, pegue isto. Arranje mais duas moedas e poderá comprar um salgadinho na padaria"? Certamente ele ou ela não aceitariam; e não somente não aceitariam, mas considerariam isso um insulto. Portanto, ser pobre é uma condição para receber graça; de fato, é a condição mais necessária.


Note o que Paulo diz: "Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna." (Tito 3:3-7)

63. O tormento do homem em Lucas 16 é físico (ou apenas mental)?

A noção de que o tormento mental é menos intenso do que o mental e o físico, combinados é falho.

Alguns falam da agonia em Lucas 16 como "somente sofrimento mental", procurando assim minimizar sua intensidade. Esta é uma má compreensão fatal da natureza do homem.

Paulo considerava as percepções mentais, dentro ou fora do corpo, indistinguíveis. Assim, em 2 Coríntios 12:3, ele não conhecia seu estado: "se no corpo, ou fora do corpo, não sei".

No entanto, ele ouviu palavras tão sublimes e sagradas que estavam além da compreensão humana normal. As alturas da emoção humana, seja de alegria ou tristeza, podem ser alcançadas sem a ajuda do corpo físico. Claramente, não importa que a alma esteja separada de um corpo enquanto suporta o terrível terror do inferno.


Tão semelhante é a experiência da alma sem o corpo que o Senhor Jesus relata que o homem em (Lucas 16:23-24), levantou os olhos, e vê Abraão num lugar feliz, enquanto ele estava suportando uma terrível agonia, estava sentindo sede e calor porque queria água para refrescar sua língua, e sentiu que estava sendo atormentado nesta chama.

O horror do inferno (Hades) em Lucas 16 não é menos terrível do que o sofrimento quando a alma e o corpo são reunidos no lago de fogo no juízo final (Apocalipse 20:13).

Mas, aqueles que ainda estão vivos, podem ser salvos e não perecer no inferno.

Romanos 5:20 diz-nos que "onde abundou o pecado, superabundou a graça".

A Palavra de Deus mostra-nos que onde estiver o pecado, ali estará também a graça. Onde o pecado abundar — não que ele tenha realmente abundado, pois todos os homens pecam semelhantemente, mas onde o pecado tenha-se manifestado mais abundantemente — a graça de Deus abunda ainda mais.


A palavra abundar na linguagem original tem a ver com a ideia de transbordar. Não sei se você já esteve à beira-mar ou à margem de um rio. Quando a maré alta vem, uma marca é deixada na praia ou margem. Mas se vier uma enchente esta ultrapassa a marca. Quando a água alcança a marca, dizemos que há somente uma elevação normal da maré, mas se a água sobe acima da marca há uma enchente. Isso é o que significa abundar.

O pecado é tão grande, mas a graça é maior e até mesmo cobre o pecado. O pecado é grande, mas a graça é ainda maior e cobre o pecado. Esta é a graça de Deus. O homem tem o estranho conceito de que para receber graça, deve estar sem pecado ou delito. Mas isso não existe. Embora nossos delitos sejam muito sérios e possam elevar-se muito, a graça de Deus se eleva ainda mais. Uma vez que a graça de Deus está aqui para lidar com o problema dos delitos, os delitos não são mais um problema.


Qual é a essência da graça de Deus?

A graça de Deus é simplesmente Deus vindo à posição do pecador para tomar sobre Si a consequência dos pecados do pecador.

Se não tivermos qualquer delito, não necessitamos de que Deus faça qualquer coisa por nós e, como resultado, não necessitamos da graça de Deus. Mas por termos pecado e por termos problemas, Ele tem de vir e solucionar nossos problemas. Portanto, necessitamos da graça.

Se eu digo: "Uma vez que pequei, não posso receber graça" é como dizer: "Por estar doente demais, estou muito envergonhado para ver o médico. Eu o verei quando minha temperatura tiver abaixado um pouco".

Visto que não há tal paciente no mundo, tampouco deve haver tal pecador no mundo. Assim sendo, nossos delitos são a condição para recebermos a graça de Deus.


Paulo deixa isto muito claro em Romanos 5: "Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação." (Romanos 5:6-11)

64. Poço assistir a um musical de uma denominação, fora do culto da “igreja”?

Aqueles que realizam serviços "fora da igreja" os consideram um "ministério".

Assistir a eles é associar-se a "um ministério" que usam métodos não guiados pelas Escrituras. Isso implica que os caminhos de Deus falharam em fornecer suficientemente para nossa edificação.


Nos tempos do Antigo Testamento, os israelitas adoravam em dois tipos de altos: aqueles que faziam adoração de ídolos (1 Reis 12:32); outros por adorarem ao Senhor (2 Crônicas 33:17), o que lhes parecia um tanto justificado (1 Reis 3:2).

Jeová não aprovou nenhum dos dois.

Toda a adoração deveria ocorrer no local e da maneira prescrita por Deus (Deuteronômio 12:13-15).

Agora, no Novo Testamento, ao nos chamar para Si mesmo e para tudo o que expressa Seu caráter, Deus nos separou de tudo o que Ele não ordenou.

Isso inclui reuniões marcadas por:

  • a) Licenciosidade, que é perversão das Escrituras (1 Coríntios 10:21,22; 2 Coríntios 6:17),

  • b) Legalismo, que põe as regras acima de Deus (Hebreus 13:13)
  • c) Ou denominacionalismo (1 Coríntios 1:11-13).

O Senhor Jesus, Aquele que anda no meio dos candeeiros de ouro, tem o conhecimento de todas as necessidades espirituais coletivas nas reuniões da assembleia local e as suprirá.

Antes de termina, ainda gostaria de fazer uma pergunta sobre um outro assunto, e concluir com uma explicação para você refletir.

Qual você pensa ser maior: O Filho de Deus ou a nossa salvação? O Filho de Deus é mais precioso, ou a vida eterna que recebemos é mais preciosa?

Porque somos carnais, pensamos que o Salvador não é tão importante e que a vida eterna é mais importante que o Salvador. Enquanto temos vida eterna, tudo está certo. Não estamos tão preocupados com o Salvador; mas aos olhos de Deus, o Salvador é mais precioso. Ele é mais precioso que a nossa vida eterna. O Filho de Deus é mais precioso que a vida eterna que recebemos.


Assim, Romanos 8:32 nos diz que se Deus não poupou a Seu próprio Filho, antes, por todos nós O entregou, porventura não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas?

Se Deus quis dar Seu Filho por nossos pecados e se Ele quis dar-nos esse Filho gratuitamente, pensaria Ele em nos tomar a vida eterna após algumas considerações?

Suponha que um irmão me deva dez mil dólares e não possa pagar essa quantia.

Se sou um homem rico, eu posso dizer-lhe: "Você não tem condições de me pagar seu débito, mas sou compassivo. Aqui estão dez mil dólares. Tome-os e me pague seu débito".

Depois disso, temos de tomar um comboio para o cais. A passagem custa oito centavos por pessoa, mas ele tem apenas sete centavos. Ele pode dizer-me: "Você pode dar-me uma moeda, pois me está faltando um centavo?" Eu não só tenho muitas moedas, como também notas de dinheiro e outras economias.


Contudo, eu lhe peço que me devolva o dinheiro. Digo-lhe que deve pagar-me primeiro.

Você não acharia estranho eu fazer isso? Ontem dei a ele dez mil dólares. Hoje não quero emprestar-lhe nem uma moeda.

Que é isso? Provavelmente você diria que tenho febre alta e estou doente. Por que eu não me importaria com dez mil dólares, contudo ficaria preocupado com uma moeda?

Se por Seu grande amor Deus nos deu Seu Filho unigênito, discutiria Ele conosco sobre a salvação que recebemos?


Devemos lembrar-nos de que a diferença entre uma moeda e dez mil dólares é insignificante diante da diferença entre a vida eterna e o Salvador, entre a vida e o Senhor da vida, entre a salvação que recebemos e o Filho unigênito de Deus.

Uma vez que Deus nos deu Seu Filho unigênito, como pode Ele pedir a salvação de volta?

Ter tal pensamento não é apenas ignorância e falta de entendimento da graça e do amor de Deus, mas total insanidade mental. Somente os que têm mente obscurecida e insana diriam tal coisa.

Graças a Deus, Ele nos deu Seu Filho e não O pedirá de volta. Além de Seu Filho, Ele nos deu muitas outras coisas, tais como vida eterna e salvação.


Deus nos deu Seu Filho e a vida eterna também. Se Ele não pode reclamar Seu Filho de volta, então Ele também não pode reclamar a vida eterna que recebemos. Assim, de acordo com a graça de Deus, é impossível perder a salvação e a vida eterna que recebemos. Essa é a palavra clara de Deus a nós.


O Senhor Jesus disse aos Judeus religiosos da sua época: "Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um. Os judeus pegaram então outra vez em pedras para o apedrejar." (João 10:26-31)

65. Como lidar com os convites dos amigos para seus “cultos” denominacionais?

Paulo ensina que não pode haver comunhão entre as coisas de Deus e as coisas deste mundo, pois lemos em 2 Coríntios 6:14-17: "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor. "

Retornar à congregação do denominacionalismo, desobedece esta instrução.

Nenhuma explicação de não irmos a seus "cultos" é passível de ser compreendida por eles. Apontar características não bíblicas dessa congregação provavelmente ofenderá esse amigo.

Em vez disso, antecipe um convite recíproco. Ore por graça para responder de uma maneira gentil e humilde. Expresse uma sincera apreciação e compreensão de seu convite. Certifique-se de que ele entenda que você valoriza sua amizade e companhia em contextos que não comprometam suas convicções. Esteja aberto à discussão, mas direcione a conversa para a questão principal entre vocês, a necessidade da salvação de Deus pela graça de Deus mediante a fé.

Deixe-o saber que preocupações espirituais, e não sociais, motivaram seu convite.

Como a salvação da maioria das religiões do mundo, são pelas obras humanos, pode perguntar para este amigo se Deus salvar-nos é um acidente ou um ato proposital?

E pode reforçar o assunto com outra pergunta: a salvação de Deus é como as duas moedas que um homem dá a um mendigo ao cruzar com ele na rua, ou Deus está propositadamente procurando um homem a quem Ele possa dar "dinheiro" salvação?


A salvação de Deus é um acidente ou ela está de acordo com um plano determinado?

Os que não entendem a salvação, podem pensar que a salvação de Deus é acidental. Mas os que compreendem a Bíblia e conhecem Deus percebem que a salvação de Deus não é acidental. Pelo contrário, foi planejada há muito tempo com um plano definido.

Romanos 8:29 diz: "Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho". O versículo 30, uma palavra explicativa, diz: "E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou". A salvação sobre a qual estamos falando envolve todas as coisas mencionadas nos versículos 29 e 30.

A história da nossa salvação começou com a justificação, no versículo 30. Fomos salvos quando fomos justificados. Sabemos apenas que cremos em Jesus e que fomos salvos e justificados. Pensamos que a justificação é nosso primeiro encontro com Deus. Pensamos que a primeira vez que tocamos Deus em nossa vida foi quando fomos justificados. Mas a Bíblia diz que Deus nos tocou há muito tempo. Ele conheceu-nos há muito tempo. Nossa justificação veio mais tarde. Deus conheceu-nos primeiro.

Alguns têm dito que Romanos 8:29-30 é a única corrente em toda a Bíblia. É uma corrente de elos diversos. Essa é a corrente mais preciosa e completa. O primeiro elo dessa corrente é o conhecimento prévio de Deus no tocante ao homem. O segundo é nossa predestinação para sermos conformados à imagem de Seu Filho. O terceiro elo é o chamamento dos que foram predestinados. A justificação dos que foram chamados é o quarto elo. O quinto é a glorificação dos que foram justificados. É uma série de interligações. Nós pensamos que conhecemos Deus à época em que fomos salvos e justificados. Mas a Bíblia diz que antes de sermos salvos e justificados, Deus já nos conhecia.

Aqueles que Deus conheceu há muito tempo, Ele marcou. Ser marcado significa ter em nosso nome uma marca de identificação, indicando que Ele nos reivindica para Si. Para que propósito fomos marcados? Para que venhamos a ser como Seu único Filho, Jesus Cristo. Ele não quer apenas um Filho, Jesus Cristo; Ele veio marcar-nos para que fôssemos idênticos ao Seu Filho. Assim, os que foram marcados foram chamados. Os que foram chamados são os conhecidos por Ele; são também os que foram marcados por Ele. Então, Ele chamou os que conheceu e marcou-os. Após chamá-los, Ele os justificou.


Se a justificação é o primeiro passo no relacionamento de um cristão com Deus, então não há mais motivo para que sejamos justificados novamente no futuro. Se apanho duas moedas hoje e as atiro no fogo amanhã, isso não é uma grande perda para mim. Não ser justificado é, sem dúvida, uma perda para o homem. Porém, Deus não sofre perdas. No entanto, temos de saber que a história de nosso relacionamento com Deus não começa na justificação e salvação.

Antes, ela começa na presciência de Deus. A presciência de Deus é o princípio de todas as coisas. Ser predestinado é o segundo passo. Então, ser chamado é o terceiro passo. Somente após o terceiro passo é que temos a justificação. Se perdêssemos nossa justificação e nos tornássemos pecadores novamente, deveríamos questionar a onisciência de Deus.

Uma vez que Deus nos conheceu de antemão e nos predestinou, como podemos ainda perecer após sermos salvos?

Uma pessoa predestinada por Deus nunca pode ser lançada no inferno e queimada como se fosse um pedaço de madeira.

Para nós, tomar uma decisão é uma coisa simples porque mudamos mui facilmente.


Num minuto podemos estar no céu e no minuto seguinte, no inferno. É possível que mudemos uma vez por dia nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano. Mas como Deus é Deus, Sua presciência e predestinação não podem ser abaladas. O Deus que conhecemos e a quem adoramos não pode mudar coisa alguma que Ele tenha decidido. Por Ele ter a presciência, a predestinação e o chamamento, nossa justificação é eterna. Para nós, é uma coisa pequena perder nossa justificação.

No entanto, para Deus é uma grande coisa perder Sua presciência. Para nós, perder nossa justificação não significa muito. N

o entanto, para Deus seria algo sério cometer um erro em nos conhecer antecipadamente, nos chamar e não nos justificar. Deus não pode anular a justificação sem afetar Sua presciência, predestinação e chamamento. Se retirarmos um elo, os outros três elos não permanecerão. Se perdêssemos nossa salvação, a presciência, a predestinação e o chamamento de Deus seriam todos anulados.

Complementando, há outro item.

O Senhor diz: "E aos que justificou, a esses também glorificou" (v. 30).


A não ser que Deus introduza na glória os que Ele justificou, Sua obra não está completa. Se não pudermos entrar no novo céu e na nova terra e se não pudermos entrar na glória eterna, a obra de Deus não é completa. O último elo da obra de Deus é a glória. Até estarmos na glória, a obra de Deus não é completa. Essa é a Palavra de Deus. Que você está fazendo com ela? Não podemos colocá-la de lado. Deus diz que os que Ele justificou entrarão na glória incondicionalmente. Ele não diz que os que foram justificados entrarão na glória se praticarem boas obras. Ele não diz que aqueles cujas obras são aprovadas podem entrar na glória.


Nem diz que os que Ele justificou devem ser considerados salvos pelo homem antes que possam entrar na glória. Não há tais condições. Todas as coisas que são mencionadas aqui estão relacionadas com Deus. Foi Deus quem nos conheceu de antemão. Foi Deus quem nos predestinou. Foi Deus quem nos destinou para sermos como Seu Filho e conformados à imagem do Filho. Foi Deus quem nos chamou e nos justificou. É Deus também quem nos introduzirá, os justificados, na glória. Novamente, é Deus quem nos introduzirá no novo céu e na nova terra para herdarmos a glória eterna.

66. Em quanto tempo a 70ª semana de Daniel começará após o arrebatamento?

Quando a era da Igreja, que esta no parêntese entre a 69ª e a 70ª semana (Daniel 9:24-27), estiver completa, o arrebatamento acontecerá.

A remoção dos santos da Igreja sinaliza o início dos eventos proféticos relacionados a Israel. Então o relógio profético de Israel começará a funcionar.

Daniel 9:27 indica que a confirmação da aliança com muitos (Israel) por uma semana começa na 70ª semana.


O templo também será reconstruído (2 Tessalonicenses 2:3,4; Daniel 9:27).

Ambos implicam um possível lapso de tempo entre o arrebatamento e o início da 70ª semana, embora nenhum tempo específico seja mencionado.

Acontecimentos mundiais recentes na arena política aconteceram rápida e inesperadamente.

Portanto, podemos facilmente concluir que com rapidez tais eventos podem ocorrer depois que a Igreja estiver em casa na glória.

Com tudo isto em vista, podemos ver que impossível perder a salvação.

Quando fomos salvos, Deus não apenas nos regenerou e nos deu vida eterna, mas Ele nos fez um espírito com o Senhor. A Primeira Epístola aos Coríntios diz-nos que não somente nos tornamos um espírito com Cristo, mas nos tornamos membros do Seu Corpo (1 Coríntios 12:27).


Em 1 Coríntios 6:15 temos a mesma palavra. Essa passagem diz que nosso corpo é membro de Cristo. Assim, quando um incrédulo é salvo, ele não apenas recebeu regeneração e vida eterna de Deus, mas, ao mesmo tempo, foi unido ao Corpo de Cristo para se tornar um membro do Corpo de Cristo. A Bíblia diz que nós somos o Corpo de Cristo.

Se Deus nos salvou um a um em Cristo e se Cristo morreu por nós, purificou-nos de nossos pecados, deu-nos vida eterna e nos levou a ter um relacionamento de vida com Ele para nos tornar Seus membros, qual é nosso fim? A salvação inclui ser um membro do Corpo de Cristo.

Se perecêssemos, qual seria o fim? O fim seria que o Corpo de Cristo seria mutilado. Este Corpo teria uma orelha a menos ou metade de um nariz. Teria um dedo da mão ou do pé a menos. O Corpo de Cristo é uma verdade definitiva na Bíblia. Ele é uma coisa concreta. Se nos tornamos um corpo com Cristo após termos sido salvos, o perecer de uma pessoa significará a perda de uma parte do Corpo de Cristo, e o Corpo de Cristo será mutilado.


Certa vez, uma escrava negra estava trabalhando na casa de uma família branca. A dona da casa era uma cristã nominal, mas a mulher negra era uma cristã genuína. O dia todo a escrava cantava jubilosamente. A patroa ficava aborrecida, tão aborrecida com as canções alegres que ela não podia deixar de perguntar por que a escrava estava tão contente.

A mulher lhe disse: "A senhora não sabe que Deus enviou Seu Filho, Jesus Cristo, para nos purificar de todos os nossos pecados? A senhora não sabe que estaremos com Deus no futuro? Por que, então, não estaria me regozijando?"

A senhora perguntou: "Como você sabe que estará com Deus no futuro? Que acontece se você se perder?"

A escrava disse: "O Senhor Jesus nos disse que o Pai é maior do que tudo. Estou nas mãos de meu Pai. Essas mãos estão me sustentando e preservando. Como posso perder-me?"


A senhora ponderou a esse respeito por um tempo e, então, disse: "Como você é tola! Se Deus é maior do que tudo, quão grandes Suas mãos serão! Se as coisas podem escorregar por entre seus dedos, então as coisas podem escorregar por entre os dedos Dele também. Visto que Suas mãos são grandes, o espaço entre Seus dedos deve ser grande também. Se você escorregar por entre Seus dedos, Ele nem mesmo notará.

Você diz que as mãos Dele a protegerão. Mas Deus é tão grande e você é tão pequena. Não há comparação entre você e Deus. Se você escorregar da mão de Deus, Ele nem perceberá".

A escrava respondeu: "A senhora não entende. Não estou somente em Suas mãos, eu sou um pequeno dedo da Sua mão. Se apenas estivesse em Sua mão, Ele poderia nem notar quando eu escorregasse.

Mas se sou um dedinho na mão de Deus, como posso escorregar?"

Portanto, se um pecador creu em Cristo como salvador pessoal e se tornou cristão, ele é membro do Corpo de Cristo e um pequeno dedo na mão de Deus. Se sou um membro do Corpo de Cristo, como membro, Deus nunca me permitirá escorregar. Sou grato ao Senhor hoje, porque eu não posso me perder nunca.

67. No livro de Apocalipse, quem são os 24 anciãos?

Os intérpretes identificam os 24 anciãos como angelicais ou humanos. A primeira visão, em Apocalipse 4:4, os vê como uma classe especial de 24 administradores angélicos intimamente ligados aos quatro seres viventes e formando parte do conselho executivo do céu.

Outros os consideram um símbolo da humanidade redimida, pois cantam: "Tu nos redimiste…" (Apocalipse 5:9).

Por causa da incerteza textual deste versículo, "Tu nos redimiste…", o pronome "nós" provavelmente deveria ser omitido e seria lido assim: "Tu redimiste…".

"E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue, compraste para Deus de toda a tribo, e língua, e povo, e nação." "Apocalipse 5:9)

No próximo versículo 10, certamente devemos ler, "os fez reis e sacerdotes" e "eles reinarão".

Portanto, os anciãos não estão cantando sobre sua própria redenção, mas sobre a dos outros.


Existem, no entanto, alguns recursos de compensação.

Em número, são 24 (um número sacerdotal, 1 Crônicas 24); no vestido, eles estão de branco; em posição, eles estão sentados em tronos; em dignidade, eles são coroados.

Significativamente, tudo isso já foi dito dos santos desta era atual (capítulos 1 a 3).

Somos sacerdotes (Apocalipse 1:5); como vencedores, temos a promessa de vestes brancas (Apocalipse 3:5), coroas (Apocalipse 3:11) e assentos em tronos (Apocalipse 3:21).

Talvez com toda essa semelhança desses marcadores, fica fácil de perceber que os capítulos 1 a 3 retratam os santos em testemunho na terra, enquanto os capítulos 4 e 5 mostram o mesmo grupo em triunfo sob a figura dos 24 anciãos.


Na Bíblia, vemos que há um relacionamento entre o Senhor Jesus e Deus, e que há um relacionamento entre o Senhor e nós. Muitos cristãos não viram claramente o relacionamento entre Deus, o Senhor Jesus e nós, os pecadores. Por isso, eles se confundem e pensam que podem perder a salvação. Há uma palavra maravilhosa na Bíblia que diz que nós, cristãos, os pecadores já salvos, somos os presentes dados por Deus ao Senhor Jesus (João 17:6).


O Pai e o Filho estão presentes nesse versículo. O Pai deu como presentes ao Senhor Jesus as pessoas salvas. Se Deus nos deu como presentes ao Senhor Jesus, será que ainda há possibilidade de perdermos a salvação? Temos de considerar a questão sob dois ângulos.

Por um lado, Deus nos deu ao Senhor Jesus como presentes. Se nos fosse possível perecer e perder a salvação, se nossa salvação não fosse eterna, o fato de Deus dar-nos ao Senhor Jesus se tornaria uma brincadeira com o Senhor. Seria como uma mãe dando bolhas de sabão ao filho.


Você já brincou com bolhas de sabão? Mergulha-se um canudo em água com sabão, sopra-se no canudo e as bolhas aparecem. Sabemos que essas bolhas desaparecerão em poucos minutos. Mas quando as vê, a criança vibra, pensando que a bolha é uma grande diversão; ela não sabe que a bolha logo estourará.

Se Deus não fosse onisciente, ser-nos-ia possível perecer porque Deus não saberia se nossa salvação seria temporária ou permanente. Mas Deus é onisciente; Ele saberia se fôssemos salvos eterna ou temporariamente. Se Deus não fosse onisciente, seria possível que Ele nos desse como uma bolha de sabão ao Senhor Jesus.


Mas se Deus é onisciente, Ele deve saber que após três ou cinco anos essa bolha estourará. Sendo assim, Ele simplesmente estaria dando ar ao Senhor Jesus, e não um presente. Deus é um Deus eterno; tudo o que Ele faz é eterno. Se Deus nos dá como dádiva ao Senhor Jesus, Ele não pode considerar isso uma prenda sem valor.

Em segundo lugar, se Deus fizesse isso, causaria um problema ao Senhor Jesus também. Suponha que Ele nos tenha dado ao Senhor; entretanto, três ou cinco anos mais tarde, perecemos e perdemos a salvação. Em nosso conceito, nós a teríamos perdido.

Mas de quem seria a culpa de a termos perdido? Você poderia culpar o presente dado por Deus por ser corruptível, como também poderia culpar o Senhor Jesus de não ser capaz de cuidar desse presente. Muitas vezes, as pessoas enviaram-me bons presentes. Quando estive longe de casa, perdi um deles ou o danifiquei. Posso culpar o presente por ser frágil ou a mim mesmo por ser descuidado em guardá-lo. Deus disse ao Senhor Jesus que deu essas pessoas a Ele.


Que aconteceria se um dia essas pessoas se perdessem? Não poderíamos culpar somente Deus por dar ao Senhor Jesus um brinde sem valor, mas deveríamos também culpar o Senhor Jesus por não ser capaz de guardar aqueles que Deus Lhe deu.

Em João 17:6, o Senhor Jesus disse ao Pai: "Manifestei o Teu nome aos homens que Me deste do mundo. Eram Teus, Tu mos deste e eles têm guardado a Tua palavra". Todos os salvos foram dados e presenteados por Deus ao Senhor Jesus. O versículo 9 diz: "Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo". O Senhor Jesus não orou pelo mundo, mas "por aqueles que Me deste, porque são Teus". Assim, nós, cristãos, somos os presentes dados por Deus ao Senhor Jesus.

O versículo 12 diz: "Quando Eu estava com eles, guardava-os no Teu nome, que Me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição".


Na oração do Senhor, Ele disse que havia guardado todos os que Deus Lhe dera. Havia apenas um filho da perdição, que foi Judas. Judas jamais creu; desde o princípio ele era o filho do inimigo e nunca foi salvo. O Senhor Jesus disse que, exceto Judas, não pereceu nenhum dos que Deus Lhe dera.

68. Como respondo àqueles que dizem não haverá arrebatamento ou milênio?

O ensino claro e literal da Palavra de Deus é convincente neste assunto. 

  1. O arrebatamento, que significa "arrebatado", é ensinado claramente no Novo Testamento. O Senhor Jesus mencionou isso em João 14:1-3.

  1. Em 1 Coríntios 15:51-57, Paulo ensina que os mortos em Cristo ressuscitarão com corpos incorruptíveis e os vivos (mortais) se revestirão da imortalidade e serão arrebatados juntamente (1 Tessalonicenses 4:13-17).
  2. Após ao arrebatamento, seguem-se Sete anos terríveis, quando a ira de Deus será derramada sobre a terra (Mateus 24:21).
  3. Isso termina quando o Senhor desce à terra em poder e grande glória (Apocalipse 19:11-21).
  4. Ele banirá Satanás para o abismo por mil anos (Apocalipse 20:2).
  5. Este reinado milenar de Cristo na terra é descrito em detalhes no Antigo Testamento.
  6. (Isaías 11; Jeremias 31:31; 40; Ezequiel 40-48; Zacarias 8-14).
  7. Em Apocalipse 20:4-7, os 1000 anos são mencionados seis vezes.
  8. Após os 1000 anos, Deus criará o Novo Céu e a Nova Terra para Seu reino eterno. (2 Pedro 3:10-13)


A única maneira de fazer parte deste arrebatamento é ser salvo, mas como pode ser isto?

Lemos em Efésios 2:8 e 9: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie".

Aqui ela nos diz que a salvação é absolutamente pela graça e mediante a fé. A palavra mediante significa atravessar. É como dizer que a luz elétrica brilha pela eletricidade e mediante o fio condutor. É também como dizer que a água da torneira vem do reservatório no departamento de águas e mediante os encanamentos. O homem é salvo pela graça, mas o canal mediante o qual a salvação vem a nós é a fé. O canal não são as obras, mas a fé. É mediante a fé e nada tem a ver com as obras. Não é adicionar a fé às obras. É preciso saber que a fé e as obras são basicamente opostas entre si. A graça do Senhor Jesus é baseada no amor de Deus. Quando cremos, a graça e o amor fluem para dentro de nós. Como resultado, somos salvos, temos vida, e somos justificados. Nada disso é transmitido a nós por meio das obras.


Graças ao Senhor que não é por causa das obras! Por que deveria sê-lo?

A resposta aqui é que ninguém deve vangloriar-se. O que Efésios 1 nos diz é que Deus quer ter toda a glória. É por isso que Ele faz toda a obra.

A glória só pode ir para aquele que realizou a obra. Não existe tal coisa no mundo, como alguém trabalhar e outro receber a glória. Os que trabalham merecem o pagamento. Quem quer que trabalhe, este mesmo recebe a glória. Por que Deus fez toda a obra de nos salvar? É para que Ele tenha toda a glória. A razão de Deus nos ter concedido a graça é que Ele receba toda a glória. Ele não quer que trabalhemos para que não nos vangloriemos. Vangloriar-se é glorificar a si mesmo. Se fizermos qualquer coisa que mereça alguma glória, não agradeceremos nem louvaremos a Deus diante Dele. Imediatamente diremos: "Sem dúvida, a salvação é concedida a mim por Ti. É a Tua obra. Mas acrescentei minha parte a ela. Se não tivesse acrescentado minha parte, não seria como sou hoje". O homem gosta de superestimar seus próprios méritos.


Ele gosta de enfatizar suas próprias virtudes.

Se Deus dissesse que cumpriria noventa e nove por cento da obra da salvação e que deixaria um por cento para nós, este um por cento silenciaria os céus. Os anjos não louvariam mais, e as pedras não clamariam mais. Em vez de as pedras se tornarem os filhos de Abraão, os filhos de Abraão tornar-se-iam as pedras, pois de cem por cento, alguns reivindicariam um por cento.

Eles, então, contariam a maravilha de sua própria obra e diriam: "Eu passei por aquilo desta maneira ou daquela maneira. Como você conseguiu passar? Qual foi sua contribuição?"

Cada um estaria se gabando de sua própria obra e Deus não teria possibilidade de obter a glória.

Isso significa que podemos ser relaxados e que não precisamos mais fazer o bem?

Efésios 2:10, explica: "Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas".

Os versículos 8 e 9 nos mostram o que Deus fez por nós objetivamente.

O versículo 10 imediatamente nos mostra as questões subjetivas. Deus não nos salvou de maneira tola. Ele nos deu nova vida, nova natureza e novo espírito interiormente. O Senhor Jesus está vivendo em nós por meio do Espírito Santo e nos preparou para toda boa obra. Lembre-se de que Deus não incluiu essas boas obras nos dois versículos anteriores. Não importa quantas boas obras você tenha feito após ser salvo.

A salvação ainda provém da graça. Não importa quão rápido você avance espiritualmente, pois a salvação ainda provém da graça gratuita do Senhor Jesus. Mesmo que tenha uma obra como a de Paulo, um resultado como o de Pedro, amor como o de João, e sofrimento como o de Tiago — mesmo que tenha todas estas quatro coisas — você ainda é salvo por meio da graça gratuita. No futuro, embora sua obra possa mostrar que é salvo, ela jamais será sua condição para salvação. Minha fé não significa muito. Ela é apenas um receptor da obra de Deus.


O homem não é salvo por obras. Ninguém pode argumentar contra isso. Mas o homem é muito miserável.

Por ser seu coração obscurecido e cheio de pecado, por ser sua carne má e cheia da lei, embora ele reconheça a fé, ele pressupõe que deve também adicionar obras. O homem não vê que é depois de ser salvo pela fé que alguém tem as obras. A salvação nada tem a ver com obras. Não estou dizendo que não precisamos das obras. Nós damos atenção à obra. Contudo, essa não é a condição para a salvação. A salvação é um problema totalmente diferente. Não devemos esquecer que a Bíblia diz que se dermos mesmo uma pequena atenção à obra, a graça de Deus é anulada (Gálatas 2:21).

Uma vez que é graça, ela deve provir somente da fé e não da obra.

69. Qual é a consciência e a ocupação atual dos crentes que já morreram?

Embora a Bíblia não aborde esse assunto em detalhes, podemos tirar várias conclusões:

Os crentes no céu são muito felizes (Apocalipse 14:13).

Eles estão com Cristo, contemplando Aquele que os amou e se entregou por eles; eles estão muito melhor em um lugar tão maravilhoso (Filipenses 1:21, 23).

Eles não têm mais a carne e a provação do sofrimento que tanto os incomodava na terra (Romanos 7:24, 25a).

Descansam de seus trabalhos até o Arrebatamento, quando recebem corpos glorificados nos quais começarão seu serviço eterno a Deus (Apocalipse 14:13; 22:3, 4).

Eles reconhecem os outros e conversam entre si (Lucas 13:28; Mateus 17:4; Lucas 16:24).


Falando sobre consciência, será que é verdade que todo ser humano têm uma consciência?

Certamente todos têm uma consciência. Contudo, algumas consciências estão obstruídas e a luz de Deus não pode entrar. Algumas consciências são como uma janela de cozinha que tem uma espessa camada de sujeira sobre ela. Por ela você pode ver a sombra de um homem movendo-se, mas não pode ver o homem claramente. Se a sua consciência não puder receber a luz de Deus, você estará despreocupado e alegre. Mas no momento em que ouvir o evangelho e vir seus próprios pecados, sua posição diante de Deus e o registro de seus pecados diante Dele, sua consciência terá um problema. Ela ficará incomodada; não estará em paz, mas irá condená-lo. Você perguntará o que deve fazer para ser capaz de permanecer diante do Deus justo, e como ser justificado diante deste Deus tão justo.


O que é surpreendente quanto à consciência é que, na pior das hipóteses, ela pode adormecer, mas ela nunca morrerá. Nunca pensemos que nossa consciência morreu. Ela nunca morrerá, mas adormecerá. Entretanto, quando a consciência de muitos desperta, eles acham que é tarde demais, que não têm mais a oportunidade de crer ou de ser salvos. Não pense que nossa consciência nos deixará em paz. Um dia ela nos acusará. Um dia ela falará. Muitos que pensavam assim, que faziam muitas coisas más, achavam que escapariam. Mas, quando a consciência deles finalmente acordou, eles foram capturados por ela.


Que fazem as pessoas quando sua consciência desperta e elas percebem que pecaram?

Tão logo a consciência as capture, elas tentam fazer o bem praticando boas obras.

Qual é o propósito do homem ao tentar fazer boas obras? O seu propósito é subornar a consciência.

A consciência mostra ao homem que ele pecou. Então, agora ele faz mais atos de caridade e faz mais boas obras para dizer à sua consciência que, apesar de ter feito tanta coisa errada, ele também faz todas essas coisas boas.

Que significa fazer boas obras? Significa subornar a consciência quando esta começa a acusar, de modo a abrandar sua condenação. Essa é a forma de salvação inventada pelo homem.

Mas lembre-se de que essa é a maneira errada.


Onde reside esse erro básico? O erro encontra-se na nossa suposição de que o pecado existe apenas em nossa consciência. Esquecemo-nos de que o pecado também existe diante de Deus. Se o pecado existisse somente em nossa consciência, então necessitaríamos realizar, quando muito, dez boas obras para compensar cada erro nosso. Entretanto, o problema agora não é somente com a nossa consciência. O problema agora é o que está diante de Deus. Eu não posso ser absolvido do julgamento por uma infração de estacionamento proibido, apenas porque estaciono o carro corretamente uma centena de vezes. Pecado é algo diante de Deus. Não é somente algo em nossa consciência.


Não somente precisamos lidar com o pecado em nossa consciência; também temos de lidar com o nosso pecado diante de Deus. Somente quando tivermos lidado com o registro do pecado diante de Deus, é que o pecado em nossa consciência poderá ser tratado. Não podemos lidar com o problema na consciência primeiro, pois esta poderá ser apaziguada pelo auto engano.

Mas lembre-se de que a consciência nunca morrerá.

Talvez você ainda não tenha visto a consciência em funcionamento. Frequentemente vejo pessoas atormentadas pela consciência. Quando a luz de Deus vem, a consciência fica incomodada. Se houvesse um buraco no chão, uma pessoa em tal condição se arrastaria para dentro dele. Ela faria qualquer coisa para apaziguar sua consciência. Ela até daria sua vida para redimir-se do pecado.

Por que Judas se enforcou? Porque sua consciência não o deixava em paz. Ele havia traído Jesus e sua consciência não o deixava em paz.

Quando a consciência se levanta para condenar um homem, ela exige que o homem seja punido. A punição não é apenas uma exigência de Deus, mas também do homem. Antes de ver o que é o pecado, você tem medo da punição. Mas após ver o que é o pecado, você encara a punição como uma bênção.


Você já viu criminosos ou assassinos no momento da execução? Antes de ver seu pecado, um homem pode alegrar-se em matar. Mas depois de ver seu pecado, ele se alegrará com sua própria execução. Portanto, o inferno não é somente um lugar de punição. É também um lugar de fuga. É o derradeiro lugar de refúgio. O pecado na consciência causa dor hoje e clama por punição na era vindoura. Portanto, para Deus nos salvar, Ele precisa lidar com nossos pecados diante Dele, e também precisa lidar com nossos pecados em nossa consciência.

Quando Deus salva um pecador pela Sua graça, mediante a fé no Senhor Jesus, só temos que agradecemos a Deus porque a Sua salvação é completa. Ele tratou com nossos pecados diante Dele. Ele também julgou nossos pecados na pessoa do Senhor Jesus. Além disso, o Espírito Santo aplicou a obra de Cristo a nós, para que pudéssemos receber o Senhor Jesus e ter paz em nossa consciência. Uma vez que a consciência é purificada, não há mais percepção dos pecados.


Lemos em 1 João 1:7 que o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.

Posso estar alegre porque quando a consciência é purificada, não mais precisamos estar conscientes dos pecados. Se nossa consciência ainda está consciente dos pecados, é porque ainda há registro de pecados diante de Deus. Mas se os pecados se foram de diante de Deus, como ainda podemos estar conscientes deles?

Uma vez que os pecados diante de Deus foram tratados, os pecados em nossa consciência também devem ter sido tratados. Assim sendo, não precisamos mais estar conscientes de nossos pecados.

70. Saberemos mais da verdade do que a Bíblia revela?

Devemos afirmar claramente que nesta vida, nenhuma outra verdade jamais será conhecida além da revelada nas Escrituras.

No entanto, teríamos que dizer que verdades adicionais serão reveladas na eternidade, enquanto as eras infinitas se desenrolam.

Quanto ao presente, a Bíblia indica que a mente e a vontade total de Deus já foram reveladas.

Em 1 Coríntios 13:10, mostra que os "dons de sinal" eram exigidos apenas até que o cânon da Escritura, "o que é perfeito", estivesse completo.

Assim, quando João, o último escritor do Novo Testamento, completou sua parte dos escritos inspirados, Deus não tinha mais nenhuma mensagem para dar a este mundo.

Com relação ao mundo vindouro (Efésios 2:7), o escritor mostra "que nas eras vindouras" novas manifestações de nosso Senhor Jesus Cristo serão sempre reveladas e nunca se esgotarão.

Portanto, quando chegarmos ao nosso paraíso desejado, nunca nos formaremos na universidade celestial.


Gostaria de lhe fazer uma pergunta, e lhe surpreender como Deus responderia.

É verdade que Deus salva o homem porque o ama?! A resposta correta seria que sim.

Mas Ele deve fazê-lo de um modo que esteja de acordo com Sua justiça, Seu proceder, Seu padrão moral, Sua maneira, Seu método, Sua dignidade e Sua majestade.

Sabemos que para Deus é fácil salvar o homem. Mas não é fácil para Deus salvá-lo de maneira justa. Apenas imagine quão fácil seria para Deus salvar-nos se a questão da justiça não fosse um problema. Não haveria dificuldade alguma. Se Deus não nos amasse, nada poderia ser feito por nós e tudo seria sem esperança.

Mas Deus nos amou e teve misericórdia de nós. Além disso, Ele pretende dar-nos graça. Se a justiça não contasse, Deus poderia dizer: "Você pecou? tudo bem, apenas não cometa o erro novamente".


Deus, assim, poderia ignorar nossos pecados. Ele poderia dispensar-nos e mandar-nos embora. Se Deus não julgasse o pecado do pecador e tratasse seus pecados conforme a lei, mas perdoasse descuidadamente, onde então estaria Sua justiça? Aqui reside a dificuldade.

É verdade que Deus nos quer salvar, e é verdade que precisamos ser salvos. A questão é se há ou não injustiça em sermos salvos. Há muitos hoje que aceitam subornos e são parciais por causa dos relacionamentos particulares. Eles sempre ajudam os outros, e os outros sempre recebem benefícios deles; mas todos concordamos que essas pessoas não são adequadas. Elas não são justas, mas corruptas. Elas podem ter muito amor, mas o que fazem não é correto. Deus não pode salvar-nos à custa de se envolver em injustiça. Deus deve salvar-nos preservando Sua justiça. Para Deus é importante salvar-nos, mas deve fazê-lo de acordo com Sua justiça. Deus poderia salvar-nos imediatamente com Seu amor. Mas também deve salvar-nos de maneira muito justa.

Como isso pode ser feito? Para Deus não é uma questão fácil salvar-nos sem violar Sua justiça.

Como pode Deus justificar pecadores sem cometer injustiça?

Como pode Deus salvar pecadores sem envolver-se em injustiça?

Como Deus pode perdoar nossos pecados de maneira justa?


Deus quer nos salvar, mas Ele quer que sejamos capazes de dizer ao mesmo tempo que recebemos Sua vida e fomos salvos porque Ele nos justificou da maneira mais justa.

Vejamos Romanos 3:25-26, começando com a segunda parte do versículo 25: "Para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus".

Aqui tenho de acrescentar uma palavra. Algumas versões cometem um erro ao traduzir o versículo 25. Elas traduzem: "Para declarar Sua justiça para a remissão de pecados passados, pela tolerância de Deus". Mas a palavra para não deveria ser usada nesse versículo. Em vez disso, deveria dizer: "Para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos".


Além disso, no versículo 26, a palavra e deveria ser entendida como união de duas coisas que ocorrem ao mesmo tempo. Assim, esta sentença deveria ser entendida desta maneira: "Para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus". Enquanto Deus justifica os que creem em Jesus, Ele demonstra ser justo, e o homem deve reconhecê-Lo como justo.

O versículo 25 trata de problemas passados; o versículo 26 trata de problemas presentes. Os problemas passados referem-se ao povo da época do Antigo Testamento.

Os problemas presentes relacionam-se ao povo da época do Novo Testamento. O versículo 25 trata de questões do Antigo Testamento. O versículo 26 trata de questões do Novo Testamento. As pessoas da época do Antigo Testamento transgrediram a lei por quatro mil anos. Elas eram cheias de pecados e transgressões. Mas Deus não as destinou à perdição ou destruição imediata. Naqueles quatro mil anos, dia após dia, Deus tolerou e deixou impunes os pecados previamente cometidos. Não vemos o lago de fogo imediatamente após o jardim do Éden. Embora Deus dissesse ao homem que no dia em que ele comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal certamente morreria (Gênesis 2:17), quando Adão comeu o fruto, ele não foi imediatamente para o lago de fogo.


Por quê? Porque Deus deixou impunes os pecados da época do Antigo Testamento; Ele exerceu Sua tolerância sobre eles. Deus tolerou e deixou impunes os pecados cometidos pelo homem no passado. Mas uma questão se levanta imediatamente: Deus foi justo ao tolerar e deixar impunes os pecados humanos no Antigo Testamento? Qual foi o propósito de Deus em fazer isso? Na verdade, ao deixar impunes os pecados do homem e tolerá-los, Deus estava manifestando Sua justiça.

Deus não quer que pensemos que após sermos salvos, nossa salvação é ilegal. Deus não gostaria que o homem acolhesse tais críticas. Deus quer nos mostrar que nada há de ilegal ou injusto em Seus caminhos. Quanto aos pecados da época do Antigo Testamento, Ele diz que Sua tolerância e Sua indulgência foram para demonstrar a Sua justiça. Quanto aos pecados da presente era, Ele diz que o que é feito é também para demonstrar Sua justiça. Deus deseja que ao justificar os que creem em Jesus, Ele seja reconhecido como O justo.


A salvação de Deus não é "mercadoria contrabandeada". Deus quer que a nossa salvação venha pela "porta da frente". Nossa salvação tem de ser correta e adequada. Ele não permitirá que ninguém diga que a nossa salvação é inadequada. Ele não oferece uma salvação fraudulenta. Uma salvação fraudulenta é rejeitada por Deus. A intenção de Deus é salvar-nos, mas Ele quer fazê-lo de maneira a estar relacionada com Sua natureza, Seu padrão moral, Sua dignidade, Sua lei e Sua justiça. Deus não pode salvar-nos ilegalmente.

A vinda do Senhor Jesus Cristo à terra foi a exigência de Deus em justiça; não foi a exigência de Deus em graça. Essa é uma palavra muito séria. Se houvesse amor sem justiça, o Senhor Jesus não teria necessidade de vir à terra e a cruz teria sido desnecessária. Por causa do problema da justiça, o Senhor Jesus teve de vir.


Dessa forma, Jesus, o Nazareno, veio e levou nossos pecados em Seu corpo na cruz. O próprio Deus veio carregar os nossos pecados. Nossos pecados foram julgados por Deus na pessoa de Jesus Cristo. O sangue do Senhor Jesus derramado na cruz é a prova desse julgamento. Nós nos achegamos a Deus por esse sangue. Por intermédio do Senhor Jesus, dizemos a Deus que fomos julgados.


Agora, devolvemos-Lhe o que o Senhor Jesus pagou por nós. É verdade que pecamos. Mas não somos irresponsáveis; houve o julgamento. É verdade que tínhamos um débito. Mas não estamos fugindo dele; o débito já foi pago. Temos o sangue, que significa a salvação realizada pelo Senhor Jesus, como prova de quitação de que Deus pagou nosso débito a Si Mesmo. Eis porque o sangue no Antigo Testamento era aspergido sete vezes no interior do véu. É por isso que ele tinha de ser levado até o propiciatório sobre a arca. Deus tem de perdoar todos os pecadores que vêm a Ele pela fé, baseado no valor do sangue do Senhor Jesus. Não há outra maneira de sermos perdoados por Deus.

71. Qual é a diferença em nosso conhecimento agora e quando o Senhor vier?

Quando o Senhor vier, nosso conhecimento não será necessariamente diferente.

A verdade é tão imutável quanto o próprio Deus. "Eu sou o Senhor, não mudo" (Malaquias 3:6).

Qualquer conhecimento verdadeiro que temos agora sempre será verdadeiro, seja na terra ou no céu.

Os pensamentos eternos de Deus não são de forma alguma meras 'ideias' flutuando muito acima do curso de todos os assuntos terrenos, mas são ações criativas que, ao mesmo tempo, se incorporam diretamente a toda a história, se entrelaçam estreita e profundamente com ela e se manifestam efetivamente 'dentro, com e abaixo' de tudo.

'A história das eras é a história da humanidade, e a história da humanidade é a história – de Deus'.

Como a eterna 'Palavra', o Filho é o centro e o sol de toda a revelação divina em todo o universo.

Colossenses 1:16, declara: "Todas as coisas visíveis e invisíveis… foram criadas por Ele e para Ele".


Existe uma unidade de todo o conhecimento no universo e um objetivo de todos – a revelação de Deus.

Deixe-me ajudar num outro assunto de suma importância – Será que Deus é obrigado a perdoar-nos por causa da Justiça?

Note uma coisa, antes de o Senhor Jesus vir à terra e ser morto na cruz, seria correto Deus recusar-se a nos salvar. Deus podia não nos salvar. Se Deus não nos tivesse dado Seu Filho, tudo o que podíamos dizer era que Deus não nos amava.

Nada poderíamos dizer, além disso. Mas porque Deus verdadeiramente nos deu Seu Filho e pôs nossos pecados sobre Ele a fim de que pudéssemos ser redimidos de nossos pecados, Deus nada pode fazer senão perdoar nossos pecados quando nos achegamos a Ele por meio do sangue do Senhor Jesus e mediante Sua obra. Aleluia! Deus tem de perdoar nossos pecados! Você percebe que Deus é obrigado a nos perdoar? Se vai a Deus por intermédio de Jesus Cristo, Deus é obrigado a perdoar seus pecados. Foi amor que levou Seu Filho à cruz, mas foi justiça o que levou Deus a nos perdoar.


João 3:16 diz: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito". Por amor, Deus nos deu Seu Filho Unigênito.

Mas em 1 João 1:9 é dito: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça". A obra da cruz foi cumprida para nós mediante o amor de Deus. Mas hoje quando vamos a Deus por meio da obra consumada de Jesus Cristo, Deus tem de nos perdoar baseado em Sua fidelidade e justiça.

Assim, se o Senhor Jesus não tivesse vindo, Deus estaria desobrigado de nos salvar. Mas agora que o Senhor Jesus foi morto, mesmo que Deus não tivesse prazer em salvar-nos, rigorosamente falando, Ele ainda teria de fazê-lo. Se Ele recebesse o dinheiro, poderia recusar-se a devolver a nota promissória? Deus não pode ser injusto, porque se for injusto, Ele próprio se torna um pecador. Por isso, Deus é obrigado a perdoar a todos os que vêm a Ele por meio do sangue do Senhor Jesus.

Deus não pode recusar-se a perdoá-los.


Uma vez que Deus nos deu Seu Filho, Ele se comprometeu. Você pensa que podemos restituir a Deus agora?

Hoje, por meio do Senhor Jesus, não apenas podemos pagar a Deus, mas temos mais do que precisamos para pagá-Lo. Temos um excedente; pois onde o pecado é abundante, a graça é superabundante. O pecado é abundante. Mas a graça no Filho de Deus é mais abundante, até mesmo superabundante. Por essa razão é que unicamente por meio do Senhor Jesus podemos ser salvos.

Cada um deve admitir que não há nada injusto com Deus quando vamos a Ele pela fé por meio do Senhor Jesus e quando Ele nos dá vida eterna e perdoa nossos pecados.

O nosso coração nunca pode dizer que Deus, ao perdoar nossos pecados, salvou-nos ilicitamente quando deixou impunes nossos pecados, tolerando e justificando aos que creem em Jesus.


Nunca podemos dizer que Deus lidou irresponsavelmente com nossos pecados. Pelo contrário, devemos dizer que Deus nos salvou do modo mais justo. Nossa salvação é uma salvação adequada e íntegra. Os nossos pecados foram julgados; portanto, fomos salvos. Ninguém pode dizer que Deus nos salvou adotando procedimentos injustos.

Antes, devemos dizer que Deus nos salvou pelos mais justos procedimentos.

Paulo aos Romanos disse: "Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo." (Romanos 5:1)

72. Os que partiram, sabem sobre a vida na Terra, e a daqueles que eles deixaram?

Os crentes que partiram estão plenamente conscientes.

(Lucas 16:24-26; 2 Coríntios 12:2)

No Apocalipse, os remidos no céu (além de João, o profeta) parecem estar cientes apenas dos eventos na terra por meio do que ocorre no céu.

(Apocalipse 7:11, 13; 11:15, 16; 19:1-4)

No capítulo 11: 17, eles ouvem que Deus tomou os reinos deste mundo.

Pelas Escrituras, eles conhecem os eventos que os acompanham (versículo 18).

Eles estão cientes do que Deus está fazendo.


O mesmo era verdade para Moisés e Elias no Monte da Transfiguração, falando com o Senhor sobre a "sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém." (Lucas 9:31)

Eles, entretanto, não estavam presentes, quando Pedro errou, pois lemos: "E aconteceu que, quando aqueles se apartaram dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui, e façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que dizia. E, dizendo ele isto, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e, entrando eles na nuvem, temeram." (Lucas 9:33,34)

Em Lucas 15:7, 10, o Senhor ensina que aqueles que estão na presença de Deus, compartilham da alegria por um pecador que se arrepende e é salvo.

Essas passagens sugerem que os entes queridos que partiram estão totalmente ocupados com os acontecimentos no céu. Embora não conheçam os eventos diários que ocorrem na terra, eles estão cientes do que Deus está fazendo, o que traz glória a Cristo e o que traz alegria ao coração de Deus. Isso inclui muitos eventos em nossas vidas – e exclui muitos também.


É verdade que agora estamos salvos e que nossos pecados estão perdoados, mas que fazer enquanto vivemos na terra?

Hoje somos todos cristãos e somos todos filhos do Senhor. Observando Seus filhos, Deus declara algo muito espantoso em 2 Coríntios 5:21: "Àquele (Cristo) que não conheceu pecado, ele (Deus) o fez pecado por nós".

Deus fez o Senhor Jesus pecado. Originalmente, o Senhor Jesus era completamente sem pecado; Ele nada tinha a ver com o pecado. Agora, na cruz, Deus O julgou enquanto julgava o próprio pecado. Deus O julgou dessa forma "para que nele fôssemos feitos justiça de Deus".


Hoje, no Senhor Jesus Cristo, todos os salvos somos o exemplo da justiça de Deus. Quando as pessoas nos veem, elas veem a justiça de Deus. Porque o Senhor Jesus se tornou pecado por nós e carregou os nossos pecados para nos perdoar, nós, os pecadores, tornamo-nos agora a justiça de Deus no Senhor Jesus Cristo. Somos a justiça viva de Deus andando na terra. Em Cristo, somos os representantes da justiça de Deus.

Se você não sabe o que é a justiça de Deus, tudo o que precisa fazer é encontrar uma pessoa salva e dar uma boa olhada nela. Você então saberá o que é a justiça de Deus. Se quiser conhecer a justiça de Deus, basta encontrar um cristão e saberá que Deus não lida com os nossos pecados irresponsavelmente.

Ele fez pecado Àquele que não conheceu pecado. Porque o Senhor Jesus morreu, a obra da redenção foi cumprida. Estarmos hoje no Senhor Jesus é uma expressão da justiça de Deus. Quando uma pessoa vê alguém que crê no Senhor Jesus, ela vê a justiça de Deus.

Se alguém quiser conhecer a justiça de Deus, posso levantar-me e dizer: "Simplesmente olhe para mim. Deus me ama muito. Ele me ama ao máximo. Ele não é negligente com o pecado. Eis por que Ele levou o Senhor Jesus a morrer na cruz. Olhe para mim, um pecador salvo hoje. Eu sou uma amostra da justiça de Deus em Cristo".


Hoje, nós proclamamos duas grandes verdades ao mundo. Todas as duas são o que o mundo desesperadamente necessita. A primeira é que Deus ama ao homem. Esse é um fato maravilhoso. Mas não é tudo. A outra grande verdade é que Deus em Sua justiça perdoou os pecados do homem. Agora o homem pode vir a Deus com toda intrepidez e cheio de fé, lembrando-O de que Ele perdoou seus pecados.

Uma coisa que devemos saber é que antes de o Senhor Jesus morrer, seria injusto Deus perdoar nossos pecados, mas depois da Sua morte seria igualmente injusto Deus não perdoar nossos pecados. Sem a morte do Senhor Jesus, o perdão de Deus seria injustiça de Sua parte; Ele nunca poderia fazê-lo. Com a morte do Senhor Jesus, Ele continuaria igualmente injusto se não quisesse perdoar. Por favor, lembre-se, uma redenção sem sangue é injusta. Por outro lado, quando alguém tem o sangue e lhe é negada a salvação, isso também é injusto.

Somente crendo em Jesus, o pecador será perdoado. Pois seus pecados foram julgados no Senhor Jesus e quando crer Nele, será perdoado.

Aqui está a justiça de Deus. Hoje os homens consideram se Deus é amor ou não. Eles não percebem que Deus não é apenas amor, mas Ele também é justo. Não é que Deus queira somente perdoar os pecados do homem. Ele tem de perdoá-los de maneira que não conflituem com Sua natureza e Sua justiça. É isso que os homens não veem.


Paulo apresenta isto munto bem em Romanos 3: "Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus." Romanos 3:19-25

73. Nosso conhecimento de nossa vida na Terra mudará quando estivermos com o Senhor?

O Senhor Jesus em Lucas 16:25 cita Abraão, no paraíso, falando com um homem que estava no inferno: "Filho, lembra-te…"

O homem rico agora no inferno conhecia eventos pessoais de sua vida. Ele também sabia dos acontecimentos da vida de Lázaro.

Em Apocalipse 6:10, aqueles que foram mortos se lembram da maneira como morreram e apelam para que sua morte seja vingada.

No Tribunal Cristo onde todo salvo comparecera, um evento que acontecerá após o arrebatamento, o Senhor Jesus revisará o serviço e os motivos em nossa vida cristã na terra. Então saberemos Sua avaliação, quando Ele der as recompensas.

Colossenses 3:25, é uma passagem solene a considerar. "Mas quem fizer agravo receberá o agravo que fizer; pois não há acepção de pessoas."

(Leia sobre o Tribunal de Cristo em: Romanos 14:10-12; 1 Coríntios 3:13-15; 2 Coríntios 5:10)


Concluímos que nosso conhecimento do passado não será menor, mas se ampliará por meio do que aprendermos com o Senhor Jesus sobre nossa vida.

Todo o pecador salvo pela graça de Deus, mediante a fé em Cristo, foi perdoado de todos os seus pecados e também recebeu o Espírito Santo para lhe orientar e vencer o pecado, a natureza que ainda nele está.

Se nunca resistiu ao pecado, você ainda não sentiu o poder dele.

Mas se tentar resistir ao pecado, sentirá o poder dele. Você não sente a força da correnteza de um rio quando se deixa levar por ela. Mas se tentar ir contra a correnteza, sentirá a força dela.

A maioria dos rios na China correm do ocidente para o oriente; assim, se você tentar viajar do oriente para o ocidente, sentirá quão poderosos são os rios da China. Os que mais conhecem o poder do pecado são também os mais santos, pois são os que tentam se opor e permanecer contra o pecado. Se você se une ao pecado e segue seu curso, certamente não conhecerá sua força.


O pecado na sua carne está o tempo todo incitando e compelindo-o a pecar, mas somente quando você desperta para lidar com o pecado é que perceberá que é um pecador perdido e destinado a perecer. Só então você saberá que está sem recursos e que não tem solução para o problema do pecado em sua carne, sem mencionar a presença dos pecados na sua consciência e o registro dos pecados diante de Deus.

Portanto, precisamos ver que quando Deus nos salvou, Ele tratou com todos os três aspectos do pecado.

O pecado interior é tratado pela cruz e pela crucificação do velho homem.

Bíblia mostra qual é a maneira de Deus lidar com nossos pecados diante Dele e a condenação dos pecados em nossa consciência.

Os pecados referem-se aos atos pecaminosos diante de Deus e em nossa consciência. Toda vez que a Bíblia menciona pecados, ela se refere aos atos pecaminosos diante de Deus e em nossa consciência.


Mas toda vez que a Bíblia menciona o pecado na carne, ela usa a palavra pecado, e não pecados. Se você lembrar-se disso não terá problemas mais tarde.

Agradecemos a Deus porque a Sua salvação é completa.

Ele tratou com nossos pecados diante Dele. Ele também julgou nossos pecados na pessoa do Senhor Jesus.

Além disso, o Espírito Santo aplicou a obra de Cristo a nós, para que pudéssemos receber o Senhor Jesus e ter paz em nossa consciência. Uma vez que a consciência é purificada, não há mais percepção dos pecados.

Muitas vezes ouvi cristãos dizerem que o sangue do Senhor Jesus purifica-nos de nossos pecados. Quando pergunto se sentem paz e alegria, eles dizem que às vezes ainda sentem a presença de seus pecados. Isso é inconcebível.

Estou alegre porque quando a consciência é purificada, não mais precisamos estar conscientes dos pecados. Se nossa consciência ainda está consciente dos pecados é porque ainda há registro de pecados diante de Deus.

Mas se os pecados se foram de diante de Deus, como ainda podemos estar conscientes deles?


Uma vez que os pecados diante de Deus foram tratados, os pecados em nossa consciência também devem ter sido tratados. Assim sendo, não precisamos mais estar conscientes de nossos pecados.

O pecado do homem nos mostra a necessidade do homem. O amor de Deus nos mostra a provisão de Deus. Se houver somente a necessidade sem a provisão, nada pode ser feito. Mas se existe a provisão sem a necessidade, aquela será desperdiçada. A salvação é cumprida e o evangelho é pregado devido aos dois maiores fatos do universo. O primeiro é que o homem pecou e o segundo é que Deus ama o homem. Estes dois fatos são imutáveis. São dois fatos enfatizados na Bíblia. Se você derrubar qualquer uma das extremidades, a salvação se perderá. Não há necessidade de que ambas as extremidades sejam derrubadas. Uma vez que uma delas se vai, não haverá possibilidade de a salvação ser realizada. Deus tem o amor e o homem tem o pecado. Por haver estes dois fatos, existe a salvação e existe o evangelho.


O Senhor Jesus, falando dEle e de Seu Pai, disse: "É necessário que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." (João 3:14-18)

74. Consolo para a hora silenciosa, junto a sepultura de quem amamos

Jairo aproximou-se do Senhor com um pedido ardente: "Minha filha está à morte; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos, para que sare, e viva." (Marcos 5:23). O Senhor foi com ele.

O primeiro teste da fé de Jairo foi o teste da demora. Pois no caminho, a mulher com fluxo de sangue veio, tocou nas vestes do Senhor e foi curada (Marcos 5:25-34). Mas, então o Senhor parou, chamou-a e ouviu sua história completa. Pode-se imaginar a ansiedade de Jairo aumentando quando o Senhor apareceu sem pressa para curar sua filha. O segundo teste foi o teste da morte. Quando eles estavam prestes a se mover novamente, mensageiros chegaram com a notícia: "Tua filha está morta" (Marcos 5:35).

Esta foi a pior notícia possível. Foi a ruína de todas as esperanças. Foi a remoção de toda possibilidade de cura. À primeira vista, as palavras dos mensageiros faziam todo o sentido: "Por que incomodas ainda mais o Mestre?"


No entanto, "assim que Jesus ouviu a palavra que foi dita, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente" (Marcos 5:36). Este foi um apelo para não ceder ao medo, mesmo no pior pesadelo. Foi um lembrete de que Jesus tinha o poder de fazer o impossível.

O terceiro teste foi o teste da dúvida. O Senhor chegou à casa de Jairo para o lamento de enlutados profissionais. Ele perguntou o significado do tumulto e disse: "A donzela não está morta, mas dorme" (Marcos 5:39). Por que expressar uma tristeza tão desesperada quando esta menina, embora fisicamente morta, não estava eternamente morta? Ela era uma crente.


Os enlutados tornaram-se escarnecedores. Suas falsas lágrimas se transformaram em zombarias de escárnio. Enquanto Jairo permanecia em silêncio, a multidão expressou suas dúvidas em voz alta. O Senhor os expulsou. Aqueles sem fé não veriam Seu poder.

Cercado apenas por discípulos crentes e pai e mãe crentes, o Senhor pegou a menina de doze anos pela mão e disse: "Menina, eu te digo, levante-se". Para sua surpresa, "a menina se levantou e começou a andar" (Marcos 5:41-42). Imagine a alegria daquela casa.

A morte traz tristeza. Mas para o crente, NÃO há necessidade de nos entristecermos "como os outros que não têm esperança" (1 Tessalonicenses 4:13).


Por que? Porque o Senhor Jesus está voltando e Ele tem a solução para a separação. A solução é o poder da ressurreição: "Porque o mesmo Senhor descerá do céu… e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor" (1 Tessalonicenses 4:16-17).

É de admirar que Paulo conclua: "Portanto, consolem-se uns aos outros com estas palavras" (v.18)?

Tenhamos fé em Cristo. À medida que nossa fé cresce, nossos medos também diminuem.

75. (1ª) A igreja de Éfeso Profeticamente

As sete cartas que encontramos em Apocalipse 2-3, devem ser vista da forma histórica e da forma profética.


1) Estudando estas cartas historicamente, vemos condições que existiram nas igrejas às quais João escreveu. Vemos problemas que realmente existiram em igrejas locais no fim do primeiro século e aprendemos como tais problemas foram tratados.

Nisto há lições importantes para nós. Aprendemos como enfrentar estes e outros problemas que podem surgir em igrejas locais até hoje.

Estas cartas, portanto, eram de grande proveito prático para as igrejas naquele tempo e continuam sendo-o em nossos dias.


2) Profeticamente, estas sete cartas nos fornecem uma visão "panorâmica" do testemunho de igrejas, desde os dias pós-apostólicos até ao arrebatamento. 


Há várias razões que levam a esta conclusão:

  • 1ª) Estas cartas são parte integral do Apocalipse e este livro, na sua totalidade, é chamado de "profecia" (Apocalipse 1:3).

  • 2ª) A análise dada pelo Senhor (Apocalipse 1:19) mostra que os capítulos 2 e 3 apresentam "as coisas que são". Estas cartas, portanto, descrevem condições nesta dispensação.
  • 3ª) O Senhor falou do mistério das "estrelas" e dos "candeeiros" (Apocalipse 1:20). Isto indica que há algo mais do que o ensino prático nestas cartas.
  • 4ª) São sete cartas a sete igrejas. Os números são muito importantes neste livro de símbolos; sete indica o que é perfeito ou completo. Vemos nestas cartas a história completa das condições de igrejas até ao arrebatamento.
  • 5ª) As referências ao Antigo Testamento nestas cartas levam à mesma conclusão. Estão em ordem cronológica e se estendem do Jardim do Éden até aos dias de Malaquias.

I) Na primeira carta temos menção da "árvore da vida" (veja Gênesis 2:9);

II) Na segunda carta vemos sofrimentos que recordam as angústias do povo de Israel no Egito (Êxodo, capítulos 1 a 12);

III) Na terceira, vemos referências a Israel no deserto (Balaão e o maná);

IV) Na quarta carta, a ilustração é tirada do período dos reis (Jezabel).

Nas demais cartas, as referências são do período pós-exílio:

V) Na quinta carta apresenta uma cena que faz lembrar Zacarias capítulo 3,

VI) Na sexta relembra a reconstrução do templo e da cidade nos dias de Neemias.

VII) Na sétima e última carta mostra a mesma cegueira e complacência que caracterizavam os dias de Malaquias.

  • 6ª) A única igreja, entre as sete, cuja origem é conhecida é Éfeso; foi plantada por trabalho apostólico. As demais foram plantadas, sem que apareça um apóstolo.


Temos ainda mais uma razão por que cremos que estas cartas apresentam um quadro profético do testemunho de igrejas até ao arrebatamento. É que a chave se encaixa perfeitamente na fechadura! O que vemos nas cartas é exatamente o que tem acontecido através dos séculos do testemunho de igrejas neste mundo.


Na carta à igreja em Éfeso, vemos os primeiros ataques do inimigo, querendo infiltrar-se na igreja por meio de falsos ensinadores. Estes foram rechaçados, mas, na luta contra os tais "apóstolos", a igreja perdeu o seu primeiro amor. Este esfriamento, por sua vez, abriu a porta para as obras dos "nicolaítas", ou seja, o sistema clerical, no qual o clero domina os leigos.

Na história, este quadro reflete o período pós-apostólico. Em escritos daquele tempo que ainda existem, encontramos menção ao "bispo da igreja local". Este era um que liderava na igreja, o precursor dos "pastores" e "padres" de hoje. Esta prática constitui um desvio do plano de Deus, pois em o Novo Testamento não há nenhuma menção de tal dirigente; a igreja local é governada por uma pluralidade de presbíteros, constituídos pelo Espírito Santo.


Na carta à igreja em Esmirna, vemos uma igreja perseguida. Esta condição caracterizou o período que se estende até o início do quarto século, quando o Imperador Constantino professou a fé cristã. Foi um período de sucessivas ondas de perseguição, mas Deus impôs limites e Satanás, frustrado, mudou finalmente de tática.


Vemos uma grande diferença quando lemos a terceira carta, a Pérgamo. Ainda lemos de perseguição, mas agora como coisa do passado. As igrejas estavam habitando onde estava o trono de Satanás, isto é, no mundo.

Pior ainda, Satanás estava habitando na igreja! Havia também os que sustentavam a doutrina de Balaão (misturar o povo de Deus e o do mundo) e a doutrina dos nicolaítas (cujas obras notamos na primeira carta).

Este quadro representa o período que começou com Constantino, no início do quarto século, quando a perseguição cessou e a igreja professa passou a receber as honras do Império. Foi o "casamento" da igreja com o mundo político e pagão.

Houve igrejas, porém, que mantiveram a sua autonomia e protestaram contra a união ilícita com o mundo; vemo-las na figura de Antipas (que significa "contra todos"). Este período se estendeu até o início do sétimo século, quando o Papismo foi estabelecido.


A quarta carta, a Tiatira, introduz algumas modificações. Já observamos a mudança na ordem, pois a partir desta carta a promessa ao vencedor precede o apelo ao indivíduo. Notamos também que os períodos representados pelas três primeiras igrejas são sucessivos, mas, a partir desta carta, os períodos, embora começando sucessivamente, continuam paralelamente até ao arrebatamento.

A igreja em Tiatira era caracterizada pelas obras. A influência de Jezabel, porém, levou muitos dos servos de Deus à idolatria. Representa aquele período que começou no sétimo século, com o Papismo, e continua até ao arrebatamento.


Na quinta carta, a Sardes, vemos uma igreja que tinha nome de que vivia, mas estava morta. Havia recebido o Evangelho no poder do Espírito, porém, perdera aquele poder, retendo apenas a profissão.

Nisto vemos um período que teve início no século dezesseis, com o aparecimento do Protestantismo. Sem dúvida alguma, o Evangelho foi pregado no poder do Espírito Santo naqueles dias, mas logo este movimento se acomodou e hoje tem o nome de que vive, mas está morto. Este estado de profissão sem vida também continuará até ao arrebatamento.


Na sexta carta, a Filadélfia, vemos uma igreja fraca, porém, fiel. Duas coisas a caracterizavam: guardava a Palavra do Senhor e não negava o Seu Nome.

Isto representa grupos de cristãos que, embora fracos, guardam a Palavra de Deus. Não guardam decretos de concílios, nem tradições religiosas, mas somente a Palavra de Deus. Não aceitam nenhum nome denominacional, pois são atraídos ao Nome do Senhor Jesus Cristo (compare com Mateus 18:20); não negam aquele Nome. São igrejas autônomas que recusam filiar-se a qualquer movimento e reconhecem como única regra de fé a Palavra de Deus. Tais igrejas também continuarão até ao arrebatamento.


A última carta, a Laodicéia, mostra uma condição lastimável: uma igreja enganada, que pensa estar rica, quando na realidade está pobre; pensa que não precisa de nada e o Senhor está ao ponto de vomitá-la da Sua boca.

Neste quadro triste vemos a condição característica dos últimos dias; uma atitude de independência que leva igrejas a pensar que podem fazer tudo sem Deus. Esta condição continuará até ao arrebatamento.


Em Apocalipse 2:1-7, temos uma carta do Senhor Jesus, enviada pelo apóstolo João a igreja de Éfeso.

Éfeso era uma cidade greco-romana da Antiguidade situada na costa ocidental da Ásia Menor.

Éfeso ocupa um lugar destacado no Novo Testamento. É a cidade mais mencionada nas epístolas (depois de Jerusalém) e o lugar onde Paulo permaneceu mais tempo; está relacionada com muitas de suas cartas. Além de Paulo, Apolo ajudou no trabalho nesta cidade; Timóteo ficou algum tempo ali e historiadores nos dizem que o apóstolo João também residiu em Éfeso. O templo da deusa Diana foi considerado uma das sete maravilhas do mundo e era o orgulho dos efésios.

A igreja em Éfeso é uma profecia a respeito da condição do primeiro estágio da igreja depois dos apóstolos.


A era apostólica foi até o ano 96 d.C. e depois do ano 96, a era apostólica aparentemente acabou, e muitas coisas erradas começaram a ser infiltradas nas igrejas.

Uma vez que esse é um livro de profecia, os nomes no livro são também proféticos.

Éfeso, em grego, significa desejável. A igreja ainda era desejável, após os apóstolos partirem.

O Senhor disse (v.2a): "conheço tuas obras, assim o teu labor como a tua perseverança".

O pronome "teu" usados nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse está sempre no singular.

Entre as sete igrejas, cinco foram censuradas, uma não recebeu nem censura, nem louvor, e apenas uma foi louvada.

Éfeso é uma das que foram censuradas. Mas aqui, o Senhor primeiro fala ao mensageiro de Éfeso sobre a realidade espiritual.

Alguns acham que o Senhor tenta dizer algo bom antes de censurar para que sendo censurada ela não se sinta tão mal, como se o Senhor fosse diplomata. Mas o Senhor não é assim.


Aqui, o Senhor expõe a realidade espiritual da igreja.

Há algo chamado realidade espiritual que existe independente da condição exterior.

Embora os israelitas fossem indignos à vista dos homens, contudo, por meio de Balaão, um falso profeta, Deus disse que Ele não viu iniquidade em Jacó (Números 23:21).

Não é que Deus não veja; pelo contrário, Ele vê, contudo, não enxerga nada errado. Não que os olhos de Deus podem ver melhor que os nossos, mas ele vê a realidade espiritual.

Não nos é difícil ver que a condição da igreja hoje está desolada. Algumas vezes achamos que certo irmão ou irmã estão desolados também. Mas se os filhos de Deus forem iluminados pelo Senhor, eles verão que suas muitas fraquezas e falhas são "mentiras", ou seja, não é nossa realidade. Se a realidade espiritual é verdadeira, então tudo aquilo é "mentira".

Por exemplo, considere um garotinho que foge para a rua e volta coberto de lama. Embora ao entrar em casa ele esteja sujo, eu digo que ele é limpo e bonito. É verdade que seu corpo está coberto com sujeira, mas a sujeira não veio dele.

Uma vez lavado, ele ficará limpo novamente.

Temos ensino claro nas Escrituras de como remover esta sujeira que se nos pega durante a caminhada neste deserto do mundo.

Lemos em 1 João 2:1,2: "Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo."


Lemos também: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça." (1 João 1:9)

Cada filho de Deus deve ver que mesmo antes de ser lavado, ele é bom. A sujeira é uma mentira; a realidade dele é boa.

Hoje a igreja não parece tão gloriosa quanto Deus diz que ela é, mas hoje a igreja é gloriosa. Se você tem discernimento espiritual, embora a igreja não esteja lavada, você ainda consegue ver que ela é boa.

Por essa razão, você também pode agradecer a Deus continuamente pela igreja. Hoje, a igreja é gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante (Efésios 5:25-27).

Sem mácula significa sem pecado, e sem ruga significa não envelhecida, sempre conservando seu frescor diante do Senhor. Deus disse que a igreja de Éfeso é boa; sua realidade espiritual é que é boa.

No (v.2b), lemos: "E que puseste à prova os que a si mesmo se declaram apóstolos e não são, e os achastes mentirosos."

Após a era apostólica (com a morte de João), não houve uma sucessão dos mesmos.

Mas como nos dias de João, havia aqueles que queriam ter entre o povo de Deus, o primado (3 João 1:9).


Queriam ser líderes e ter o poder apostólico para exercer autoritarismo sob a herança de Deus. Mas esta igreja pós a prova estes impostores, e os achou mentirosos.

No (v.4), o Senhor diz: "Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor."

A palavra primeiro em grego é "proten". Isto se refere não apenas à primazia em tempo, mas também em natureza.

Em Lucas 15, o pai deu a melhor veste para vestir o filho pródigo; melhor também é a tradução de "proten".

Portanto, o Senhor não está dizendo que eles não O amavam, mas sim que não estavam dando o seu melhor em amá-lo.

Já no (v.5), o Senhor diz: "E se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas."

As igrejas, nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse, são não apenas as igrejas proféticas, mas também a igreja local que estava realmente em sete localidades da Ásia.

É extraordinário, porque a história diz-nos que por mais de mil anos, não tem havido igreja local em Éfeso. O candeeiro foi removido; mesmo sua aparência exterior foi removida. Porque ela não se arrependeu, o candeeiro foi removido.

No (v.6), o Senhor diz: "Tens, contudo, a teu favor, que odeias as obras dos nicolaítas, os quais eu também odeio."


Os nicolaítas não podem ser encontrados na história da igreja. Uma vez que o Apocalipse é um livro de profecia, ainda devemos atentar para o significado da palavra.

Nicolaítas, em grego, é composta de duas palavras: "nikao" que significa conquistar ou sobre outros e "laos" que significa povo comum, povo secular ou laicato. Então nicolaíta significa conquistando o povo comum ou subindo sobre o laicato. Nicolaítas, portanto, refere-se um grupo de pessoas que se auto-avaliam muito acima dos crentes comuns.

O Senhor está acima, os crentes comuns estão abaixo.

Os nicolaítas estão abaixo do Senhor, contudo acima dos crestes comuns como uma classe mediadora é o que o Senhor detesta; é algo para ser odiado.

Mas devemos notar aqui que, naquela época, havia somente o comportamento; este ainda não se havia tornado um ensinamento.


No Novo Testamento há um princípio fundamental: todos os filhos de Deus são Seus sacerdotes.

Em Êxodo 19, Deus convocou o povo de Israel, dizendo: "Agora, pois, se diligentemente ouvires a minha voz, e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos: porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa".

Deus ordenou no princípio que a nação toda fosse de sacerdotes; mas, não muito depois, ocorreu o incidente da adoração ao bezerro de ouro.

Moisés quebrou as tábuas da lei e disse: "Quem estiver do lado de Deus, mate a seu irmão".

Naquela ocasião, os levitas permaneceram do lado do Senhor e, como resultado, naquele dia três mil israelitas foram mortos (Êxodo 32:25-29).

De agora em diante, somente os levitas poderiam ser sacerdotes: o reino de sacerdotes tornou-se uma tribo de sacerdotes. O restante do povo e Israel não poderia ser sacerdote e deveria depender dos levitas serem os sacerdotes em seu favor. A classe sacerdotal no Velho Testamento era uma classe mediadora. Mas no Novo Testamento, Pedro diz: "Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus" (1 Pedro 2:9).


Nós, a igreja toda, somos sacerdotes; isso retorna a condição do início.

Apocalipse 1: 5-6 diz que todos quantos foram lavados no sangue, são sacerdotes. Os sacerdotes estão encarregados dos negócios de Deus. Não deve haver uma classe mediadora na igreja. A igreja tem apenas um Sumo Sacerdote, o Senhor Jesus.

Antes de haver essa mudança na igreja, todos os crentes cuidavam dos assuntos do Senhor. Mas depois dos apóstolos, esta condição começou a mudar: os homens começaram a perder o interesse quanto à questão de servir o Senhor. Quando a Igreja Católica Romana começou (na época de Pérgamo), havia poucos que eram salvos, mas muitos que eram batizados; porquanto incrédulos encheram a igreja.


Então, apareceu um grupo de "clérigos". Desde de que havia membros que não eram salvos e muito menos espirituais, que deveriam eles fazer?

Dizer-lhes para colocarem de lado o livro da contabilidade e pegar a Bíblia para pregar não seria conveniente. Assim, um grupo de pessoas foi separado para ter cuidado especial pelos assuntos espirituais, enquanto o restante fazia o trabalho secular.

Portanto, o "clero" foi produzido contrariamente ao desejo de Deus. Deus deseja que todos quantos façam trabalho secular tomem conta dos assuntos espirituais.

Na Igreja Católica Romana, distribuir o pão, impor as mãos, batizar etc., tudo é realizado pelos padres; mesmo casamentos e funerais devem ser dirigidos pelo "clero".

Na igreja protestante há os pastores. Para doenças, chame o médico; para assuntos legais, chame o advogado; para assuntos espirituais, chame o pastor.

E quanto a mim? Eu posso dedicar-me ao trabalho secular sem distração.


Por favor, lembre-se, no taoismo há sacerdotes taoistas para cantar a liturgia para o povo; no judaísmo há sacerdotes para lidar com as coisas de Deus para os homens; mas na igreja não deve haver qualquer classe mediadora, porque nós mesmos somos todos sacerdotes.

Vemos em Gênesis 4 que, Abel pôde oferecer sacrifício, assim como Noé em Gênesis 8.

No início, todo o povo de Israel podia oferecer sacrifícios; mas, mais tarde, por causa do incidente do bezerro de ouro, eles não mais podiam oferecer sacrifícios por si mesmos. Deus diz que cada crente pode vir diretamente a Ele.

Mas agora, há o pessoal mediador na igreja. Hoje há os Nicolaítas na igreja; então o cristianismo tornou-se judaísmo.

O Senhor fica satisfeito com os que rejeitam a classe mediadora.

Se já fomos lavados no sangue Cristo pela fé, temos o direito de participação direta nos assuntos espirituais.

A igreja pode ser fundamentada apenas sobre esta base; do contrário, é judaísmo.

Portanto, aquilo pelo qual lutamos, não é somente em relação às seitas, mas é pelo privilégio que é dado a cada salvo pelo sangue de Cristo.


Hoje há três categorias principais de igreja no mundo:

1) uma, é a igreja do mundo, isto é, a Igreja Católica Romana;

2) outra, são as igrejas estatais, tais como a Igreja Anglicana e a Igreja Luterana;

3) e a outra, são as igrejas independentes, tais como a Igreja Metodista, a Igreja Presbiteriana etc.


Na Igreja Católica Romana há o sistema sacerdotal (católico), na Igreja Anglicana há o sistema clerical e nas igrejas independentes há o sistema pastoral.

Tudo o que vemos é uma classe mediadora a qual se encarrega dos assuntos espirituais. Mas a igreja que Deus quer estabelecer é aquela na qual Ele pode colocar todo o Evangelho e a Sã Doutrina, sem a classe mediadora.


Quando o Evangelho todo entra, algo "sobra"; isso que sobra não pode ser igreja.

O Senhor avisa (v.7a): "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas."

O senhor fala da mesma maneira a todas as sete igrejas, mostrando que não somente a igreja em Éfeso necessita ouvir, mas todas as igrejas devem ouvir.

O Senhor conclui dizendo (v.7b): "Ao vencedor dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus."


A intenção original de Deus para o homem é que ele coma o fruto da árvore da vida. Agora Deus diz que podemos ir diretamente a Ele e agir de acordo com sua intenção original.

O problema não é o que a árvore da vida é; em lugar disso, o problema é se você está disposto a seguir a intenção inicial de Deus – comer o fruto da árvore da vida no jardim de Deus. Apenas os vencedores podem comer.

Todo aquele que retorna à intenção e exigência original de Deus é um vencedor.

76. (2ª) A igreja de Esmirna Profeticamente

Em Apocalipse 2:8-11, temos a carta que o Senhor Jesus enviou pelo apóstolo João a igreja em Esmirna.

A cidade de Esmirna fica no sudoeste da Turquia, situada na região de Egeu.

Na história da igreja, as igrejas da era apostólica e as imediatamente após ela foram muito perseguidas. Sofrimento é a especial característica da igreja: esta razão por que o nome da igreja aqui é Esmirna.

Esmirna vem da palavra mirra, que significa sofrimento e representa a igreja sob perseguição.

Esta carta revela que o nome do Senhor Jesus é especial e que a recompensa ao vencedor também é especial. O Senhor Jesus fala de Si mesmo como "o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver" (v.8).

O Senhor diz que o vencedor "de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte" (v.11).

Isso prova que a vida vence a morte. Muitas pessoas têm visto somente o termo "vivo" em relação ao Senhor Jesus, mas não têm visto "vivo pelos séculos dos séculos" nem têm visto "mas eis que estou vivo" (Apocalipse 1:18).

Quão grande isso é!


No dia de Pentecostes, o apóstolo disse ao povo: "Ao qual (Jesus Cristo), porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele rético por ela" (Atos 2:24).

A morte não pode retê-Lo. Em outras palavras, uma vez que todos os que são vivos entram na morte, eles não podem sair novamente. Mas o Senhor Jesus não pode ser retido pela morte; a morte não tem poder para retê-Lo. Isso é ressurreição.

A Sua vida pode suportar a morte. Portanto, o princípio da ressurreição na Bíblia torna-se muito precioso.

"Estive morto, mas eis que estou vivo" prova que a vida pode resistir a morte.

Deus vê a igreja como um ser que pode suportar a morte. As portas do Hades estão abertas para a igreja, mas as portas do Hades não podem prevalecer contra ela e não podem confiná-la; assim, a natureza da igreja é ressurreição.

Toda vez que a igreja perde seu poder para vencer o sofrimento, ela se torna inútil. Muitas pessoas sentem-se terminadas ao encontrar certas questões contrárias a seus desejos; para elas é como encontrar a morte.


Mas a ressurreição não teme a morte; o sofrimento simplesmente prova que se pode suportar a morte. Você pode pensar que certo homem provavelmente chegará ao fim após encontrar determinada circunstância, mas, não, ele passa por ela e torna a sair. Aquilo que passa pela morte, e ainda permanece, é ressurreição.

Mesmo em nossa vida pessoal, há muitas situações como essa. Quando você encontra provações e tentações, talvez a oração cesse e torne-se difícil ler a Palavra. Todos os irmãos dizem que desta vez você "está terminado", mas, não muito depois, você se levanta e a vida de Deus flui de você outra vez. Aquilo que é terminado pela morte não é ressurreição.

A igreja tem um princípio básico: ela é capaz de passar pela morte; ela não pode ser sepultada.

A igreja em Esmirna especialmente expressa essa verdade. A igreja tem sofrido perseguições e aflições.


Por exemplo: Policarpo, foi um bispo da igreja naquela época, e foi capturado por seus opositores. Como ele já tinha oitenta e seis anos, eles o não levaram a morte e foram especialmente brandos para com ele. Se ele dissesse apenas: "Eu não confesso Jesus de Nazaré", eles os libertariam.

Mas ele replicou: "Não posso negá-lo. Eu o tenho servido por oitenta e seis anos, Ele nunca me tratou mal; como poderia eu negá-Lo por amor ao meu corpo!" Por isso, levaram-no e o queimaram no fogo.

Enquanto a metade inferior de seu corpo estava ardendo em chamas, ele ainda conseguiu dizer: "Obrigado Deus, porque eu tenho oportunidade hoje de ser queimado pelos homens e de dar a minha vida para testemunhar por Ti".

Houve uma irmã a quem foi dito que se ela apenas se curvasse a Diana (o ídolo Ártemis da cidade de Éfeso, citado em Atos 19), seria libertada.


Que disse ela? Ela replicou: "Vocês me pedem para escolher entre Cristo e Diana? Da primeira vez escolhi Cristo, e agora vocês me pedem para escolher novamente. Eu ainda escolho Cristo".

Como resultado, ela também foi morta. Duas irmãs que estavam presentes disseram: "Muitos filhos de Deus foram levados.

Por que nós ainda permanecemos? Mais tarde, elas também foram levadas e colocadas na prisão. Essas irmãs viram muitas pessoas sendo devoradas pelas feras, e novamente disseram: "muitos têm testemunhado com seu sangue. Por que nós apenas testificamos com a boca?" Uma dessas irmãs era casada e outra era noiva. Então seus pais, marido e noivo foram persuadi-las do contrário. Eles até mesmo levaram o filho da irmã casada, pedindo-lhe que negasse o Senhor. Mas elas disseram: "Que podem vocês trazer que se compare com Cristo?"


Como resultado, elas também foram arrastadas para fora e entregues aos leões para serem devoradas. As duas cantavam enquanto caminhavam até serem dilaceradas pelas feras.

Quão terríveis foram as perseguições sofridas pela igreja em Esmirna! Mas por mais que se tenha feito, a vida sempre revive após ter morrido. As perseguições simplesmente manifestam que espécie de igreja a igreja é.

O Senhor diz que, Ele é o primeiro e o último e Aquele que esteve morto, mas eis que está vivo.

O Senhor diz a Esmirna (v.9a): "Conheço a tua tribulação, a tua pobreza".

O Senhor estava dizendo, você não tem nada do que há nesta terra, mas o Senhor sabe que você é rica.

No (v.10a), o Senhor diz: "Não temas as cousas que tens de sofrer".


Toda a igreja em Esmirna foi perseguida, mas a vida que morreu e agora está vivendo novamente pode atravessar todas essas perseguições. A razão pela qual a igreja em Esmirna foi capaz de suportar as grandes perseguições e que ela conhecia a ressurreição. Somente a ressurreição consegue tirá-la da sepultura.

No (v.9b), o Senhor diz: "E [eu conheço] a blasfêmia dos que a si mesmo se declaram judeus, e não são".

Aqui devemos dar atenção para o problema dos judeus. O Senhor disse que nos seus sofrimentos, a igreja tem tribulação e pobreza; com isso é fácil tratar. Mas tratar com aquilo que vem do interior não é fácil. Os judeus mencionados aqui não se referem aos judeus no mundo, mas aos judeus na igreja, assim como as pessoas que vimos antes relacionadas aos nicolaítas não se referem às pessoas do mundo, mas ao laicato na igreja. Aqui fala sobre os judeus que os perseguiram. Isso é mais doloroso entre as coisas dolorosas. Nas sete cartas há uma linha de oposição.


Os nicolaítas são mencionados duas vezes: uma vez na igreja em Éfeso e outra em Pérgamo.

Os judeus também foram mencionados duas vezes: uma vez aqui, e de novo na igreja em Filadélfia.

Em Pérgamo, o ensinamento de Balaão é mencionado.

Em Tiatira, Jezabel é mencionada.

Todos estes constituem a linha de oposição.

Você pode perguntar: qual é o significado dos judeus?

A salvação não é dos judeus?

Por que eles falam blasfêmias aqui?


Por essa razão devemos saber o que é judaísmo e o que é igreja. Há muitas diferenças essenciais entre judaísmo e a igreja. Aqui quero mencionar quatro pontos para os quais devemos dar especial atenção; (1) o templo, (2) a lei, (3) os sacerdotes e (4) as promessas.

1) Os judeus identificaram um templo esplêndido de pedras e de ouro, como o lugar de adoração.

2) Como padrão de comportamento, eles tinham os Dez Mandamentos e muitos outros regulamentos.

3) Para cuidar dos assuntos espirituais eles tinham o ofício dos sacerdotes, um grupo de pessoas especiais.

4) E, finalmente, eles também tinham as bênçãos pelas quais podiam prosperar na terra.


Por favor, note que o judaísmo é uma religião terrena e gostaria de examinar estes quatro pontos encontrados no judaísmo:


1º)O que eles possuem é um templo material, regulamentos de letras, sacerdotes mediadores e gozo na terra. Quando os judeus entraram na terra de Canaã, eles construíram o templo. Se sou um judeu e desejo servir a Deus, devo ir ao templo. Se sinto que pequei, eu preciso oferecer um sacrifício, devo ir ao templo para oferecer o sacrifício. Se sinto que Deus me tem abençoado e quero agradecer, devo ir ao templo para agradecer.

Todas às vezes, devo tomar esse caminho. Posso adorar a Deus somente quando vou ao templo. Este é chamado lugar de adoração.

Os judeus são adoradores, e o templo é o lugar onde eles adoram. Os adoradores e o lugar de adoração são duas coisas diferentes.

Mas é assim no Novo Testamento? A característica especial da igreja é que não há lugar nem templo, pois nós, o povo, somos o templo.

Efésios 2:21-22 diz: "No qual todo edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito".

A característica especial da igreja é que seu corpo é a habitação de Deus. Individualmente falando, cada um de nós é o templo de Deus. Coletivamente falando, Deus nos edifica e adequadamente nos ajunta para tornar-nos Sua habitação. Não há lugar de adoração na igreja; o lugar de adoração é o adorador.

Carregamos nosso lugar de adoração aonde quer que vamos. Isso é fundamentalmente diferente do judaísmo. O templo no judaísmo é um templo material; o templo na igreja é um templo espiritual.

Alguém certa vez calculou o valor total do templo judeu – é o suficiente para proporcionar a todas as pessoas da terra uma boa porção financeira.

Mas, e quanto ao templo dos cristãos hoje? Alguns são mancos, alguns são cegos e alguns são pobres, mas este é o templo.

Hoje algumas pessoas dizem: "Se você não quer ir a um templo solene e magnífico, no mínimo precisa de uma capela".

Mas a igreja não tem um templo. Aonde quer que os crentes vão, para lá o templo também vai. Deus habita em homens, não em uma casa. Os homens pensam que, se forem adorar a Deus, eles precisam de um lugar. Alguns até chamam templo de "igreja". Isso é judaísmo, não a igreja!

A palavra igreja em grego é "eklésia", que significa "os chamados para fora de". A igreja é um povo comprado com o sangue precioso de Cristo – esta é a igreja.

Hoje temos o templo no andar superior, temos o templo no pórtico de Salomão, temos o templo na porta chamada Formosa e temos templo no andar inferior. O judaísmo tem o lugar material.

Então, quem são os judeus? São os que levam o lugar material para dentro das igrejas. Se os filhos de Deus desejam andar no caminho do Senhor, eles devem pedir a Deus que abra seus olhos, para que possam ver que a igreja é espiritual, não material.


2º) Os judeus também têm as leis, os regulamentos para seu viver diário (Deus somente usa leis para fazer os homens conhecerem os seus pecados). Todo aquele que for um judeu deve guardar os Dez Mandamentos. Mas o Senhor Jesus disse claramente que mesmo que você guarde os Dez Mandamentos, ainda lhe falta uma coisa (Lucas 18:20-22).

O judaísmo tem um padrão de princípios para seu viver diário, o qual está escrito em tábuas de pedra e precisa ser memorizado. Mas o problema está aqui: se sou alfabetizado, entendê-lo-ei; se sou analfabeto, não o entenderei. Se tiver boa memória, consigo lembrá-lo; se não tiver boa memória, não consigo lembrá-lo. Isso é judaísmo. O padrão do viver diário do judaísmo é morto; é exterior. Na igreja não há lei; em vez disso, sua lei está em outro lugar. Não está escrita em tábua de pedra, mas nas tábuas do coração. A lei do Espírito da vida está dentro de mim. O Espírito Santo habita em mim; o Espírito Santo é a minha lei. Leia Hebreus 8 e Jeremias 31.

Deus diz: "Nas suas mentes imprimirei as minhas leis, também sobre os seus corações as escreverei" (Hebreus 8:10).

Hoje, certo e errado não estão em tábuas de pedra, mas no coração. Hoje nossa especial característica é que o Espírito de Deus habita em nós.

Se o Espírito Santo não concorda, o que quer que você diga não vale nada; se o Espírito Santo concorda, o que quer que você diga também não vale nada. A lei torna-se uma questão interior, não exterior. Há leis escritas e regulamentos no judaísmo. Hoje também há muitas normas e regulamentos escritos na "igreja professa", mas isto não é a igreja. Qualquer regulamento que é colocado exteriormente não é a igreja. Não temos leis exteriores; nosso padrão de viver diário é interior. A tribulação da igreja em Esmirna foi devido ao fato de aqueles que chamavam a si mesmo judeus estarem impondo regulamentos judaicos sobre ela.


3º) No judaísmo, os homens que adoram e o Deus que é adorado estão separados e muito distanciados um do outro.

A distância é o judaísmo. Quando o homem vê o Deus do judaísmo, ele imediatamente morrerá.

Como os do judaísmo conseguem aproximar-se de Deus? Eles dependem de um mediador, o sacerdote.

Os sacerdotes os representam para ir a Deus. As pessoas são seculares; elas somente podem fazer coisas seculares e ser mundanas. Mas os sacerdotes devem ser totalmente santos e cuidar das coisas santas. A responsabilidade dos judeus é levar o boi ou a ovelha ao templo. Quanto a servir a Deus, esse é um assunto dos sacerdotes, não dos judeus. Mas na igreja não é assim. Na igreja, Deus não apenas quer que tragamos coisas materiais a Ele, mas também deseja que o povo venha a Ele. Hoje a classe mediadora foi abolida.

Quais foram as palavras de blasfêmia faladas pelos judeus? Um grupo de pessoas na igreja em Esmirna estava dizendo: "Se aos irmãos é permitido fazer tudo, se os irmãos podem batizar as pessoas, se os irmãos podem partir o pão, não há qualquer ordem! Isto é terrível!"

Eles queriam estabelecer uma classe mediadora.

O cristianismo de hoje já tem sido judaizado. O judaísmo tem os sacerdotes, enquanto o cristianismo tem os rigorosos padres, os clérigos que não são assim tão severos, e os pastores comuns no sistema pastoral. Os padres, os clérigos e os pastores cuidam de todas as coisas espirituais. Sua única expectativa quantos aos membros da igreja é o donativo. Nós, o laicato (os crentes comuns), somos seculares; podemos somente fazer coisas seculares e ser mundanos o quanto quisermos. Mas a igreja não tem qualquer pessoa secular (mundana)!

Isso não significa que não cuidamos de coisas seculares, mas que o mundo não pode tocar-nos. Na igreja cada um é espiritual.

Deixe-me dizer-lhe: toda vez que a igreja chega a ponto de somente poucas pessoas cuidarem das coisas espirituais, tal igreja já caiu. Todos sabemos que aos padres católicos romanos não é permitido casar; quanto mais eles diferirem em aparência dos seres humanos, mais seguras as pessoas sentir-se-ão em confiar-lhes as coisas espirituais. A igreja não é nada disso. A igreja exige que ofereçamos todo o nosso ser a Deus. Esta é a única maneira. Cada um deve servir o Senhor. Fazer coisas seculares é apenas tomar conta de nossas necessidades diárias.


4º) O propósito dos judeus ao servirem a Deus é que eles pudessem colher mais trigo dos campos e que os bois e rebanho não perdessem seus filhotes, mas multiplicassem muitas vezes, exatamente como no caso de Jacó. Eles estão buscando a bênção neste mundo. As promessas de Deus a eles são também promessas da terra, para que entre as nações da terra eles sejam a cabeça e não a cauda. Mas a primeira promessa à igreja é que devemos tomar a cruz e seguir o Senhor.

Pessoas enganadas pelo falso "evangelho da prosperidade", já me perguntam: "Haverá comida, saúde e emprego quando crermos em Jesus?"

Eu respondo: "Quando você crê em Jesus, todas estas coisas serão quebradas". Esta é a igreja.

Não é que após crer você ganhará mais em todas as coisas.

Certa vez ouvi um pregador dizer em sua mensagem: "Se você apenas crer em Jesus, embora possa não fazer fortuna, no mínimo, você conseguirá uma vida confortável".

Quando ouvi isso, pensei:" Isto não está de acordo com a igreja. O que a igreja ensina não é quanto eu vou ganhar diante de Deus, mas quanto estarei disposto a perder diante de Deus".


A igreja não acha que o sofrimento é uma coisa dolorosa; pelo contrário, é uma alegria.

Hoje, estes quatro itens – (1) o templo material, (2) as leis exteriores, (3) os sacerdotes mediadores e (4) as promessas terrenas – estão na igreja professa.


No (v.9b), o Senhor fala uma palavra muito forte: "Dos que a si mesmos se declaram judeus, e não o são, sendo antes sinagogas de Satanás."

A palavra sinagoga está especialmente relacionada ao judaísmo, assim como templo ao budismo, mosteiro ao taoismo e mesquita ao islamismo.

O Senhor disse que eles eram sinagoga de Satanás. Os judeus citados aqui pelo Senhor referem-se aos judeus na igreja, porque eles até mesmo introduziram a sinagoga.

Devemos livrar-nos completamente de todas as coisas do judaísmo.


Na igreja de Esmirna havia tribulação, pobreza e blasfêmia dos judeus. Mas o Senhor disse àqueles cristãos (v.10a): "Não temas as cousas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova".

Não temas! Muitas vezes se apenas entendêssemos que algo é causado por Satanás, o problema já estaria solucionado pela metade. Quando começamos a pensar que algo é causado pelos homens é que temos dificuldade. Se conseguíssemos apenas entender que isso está sendo feito pelo inimigo, o problema seria resolvido e nosso coração poderia imediatamente descansar diante do Senhor.

Lemos também no (v.10b)"E tereis tribulação de dez dias."

Temos, aqui, o problema dos "dez dias". Muitos expositores de Apocalipse e Daniel estão acostumados a contar um dia como um ano. Uma vez que contam os dez dias aqui como dez anos, eles procuraram esses dez anos na história, mas não encontraram nada. Eu pessoalmente sinto que não há nenhuma base bíblica para isto.

Há muitos lugares na Bíblia onde dias não podem ser considerados como anos.

Por exemplo, Apocalipse 12:14 diz: "Um tempo, tempos, e metade de um tempo". Isto é três anos e meio.


Apocalipse 12:6 diz: "Mil duzentos e sessenta dias". O ano do calendário judaico tem 360 dias; logo 1260 dias são três anos e meio. Se um dia é equivalente a um ano, então seriam mil duzentos e sessenta anos.

Se a grande tribulação durasse tão longo tempo, que fariam as pessoas?

Então, qual é o verdadeiro significado de dez dias? Na Bíblia dez dias são mencionados muitas vezes.

Em Gênesis 24:55 há "dez dias". Quando o servo queria levar Rebeca com ele, o irmão e a mãe de Rebeca pediram-lhe que ela ficasse com eles pelo menos dez dias.

Quando Daniel e seus amigos não se permitiram ser corrompidos pelas iguarias do rei, eles pediram aos cozinheiros-chefe para testá-los por dez dias (Daniel 1:12).

Portanto, "dez dias", na Bíblia, significa um período bem breve. O que o Senhor fala aqui tem o mesmo significado. Por um lado, isso significa que há dias certos para o nosso sofrimento, e nossos dias de sofrimento são contados pelo Senhor. Após estes dias seremos libertados exatamente como Jó.

Por outro lado, significa que os dez dias são um período muito breve. Não importa quais provações passemos diante de Deus, elas não durarão muito. Quando os dias são completados, o maligno não pode fazer nada. As provações que você sofrerá passarão rapidamente.


No final do (v.10) lemos: "Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida".

Fiel até a morte é uma questão de tempo e atitude. O Senhor insiste que a vida de todos aqueles que O servem pertence a Ele; essa é a razão por que você deve ser fiel até a morte. Todo aquele que é comprado com o sangue precioso, pertence ao Senhor e deve ser totalmente pelo Senhor.

Desde o início Cristo exige tudo de nós; agora Ele diz: "Sê fiel até à morte."

Quanto a nossa atitude, devemos ser fiéis mesmo até à morte; quanto ao tempo, devemos ser fiéis até à morte.

E a promessa do Senhor é (v.10): "Dar-te-ei a coroa da vida".

A coroa é uma recompensa; naquele tempo, a vida tornar-se-á uma coroa.

No (v.11), o Senhor finaliza sua carta dizendo: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O vencedor, de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte".

Aqui, diz claramente que o salvo, não somente escapará da morte, como nem sofrerá a dor da segunda morte, porque já aprendeu a lição. As tribulações são severas; se você nunca esteve em tribulação, nunca saberá quão terríveis elas são.

A pobreza é opressora; se você nunca foi pobre, nunca saberá o gosto dela.

A blasfêmia é também opressora; se você nunca foi blasfemado, não conhece a sua dor.

É como se cada encontro com determinada situação arrastasse você para a morte, mas enquanto passa por ela, você prova que a ressurreição é um fato. O Senhor saiu da sepultura, e nós também vamos sair. Sua vida de ressurreição hoje não pode ser sufocada; portanto, ousamos dizer que nós também não podemos ser sufocados.

77. (3ª) A igreja de Pérgamo Profeticamente

Em Apocalipse 2:12-17, temos a carta que o Senhor Jesus enviou pelo apóstolo João a igreja em Pérgamo.

Pérgamo era uma antiga cidade grega que situava-se na Mísia, no noroeste da Anatólia.

Antes da era romana, Pérgamo era a capital da Ásia e, posteriormente, veio a ser um centro de administração romana. Havia pouco comércio em Pérgamo e as suas principais atrações eram a Biblioteca e os Templos. Dizem que a sua Biblioteca possuía 200.000 livros. Por causa dos muitos templos dedicados a deuses pagãos, havia muita imoralidade.

A igreja em Éfeso representa a igreja do final da era apostólica, é a igreja anterior e posterior a morte do apóstolo João, a igreja a qual o próprio João se referiu à última hora, e a igreja mencionada em 2 Pedro e 2 Timóteo.

A seguir, houve a era em que a igreja foi perseguida, a qual foi profetizada pela igreja em Esmirna, como nos é mostrado pelo Senhor. Agora observaremos a igreja em Pérgamo.

A palavra Pérgamo significa casamento ou união. Aqui vemos como a igreja deu uma "virada". Penso que os crentes daquela época, quando liam a respeito de Pérgamo, provavelmente não entendiam o que essa carta significava; mas hoje, quando olhamos para a história da igreja, isso fica muito claro.


Edward Gibbon, um historiador britânico, disse que se matassem todos os cristãos em Roma, a cidade tornar-se-ia desabitada. Portanto, a maior perseguição de todo o mundo ainda não foi capaz de destruir a igreja. Então, Satanás mudou o método de ataque.

O mundo não só parou de perseguir a igreja, mas até o maior império desta terra – Roma – aceitou o cristianismo como sua religião estatal.

Dizem que o imperador Constantino teve um sonho no qual ele viu uma cruz com as palavras: "Vença com este sinal" escritas sobre ela. Ele descobriu que a cruz era um sinal do cristianismo; por isso aceitou o cristianismo como religião estatal. Ele encorajou as pessoas serem batizadas, e a quem quer que fosse batizado eram dadas duas vestes brancas e algumas moedas de prata. A igreja foi unida ao mundo; então, a igreja tornou-se caída.

No capítulo anterior lemos que a igreja em Esmirna foi a igreja do sofrimento, e o Senhor não teve nada a dizer contra ela. Aqui, porém, Pérgamo e o mundo estão unidos para se tornarem a maior religião estatal. De acordo com o homem, isso seria um progresso; contudo, o Senhor ficou descontente. Quando a igreja se um com o mundo, o testemunho da igreja é arruinado.

A igreja é peregrino no mundo. É certo um barco estar na água, mas não, a água estar no barco.


O Senhor fala de si mesmo no (v.12), como "Aquele que tem a espada afiada de dois gumes." Eis aqui o julgamento.

A igreja está arruinada, mas isso não significa que a igreja naquela época estivesse completamente sem testemunho. Não importa em qual circunstância ela esteja, a realidade da igreja está sempre presente. Pérgamo é a igreja que continua imediatamente após Esmirna.

Em que tipo de situação ela está? O Senhor diz aqui (v.13a): "Conheço o lugar em que habitas, onde está o trono de Satanás".

O Senhor reconhece a dificuldade da situação de Pérgamo. Uma vez que ela habita no mesmo lugar do trono de Satanás, é bastante difícil para ela manter um testemunho.

Aqui temos uma pessoa que é muito especial para o Senhor (v.13b), "Antipas, minha testemunha, meu fiel, o qual foi morto entre vós".

Não encontramos seu nome na história; portanto, já que isso é uma profecia, precisamos descobrir o significado do nome em si.


"Anti" significa "contra"; "pás" significa "tudo". Há um homem fiel, Antipas, que é contra tudo; ele se opõe à todas as coisas. Isto não quer dizer que ele intencionalmente cria problemas sem se importar com a situação, mas ele permanece ao lado de Deus para opor-se a todas as coisas. É evidente que essa pessoa deveria tornar-se um mártir. A história não conhece seu nome, mas o Senhor o conhece. Considerando esse homem fiel que foi morto, o Senhor diz: "Conservas o meu nome, e não negaste a minha fé".


Duas questões são mencionadas aqui: uma é o (1) "nome do Senhor", a outra é a (2) "fé do Senhor".

Os filhos de Deus são homens que Ele escolheu dentre os gentios em o nome do Senhor. Há uma diferença básica entre a igreja e a religião. Na religião é suficiente aceitar-se os ensinamentos, mas na igreja isto é insignificante, se não se crê no Senhor.


1) O nome do Senhor representa o próprio Senhor. Essa é uma característica especial. Além disso, o nome também nos diz que Ele esteve aqui e se foi, Ele morreu e reviveu; portanto, Ele deixou um nome em nosso meio. Se perdermos o nome do nosso Senhor, já não temos o testemunho. Pérgamo recebeu o nome do Senhor.

Há uma coisa à qual os filhos de Deus devem prestar atenção: devemos manifestar-nos como aqueles que estão no nome do Senhor. Este nome é um nome especial, um nome que irá preservar-nos de perder o testemunho.


(2) Cristo também diz: "E não negaste a minha fé".

Fé, aqui, em grego, é "pistin". O significado dessa palavra é crença. Não é uma crença comum, mas a única crença, a crença que é distinta de todas as outras. O Senhor diz: "Não tens negado minha única fé".


A igreja não é algo da filosofia, ciência natural, ética ou psicologia – estas não são coisas da igreja. A igreja é algo de crença, algo de fé, "não negaste a minha fé".

Que significa isso? Significa "Não Me negaste crendo em Mim."

Os filhos de Deus devem preservar essa crença. Nossa crença no Senhor Jesus não deve mudar de maneira alguma. O que nos separa do mundo é a nossa fé.

Assim, "conservas o Meu nome, e não negaste a Minha fé" – estes dois pontos, são as coisas que o Senhor louvou nela.


No (v.14), o Senhor disse: "Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem prostituição".

Balaão era um gentio; não sabemos porque Deus o chamava profeta. Como no caso de Saul, o Espírito de Deus moveu-o, mas não entrou nele.

Porque o povo de Israel era sempre vitorioso, Balaque, rei moabita, estava temeroso e chamou Balaão. Ele lhe disse: "Você é um profeta. Por favor, amaldiçoe, o povo de Israel."

Balaão cobiçou o dinheiro oferecido e ficou desejoso de ir, e embora Céus o impedisse no início, por fim permitiu-lhe ir. Mas Balaão não encontrava maneira para amaldiçoar o povo de Israel. Contudo, desde que ele aceitara o dinheiro de Balaque e não fizera nada em troca, sentiu-se incomodado; assim ele traçou um plano. Os moabitas pediram s suas mulheres para se aproximarem do povo de Israel.

Assim, as mulheres moabitas e o povo de Israel uniram-se, e os homens do povo de Israel tomaram para si aquelas mulheres. Essas mulheres gentias trouxeram consigo seus ídolos, induzindo o povo de Israel não apenas cometer prostituição, mas também a adorar os ídolos. Deus irou-se e matou vinte e quatro mil israelitas; mas Moabe foi preservado.

Em Números 25, vamos que as mulheres moabitas uniram-se com os israelitas, mas só no capítulo 31 descobrimos que o plano foi feito por Balaão. Deus nos mostra o que Pérgamo é: o significado de Pérgamo é casamento com o mundo.


Originalmente, o mundo opunha-se à igreja; agora o mundo e a igreja estão casados.

Tenho dito muitas vezes que o significado de igreja (eklésia) é "os chamados para fora"; não unidos, não situados no mundo, mas separados, chamados para fora – isto é igreja.

O método de Balaão é destruir a separação entre a igreja e o mundo, e o resultado é idolatria. Aqui, precisamos dar especial atenção a duas coisas – fornicação e idolatria. É muito estranho que estas duas questões estejam colocadas juntas.

Em 1 Coríntios elas também são mencionadas juntas. Estas são duas coisas que Deus mais odeia.

Ouça o que Tiago 4 diz sobre isto: "Não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus?" Estar unido com o mundo é o que Deus odeia.

Mamom também está em oposição a Deus: "Não podeis servir a Deus e a mamom" (Mateus 6-24).

Os homens ou servem a um, ou a outro. Aqui vemos a questão mais importante, isto é, mamom posiciona-se contra Deus. Muitos ídolos existem somente por causa de mamom. Hoje nenhum cristão mataria pessoas ou adoraria ídolos, mas cobiçarmos dinheiro, confiando no poder de mamom, é equivalente à idolatria. Mamom é o princípio dos ídolos, e Deus deseja separar os homens de mamom. Unir-se a fornicação é idolatria; portanto, cobiçar dinheiro está junto à união com o mundo. Quero apresentar os lados opostos na Bíblia; vendo o lado negativo, então conseguiremos ver o lado positivo. A Bíblia sempre coloca Satanás em oposição a Cristo, a carne em oposição ao Espírito Santo, e o mundo e mamom em oposição a Deus, o Pai.

O mundo é oposto ao Pai; essa é a razão por que em 1 João 2 diz: "Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele" (v.15b).


Mamom é contra Deus. Sempre que os homens servem a mamom, ele não pode servir a Deus. A obra de Balaão é unir o mundo com a igreja. A necessidade de Constantino nos exaltar é ensinamento de Balaão. Nada é mais difícil do que impedir que a obra de Balaão entre. Hoje, todos os filhos de Deus querem ser grandes, querem ter mais e não querem prestar atenção à santidade e pureza. Então, eles se entregam aos pecados, aos ensinamentos de Balaão e consentem que o nome do Senhor seja negado.

O Senhor, aqui, menciona especialmente Balaão. Balão foi o primeiro a ganhar dinheiro com seus dons. Há diversos lugares no Novo Testamento que mencionam Balaão.


Em 2 Pedro lemos que Balaão foi alguém que amou o prêmio da injustiça. Judas diz que Balaão foi alguém que buscou gananciosamente a remuneração. Consideremos isto. Você acha que seria possível a igreja em Corinto convidar Paulo, e ainda discutir, primeiro, a questão de remuneração? Você acha que a igreja em Jerusalém assinou um contrato com Pedro por certa quantia de pagamento anual? Não podemos absolutamente conceber tais coisas acontecendo. Originalmente, aqueles que trabalhavam para Deus dependiam de Deus para seu sustento; eles não pediam nada dos homens e não aceitavam dinheiro dos gentios (3 João 7).

Mas, durante a época de Constantino, todos os que serviam a Deus recebiam salário da tesouraria estatal. Foi um pouco depois do ano 300 d.C. que esta prática começou. Quando cada um recebeu um salário, o método de Balaão entrou. O método de Balaão não tem lugar nos planos de Deus.

Se perguntasse aos apóstolos daquele tempo: "Quanto você recebe de salário por mês?", isso seria um absurdo.

Mas hoje essa condição tornou-se comum. Se confiamos em Deus, então vamos trabalhar para Ele; se não confiamos em Deus, então não vamos trabalhar. Precisamos prestar especial atenção a essa questão diante do Senhor. Logo a seguir, são mencionados novamente os nicolaítas. "Outrossim, também" – estas duas palavras formam um elo com as palavras anteriores. O Senhor expressou sua rejeição pelos ensinamentos de Balaão; assim também o Senhor repr