Mulher Cristã

07/05/2024

1. Abigail - A mulher espiritual

Provavelmente a lição mais importante em 1 Samuel 25 é que, por mais que o Cristão supere a tentação numa determinada área da vida, um dia pode falhar ao surgir de novo a tentação anteriormente vencida.
Davi nos capítulos anteriores tinha sido tentado a revidar contra seus inimigos, mas conseguiu se controlar e manter sua comunhão com Deus.
Agora surgiu uma crise diferente e a reação de Davi nos mostra que vitórias do passado não garantem vitórias futuras, e não garantem que não vamos cair em uma nova situação.
Isto é verdade em todas as áreas da vida. Um homem de negócios ou um empregado de integridade e confiança pode partir para a desonestidade, especialmente estando em aperto financeiro. Um irmão conhecido por sua calma pode irar-se ao ser provocado. Ótimos relacionamentos dentro do lar hoje não garantem a continuação deles nos anos futuros. Estes são apenas alguns exemplos, e tendo em vista nossa inerente fraqueza não podemos deixar de tomar cuidado.
A atuação de Abigail no incidente que ocorreu neste capítulo dá a ela um lugar entre as mulheres mais impressionantes da Bíblia. Qualquer avaliação de seu valor deve levar em conta as difíceis circunstâncias da sua vida dentro do lar. Este capítulo traz algumas lições práticas para nós, que vamos examinar.


Insuficiência
Davi havia sido um exemplo de graça e paciência ao recusar matar Saul quando teria sido tão fácil fazê-lo (1 Sam.24:3-22). Sua fé em Deus o sustentou e sua atitude de submissão ao rei estabelecido por Deus traz uma lição que é necessária até hoje nas igrejas. Entretanto, agora, sendo provocado, ele está pronto para levar quatrocentos homens para exterminar Nabal e todos os seus familiares. Se fosse permitido que ele executasse esse plano uma sombra escura teria caído sobre sua pessoa pelo resto de sua vida. Ele teria sido lembrado pela vingança injustificável e os homicídios desnecessários.
Bem podemos questionar: "Porque, Davi está fazendo isto? Como pôde mudar tanto?" Mas quem garante que algo semelhante não aconteça conosco? Muitas vezes os Cristãos perguntam a respeito dos outros: "O que é que houve?" "Como que isto pode ter acontecido?" Temos de nos lembrar de que a carne permanece no crente e pode nos trair a qualquer momento, independente das vitórias do passado. Que possamos aprender a lição da nossa insuficiência e que, mesmo com vitórias no passado, e as melhores intenções para o futuro, podemos sucumbir e falhar.
Duas passagens ajudam neste ponto: "Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne" (Gálatas 5:16) e "Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne e,m suas concupiscências (Romanos 13:14).
É somente na medida em que nos Julgamos a nós mesmos em Sua presença e nos servimos do poder do Espírito que seremos vitoriosos na caminhada. A oração e a Bíblia são indispensáveis na disciplina da vida diária.


Ingratidão
Nesta época, Davi continuava sendo vítima da inveja e do ódio de Saul. Ele tinha viajado para o sul para tentar garantir a sua segurança. Lá, ele e seus homens ajudaram muito os fazendeiros, pastores e os moradores em geral. Eles os protegiam dos ataques dos filisteus. Seria natural, então, que homens ricos como Nabal sentissem certa gratidão para com Davi e seus homens. A época da tosa dos carneiros era a ocasião para a manifestação de generosidade nas comunidades e como Nabal tinha
uma dívida de gratidão para com Davi pela prosperidade dele, tinha motivos para prestar-lhe um favor. Mas não foi assim. "Quem é Davi?" ele pergunta. Continuando no mesmo tom de escárnio, acrescentou calúnia, alegando que Davi estava nesta situação por causa de sua deslealdade a Saul! Em assim falar, Nabal estava se fazendo de "grande defensor da ordem pública", mesmo ele estando muito distante do Senhor.
Já ouvimos de algo assim?
Infelizmente é uma atitude que se repete em nossos dias. É triste ver em certas ocasiões a irrefletida ingratidão de cristão para os que têm sido seus bem feitores. Quer sejam em coisas materiais ou espirituais, devemos ser pessoas caracterizadas por gratidão.
Um dos males da sociedade atual é a "ingratidão" (2Tim.3:2). Talvez os que mais sintam isto sejam anciãos que o Espírito Santo levantou, que são fiéis em seu labor espiritual e ensinamento da Palavra. Os tais muitas vezes são desprezados e caluniados. "Quem é ele para estar dizendo isto?" seria uma forma moderna da dura crítica de Nabal. Podemos ter certeza que Deus encara isto com seriedade e o cobrará de maneira solene. Um dos problemas que afligem os santos é o esquecimento (às vezes proposital).
Se nos recordássemos das bênçãos que alguns cristãos trouxeram para nós, abandonaríamos toda a grosseria que nutrimos contra eles por motivos fúteis.


Incompatibilidade
O casamento entre Nabal e Abigail deve estar entre os mais calamitosos em toda a história desta ordenança.
Normalmente leva tempo para confirmar a compatibilidade de duas pessoas que pretendem casar. Depois do casamento haverá ainda mais tempo para pôr esta compatibilidade à prova. A salvaguarda para ambos é a lealdade total ao Senhor Jesus Cristo. Onde isto predomina sérios problemas serão evitados. Nabal tinha riqueza, mas faltava-lhe qualquer vestígio de cavalheirismo ou generosidade. Até os servos de Nabal percebiam seu caráter: um tal filho de Belial, que não há quem lhe possa falar" (v.17). Infelizmente ainda há alguns assim, até entre o povo de Deus. Faltam-lhes tanto as boas maneiras que nem se pode conversar com eles.
Em contrapartida, Abigail manifesta um excelente caráter em todos os níveis. "Era a mulher de bom entendimento e formosa" (v.3). Nela se combinava bom senso e educação, inteligência e beleza. Lendo mais um pouco vemos que ela tinha um profundo conhecimento dos caminhos do Senhor. Ela soube se dirigir a Davi com humildade e reserva. Infelizmente quando casou com Nabal ganhou um marido ignorante e certamente as riquezas dele não aliviaram seus sofrimentos.
Tentamos imaginar de que maneira o casal conseguia conviver. No mundo de hoje o casamento não teria durado muito, mas Abigail perseverou. Ela fez o que era certo e quando Nabal morreu ela foi libertada por Deus.


Influência
O ponto alto da história é a maneira em que Abigail conseguiu aconselhar Davi e assim evitar uma calamidade na vida dele. Ela deixou um bom exemplo para os outros seguirem. Foi muito bom o conselho que deu a Davi quando o aconselhou a não dar ouvidos a um homem como Nabal. Nem valia a pena escutar! Nós também devemos lembrar que o peso duma crítica é determinado pelo peso de quem fala. Muitas críticas podem ser esquecidas sem prejuízo algum.
Abigail agiu com urgência, honestidade e humildade. Certos problemas, na vida particular ou na igreja, poderiam ser resolvidos se encarados com certa urgência.
A honestidade é indispensável e quem quer ajudar em tempos difíceis precisará sempre de humildade. Abigail agiu na hora certa e com muita compreensão. Ela podia usar de franqueza sem criar inimizade.
Mas além de tudo isso, ela tinha uma mente espiritual bem desenvolvida.
Suas palavras desarmaram Davi por completo. Ela lembrou-lhe de suas bênçãos, seu bom nome, suas vitórias e acima de tudo o grande futuro que Deus tinha para ele. Ele não precisava vingar-se dos insultos de Nabal!
Alguém tem dito que ela "aplicou uma mão fria numa cabeça quente".
O resultado foi que Davi começou a encarar a situação do ponto de vista do grande futuro que Deus tinha para ele. Todos nós devemos aprender com isto, ainda que exija muita paciência.
Quantas vezes agimos só com "o presente" em vista, esquecendo-nos que vamos colher o que semeamos.
A cena termina com louvor para Deus e elogios para Abigail. Assim termina um episódio impressionante na vida de Davi com as lições com a Palavra de Deus traz para nós.


Por: J. Fleck - submetido por Thomas Matthews
Tradução e adaptação de um artigo publicado pela "Belieter's Magazine".

2. A mulher pode ou deve usar o véu?

Está se tornando usual, em nossos dias, a aplicação indevida dos verbos poder e dever. Conforme a conveniência ou ponto de vista que se queira defender, dissimuladamente fazem a substituição desses verbos em artigos ou comentários bíblicos, que passam desapercebidos pelos menos atentos, gerando costumes ou tradições ao arrepio da sã doutrina. 

O verbo poder representa a faculdade ou possibilidade de fazermos alguma coisa de acordo com o nosso livre arbítrio. Tanto é verdade que esse verbo não é conjugável no modo imperativo. Já o verbo dever tem o significado absoluto de ter a obrigação de fazer-se aquilo que está determinado ou sugerido.

Para exemplificar: podemos cometer pecado? Sim, porque isto faz parte da influência carnal que possuímos, está dentro da nossa capacidade física ou mental, por isso pecamos e diariamente temos que confessar os nossos pecados a Deus (I Jo. 1:8-10). Por outro lado, devemos viver assiduamente no pecado? Claro que não, pois isto está claramente determinado na Palavra de Deus que não devemos permanecer no pecado, tendo em vista que é nisto que se diferenciam os filhos de Deus e os filhos do diabo (I Jo.3:9-10). Portanto, nem tudo que se pode fazer é o que deve ser feito, sob pena de estarmos pecando e nos identificando com os desobedientes a Deus.

Ninguém, em sã consciência, discordará da afirmação de Paulo que os maridos devem amar as suas esposas assim como Cristo amou a igreja a ponto de Se entregar por ela (Ef. 5:22-33). Sabiamente as mulheres dão grande ênfase a esta passagem, tendo em vista que a elas é determinado que sejam submissas aos seus maridos, como ao Senhor, logo a recíproca tem que ser verdadeira, ou seja, as mulheres se submetem por obediência ao Senhor e, em nome dessa mesma obediência, seus maridos lhes devem amor na mesma plenitude que Cristo amou a Sua igreja.

O que causa estranheza é que o mesmo vernáculo - deve - usado em Ef. 5:28, que no original grego denota uma inquestionável obrigação moral, não é aceito, principalmente pelas mulheres, em I Co. 11:10 que afirma que a mulher deve trazer um sinal de submissão ou autoridade em sua cabeça por causa dos anjos. 

Nesta passagem o verbo está conjugado no modo imperativo afirmativo, que não deixa nenhuma dúvida quanto a ordem nele contida. Como é possível o mesmo verbo ter sentidos diferentes em Ef. 5:28 e I Co. 11:10? Dever implica em obrigação, logo, não cumprir com aquilo que é determinado na Bíblia é desobediência a Deus.

É impressionante como muitas pessoas têm gasto um precioso tempo levantando argumentos, até mesmo absurdos, para justificar o descumprimento da determinação bíblica que a mulher deve cobrir a sua cabeça nas reuniões da igreja. Esses argumentos geram uma confusão tamanha que faz com que as lideranças de algumas igrejas locais deixem o uso do véu a critério pessoal de cada irmã, como se houvesse duas verdades na Bíblia.

A isto chamamos de a Síndrome de Pilatos, ou seja, conhece-se a verdade, porém, é "politicamente correto" não aplicá-la, com isso, "lavam-se as mãos" jogando a responsabilidade da decisão sobre as mulheres. Esse procedimento, de não assumir responsabilidades, foi utilizado por Pilatos para encaminhar Jesus Cristo para a morte. Por definição: responsabilidade não se transfere, assume-se para não se tornar um irresponsável.

Creio ser oportuno avaliarmos alguns dos argumentos apresentados por aqueles que procuram justificar a desobediência do não uso do véu, pelas mulheres, nas reuniões públicas realizadas pela igreja local:


O ARGUMENTO RESTRITIVO:

O assunto seria específico à igreja em Corinto. Os que assim argumentam se estribam no erro de que a primeira epístola aos Coríntios se prende obstinadamente a fatos locais, logo, o uso do véu pelas mulheres seria específico para aquela igreja local.

Sem dúvida, essa afirmação é absurda, pois é claríssima a universalidade da epístola ... à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para serem santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome do Senhor Jesus, Senhor deles e nosso (I Co. 1:2). Será por demais pretensioso afirmar que os males que afligiam aquela igreja jamais ocorreriam em outras. O Espírito Santo orientou Paulo nesse sentido a fim de que as demais igrejas aprendessem com os erros cometidos por aqueles irmãos e evitassem os mesmos procedimentos.

Sabemos que apesar dessas admoestações, esses erros não deixaram de ser praticados, pois, ainda hoje, cometem-se os mesmos pecados apesar das advertências contidas nessa carta. Dizer-se que assuntos correlatos à ordem nos cultos, a participação na ceia, o ordenamento dos dons espirituais, a sublimidade do amor, a ressurreição dos mortos, e os assuntos pertinentes à coleta, seriam específicos à igreja em Corinto, no mínimo é por desconhecimento bíblico, pois, se for de caso pensado é de má fé.


O ARGUMENTO CULTURAL:

O uso do véu seria um costume social da época em Corinto. Pelo fato de Paulo fazer uma referência quanto ao costume social do tamanho do cabelo a ser usado por homens e mulheres (I Co. 11:14-15), isto não significa que ele estivesse fazendo o mesmo com o véu.A comparação é uma figura de linguagem que facilita o ensino ou a explicação sobre determinado aspecto. Um quilo de ilustração vale por uma tonelada de explicações, porém, quando o espírito farisaico prevalece não há ilustração que dê jeito. Lembremo-nos das parábolas de Cristo e a rebeldia dos judeus.

Se a afirmação que o uso do véu para as mulheres é coisa do passado e era aplicado somente naqueles dias, isto vale dizer que o inverso também é verdadeiro, ou seja, os homens de hoje deveriam orar com as suas cabeças cobertas, pois Paulo teria determinado somente para aquela época que o homem devia, ao contrário das mulheres, orar com a cabeça descoberta (I Co. 11.4). Teriam, porventura, os homens de hoje usar o "tallith" (um xale de quatro pontas) sobre suas cabeças como faziam e fazem atualmente os judeus que oram com a cabeça coberta nas sinagogas, tendo em vista que o costume da cabeça descoberta seria somente para aquela época?

Percebem o absurdo dessa interpretação! Se não bastasse isso, se o uso fosse válido somente para aquela época, isto equivale dizer que hoje em dia os anjos do Senhor não mais estariam ao redor daqueles que O temem. O verso 10, de I Coríntios 11, é claríssimo, a mulher deve trazer a cabeça coberta por causa dos anjos. Se ensinarmos que a mulher não deve usar véu, é o mesmo que dizer que os anjos não existem ou não atuam mais!

O escritor aos Hebreus não deixa dúvida quanto ao ministério dos anjos junto à igreja ... são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação (Hb. 1:14). Os anjos do Senhor não podem contemplar a desobediência das servas, pois o uso do véu pela mulher é um sinal da sua submissão, assim como eles são submissos e se cobrem com as suas asas ao comparecerem perante o Trono de Deus (Is. 6:2).Com base nesse mesmo trecho de Isaías 6:2, há afirmações incorretas de que o homem também deveria cobrir a cabeça em suas orações a Deus. A Palavra de Deus é claríssima a esse respeito ... na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça por ser ele imagem e glória de Deus... (I Co. 11:7).

Convém ressaltar que o citado verso 10, de I Coríntios, contém uma profunda sabedoria. O vernáculo grego "exousia" significa "o direito de fazer alguma coisa", ou seja, a cabeça coberta da mulher lhe outorga autoridade para orar, adorar e exercer os seus dons espirituais, e, com essa atitude, ela se legitima perante os anjos e concomitantemente perante a igreja, conforme versos 13 e 16 de I Coríntios 11. Portanto, fica extremamente claro que essa legitimidade é manifestada pelo véu que a mulher trouxer na sua cabeça, pois, o exercício da sua autoridade está sendo demonstrado pelo sinal da sua submissão. Isto é sabedoria de Deus!

É lamentável a errônea interpretação de que a sujeição das mulheres pelo uso do véu é um sinal de que elas são inferiores aos homens. Isto é ignorância! Submissão não é sinônimo de inferioridade. Jesus sujeitou-Se ao Pai, porém, jamais Lhe foi inferior porque Ele - assim como o Pai - é Deus. Jesus deixou claro isso ao afirmar que enquanto ele aqui estivesse o Pai seria maior e não melhor que Ele. Isto diferencia sujeição de inferioridade (Jo. 10:30; 17:11,21-23). Qualquer outra interpretação fica por conta do inimigo das nossas almas.


O ARGUMENTO DA SUBSTITUIÇÃO:

O cabelo comprido substitui o uso do véu na igreja. Jamais Paulo fez tal afirmação. O uso da figura de linguagem do cabelo comprido das mulheres, que para elas era uma glória, pois a cabeleira lhe fora dada em lugar da mantilha (I Co.11.15), é uma explicação à sua própria indagação ... julgai entre vós mesmos: é conveniente que uma mulher ore com a cabeça descoberta a Deus? (I Co. 11.13). Essa figura de linguagem em hipótese nenhuma anula a obrigatoriedade do cumprimento do verso 10.

É erro grotesco afirmar-se que o cabelo comprido do verso 15 substitui o véu do verso 6, pois os vernáculos usados no original grego para essas vestimentas não são os mesmos, ou seja, no verso 6 trata-se realmente de um véu, peça de tecido mais leve, e no verso 15 de mantilha, vestimenta feminina mais pesada.

Aprendemos em Hermenêutica que em nenhuma hipótese devemos fixar uma doutrina ou norma tendo como base uma figura de linguagem, pois ela serve somente para ilustrar. Aquilo que está sendo ilustrado é que deverá prevalecer.


O ARGUMENTO DA AUSÊNCIA:

Se não houver varão presente às reuniões, a mulher pode orar sem véu. Outra afirmação improcedente. O que é que tem a ver uma coisa com a outra? A mulher não usa véu por causa do homem, mas por causa dos anjos, como sinal da sua autoridade e submissão à ordenança contida na Palavra de Deus. Os versos 5 e 6, de I Coríntios 11, são extremamente claros ... toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra a sua cabeça, porque é a mesma coisa como se estivesse rapada. Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também; se, porém, para a mulher é vergonhoso ser tosquiada ou rapada, cubra-se de véu.

Paulo ilustra a cabeça descoberta com a punição que era dada às mulheres devassas. O Espírito Santo levou Paulo a ser extremamente enérgico nessas colocações. De fato ele está afirmando que seria vergonhoso para a mulher orar com a sua cabeça descoberta porque, desta forma, estaria se colocando no mesmo nível daquelas que, por viverem no pecado, eram excluídas da sociedade.


O ARGUMENTO INDECOROSO:

Paulo não gostava de mulher. Sem dúvida essa afirmação vem do inferno. O movimento feminista infiltrado em algumas igrejas denominacionais tem lançado essa leviandade, com a maldosa insinuação de que Paulo era casto por não gostar de mulher.

Quanta maldade somente para justificar o não uso do púlpito e do véu pelas mulheres nas reuniões públicas da igreja local! As revelações contidas na Palavra de Deus não são de entendimento humano, mas por inspiração do Espírito Santo. Paulo afirma em II Tim. 3:16... Toda Escritura é divinamente inspirada. Pedro reafirma em II Pe. 1:20-21... nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo.

Portanto, quem manda as mulheres se cobrirem nas reuniões públicas da igreja com o véu não é Paulo, mas o Espírito Santo que é de Deus. A maledicência lançada contra Paulo é indecente, pois ele jamais se desagradou das mulheres ou as menosprezou como ele mesmo escreve em Gl. 3:28 ... não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois de Cristo Jesus.

Propositadamente as feministas se esquecem da menção que Paulo faz em suas epístolas às valorosas e dedicadas servas que como ele gastaram suas vidas em prol do Evangelho, e que por certo oravam com as suas cabeças cobertas. É torpeza colocar dúvida sobre a masculinidade de Paulo pelo fato dele praticar a castidade (I Co. 7:7-9). Por trás de toda essa desavença criada pelas feministas em torno do uso do véu, está o velado descontentamento das mulheres em usá-lo por entenderem que Paulo teria sido extremamente injusto com elas na medida que as colocou em sujeição ao homem. Essa ideia é absurdamente errada! A sujeição da mulher ao homem vem desde a criação e não se trata de uma "invenção" de Paulo, mas uma determinação de Deus.

Desde o princípio da criação a liderança do homem e a sujeição da mulher são determinados por Deus, tendo em vista que o homem é a imagem e glória de Deus e a mulher a glória do homem (I Co. 11:7). O homem foi colocado no mundo como representante de Deus para exercer domínio sobre a terra e a sua cabeça descoberta é um testemunho silencioso desse fato.

Portanto, o homem não deve cobrir a cabeça, pois tal ato seria um grande insulto a Deus porque estaria cobrindo a Sua glória. À mulher nunca foi dada essa liderança, Deus a colocou como ajudadora do homem. O diabo, em sua astúcia, induziu Eva a usurpar a liderança que pertencia a Adão na medida em que ela, sozinha, decidiu manter aquele fatídico diálogo. Por isso Deus determinou à mulher: ele (o homem) te dominará (Gn. 3:16). Eliminar essa sujeição é coisa do diabo, desde o princípio ele persiste nisso.


O ARGUMENTO DO PARADIGMA:

Nas igrejas denominacionais históricas as mulheres não usam véu. Se somos como somos é porque entendemos que assim devemos ser como igreja de Cristo que somos, ou seja, se nos reunimos dessa forma é porque cremos que devemos ter por modelo a igreja primitiva, que é algo sobremodo difícil em nossos dias em virtude das muitas tradições que foram criadas no meio tido como evangélico.

Assim como ocorreu no judaísmo e no catolicismo, o protestantismo se tem conduzido mais pelas tradições humanas do que propriamente pelas revelações contidas na Palavra de Deus. Amamos os irmãos denominacionais, porém, se nos reunimos procurando o padrão autêntico das igrejas neo-testamentárias, isto significa que não devemos aceitar tradições humanas misturadas ao ajuntamento solene.

As mesmas vozes que evocam o costume das denominacionais históricas pelo não uso do véu pelas mulheres são as mesmas vozes que não concordam, dentre tantas outras coisas, com a diferenciação que é feita entre o clérigo e o leigo cujo princípio eclesiástico nega, de fato, a unidade de todos os crentes. O vocacionamento clerical é estranho aos ensinamentos contidos na Palavra de Deus, pois ... como pedras vivas, somos edificados, casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo (I Pe. 2:5). Portanto, todos os cristãos nascidos espiritualmente de novo possuem o mesmo sacerdócio.

Que diremos então acerca das distorções doutrinárias? Por que então somente determinada prática nos serve, como o não uso do véu, e não há concordância para com as demais? Não seria uma hipocrisia pensarmos dessa forma, ou seja, naquilo que atende aos anseios das mulheres, as tradições das igrejas denominacionais devem ser seguidas? Creio que Paulo nos dá essa resposta em I Coríntios 11:16 ... se alguém quiser ser contencioso (ao permitir que a mulher ore sem véu), nós não temos tal costume, nem tampouco as igrejas de Deus.


O ARGUMENTO DOUTRINÁRIO:

A obrigatoriedade do uso do véu não é um ponto doutrinário por estar revelado em apenas uma passagem da Palavra de Deus. É sobremodo estranho o ensino que surgiu em nosso meio que uma doutrina bíblica somente é válida quando existe no mínimo mais de uma passagem que confirme a sua condição como tal.O nosso assunto aqui não é o de abrir um debate sobre hermenêutica, porém, se essa afirmação fosse verdadeira, a maioria das citações escatológicas não seria doutrinária. Basta lermos o Apocalipse e veremos que grande parte dos assuntos nele contidos somente lá estão revelados, ou ainda, afirmarmos que os mortos não serão arrebatados antes dos vivos simplesmente pelo fato que isto está revelado somente em I Ts. 4:15-17.É impressionante como inventam tanto por causa de algo tão simples que é o uso do véu pelas mulheres.


O ARGUMENTO DA CONCORRÊNCIA:

O tamanho e a cor do véu promovem um desfile de moda na igreja. Por último, justifica-se o não uso do véu pelo fato que poderá haver entre as mulheres uma concorrência ou desfile de moda pela multiplicidade de cores e tamanhos dos véus. Justificar que o uso do véu criaria uma disputa de moda entre as irmãs é uma afirmação temerária. Os vestidos, as calças compridas (por vezes coladas ao corpo), as saias (por vezes curtas demais), as blusas, os sapatos, as meias, os brincos, os anéis, os colares, os esmaltes, os batons etc. não geram concorrência, mas o véu promoverá isso?!? Não devemos subestimar a Deus dessa forma, pois é o Espírito Santo que determina o uso do véu.

Quanto ao tamanho gerar um modismo pelo fato de quanto menor o véu mais elegante a mulher fica, particularmente pode-se entender que se é ruim usar um véu pequeno, pior será não usar nenhum. Porém, é verdadeiro que está havendo um abuso em nossos dias pelo uso de minúsculos véus que os descaracterizam como a cobertura estabelecida na Palavra de Deus.

Pelo fato do seu tamanho não ser determinado explicitamente no citado trecho, isto não significa que qualquer coisa que se coloca sobre a cabeça estar-se-ia cumprindo com a divina determinação. Convém lembrar que o uso do véu ordenado por Deus não é uma mera vestimenta, mas um sinal (I Co.11:10), e por inferência sabemos que qualquer que seja um sinal ele somente atinge o seu objetivo na medida que revela nitidamente aquilo que ele se propôs mostrar.

A prudência e a moderação são virtudes recomendadas para cercear qualquer tipo de exagero tanto para mais como para menos, pois, há que se ter acentuado cuidado com as posições extremistas.

Segundo o consagrado servo do Senhor, William MacDonald (The Believer's Bible Comentary), "...o véu somente é válido quando o seu uso exterioriza a graça interior da mulher. A coisa mais importante no uso do véu deve ser a certeza de que o coração está realmente submisso; o véu sobre a cabeça das mulheres possui esse real significado...".

Portanto, o tamanho e a cor não são coisas fundamentais, o que verdadeiramente importa é a sujeição das mulheres às determinações contidas na Palavra de Deus. As cores e tamanhos serão adequados por elas próprias segundo a graça que interiormente possuem pela habitação do Espírito Santo.

Isto equivale dizer que o não uso do véu significa a inexistência de reverência e temor a Deus, e é uma questão definitiva e incontestável na Palavra de Deus. A recusa ou omissão das mulheres com respeito ao uso do véu nas reuniões públicas da igreja são demonstrações de rebeldia a Deus. As vozes discordantes são por conta das interpretações de particular elucidação, não por revelação divina. Que diremos, pois, à vista destes argumentos? Atentemos para o convite de Paulo: Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo (I Co.11:1). Permita Deus que assim seja!

Por José Carlos Jacintho de Campos

3. O lugar da mulher na igreja local

Nestes dias em que os movimentos feministas estão proliferando por todos os cantos, e quando as mulheres estão assumindo, cada vez mais, papéis de liderança em todas as áreas da vida, o lugar das mulheres cristãs nas assembleias locais é verdadeiramente distintivo. Consideraremos o assunto sob três aspectos:

  • 1. O seu serviço.
  • 2. O seu silêncio.
  • 3. A sua submissão.

1. O SEU SERVIÇO.

As mulheres cristãs sempre realizaram muitos serviços valiosos em conexão com as assembleias. Na verdade, não é exagero dizer que as assembleias não seriam o que são, nem poderiam realizar o que fazem, sem as irmãs. Sem tentarmos avaliar a importância relativa das várias esferas de serviço nas quais as irmãs ministram, alistemos algumas delas:

  • 1. Frequência - Em muitas assembleias, senão em todas, a frequência às reuniões baixaria pelo menos cinquenta por cento se as irmãs estivessem ausentes. O efeito prejudicial de tal perda pode ser facilmente imaginado.
  • 2. Suporte financeiro - Ninguém a não ser o Senhor sabe perfeitamente quem realmente contribui, e o que dão. Mas, podemos facilmente assumir que uma grande porção do suporte financeiro para a obra do Senhor provém das irmãs, particularmente das mulheres solteiras que trabalham fora de casa. Isto será revelado, reconhecido e recompensado no Tribunal de Cristo (Marcos 12:41-44; Mateus 6:3, 4).
  • 3. Oração - A oração é a fonte do poder do testemunho das assembleias, e muitas mulheres cristãs são verdadeiras guerreiras da oração. Invisível aos olhos humanos, seus labores diante do trono da graça são bem conhecidos por Deus. O futuro, sem dúvida, revelará que muitos dos progressos da assembleia, e o poder e ganhos dos irmãos pregadores foi atribuído diretamente às orações das irmãs.
  • 4. Hinos - Seria algo muito estranho em uma assembleia a ausência da voz feminina na hora de cantar os hinos. Pois são elas que dão aquele contraste tão belo e necessário a melodia. Os membros femininos geralmente são mais numerosos que os masculinos, e, frequentemente, encontramos melhores vocalistas entre as irmãs que entre os irmãos.
  • 5. Trabalhos com as crianças - Muitos adultos salvos recordam-se com gratidão das primeiras influências em favor de Deus recebidas de mulheres cristãs piedosas que fielmente lhes incentivaram e ensinaram em suas meninice.
  • 6. O ensino das mulheres - "As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem; Para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos, A serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada." (Tito 2:3-5)
  • 7. Atividades gerais - Quando se trata de preparar comida, as irmãs têm um papel muito importante, pois os esforços dos membros masculinos de uma assembleia geralmente estão limitados a organizar cadeiras, limpar e servir nas reuniões do povo de Deus (Conferências, Festinhas das Crianças, etc). Para a limpeza do salão, depende do trabalho voluntário das irmãs. Comida para os enfermos, os carentes, os idosos, para casamentos e chás-de-cozinha, piqueniques, jantares de confraternização, etc., são todos preparados pelas irmãs. É uma tragédia quando uma igreja local transforma-se num mero clube social, mas uma assembleia verdadeiramente espiritual pode (e deve) prover atividades espirituais para os cristãos, e isto requer muitas vezes um toque e trabalho feminino, como já mencionamos.
  • 8. Visitação - "Estava.. .enfermo e me visitastes" (Mateus 25:36). "A religião pura e sem mácula, para o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações" (Tiago 1:27). Eis aqui um ministério sem limites, tanto em possibilidades como em bênçãos. E está aberto a todos: evangelistas, pastores, ensinadores, anciãos, e irmãs. A visita simpática e gentil de uma irmã piedosa pode abrir mais corações que muitos longos sermões.

2. O SEU SILÊNCIO

Após este breve sumário da multiplicidade do serviço das irmãs na assembleia local (e muito mais ainda poderia ser dito), poderá chegar como uma surpresa àqueles não acostumados com os princípios e práticas das assembleias neo-testamentárias saber que, nas reuniões da igreja, as mulheres permanecem silenciosas. Elas não oram publicamente nem pregam em reuniões onde os homens estão presentes. Isto, obviamente, é obediência às instruções claras estabelecidas pelas Escrituras.

  • "...conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina" (1 Coríntios 14:34).
  • "A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine..." (1 Timóteo 2:11,12).
  • "...para a mulher é vergonhoso falar na igreja" (1 Coríntios 14:35).

Aqueles que recusam submeter-se a este ensino claro da Palavra de Deus têm feito enormes esforços para evitar estas imposições.

Alguns nos dizem que o problema é a "tagarelice" - burburinho barulhento feito pelas mulheres. Embora tal tipo de conduta jamais devesse ser permitida, pois mancharia a reunião dos santos em qualquer época, este não é o significado aqui. A palavra grega traduzida "falar" é a mesma nas vinte e uma vezes em que é usada neste capítulo, inclusive na instrução: "Tratando-se de profetas, falem [tagarelem?] apenas dois ou três" (v. 29). Reductio ad absurdum! (Extremo dos absurdos!)

Alguns já tentaram transformar o "silêncio" do versículo 34 numa proibição contra as mulheres falarem em línguas, mas isto não cabe no contexto, e seria uma redundância, uma repetição desnecessária das instruções nos versículos 27 e 28.Um dos frutos amargos produzidos pela negação atual nos círculos neo-evangélicos da inerrância das Escrituras é a tentativa feita por alguns autores de contrariar Paulo em suas instruções sobre as mulheres, dizendo que seus ensinos contradizem as palavras do Senhor sobre o mesmo assunto. Para cristãos que creem na Bíblia este argumento enganador não tem nenhum peso, já que a inspiração verbal e a inerrância descartam quaisquer declarações contradizentes.
A declaração em Gálatas 3:28: "...nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus," tem sido extraída completamente de seu contexto e aplicada à força à participação feminina nos cultos da igreja. Mesmo uma leitura superficial da passagem em Gálatas indica claramente que o assunto em discussão é filiação na família de Deus e não serviço na assembleia. A salvação não é afetada pelas distinções raciais, sociais, ou sexuais. Há uma salvação "comum" a todos (Judas 3) e as bênçãos espirituais que são nossas em Cristo (Efésios 1:3) são propriedade de todos igualmente. Mas, na igreja, obviamente, temos "homem e mulher", caso contrário as exortações aos maridos e esposas não teriam qualquer significado (veja Efésios 5:22-33).

Existem outros que creem que as palavras de Paulo em 1 Coríntios 11:5,13 negam o comando do silêncio no capítulo 14.

Nestes versículos lemos:

  • "Toda mulher, porém, que ora, ou profetiza, com a cabeça sem véu, desonra a sua própria cabeça" (v. 5).
  • "Julgai entre vós mesmos: é próprio que a mulher ore a Deus sem trazer o véu?" (v. 13).

Mesmo que analisemos o texto desprezando a sua inspiração, ainda assim será evidente a qualquer pessoa pensante que Paulo era sábio demais para escrever uma coisa, e logo após, deliberadamente contradizer-se a si próprio. Mas, ambas as declarações, nos capítulos 11 e 14, são os ditos inspirados de Deus e, portanto, ambos corretos. A resposta à aparente contradição é que no capítulo 11 Paulo não está escrevendo sobre quem pode orar e profetizar, como o faz no capítulo 14 (veja 14:15,27, 28,29, 30, 32, 35). O assunto objeto em 1 Coríntios 11:1-16 é liderança. A ordem divina é Deus-Cristo-homem-mulher (v. 3). Como a mulher não está no lugar de liderança, quando o homem está presente na assembleia, ela deve usar uma cobertura sobre sua cabeça (v. 10). Descobrir sua cabeça e usurpar o lugar do homem é desonrar sua cabeça, o homem (v. 5). O versículo 5, então, não tem o propósito de conceder à mulher cristã o privilégio de orar ou profetizar nas reuniões da igreja, mas, pelo contrário, tem a intenção de mostrar a incongruência de uma mulher deixar a posição de silêncio e sujeição dada a ela por Deus, e aparecer diante dEle com a cabeça descoberta. A verdade acima é esclarecida ainda mais em 1 Timóteo 2, onde lemos:

  • "A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, nem que exerça autoridade sobre o marido; esteja, porém, em silêncio" (vs. 11,12).

É significativo que a palavra para "marido" ou "homem", no grego, no versículo 12, como também no versículo 8, seja a palavra para "varão" (homem); enquanto que nos versículos 1, 4, 5, é "humanidade", incluindo tanto o homem como a mulher. Assim, o versículo 8 lê: "Quero, portanto, que os varões orem em todo lugar."


3. A SUA SUBMISSÃO

Nestes dias, quando o Movimento dos Direitos Iguais está cada vez mais envolvido com o status da mulher, até mesmo a simples menção da palavra "submissão" toca um nervo sensível por todo o mundo feminino. Mas, afinal de contas, não é o que o mundo diz, mas o que a Palavra diz que deveria governar e guiar o pensamento das mulheres cristãs. E o que ela diz?

  • "A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão" (1 Timóteo 2:11).
  • "...estejam submissas como também a lei o determina" (1 Coríntios 14:34).

Deus é um Deus de ordem, e obediência à Sua ordem traz Sua benção. A desobediência traz o caos e a disciplina divina. No assunto de liderança, com sua inerente autoridade (como já vimos) a ordem divina é claramente declarada em 1 Coríntios 11:3:

  • "Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem o cabeça da mulher, e Deus o cabeça de Cristo."


A declaração final deste versículo claramente indica dois pontos importantes:

  • Primeiro, sujeição não significa subjugação forçada, mas submissão por livre escolha. Pelo propósito da redenção do homem, Cristo livremente escolheu submeter-Se em todas as coisas à vontade do Pai, e assumir o lugar de obediência do servo. "Porque eu desci do céu não para fazer a minha própria vontade; e, sim, a vontade daquele que me enviou" (João 6:38). Que exemplo perfeito para todas as mulheres cristãs! Que privilégio seguir Seu exemplo!
  • Segundo, sujeição não indica inferioridade. Embora assumindo a forma do servo (Filipenses 2:7), e vivendo uma vida de obediência perfeita e dependência do Pai, Cristo não era de maneira alguma inferior ao Pai durante Sua vida de sujeição na terra. Ele era sempre Deus.

Ao aceitar o lugar de sujeição à liderança do homem, as mulheres cristãs recebem a alta honra de emular o Filho de Deus. E ao fazê-lo, demonstram aos observadores angelicais a restauração da ordem divina de liderança que havia sido violada pela presunção de Lúcifer (Isaías 14:12-15), e pela desobediência de Adão e Eva (Gênesis 3).

"Portanto, deve a mulher, por causa dos anjos, trazer véu na cabeça, como sinal de autoridade" (1 Coríntios 11:10).

A posição assumida pelas assembleias neo-testamentárias que se conduzem pelos ensinamentos das Escrituras é que ter mulheres na posição de pregadores, pastores, ensinadores ou anciãos, ou qualquer outra posição de autoridade na igreja está fora da vontade de Deus.


Por H. G. Mackay

4. A verdade sobre o aborto!

No dia 9 de agosto de 1974, na sala oriental da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Gerald Ford, dirigiu-se à nação. Seu discurso é lembrado pela sua frase inicial, uma frase que, na opinião de muitos, foi o seu pronunciamento oficial mais memorável: "Nosso longo pesadelo nacional acabou". O presidente Ford referia-se ao caso Watergate, a questão política e legal que resultou na primeira renúncia na história presidencial daquele país. Apesar da sinceridade das palavras do sr. Ford, ele provavelmente não sabia que o grande pesadelo nacional dos americanos havia começado poucos meses antes.


No século 19, os estados americanos seguiam-se um ao outro na promulgação de leis que protegiam as crianças antes do seu nascimento. Até 1966, o aborto era ilegal em todos os estados, a não ser que fosse, do ponto de vista médico, absolutamente necessário. No século 20, o aborto começou a ser mais comum nos países europeus. No final dos anos 60 e começo dos anos 70, Nova York tornou-se o primeiro estado americano a liberalizar suas leis quanto ao aborto. Finalmente, em 22 de janeiro de 1973, a Suprema Corte dos Estados Unidos, no infame caso Wade contra Roe, permitiu o aborto, praticamente indiscriminado, nos primeiros seis meses de gestação, e por motivos médicos nos últimos três meses. O pesadelo começara, e ainda continua.


Cada dia, nos Estados Unidos, mais de quatro mil abortos são realizados. Por ano, mais de 1.5 milhão de gestações são interrompidas. O aborto é o segundo procedimento cirúrgico mais comum naquele país. Há um aborto para cada dois partos. Tragicamente, 29% são casos reincidentes.
Cristãos sentem uma repulsa interior só ao pensar em tirar a vida de uma criança que ainda não nasceu. Este instinto espiritual é extremamente valioso, especialmente nesses dias quando enfrentamos tantas questões que não tem, aparentemente, uma resposta pronta e rápida das Escrituras. Este instinto, porém, precisa ser apoiado em fatos bíblicos, para que não se degenere em simples retórica intransigente. Para aqueles que perseverarem pacientemente na leitura deste capítulo, a base bíblica será examinada.


Quando um ancião querido soube que eu tentaria escrever sobre esta questão, a sua resposta foi perspicaz. Ele falou sobre a dificuldade que o assunto apresenta: "Você não vai encontrar esta palavra em nenhuma concordância bíblica!" E é verdade. A razão disto é, possivelmente, tão óbvia que a perdemos de vista, e deixamos de apreciar um dos maiores argumentos que as Escrituras nos fornecem. A grande lamentação do Velho Testamento era por causa de esterilidade, não de gravidez. Filhos eram considerados uma herança do Senhor (Sal. 127:3); o fruto do ventre era Sua recompensa e sinal de bênção. Nenhum dos santos do Velho Testamento contemplou o aborto. Raquel ameaçou tirar a sua própria vida se não tivesse filhos (Gên. 30:1). "Sede fecundos e multiplicai-vos" era o desejo de Deus do Éden em diante (Gên. 1:28).


Antes de examinar algumas das Escrituras que falam mais diretamente sobre este assunto, deveríamos examinar, cuidadosamente, a filosofia que gerou e legalizou este método moderno de controle da natalidade.


Dezoito anos atrás, junto com mais de cem colegas de classe, eu recitei o juramento Hipocrático. Aquele juramento continha uma promessa de nunca interferir com uma gravidez. Aqueles que eram culpados disso eram desprezados pelos seus colegas de profissão, e tratados com rigor, tanto por sociedades legais quanto médicas. Tão terrível era este crime, poucos anos atrás, que aqueles que o cometiam eram descritos da forma mais humilhante possível pelos seus colegas médicos. O que é que causou uma virada de 360˚ na opinião da sociedade? Como é que algo tão odiado tornou-se tão aceito, em apenas quinze anos?
Nenhuma razão isolada poderia responder a esta pergunta tão complexa. Há, porém, duas filosofias óbvias que controlam o pensamento dos homens desde o final dos anos 60, e que influenciam, em grande parte, a opinião atual das massas. Reconheço que talvez não sejam tão importantes aos principais pensadores, atualmente, mas seus efeitos ainda controlam a mente das multidões, mesmo depois de tanto tempo.


A primeira destas filosofias foi aquela que gerou a geração "Eu" — a justificativa de cuidar de si mesmo, do Número Um. A lei da selva voltou à civilização, e era cada um por si. O resultado desta linha de raciocínio foi que cada um tinha o "direito" de fazer o que fosse melhor para si.
Ligado a isto, houve a tentativa de separar as consequências das ações; acabar de uma vez com a necessidade de preocupar-se que cada ato traz resultados inevitáveis. Ciência, tecnologia, dinheiro, ou na pior das hipóteses, os seus contatos influentes poderiam cuidar dos resultados. A lei inviolável de Deus, de que colhemos aquilo que semeamos, foi desprezada.


Estas duas linhas de pensamento não são, de forma alguma, novas; elas tiveram seu início no Éden. O presente século, porém, aprimorou estas ideias, tornando-as aceitáveis, sem constrangimento, aos homens.
A união destas duas linhas de pensamento levou a uma nova maneira de encarar a gravidez. Agora, não é mais o simples caso de aceitar uma gravidez. Cada um tem o "direito" de decidir se é bom, naquele momento, ter um filho. Se a criança for inconveniente, ou se o seu nascimento for interferir com uma carreira, é perfeitamente justificável "terminar" uma gravidez. Começou, assim, a retórica da criança indesejada, do direito de controlar o meu corpo, e uma multidão de outros eufemismos criados para encobrir a atitude clara de egoísmo e irresponsabilidade.


Olharemos para a futilidade destas coisas mais adiante. Por enquanto, permita-me salientar o fato que, se não houvesse nenhuma razão bíblica para condenar o aborto (e há várias), as atitudes antibíblicas que promoveram a aceitação do aborto deveriam nos alertar de que é obra de corações depravados e de egoísmo.
Mas e as Escrituras? Elas nos oferecem alguma luz sobre este assunto? Qualquer artigo que mencione aborto deve confrontar as palavras tão citadas de Êxodo 21:22-25. Muitos usam estas palavras numa tentativa de mostrar que a criança, ainda não nascida, é inferior a um ser humano. Olhemos para o versículo no seu contexto:
"Se alguns homens pelejarem, e um ferir uma mulher grávida, e for causa de que aborte, porém, não havendo outro dano, certamente será multado, conforme o que lhe impuser o marido da mulher… Mas se houver morte, então darás vida por vida."


Há várias maneiras de entender estes versículos. Os eruditos diferem quanto ao significado exato, como veremos; não diferem, contudo, nas lições morais aqui contidas. Alguns, que seguem a tradução de Spurrel, entendem a expressão "for causa de que aborte" como referindo-se a um nascimento prematuro que sobrevive, "não havendo outro dano". Assim não haveria pena de morte, pois nenhuma vida foi perdida. Outros eruditos, igualmente competentes na língua hebraica, entendem que significa que ela perde a criança, mas ela permanece com vida. Alguns aproveitam-se disso para criar uma diferença de valor entre a vida da criança no ventre, e a vida da mãe. Argumentam, então, que como a morte da criança era paga com dinheiro, e a morte da mãe com outra vida, que a criança tem um "valor" menor do que a mãe, e é, portanto, menos "humana" que a mãe. O contexto do capítulo destrói este raciocínio. O assunto do capítulo todo é responsabilidade e intenção, não valores relativos da vida. 

No v. 13, se um homem matasse outro por acidente, ele não deveria ser morto; poderia escapar para a cidade de refúgio. No v. 28, se um boi escorneasse um homem ou mulher, matando-os, o dono não morreria, mas o boi seria morto. Será que Deus estava dizendo que o boi e o homem que ele matou tinham o mesmo valor? Mas se o dono soubesse que o "boi dantes era escorneador" e não o prendeu, então o boi e o dono deveriam ser mortos para compensar pelo crime. No v. 32, se o boi escorneasse um escravo, o seu dono pagaria 30 siclos de prata, e o boi seria apedrejado. Em todos estes exemplos, não há qualquer intenção da parte de Deus de colocar valores relativos nas vidas de escravos, homens, mulheres ou crianças prematuras. É uma questão de intenção, premeditação e motivo.


Venha agora ao Salmo 139. Antes de pular diretamente para os versículos que nos interessam diretamente, vamos dar uma olhada no Salmo todo. Seu propósito é detalhar a grandeza de Deus. Seus atributos são descritos para nossa admiração, levando-nos a adorá-lO. Os primeiros seis versículos falam da Sua onisciência; os próximos seis falam da Sua onipresença; e os próximos quatro, como esperado, falam da Sua onipotência. É impressionante, porém, que quando o Espírito de Deus quer nos dar um exemplo do poder de Deus, Ele não fala da majestade e grandeza da Criação. Pelo contrário, Ele nos leva a contemplar um pequeno feto em desenvolvimento — a maravilha da criação de uma vida.
O que podemos aprender do Salmo 139:13-16? 

Uma verdade óbvia se destaca mesmo numa leitura superficial do Salmo: a personalidade se estabelece no útero. O salmista se refere ao interesse de Deus por sua pessoa, seus ossos, seu corpo ainda informe (v. 16). Deus o considerou como pessoa desde aquele tempo. Havia ali identidade; havia personalidade, com todo o seu valor, ali no útero. Um dos grandes argumentos do movimento que prega a liberdade de escolha é que toda criança deveria ser uma criança "desejada". Em outras palavras, se você não quer este bebê, não gere-o. 

Pense nisso por um momento. Isto faz o valor de um ser humano ser dependente do desejo de outro. O embrião só tem valor se eu decidir que ele deve viver. Este argumento, na realidade, reduz o bebê a um valor não apenas sub-humano, mas desumano. Tradicionalmente, queremos coisas e amamos pessoas. Mas agora somos ensinados que a mãe deve decidir se ela quer que o bebê nasça; ela pode decidir se ele tem valor ou não. Fica evidente que houve uma grande mudança na atitude da sociedade para com todos aqueles que são indesejados, imperfeitos ou inconvenientes. É apenas uma questão de tempo até que o valor de todo ser vivente seja determinado por outro.


O Salmo que estamos considerando deixa claro que, para Deus, a substância ainda informe, o embrião nos primeiros estágios de desenvolvimento, possui identidade e personalidade.
Às vezes, as decepções que encontramos ao examinar as Escrituras são mais proveitosas do que uma busca frutífera. Eu examinei as palavras que Lucas, o médico, usa na sua narrativa do Evangelho, certo de que, nos primeiros capítulos, ele usaria palavras diferentes para descrever as crianças nos ventres de Maria e Isabel. Para minha surpresa, ele usa uma única palavra, brephos, para descrever o feto, o bebê, e até a criança pequena. Sem saber bem o que fazer com esta informação, já que não era o que eu tinha pensado (eu imaginei que Lucas usaria uma palavra especial, demonstrando que o feto é uma pessoa), eu a deixei de lado. Mas o fato óbvio é tão destacado que precisa ser dito. Lucas usou a mesma palavra para todos estes estágios da vida, porque todos eram "brephos". 

Não havia nenhuma distinção na quantidade de humanidade que cada um possuía. Dr. Lucas, o escritor sábio na medicina, não fez nenhuma distinção, ao escolher suas palavras, entre a criança antes ou depois do nascimento.
Na concepção, uma unidade genética completa é formada. Nada será acrescentado para tornar o embrião mais humano ou uma pessoa. Serão acrescentados tempo e tamanho, mas não a essência da vida.
O Salmo 139 também retrata o interesse de Deus no desenvolvimento pré-natal de um embrião. Alguns podem achar que é apenas linguagem poética, hipérboles que jorram da pena deste escritor de livros poéticos. Devo lembrar os leitores, porém, que o Senhor Jesus nos mostrou que o Pai tem um interesse na morte de cada pardal. Quão mais apropriado, então, que Ele tenha um interesse no nascimento de cada bebê. 


No Salmo 139:16, o escritor mostra o interesse de Deus no desenvolvimento do feto, desde a concepção até ao nascimento. Nos vs. 17-18, este interesse estende-se até a morte e o além. Lembre-se que o salmista está, em primeiro lugar, celebrando a grandeza e glória de Deus; este não é um salmo poético sobre a beleza da vida. Ele está nos falando, em primeiro lugar, de Deus.
Se Deus tem tamanho interesse no feto em desenvolvimento, como é trágico que os simpatizantes e defensores do aborto veem-no simplesmente como "produtos da concepção", uma "não-pessoa", e outros termos semelhantes. O interesse próprio substituiu e suplantou o interesse de Deus no bebê. Somos informados que cada mulher tem o direito de controlar o que acontece com o seu próprio corpo. Isto não é verdade nem mesmo em outros aspectos da vida. Há muitas leis que regulam o que podemos fazer com os nossos corpos. Mas deixando isto de lado por ora, considere o seguinte. Uma criança antes do nascimento é uma pessoa com um corpo. A criança tem, igualmente, o direito de controlar o seu corpo ou, pelo menos, ter seus direitos respeitados. O único meio de escapar desta situação é atribuir, à criança, algo menos do que personalidade. É isto que os defensores do aborto fazem.


Longe de ser uma manifestação de controle, o aborto é, frequentemente, uma ação tomada por um corpo que esteve fora de controle. A escolha está na atividade que levou à gravidez. Depois disto, consequências devem ser esperadas e aceitas.
A criança ainda não nascida, além de possuir uma identidade e ser o objeto do interesse de Deus, também demonstra a inteligência de Deus. As expressões dos vs. 14-15 mostram isto: "de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito". O desenvolvimento do corpo humano é uma das obras de arte de Deus.


Mas há diversas outras questões que precisam ser encaradas num estudo desta natureza. Uma questão frequentemente levantada, e que a Suprema Corte, aparentemente, recusou-se a responder, é: "Quando começa a vida? Quando é que a alma entra no corpo?"
A maioria das pessoas surpreende-se ao saber quão cedo começa o desenvolvimento físico do feto. O coração começa a funcionar 14 a 18 dias depois da concepção; no final do primeiro mês, todos os órgãos já começaram a ser formados; os braços e as pernas movimentam-se a partir da sexta semana; pode-se detectar atividade de ondas cerebrais com 43 dias. Hoje está incluído, na definição de morte cerebral, a ausência de ondas cerebrais. Sua presença já pode ser detectada num feto com apenas um mês e meio de vida.


Há muito tempo os teólogos e pais da Igreja debatem sobre a questão do momento em que a alma incorpora-se no corpo. Algumas das primeiras ideias incluíam o conceito de que era depois de quarenta dias para os homens, e depois de oitenta para as mulheres, uma teoria muito estranha!
Depois de analisar todos os argumentos, há uma pergunta básica que permanece: se não acontece na concepção, então quando poderia ser? Será que as Escrituras podem nos ajudar nesta questão?
Considere o caso singular da encarnação de Cristo. Todo cristão concordaria que era Cristo no ventre de Maria; Sua alma já estava ali. Alguns poderiam argumentar que este é um caso singular. É verdade. Mas e João Batista? Será que a criança saltando no ventre de Isabel foi mera coincidência? Se alguém acha isto imaginação, saiba que há muitas evidências de pensamento e atividade intrauterina.


Perceba, também, a expressão no Salmo 51:5: "Em pecado me concebeu a minha mãe". Se a natureza caída de Adão estava presente na concepção, como poderíamos dizer que a alma não estava? Não há nada na Bíblia para sugerir que Deus dá uma alma a cada um, pouco antes do nascimento. Apenas uma vez na Bíblia encontramos Deus dando uma alma a alguém: "Deus … soprou em suas narinas o fôlego de vida; e o homem foi feito alma vivente" (Gên. 2:7). A opinião do autor é que a alma é transmitida na concepção.


Outro aspecto que precisa ser enfrentado, apesar de ser muito difícil, é a gravidez resultante de um crime, totalmente contra a vontade da vítima. Devemos afirmar, primeiro, que a exceção nunca governará a prática geral. Este tipo de aborto representa, hoje, uma fração de um por cento dos abortos praticados nos Estados Unidos, mas devemos encarar a questão francamente. Quando um ato violento gera uma gravidez, há uma vítima; quando a gravidez é terminada pelo aborto, há agora duas vítimas. Acabar com o resultado do crime não diminui a ofensa ou o seu mal; nem começa a reverter o trauma sofrido pela mulher. Apenas acrescenta outro trauma à sua vida.


Não há soluções fáceis para o pecado. Cada pecado, cada ato ímpio, somente traz tristeza. As opções que o pecado apresentam serão sempre uma escolha entre o menor dos males. O aborto, por ser um grande mal, nunca poderá solucionar o problema com justiça.


O texto acima é a íntegra do cap. 9 do livro "Casamento e Família", escrito pelo médico A. J. Higgins e publicado pela Editora Sã Doutrina em 1997. O livro tem 146 págs. 

5. O aborto e a Bíblia

1. NOÇÕES BÁSICAS
Convém definir o que se entende por «aborto». Aborto é a morte espontânea ou provocada do produto da concepção dentro do ventre materno e antes do início do parto. Da definição surge uma primeira distinção: há abortos espontâneos, ou seja, que surgem por efeitos naturais, exteriores à vontade humana, geralmente por doença da mãe ou por deficiências cromossômicas do feto; e os provocados, quando o aborto é intencionalmente criado. Relativamente ao primeiro tipo de aborto, não se põe qualquer problema ético ou bíblico, na medida em que ele surge, geralmente, contra a vontade da mãe e em circunstâncias naturais. Mas já se põem problemas quanto ao segundo, sendo dele que importa fazer uma análise bíblica.

Por outro lado, é importante saber quais as razões que geralmente são apresentadas para recorrer ao aborto provocado - violação, incesto, proteção física da mãe, defeitos físicos da criança. Diremos, porém, e desde já que segundo as recentes estatísticas em Portugal e nos EUA, 95% dos abortos são feitos por razões de conveniência e não pelas anteriores referidas. Devemos, por outro lado, notar que mesmo que um bebê seja concebido através de violação, a sua destruição não apagará o trauma da mulher nem tão pouco dissuadirá o criminoso de cometer outra violação. 

Além disso, o argumento de que o aborto é um direito da mulher, tem como contrapartida o direito à vida do bebê, o qual é tão válido como aquele. Finalmente, é de considerar que quanto mais nova é a mãe, maior é a probabilidade de que ela fique estéril se fizer um aborto (no Canadá, 30% das meninas de idade entre 15 e 17 anos que fizeram abortos ficaram estéreis).


2. ALGUMAS OPERAÇÕES ABORTIVAS

  • 1. SUCÇÃO - Este é um dos métodos legalmente autorizados para abortar: é semelhante a um aspirador: o bebê é sugado do ventre da mãe e posteriormente feito em pedaços.
  • 2. EMBRIOTOMIA - É um método que já está em desuso, mas que consiste em o médico cortar o bebê dentro do ventre da mãe (com instrumentos especialmente concebidos para este fim).
  • 3. OPERAÇÃO CIRÚRGICA - É utilizado em estados de maior desenvolvimento do feto. Consiste em retirar o bebê do ventre materno e matá-lo quando ele já está cá fora.
  • 4. SOLUÇÃO SALINA - Cada vez em maior uso, consiste em injetar solução salina no saco embrionário. O bebê morre queimado devido ao sal da solução.

Além destes métodos, existe hoje a possibilidade de provocar o aborto durante as primeiras semanas através de um fármaco (medicamento) especialmente receitado pelos médicos, cujo nome, evidentemente, não nos é lícito nem conveniente indicar neste artigo.


3. O ABORTO NA LEGISLAÇÃO PORTUGUESA
Com a Lei n.º 6/84, e a partir desse ano, o aborto foi despenalizado em Portugal. Significa que a mulher pode abortar legalmente se preencher os requisitos exarados na Lei e no Código Penal sem sofrer qualquer punição. Entretanto, desde essa data, o artigo 142.º do Código Penal, que se refere à interrupção voluntária da gravidez, tem vindo a sofrer várias alterações.

Atualmente, e de acordo com a última alteração introduzida pela Lei 90/97, de 30.07, a interrupção voluntária da gravidez não é punida nos seguintes casos:

  • a) Por motivo terapêutico, ou seja, quando constituir o único meio de remover perigo de morte ou de grave e irreversível lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida, e ainda
  • b) Se essa interrupção se mostrar indicada para evitar perigo de morte ou de grave e duradoura lesão para o corpo ou para a saúde física, psíquica da mulher grávida e for realizada nas primeiras 12 semanas de gravidez.
  • c) Pelo motivo eugênico, ou seja, se houver seguros motivos para prever que o nascituro virá a sofrer, de forma incurável, de grave doença ou malformação congênita, e for realizada nas primeiras 24 semanas de gravidez, exceptuando-se as situações de fetos inviáveis, caso em que a interrupção pode ser praticada a todo o tempo, e finalmente;
  • d) Pelo motivo criminológico, ou seja, quando a gravidez tenha resultado de violação ou crime contra a autodeterminação sexual e a interrupção for realizada nas primeiras 16 semanas.

A legislação portuguesa, portanto, não permite o caso do aborto para efeitos de planejamento familiar, o qual se for realizado, constitui um crime punido com prisão até 3 anos para a mulher e para quem a fizer abortar.

No dia 28 de junho de 1998 realizou-se em Portugal um referendo que visava a despenalização absoluta do aborto até às 10 semanas. A pergunta era a seguinte: Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas 10 primeiras semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado? Embora tenha havido cerca de 55% de abstenção, 51% dos portugueses que votaram responderam «não» e 49% «sim», tendo em consequência sido abandonada a intenção legislativa de despenalizar o aborto até às 10 semanas de vida do feto.


4. O QUE DIZ A BÍBLIA
Deus criou o homem e a mulher, abençoou-os e disse-lhes: «Frutificai e multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a... E viu Deus tudo quanto tinha criado, e eis que era muito bom» (Gn 1:28, 31). Verificamos desde logo que a reprodução era um dos propósitos da criação do homem por Deus. Por outro lado, não lemos em passagem alguma que o homem tenha o direito de matar o seu semelhante - aliás, um mandamento é «não matarás» (Êxodo 20.13, Rom.13:9). 

Ora, a criança que está no ventre da mãe é um ser com identidade própria. Sabia que o primeiro órgão a ser formado no feto é o coração? E que o coração começa a bater 21 dias após a concepção? Neste sentido, quem aborta está a assassinar um ser humano criado por Deus.


4.1. A VIDA: DIREITO INVIOLÁVEL

Quem tem poder para tirar a vida? É porventura o homem quem pode decidir o futuro de um outro seu semelhante quanto ao momento da sua morte? Lemos em 1.ª Samuel 2:6 que a autoridade para decidir o momento da morte de alguém pertence exclusivamente a Deus: «O Senhor é que tira a vida e a dá: faz descer à terra e faz tornar a subir dela».

Lemos, por outro lado no Salmo 139:13 que é o Senhor Quem opera a formação de um ser vivo, e que o faz mover no ventre de sua mãe: «Pois Tu formaste o meu interior; Tu entreteceste-me no ventre da minha mãe».

Neste verso, a proteção e a possessão de Deus e o Seu poder criativo são extensivos à vida pré-natal. Este ensino torna impossível considerar o embrião ou feto como «simples pedaço de tecido». O mínimo que alguém pode dizer é que no momento da concepção já existe um ser humano em potencial (melhor, um ser humano com potencial), o qual é sagrado e de valor, à vista de Deus, evidenciado pelo Seu envolvimento pessoal.


4.2. A PASSAGEM DE ÊXODO 21:22,23

«Se alguns homens pelejarem e ferirem uma mulher grávida, e forem causa que, aborte, porém, se não houver morte, certamente será multado... Mas se houver morte, então darás vida por vida».

Esta é a única passagem que na Bíblia aborda diretamente o tema do aborto. e tem sido apresentada como justificação para a aceitação do aborto. Trata-se de um caso em que o aborto é provocado, mas como que acidentalmente. Se uma mulher perdesse o filho, havia apenas uma indemnização: se a mulher morresse também, quem a ferisse teria de pagar com a sua vida. 

Para quem defenda o aborto, a dedução que é feita é que, visto só haver indemnização no caso de aborto, isso significaria que o feto não teria alma, que apenas seria ganha ao nascer. Levando um pouco mais adiante este pensamento, concluiríamos que o aborto induzido seria biblicamente permitido. 

Ora, isso seria forçar a aplicação da lei do Êxodo, que trata de um aborto acidental, e não induzido, o que são duas coisas absolutamente distintas: uma, é acidentalmente alguém provocar o aborto a outrem, outra, e com consentimento da mãe, provocar-se o aborto. Todavia, mesmo acidental, lemos que em tal caso havia uma sanção, o que denota a gravidade desse aborto acidental, precisamente porque estava em causa a vida.


4.3. E SE... NASCER... DEFORMADO?

Esta é uma desculpa apresentada para se considerar a hipótese do aborto, que, aliás, a nossa Lei atualmente já prevê.

Em primeiro lugar importa notar que Deus criou o homem com características tais que, mesmo em condições à primeira vista adversas, consegue sobreviver e adaptar-se. Por outro lado, quando essa vida e impossível, a morte vem por si própria. Assim sucede, por exemplo, quando a criança nasce com deformações encefálicas anormais (cérebro). Geral-mente, a criança morre passados poucos minutos depois do parto.

Mas, mesmo que haja seguros motivos de que a criança venha a nascer deficiente, será esse um motivo para se aceitar o aborto? Vejamos o que a Palavra de Deus nos diz a este respeito: «Quem fez a boca do homem? Ou quem fez o mudo ou o que vê, ou o cego? Não Sou Eu, o Senhor?» (Êxodo 4:11). 

«E passando Jesus, viu um cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: "Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?" Jesus respondeu: "Nem ele pecou, nem seus pais, mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus"» (S. João 9:1-3).

A resposta da Bíblia é clara. Aceitar a morte de crianças ainda não nascidas, conduz a aceitar também a eutanásia infantil, isto é, o homicídio de bebês recém-nascidos que sejam doentes ou deficientes. E a aceitar isto, não faltaria muito para aceitar também a eutanásia dos inválidos, idosos e todos os que, independentemente da sua idade, não possam cuidar de si mesmos ou se sintam à parte da sociedade. 

Se se entender que o universo se formou por acaso e que o homem é descendente duma criatura pré-histórica, não há razão para se preocupar com a vida humana. Mas, sabendo que o homem foi criado e que tem um destino especial diante do Seu Criador, então concluiremos que a defesa da dádiva divina, que é a vida humana, é de facto inalienável.


4.4. O FETO TEM ESPÍRITO

A questão é polêmica e misteriosa. Por muito que se argumente, é difícil chegar a uma conclusão do momento exato em que o ser vivo passa a ter alma e espírito. Antes de mais, é importante não confundir alma com espírito. Aquela é a vida, capacidade de reação e entendimento. O espírito é a consciência, o elo de ligação com o mundo espiritual? É deste que se põe o problema, pois se tem espírito, se for morto no aborto, terá um destino eterno (certamente o céu).

A este propósito, pode dizer-se que a criança já no ventre da mãe tem vida, «dá pontapés» e reage. Será essa uma evidência de alma ou de espírito? 

Independentemente de tal fato, importa atender para o que a Bíblia diz: «Antes que te formasses no ventre te conheci, e antes que saísses da madre te santifiquei» (Jer.1:5). 

«Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe» [ora, para ser em iniquidade, tinha que ter espirito; se assim é, mesmo morrendo por aborto, só pela obra de Jesus pode ir para o céu !...] (Salmo 51:5). 

«O Senhor me chamou desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meu nome;... O Senhor me formou desde o ventre para seu servo...» (Isaías 49:1,5). 

Lemos ainda no Salmo 139: "Pois Tu formaste os meus rins; entreteceste-me no ventre de minha mãe. Os Teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no Teu livro foram escritos todos os dias, sim, todos os dias que foram ordenados para mim, quando ainda não havia nem um deles".


4.5. OPÇÃO ENTRE MÃE E FILHO

Há situações extremas na vida de escolha entre duas coisas igualmente importantes. Qual deve ser a reação de um crente se o médico disser que, havendo parto, uma vida cederá? Ou a da mãe, ou a da criança. Por qual optar? 

Há duas vidas em jogo: a vida tem igual valor. Perante uma situação destas, muitos não hesitariam em optar pela vida da mãe em vez da criança. 

É uma opção lógica, lícita e mais racional. Na vida de um cristão, se isso suceder, creio sinceramente que é seguramente uma provação da sua fé em Deus. Mas, de qualquer forma, qualquer que seja a decisão, ela deve ser obtida em comum pelo casal, e pela mesma serão responsáveis perante Deus, porque pertencente ao foro individual de cada um.

Não nos é lícito indicar qual a «melhor» escolha, porque ela na prática é difícil e envolve uma situação psicológica terrível. Muitos têm enfrentado esta situação, e entregue tudo nas mãos de Deus, e sucede que nem a mãe, nem o filho morrem, se assim for a Vontade de Deus. Contudo, como já referido, essa é uma questão do foro individual e com a consequente responsabilidade perante Deus, não nos sendo lícito dogmatizar nem reprovar qualquer escolha.


4.6. Planejamento FAMILIAR

Suponhamos que há um casal, de poucos rendimentos econômicos, com 7 filhos e a mulher se encontra grávida. Deverá aceitar-se o aborto nesse caso? A resposta já foi dada. É contrário à Palavra de Deus em qualquer caso. Já problema diferente é se deve haver planejamento familiar. Antigamente, os casais tinham muitos filhos, os quais tinham uma função de auxílio (agricultura, por exemplo). 

Não encontramos na Palavra de Deus nenhuma passagem que condena o planejamento familiar. Alguns tentam usar a passagem de Gênesis 38:7-10, porém sendo certo que Onã fez planejamento familiar, tinha por motivo o seu pensamento que se gerasse, o filho seria imputado ao seu irmão já falecido. Mas Onã morreu, não porque fez «planejamento», mas porque desobedeceu a uma ordem de Deus.

Naturalmente que o planejamento familiar não contraria o mandamento do Senhor - aliás, tudo deve ser planejado com o Senhor, quer na oração, quer na informação sexual, no conhecimento do corpo humano dado pelo Senhor. Se Deus fosse contra o planejamento familiar, não teria dado à mulher períodos férteis em que pode conceber e outros em que tal é impossível.


4.7. QUESTÕES SUBSIDIÁRIAS

4.7.1. Surgindo uma jovem solteira grávida, qual deve ser a posição da Igreja?

É um fato que 70% das mulheres que recorrem ao aborto não são casadas. Na situação em que uma jovem solteira se encontre grávida, evidentemente que não se deve aconselhar o aborto, antes o mal deve ser remediado na medida do possível. 

Em primeiro lugar, a jovem deve arrepender-se do pecado cometido e, se possível, casar-se para evitar outros problemas. A Igreja neste ponto tem um papel importante no aconselhamento com a Palavra de Deus e com informações das mulheres casadas experientes e ainda no conforto e acompanhamento.


4.7.2. Relações sexuais antes do casamento

São biblicamente ilícitas. Mesmo quando o casamento já está marcado e os jovens se encontram noivos. Lemos que quando Isaque encontrou Rebeca, não a levou para a sua tenda, antes levou-a para a tenda de sua mãe. Só quando se casaram é que Isaque a levou para a sua tenda (Gênesis 24:67). 

Relativamente à data do casamento, devemos obedecer às autoridades, pelo que 2 jovens encontram-se casados perante DEUS, não quando considerem ou quando haja cerimônia religiosa, mas quando se encontram casados oficialmente, perante as autoridades. Se, contudo houver uma cerimônia religiosa, devem esperar até à mesma onde ali são apresentados perante DEUS.


5. PARA QUEM JÁ ABORTOU
No Salmo 32, Davi expressou a miséria e profunda tristeza que sentiu enquanto tentava esconder o seu pecado em vez de o confessar. Depois ele disse: "Confessei-Te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Confessarei ao Senhor as minhas transgressões e Tu perdoaste a maldade do meu coração». Reconhecendo que era o único meio de escape, Davi confessou o seu pecado ao Senhor. 

Foi uma confissão de confiança, dado que Davi sabia que havia perdão em Deus (Salmo 130:4!

O apóstolo João escreveu para crentes que disse: "o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado... se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça» (I João 1:7,9). 

Notemos que Ele não disse que «nos perdoava à excepção do pecado, da imoralidade e do aborto», mas de todo o pecado.

Deus não nos trata segundo os nossos pecados, antes tira completamente da Sua Mente os nossos pecados confessados (Salmo 103:10-12). Porém, Deus perdoa apenas a quem esteja arrependido e confesse o seu pecado. O perdão de Deus não é, todavia, justificação para, sabendo que é pecado, abortar para depois pedir perdão.

Quando o filho de Davi, o resultado da sua relação imoral com Batseba morreu, Davi não receou que o filho estivesse à espera para o acusar. Antes, pelo contrário, o filho tornou-se um símbolo de esperança de que um dia os dois, pai e filho, seriam unidos nos céus na presença de Deus. 

Davi declarou em 2 Samuel 12:23 - "Eu irei a ele". Deus perdoa, sim, e com o perdão de Deus, "temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (Romanos 5:1).

6. Casamento e Divórcio

Antes de considerar esta pergunta diretamente, vamos examinar o conceito do casamento, de uma perspectiva bíblica. Afinal de contas, a instituição do casamento originou-se com Deus.Livrarias, especialmente as evangélicas, estão cheias de livros sobre o casamento e assuntos vinculados a isso. Eles se concentram nos métodos empregados na escolha de um cônjuge idôneo, na solução dos problemas matrimoniais, e em como ter um casamento durável e feliz. 

Há também conselheiros matrimoniais descrentes que fornecem suas opiniões e soluções alternativas, que eles consideram que satisfarão os desejos e caprichos de muitos na nossa sociedade moderna. O conceito bíblico sobre o casamento está sendo comprometido, atacado e condenado por muitos hoje em dia, e por esta razão é importante considerar a origem da instituição do casamento.

O livro de Gênesis, o livro dos "princípios", nos dá informações vitais sobre a origem de todas as coisas e, portanto, sobre o significado de todas as coisas, informações essas que, de outro modo, seriam completamente desconhecidas. O estado universal e estável do casamento e do lar, numa cultura social monogâmica patriarcal, é descrito em Gênesis como sendo ordenado por Deus. 

É exatamente isto que o Senhor Jesus afirmou quando lhe fizeram a pergunta sobre divórcio e novo casamento:"... mas no princípio não foi assim" (Mt 19:8).Outra pergunta relacionada com o título deste capítulo é: Deus reconhece a união matrimonial entre duas pessoas descrentes? À luz das Escrituras, a resposta é sim. Em I Coríntios, Paulo lembrou os crentes em Corinto da sua vida pecaminosa antes da conversão, e incluído na lista dos pecados que ele mencionou está o adúltero."

Nem os devassos [fornicadores], nem os idólatras, nem os adúlteros ... herdarão o reino de Deus. E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus" (I Co 6:9- 11).

O adultério é a violação deliberada do contrato matrimonial por qualquer um dos cônjuges, através de uma relação sexual com uma terceira pessoa. E esta palavra "adultério" (moicheia) que encontramos em relação a homens, em Mt 5:32, e em relação a mulheres em Mc 10:12.

Em Mt 14:1-12 vemos uma ilustração disso na ação cruel e covarde de Herodes Antipas. Depois de casar-se com uma filha de Aretas, rei da Arábia, ele fez propostas imorais a Herodias, que era esposa do seu irmão Filipe. 

Ela o aceitou, e começaram a viver juntos, em pecado. João Batista corajosamente reprovou este relacionamento ilícito, e repreendeu Herodes por ter tomado Herodias, "mulher de seu irmão Filipe", e por causa disto, ele sofreu uma morte violenta. 

É muito importante observar como João se refere claramente a Herodias como sendo ainda a mulher do seu irmão, provando que Deus reconhece o casamento entre descrentes e também condena qualquer violação do casamento. A condenação pública deste relacionamento adúltero é feita na afirmação: "Não te é lícito possuí-la" (Mt 14:4).

Consideremos agora alguns aspectos do casamento, baseados especificamente no livro de Gênesis.


1. O matrimônio e sua instituição
"E disse o Senhor: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora ... Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu ... formou uma mulher e trouxe-a a Adão" (Gn 2:18, 21-22). "Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea" (Mc 10:6).
Note a ênfase na identificação de masculinidade e feminilidade. No sexto dia da criação, Deus formou o homem "do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida, e o homem foi feito alma vivente" (Gn 2:7). 

O barro sem vida se tornou vivo pelo sopro de um Deus Criador.Entretanto, o Seu plano não estava completo ainda, e lemos: "Não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele" (Gn 2:18). Isso mostra claramente que a instituição do casamento, por Deus, foi pela união de um homem e uma mulher, os dois (e somente dois) se tornando um.


2. O matrimônio e sua união
"E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada Mulher (Issah, no hebraico), porquanto do Homem (Issah, no hebraico) foi tomada. Portanto, deixará o homem, o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne" (Gên 2:23-24). "Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem" (Mc 10:9). "Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne" (Ef 5:31).
Estas passagens clássicas estabelecem o conceito bíblico e a natureza do casamento. Este é o plano de Deus para o estado matrimonial. 

Quando Adão acordou do seu profundo sono, ele abriu seus olhos e viu o rosto da mulher que Deus havia providenciado especialmente para ele. Deus poderia ter suprido uma infinidade de mulheres para Adão, mas foi o intento de Deus fazer desta forma.As primeiras palavras de Adão, faladas talvez com surpresa, gratidão e êxtase, foram estas: "Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne, esta será chamada Mulher, porquanto do Homem foi tomada". 

Literalmente, ele disse: "Esta finalmente osso - meu osso! Carne - minha carne! Esta será chamada mulher porque do homem foi tornada" (Gn 2:23). 

Quando perguntaram ao Senhor Jesus, tentando-o: "E lícito ao homem repudiar a sua mulher?" (Mc 10:2), Ele respondeu fazendo-os lembrar do que aconteceu no princípio da criação, destacando três afirmações impressionantes: "Deixará pai e mãe ..."Isto não significa abandonar os pais, pois as Escrituras claramente afirmam: "Honra a teu pai e a tua mãe ... " (Mt 15:4). 

Entretanto, significa mais do que sair de casa. Para os pais, significa abrir mão da sua autoridade sobre seus filhos. Para os filhos, significa aceitar plenamente esta liberdade. Assim, a noiva, pelo consentimento de ambos os lados, deixa uma liderança para aceitar outra. A mulher está sempre sob autoridade. Este é o plano divino. O

 momento quando a noiva é dada em casamento, pelos seus pais, é sempre um momento emocional importante na cerimônia de casamento.


"Apegar-se-á à sua mulher"
Isso inclui um relacionamento que é exclusivo, especial e recíproco. A expressão significa "ser colados um ao outro" em casamento. É visto como um relacionamento permanente, até a morte. Infelizmente, hoje, este aspecto do casamento está sendo desprezado e abandonado por muitos.


"Serão uma só carne"
Isto aconteceu no jardim do Éden quando Deus trouxe a mulher ao homem, e disse: "Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra ... " (Gn 2:28). 

Não há dúvida que Adão e Eva eram "uma só carne" antes da sua união física. É importante notar que Adão chamou Eva de sua mulher quatro vezes antes de lermos que ele a conheceu.Deus estabeleceu esta ordem para toda a humanidade, assim assegurando a dignidade do casal e a segurança das crianças nascidas deste casamento.As referências nas Escrituras a "uma só carne" são muito significativas, e dão um ensino precioso sobre a indissolubilidade do casamento. 

Encontramos estas referências em Gn 2:24; Mt 19:5-6; I Co 6:16-17 e Ef 5:31-32."... e serão dois numa carne" (Ef 5:31).

Assim como marido e mulher, no sentido físico, formam os elementos de uma pessoa completa, um sendo o complemento do outro, assim também a Igreja, na esfera espiritual, é o complemento de Cristo.A Igreja, que é o Seu corpo, compartilha uma união de vida e energia com Ele.Os salvos gozam de unidade orgânica, vital e indissolúvel com Cristo, o Cabeça. 

A Igreja é descrita como sendo "a plenitude daquele que cumpre tudo em todos" (Ef 1:23). Ela é o complemento dEle. Sem a Igreja, que é o Seu corpo, o Senhor Jesus estaria eternamente sem uma noiva. Esta Escritura estabelece, não somente, a intimidade da união espiritual, mas também a sua indissolubilidade.

As três expressões em I Coríntios 6 ("um corpo", "uma só carne" e "um mesmo espírito") têm diferenças que devemos observar:


i) "Um corpo" é uma união física" (v.16);


ii) "Uma só carne" é uma união matrimonial" (v.16);


iii) "Um mesmo espírito" é uma união espiritual" (v. 17).



i) "... o que se Junta com a meretriz, faz-se um corpo" (I Co 6:16). 

 Isto fala de uma união proibida e impura. A ausência de amor puro e lealdade são evidentes. É impossível encontrar uma união instigada e promovida por afeição genuína neste relacionamento ilícito e degradante. Nada mais é do que uma união física, fornecendo gratificação torpe entre um macho e uma fêmea.


ii) "Porque serão, disse [Deus], dois numa só carne" (I Co 6:16). 

Isso apresenta um aspecto completamente diferente sobre a união de duas pessoas. A palavra "carne" realmente significa "pessoa", embora cada parte retenha a sua identidade individual, e responsabilidades diferentes no relacionamento. 

As duas pessoas até começam a pensar, agir e sentir como uma só pessoa. Ef 5:28-31 indica que o relacionamento é tão íntimo que o que o marido faz (seja de bom ou de mal) para sua esposa, ele faz também para si mesmo, visto que os dois são uma só carne. A união sexual não é a mesma coisa que a união matrimonial. 

O casamento é uma união que indica uma união sexual, como uma obrigação e prazer importantes (I Co 7:3-5), mas o casamento tem de ser visto como algo diferente de, e maior do que, mas que inclui, a união sexual. 

Entretanto, as duas coisas não são sinônimas. A afirmação original feita por Deus na criação deixa este fato bem claro. Quando Deus trouxe Eva a Adão Ele disse: "Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne" (Gn 2:24). Obviamente, Deus tinha em mente as gerações futuras, pois Adão e Eva não tiveram pais.


iii) "Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito" (I Co 6:17). 

Isto se refere, sem dúvida, à união incomparável entre o Senhor Jesus e a Igreja, que é o Seu Corpo. Esta união é, necessariamente, mais profunda e mais íntima do que qualquer união física ou matrimonial.


No livro de Rute lemos dos dois casamentos dela. Seu primeiro casamento aconteceu na terra idólatra de Moabe, onde ela se tornou a esposa de Malom, filho de Elimeleque e Noemi. Este casamento terminou com a morte de Malom. 

Mais tarde, e pouco tempo antes do seu casamento com Rute, Boaz diz: "também tomo por mulher a Rute, a moabita, que foi mulher de Malom" (Rt 4:10). 

Deus reconheceu ambos os casamentos de Rute.Embora não lemos de qualquer cerimônia de casamento, é evidente que muitas pessoas testemunharam a união em matrimônio santo entre Boaz e Rute. A formação deste novo relacionamento de marido e mulher foi confirmada e testemunhada pelos anciãos e pelo povo. É evidente que Boaz satisfez todas as exigências legais e, visto que Malom estava morto, Boaz estava livre para agir desta maneira, em amor puro e abnegado para com Rute.
Em Rt 4:13 vemos três aspectos importantes referentes ao casamento:
"Assim tomou Boaz a Rute, e ela lhe foi por mulher."
Tendo tomado-a, Deus os ajuntou, e isto é exclusivo à união matrimonial. Quão apropriadas as palavras do Senhor Jesus,em Mateus: "Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne. Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem"(Mt 19:5-6).
"E ele a possuiu...,"
Esta é uma referência clara à união física, que é permitida somente dentro do relacionamento matrimonial. É importante observar, porém, que este ato nunca deve ser considerado como o início da união matrimonial, senão, qualquer ato de fornicação constituirá um laço matrimonial e, portanto, cada novo ato de fornicação com o mesmo parceiro se tornará lícito. 

Quando estes dois atos distintos, de tomá-la como esposa e depois possuí-la, são vistos numa perspectiva correta, torna-se claro que a união física não faz, nem desfaz, o laço matrimonial. I Co 6:18 e 7:10-11 não indicam que a fornicação desfaz o laço matrimonial. Estes versículos não fornecem uma base para o argumento que a "cláusula de exceção" permite o divórcio."

E O Senhor lhe fez conceber, e deu à luz um Alho," Aqui Deus é visto como o Doador da vida humana. Além disto, como vemos: neste caso específico, a Sua bênção foi evidenciada no nascimento de um filho. Foi a intenção de Deus que a instituição do casamento produzisse filhos, e para cada casal judaico temente ao Senhor, sempre havia a alegre expectativa do Messias prometido.

Desta bela união matrimonial, o Messias prometido finalmente viria: "E Boaz gerou a Obede, e Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou a Davi" (Rt 4:21-22). Desta linhagem, mais de um milênio depois, veio o Messias-Salvador.Uma coisa preciosa é dita sobre Boaz e Rute, em relação à sua conduta antes de se ajuntarem em união matrimonial e física: " ... e levantou-se antes que pudesse um conhecer o outro" (Rt 3:14). Nada indecente aconteceu, provando a maturidade do caráter dos dois. Eles tiveram domínio próprio sobre o que poderia ter-se tornado uma situação muito perigosa. 

Portanto, estavam em condições ideais para se casarem, com todo o potencial para desenvolverem um relacionamento durável e feliz. Vivemos num tempo quando muitas pessoas estão propagando ideias diferentes sobre o casamento. 

Alguns dizem que o casamento convencional é restritivo, que as crenças tradicionais sobre o casamento são antiquadas, e que somente ao escapar da armadilha do casamento é que uma pessoa pode estar livre para se desenvolver como indivíduo. Nós insistimos que o casamento foi instituído por Deus, com a intenção de que fosse permanente e desfeito somente pela morte.


3. O matrimônio e sua violação
"E tomou Lameque para si duas mulheres ..." (Gn 4:19).
Lameque, um descendente de Caim, e a sétima geração depois de Adão, foi o homem que levou os seus descendentes a se rebelarem abertamente contra Deus. Ele começou por desafiar o princípio estabelecido por Deus sobre a monogamia, em Gênesis 2. Lameque mudou a instituição e composição de Deus para o casamento, porque ele teve duas mulheres ao mesmo tempo. Isto insultou o plano de Deus para a vida matrimonial.Sua ação foi uma negação nítida da instituição de Deus do casamento, e uma violação deliberada da constituição criatorial de um homem e uma mulher. 

À luz da sua rejeição do plano de Deus, e da tendência atual na nossa sociedade, seria conveniente sublinhar a forte menção achada em Hebreus: "Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus os julgará" (Hb 13:4).
O matrimônio é uma instituição e um relacionamento santo, feliz e honroso.
Foi estabelecido por Deus no Jardim do Éden, santificado pela presença do Senhor Jesus no casamento em Cana da Galileia e pronunciado como venerado pelo Espírito Santo (Hb 13:4). Este versículo revela que devemos guardá-lo de qualquer mancha de impureza e lascívia. 

O casamento não é certidão de respeitabilidade para aqueles que são casados, mas uma obrigação de se usar o relacionamento de maneira que honre a Deus, pois Deus julgará qualquer violação da sua santidade, quer seja por negligência ou pelo uso incorreto. 

O casamento exige lealdade e sinceridade, e também amor e afeição, e não deve ser contraído de maneira frívola e irresponsável.


Todos serão responsáveis perante Deus.
Talvez seria apropriado registrar aqui "A cerimônia do Casamento" de acordo com a lei australiana'. ( Extraído de um documento oficial publicado pelo governo da Austrália. país de residência do autor. Handbook (or Marriage Celebrants, Canberra, Australian Government Publising Services. 1979. p26.)
"Quando um casamento for realizado por, ou na presença de, uma pessoa autorizada para realizar casamentos, a pessoa autorizada dirá aos cônjuges, na presença de testemunhas, as seguintes palavras: "Eu estou devidamente autorizado pela lei para realizar um casamento de acordo com a lei. 

Antes de vocês serem unidos em casamento, na minha presença e na presença destas testemunhas, eu tenho de lembrá-los da natureza solene e permanente do relacionamento em que vocês estão para entrar. 

O casamento, de acordo com a lei da Austrália, é a união de um homem e de uma mulher, com a exclusão de todos os outros, assumida voluntariamente e para toda a vida".Esta declaração reflete, com clareza, a natureza e o caráter criacionista do casamento, como estabelecido em Gn 2:18-25, e como afirmado pelo Senhor Jesus em Mc 10:6.


4. O matrimônio e seu procedimento
''Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem" (Mt 19:6).

"Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem" (Mc 10:9).

"... sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança" (Ml 2: 14).
O plano de uma união permanente é outra dimensão do casamento na Bíblia.A intenção divina é que o casamento seja para a vida toda. Em Mateus, o Senhor Jesus afirma isto claramente: "... o que Deus ajuntou, não o separe o homem" (Mt 19:6).

Às vezes a Palavra de Deus ilustra esta união usando a figura de uma "aliança".Malaquias visualiza Deus como uma "testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança" (Ml 2:14).

Citamos agora o que E. H. Merill escreveu, ao tratar deste versículo no seu comentário sobre Malaquias: "A impressão que temos aqui é que muitos judeus tinham se divorciado de suas mulheres para se casarem com mulheres pagãs. Isso, diz Malaquias, é agir com 'deslealdade' (v. 14). 

O mesmo verbo 'desleal' (bagad no hebraico) já foi usado várias vezes pelo profeta, e uma análise cuidadosa do seu uso esclarece a questão toda aqui. No v. 10, onde a palavra é traduzida 'agimos aleivosamente' ('desleais', ARA), ela é usada no sentido de quebrar a aliança, neste caso, as estipulações da aliança Mosaica, que proibia casamentos com as nações pagãs. 

O v. 11 confirma esta ligação por associar a deslealdade com a profanação do santuário (da aliança), o qual Deus ama. Portanto, a 'deslealdade' mencionada no v. 14 deve também estar ligada à violação de uma aliança, e de fato está, como o v. 16 prova, além de qualquer dúvida. Mas aqui não é mais a deslealdade à aliança recebida por Moisés, mas, deslealdade à aliança feita pelo casamento, que uniu marido e mulher.Tal aliança, embora não seja especificamente estipulada no VT, é um acordo legal de união entre um casal, tendo Deus como Testemunha. 

Para o judeu abandonar sua mulher e casar-se com outra, especialmente uma estrangeira, não era apenas moralmente repugnante, mas legalmente proibido. 'A mulher da tua mocidade', continua o profeta, não é alguém que pode ser levianamente deixada, mas é, de fato, uma 'companheira', uma 'consorte' (habereth no hebraico), ligada inextricavelmente ao seu marido pela garantia de uma aliança."

A intenção divina sobre a permanência do matrimônio é também afirmada pelo Senhor Jesus no Evangelho de Lucas: "Qualquer que deixa sua mulher, e casa com outra, adúltera e aquele que casa com a repudiada pelo marido, adultera também"(Lc 16:18). 

Neste versículo Ele resume a intenção criacionista em relação à união matrimonial. Em Mc 10:6-9. Ele novamente enfatiza a natureza e caráter criacionista do casamento como estabelecido em Gn 1:27; 2:24, ao dizer: "Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso deixará o homem a seu pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher, e serão os dois uma só carne ... Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem".

Alguns comentaristas desconsideram completamente Lc 16:18, outros têm dificuldades em reconhecer o seu significado contextual, e ainda outros o aplicam somente à experiência dos salvos. 

Contudo, Lucas especificamente relata que o Senhor falava aos Seus discípulos (Lc 16:1) e também aos fariseus (Lc 16:14-15), mostrando claramente que tanto os discípulos (salvos)como os fariseus (descrentes) estão incluídos neste discurso.Surgem, deste discurso, certas questões morais e espirituais que têm uma relação positiva com a afirmação do Senhor Jesus no v. 18, onde Ele diz que o divórcio conduz ao adultério. Incluídas neste capítulo estão as questões morais e éticas de mordomia, responsabilidade, compromisso, lealdade, auto justificação, cobiça, a necessidade de integridade em relação à lei, e a autoridade suprema das palavras do Senhor Jesus Cristo. Tais fatores estabelecem a ligação entre os três temas principais abordados por Ele neste capítulo.
i) Responsabilidade quanto à mordomia (vs, 1-17);
ii) Responsabilidade quanto ao casamento (v. 18);
iii) Responsabilidade quanto às possessões materiais (vs, 19-31).


Lc 16:16-18 enfatiza a grande importância de autoridade e de valores. Os fariseus deliberadamente deixaram de lado a lei para seguirem sua conduta, e zombavam do ensino de Cristo. A Sua declaração autoritária, proibindo o divórcio que conduz ao adultério, é uma indicação clara desta autoridade. 

Ele também mostra que a justiça rejeita os atos imorais e não éticos nos relacionamentos matrimonias.Sua referência ao reino enfatiza o valor do compromisso com Deus e com os outros.

Ele revela o padrão da ética, dizendo, com efeito, que se alguém faz um voto de se casar e ser fiel ao cônjuge perante Deus, e depois desfaz este voto ao entrar em outro relacionamento matrimonial, ele comete adultério porque o voto original não foi cumprido.O divórcio é a violação de uma aliança tripla entre Deus, o marido e a mulher.

Enquanto a essência da justiça é integridade, a essência do pecado, neste caso, é a violação da promessa feita a Deus e a outros.Resumindo, as Sagradas Escrituras enfatizam que o casamento é um estado permanente para todos os que têm contraído matrimônio. Devemos lembrar que a união do casamento é formal, pública, legal', sagrada e um contrato permanente.


5. O matrimônio e sua intenção
"E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele" (Gn 2:18).

"Salvar-se-à, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação" (I Tm 2:15).

"Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido" (I Co 7:2).


Este assunto pode ser tratado de três maneiras:
i) O matrimônio é para companheirismo 

"...far-lhe-ei uma ajudadora idônea" (Gn 2:18).

Esta frase significa que ela está em harmonia com ele, ou se aproxima dele. O casamento é uma parceria. Deve haver união de propósito, atitude e compromisso. Para muitos, o casamento resolve o problema da solidão. Companheirismo deve ser a essência do casamento. 

A vida, sem o casamento, seria difícil e enfadonha para muitas pessoas. Por esta razão, consideração e não comentários insensíveis e imprudentes devem ser oferecidos aos solteiros. As viúvas idosas (como Ana em Lucas 2) e os viúvos que se abstém de casar de novo devem receber a nossa admiração. Não que seja errado para viúvos ou viúvas casarem novamente, pois Paulo encoraja as viúvas mais novas a se recasarem, assim evitando a possibilidade do adversário de maldizer (I Tm 5:14).


ii) O matrimônio é para a reprodução 

"...macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra" (Gn 1:27-28). 

"Salvar-se-à, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação" (I Tm 2:15).Macho e fêmea os criou; não macho e macho, ou fêmea e fêmea. Os estilos alternativos que estão sendo propagados hoje, junto com o aumento nos divórcios e novos casamentos, só podem resultar numa sociedade instável e degenerada. A procriação de filhos é o resultado normal do casamento, e Deus planejou que os filhos fossem nascidos e criados num ambiente estável e carinhoso, onde cuidado e disciplina pudessem ser aplicados. Nos casamentos desfeitos são as crianças que mais sofrem, e este fato deve receber a devida consideração.


iii) O matrimônio é para preservação 

"Por causa da prostituição [imoralidade] cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido" (I Co 7:2).

Este ensino serve para salvos e descrentes. O propósito de Deus, desde a criação, continua o mesmo. 

A obra de Cristo no Calvário tratou do pecado resultante da queda e suas consequências, mas não mudou as leis morais de Deus em relação ao casamento e aos relacionamentos matrimoniais. Este versículo está ensinando sobre o casamento monógamo - um homem e uma mulher, suprindo a proteção contra a imoralidade sexual. 

Uma união matrimonial saudável não somente é uma grande ajuda, mas é uma necessidade absoluta. 

Esta injunção mostra que a satisfação das necessidades sexuais dentro do casamento é correta, que somente a monogamia deve ser praticada, que a fidelidade sexual é obrigatória para cada cônjuge e que o celibato não é o normal para a maioria das pessoas.
Citamos agora A. W Pink, no seu comentário sobre Hebreus: "A instituição divina do matrimônio ensina que o estado ideal, tanto do homem como da mulher, não é em separação, mas em união, que cada um é feito para o outro, e que o ideal de Deus é que haja esta união, baseada em amor e lealdade, durante toda a vida, isento de qualquer concorrência ou outras associações".

Um Criador sábio e amável instituiu o matrimônio para o bem estar da humanidade.

Na Bíblia, o casamento é visto como o laço primordial da sociedade, o alicerce da vida social. O matrimônio é o vínculo entre duas pessoas, um macho e uma fêmea. O desígnio sábio do Criador para um relacionamento matrimonial é heterossexual e monógamo, não polígamo. A injunção reprodutiva obviamente exclui "casamentos" homossexuais. 

A exclusividade perfeita de Deus de "uma só carne" proíbe qualquer outro relacionamento como homossexualidade, poligamia, fornicação, adultério, concubinato, incesto, bestialidade e prostituição cultual. Estas, e outras perversões sexuais, são violações da união íntima do relacionamento matrimonial, e eram frequentemente punidas com morte (Lv 20:1-19; Dt 22:13-27).

Em vista de tudo o que foi exposto neste capítulo, é bom lembrar que Deus ajuntou o homem e a mulher quando estavam num estado de inocência. Portanto, o matrimônio é a intenção divina original para o homem e a mulher, e não a Sua solução por causa da entrada do pecado. 

O matrimônio é parte da criação e é o ideal exclusivo de Deus para o bem estar da humanidade.


(O ensino do Senhor sobre o divórcio - Por William M. Banks)


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Agora analisaremos algumas passagens bíblicas que faz referência ao divórcio:

Mateus 19:1-15

O contexto (vs. 1-2)

O contexto de Mateus 19 é interessante e instrutivo. "Concluindo Jesus estes discursos" (v. 1). (Veja 13:53 e 26:1, onde a mesma expressão é usada, e também 7:28, e 11:1, onde uma expressão parecida é usada.) 

O assunto do cap. 18 é duplo: humildade (vs, 1-19) e perdão (vs.21-35). 

Estas qualidades são fundamentais para se ter um casamento bem sucedido, que é o assunto dos versículos no começo do cap.19.

Além disso, a localização geográfica é significante. Ele "saiu da Galileia e dirigiu-se aos confins da Judeia, além do Jordão". 

Este era o território de Herodes, onde o assunto de um casamento impróprio já tinha sido tratado por João Batista. João falou corajosamente a Herodes: "Não te é lícito possuir a mulher do teu irmão" (Mc 6:18).

Apesar de Herodes ter "casado com ela" (Mc 6:17), ela ainda era "a mulher de teu irmão". 

O segundo casamento não tinha desfeito o primeiro vínculo matrimonial.O corajoso João sofreu a morte por ter falado fielmente sobre a indissolubilidade da união matrimonial e denunciado o infrator, Herodes. 

Portanto, a região da Judeia, além do Jordão, era um território hostil para se falar sobre divórcio. Os pensamentos de muitos, hoje em dia, também são desfavoráveis a este assunto.

As opiniões prevalecentes na Judeia, e em Israel em geral, eram muito divergentes.

Os seguidores de Hillel permitiam o divórcio por razões triviais, enquanto que os seguidores de Shamai somente permitiam o divórcio em casos de adultério.Assim, quando os fariseus perguntaram ao Senhor sobre o divórcio, pensavam que qualquer resposta Lhe traria problemas.Um ministério de cura (v.2) era necessário em tais circunstâncias de confusão e desânimo matrimonial. 

Quão mais necessário é nos nossos dias!Foi neste contexto que surgiu a sessão de perguntas e respostas entre o Senhor e os fariseus. Não havia nenhum interesse real da parte deles - eles estavam simplesmente "tentando-o"! 

Infelizmente, muitos que fazem perguntas sobre este importante assunto, hoje em dia, não o fazem por ter um desejo sincero de aprender a verdade, mas meramente para apresentar assuntos para uma discussão inútil, semelhante às "fábulas e genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé" (I Tm 1:4).


A primeira pergunta e sua resposta (vs. 3-6)

A primeira pergunta é muito geral: "É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?" 

Não importa qual a resposta dada, com certeza haveria oposição - pensavam que a armadilha colocada por eles era perfeita!Contudo, a resposta revelou seu problema fundamental: "Não tendes lido?" (v. 4). Uma leitura cuidadosa das Escrituras teria eliminado a necessidade da pergunta.

Quantas vezes este é o caso hoje em dia! Mas, a qual Escritura o Senhor se referiu?Ele não os levou aos livros proféticos (que teriam servido para dar ajuda prática ou experimental) nem aos livros históricos (que teriam revelado exemplos sobre o que tinha acontecido com a nação, no passado). 

Não, Ele os levou ao Livro dos princípios (Gênesis), à doutrina fundamental sobre o matrimônio; de fato os levou à primeira cerimônia de casamento e ao primeiro sermão sobre casamento, dado, não por homem algum, mas pelo próprio Criador."

Aquele que os fez no princípio ... disse" (vs. 4-5). O Criador os fez e lhes deu ordens sobre as condições do casamento.Deus está falando: "Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne" (v.5). O princípio é claro - uma unidade indivisível está sendo estabelecida - dois estão se tornando um só.

Citamos aqui J. D. Pentecost:"Os fariseus consideravam o casamento como uma instituição social governada pelas leis de homens. Mas Cristo considerou o matrimônio como uma instituição divina governada pelas leis de Deus".

Observe a ordem "deixar ... unir ... ser ... ". O matrimônio inclui uma nova esfera de vida resultando do "deixar"; uma nova associação exemplificada pelo "unir" (permanentemente unidos como cola); e um novo relacionamento ao ser "uma só carne."
Repare que "serão dois numa só carne" é parte da citação do Criador "no princípio".Esta citação é de Gn 2:24. 

A ideia de que mais do que dois podiam ser "uma só carne" não é contemplada. O Senhor conclui: ''Assim, não são mais dois, mas uma só carne" (v. 6).Vemos claramente que este era o caso de Adão e Eva em Gênesis 2, antes de qualquer consumação física da união. Tais relações conjugais não começaram até Gn 4:1. Portanto, o relacionamento "uma só carne" está em vigor desde o momento do término da cerimônia matrimonial, que hoje é a declaração de que são marido e mulher. 

Não é a união física que a estabelece, aliás, a união física só é permitida porque o casal já é uma só carne, que é uma união emocional e indissolúvel. Esta ideia é confirmada pelo Senhor, na Sua conclusão e no Seu resumo desta resposta à primeira pergunta: "Portanto, o que Deus "Juntou não o separe o homem".

É incrível os esforços mentais e linguísticos que alguns fazem para tentar fazer esta frase simples significar algo diferente. A verdade é clara - Deus une, o homem separa. Contudo, esta atitude é completamente contrária à vontade de Deus e, com certeza, receberá um juízo severo.


A segunda pergunta e sua resposta (vs. 7-9)

Sendo silenciados pela referência do Senhor à ordem primitiva e divina na criação, que é claramente uma ordem permanente, os fariseus então resolveram fazer mais perguntas. Desta vez eles também mencionam as Escrituras, e agem de uma maneira que muitos fazem hoje - questionando: "Por quê?" Agora fazem um apelo à "experiência". Havia um caso prático. Não foi assim que aconteceu no passado?Agora pensavam que o Senhor não teria nenhuma saída."

Por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la?" Eles conheciam bem Deuteronômio 24 - este texto era mais agradável para eles do que Gn 2:24! Não estava aqui uma saída? Não estava o divórcio incluído na lei de Moisés?

É interessante ver que eles não citaram a profecia de Malaquias: "O Senhor, o Deus de Israel diz que odeia o repúdio" (Ml 2:16). Eles perguntaram: "É lícito ao homem repudiar sua mulher?" - Deus o odeia! Mas este texto era muito doloroso para eles, e pensavam que Deuteronômio 24 lhes daria a saída procurada.

A resposta do Senhor foi devastadora ao pensamento deles. Devemos notar alguns aspectos desta resposta:
i) Era uma "permissão",não um "mandamento".Moisés vos "permitiu" repudiar vossas mulheres! Não há nenhuma desculpa para o uso dos fariseus da palavra "mandou". Deuteronômio 24 nunca é visto como um mandamento para divorciar-se (nem mesmo em Marcos 10); foi somente uma permissão, e com uma razão. A razão é dada pelo próprio Senhor, e mais conclusões podem ser deduzidas de Deuteronômio 24.


ii) Foi por causa "da dureza dos vossos corações"! A razão fundamental pela permissão dada foi a "dureza ... de coração". O homem que divorciou a sua mulher em Deuteronômio 24 era um homem" duro". Ele não tinha compaixão pela condição emocional da sua esposa. Seu único pensamento era gratificação egoísta. Certamente o Senhor está dizendo que isto não serve como argumento em favor do divórcio. 

O divórcio em Deuteronômio 24 é uma indicação de um espírito inflexível, com pouco respeito para com os sentimentos dos outros (e por isso era algo que Deus odiava). Mas, por que, então, Moisés o permitiu? A razão é clara. Foi para proteger a dignidade da mulher. 

O divórcio foi permitido para que a mulher fosse salva de uma situação de abuso arrogante de um homem de coração duro. Em Deuteronômio 24 o casamento não fora consumado, senão o divórcio não teria sido possível (veja Dt 22:29) e, nessas circunstâncias, a mulher era inocente (e continuava virgem) depois do primeiro processo de divórcio (veja também o Capítulo 1 deste livro).

iii) Era contrário à intenção divina para o casamento. O uso da palavra "mas" é importante. Moisés permitiu, por causa da "dureza dos '" corações"; mas, em contraste com isso, o Senhor diz que "no princípio não foi assim" (v. 8). 

Este é o ideal divino. Doutrina nunca é baseada numa "permissão", mas nos padrões imutáveis que Deus decretou desde o princípio. Nunca foi a intenção de Deus que o divórcio fosse contemplado. Ele achou necessário regular o que nunca aprovou. Isso é visto claramente na próxima frase.


iv) Agora foi suplantada pela palavra autoritária de Cristo. "Eu vos digo".A Sua Palavra é final. Deuteronômio 24 não é mais a base do mandato doutrinal, e, portanto, do mandato devoto para relacionamentos matrimoniais nesta dispensação presente (embora permaneça com autoridade no seu contexto). Eis aqui a afirmação final, autoritária, imutável e invariável do Filho de Deus: "Qualquer que repudiar sua mulher ... e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério". Esta afirmação é simples, absoluta e clara. O novo casamento é proibido para os que estão num relacionamento matrimonial. Mesmo que a separação (por qualquer motivo) seja uma possibilidade, o novo casamento não é. Aparentemente, a construção da gramática grega confirma esta conclusão, e os primeiros ensinadores, quase todos, tinham esta opinião. Isso é também plenamente consistente com o que foi dito antes, nesta passagem.
Mas existe uma exceção!A cláusula de exceção, traduzida aqui "não sendo por causa de fornicação" contém somente três palavras na língua original, e não existem outras três palavras que tem produzido tão grandes montanhas de papel! 


Uma grande estrutura tem sido construída sobre um alicerce muito fraco. Mesmo se aceitarmos esta frase como base para o divórcio, há dois fatores que precisamos notar:


i) Um novo casamento de quem se divorciou não é aprovado nesta passagem, e isto é consistente com todos os outros trechos do NT que tratam deste assunto, como Rm 7:1-3 e I Co 7:10-11.


ii) Baseado nesta passagem, somente o homem teria direito de divorciar a sua esposa; a passagem não dá licença para a mulher divorciar o seu marido.


O que, então, significa a cláusula de exceção?
Precisamos notar o uso das palavras "fornicação" ou "prostituição" (porneia) e "adultério" (moicheia) na mesma passagem. 

Não há dúvida de que a palavra porneia, quando usada sozinha, é uma palavra geral para pecados sexuais de vários tipos.

Contudo, quando é usada no mesmo contexto que a palavra moicheia (veja também Gl 5:19, Hb 13:4), obviamente é importante fazer uma diferença. É claro que este é o caso aqui em Mt 19:9. 

Fornicação (porneia) é infidelidade sexual antes do casamento, e adultério é infidelidade sexual depois do casamento. Isso é consistente com o uso pelo Senhor da palavra porneia em outras passagens, como Mt 5:32, 15:19 e Mc 7:21. 

O Senhor usou somente a palavra porneia para indicar infidelidade pré-nupcial. (Nas Bíblias em português, a palavra grega porneia é traduzida de diversas formas: "prostituição", "fornicação", ou "relações sexuais ilícitas".(N. do E.).


Mas, se é infidelidade pré-marital que está em vista, por que a palavra é usada aqui no contexto de casamento e divórcio? O contexto geral nos ajuda este ponto.

Quase todos concordam que Mateus escreveu tendo em mente o judeu, e com um pano de fundo dispensacional. O período ao qual o Senhor se refere é, sem dúvida, o período que os judeus chamavam de "desposamento". 

O primeiro capítulo deste Evangelho nos ajuda neste sentido. Aparentemente, este período no noivado judaico durava mais ou menos um ano. Durante este tempo, embora as relações sexuais eram proibidas até depois da cerimônia formal de casamento, o casal era considerado como marido e mulher (veja Mt 1:19-20). Infidelidade sexual durante, ou antes, deste período permitia que o marido repudiasse sua "mulher". 

José pensou que este era o caso com Maria, e "intentou deixá-la secretamente" (v. 19).Portanto, considerando o contexto de Mateus 19, a única exceção que o Senhor tinha em mente era, obviamente, a imoralidade antes ou durante o período do desposado.Isto explica o uso da palavra "fornicação" e não "adultério". 

Esta infidelidade permitiria que o "desposado" fosse desfeito, deixando o parceiro inocente livre para se casar (não casar de novo, pois o casamento formal ainda não tinha acontecido).

Um novo casamento (assim como o divórcio), nunca é contemplado no NT, enquanto o primeiro cônjuge ainda vive. Um novo casamento nestas circunstâncias conduz ao estado de adultério perpétuo, quer a pessoa envolvida seja crente, crente professo ou descrente. Este estado de adultério perpétuo somente pode ser mudado se os envolvidos se separarem.


A reação dos discípulos (vs. 10-12)A indissolubilidade absoluta do matrimônio, ensinada pelo Senhor, claramente surpreendeu os discípulos, até ao ponto de dizerem: "não convém casar". Se fosse tão permanente, então, talvez seria melhor ficar "eunuco"! Contudo, o Senhor indicou que permanecer sem se casar não é uma condição que "todos" poderiam aceitar. 

Há alguns que têm esta capacidade; e estes se dividem em três grupos: aqueles que nasceram assim, aqueles feitos eunucos por homens, e aqueles que, para viver uma vida separada para o serviço divino, estavam preparados a fazer o sacrifício necessário.
Vemos aqui, com clareza, que os discípulos não ficaram com nenhuma dúvida sobre as restrições colocadas pelo Senhor sobre pessoas casadas. Nem divórcio, nem um novo casamento eram uma possibilidade.


As crianças (vs. 13-15)Talvez estranhemos que crianças sejam mencionadas aqui no contexto de matrimônio e divórcio. Não é o caso que as crianças, e especialmente as "criancinhas", são as que mais sofrem como resultado de um casamento desfeito? Com certeza o melhor ambiente para a criação dos filhos é um lar unido e carinhoso onde o ambiente de acolhimento e boas vindas e afeição é visto e conhecido. "Deixai os meninos e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus" (vs. 14-15).


Marcos 10:1-16
Está é uma passagem paralela àquela de Mateus 19. Embora haja muitas semelhanças nas duas passagens, também há algumas diferenças importantes. Estas diferenças serão enfatizadas agora ao examinarmos o trecho.


O contexto 

(v. 1) No fim do cap. 9, o Senhor focaliza algumas coisas que podem causar ofensa aos discípulos: 

"se a tua mão te escandalizar, corta-à" - V. 43

"se o teu pé te escandalizar, corta-o" - V. 45

"se o teu olho te escandalizar, lança-o fora" - V. 47 

O Senhor está mostrando a importância daquilo que fazemos ("tua mão"), de onde vamos ("teu pé") e do que vemos ("teu olho"). 

Todo este ensino importante é dado no contexto de casamento e divórcio, e a última, especialmente, é a causa de cobiça que conduz a muitos outros pecados. A falta de cuidado com aquilo que vemos, ou lemos, também pode causar relacionamentos errados. "Tende sal ... e paz uns com os outros" (v.50). Estas coisas previnem muitos problemas!

Perguntas e respostas (vs. 2-9)

A localização geográfica é a mesma que em Mateus 19, e com as mesmas implicações.Contudo, a primeira pergunta é um pouco mais geral do que aquela em Mateus: "E lícito ao homem repudiar sua mulher?" (v.2). 

Em outras palavras: será que o divórcio é uma possibilidade?

A resposta do Senhor é interessante: "Que vos mandou Moisés?" O Senhor está Se referindo aos escritos de Moisés como Ele fez em outros lugares nos Evangelhos, como Jo 8:5 e Lc 5:14.

Já sabemos pelas palavras do Senhor em Mateus 19, que a linguagem de Deuteronômio 24 não foi um "mandamento", mas uma "permissão". Então, o que foi que Moisés "mandou"? 

Os vs. 6-8 deixam claro que o Senhor está se referindo a Gênesis 2 (que foi escrito por Moisés). O mandamento era bem claro! "Deixar ... unir ... ser uma só carne"!

A resposta dos fariseus à pergunta do Senhor indicou que eles pensavam que tinham uma base bíblica suficiente para praticar o divórcio. "Moisés permitiu escrever carta de divórcio e repudiar". Sim, estavam certos! Moisés permitiu o divórcio por causa da dureza dos seus corações, não por causa de um mandamento. 

O Senhor volta para o "mandamento" que veio do "princípio da criação", e chega à mesma conclusão relatada por Mateus: "Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem". Assim, a pergunta do v. 2 foi respondida conclusivamente, e baseada num mandamento divino!
As perguntas dos discípulos (vs. 10-13)Há outro ponto em que o relato de Marcos é diferente ao de Mateus. Esta sessão de perguntas e respostas ocorreu em casa! Os discípulos aqui em Marcos procuraram mais elucidação sobre o que o Senhor tinha falado em Mt 19:9.

Talvez a restrição absoluta fosse pesada demais para eles (veja Mt 19:10-12) - será que ainda podiam descobrir uma base para reduzir a força do mandamento do Senhor?

Se estavam pensando assim, o Senhor iria desapontá-los, Ele não apenas repetiu a restrição registrada em Mateus, mas Ele fez isto sem a cláusula de exceção, e também estendeu a restrição! Estes detalhes não foram falados a um grupo específico.

Sendo que o matrimônio é criacionista e não exclusivamente cristão, os princípios têm aplicação universal:"Qualquer que deixar a sua mulher e casar com outra, adúltera contra ela. E, se a mulher deixar a seu marido, e casar com outro, adultera" (vs, 11-12).


Alguns detalhes que devemos notar:

i) O novo casamento é totalmente proibido para pessoas casadas enquanto o cônjuge está vivo. A linguagem não deixa qualquer dúvida, é fácil de entender e absolutamente clara. Não pode existir dúvida sobre a importância desta afirmação do Senhor. Isso também nos ajuda a entender Mateus 19. 

É uma regra sadia de interpretação; devemos usar o que é muito claro em Marcos e Lucas, como base para entender o que é aparentemente menos claro e mais difícil de entender em Mateus. 

Assim, a passagem em Mateus tem de ser entendida como somente permitindo o término do noivado durante o período do desposado, isto é, um relacionamento fora da esfera do casamento formal. Se não, a passagem em Marcos é contraditória. Além disto, a autoridade a que Paulo se refere em I Coríntios 7, só pode ser uma referência a Marcos 10.


ii) Diferentemente da passagem em Mateus, aqui a possibilidade de uma mulher divorciar seu marido é mencionada. Não há menção desta possibilidade em Mateus, no contexto judaico. Marcos está escrevendo para outros leitores.Ele escreve para os romanos. No contexto romano aparentemente era comum a mulher divorciar o seu marido e casar-se novamente. O Senhor está indicando que isto não é permissível - o novo casamento produz o estado do adultério perpétuo.


iii) Não há uma cláusula de exceção. A razão é óbvia - não existe exceção! O período do desposamento, tão bem conhecido pelos leitores judaicos do evangelho de Mateus, simplesmente não se aplicava aos leitores gentios de Marcos.Não haveria contratos formais de noivado a serem desfeitos, porque tais contratos não existiam. No mundo dos gentios, os que estavam noivos não eram conhecidos como "marido" e "mulher" e, portanto, "divórcio", como exceção, não seria apropriado. A linguagem dos vs. 11-12 nunca foi anulada para a dispensação presente. 

É permanente e não deixa lugar para dúvidas. Aqueles que usam a exceção para permitir o divórcio para os legalmente casados, fazem isto contra o ensino claro desta passagem. Além disto, é improvável que aqueles que ensinam a possibilidade do divórcio, por causa de adultério, ficarão apenas com esta única exceção. Já em igrejas do povo de Deus muitas outras razões, como deserção e incompatibilidade, estão sendo usadas para justificar o divórcio, e com consequências devastadoras. Uma vez que a porta se abre, é quase impossível parar a inundação de pecado.

As crianças (vs. 13-16).Como em Mateus, as crianças são mencionadas aqui e pela mesma razão. É lindo ver que embora pudessem ser maltratadas pelas crueldades de divórcio e novo casamento, o Senhor "tomando-os nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os abençoou" (v. 16).


Mateus 5:27-32
O Contexto

A passagem tem um contexto duplo. É parte do primeiro "Sermão do monte" no Evangelho de Mateus. Este "sermão", obviamente, tem conotações judaicas, embora naturalmente contendo princípios para todos. É, sem dúvida, o "Manifesto do Rei". 

Os detalhes todos somente serão cumpridos quando o Rei reinar. Isso quer dizer que a interpretação dos versículos tem de ser feita tendo em mente este contexto.

Adicionalmente, os detalhes dos versículos imediatamente precedendo os vs. 31 e 32 são semelhantes àqueles achados no final de Marcos 9.
"se teu olho direito te escandalizar, arranca-o" - v. 29

"se tua mão direita te escandalizar, corta-à' - v. 30.
A razão da necessidade de se arrancar o olho é dada nos vs. 27 e 28 - o olho pode ser usado para olhar com desejo impuro, causando adultério no coração e, sem dúvida, conduzindo também ao ato de adultério. A mão também pode ser usada para cumprir o desejo impuro do olho. Qual o significado disto no contexto de casamento e divórcio? Lamentavelmente, estas coisas podem conduzir ao estado de adultério perpétuo, como resultado do divórcio. O Senhor deseja que isto seja evitado.


O contraste 

(vs. 31-32)"Também foi dito ... Eu, porém vos digo". 

A permissão ("dê lhe carta") agora é substituída. Foi dada por razões particulares, detalhadas no cap. 19.

A situação é diferente agora. Nenhuma carta de desquite é possível. A única base para deixá-la é a infidelidade pré-marital durante o período do desposado judaico - exatamente como temos visto nos detalhes do cap. 19.


Há, porém, quatro detalhes importantes aqui:

i) A construção do versículo prova que "fornicação" ou "prostituição" (porneia) não pode ser "adultério", caso contrário a expressão "faz que" seria totalmente inapropriada: "Qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de adultério, faz que ela cometa adultério". Isto seria uma tautologia.("Vício de linguagem que consiste em dizer, por formas diversas, sempre a mesma coisa" (Dicionário Aurélio) - ou seja, uma repetição sem sentido e incoerente (N. do E.). 

Como ela poderia ser levada a cometer aquilo que já estava cometendo? Se fornicação ou prostituição é o mesmo que adultério, ela simplesmente iria continuar a cometer o que já estava cometendo, em vez de entrar numa nova esfera de atividade proibida. Obviamente, "fornicação" ou "prostituição" aqui não pode ser "adultério".

O Senhor sempre usou palavras precisas. Compare o Seu uso da palavra "adúltera" em Mt 12:39; 16:4 e Me 8:38, em relação à situação espiritual da nação, "transferindo suas afeições de Deus". 

Poderíamos pensar que "fornicação" seria a palavra mais apropriada aqui. Contudo, o Senhor somente usou a palavra "fornicação" quando Se referia exclusivamente ao pecado pré-marital, nos Seus discursos públicos. Este uso é também confirmado pelo seu uso pelos adversários em João 8. 

A mulher foi pega em "adultério" (moicheia) no v. 3. Todavia, no v. 41, eles acusam o Senhor, sugerindo que Ele nasceu fora do matrimônio quando dizem "nós não somos nascidos de prostituição" (porneia).


ii) A mulher que é repudiada é levada a cometer adultério junto com a pessoa que casa com ela. Esta é a única vez, no ensino do Senhor, que a mulher divorciada é chamada adúltera. Isto completa o quadro. As pessoas culpadas de adultério nas quatro passagens onde o Senhor se refere ao divórcio são as abaixo mencionadas:
O marido que repudia.... Mt 19:9; Mc 10:11; Lc 16:18

A mulher que repudia.... Mc 10:12

A mulher que é repudiada... Mt 5:32

A pessoa que se casa com a mulher repudiada... Mt 5:32; 19:9; Lc 16:18
Portanto, o ensino de Mateus 5 está em perfeita harmonia com o de Mateus 19 e o de Marcos 10, indicando a natureza indissolúvel do vínculo matrimonial.


iii) Não há possibilidade de um novo casamento para o cônjuge "inocente". É possível que a mulher que é repudiada, no v. 32, seja totalmente inocente de qualquer má conduta. Talvez ela foi repudiada por causa da"dureza do coração do seu marido, mas, mesmo neste caso, o novo casamento simplesmente não é considerado como uma possibilidade.


iv) A iniciativa do divórcio se aplica exclusivamente ao homem. Se o Evangelho de Mateus fosse usado para justificar o divórcio, ou novo casamento, então apenas o homem poderia iniciar o processo! Para uma mente equilibrada, a conclusão é claríssima - nem o divórcio, nem o novo casamento, é permitido!


Lucas 16:18
Este versículo em Lucas é a última referência que temos ao ensino do Senhor sobre este assunto. Há dois fatores importantes a destacar:


O contexto 

Este versículo parece fora de contexto. Contudo, há três coisas que devem ser observadas. A primeira é que, no contexto, o Senhor está enfatizando impossibilidades, por exemplo:


i) "Não podeis servir a Deus e a Mamom" (16:13);

ii) "... os que quisessem passar daqui para vós não poderiam" (16:26).

iii) Também, é impossível "cair um til da lei" (v. 17).

iv) Assim, também o divórcio é impossível!


O segundo assunto enfatizado é o contraste entre o que é de "grande estima" e o que é de "pouca estima" Os fariseus "que eram avarentos" (v. 14) claramente enalteciam a busca pela riqueza e possessões. Mas isto era "abominação perante Deus" (v. 15). 

Nos vs. 16-18 o que eles estimavam pouco em relação à lei e ao matrimônio, era o que Deus elevava. Eles desprezavam a lei e os profetas e o padrão divino para o matrimônio. Porque davam pouco valor ao casamento, o divórcio e novo casamento eram comuns entre eles. O que eles desprezavam, Deus elevava.

O que segue também enfatiza este mesmo contraste. O que os homens estimam muito é agora representado pelo homem rico que perece. O mendigo pobre e pouco estimado pelos homens, representando a fé na Palavra de Deus (ilustrado pela referência ao seio de Abraão, o pai dos fiéis) é abençoado.O terceiro aspecto do contexto imediato é a ligação com "a lei" (vs, 17-18).

Aqui no v. 18 a lei do matrimônio está implícita: não pode falhar! Vem desde o "princípio", como vemos em Mateus 19 e Marcos 10, assim dando a base para os princípios que indicam a continuidade e a estabilidade do relacionamento matrimonial.
A ausência da cláusula de exceção Lucas (um gentio) está escrevendo para gentios - assim não há a cláusula de exceção. O ensino deste versículo é imutável e, portanto, pertinente e permanente nesta presente dispensação. Não poderia haver uma afirmação mais clara sobre a indissolubilidade do vínculo matrimonial.


Leia mais sobre este assunto, no livro "Divórcio", publicado pele editora: Sã Doutrina
Por James D. McColl

7. Mulher virtuosa

Há no coração de cada cristão verdadeiro o desejo sincero de servir ao Senhor. Entretanto, é necessário um exercício de oração e estudo detalhado da Palavra de Deus para aprender, inicialmente, a renúncia da vontade própria e o discernimento da vontade do Senhor.
Devemos reconhecer, com humildade, que falhamos muito, e estamos sempre aquém de onde deveríamos estar no propósito de Deus para com cada um dos que Lhe pertencem.
Olhando superficialmente a Palavra de Deus, podemos ser levados a concluir que há muito serviço e atividade para os homens, e quase nada para as mulheres piedosas. Lembramo-nos dos apóstolos, todos homens. 

Quando olhamos para o livro de Atos, vemos tantos homens em viagens, perseguições, prisões, pregações, porém quase nada das "santas e piedosas". Lemos o evangelho apresentado por quatro homens. Algumas mulheres entram em cena e logo desaparecem.
No Velho Testamento, encontramo-nos com os profetas … homens, com raríssimas exceções. 

Os reis de Israel foram dezenove, e nenhuma rainha. Em Judá também, dezenove homens reinaram, e somente uma rainha (péssima rainha).
Aparentemente, somos levados a concluir que as mulheres salvas não podem fazer nada, ou quase nada, no serviço do Senhor. O que as Escrituras ensinam sobre a esfera de serviço e atuação das irmãs?
Antes, porém, de responder a essa pergunta, devemos observar três detalhes de grande importância:


a) A intenção de fazer — Deus sabe exatamente porque fazemos aquilo que fazemos. "O Senhor não vê como o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração" (I Sm 16:7). Também o Senhor Jesus Cristo disse: "…Eu sou aquele que sonda os rins e os corações…" (Ap 2:23).
Essas verdades devem fazer-nos parar para um auto-exame na presença do Senhor. Como o salmista orou, devemos orar: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos…" (Sl 139:23).
É próprio da natureza humana o orgulho, pois cada um pensa que está certo e faz tudo certo. O sábio rei Salomão, orientado pelo Espírito Santo, adverte-nos dizendo: "Todo caminho do homem é reto aos seus olhos, mas o Senhor sonda os corações" (Pv 21:2).


b) O reconhecimento no fazer — Somos apenas servos. Isso mesmo! Não somos donos da obra, e nem de nós mesmos! Fomos comprados por bom preço (I Co 6:20; 7:23). Na verdade, somos escravos do Senhor Jesus Cristo, como Paulo e Timóteo (Fl 1:1), sem direito a fazer a nossa própria vontade, satisfazendo o nosso ego. Tenhamos em mente, também, o exemplo do próprio Senhor em Fl 2:5-8 e Mc 10:45.
Muitos erros seriam evitados se, de fato, todos nós, incluindo aqueles que se julgam mais importantes, lembrássemos que somos apenas, e igualmente, "pequenos servos dum grande Senhor".


c) A obediência ao fazer — A repreensão dada a Saul é bem clara, e igualmente válida para os nossos dias: "…eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros" (I Sm 15:22).
Não resolve apenas fazer e fazer; é necessário obedecer para então fazer conforme a instrução dada na Palavra de Deus. Vamos prestar contas Àquele que nos disse como fazer (Rm 14:10; II Co 5:10). Tenha em mente também I Co 3:12-15, imaginando o volume da palha e o valor do ouro. 

Lembrando-se ainda que quem atribui o devido valor ao serviço feito é o próprio Senhor ("Procura apresentar-te a Deus aprovado", não aos homens).
Sugiro, com reverência, que obediência vale ouro. Seja qual for o serviço, o importante é obedecer. Não importa a escala de valores apresentada por homens, pois "…mais importa obedecer a Deus do que aos homens" (At 5:29).
Com estes pensamentos fixos em nossa mente, analisaremos em três pontos a alegria que uma mulher piedosa pode causar no coração de Deus, quando esta se submete à Sua inteira e soberana vontade e, de coração, dispõe-se a obedecê-Lo fiel e integralmente.


1. Apresentação silenciosa
Apresentar-se sem dizer palavra alguma é um tanto difícil! Mas é assim que tem que ser. As instruções na Palavra de Deus são absolutamente claras e não deixam dúvidas. Observe, porém, que esse silêncio "fala" muito alto:


1.1. O véu "fala"O "sinal de poderio" escolhido por Deus, usado pelas irmãs durante as reuniões da igreja, indica, inicialmente, que ela aceita sua posição: "Cristo é o cabeça de todo varão, e o varão a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo" (I Co 11:3).
Voltando ao jardim do Éden, aprendemos o plano maravilhoso de Deus na criação. Entre tantas maravilhas, Ele fez a mulher do próprio homem, para que lhe fosse adjutora idônea. Ela foi criada por causa do homem. Ela é a glória do homem (I Co 11:7-9). No mundo, a mulher não quer ser a glória do homem; luta para ser a cabeça do homem. Exatamente o oposto do plano de Deus!
Usando véu, a mulher salva mostra (ou "fala") que compreendeu o propósito de Deus na criação.
Deus deu uma glória à mulher também: o cabelo comprido. Porém, nas reuniões da igreja, nem a glória do homem (a mulher), nem a glória da mulher (o seu cabelo comprido) devem aparecer. Não há necessidade de cortar o cabelo para cobrir a glória, basta usar o véu!
Infelizmente, o v. 15 de I Co 11 é muito mal compreendido: "porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu". Este versículo não invalida os demais quanto ao uso do véu. 

A instrução dada é em relação ao comprimento do cabelo e a devida explicação (porque tem que ser assim).
Nos versículos 4, 6 e 7, onde lemos "coberta", "se cobre", "cobrir" (ARC) ou "coberta", "usa véu", "cobrir" (ARA) a palavra grega é katakalupto, ou seja, ocultar ou cobrir completamente. 

No v. 15, a palavra usada no original é outra — peribolaiõn, que significa vestimenta, véu, vestido ao redor de alguém.
A primeira palavra foi usada pelo Espírito Santo para uma cobertura não natural, para ocultar as glórias do homem e da mulher. 

A segunda palavra mostra algo que Deus mesmo fez, isto é, uma cobertura natural para a mulher, o cabelo comprido. 

Em Hb 1:12, esta mesma palavra é traduzida "manto". Não haveria necessidade de usar palavras diferentes, com significados diferentes, para dizer a mesma coisa no mesmo contexto.
Além dos homens (seres humanos) poderem ver e aprender o plano e propósito de Deus, os anjos também observam tudo e ficam impressionados, sendo levados a glorificar a Deus.
Sem dúvida alguma, a obediência ao uso do véu é algo de valor indizível.


1.2. As vestes "falam"Lendo o capítulo 2 de I Timóteo, observamos num primeiro plano as reuniões da igreja, pois Paulo fala de homens orando e mulheres em silêncio.
Num segundo plano, temos a vida diária, pois são usadas expressões como "…orem em todo lugar…"; "…autoridade sobre o marido…"; "…dando à luz filhos…", etc.
Neste "contexto duplo" o Espírito Santo "encaixa" a instrução, tão controvertida, da vestimenta feminina (para mulheres salvas, obviamente).
Especificar peças de roupa que podem ou não ser usadas é ir além das Escrituras. Se o Espírito Santo não fez isto, por que iríamos fazê-lo? Entretanto, os detalhes são tantos e tão claros que qualquer mulher que de fato é piedosa saberá escolher suas roupas de maneira digna da fé que professa. Observe os detalhes:


a) Honestidade (decência) — a palavra no original é kosmios, que segundo J. Allen (Comentário Ritchie vol. 12, pág. 73) indica algo arrumado ou ordeiro. O cristão deve ser ordeiro em todos os aspectos. Podemos identificar traços do caráter de uma pessoa pela sua maneira de se vestir (por exemplo: arrumado-relaxado, moderado-extravagante, etc). Pessoas não salvas observam-nos com critérios rígidos. Ocasionalmente o cristão encontrar-se-á andando na moda, mas nunca deverá acompanhar a moda. As pessoas do mundo sempre desejam algo novo, diferente. O verdadeiro cristão, porém, ocupa-se com coisas eternas. Não obstante, aos olhos do mundo estará sempre em perfeita ordem e decência na maneira de vestir.


b) Pudor — aidos no original. Segundo o mesmo comentarista, é "uma repulsa a tudo o que é impróprio". Eu diria que é uma apurada sensibilidade no sentido moral, que só é possível àquele que tem o Espírito Santo habitando em si mesmo, ou seja, aquele que é salvo. Muitas mulheres, verdadeiramente salvas, vivem tão longe da presença de Deus que nem sequer imaginam que determinadas roupas que usam são totalmente inadequadas para uma serva do Senhor Jesus Cristo. 

Quando nossos primeiros pais perceberam que estavam nus, Deus mesmo fez vestimentas para cobrir a sua nudez. No caso específico das mulheres, a vestimenta mundana cobre a nudez em parte. Detalhes ousados deixam à mostra algumas partes do corpo, tornando a mulher um mero objeto de paixão lasciva. Infelizmente, muitas irmãs que deveriam ser vistas como "santas e piedosas" são facilmente confundidas com o mundo pela sua vulgaridade.


c) Modéstia — no grego, sophosune, "mente sadia, mente equilibrada". Indica seriedade. Exatamente o oposto daquilo que é extravagante ou mesmo irreverente. A Palavra de Deus ensina-nos que somos sacerdotes (Ap 1:6; I Pd 2:9; etc.). No Velho Testamento os sacerdotes vestiam-se de maneira que eram facilmente identificados. As mulheres espirituais serão também facilmente identificadas pela sua reverência e seriedade ao escolherem suas roupas.


d) Tranças — Faz-nos pensar no tempo excessivo gasto com aquilo que é desnecessário. Além de mudar com frequência o penteado, mudam até a cor dos cabelos! No chamado "Sermão da Montanha", o Senhor Jesus Cristo disse: "Não podes tornar um cabelo branco ou preto", falando da capacidade do homem. 

Em nossos dias, talvez até desafiando a Deus, mulheres (e homens também!) mudam a cor dos cabelos não apenas para branco ou preto, mas qualquer cor! Até pessoas idosas fazem isto, esquecendo-se que Deus chama cabelo branco de "coroa de honra" (Pv 16:31). Aquilo que os homens dizem ser "efeito do tempo", Deus diz que é "a beleza dos velhos" (Pv 20:29). A atitude da mulher espiritual será desligar-se das vaidades passageiras e pensar "nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra" (Cl 3:2).


e) Ouro, pérolas, vestidos preciosos — Objetos, joias e roupas caras demonstram ostentação, vontade de aparecer. Lembre-se de "…nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo rico, por amor de nós se fez pobre; para que pela Sua pobreza enriquecêsseis" (II Co 8:9). Também o mesmo Senhor, sendo Deus, "não teve por usurpação o ser igual a Deus. Mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens; e achado na forma humana, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz" (Fl 2:6-8). 

O Rei dos reis veio ao mundo numa manjedoura! O Senhor dos senhores lavou os pés dos discípulos! Quantas lições!
Creio que as palavras "ouro e pérolas" descrevem mais que enfeites na roupa; descrevem o uso de enfeites no corpo também. Colares, pulseiras, anéis, brincos, pendentes diversos… Qual é a instrução dada na Palavra de Deus? "Não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos" (I Tm 2:9). "O enfeite delas não seja o exterior, no frisado de cabelos, no uso de joias de ouro, na compostura de vestidos" (I Pd 3:3). 

É interessante como os dois apóstolos ensinam a mesma coisa. Sem dúvida é a vontade de Deus. Será que é tão difícil ser diferente do mundo, ficando sem esses aparatos? Ainda que seja difícil, é uma ordem do Senhor. Não adianta fazer o que Ele não pede; é necessário fazer o que Ele manda. Prezada irmã, mesmo em silêncio você pode mostrar a quem é que pertence. Obediência vale ouro!
Há ainda um outro detalhe que encontramos no Velho Testamento acerca da distinção de vestimentas entre os sexos. Desde o Éden Deus fez esta distinção tão clara: "…macho e fêmea os criou" (Gn 1:27). 

Muitos anos depois, Moisés instruiu a nação de Israel dizendo: "Não haverá traje de homem na mulher, e não vestirá o homem vestido de mulher" (Dt 22:5). Mais uma vez não é necessário explicar o que é roupa de homem ou roupa de mulher. O que é masculino no ocidente, pode não ser no oriente, e vice-versa. Entretanto, cada pessoa em sã consciência, dentro da sua cultura, saberá fazer distinção entre uma veste típica de homem e uma veste típica de mulher. 

Satanás não gosta desta distinção; ele gosta de confusão. O mundo segue Satanás e faz a confusão que ele gosta. Entretanto, cabe ao cristão verdadeiro o discernimento para não fazer aquilo que o mundo faz.
Nesse pormenor, as irmãs têm um grande privilégio de testemunhar o quanto são diferentes das mulheres incrédulas.


  • Agora, atente para dois exemplos na Palavra de Deus, de mulheres piedosas que se "apresentaram em silêncio", que foram notadas pela sua humildade:


Rebeca — o namoro sem palavras (Gn 24:63-67). Abraão enviou seu servo de confiança para buscar uma esposa para seu filho. Provavelmente, Isaque ficou sabendo disto e começou a orar. Creio que ele ficava imaginando como seria ela! Nunca a tinha visto! A resposta veio de camelo.
Rebeca, ao vê-lo, cobriu-se com o véu (o véu oriental que cobre o rosto). Sei que isto é um costume oriental, mas indica a discrição e recato que são um exemplo a ser seguido pelas moças de hoje.
O servo de Abraão contou as virtudes de Rebeca, e mesmo ela estando empoeirada da longa viagem no deserto, sem tempo de se arrumar com joias, penteado e pintura no rosto (é interessante notar que ela cobriu o rosto em vez de pintá-lo), Isaque trouxe-a, tomou-a e amou-a.


Ester — simplesmente sábia. Fico imaginando se ela tivesse se casado com Salo-mão! Descontração à parte, o livro de Ester é muito negligenciado, infelizmente.
No cap. 2:15-17, encontramos Ester no cativeiro, órfã de pai e mãe, sendo levada ao rei Assuero. Ela foi comparada com muitas outras. Todas foram igualmente preparadas durante um ano. Na hora da apresentação, podiam pedir o que quisessem para se enfeitar. Ester usou apenas o que lhe foi dado. Ganhou a coroa real.
Há uma lição aqui para as irmãs: use na sua "apresentação" somente aquilo que Deus lhe deu para usar: uma vestimenta decente para cobrir a nudez; o cabelo comprido que é seu manto natural (os homens não têm esse manto — usam cabelo curto); e o véu nas reuniões da igreja.
Sem dúvida alguma, você receberá do "Esposo" uma coroa de aprovação, quando comparecermos perante Ele no Seu Tribunal.


A. S. Torres

8. Ana, Eli e Samuel

Ana
Chegamos agora à bela história de Ana e Elcana. A fé dessa mãe é consolante, especialmente para os corações de pais. Como vocês devem estar lembrados, a adversária de Ana a tratava com escárnio e sarcasmo pelo fato de não ter um filho. Ana estava tão triste a ponto de não poder mais comer. Ela nesta situação fez o melhor que poderia fazer: apresentou o seu problema ao Senhor, em oração.

 Isso para nós pais deveria ser lógico, mas exato nisso falhamos tantas vezes. Os filhos nos irritam, os amigos nos irritam com críticas e comparações com outras famílias, nossos parentes nos irritam muitas vezes com conselhos, que embora bem intencionados, não nos servem. 

Quantas vezes estamos na situação de Ana, a ponto das coisas nos irritarem tanto que fica difícil comer. Quando isto acontece, sigamos o exemplo dela levando tudo à presença do Senhor. A situação de Ana não foi nada fácil. 

Que dificuldades, sim, pode-se quase dizer, que resistência· Ana teve de suportar por parte daquela mulher que lhe deve· ter sido uma ajuda ou ao menos mostrar compaixão. 

Mas tudo i contribuiu para que Ana oras mais intensamente, de modo que até o velho sacerdote Eli ficou impressionado, fazendo que pronunciasse aquela bênção maravilhosa: "Vai em paz: e Deus de Israel te conceda a t petição que lhe pediste!" dimensão do consolo que essas palavras de Eli significaram para o coração dela, pode s reconhecida no fato de anos depois ela se lembrar e usar mesmas palavras.

Depois da oração o rosto Ana não refletia tristeza. Este é resultado de uma oração verdadeira. Quando derramam todas as queixas e todo o nosso fardo, lançando as nossas ansiedades sobre o Senhor, então Ele toma o nosso fardo, e o nosso desgosto se transforma em poder que excede todo entendimento - Veja Fp 4:6-7: "As vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplicas, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus". 

Assim aconteceu com Ana, e a paz insondável guardou sua alma, e mudou a feição do seu rosto. Isso nos faz lembrar o nosso abençoado Senhor ("E enquanto orava, a aparência do seu rosto mudou"). Eu bem sei que isso tem um significado bem diferente, e que as circunstâncias foram extraordinárias. 

Mas, até certo ponto, tem aplicação também a nós em nossas orações: quando nós oramos - verdadeiramente - a fisionomia do nosso rosto é mudada. Alguns anos mais tarde, quando o menino fera desmamado, ela o levou à tenda da congregação, ao já velho Eli, cujas palavras um dia haviam consolado sua alma amargurada. 

"Por este menino orava eu", disse ela, "e o Senhor me concedeu a minha petição, que eu lhe tinha pedido."

Quantas mães e quantos pais podem entoar nestas palavras: "Por este menino eu tenho pedido"! 

Quantas vezes os filhos e filhas nos levam a nos ajoelhar e orar! Querido pai, querida mãe, não desanimeis, o Senhor há de vos ouvir, e: "Vai em paz: e Deus te conceda a tua petição, que lhe pediste".

Nós pais temos mais uma lição a aprender com Ana. Ela renuncia ao Seu filho emprestando-o ao Senhor enquanto viveu. Este também deveria ser o nosso caso.

Que Deus conceda a nós, pais, que consideremos os filhos que Ele nos deu como sendo a posse mais sagrada que Deus pode nos confiar! 

O Senhor destinou a alguns por "mordomos" dos seus bens, mas quanto maior é a responsabilidade quando nos são confiadas almas imortais, que devemos preparar e orientar para Lhe viver e servir! Existe somente um caminho certo que possa conduzir a este resultado: essas almas preciosas devem ser devolvidas ao Senhor "emprestadas" - por toda a vida. 

Se de fato entendermos a Quem elas pertencem, e se de conformidade com isto procedermos, então não somente corres ponderemos com mais aplicação à nossa responsabilidade, mas conhecemos melhor Àquele que ­está disposto a dar-nos a infinita graça, a paciência e a sabedoria necessárias para educar nossas crianças para Ele. 

Lemos aí: "E degolaram um bezerro: e assim trouxeram o menino a Eli". Quando devolvemos os nossos filhos ao Senhor, então só podemos fazê-lo mediante a morte, isto é, no reconhecimento da realidade, que eles somente merecem a morte, mas que um outro morreu por eles.

É bom lembrarmos que o Senhor aceita a nossa oferta, quando entregamos os nossos filhos a Ele, mas que desse momento em diante Lhe pertencem. Ana não voltou daí a uns meses para levar o filho para sua casa por algum tempo. 

Foi um ato decisivo que ela consumou perante o Senhor, em toda a sinceridade, e o Senhor aceitou a sua oferta. É com muita frequência que estamos propensos a esquecer que os filhos que temos "emprestado" ao Senhor, já não são mais nossos, e a tendência é educá-los 'para o proveito deles, ou para nós, ou para o mundo, mas menos para Aquele a quem unicamente pertencem.


Eli
Que triste diferença entre o filho de Ana e os filhos de Eli! Veja o que a Bíblia fala deles: "porque seus filhos se fizeram execráveis, e ele os não repreendeu" (I Sm 3: 13). 

A maldade dos filhos de Eli é tão conhecida, que não há necessidade de mencionar detalhes dos seus pecados nem do juízo que lhes sobreveio. O Senhor mesmo resumiu tudo no verso ora citado, e nos indicou o motivo tanto dos seus pecados quanto do seu juízo: "Ele não os repreendeu. 

Eli chegou a noventa e oito anos, e quando, então, repreendeu os seus filhos, era tarde demais: "mas não ouviram a voz do seu Pai, porque o Senhor os queria matar" (I Sm 2:25). Dificilmente haveria na Bíblia uma passagem mais séria para nós pais, do que essa chocante história. Demos a ela a devida atenção, e que ela sirva de lição para nós! 

Com certeza algumas varadas em momentos oportunos, enquanto ainda eram jovens, teria guardado os filhos de Eli de uma morte precoce, como ainda teria poupado suas almas do inferno. Hoje em dia há certos meios sociais onde já não se usa bater nos filhos, porém quão clara é a 

Palavra de Deus a esse respeito: "Não retires a disciplina da criança, porque, fustigando-a com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara e livrarás sua alma do inferno" (Pv 23: 13· 14). 

"O que retém a sua vara aborrece a seu filho, mas o que ama a seu tempo o castiga" (Pv 13:24). 

"A estultícia está ligada ao coração do menino, mas vara da correção a afugentará dele" (Pv 22:15). 

"A vara e a repreensão dão sabedoria, mas o rapaz entregue a si mesmo envergonha a sua mãe." "Castiga o teu filho, e te fará descansar; e dará delícias à tua alma" (Pv 29: 15.17). 

"Castiga o teu filho enquanto há esperança, mas para o matar não alçarás a tua alma" (Pv 19: 18). 

As passagens citadas mostram com clareza a vontade de Deus a respeito da disciplina dos filhos. Elas indicam a necessidade de castigar os filhos com vara; e nem o choro da criança deve fazer-nos hesitar em castigá-los.

Temos visto também que se deve começar cedo com a disciplina do filho. "Instrui o menino no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele" (Pv 22:6). 

Que contraste existia entre o filho de Ana e os filhos de Eli! Sem dúvida a boa e dedicada mãe de Samuel aproveitou o curto período de tempo que ela teve o seu filho consigo, para o instruir no caminho em que devia andar. Podemos estar certos de que ela não seguiu o mau exemplo de Eli, mas que ela repreendia a Samuel. 

É possível que Eli na sua velhice havia aprendido a lição, e que, quando Deus na sua graça confiou aos cuidados desse pai, outrora tão fraco, uma nova alma, o filho de Ana, ele o tenha educado diferente do que a seus próprios filhos.

A acepção moderna, de deixar que os filhos se desenvolvam livremente, só poderá levar ao desgosto e à perdição. Quão melhor é, em se tratando de um assunto tão importante como a educação dos Filhos, consultar e seguir os preceitos da Palavra de Deus.


Samuel
O lamentável nesta triste história é que Samuel, apesar de tudo o que viu é ouviu - referente aos filhos de Eli - aparentemente não aprendeu a lição. Quando Samuel envelheceu, "constituiu os seus filhos por juízes sobre Israel... porém seus filhos não andaram pelos caminhos dele, antes se inclinaram à avareza e tomaram presentes, e perverteram o juízo" (I Sm 8: 1-3). 

O temor de Deus não é hereditário. Somente com constante vigilância e cuidados, ligados à oração, é que podemos esperar podermos encaminhar os nossos filhos ao caminho no qual devem andar.

Apesar das muitas falhas que esta triste história nos relata, encontramos nela também um lado lúcido. Joel era o filho mais velho (1 Sm 8:2), e esse nome é bem salientado, especialmente quando se menciona os erros dos filhos de Samuel. 

Porém, em I Cr 6:33 lemos que a Hemã, o filho primogênito de Joel, é concedido um lugar de extrema honra como um dos cantores, e em I Cr 25: 1, vemo-lo junto com os filhos de Asafe e Jedutum que profetizavam com harpas, com alaúdes e com saltérios. No mesmo capítulo, versículo 4, encontramos 14 filhos de Hemã: "Todos estes foram filhos de Hemã, o vidente do rei nas palavras de Deus, para exaltar o seu poder. Deus dera a Hemã catorze filhos e três filhas. 

Todos estes estavam ao lado de seu pai para o canto da casa do Senhor ... "Talvez a expressão "ao lado de Seu Pai "queira dizer que toda esta fileira de filhos, que eram todos cantores, estavam sujeitos ao seu pai, em contra posição aos filhos de Eli e de Samuel. E como nos alegra também saber que o neto de Samuel era chamado "o vidente do rei nas palavras de Deus", ocupando assim uma posição quase igual de seu avô.

Outro ponto notável é que os filhos de Hemã não somente serviam unidos ao Senhor, mas agiam em cooperação com os seus primos, os filhos de Asafe e de Jedutum. 

Quantas vezes existe inveja e crítica entre primos; no entanto: "Quão bom e quão suave é que os irmãos viviam em união!" Isso vale também para primos.

É um prazer notar como os netos e os bisnetos de Samuel andam num caminho tão bom e tão agradável ao Senhor. Que estímulo é para os nossos corações, podermos contar com a graça de Deus, não para desculpar os nossos erros, mas para que ele esteja ao nosso alcance quando nos humilhamos; aquela graça que concede libertação, e mesmo que depois de muita espera.

Mais um comentário a respeito de Ana e da influência que u mãe tem sobre a vida de u criança: Normalmente o pai está o d inteiro fora de casa e assim muito menos da atitude dos filhos do que a mãe. 

Dessa forma, influência dela é logicamente maior do que a do pai. Eu acredito q seja por essa razão que na história dos reis de Israel e de Judá quase sempre é citado o nome da m­ãe. Em muitos casos foi a mãe que formou o caráter do seu filho. Quão bonito seria se todas as crianças tivessem mães tão e sábias como Ana ou com mãe de Lemuel (Pv 31:1).

G. C. Willis

9. Por que sofremos coisas ruins?

Fornecer respostas satisfatórias para este problema é, necessariamente, uma tarefa complicada.Quando as pessoas estão comparativamente livres do sofrimento e podem ter uma visão objetiva e desapaixonada da questão, elas procuram explicações racionais que possam satisfazer seus intelectos. 

Por outro lado, quando as pessoas sofreram, ou ainda estão sofrendo, angústia física e mental, ou estão padecendo sob um sentimento de pesada injustiça, meras explicações racionais raramente são suficientes. 

Elas procuram respostas que irão satisfazer não só sua cabeça, mas seu coração; respostas que aliviarão sua angústia, fortalecerão sua fé, lhes darão esperança, força e coragem para resistir.

Deixe-me ilustrar o ponto. Suponha que vocês sejam pais de uma garota de doze anos de idade e é descoberto que ela tem uma coluna vertebral defeituosa.

Os médicos dizem que ela precisa de uma longa série de complicadas cirurgias de transplante ósseo para fortalecer e reforçar suas vértebras. Se ela não começar esse tratamento agora, será tarde demais quando ela for mais velha, e, mais tarde na vida, ela vai desenvolver uma curvatura muito ruim e dolorosa na coluna vertebral. 

A questão é se ela deve sofrer as cirurgias ou não? Não se pode deixar que a garota tome a decisão por si mesma: ela é jovem demais para compreender e prever todas as questões envolvidas. Vocês, os pais, no final, terão de tomar a decisão por ela. 

O que você dirá a ela?Você, sem dúvida, começará explicando, em termos que ela possa entender, as razões fisiológicas que tornam as cirurgias necessárias e por que não há nenhuma outra maneira de deixá-la melhor. Você dirá honestamente a ela que isso envolverá dor, mas os cirurgiões são muito gentis e muito inteligentes, e, no final, o resultado será tão bom que ela ficará feliz de ter sofrido as cirurgias. 

Em outras palavras, você considerará muito importante prepará-la intelectualmente para enfrentar a provação.Entretanto, o problema é que, no momento, ela não está sofrendo qualquer grande dor; mas, se realizar o tratamento, toda vez que ela acordar da longa série de cirurgias às quais você a terá submetido e durante meses depois, ela estará sentindo uma dor excruciante.

Como você responderá quando ela, então, soluçar: "Por que você me colocou nessa terrível dor?" Meras explicações intelectuais dificilmente serão suficientes.Você, agora, precisará assegurá-la de seu amor, deixá-la sentir que você está com ela em seu sofrimento e aumentar sua esperança de que, no fim, tudo vai dar certo. 

E, enquanto isso, você fará tudo o que puder para fortalecer a fé dela em você, no seu amor, em sua sabedoria e nos médicos; pois, se ela perder essa fé, sua batalha contra a dor será imensamente mais difícil e pode até ser perdida.Assim acontece conosco, adultos, quando enfrentamos pela primeira vez o problema intelectual do sofrimento e, em seguida, a experiência do próprio sofrimento. Precisamos de mais de um tipo de resposta. Comecemos, entretanto, com o problema intelectual.


O PROBLEMA INTELECTUAL
Este é, na verdade, um problema duplo, pois o sofrimento vem sobre nós de duas fontes logicamente distintas (embora, na prática, as duas fontes estejam, por vezes, indissoluvelmente entrelaçadas). 

Uma fonte é o mal pelo qual o próprio homem é diretamente responsável, isto é, a injustiça comercial, a injustiça política e civil, a exploração, a agressão, a tortura, o assassinato, o estupro, o abuso de crianças, o adultério, a traição, a escravidão, o genocídio, as guerras e coisas do tipo, e, em adição, todos aqueles erros, talvez menores em escala, que, contudo, são responsáveis pela mais difundida miséria em nosso mundo, a saber, as coisas danosas e prejudiciais que todos nós fazemos um ao outro. 

Chamemos isso: o problema do mal.A outra fonte de sofrimento são as catástrofes naturais: terremotos, vulcões, maremotos, inundações, deslizamentos, avalanches, raios ultravioletas, secas, pragas, fomes, pestes (por exemplo, gafanhotos ou mosquitos-da-malária), pelas quais o homem não é imediatamente responsável (embora possa contribuir indiretamente para algumas delas por danificar o ecossistema irresponsavelmente), e outras coisas, como deformidades congênitas e doenças que destroem a personalidade, pelas quais, novamente, o homem não é imediatamente responsável (embora ele possa contribuir para algumas delas, tanto direta como indiretamente).

Chamemos isso: o problema da dor.Seja de uma fonte ou de outra, o sofrimento desafia fortemente a fé em Deus. 

O problema da dor diz: "Como podemos acreditar que um mundo em que existem tantos desastres naturais foi criado por um Deus pessoal Todo amoroso, onipotente e onisciente?" 

O problema do mal adiciona: "Como podemos conciliar a existência do enorme mal e o fato de que este é permitido, com a existência de um Deus Todo poderoso e Todo santo, que supostamente está preocupado com a justiça?" O problema intelectual, então, é certamente grave: seria insensato negá-lo, ou mesmo subestimá-lo.


UMA SOLUÇÃO QUE TORNA AS QUESTÕES PIORES
Existe uma maneira simples de eliminar esse problema intelectual sem demora: abraçar o ateísmo! Negar que existe um Deus. Então, de qualquer modo, não haverá nenhum problema em esclarecer o mal e a dor. De fato, se não há nenhum Criador inteligente, precisamos supor que nosso mundo, e nós mesmos dentro dele, fomos trazidos à existência por forças descuidadas e impessoais, que inconscientemente produziram e desenvolveram uma matéria sem inteligência. 

Então, após milhões de anos de permutações aleatórias, essa matéria deu origem às mentes inteligentes que poderiam protestar contra o sofrimento. Mas isso aconteceu acidentalmente. Tais forças não tinham intenção de fazê-lo; e, tendo feito, não perceberam o que haviam feito. Elas simplesmente continuaram a proceder com sua maneira impensada, não planejada, sem qualquer objetivo final em vista, sem se importarem se o resultado era bom ou ruim, intelectualmente aceitável ou não. Nessa suposição, então, não haveria nenhuma dificuldade, de qualquer modo, em esclarecer a existência do mal e da dor. 

O que mais se poderia esperar desse procedimento descuidado, se não uma quantidade colossal de dor? (Agora, naturalmente, haveria uma dificuldade intransponível em esclarecer o esquema detalhado e sofisticado e a grande beleza que observamos em todo o universo.)O ateísmo, então, inegavelmente se livra do problema intelectual do sofrimento: mas ele não se livra da dor, nem nos ajuda a suportá-la. Na verdade, ele pode tornar a dor mais difícil de suportar, porque, se há um Deus pessoal, e ele nos criou, então existe uma base sólida para acreditar que o sofrimento não é simplesmente destrutivo e, em última instância, sem sentido, mas pode ser usado por Deus para o nosso bem eterno. O raciocínio por trás dessa dedução é bastante simples. Pais humanos normais aceitam a responsabilidade moral pelas crianças que trouxeram ao mundo, as amam e procuram seu bem. 

Tais pais encontram essa preocupação pelos seus filhos embutida em sua própria natureza. É altamente improvável, então, que o próprio Deus que os criou e colocou essa preocupação em seus corações seja totalmente indiferente a suas criaturas e não aceite qualquer responsabilidade moral por tê-las criado (Lucas 11:13). 

Aqui, então, está uma base sólida para esperança; e, quando as pessoas estão no meio do sofrimento por dor ou por injustiça, tal esperança é, muitas vezes, a única coisa que pode confortar, apoiar e ajudá-las a resistir. 

É em contextos como esses que a Bíblia comenta: "E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. Porque, na esperança, fomos salvos.Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? 

Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos" (Romanos 8:23-25).

Mas o ateísmo remove tal esperança completamente.

Ele deixa as pessoas em sua dor, dano e pesar, sem conforto emocional ou espiritual, enquanto seus intelectos precisam se submeter à irracionalidade tirana do sofrimento desesperado e sem propósito trazido por forças descuidadas e sem coração que, infelizmente, são seus mestres.Tome uma jovem mãe de trinta e três anos, cujo marido acaba de ser baleado pela máfia e ela própria diagnosticada com câncer terminal. 

O que um ateu pode dizer a ela? Seu senso de justiça foi ultrajado pelo assassinato de seu marido. Mas o ateu, se for honesto, terá de dizer que seu senso de justiça não é nenhuma garantia de haver qualquer justiça objetiva no mundo ou no universo. Seu marido não conseguiu justiça nesta vida; e ele também não obterá justiça na vida futura, pois não existe vida futura, nem qualquer Deus para ver que, enfim, a justiça deve ser feita. A esperança de justiça provou-se a ele um sonho vazio. E, quanto a ela, o ateu terá de dizer que nunca houve qualquer propósito final por trás de sua existência, nem há qualquer objetivo a esperar além de sua curtíssima vida; seu sofrimento e sua dor são absolutamente sem valor.Portanto, não há nenhuma esperança. 

Os ateus são, como a Bíblia explica: "Sem Cristo... não tendo esperança e sem Deus no mundo" (Efésios 2:12).A solução do ateísmo ao problema do mal e da dor, assim, contribui para aumentar a dor. De forma emocional, moral e intelectual, é simplesmente destrutivo.Existem outras tentativas para resolver o problema que o ateísmo não consegue. A mais comum delas é a de admitir que Deus é Todo-bondoso, porém negando que ele é Todo-poderoso. 

No entanto, essa "solução" não é uma solução real de qualquer modo, porque, mais uma vez, resolve o problema intelectual, até certo ponto, mas falha totalmente, da mesma forma que o ateísmo, em nos ajudar a enfrentar nosso sofrimento.Isso nos leva, então, a uma pergunta-chave: Existe alguma base para se pensar que o sofrimento, de qualquer que seja a fonte, não é incompatível com a existência de um Criador Todo-amoroso, onipotente e onisciente, que, apesar do sofrimento que ele permite, é leal a nós, suas criaturas, tem um glorioso destino para nós, se o quisermos, e pode usar a dor para nos preparar melhor para esse destino?


UMA RESPOSTA AO PROBLEMA DO MAL
Vamos começar com o problema do mal, uma vez que o mal cometido pelo homem sobre o homem é, na verdade, responsável por muito mais sofrimento do que os desastres. Tome o século XX. 

Os milhões que pereceram em desastres naturais são poucos em comparação com os bilhões abatidos em duas guerras mundiais e incontáveis outras guerras; por ditadores de direita e de esquerda, por Hitler e Stalin, Pol Pot e o governo da Indonésia; nas perseguições políticas e religiosas, pela máfia e as organizações terroristas; pela violência sofisticada de Hiroshima e de Nagasaki, e pela selvageria subumana da Iugoslávia e da Ruanda; por nações democráticas que impulsionaram suas economias fabricando armas e as vendendo aos governos repressivos, que não têm respeito pelos direitos humanos; por industrialistas que ganham fortunas fabricando, milhões de minas terrestres, as quais vendem para o Afeganistão e a Angola, onde irão explodir as pernas de milhares de civis inocentes, inclusive crianças; pela exploração do Terceiro Mundo pelo Primeiro Mundo e pela corrupção nos países do Terceiro Mundo que colocam milhões de dólares de ajuda internacional nos bolsos dos seus ditadores, enquanto deixam seu próprio povo na miséria e na pobreza. Comparado com todo esse mal deliberado, um desastre natural, como um vulcão, parece inocente.

A compreensível reação de muitas pessoas a esse dilúvio interminável de mal é dizer: "Deus não deveria estar preocupado com a justiça? E ele não deveria ser Todo-poderoso? Por que, então, se há um Deus, ele não põe um fim a todo esse mal?" Bem, a Bíblia diz que ele certamente irá por um fim a isso um dia."Porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um homem que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos." (Atos 17:31)

"Mas para que nos serve", muitas pessoas dizem, "a promessa de que, um dia, num futuro distante, no fim do mundo, Deus irá colocar um fim a todo mal? Por que, se Deus realmente existe, ele não faz isso agora, intervindo e destruindo, ou, de alguma forma, colocando fora de ação todos os homens maus e perversos? Ele deveria ser Todo-poderoso, não é? Ele poderia fazê-lo. Por que não o faz?

"Bem, Deus certamente poderia fazê-lo, e, em casos extremos, ele o faz. A Bíblia registra que, em uma fase na história, Deus destruiu toda a raça humana (exceto oito pessoas) por meio de um gigantesco dilúvio (Gênesis 6-8), como ele tornará a fazer por fim, só que, desta vez, não por água, mas por, como parece pela sua descrição (2 Pedro 3), uma fusão atômica.1 Similarmente, quando a extrema imoralidade de Sodoma e Gomorra, com toda a sua doença resultante, tornou-se intolerável, Deus usou causas naturais para incinerar aquelas duas cidades e, assim, fumigar toda a região (Gênesis 19).


O PROBLEMA COM O JULGAMENTO INDISCRIMINADO
Mas há um problema que a própria Bíblia menciona explicitamente em relação à Sodoma e Gomorra. Quando o pecado grosso e o mal contaminam uma sociedade toda, como pode um Deus justo destruir aquele comparativamente inocente juntamente com o extremamente culpado? Com uma cidade pequena como Sodoma, era moderadamente fácil arranjar um meio para as poucas pessoas comparativamente inocentes fugirem da destruição geral. Mas, algumas vezes, o grande mal contagia nações, países, impérios inteiros; e, então, milhões de pessoas são apanhadas em diferentes graus nas políticas cruéis e arrogantes de seus governantes. Professores são obrigados a injetar na mente de seus alunos, digamos, fascismo raivoso e ódio genocida das minorias (como na Alemanha de Hitler), ou ateísmo que desafia a Deus (como em países marxistas). 

Homens são forçados, por um falso patriotismo, a se envolverem em cruéis guerras ideológicas de expansão imperial. Professores universitários são pressionados a reinterpretar a história (e, às vezes, até a ciência) em conformidade com a política de seu governo, independentemente do que sabem ser a verdade. Nesse caso, como poderia um Deus justo destruir nações inteiras sem destruir simultaneamente massas de pessoas comparativamente inocentes (embora ainda pecadoras) junto com os culpados?

"Mas o ponto é justamente esse", diz alguém, "se Deus é onisciente, bem como onipotente, ele pode realizar um julgamento seletivo de todos individualmente, eliminar o mau e deixar o bom. Então por que ele não o faz?

"Bem, suponha que ele o fez. Suponha que ele interveio hoje e destruiu todos os indivíduos maus e pecadores, em todos os lugares em todo o mundo, sem exceção. Onde, com justiça, ele pararia? E quantos sobrariam? Onde ele iria traçar a linha entre o mau e o bom? E quais são as pessoas más, e quais são as boas?"Livre-se dos capitalistas", dizem os comunistas, "e você terá um mundo bom com pessoas boas." Os capitalistas, naturalmente, dizem o contrário. E, trazendo isso ao nível pessoal, o que Deus teria a nos dizer?Existem outras considerações. 

Vamos imaginar dois homens egoístas, cruéis, dados ao mau-humor e à violência, a mentiras e à traição. Um deles é um cidadão que possui pouco poder; mas seu mau comportamento arruína a vida de sua esposa, rompe seu casamento e causa a seus filhos danos psicológicos sérios, se não irreparáveis. O outro homem é o ditador do seu país. Ele possui imenso poder, e, por causa disso, seu mau comportamento leva sofrimento e morte a milhares de pessoas. O que o primeiro homem teria feito se tivesse o mesmo poder do segundo? Qual é, portanto, no coração, o pior homem?

De acordo com a Bíblia, o veredito de Deus sobre nós como indivíduos é que, de fato, todos nós pecamos, eu, você e todos os demais. Julgados pelos padrões absolutos de Deus, mesmo em diferentes graus, somos todos maus. Nenhum de nós é inocente (Romanos 3:10-20, 23).

Mas Deus não é apenas justo, ele é compassivo e misericordioso. O povo da antiga cidade de Nínive, especialmente seus governantes, eram notoriamente cruéis, e, para fortalecer seu poder imperialista, empenharam-se na deportação em massa das populações que conquistaram. Por causa disso, Deus os ameaçou destruir, mas ele estava disposto a atrasar a execução do seu juízo a fim de dar-lhes a oportunidade de se arrependerem; e ele repreendeu o profeta israelita, Jonas, por exigir a imediata destruição deles (Jonas 1:1-2; 3:1-4:11).

Por motivos semelhantes, o Novo Testamento explica por que Deus está disposto a esperar o que, para nós, é um longo tempo, antes de acabar com o mundo e colocar um completo fim no mal:"Não retarda o Senhor, a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor (dia do juízo)..." (2 Pedro 3:9-10). 

"Mas, se Deus vai acusar a todos nós de sermos maus e pecadores", diz alguém, "ele supostamente nos criou, não é? Então por que ele não nos criou de tal forma que não pudéssemos pecar e fazer o mal?"


A GLÓRIA E O INEVITÁVEL CUSTO DE SER HUMANO
Bem, ele poderia ter feito; mas isso significaria negar-nos qualquer tipo de livre-arbítrio e escolha genuinamente livre. Nesse caso, não seríamos seres humanos moralmente responsáveis, mas mais como robôs humanoides computadorizados. E eu não conheço qualquer ser humano que preferiria ser um robô.

Para ser um ser genuinamente moral, você precisa ser capaz de entender a diferença entre o bem e o mal, e, em seguida, ser capaz de escolher livremente entre fazer o bem ou fazer o mal. Um computador pode ter uma enorme quantidade de "conhecimento" armazenado nele, mas não possui nenhum entendimento daquilo que "conhece", nem qualquer escolha moral.Um computador só pode optar por fazer o que ele é programado para fazer. Se fizer a escolha errada ou falhar, ele não pode ser culpado por isso. Ele não tem nenhuma responsabilidade por isso. 

Ele não sente nenhuma culpa. Ele não entende o que é culpa ou como é se sentir culpado. Ele não pode nem mesmo dizer a você como é ser um computador, muito menos um computador culpado (ou um computador feliz). 

Os seres humanos, como todos podem observar, não são programados, nesse sentido, por seu Criador. Eles têm a habilidade de escolher e geralmente se orgulham disso.Quando um homem escolhe, por exemplo, enfrentar o perigo em vez de fugir covardemente, ele gosta de ser considerado como sendo o responsável pela escolha e ser elogiado por isso. A maioria das pessoas acharia um insulto ser tratada como um bebê, como um imbecil ou como uma máquina que não é responsável por suas ações. É só quando fazemos algo muito errado que somos tentados a negar a responsabilidade e dizer: "Não pude fazer nada".

Deus, então, certamente poderia ter-nos feito como robôs; mas, nesse caso, novamente, seríamos incapazes de dar e de receber livremente o amor maduro e verdadeiro. Se você estivesse sentado em seu quarto e um robô entrasse, lançasse seus braços em volta de seu pescoço e dissesse "Eu te amo", você iria rir do absurdo disso ou até repeli-lo em aversão, ou ambos. 

Em primeiro lugar, um robô não tem nenhum conceito de amor; e, mesmo se tivesse, ele não seria livre para decidir por si só amá-lo ou não amá-lo: ele só poderia fazer aquilo que havia sido programado por outra pessoa para fazer. Ele não tem nenhuma personalidade independente.Aqui, então, está a glória de ser humano. Deus criou o homem como um ser moral, capaz de perceber a beleza da santidade de seu Criador e o esplendor moral de seu caráter. Deus também o dotou com o livre-arbítrio e a habilidade de amar, para que ele possa livremente escolher, amar, confiar, adorar e obedecer a seu Criador, e desfrutar de uma verdadeira comunhão com Deus, aqui na Terra e, eventualmente, no céu (João 4:22-24).

Mas, naturalmente, a escolha que Deus deu ao homem não foi, e não poderia ser, uma escolha entre duas alternativas igualmente boas. Deus é a totalidade do bem, e não pode haver nenhum bem permanente sem ele. Dizer não a Deus, a fonte da vida, é, por definição, dizer sim ao desastre e à morte. Não há, e não pode haver, dois paraísos, um com o Criador e outro sem ele. Desde o início, portanto, Deus advertiu o homem das consequências fatais que inevitavelmente se seguiriam se o homem escolhesse duvidar de Deus e desobedecer a ele, e agir independentemente. A Bíblia diz, no entanto, que o primeiro homem, Adão, fez exatamente isso: ele decidiu desobedecer a Deus, agir independentemente, tomar o que ele pensou que seria um caminho melhor (Gênesis 2, 3; Romanos 5:12). E

 todos nós, em maior ou em menor proporção, fizemos a mesma coisa (Isaías 53:6; Romanos 3:23), com os maus resultados que vemos em todos os lugares ao nosso redor, e dentro de nós, hoje. Assim, segundo a Bíblia, o mal é o mal porque é rebelião contra Deus. Mas de quem é a culpa?Porém, mais uma vez, alguém objeta: "Deus não deveria ser onisciente e capaz de prever todas as possíveis eventualidades?"Sim, é claro."Então, ele não previu que, se ele desse livre-arbítrio ao homem, o homem abusaria dele, escolheria o mal e traria desastre a si mesmo e ao mundo todo?"Sim, Deus previu isso."Então, em primeiro lugar, como Deus poderia justificar a decisão de prosseguir e dar ao homem livre arbítrio?"


A REDE DE SEGURANÇA DE DEUS
Mesmo antes de criar a humanidade, ele havia decidido providenciar uma rede de segurança disponível a todos, para que, apesar de sua rebeldia, de sua obstinação, de seu pecado e de sua maldade, nenhum deles necessitasse perecer permanentemente. Ele, na verdade, tomaria a ocasião do pecado do homem para demonstrar, não meramente em palavras, mas em ações, que, com um coração de Criador, ele amava todas as suas criaturas, embora ainda fossem pecadoras. 

Ele explica desta forma na Bíblia:"Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores" (Romanos 5:7-8).

Um caminho devia ser feito para que o homem, quando descobrisse os resultados ruinosos do pecado, se arrependesse, retornasse para Deus e fosse perdoado, reconciliado e restaurado à comunhão com ele. O próprio Deus, por meio de seu Filho, Jesus Cristo, pagaria a pena do pecado do homem pelo e em nome do homem; e o custo de todas as reparações feitas necessárias pelo dano causado pelo pecado do homem, cujos próprios recursos nunca pagariam, seria arcado por Deus. E, além disso, também seria dada a garantia de que, quando o dia final do julgamento viesse e Deus se levantasse para punir o impenitente e pôr um fim no mal para sempre, então aqueles que se arrependeram e colocaram sua fé em Deus e em seu Filho, Jesus Cristo, não seriam condenados, mas desfrutariam da vida eterna com Deus (João 5:24). 

Ainda, além disso, uma vez reconciliado com Deus, o homem seria introduzido, mesmo aqui na Terra, no majestoso propósito que Deus originalmente tinha em mente, quando criou o universo.Sobre esse propósito, teremos mais a dizer em breve; mas, no momento, pausemos para nos concentrarmos na peça central da atividade de salvação de Deus para a humanidade na história — o sofrimento, a dor e a morte do próprio Cristo na cruz. Se ele é realmente Deus, como o Novo Testamento afirma, então Deus não se manteve distante do sofrimento humano, mas tornou a si próprio parte deste. 

E é exatamente esse fato da proximidade de Deus que pode começar a contornar as lágrimas e a angústia, e trazer à pessoa que sofre uma esperança real, não alguma solução simplista para sua dor, mas a possibilidade de, apesar da dor, chegar a ter a confiança de que Cristo, o Filho de Deus, entende seu sofrimento e que pode confiar nele para o futuro.Antes de deixarmos o tema do sofrimento e da morte de Cristo, devemos esclarecer as condições vinculadas à oferta de reconciliação de Deus por meio daquela morte. Todo o pacote da salvação é um presente; ele não precisa ser ganho ou merecido de nenhuma forma.Mas as condições para recebê-lo são as seguintes.Primeiro, arrependimento perante Deus (Atos 20:21). 

"Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele; e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar." (Isaías 55:7)

Segundo, fé no Senhor Jesus Cristo (Atos 20:21)."Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida." (João 5:24)

Mas, com isso, estamos de volta à questão da livre escolha do homem. Deus não forçará ninguém a crer. Ele não removerá o livre-arbítrio do homem, nem mesmo a fim de salvá-lo, pois, se o fizesse, o produto final não seria um ser humano salvo e glorificado, mas um robô.Por outro lado, com todo o seu coração, Deus suplica aos homens e às mulheres que se reconciliem. De sua parte, não há nenhuma relutância em salvar (1 Timóteo 2:3-6).

"Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões... De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus." (2 Coríntios 5:19-21)

Se, apesar disso, o homem usar seu livre-arbítrio, não apenas para se afastar de Deus, em primeiro lugar, mas para, também, rejeitar o perdão e o amor redentor de Deus, como Deus pode ser culpado pelo desastre resultante?Mas, agora, precisamos voltar à outra fonte de sofrimento, a saber, aos desastres naturais, e ao que chamamos de o problema da dor.

NOTA DE FIM

1. Os céticos, muitas vezes, ridicularizam tais declarações bíblicas; e mesmo eles irão, então, mudar de atitude e apontar para a evidência de que, em uma época na história, quase toda a vida neste planeta estava, de fato, extinta.

Por David Gooding & John Lennox

10. Roupas


A Gloriosa "Veste de José" poderia ter sido estampada em letras grandes no topo da seção de moda do Shechem Times

Nas letras menores abaixo, Ruben, o irmão mais velho de José, pode ter questionado o custo e o excesso, exibidos em tal casaco. Judá poderia ter chegado ao ponto de sugerir que deveria haver regulamentos contra esse traje glorioso. Nenhum dos detalhes imaginados acima está registrado para nós no relato bíblico, mas sim a simples verdade de que houve um pai (Jacó) que desejava honrar seu filho amado (José). 

Talvez Jacó devesse ter considerado os sentimentos de seus outros filhos e as consequências não intencionais que poderiam resultar, dados seus corações ciumentos e seu caráter questionável. No entanto, esta vestimenta gloriosa de Gênesis, em vez de nos dar orientação e compreensão quanto ao nosso traje pessoal, fornece uma imagem patriarcal da glória que o Pai deu ao Filho. 

A oração do Filho em João 17 fala claramente de Sua glória: "Eu te glorifiquei na terra; terminei a obra que me deste para fazer. E agora, ó Pai, glorifica-me contigo mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse" (vv4-5). 

Se esta segunda vestimenta de Gênesis fornece uma imagem de Cristo, então é a primeira vestimenta de Gênesis que retrata nossa vestimenta espiritual. Adão e Eva descartaram suas frágeis folhas de figueira tecidas à mão ao saírem do jardim vestindo as roupas que Deus havia providenciado. Da mesma forma, você e eu fomos vestidos com as vestes da salvação e, uma vez que recebemos tão gloriosa vestimenta espiritual, podemos questionar o que deveria caracterizar a nossa vestimenta terrena. Assim como Adão e Eva entraram em um mundo de moda pós-edênico, você e eu devemos perguntar, como crentes em um mundo físico, como devemos nos vestir?

Poderíamos naturalmente estar inclinados a responder a esta questão fornecendo uma lista de preferências pessoais, salpicadas de tradição e misturadas com uma medida de convicção pessoal. No entanto, a minha preferência pessoal não tem maior valor do que a do crente sentado ao meu lado. A desvantagem de confiar em minhas convicções pessoais, derivadas das Escrituras, para responder a essa pergunta é que seu poder é diminuído e mal direcionado quando tento aplicá-las a outra pessoa. A fraqueza de seguir uma tradição é que se a tradição não estiver ligada à verdade, ela desaparece com o passar das gerações. A única orientação que pode responder de forma adequada e consistente às perguntas dos crentes ao longo dos séculos e ao redor do mundo é encontrada nos princípios que nos são fornecidos nas Escrituras. Portanto, quando se trata de nossa vestimenta pessoal, consideremos os princípios de modéstia, identidade e liberdade.


Modéstia

A reunião da igreja primitiva deve ter sido algo digno de ser visto. Na Jerusalém dominada pelos romanos e influenciada pelos farisaicos, trabalhadores e senhores, servos e escribas, pescadores e cobradores de impostos, todos se reuniam no primeiro dia da semana para lembrar o Senhor Jesus Cristo. O Dr. Lucas descreve a atitude e a atmosfera daquele dia em Atos: "E a multidão dos que criam era de um só coração e de uma só alma; mas eles tinham todas as coisas em comum. E com grande poder deu aos apóstolos testemunho da ressurreição do Senhor Jesus; e grande graça estava sobre todos eles" (Atos 4:32-33).

O meu professor universitário sugeriu impetuosamente que isto é uma evidência do comunismo inicial, mas a mente espiritual compreende que o que estava em ação era algo muito maior do que as teorias fracassadas da humanidade. A verdadeira conversão estava sendo vivida num cristianismo vibrante que tocava todos os aspectos da vida humana. Naqueles dias, havia modéstia que permitia que a graça do Grande Deus fluísse livremente dentro da igreja primitiva. 

Desejamos conhecer mais desta grande graça de Deus em nossas assembleias? Devemos começar com modéstia. Paulo declara: "Quero, portanto, que os homens orem em toda parte, levantando mãos santas, sem ira e sem dúvida. Da mesma maneira também, que as mulheres se adornem com roupas modestas" (2Tm 2:8-10).

Pedro compartilha um ensinamento semelhante quando observa: "Cujo adorno não seja aquele adorno externo de trançar cabelos, e de usar ouro, ou de vestir; Mas que seja o homem oculto do coração, naquilo que não é corruptível, sim, o ornamento de um espírito manso e quieto, que é de grande valor aos olhos de Deus. Porque assim também nos tempos antigos se adornavam as santas mulheres, que confiavam em Deus, estando sujeitas aos seus próprios maridos" (1 Pedro 3:3-5). 

Claramente declarado, nosso propósito na assembleia nunca é chamar a atenção para nós mesmos, mas sempre encorajar outros a contemplarem o Senhor Jesus Cristo.

Quando nos concentramos uns nos outros, a carne é tentada a julgar, a invejar e a ser orgulhosa. "Não sejamos cobiçosos de vãs glórias, provocando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros" (Gl 5:26). Quando contemplamos o Salvador, o crente é provocado ao serviço espiritual. "E consideremo-nos uns aos outros para nos estimularmos ao amor e às boas obras: não deixando de nos reunir, como é costume de alguns; mas exortando-vos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima" (Hb 10:24-25). 

Na assembleia, não há maneira mais simples de demonstrar a mansidão do eu do que a modéstia do nosso vestuário. Sem dizer uma palavra, proclamamos que procuramos a graça de Deus e não a glória do homem quando vestimos roupas modestas que combinam com corações mansos.


Identidade

Você já esteve do lado de fora de uma escola, andou por um shopping ou algum outro local público e notou a ironia de tantas pessoas tentando estabelecer sua identidade única? Na verdade, o indivíduo fortemente tatuado com vários piercings e roupas questionáveis ​​pode parecer único – até que seja seguido por mais 20 indivíduos que escolheram a mesma identidade. Vivemos numa época em que simplesmente procurar vestir-se com modesta simplicidade e mansidão é algo verdadeiramente diferente. Na Babilônia, em 600 AC, Hananias, Misael, Azarias e Daniel fizeram a mesma distinção. Embora estivessem longe do templo em ruínas e tivessem recebido novos nomes, recusaram-se a comer e beber o que era fornecido pelo rei do mundo. Eles fizeram isso não pelo desejo de declarar orgulhosamente que eram diferentes, nem na tentativa de superar a concorrência, mas sim porque entenderam que serviam a outro Rei, mesmo enquanto estavam na Babilônia. 

Você não concordaria que, embora houvesse momentos muito mais dramáticos e impressionantes diante deles na fornalha ardente e na cova dos leões, foram essas primeiras experiências de identificação com o Deus de Israel que os prepararam para o serviço futuro? Mesmo naqueles primeiros dias, a sua obediência e identificação com Deus nas coisas simples e mundanas da vida foram recompensadas com grandes bênçãos. "Quanto a estes quatro filhos, Deus lhes deu conhecimento e habilidade em todo saber e sabedoria; e Daniel teve entendimento em todas as visões e sonhos" (Dn 1:17). 

O desenvolvimento de conhecimento espiritual mais profundo, aprendizado, sabedoria e compreensão dados por Deus não seria de grande valor em nossas assembleias? Não é a identificação com Cristo em todos os aspectos da nossa vida, incluindo o vestuário, uma busca digna à luz de tal bênção espiritual? 

E numa sociedade ocidental em rápida mudança, que pode acelerar o regresso da fornalha ardente e da cova dos leões para desafiar a verdadeira identidade do crente, podemos esperar estar preparados para tais desafios se não tivermos rendido a nossa vontade à obediência de Cristo nas tarefas mundanas e diárias de nossas vidas, como vestir-se? Portanto, vamos propor em nossos corações identificar-nos com nosso Salvador em todos os aspectos de nossas vidas, inclusive em nossas escolhas de roupas.


Liberdade

Considere o apelo apaixonado de Paulo aos gálatas para que não perdessem o gozo prático da liberdade cristã. "Permanecei, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não volteis a ser enredados no jugo da escravidão" (Gálatas 5:1). 

Alguém poderia questionar: "Mas eu pensei que minha liberdade significava que sou livre para fazer e me vestir como quiser, sem aderir a nenhum livro de regras?" Se assumirmos que a liberdade cristã significa que somos sábios em seguir a escolha da nossa própria vontade, então perdemos a mensagem de Gálatas. Sim, Paulo ensina que fomos libertos do severo e implacável mestre da lei, mas também ensina claramente que fomos libertos para uma vida vivida sob a orientação infalível do Espírito Santo. 

Paulo declara enfaticamente: "Porque, irmãos, fostes chamados à liberdade; apenas não usem a liberdade para uma ocasião para a carne, mas sirvam-se uns aos outros pelo amor... Isto eu digo então: andem no Espírito, e não satisfarão a concupiscência da carne" (Gálatas 5:13, 16). 

Portanto, não concordaria que, quando chegamos a uma reunião da assembleia, um dos grandes princípios controladores da conduta é a liberdade cristã? E se as exigências da comunhão fiel são que eu examine minha pessoa em busca de pecados não confessados ​​e de atitudes carnais, não seria também correto avaliar minha vestimenta e seu impacto sobre os irmãos crentes? Muitas vezes cantamos juntos com alegria em adoração: "O amor tão incrível, tão divino, exige meu coração, minha vida, meu tudo". 

Verdadeiramente, o amor de Cristo nos constrange a entregar tudo a Ele. Essa entrega começa na assembleia que Deus plantou. Ali tenho a oportunidade de amar fielmente os irmãos, de exercitar o dom que Ele deu e de honrá-Lo em minhas interações e até mesmo na escolha do vestuário. Recebemos guias para nos ajudar neste grande desafio de comunhão fiel. 

Existem presbíteros com o desejo de fornecer orientação gentil, e existem crentes experientes cuja compreensão abrange gerações de serviço na assembleia de Deus. Mas o maior Conselheiro é o Espírito Santo, que está pronto para dirigir o coração disposto. Não seria uma atitude correta antes de ir a uma reunião da assembleia simplesmente pedir ao Senhor que nos preserve de dizer, fazer ou vestir qualquer coisa que possa distrair ou dissuadir outro crente no seu serviço ao Senhor?

Consideramos os princípios que devem informar e orientar o nosso vestuário nesta vida e, especificamente, na assembleia. Contudo, há uma verdade maravilhosa a ser considerada a respeito de nossa vestimenta celestial. Já consideramos Jacó e a singular honra e glória que ele reservou para José. O profeta Isaías faz eco disso nas palavras do Senhor Deus; "Eu sou o Senhor: este é o meu nome; e a minha glória não darei a outro, nem o meu louvor às imagens esculpidas" (Is 42:8). 

Como crentes, inclinamos a cabeça e o coração em concordância com o Pai de que o Filho é digno de tal glória. O Senhor Jesus afirma Sua igualdade com o Pai ao orar em João 17: "E agora, ó Pai, glorifica-me contigo mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse" (João 17:5). No entanto, ficamos maravilhados com as palavras do Senhor à medida que Sua oração continua: "E a glória que me deste, eu lhes dei; para que sejam um, assim como nós somos um" (João 17:22). 

No céu, seremos revestidos de uma glória muito superior à que adornou José. Quão maravilhoso é que essas vestimentas gloriosas não inspirarão ciúme ou pecado nos outros, mas servirão para nos unir no serviço ao Senhor e na promoção de Sua glória eterna! Com tal glória diante de nós, devemos ser motivados em todas as áreas desta vida, inclusive em nossa vestimenta física, a buscar aquilo que honre o Salvador, una Seu povo e incentive nossos irmãos crentes a permanecerem focados em nosso Senhor.


Higgins, Pedro 

11. Música – Liberdade ou Limites

Casting Crowns… Ernie Haas e Signature Sound… Jars of Clay… Michael Card… Petra… George Beverly Shea… Third Day… The Happy Goodmans… Barlow Girl… Chris Tomlin… Bill & Gloria… Qual é a sua escolha? Isso importa? Eu tenho o meu gosto e você tem o seu... certo? É tudo uma questão de preferência pessoal, não é? Sua preferência pessoal será um fator importante na hora de decidir que música você ouvirá; mas, como acontece com outras decisões na vida, a sua liberdade de escolha será limitada pelos princípios das Escrituras. "'Todas as coisas são lícitas', mas nem todas as coisas são úteis. 'Todas as coisas são lícitas', mas nem todas as coisas edificam" (1Co 10:23, ESV).


O poder da música

Considere 1Samuel 16 (ajudará se você ler os vv 14-23). O rei Saul às vezes ficava perturbado – emocional, mental e espiritualmente. Seus servos sugeriram que alguém tocasse música para ele. Davi foi trazido e lemos: "Davi pegou uma harpa e tocou com a mão; então Saul se recuperou e ficou bom, e o espírito maligno retirou-se dele" (v. 23). Uau! O humor de Saul foi mudado pela música! A música o revigorou e o deixou bem. A música é poderosa.

Você possivelmente já viu alguém sentado, curtindo uma conversa calma, focado nas pessoas com quem está conversando… até a batida começar. Assim que a música começa, algo acontece com eles, como se não pudessem evitar. Eles começam a balançar ou tremer em uníssono com a música, ou têm que se levantar e começar a dançar. É como se a música os estivesse controlando! A música é poderosa. Pesquisas médicas recentes mostraram que o trabalho escolar, as interações sociais, o humor, o comportamento e a promiscuidade dos jovens foram afetados pela audição de música sexualmente explícita ou violenta. Não admira que o filósofo grego Platão tenha dito uma vez: "Dê-me as canções de uma nação e não importa quem escreve as suas leis". A influência da música, tanto por suas letras quanto por sua batida e som, é poderosa.

Não é apenas a música do mundo que nos impacta de forma poderosa. Você pode conectar seu MP3 player depois de uma prova difícil e sentir seu humor tremendamente melhorado ao ouvir seu mix cristão favorito. Muitos de nós já experimentamos a surpresa da emoção que cresce rapidamente dentro de nós quando ouvimos um artista clamando apaixonadamente ao Senhor em uma canção, e lágrimas começam a encher nossos olhos, mesmo quando estamos no volante de nossos carros. Podemos ser tocados em nosso espírito pela música. A transformação espiritual envolverá emoção, mas também é importante lembrar que é muito mais do que uma euforia emocional. No entanto, a resposta emocional repentina mostra o grande impacto que a música pode ter.

Como a música é tão poderosa, a música que você escolhe ouvir é importante. Que sentimentos a música que você ouve cria em você? Isso ajuda a influenciar seus desejos e comportamento em relação ao Senhor ou não?


O louvor da música

A música é uma arte. Deus evidentemente valoriza a expressão artística. Considere um vibrante céu noturno ao pôr do sol, ou a beleza das folhas multicoloridas do outono, ou a majestade das montanhas que se elevam além das nuvens. São lindas obras de arte. Pense nas várias canções de diferentes pássaros, ou no som reconfortante das ondas que chegam continuamente à costa, ou nas serenatas subaquáticas únicas das baleias. É música composta pelo Criador. As canções de homens e mulheres também devem ser para Sua glória. "Louvarei o Nome de Deus com um cântico" (Sl 69:30). A música foi planejada por Deus para ser para Seu louvor. No entanto, como todas as outras formas de arte, a música foi roubada, profanada e corrompida.

As playlists do seu iPod transmitem louvor a Deus? Você vê a música apenas como entretenimento ou ela reflete o desejo do seu coração de que esta forma de arte eleve a sua alma em louvor a Deus?

Outro lembrete gentil pode ser útil. Lembre-se de que a música cristã deve produzir louvor ao Senhor, não ao seu namorado ou namorada. Um dos perigos da música cristã contemporânea é a tendência de retratar o nosso relacionamento com o Senhor com o mesmo tipo de romance e intimidade experimentado entre parceiros humanos na terra. Se um ocasional "Senhor" ou "Jesus" não fosse inserido nas letras, você poderia se perguntar quem o artista estava cantando. Se você quer escrever uma canção de amor para sua namorada, vá em frente! Mas lembre-se de Quem está no centro da adoração. Se a música deveria ser um louvor a Deus, então ela deveria equilibrar nossa proximidade com o Senhor com o fato de que Ele é nosso Senhor. Davi disse: "Louvarei ao Senhor segundo a sua justiça; e cantarei louvores ao Nome do Senhor Altíssimo" (Sl 7:17).


A Poesia (Letra) da Música

Decorre logicamente do parágrafo anterior que as palavras da nossa música são importantes. Lembre-se de que quando você lê o Livro dos Salmos ou o Cântico de Salomão, você está lendo cânticos reais com palavras inspiradas. Em outras palavras, o Espírito de Deus escreveu letras para músicas. É maravilhoso pensar em nosso Senhor Jesus cantando louvores ao Seu Pai (Marcos 14:26) com palavras dadas pelo Espírito Santo – a Trindade em louvor! O Espírito selecionou cuidadosamente palavras que seriam consistentes com o resto da revelação da verdade de Deus. Nem é preciso dizer (mas aqui estou dizendo!) que você deve ser capaz de decifrar a letra da música que ouve – "Cantarei com o espírito, e cantarei também com o entendimento" (1Cor 14:15). As letras são importantes. Nosso Pai está procurando adoradores e essa adoração deve ser "em espírito e em verdade" (João 4:23-24).

Você quer que as músicas que você ouve e canta estejam de acordo com a Bíblia e venham de corações espirituais? Os artistas às vezes gostam de ultrapassar os limites sob a bandeira da licença poética ou da imaginação santificada. Damos-lhes alguma permissão nisso, mas como as palavras de uma canção ficam tão facilmente enraizadas em nossas memórias, será uma bênção para nós se as palavras forem bíblicas. O CD pode estar na seção Música Cristã… mas o seu conteúdo é realmente cristão?

Que interessante e lindo que na última estrofe do Salmo 119, salmo dedicado às maravilhas da Palavra de Deus, haja referências ao canto de louvor. "Meus lábios derramarão louvores, pois tu me ensinas os teus estatutos. A minha língua cantará a Tua Palavra, pois todos os Teus mandamentos são retos… Viva a minha alma e Te louve, e que as Tuas regras me ajudem" (vv 171, 172, 175, ESV).

É certo que aprendemos que, nem todas as linhas do nosso Livro de Hinos dos Crentes são doutrinariamente perfeitas. Mas, falando sobre letras, vale ressaltar que uma tremenda bênção do Livro de Hinos dos Crentes é a profundidade e a qualidade espiritual das palavras. Passe alguns minutos procurando e lendo o único hino de Josiah Conder e você verá o que quero dizer.

Uma fraqueza de algumas músicas cristãs contemporâneas, em vários gêneros, é a ausência de profundidade espiritual e bíblica. CUIDADO! Eu não disse toda música moderna, nem estou dizendo que você deve ouvir apenas músicas do hinário cristão! Mas letras superficiais contribuirão para pensamentos superficiais de louvor e adoração, que por sua vez podem impedir-nos no nosso conhecimento e apreciação de Deus.

Alguns de vocês podem possuir uma solução em seus próprios corações e mentes iluminadas pelo Espírito. Talvez você tenha sido habilitado por Deus para escrever poesia e música. Nós o encorajamos neste nobre trabalho. À medida que a linguagem muda, pode chegar o dia em que o povo de Deus procure outras canções para expressar seu louvor ao Senhor. Com sincero desejo espiritual e um bom fundamento, na verdade, de Deus, e como resultado das experiências de vida através das quais, Deus lhe ensina, você poderá ser um instrumento adequado para ser usado pelo Mestre na composição de canções cristãs.


Prudência no julgamento

Existem dois extremos que precisam ser evitados. Os crentes mais velhos, em particular, às vezes podem ser rápidos em descartar tudo de um determinado grupo ou cantor depois de ouvir uma música que eles acham que tem muita guitarra elétrica, muita bateria ou é muito alta. No entanto, esse mesmo grupo pode ter uma canção incrivelmente sincera e bela em outra faixa, talvez uma versão de um antigo hino querido. Por outro lado, os crentes mais jovens, em particular, precisam entender que só porque um grupo tem músicas realmente boas, isso não significa que tudo o que eles lançam seja bom. Você precisa exercitar o discernimento espiritual. Mesmo que seus avós tenham achado uma de suas músicas adorável, você sabe que o mesmo grupo é capaz de produzir músicas que têm muito mais em comum com o mundo do que com Deus. "Julgar o julgamento justo" (João 7:24).


A pirataria da música

"Sujeitem-se a toda ordenança humana por amor do Senhor" (1 Pedro 2:13). O download ilegal é chamado assim porque… (espere)… é ilegal. Piratar música é quando uma pessoa usa ou reproduz o trabalho de outra sem autorização. Você pediu permissão a Aaron Shust antes de copiar aquele CD? Nosso Senhor Jesus ensinou: "Tudo o que você deseja que os outros façam a você, faça-o também a eles" (Mateus 7:12, ESV). Você pode sentir que o artista tem dinheiro mais do que suficiente, e que ele não se importaria de ajudar um jovem cristão, e que o crente a quem você der a cópia será realmente abençoado por isso, e assim por diante. Considere apenas emprestar seu CD a eles.


A Pureza da Música

Efésios 5:19 diz que devemos nos comunicar uns com os outros "com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e entoando melodias ao Senhor em nosso coração". As músicas que você ouve são espirituais? O Espírito Santo de Deus habita em nós e o corpo de cada crente é, portanto, o templo do Espírito Santo (1Cor 6,19). Para sermos cheios do Espírito e guiados pelo Espírito, não devemos entristecer o Espírito. O Espírito Santo gosta de ouvir sua música com você?

Talvez ajude a esclarecer a questão se você olhar dessa maneira. O Senhor Jesus já foi adolescente. Embora Ele provavelmente tenha passado por momentos em que uma geração mais velha não O entendia ou se relacionava adequadamente com Ele, sabemos que Ele nunca perdeu o controle e nunca teve um pensamento pecaminoso. Ele era perfeito. Aos 12 anos, ele era o garoto de 12 anos perfeito. Aos 17 anos, ele era o garoto de 17 anos perfeito. Ele sabe o que é ser adolescente e sabe o que é agradar sempre a Deus: "Faço sempre o que lhe agrada" (João 8:29).

Agora, você quer ser como o Senhor Jesus e quer agradar a Deus. Se o Senhor Jesus estivesse presente com você, sentado ao seu lado, você se sentiria confortável ouvindo a música que você ouve? Próxima pergunta: você lembrou que, de fato, o Senhor Jesus está sempre presente com você? Nosso Senhor Jesus disse: "Eis que estou convosco todos os dias, até à consumação dos tempos" (Mateus 28:20). Provérbios 23:17 é um bom versículo para memorizar: "Tem temor do Senhor o dia todo".

Esta seção não pretende deixá-lo paranoico, mas lembrá-lo de que o Senhor deseja desfrutar da música que você escolhe incluir em sua vida. "Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus" (1Co 10:31). O "tudo o que você fizer" incluiria a música que você ouve e as músicas que você canta.

A música é um presente de Deus. Podemos respeitar a arte e o artista, mas devemos lembrar que a música não deve ser adorada, mas deve ajudar-nos a viver uma vida de adoração a Deus. Que todos nós possamos apreciar Sua gentil dádiva e tentar dar-Lhe prazer abençoando-O através da música que gostamos. "Cantai a honra do Seu Nome; tornai glorioso o Seu louvor" (Sl 66:2).


Caim, Mateus

12. Uma paixão por orar

Como está sua vida de oração? Você adora passar tempo conversando com seu Pai celestial? Você reserva um tempo para deixar a luz de Sua presença inundar seu coração e sua mente? Este é um privilégio incrível que temos – poder realmente nos aproximar do Senhor Deus Todo-Poderoso, criador do céu e da terra, e sustentador da vida. Ele é tão santo que os anjos cobrem seus rostos enquanto clamam "Santo, Santo, Santo" de cima do trono. Os fundamentos tremem ao som da Sua voz (Is 6:1-4 ESV). Quando estávamos em nossos pecados, estávamos longe de Deus. Sua santidade é tão grande e nosso pecado tão abominável que foi necessário o sangue do Salvador, derramado no Calvário, para nos lavar e nos tornar aptos a nos aproximarmos de Sua presença. Agora que fomos "aproximados" pelo precioso sangue de Cristo e feitos filhos de Deus, podemos ir a Ele, nosso Pai (Ef 2:13). Deus queria tanto que tivéssemos esse relacionamento íntimo com Ele que Ele estava disposto a sacrificar Seu único Filho para obtê-lo para nós. Este é o valor que Ele atribuiu à intimidade comigo e com você. E você? Quanto valor você dá à intimidade com Ele? Quanto do seu tempo e energia você está disposto a investir no seu relacionamento com Deus?

O relacionamento não pode crescer sem comunicação. O Dicionário Webster define comunicar como "tornar conhecido, transmitir". Nosso Senhor disse: "A vida eterna é esta: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (João 17:3 ESV). Deus se dá a conhecer a nós (se comunica) através da Sua Palavra e através da obra do Espírito Santo em nossos corações. Quando respondemos a Ele, nos comunicamos com Ele por meio da oração. À medida que passamos mais tempo na Sua Palavra e em oração, passamos a conhecê-Lo cada vez mais profundamente e o nosso relacionamento cresce.


O que exatamente é oração?

A palavra grega traduzida como "orar" é proseuchomai , que vem de duas palavras – pros , que significa "em direção ou perto de", e euchomai , que significa "desejar, desejar ou orar". Quando oramos, procuramos aproximar-nos de Deus, elevar diante Dele os anseios do nosso coração. Strong's define proseuchomai como "orar a Deus, suplicar, adorar, orar sinceramente". A oração é mais do que apenas comunicação. Baseia-se no nosso relacionamento com Ele, porque, sem isso, não poderíamos nos aproximar da Sua santa presença. Leva em conta a nossa posição diante Dele e reconhece-O como Ele é, Aquele que nos ouve e é poderoso o suficiente para responder às nossas orações. Portanto, a oração está enraizada na fé – que Deus é quem Ele diz que é, que eu sou quem Ele diz que sou, que Ele me ama o suficiente para me ouvir e escolher o que é melhor para mim, e que Ele tem o poder para fazer isso.


O exemplo de Nosso Senhor

A oração marcou a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os evangelhos registram muitos casos em que Ele orou. Depois de realizar o milagre de alimentar 5.000 pessoas com cinco pães e dois peixes, ele "despediu as multidões" e "subiu sozinho ao monte para orar" (Mateus 14:23 ESV). Em outra ocasião, mães trouxeram seus filhos até Ele para que Ele lhes impusesse as mãos e orasse. Ele passou a noite toda em oração com Seu Pai antes de escolher os 12 discípulos. Ele levou Pedro, Tiago e João ao monte e, enquanto orava, foi "transfigurado" diante dos olhos deles e "Seu rosto brilhou como o sol" (Mateus 17:2 ESV; Lucas 9:28-29) . No Getsêmani, quando Sua alma estava "em agonia", Ele "orou com mais fervor; e Seu suor tornou-se, como grandes gotas de sangue caindo no chão" (Lucas 22:44 ESV). Enquanto suportava o terrível sofrimento da cruz, Ele orou. Em todas as situações, seja depois de realizar milagres, seja antes de tomar decisões, ao contemplar o Calvário, e até mesmo enquanto sofria na cruz, nosso Senhor Jesus orou.


Aprendendo com o Mestre

Foi depois que nosso Senhor terminou de orar no Monte das Oliveiras que um de Seus discípulos lhe disse: "Senhor, ensina-nos a orar" (Lucas 11:1). Eles haviam testemunhado o papel da oração em Sua vida e queriam torná-la parte da sua vida. Ele lhes deu um padrão de oração. Cada frase que Ele lhes deu abrangia verdades que eram vitais para suas vidas de oração. "Nosso Pai que está nos céus, santificado seja o Teu Nome." Ele é nosso Pai amoroso, que é soberano sobre tudo, e nós, Seus filhos, chegamos diante Dele com nossos louvores por Quem Ele é. Reverenciamos e adoramos Aquele que é o único que merece o lugar mais alto. "Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu." Isso expressa submissão a Ele. É um anseio pelo Seu reinado legítimo e um desejo de cumprir a Sua vontade e não a nossa. A frase "o pão nosso de cada dia nos dá hoje" é um reconhecimento de nossa necessidade e de Sua capacidade de suprir essa necessidade.

A próxima linha, "e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores", revela a absoluta necessidade de confissão e perdão se quisermos ter comunhão com Deus. Não só os nossos pecados devem ser confessados ​​e perdoados, mas também devemos perdoar aqueles que pecaram contra nós. (Em Lucas 7, o Senhor Jesus conta a parábola dos dois devedores como uma ilustração da importância de perdoar e de ter os pecados perdoados.)

Na frase seguinte, "e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal", a nossa dependência de Deus é destacada. É somente através de Sua força e poder que seremos guardados do pecado. O padrão termina com elogios. "Pois Teu é o reino, o poder e a glória, para sempre. Amém." A partir deste modelo de oração, o Senhor Jesus nos ensinou o essencial da oração. Aprendemos a começar com louvor e reconhecimento de Sua preeminência. Nós nos curvamos em submissão ao Seu plano e vontade. Derramamos nossos corações diante Dele, contando-Lhe todas as nossas necessidades e não escondendo nada. Então, quando colocamos esses fardos em Suas mãos, confiamos que Ele será suficiente para nós.

Na Sua presença perdoamos os outros, confessamos-Lhe os nossos próprios pecados e aceitamos o Seu perdão. Diariamente buscamos Sua preservação e confiamos em Sua força para nos libertar do pecado. À luz de tudo isto, o louvor flui dos nossos corações para Aquele que é o único digno.


Colocando a oração em prática

Antes de nosso Senhor ensinar Seus discípulos a orar, Ele os advertiu para não serem como os hipócritas que oravam "para que pudessem ser vistos pelos outros", ou como os gentios que usavam "frases vazias" e pensavam que seriam ouvidos por causa de suas "frases vãs",  "muitas palavras" (Mateus 6:5, 7-8 ESV). A oração não é para impressionar os outros ou fazer com que pareçamos espirituais. A oração é aproximar-se de Deus pela fé. O Senhor Jesus ordenou aos Seus discípulos que tivessem fé quando orassem (Marcos 11:22-24). Em Romanos aprendemos que a nossa "fé é contada como justiça" e em Tiago descobrimos que "a oração de um justo tem grande poder enquanto opera" (Romanos 4:5; Tiago 5:16 ESV). Assim, para que a nossa vida de oração seja poderosa, ela deve estar enraizada na fé. Quanto mais tempo passarmos em Sua presença, lendo Sua Palavra e nos comunicando com Ele em oração, mais iremos conhecê-Lo, e quanto mais O conhecermos, mais confiaremos Nele, pois Ele é digno de nosso confiar. Satanás sabe disso e trabalha para nos manter tão ocupados que não gastemos com Deus o tempo que precisamos. Então, quando surgem as dificuldades, não temos raízes suficientemente profundas nas verdades que nos darão estabilidade e força para sermos vitoriosos. A presença de Deus e a Sua Palavra devem ser a principal prioridade das nossas vidas se quisermos realmente viver a "plenitude de vida" que o nosso Senhor planejou para nós. Ele quer nos abençoar ricamente. Ele quer que nos aproximemos e passemos tempo com Ele "para que a nossa alegria seja completa" (João 16:24). Ele nos amou com um amor eterno e quer que "permaneçamos" em Seu amor (João 15:9). Se permitirmos que outras coisas atrapalhem o tempo que precisamos com Ele, perderemos a alegria e a satisfação que só podem ser encontradas na Sua presença e a nossa vida de oração não será eficaz.


Oração poderosa

A eficácia da oração é apontada na Palavra de Deus, que fala do "grande poder" da oração, e também pode ser vista claramente na vida de alguns do povo de Deus (Tiago 5:16). Dois exemplos de homens poderosos em oração nos anos 1800 foram George Mueller e Daniel Nash. Mueller viveu uma vida marcada pela oração e pela fé em Deus. Ao longo de sua vida construiu cinco grandes orfanatos e cuidou de 10.024 órfãos. Em seus 68 anos de ministério, ele nunca recebeu salário, fez empréstimo ou contraiu dívidas, mas confiou em Deus para suprir suas necessidades. Nem ele, nem os órfãos ficavam sem comer, embora às vezes os armários ficassem vazios antes que Deus providenciasse a próxima refeição. Ele não pediu fundos diretamente a ninguém, mas "orou" o equivalente a US$ 7.200.000,00 que usou para os órfãos e para a propagação do evangelho. Enquanto Mueller administrava seus orfanatos e orava, outro homem, Daniel Nash, desistiu de seu emprego para se dedicar totalmente à oração pelas reuniões de Charles Finney, um colega evangelista. Finney viu uma grande bênção no "Segundo Grande Despertar" no início do século XIX. Nash alugava discretamente um quarto em uma cidade algumas semanas antes do início das reuniões, encontrava crentes e passava dias em oração. Finney referiu-se a ele "como o homem que abriu as portas do inferno". Na lápide de Nash está este epitáfio: "Daniel Nash, Trabalhador de Finney, Poderoso em Oração".


O trabalho da oração

Se quisermos ser poderosos em oração, isso não acontecerá casualmente. É preciso comprometimento. Significa que valorizamos a oração o suficiente para passar algum tempo a sós com Deus, independentemente do custo pessoal. Hudson Taylor sabia o que significava estar comprometido em passar tempo com Deus em oração. Seu filho disse que, durante 40 anos, o sol nunca nasceu na China que Deus não encontrou Hudson Taylor de joelhos. A Bíblia registra o compromisso de outro homem de oração, Daniel. Quando adolescente, escravo em uma terra estrangeira, Daniel não apenas orou, mas também fez com que seus amigos orassem com ele. Quando ficou mais velho e saiu o decreto do rei de que qualquer pessoa que fizesse uma petição a alguém que não fosse o rei seria morta, Daniel ainda orava três vezes ao dia, como era seu hábito. Ele valorizava mais a oração do que a própria vida. E assim, quando ele foi lançado na cova dos leões, o anjo manteve suas bocas fechadas e "nenhum dano foi encontrado nele, porque ele confiou em seu Deus" (Dn 6:23 ESV).

O trabalho da oração envolve mais do que apenas compromisso. O apóstolo Paulo descreveu aos crentes colossenses o fervor com que Epafras orava. Epafras estava "sempre lutando por vocês em suas orações, para que vocês permanecessem maduros e plenamente seguros em toda a vontade de Deus" (Cl 4:12 ESV). O próprio Senhor, sabendo que podemos ficar desanimados na oração, usou a parábola da viúva persistente para ensinar aos Seus seguidores que "devemos orar sempre e não desanimar" (Lucas 18:1 ESV). Quando não vemos a resposta às nossas orações, é fácil ficarmos desanimados; é aí que nossa fé é posta à prova. Deus será fiel? Se Ele realmente está no controle, por que isso está acontecendo? Onde está o Seu amor por mim em tudo isso? Quando Satanás tentar você ao desespero, sempre volte para a cruz. Leia sobre tudo o que Ele sofreu apenas para torná-lo Seu. "Aquele que não poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas?" (Rm 8:32 ESV). Confie em Seu amor; confie em Sua fidelidade. É na intimidade da Sua presença que estamos plenamente satisfeitos. "Na Tua presença há plenitude de alegria" (Sl 16:11).


Joyce, Bryan

13. Então você falhou de novo! 


Você se sente um fracasso! Mas aos olhos de quem? 

A vida e o trabalho de Jeremias foram um enorme fracasso, nada, nada, aos olhos de seus contemporâneos. Ele não realizou praticamente nada em termos de reforma ou reavivamento. Sua pregação caiu em ouvidos surdos. Talvez o PowerPoint tivesse ajudado. Ele viveu uma vida muito solitária, recebeu pouco ou nenhum apreço, teve talvez um convertido e seguidor, Baruque, e não viu nenhum discípulo reunido ao seu redor. Ele foi preso, ridicularizado e suspeito de ser um traidor, um quinto colunista.

Ele assistiu com horror e lágrimas enquanto a nação era levada ao cativeiro e depois teve que assistir ao conflito interno que exigiu uma fuga apressada de muitos para o Egito. A história nos diz que ele morreu lá e foi enterrado em uma cova não reconhecida. Lá ele jaz aguardando a manhã da ressurreição.

Ser um fracasso aos olhos de seus amigos e associados conta muito pouco. A vida de Jeremias foi arranjada por Deus, que lhe disse o que esperar em relação aos ouvidos surdos e aos dias solitários. Jeremias cumpriu a vontade de Deus em sua vida e nada mais importa realmente. Ele recebe uma nota 10 perfeita de Deus pelo "sucesso" em sua vida e ministério.


A dor da autoconsciência

Talvez não seja que você, seja um fracasso aos olhos dos outros, mas um fracasso aos seus próprios olhos.

Você olha para o passado e tudo o que consegue ver são momentos em que não fez o que deveria ter feito ou fez o que não deveria ter feito. As resoluções e a determinação não os levaram de alguma forma através das provações e desafios. Você saiu da conferência com toda a intenção de ler e orar regularmente. Você decidiu abandonar aquele hábito que você sabia que não agradava a Deus, e jogar fora alguns dos livros, revistas e DVDs que não estão de acordo com o seu testemunho como crente. No entanto, em pouco tempo, você se verá voltando e se envolvendo novamente.

Ao analisar sua vida, você sente como se Deus nunca pudesse usá-lo em Seu serviço. Por que Ele confiaria em você para qualquer coisa? Por que Ele lhe daria o privilégio de servi-Lo?

Será que Deus nos descarta da mesma forma que as companhias de seguros descartam os acidentes? Ele lava as mãos de nós com desgosto e decepção, prometendo nos colocar na prateleira rotulada como "mercadorias danificadas"?

O fracasso é real; não podemos minimizar ou fingir que isso não aconteceu. O fracasso marca cada um de nós em nosso serviço e testemunho. Houve apenas um Servo Perfeito, um Homem Fiel; todos os outros são reflexos fracos de Sua perfeição.

A maior dor vem da descoberta do próprio coração. Você pensava que seus motivos eram puros e que tinha apenas a honra de Deus e o bem dos outros antes de você. Então alguém disse alguma coisa, alguém reagiu de uma maneira que você não esperava, você foi confrontado em sua própria consciência com o quão egocêntricos eram seus motivos. Com o passar do tempo, você descobre, como descascar uma cebola, que existem níveis ainda mais profundos de engano e egoísmo que infectam todos os motivos. Você se desespera se for possível ter motivos puros em seu serviço a Deus. O pecado, como um vírus mortal, invadiu todos os pensamentos e motivos.

Permita que Jeremias venha em seu auxílio. Ele estava ciente da hostilidade da nação (Jr 16), da dureza do seu coração (16:11, 12; 17:1-4), da desesperança do seu ministério (1:17-19). O que parecia esmagá-lo foi a consciência do seu próprio coração (Jr 17:9). Era um microcosmo da nação. "Incurável" e "desesperadamente perverso" são algumas das palavras que ele usa para descrevê-lo. Deus sabia tudo sobre o seu coração quando Ele o salvou. Nunca será melhor; você só descobrirá maiores profundidades de depravação com o passar do tempo. Isso não significa que você deva desistir.

Deus tem futuro para fracassos? O fracasso é definitivo para Deus? Estas são questões cruciais que exigem respostas. Felizmente, a Palavra de Deus fornece essas respostas numa linguagem clara e inequívoca.


A mancha do fracasso

O fracasso pode manchar o passado de um homem. Tem que definir o futuro de um homem? Jacob falhou muito em seus primeiros dias. Ele era um enganador astuto. Ele enganou seu pai e recebeu a bênção. Ele tratava sua esposa como um bem dispensável; ele não conseguiu assumir a liderança numa crise familiar (Gên 34); ele falhou em revelar o caráter de Deus às nações pagãs (Gên 34:30). No entanto, Jacó terminou seus dias como príncipe diante de Deus. Ele voltou para o céu com seu nome honrado entre os egípcios e sua alma em comunhão com Deus. Aproveitou a disciplina de Deus em sua vida, crescendo e sendo refinado pelo Mestre Oleiro.

Abraão conheceu o fracasso. Ele foi até Gerar (Gên 20) e mentiu sobre Sarah ser sua esposa. Deixado sozinho, ele teria colocado um sério obstáculo no caminho de Deus, cumprindo Sua Palavra a respeito de um filho nascido de Sara através de Abraão. Deus em misericórdia, interveio. Quando Deus repreendeu Abimeleque, Ele falou de Abraão como um Profeta (Deus nunca fala de forma negativa sobre Seu povo aos ímpios). O homem que foi criado para ser uma bênção para as nações tornou-se agora um obstáculo e um problema. Das profundezas da sua vergonha e futilidade, Abraão subiu às alturas de Gênesis 22 e à montanha em Moriá.

Jonas falhou em obedecer a Deus. Houve uma grande mancha em sua vida. Obstinação, intolerância, raiva, egoísmo e uma série de outras características carnais mancharam seu testemunho. No entanto, Deus o usou, e o Senhor Jesus falou dele em tom positivo no Novo Testamento, até mesmo empregando seu fracasso como uma imagem de Sua morte e ressurreição (Mt 12:39-41).

Tire os olhos da mancha. Se você reconheceu seu fracasso na presença de Deus, se arrependeu e o abandonou, Ele prometeu que isso foi perdoado. Se o fracasso foi grande e público, então a confiança e a confiança dos seus irmãos e irmãs levarão tempo para ser restaurada, mas a mancha do passado não precisa marcá-lo pelo resto da sua vida. João Marcos voltou de um fracasso e foi um servo proveitoso para Deus (2Tm 4:11).


A Cadeia da Paralisia

A ocupação excessiva com o fracasso pode levar à paralisia. Alguns são mais propensos à introspecção do que outros. Para alguns com objetivos irrealistas e tendências perfeccionistas, a consciência do fracasso pode ser devastadora. Personalidades inseguras tendem a ruminar sobre um comentário negativo, esquecendo-se dos 10 comentários positivos.

Elias ficou inativo por causa de expectativas irracionais, comparações prejudiciais ("Não sou melhor do que meus pais", 1 Reis 19:4) e sua mentalidade de "só eu" (v10). Em vez de continuar a representar o Senhor no Israel idólatra, ele estava sentado debaixo de um zimbro, no sul de Berseba. A sensação de seu próprio fracasso o dominou e o levou à paralisia em seu serviço a Deus.

Cada um de nós também pode ser vítima dessa mesma doença e ficar envolto em correntes de introspecção e autoanálise. O serviço estúpido que nunca é examinado não deve ser encorajado. É necessário um equilíbrio saudável ao avaliar os resultados do serviço e dos motivos.

Os resultados devem ser deixados com Deus. Os motivos devem ser examinados à luz da presença de Deus e de tudo o que não é consistente, confessado e reconhecido em Sua presença. Mas então Ele espera que voltemos à corrida e não encontremos um zimbro para nós mesmos.


O ganho da recuperação

Imagine a cena em sua imaginação. O Senhor Jesus revelou aos Seus discípulos em pelo menos quatro ocasiões que Ele ressuscitaria dos mortos após a Sua crucificação. No entanto, eles não acreditaram Nele. Ele apareceu a Maria que correu para contar aos discípulos; novamente eles não conseguiram acreditar em suas palavras. Ele apareceu aos dois na estrada de Emaús (Lucas 24) que retornaram para contar aos discípulos que Ele estava vivo (Marcos 16:12, 13); eles se recusaram a acreditar neles. Então Ele apareceu pessoalmente aos 11 que ainda estavam marcados pela incredulidade. Lemos que o Senhor "repreendeu-os pela sua incredulidade e dureza de coração, porque não acreditaram naqueles que O tinham visto depois que Ele ressuscitou" (Marcos 16:14). No entanto, logo em seguida, Ele lhes disse: "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho" (v14). Ele usou homens fracassados ​​e incrédulos para promover Sua obra no mundo.

Peter concordaria com tudo isso. Ele havia falhado pública e pateticamente ao lado da lareira na corte do palácio. Nem uma vez, nem duas, mas três vezes ele negou o seu Senhor. Restaurado, comissionado novamente e em comunhão com seu Senhor, ele deu um passo à frente no dia de Pentecostes e testemunhou do Senhor aos judeus que estavam em Jerusalém. Deus fez uma obra poderosa e Pedro foi o vaso, um homem quebrantado e falido, mas usado por Deus.

Que tipo de homens e mulheres Ele usa? Aqueles que aprenderam através do seu próprio fracasso, que são criaturas quebradas e fracassadas que devem depender constantemente Dele para capacitação, e que percebem que qualquer resultado positivo do seu ministério é devido a Ele e não a si mesmo. Ele emprega aqueles que começaram a aprender os seus próprios corações como um microcosmo daqueles a quem ministram. Ele emprega os fracassos e os torna frutíferos.


O Reino da Graça

Agir com desobediência consciente e vontade própria, pensando que, pela Sua graça, Deus corrigirá os nossos erros e trará benefícios, é abusar da graça. Deus é um Deus de graça incomparável e imensurável. Por maior que seja a Sua graça, não podemos presumir sobre Ele.

Contudo, para aqueles que reconheceram o seu fracasso e procuraram regressar ao Senhor, existe a maravilhosa realidade de que Deus pode realizar os Seus propósitos apesar do nosso fracasso. Deus é tão grande em Sua soberania e em Seus caminhos, que Ele é capaz de pegar o pior que os homens podem fazer e usá-lo para Sua glória.

O fracasso de Elimeleque em descer a Moabe (Rute 1) resultou em Rute sendo trazida para a linhagem do Messias. O fracasso de Davi com Bate-Seba custou-lhe caro (quatro filhos foram perdidos), mas Deus tirou disso um Salomão. Gômer mostrou-se infiel a Oséias, mas o Senhor usou isso para ensinar a Oséias algo sobre a tristeza do coração de Deus por Israel.

Os exemplos podem ser multiplicados e as ilustrações organizadas para mostrar que a graça é capaz de superar e redimir o passado. A lei da semeadura e da colheita ainda é válida; nem todos os resultados do pecado podem ser desfeitos. Mas Deus é capaz de extrair de nossas falhas aquilo que pode promover Sua obra entre outras. O Calvário permanece como um testemunho eloquente do fato de que Deus pode usar o pior dos homens e o pior que os homens podem fazer, para promover Seus propósitos.

A consciência da soberania de Deus nunca deve promover uma vida descuidada em nossas vidas. Deve, no entanto, servir de incentivo para darmos-Lhe o nosso melhor, reconhecendo o fracasso interior e o fracasso exterior, deixando tudo nas Suas mãos seguras e poderosas. Nunca permita que as nuvens do passado controlem o presente e cancelem o seu futuro. Dê a Deus o seu melhor!

Deus não quer que vivamos com o passado; Ele quer que aprendamos com o passado.



Higgins, AJ

14. Beber socialmente

O título deste artigo provavelmente terá despertado o interesse de vários leitores. Esta leitura destina-se a estimular o pensamento e o exercício espiritual nas mentes e nos corações daqueles que estão genuinamente à procura de orientação bíblica nesta área crítica da vida moderna.

Há muitos jovens alimentados pela curiosidade e pela intensa pressão dos colegas para "experimentarem algumas cervejas" com os amigos – com a justificativa de que "não há nada de errado com isso, desde que não se embebedem". Muitos casais jovens que estão começando na vida familiar enfrentam a pressão de desfrutar de vinho e champanhe junto com seus restaurantes finos, como parte de um estilo de vida sofisticado e em ascensão. Isso faz com que eles se integrem mais facilmente ao seu círculo de contatos sociais. É minha sincera oração que o Senhor use este artigo para fazer com que alguns recuem e olhem seriamente para o ensino bíblico relativo a este assunto – e que, como resultado, vidas, testemunhos, famílias e assembleias possam ser preservados da devastação e destruição causadas pelo álcool e pelas tragédias relacionadas com o álcool.

Precisamos reconhecer que há algumas coisas extremamente importantes que as Escrituras ensinam muito, muito claramente.


Embriaguez é pecado

Primeiro, as Escrituras afirmam clara, categoricamente e indiscutivelmente que a embriaguez é pecado! Paulo identifica a embriaguez como uma das "obras das trevas" e "concupiscências da carne", relacionando-a com coisas como orgias, imoralidade sexual e tumultos. "Andemos corretamente como durante o dia, não em orgias e bebedeiras, não em imoralidade sexual e sensualidade, não em brigas e ciúmes. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais nenhuma provisão para a carne satisfazer os seus desejos" (Rm 13:12-14 ESV).

Para os crentes em Corinto, a embriaguez era uma das características dos seus antigos dias injustos, e foi associada por Paulo a outros comportamentos vis e excessos pecaminosos. "Não se enganem: nem os imorais, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os homens que praticam o homossexualismo, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os vigaristas herdarão o reino de Deus. E assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, vocês foram santificados, vocês foram justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Deus" (1Co 6:9-11 ESV).

A embriaguez torna uma pessoa inadequada para a comunhão de uma assembleia local (1Co 5:11). Também é identificado em Gálatas 5:21 como uma das "obras da carne".


Perigo e danos

A segunda coisa que as Escrituras ensinam claramente é que as bebidas alcoólicas representam um perigo sinistro e subtil – prometendo prazer, mas no final provocando desastre. "Não olhe para o vinho quando ele é tinto, quando ele brilha na taça e desce suavemente. No final morderá como uma serpente e picará como uma víbora" (Pv 23:31-32 ESV). É uma armadilha perigosa pensar que você pode controlar o álcool – a Bíblia deixa claro que ele pode controlar você.

As Escrituras identificam numerosos exemplos de resultados vergonhosos, desonrosos e desastrosos daqueles que foram atraídos e enganados pelo consumo de álcool. A experiência de Noé, em particular, demonstra dramaticamente a pecaminosidade e a vergonha da embriaguez, e o perigo sinistro do álcool. Esta é a primeira vez que lemos sobre vinho nas Escrituras e, seguindo a lei da primeira menção, devemos, portanto, prestar muita atenção às lições ensinadas neste trágico incidente. Faremos bem em prestar atenção à experiência de Noé em Gênesis 9:20-21: "Noé começou a ser homem da terra e plantou uma vinha. Ele bebeu do vinho, embriagou-se e ficou descoberto na sua tenda." Este poderoso homem de Deus serviu fielmente ao Seu Senhor e foi usado de maneira única para preservar a vida na Terra durante o dilúvio do dilúvio. No entanto, ele escorregou tragicamente e, através do engano e da traição do álcool, encontramos este fiel espiritual deitado nu e bêbado na sua tenda, alheio à sua condição vergonhosa e totalmente inconsciente do que o rodeia. O trágico fracasso de Noé proporcionou a seu filho uma oportunidade para pecar, e a maldição resultante trouxe danos permanentes e irreversíveis.

Acrescente a isso as experiências de Ló (Gn 19:33), Nabal (1 Sm 25:36), Elá, rei de Israel (1 Rs 16:9) e Belsazar (Dn 5:23). O consumo de álcool está intimamente ligado à perda de controle e ao aparecimento de comportamentos excessivos. Este é o objetivo da exortação: "E não vos embriagueis com vinho, em que há excesso; mas sede cheios do Espírito" (Ef 5:18).


Moderação na bebida?

É provável que alguns leitores estejam ansiosos para perguntar se a moderação no consumo de álcool é razoável. Ninguém discordaria de que a embriaguez é pecado e que beber em excesso é totalmente inaceitável, mas será que as Escrituras proíbem beber com moderação? É sensato (ou seguro) presumirmos que nos é permitido qualquer comportamento que desejamos, desde que não seja explicitamente proibido nas Escrituras? Por exemplo, as Escrituras proíbem especificamente o uso de heroína ou cocaína? N

a grande maioria das decisões que devemos tomar todos os dias, não temos um endosso bíblico específico e detalhado ou uma proibição do comportamento que estamos contemplando. Em vez disso, recebemos princípios bíblicos claros que devemos aplicar de forma inteligente, guiados pelo Espírito de Deus, às escolhas que enfrentamos. Paulo escreve aos crentes em Filipos: "E rogo isto: que o vosso amor abunde cada vez mais em conhecimento e em todo o julgamento; Para que aproveis as coisas excelentes" (Filipenses 1:9-10). 

Hebreus 5:14 descreve crentes maduros como aqueles "que têm seus poderes de discernimento treinados pela prática constante para distinguir o bem do mal" (ESV).

Ao discernir o ensino das Escrituras sobre bebidas alcoólicas e muitas outras questões, devemos considerar, com cuidado e em espírito de oração, a relevância dos princípios gerais das Escrituras.


Fuja das luxúrias juvenis

As Escrituras são muito claras ao nos instruir sobre a atitude correta em relação às coisas que podem levar ao pecado. Como já foi observado acima, a embriaguez é claramente pecado. Romanos 13:12, 13 inclui-o como uma das "obras das trevas", e Gálatas 5:19-21 identifica-o como uma das "obras da carne". Somos advertidos a "não fazer provisões para a carne, para satisfazer as suas concupiscências" (Romanos 13:14). 

Em 2 Timóteo 2:22 somos exortados a "fugir também das concupiscências da juventude". É muito difícil ver como estas Escrituras podem ser entendidas como significando – "não há problema em tomar algumas bebidas socialmente, desde que você não fique bêbado". Parece muito mais razoável entender que significam "não brinque com álcool, pois é enganoso, pode levá-lo a pecados graves e tem a capacidade de destruí-lo". "Fugir" é uma instrução bastante clara; não é nada ambíguo! Isso não significa "não há problema em chegar perto, mas tenha cuidado". Significa "afaste-se o máximo possível e fique o mais longe possível!"


Autocontrole Espiritual

Existem várias passagens no Novo Testamento que exortam os crentes a serem sóbrios (1 Tessalonicenses 5:6; 2 Timóteo 4:5; 1 Pedro 1:13; 4:7; 5:8). Embora nestas passagens a palavra certamente se aplique de forma mais ampla do que apenas em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, o seu significado raiz é inconfundível. A repetida exortação para sermos sóbrios significa que, como crentes, devemos estar alertas, lúcidos, racionais e auto controlados; esses são os atributos de caráter que o consumo de álcool diminui rapidamente.

Isto é consistente com o ensino de Efésios 5:18: "Não vos embriagueis com vinho em excesso; mas seja cheio do Espírito". É interessante que o verbo "não embriagar-se" neste versículo não é o verbo padrão usado para embriaguez. A ênfase aqui não está apenas no estado de embriaguez, mas sim no processo que leva a isso. O Sr. WE Vine, em seu Dicionário Expositivo de Palavras do Novo Testamento, descreve o verbo como "um verbo inceptivo, marcando o processo" de ficar bêbado. Uma pergunta interessante a ser feita é: "qual é o processo que leva à embriaguez?" Bebendo! Em que fase começa esse processo? Com a primeira bebida!

O consumo de álcool leva à diminuição das inibições, ao comprometimento do julgamento, ao afrouxamento das restrições morais e à perda do autocontrole. Não existe um "número mágico" de bebidas onde esse processo começa. O Centro Nacional de Informações sobre Álcool e Drogas nos EUA publica "Gráficos de Imparidade" que ironicamente (e um tanto hipocritamente!) são distribuídos pelos Conselhos de Controle de Bebidas Alcoólicas em muitos estados. Gravado em grandes letras em negrito na parte inferior desses gráficos está o seguinte aviso: "A deficiência começa com sua primeira bebida". Esta declaração radical não está sendo feita por algum fanático religioso que defende a Bíblia, mas sim reconhecida pela própria indústria que fornece a bebida!


Abomine o mal

Romanos 12:9 contém uma exortação muito simples: "Abominai o que é mau". O verbo "abominar" é muito forte; significa literalmente "estremecer de ódio por alguma coisa". Existem poucas coisas na sociedade mais malignas do que o álcool. Causa estragos em famílias, indivíduos, comunidades e nações. Mais de 100.000 mortes são causadas nos EUA a cada ano pelo consumo excessivo de álcool. A Administração Nacional de Segurança no Trânsito Rodoviário dos EUA estima que uma pessoa morre a cada 33 minutos em todo o país em um acidente de trânsito relacionado ao álcool. Anualmente, mais 310.000 pessoas ficam feridas em acidentes onde o álcool é um fator. Como sabemos muito bem, não são apenas aqueles que bebem álcool que são afetados. Vidas inocentes são exterminadas por motoristas bêbados, filhos e cônjuges são vítimas de pais e maridos que abusam do álcool, agressões violentas e crimes são perpetrados constantemente por pessoas sob a influência do álcool. A instrução das Escrituras para o crente é inequivocamente clara: abomine o que é mau! 1 Tessalonicenses 5:22 torna isso ainda mais direto; devemos "abster-nos de toda forma de mal" (ESV).


Resista à pressão

Um outro princípio que precisamos de avaliar com honestidade e franqueza na nossa tomada de decisões relativamente ao consumo social de álcool é: "Porque é que eu escolheria beber?" Se a resposta a esta pergunta inclui qualquer sentimento de querer integrar-me com os amigos ou evitar o estigma social, ou imitar os estilos de vida, ou hábitos culinários das pessoas à minha volta, então preciso de dar um passo atrás e ver estas forças como elas são. As Escrituras deixam bem claro que o mundo exerce uma tremenda pressão sobre os crentes e procura nos moldar aos seus moldes em todas as oportunidades. Resistir a esta pressão é absolutamente fundamental para a sobrevivência espiritual. Mesmo que esta fosse a única razão para se abster de bebidas alcoólicas, seria abundantemente suficiente!


Não tropece

"É bom não comer carne, nem beber vinho, nem qualquer coisa em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça" (Romanos 14:21). Este é um princípio muito importante em toda a área do consumo social de álcool. Tragicamente, alguns crentes são influenciados a beber álcool não apenas pela sua exposição a companheiros não salvos na escola ou no trabalho, mas também pelo seu círculo de amigos e mentores "cristãos".

Poucas coisas, além do álcool, correm maior risco de fazer com que outro crente tropece ou fique fraco! Mesmo que você pense que consegue controlar seu consumo e não tenha consciência de beber moderadamente, e se alguém que você influencia não tiver essa habilidade e escorregar por um caminho destrutivo para o abuso de álcool e tudo o que ele traz? Você está preparado para assumir essa responsabilidade?


Mas e quanto a…?

Alguns dirão: "Jesus não transformou água em vinho?" Ou: "Paulo não disse a Timóteo para tomar um pouco de vinho?" Gostaria de exortar o leitor sincero a examinar cuidadosamente essas passagens e considerar biblicamente os argumentos sugeridos. Nenhum deles apresenta justificativa para o consumo de bebidas alcoólicas comuns na sociedade atual.

Alguns também alegarão que, em muitas culturas da Europa, o consumo de vinho é uma parte normal da vida familiar. A estes eu diria respeitosamente: Meu foco aqui e minha oração e fardo é para que muitas vidas sejam poupadas da dor, da destruição, da dor e da devastação que podem resultar de tomar o primeiro gole.


Ussher, Andrew

15. Sabendo o certo do errado 

"Eles mostram que a obra da lei está escrita em seus corações, enquanto sua consciência também dá testemunho, e seus pensamentos conflitantes os acusam ou mesmo os desculpam" (Rm 2:15 ESV). 

Todas as criaturas estão sujeitas a leis físicas, como a gravidade, que não podem ser quebradas. Os seres humanos também estão sujeitos a leis morais, como a caridade, que podem ser violadas. Nenhuma pessoa sã nega a realidade das leis físicas, uma vez que tentar quebrá-las produz resultados tão óbvios. No entanto, está na moda as pessoas negarem a realidade das leis morais, em parte porque as consequências de quebrá-las – embora severas e eternas – não são repentinas nem aparentes. As pessoas aprenderam a não desafiar as leis físicas, porque a natureza nunca perdoa. Deus, porém, tempera as exigências de Suas leis morais com misericórdia. Aproveitando-se, as pessoas contestam os padrões éticos de Deus, porque os consideram muito desconfortáveis, inconvenientes e impraticáveis.

Ao contrário dos animais, os humanos vivem em dois mundos ao mesmo tempo – um domínio físico e um domínio moral. Mais do que a racionalidade, mais do que a linguagem, é a nossa natureza moral que nos distingue até mesmo do animal mais elevado. Deus colocou um senso inato de certo e errado em nossas consciências. Todos os dias assumimos o dever humano de tomar decisões éticas. Os animais não fazem escolhas livres; seus genes e ambiente determinam o que farão. Nada feito puramente de matéria pode ser gratuito. Mas nós, humanos, espíritos feitos à imagem e semelhança de Deus (Gn 1:27), temos a capacidade e a responsabilidade de escolher entre o bem e o mal. Revelamos nossa natureza moral sempre que usamos palavras como deveria, não deveria, deveria, devo, certo e errado. Sempre que elogiamos ou culpamos, aplaudimos ou desprezamos, aprovamos ou desaprovamos, estamos apelando para um padrão ético partilhado e externo a nós mesmos. Sabemos, por intuição moral, por exemplo, que é errado enganar os amigos ou fazer com que os nossos filhos morram de fome.

Embora as pessoas discordem veementemente em muitas questões éticas, principalmente por razões tácticas, todas ainda apelam a um padrão universal. Aqueles que negam a santidade da vida defendendo o aborto continuarão a afirmar a santidade da vida opondo-se a outras formas de homicídio. Aqueles que zombam da ética bíblica uivarão em protesto se um dos seus valores mais preciosos for atacado. Se alguém disser: "Devíamos pavimentar todas as florestas tropicais", insistirá que o ambientalismo não é simplesmente uma questão de preferência pessoal e que todos deveriam acreditar como eles. E se a sua ética sexual permitir relações pré-matrimoniais ou homossexuais, eles ainda reconhecerão o mal do tráfico de crianças e da violação em encontros.

O darwinismo não pode explicar este sentido universal de certo e errado. A matéria sem vida não gera códigos morais e os genes egoístas não lucram com o dever ético. Considere o bom samaritano (Lucas 10:30-37). Ele agiu por alto altruísmo, colocando sua própria segurança e dinheiro em risco para ajudar um completo estranho de uma comunidade insultada. Como este comportamento não conferiu nenhum benefício reprodutivo, a evolução não pode explicá-lo. Da mesma forma, um jovem não obtém nenhuma vantagem em ceder seu lugar a uma senhora idosa num ônibus lotado. E claramente não era do interesse genético dos bombeiros subir correndo as escadas das torres em chamas do World Trade Center enquanto todos os outros fugiam em busca de segurança. A vida está cheia de deveres que a consciência nos diz que devemos cumprir, mesmo que não queiramos cumpri-los e não obtenhamos nenhum benefício deles.


O padrão absoluto: Deus é bom

"Fala a toda a congregação do povo de Israel e dize-lhes: 'Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo'" (Lv 19:2). 

Deus é o padrão absoluto de bondade. "Bom" é nada mais nada menos do que as qualidades éticas do próprio caráter de Deus (Êx 34:5-7). "Mal" é qualquer coisa que fica aquém da glória de Suas características morais, seja por um centímetro ou um quilômetro (Rm 3:23). Assim, fazer o que é certo é fazer o que o próprio Deus faria numa determinada situação, e Deus exige que nos comportemos exatamente dessa maneira (Mateus 5:48; 1 Pedro 1:16).

Por outro lado, se Deus não existisse, não poderia haver bem, porque separar Deus do bem não deixa nenhum padrão permanente. Fora de Deus, "certo" e "errado" são acidentes, não absolutos. Qualquer "bem" definido à parte de Deus só pode ser um consenso do que parece trazer mais prazer ou menos dor. O fundamento de tal "bem" ímpio repousa, portanto, na mera opinião humana, e não na base do próprio caráter de Deus. Sem a autoridade de Deus, não podemos explicar o dever: não temos base para passar do "prefiro" para o "devo", muito menos do "prefiro" para o "todos devem".

Assim, todos os sistemas éticos pertencem a um de dois campos. A primeira é de cima, a ética revelada, um sistema de comportamento vindo de Deus; a segunda é de baixo, a ética especulativa, produto do mero raciocínio humano. A primeira depende da autoridade divina, a segunda da preferência humana. A primeira é absoluta, a segunda relativa. O primeiro reconhece Deus, o segundo rebela-se contra Ele.


O relativismo é autodestrutivo

"Ai daqueles que chamam o mal de bem e o bem de mal, que fazem das trevas luz e da luz por trevas, que fazem do amargo doce e do doce amargo!" (Is 5:20 ESV). 

Satanás tentou Eva dizendo: "sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal" (Gn 3:5). Assim como Eva e Adão cederam a essa sedução, nós, seus descendentes iludidos, continuamos a definir o que é bom e o que é mau de acordo com nossos gostos. Moldamos nossa própria moralidade pelo mero poder de nossos sentimentos. De acordo com esta ética, não existem padrões absolutos: o que parece certo para mim é certo para mim, e o que parece certo para você é certo para você.

Isso se chama relativismo e não pode ser verdade. A própria afirmação "Não existe verdade absoluta" pretende ser verdade absoluta e, portanto, contradiz-se. A afirmação "É errado dizer que algo está errado" deve estar errada, como ele próprio admite. Tais declarações devem afirmar a existência da verdade e da moralidade para negá-las. Não precisamos de nos preocupar em contrariar tais declarações, porque elas derrotam a si mesmas.

Observe também que mesmo os relativistas radicais são altamente seletivos na aplicação do seu relativismo. Em outras palavras, eles são relativistas relativos. Passam a maior parte do tempo como absolutistas, porque o relativismo absoluto é fatal. Quando dirigem seus carros em direção a um cruzamento, não conseguem relativizar a situação. Eles sabem que a presença de um caminhão de cascalho que se aproxima não é uma questão relativa. Eles reconhecem que a luz não pode ser vermelha e verde ao mesmo tempo. Eles entendem que se seguirem na direção do caminhão não acabarão relativamente mortos, mas absolutamente mortos.


O erro do empirismo: todo mundo está fazendo isso

"Entre pela porta estreita. Porque larga é a porta e fácil o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Porque estreita é a porta e apertado o caminho que leva à vida, e são poucos os que a encontram" (Mateus 7:13-14 ESV). 

Esta Escritura adverte que, por causa da corrupção humana, é mais provável que as pessoas estejam erradas do que certas. Contra isto, no entanto, está a crença comum que equipara a bondade ao comportamento humano "normal" – o que a maioria das pessoas faz. Esta ética descarta a prescrição (o que as pessoas deveriam fazer) e concentra-se, em vez disso, na descrição (o que as pessoas realmente estão fazendo). Este ponto de vista extremamente popular explica porque é que as sondagens de opinião e os talk shows dominam a sociedade. As pessoas recorrem às pesquisas e aos especialistas para decidir em que devem acreditar e o que devem fazer. Certo e errado são decididos por maioria de votos. Se "todo mundo está fazendo isso", então baixar software pirata e compartilhar músicas roubadas deve ser aceitável.

Esta ética começa com "especialistas", que devem imediatamente levantar suspeitas. Os especialistas compilam estatísticas sobre o que os humanos fazem (ou admitem fazer, ou afirmam fazer). Por exemplo, os seus estudos podem mostrar que a maioria das pessoas é sexualmente ativa antes do casamento. Eles primeiro caracterizam esse comportamento como "comum" e depois o chamam de "normal", e depois de "autêntico" e, finalmente, de "bom". Se for bom, então é o que as pessoas deveriam (!) fazer. Assim, o que começou como descrição transformou-se em prescrição . Enquanto piscávamos, eles maliciosamente transformaram um "é" em um "deveria". A castidade, que "ninguém mais pratica", torna-se anormal, depois desviante e, finalmente, errada. Numa reviravolta diabólica, a virgem é agora estigmatizada em vez da não-virgem.

Curiosamente, esta ética parece aplicar-se apenas às obrigações sagradas (que eles querem menos) e às liberdades sexuais (que eles querem mais). Não funciona com ferimentos pessoais. Nenhuma pessoa sã diria que se a maioria das pessoas fosse ladrões, então o roubo seria uma coisa boa. O fato de algo ocorrer – digamos, abuso infantil – não significa que deva ocorrer. Ética significa dever – não o que é feito, mas o que deveria ser feito. Toda ação requer justificação moral, que o consenso não pode proporcionar. Se o valor ético de uma ideia é zero, não se aumenta o seu valor atribuindo-a a seis mil milhões de pessoas. Seis bilhões vezes zero ainda é zero.


O erro do utilitarismo: bons fins justificam maus meios

"E por que não dizer: 'Façamos o mal para que o bem venha'? — como somos caluniosamente informados e como alguns afirmam que dizemos. A condenação deles é justa" (Romanos 3:8). 

Outro erro comum confunde moralidade com utilidade; tudo o que funciona está certo. Esta ética deixa de lado motivos e meios e concentra-se estritamente nos resultados. Se uma ação produz um resultado positivo, deve ser boa. "O fim justifica os meios." De acordo com isto, deve ser bom distribuir seringas gratuitas aos viciados em heroína, ou mesmo legalizar a heroína, porque o resultado esperado é bom – menos criminalidade e menos novos casos de infecção pelo HIV. Da mesma forma, abortar crianças em gestação para produzir células estaminais deve ser bom, porque estas células podem eventualmente ajudar pacientes com doença de Parkinson.

Chamamos esse pensamento de "maquiavélico", porque Nicolau Maquiavel (1469-1527) promoveu essa ética utilitarista em O Príncipe: para manter seu controle (uma coisa boa), um príncipe deveria estar preparado para usar métodos enganosos e implacáveis ​​(também boas coisas, porque elas funcionam). A história está repleta desses "príncipes", e a nossa bússola moral partilhada diz-nos que os seus métodos têm sido maus e não bons. Todos sabemos intuitivamente que alguns atos são nobres e alguns são hediondos, totalmente independentes do que produzem.

A ética bíblica concentra-se no dever presente, não nos resultados projetados. Assim, qualquer ato que esteja em conformidade com o padrão de bondade de Deus é correto, mesmo que falhe; e qualquer ação que viole a lei de Deus é errada, mesmo que seja bem-sucedida. Os resultados são obviamente importantes, e bons objetivos justificam o uso de todos os bons meios para alcançá-los. Mas as regras superam os resultados. Mesmo o objetivo mais elevado não pode desculpar métodos perversos. Os resultados – que são impossíveis de prever ou calcular com precisão – são obra de Deus.


Prioridades conflitantes: a honra de Deus vem em primeiro lugar

"Mas Pedro e os apóstolos responderam: É necessário obedecer a Deus e não aos homens" (Atos 5:29 ESV). 

A maioria das escolhas morais são claras, mas às vezes os deveres morais colidem entre si. Por exemplo, Deus ordena-nos que obedeçamos ao governo civil, mesmo quando não concordamos com as suas políticas (Romanos 13:1; 1 Pedro 2:13-20). Contudo, se obedecer ao estado exige que desobedeçamos a Deus, então devemos desobedecer ao estado para agradar a Deus (Atos 4:19-20; 5:28-29). Aqueles que esconderam os judeus dos nazis durante a Segunda Guerra Mundial tiveram de enfrentar esta situação. O mesmo acontece com os contrabandistas de Bíblias.

Como pode a desobediência ao Estado ser errada num contexto e certa noutro? Porque alguns mandamentos são mais importantes que outros (Mateus 23:23). Deus prioriza valores morais absolutos em Sua Palavra e espera que obedeçamos à lei superior. (Não, isso não é relativismo. O relativismo nega os absolutos, enquanto a verdadeira moralidade afirma que cada absoluto é vinculativo de forma independente.) Quando dois deveres entram em conflito, devemos seguir a prioridade mais elevada de honrar a Deus (Lucas 10:27).


O Bem Supremo: Fazer a Vontade de Deus

"Ouçamos a conclusão de todo o assunto: Temei a Deus e guardai os Seus mandamentos: porque este é todo o dever do homem. Porque Deus trará a julgamento toda obra, até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau" (Ec 12:13-4). 

A verdadeira moralidade avalia motivos, meios e resultados. O motivo deve ser o amor, os meios devem ser a justiça e o objetivo deve ser a glória de Deus (1Co 10:31). Assim, a única ética verdadeira na vida é a vontade de Deus, que Ele graciosamente revelou em Sua Palavra (Romanos 2:18; 3:2; Salmos 19:7-14). O caráter moral de Deus nunca muda (Mal 3:6; Tiago 1:17), portanto segue-se que as obrigações morais que fluem de Sua natureza são absolutas. Imperativos como santidade, justiça, amor, veracidade e misericórdia são obrigatórios para todos, em todos os lugares, o tempo todo. "Sede santos", diz Deus, "porque eu sou santo" (Lv 11:45). O único Homem que satisfez e glorificou os padrões morais de Deus foi Seu próprio Filho (Is 42:1-2, 22). A nossa principal preocupação não é se deixamos pegadas de carbono, mas se caminhamos nas pegadas do nosso Senhor Jesus Cristo.


Vallance, David

16. Mas eu, sou apenas humano!

Todos nós já ouvimos essas falas. Talvez todos nós também tenhamos dito isso. "Eu sou só humano!" ou "Eu não pude evitar!" ou "Ninguém é perfeito!" ou "É assim que eu sou!" Nós os usamos quando sabemos que falhamos.

Ocasionalmente, podemos até culpar a nossa etnia como uma desculpa válida para uma explosão de raiva, perda de autocontrole ou simplesmente preguiça. Agora, há um elemento de verdade em algumas dessas declarações. Somos humanos, mas também somos cristãos, habitados pelo Espírito de Deus. Não somos perfeitos, mas nosso objetivo deve ser expresso pelo Senhor Jesus: "Sede vós, pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus" (Mateus 5:48). Não podemos mudar a nossa etnia terrena, mas como crentes "a nossa cidadania está nos céus" (Fp 3:20 ESV) e o nosso comportamento deve refleti-la.

Imagine um cenário em uma universidade pública onde todos os alunos receberam nota "D" em todas as aulas. Desculpas semelhantes estão sendo usadas pelos estudantes. "Ninguém é perfeito!" e "Todos nós temos nossas lutas!" e "Pelo menos eu passei!" são ouvidos em todo o campus. Indiscutivelmente, ninguém está falhando. Mas, obviamente, ninguém está conseguindo. O que acontecerá com a universidade? E que efeito o desempenho médio "D" terá sobre todos os envolvidos?


A inscrição sofre

Quantas pessoas vão querer se matricular em uma escola que produz graduados de baixa qualidade? Quantas pessoas não convertidas desejarão "inscrever-se" como cristãos quando testemunharem um comportamento abaixo do padrão por parte da comunidade cristã? Quando recusamos o perdão ou guardamos rancor por alguma ofensa cometida, será que alguma vez consideramos quão mal representamos o Senhor Jesus, que disse aos que O pregaram na cruz: "Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34)? Quando nos entregamos à carne e fazemos as mesmas coisas pecaminosas que os incrédulos fazem porque "somos apenas humanos", será que alguma vez consideramos que as nossas ações podem realmente impedir os perdidos de virem a Cristo (1Co 10:32-33)?


Padrões sofrem

Para que a universidade sobreviva, uma "solução" possível seria baixar os padrões acadêmicos. Por que não aumentar a escala de classificação de 10 pontos para 15 ou 20? Por que não escolher um currículo que exija menos dos alunos? Por que não acabar totalmente com os testes? E por que precisamos confiar tanto nos livros didáticos? Estas ações podem aumentar artificialmente as notas, mas não conseguem resolver o problema real. E, sem dúvida, quando os padrões são reduzidos, o mesmo acontece com o desempenho; o ciclo continua a espiralar para baixo.

Será possível que vivamos numa época em que os padrões espirituais da comunidade cristã estão a ser rebaixados? Afinal de contas, se confiarmos demais no livro didático (ou seja, na Bíblia) e o seguirmos muito de perto, as pessoas não pensarão que somos um pouco radicais? Se imitarmos muito de perto o comportamento do Senhor Jesus, as pessoas nos aceitarão ou gostarão de nós? Então, é realmente um problema se eu tomar alguns drinks com meus amigos? É realmente tão importante assistir a um filme com alguns palavrões, algumas insinuações e um pouco de violência? E por que precisamos ler a Bíblia e orar todos os dias? Por que precisamos assistir a tantas reuniões da assembleia? Por que devemos sempre pensar nas outras pessoas e tentar não ofendê-las? Tudo isso é tão exigente, demorado e "sou apenas humano!"

Como temos respondido a este tipo de atitude entre nós? Estamos dizendo: "É apenas a época em que vivemos". Ou estamos encolhendo os ombros dizendo: "Não podemos esperar muito das pessoas hoje em dia". Se for assim, isso acelera a queda na apatia. É importante lembrar que embora possamos baixar o padrão do desempenho cristão esperado, Deus não o faz. Isto aconteceu nos dias de Malaquias. O povo estava trazendo ofertas a Deus que estavam quebradas, manchadas e abaixo do padrão. A resposta de Deus? "Eu sou o Senhor, não mudo" (Ml 3,6).


A posição no futuro sofre

Parte de toda a experiência escolar é preparar os alunos para uma colocação e serviço eficazes neste mundo. Os alunos podem faltar às aulas e escapar impunes, mas descobrirão que faltar ao trabalho simplesmente não será tolerado. A desculpa usada na escola, "Isso é bom o suficiente para passar", simplesmente não será aprovada no mercado de trabalho. Um desempenho abaixo da média ainda pode render um diploma de uma universidade, mas provavelmente, eventualmente, só ganhará um recibo rosa de um empregador. Em contrapartida, é o aluno com notas altas, comprometimento inabalável e determinação inabalável que encontra um bom lugar e uma boa remuneração no mundo do trabalho.

Talvez precisemos nos lembrar que nosso desempenho atual como crentes nesta era é uma preparação para o serviço na era vindoura. A confiabilidade e a lealdade de grau "D" agora não receberão uma colocação de grau "A" no reino vindouro. O Senhor Jesus falou sobre esse reino em Lucas 19:11-28. 

Nesta parábola, os servos do nobre (Cristo) receberam talentos e esperava-se que lucrassem com eles durante sua ausência (isto é, nos dias atuais). Quando ele voltou para receber seu reino, o uso dos talentos foi avaliado. O primeiro servo pegou um talento e com ele ganhou dez. Sua posição no reino é então concedida: "Bem, bom servo; porque foste fiel no pouco, terás autoridade sobre dez cidades". O segundo servo pegou um talento e com ele ganhou cinco. 

Da mesma forma, ele é informado: "Sê tu também sobre cinco cidades". Mas o terceiro servo apenas embrulhou o talento que lhe foi dado, num lenço, sem obter lucro algum. A palavra para "lenço" é uma palavra latina sudarium de sudor (suor) transliterada para o grego e significa "pano de suor". O homem nunca teve a intenção de suar trabalhando, então apenas usou isso para aprimorar seu talento. Que posição ele recebeu no reino? Ele ouviu: "Tire-lhe o dinheiro e dê-o ao servo que ganhou dez vezes mais" (CEV). Seu problema não foi ter perdido o dinheiro que lhe foi confiado, mas não ganhou nada com isso. Você pode dizer que o esforço dele foi de grau "D". O homem não é expulso do reino, mas qualquer um que seja um mordomo pobre durante a ausência de Cristo sofrerá perda de recompensa e posição naquele reino futuro.


O gozo do presente sofre

Quão agradável pode ser a escola se nunca tentamos ter sucesso em um único curso? Assistir às aulas torna-se uma tarefa árdua e ler o livro um fardo. Mas se nossos desejos vão muito além do nível "D", a frequência às aulas é obrigatória e o livro didático é uma leitura crítica.

Como criaturas de Deus, fomos feitos para realizar. A primeira ordem declarada de Deus à humanidade envolvia administrar o governo e exercer responsabilidade (Gn 1:28). Depois que Deus criou Adão, ele foi imediatamente colocado no jardim e ali lhe foi confiada a responsabilidade (Gn 2:15). Somente quando fizermos o que Deus nos designou é que encontraremos realização nesta vida. No entanto, como disse Charles Swindoll: "O maior desperdício dos nossos recursos naturais é o número de pessoas que nunca alcançam o seu potencial". Quão agradável pode ser a vida se nunca tentarmos alcançar nada espiritualmente? Assistir às reuniões torna-se uma tarefa árdua e ler a Palavra de Deus torna-se um fardo. Mas quando almejamos o progresso espiritual de grau "A", a Palavra de Deus se torna um alimento rico e as reuniões da assembleia são positivamente vitais.

O rico e sábio Salomão escreveu consistentemente sobre como a vida é desagradável quando vivida sem considerar Deus como nosso bem maior. A frase que ele usa repetidamente em Eclesiastes sobre todo o resto é: "tudo é vaidade e busca pelo vento" (1:14; 2:11, etc., ESV). A conclusão do livro é impressionante e instrutiva: "O fim da questão; tudo foi ouvido. Teme a Deus e guarda os Seus mandamentos, pois este é todo o dever do homem" (12:13 ESV).


A qualidade da liderança sofre

Coloque-se no lugar de um professor nesta universidade onde nenhum aluno está prosperando. Ninguém faz perguntas na aula. Infelizmente, poucos assistem às suas palestras. E os poucos que comparecem dificilmente prestam atenção ao que você diz. Ninguém encontra você em seu escritório para obter mais ajuda. Você deu o seu melhor e isso não fez diferença. Ninguém se importa, ninguém tenta, ninguém aprende. Seu incentivo para ensinar está diminuindo. Se ninguém se importa, por que você deveria? Você gasta menos tempo se preparando. Na maioria das vezes, você decide simplesmente "improvisar". O mesmo se aplica a todos os professores e funcionários. Administradores, registradores, professores efetivos e até mesmo reitores perderam o ímpeto de realizar. A motivação dentro da escola praticamente desapareceu. A qualidade do ensino e da liderança está em constante declínio.

Nem é preciso dizer que nosso comportamento, atitude e desempenho impactam significativamente as pessoas ao nosso redor, entre elas aquelas que procurariam nos liderar e nos ensinar. Coloque-se no lugar de um professor numa assembleia onde ninguém quer crescer. Ninguém lhe dá nenhum feedback sobre a mensagem que você pregou. Ninguém faz perguntas de acompanhamento. Os poucos crentes presentes estão enviando mensagens de texto durante a reunião e brincando com aqueles que estão sentados ao lado deles. Ninguém balança a cabeça em concordância enquanto você fala (exceto aqueles que balançam a cabeça enquanto dormem). Ninguém diz: "Amém!" para qualquer coisa. Se ninguém se importa, por que você deveria? Por que mergulhar no texto das Escrituras e passar horas estudando se ninguém vai ouvir? Quando solicitado a falar, você simplesmente passa os olhos pelo material porque pensa: "Isso será bom o suficiente para eles". Não há incentivo para levar o ensino a sério, pois se ninguém está ouvindo a Palavra de Deus, como pode haver expectativa de obedecer à Palavra de Deus? Portanto, a qualidade do ensino e da liderança é prejudicada.


Um novo semestre

Existe uma maneira de parar o deslizamento e reverter o curso. Primeiro, devemos perceber e admitir a nossa própria fraqueza. Somos pecadores. Somos criaturas caídas. Mas ser pecador não é desculpa para pecar e ter caído não é desculpa para não tentar voar.

Em segundo lugar, devemos aceitar total responsabilidade pelos nossos fracassos. Há algo mais profundo por trás da frase "Sou apenas humano". Nesta declaração há um desejo de transferir a culpa pelo meu comportamento ou desempenho para alguém ou alguma outra coisa. É fundamental para o nosso desenvolvimento espiritual admitir que somos os únicos responsáveis ​​pelas nossas falhas e pecados. Terceiro, temos de decidir que um "D" no boletim escolar é inaceitável e temos de visar muito mais alto. Como crentes, temos os recursos disponíveis para obter as melhores notas. O Espírito de Deus é o melhor Professor (João 16:13), a Palavra de Deus o melhor livro didático, e temos a mente de Cristo (1Co 2:16). Por que não começar um novo semestre em sua vida agora mesmo?


Peterson, David