Lei e Graça

07/05/2024

1. Você guarda o sábado?

O sábado é mencionado frequentemente na Bíblia, especialmente no Velho Testamento. Estas constantes menções indicam que o assunto é muito importante e merece um estudo cuidadoso. Em nossos dias é um assunto polêmico, mas nem por isso devemos deixar de examiná-lo. Devemos, sim, deixar de lado o que os homens falam e considerar o que as Escrituras Sagradas dizem a respeito. Vamos observar primeiramente o que a Bíblia revela sobre,


A História do Sábado

Embora não encontremos a palavra "sábado", na Bíblia, até chegarmos em Êxodo capítulo 16, cerca de 2.500 anos depois de Adão, a doutrina do sábado começa com a criação do homem, quando Deus trabalhou seis dias e no sétimo dia descansou de toda a Sua obra. "E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou" (Gn 2.3). Apesar do silêncio da Palavra de Deus quanto ao sábado, nos primeiros 2.500 anos da história humana, é provável que os fiéis o observassem durante aquele tempo. Quando Israel estava no deserto, Deus lhes deu o maná durante seis dias e avisou que no sétimo dia não haveria maná, pois aquele dia era "o santo sábado do Senhor" (Ex 16.23). Esta declaração, sem nenhuma explicação, leva-nos a crer que o sábado não lhes era desconhecido. Notemos, a seguir,


O Sábado Dado a Israel

Nos dias de Moisés o sábado foi dado à nação de Israel (Ex 16.29) e a partir daquele tempo a sua história fica mais clara. Ele foi incluído nas leis da aliança que Deus fez com Israel, sendo escrito pelo dedo de Deus na tábua de pedra, e também por Moisés no livro da lei (Ex 24.4; Dt 31.24). Entre as outras leis, o sábado assumiu um lugar destacado para Israel, pois Deus o deu por sinal da aliança. Assim como Deus estabeleceu a circuncisão como sinal da aliança que fez com Abrão (Gn 17.11), o sábado foi estabelecido como sinal da aliança entre o Senhor e Israel (Ex 31.13,17 e Ez 20.12).

O sábado não foi dado às outras nações, mas exclusivamente a Israel, como sinal da sua posição privilegiada, em concerto com o Senhor. Este fato é confirmado quando Moisés exortou o povo e disse: "E que gente há tão grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que hoje dou perante vós?" (Dt 4.8). A lei, incluindo o sábado, foi dada com exclusividade a Israel. Notemos, ainda,


O Sábado Ampliado

Ao dar o sábado a Israel, Deus o ampliou. A partir daquele tempo o sábado não seria apenas o sétimo dia de cada semana: mais dias além do sábado, seriam "sábados do Senhor". O Dia da Expiação, por exemplo, que é o décimo dia do sétimo mês, seria "sábado de descanso" (Lv 16.29-31), mas este dia poderia cair no começo, no meio, ou no fim da semana, dependendo do ano.A terra também teria o seu sábado. O povo poderia cultivar a terra seis anos, mas o sétimo seria "sábado de descanso para a terra, um sábado ao Senhor" (Lv 25.4). Naquele ano não poderiam semear o campo, nem podar a vinha. Mas convém que notemos, agora,


O Sábado Profanado

Israel foi infiel; não guardou os sábados ao Senhor. Profanou o sábado ainda no deserto, antes mesmo de entrar na terra prometida. Referindo-se àqueles anos no deserto, Deus disse: "Também lhes dei os meus sábados... mas... Israel se rebelou contra mim no deserto... e profanaram grandemente os meus sábados" (Ez 20.12-13). Após a entrada na terra, a avareza levou o povo a considerar o sábado como um peso desagradável e difícil de suportar. Diziam: "Quando passará o sábado, para abrirmos os celeiros de trigo, diminuindo o efa, e aumentando o siclo"(Am 8.5). Tal hipocrisia era insuportável a Deus e a repreensão veio nas palavras do profeta: "O incenso é para mim abominação... e os sábados; ... não posso suportar iniquidade, nem mesmo o ajuntamento solene" (Is 1.13).


O Sábado Interrompido

Por causa daquela iniquidade e hipocrisia, Deus tirou de Israel os Seus sábados. Ele disse, por intermédio do profeta: Farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus sábados..."(Os 2.11). Ele afirmou ainda, através de Jeremias: "O Senhor em Sião pôs em esquecimento a solenidade e o sábado, e na indignação da Sua ira rejeitou com desprezo o rei e o sacerdote" (Lm 2.6). 


O Sábado Reestabelecido

Apesar da profanação do sábado por parte de Israel, Deus não abandonou o Seu propósito. Ele ainda há de restaurar o Seu povo e esta nação ainda guardará os sábados ao Senhor. As promessas feitas a Abrão serão cumpridas e o sábado será observado. Descrevendo aqueles dias gloriosos que ainda estão por vir, Ezequiel fala dos holocaustos e das ofertas que serão trazidas nas luas novas e nos sábados (Ez 45.17). 

O mesmo profeta fala da porta do átrio interior do templo que será reconstruído e diz que "estará fechada durante os seis dias, que são de trabalho; mas no dia de sábado ela se abrirá" (Ez 46.1; veja também Ez 46.3, 4, 12). Agora, voltemos a nossa atenção para,


Um Detalhe Importante

Considerando a história do sábado, é importante observar que não há mandamento algum para a igreja guardar o sábado. E isto não é uma omissão. Deus não omitiu da Sua Palavra coisa alguma que fosse necessária ao Seu povo (veja 2 Tm 3.17). Longe de apresentar qualquer mandamento para guardar o sétimo dia, o Novo Testamento mostra que o cristão que estima um dia acima do outro é um cristão fraco (Rm 14.1-6). 

Reforçando isto, Paulo disse, escrevendo aos Colossenses: "Portanto ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados" (Cl 2.16). Vemos, ainda, que, na carta aos Gálatas, escrita a igrejas que estavam começando a guardar dias, Paulo disse: "... Agora, conhecendo a Deus... como tornais outra vez a estes rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias... receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco" (Gl 4.9-11). Esta preocupação do apóstolo com relação aos gálatas deixa muito claro que o cristão que guarda o sábado, ou qualquer outro dia, está cometendo um erro gravíssimo e está jogando por terra a obra que Deus está fazendo.


O Propósito e o Significado do Sábado

Um dia, quando o Senhor passava pelas searas, com Seus discípulos, estes começaram a colher espigas e foram severamente criticados pelos fariseus (veja Marcos 2.23-28). Respondendo às críticas, o Senhor afirmou ser o Senhor do sábado e revelou, pelo menos em parte, o propósito do mesmo.


Para o Homem

Ele disse: "O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado" (v. 27). O sábado nunca foi uma restrição, ou uma exigência pesada que Deus impôs ao homem, mas sim uma bênção. Deveria ser uma ocasião alegre e benéfica para o homem.

No Velho Testamento vemos a maneira como este dia deveria ser uma bênção para o homem. Traria benefícios físicos, pois seria um dia de descanso depois de seis dias de trabalho (Êx 20.10). 

Quando esta lei foi dada a Israel, Deus relacionou este descanso semanal com a Sua própria obra na criação: "Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar, e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou: portanto abençoou o Senhor o dia de sábado, e o santificou"(Êx 20.11). Quando, porém esta lei foi repetida na campina ao oriente do Jordão, Deus mencionou outro propósito do sábado. "Guarda o dia de sábado...seis dias trabalharás... mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra nele...Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e braço estendido" (Dt 5.l2-13).

O sábado, portanto, seria um dia de descanso físico e também seria um dia de recordação das bênçãos recebidas do Senhor. Seria uma bênção para o corpo e também para a alma.


Para Deus

Foi de facto uma dádiva preciosa que Deus deu ao povo de Israel (Êx 16.29), mas convém observar que não é somente "o sábado do Senhor" (Êx 16.23), é também "um sábado ao Senhor" (Êx 31.15). Ao mesmo tempo que proporcionava descanso e refrigério ao homem, deveria proporcionar algo também a Deus. Ao deixar de lado a preocupação com as coisas materiais, o homem deveria ocupar-se com as coisas espirituais, e assim Deus receberia adoração e louvor.Além do propósito imediato de proporcionar ao homem descanso e trazer a Deus honra e louvor, havia algo mais, na celebração do sétimo dia. Era uma sombra "das coisas futuras" (Cl 2.17). Vejamos vários aspectos disto.


O Descanso em Canaã

Logo que o pecado entrou no jardim do Éden, o descanso de Deus foi interrompido e Ele se pôs a trabalhar (Jo. 5.17). O sábado não seria mais uma expressão do descanso do Criador, mas sim, uma sombra dum descanso futuro, baseado na obra perfeita terminada pelo Senhor Jesus Cristo.

Em primeiro lugar, prefigurava o descanso que Deus queria dar ao povo de Israel em Canaã. Moisés disse àquele povo: "Até agora não entrastes no descanso ...mas passareis este Jordão, e habitareis na terra que vos fará herdar o Senhor vosso Deus; e vos dará repouso dos vossos inimigos... "(Dt 12.9-10).

Num sentido limitado, este descanso foi alcançado nos dias de Josué, pois "o Senhor lhes deu repouso em redor, conforme a tudo quanto jurara a seus pais"(Hb. 4.8). O descanso em Canaã não permaneceu, e Deus falou ainda dum descanso futuro (Sl 95.8-11).


Descanso para o Mundo no Milênio

Um dia Satanás será preso no abismo (Ap 20.1-3); todo inimigo será derrotado (1 Co 15.25); a criação deixará de gemer (Rm 8.22-23); e a terra há de gozar o seu sábado. O profeta anunciou isto ao dizer: "Já descansa, já está sossegada toda a terra! exclamam com júbilo" (Is 14.7). O mesmo profeta ainda disse: "As nações perguntarão pela raiz de Jessé, posta por pendão dos povos, e o lugar do seu repouso será glorioso"(Is 11.10).


O Descanso Eterno

Este maravilhoso descanso milenar, porém, não perdurará. Satanás será solto da sua prisão e sairá para enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, liderando uma última rebelião contra Deus. Mas ele será derrotado, e lançado no lago de fogo. Os mortos serão julgados e haverá um novo céu e uma nova terra onde habita a justiça (2 Pe 3.13 e Ap 21.1). Deus será tudo em todos e será glorificado naquele descanso eterno.


O Descanso presente em Cristo

O sábado é a sombra; a substância é Cristo (Cl 2.16-17). Por isto, não nos ocupamos mais com a sombra; temos a substância. Não guardamos o sábado; descansamos em Cristo. Esta verdade é apresentada mais detalhadamente na carta aos Hebreus.


O Sábado à Luz de Hebreus 3 e 4

A carta aos Hebreus mostra a superioridade de Cristo. Ele é Deus (cap. 1) e, portanto, superior aos anjos. Ele Se fez homem (cap. 2), mas continua superior a todos os homens. Os capítulos que estamos considerando mostram como Ele é superior a Moisés e a Josué. Estes não conseguiram dar ao povo aquele descanso verdadeiro, mas nós, pela fé no Senhor Jesus Cristo, já entramos no repouso (4.3).


O Repouso

A questão do repouso é introduzida com uma citação do Velho Testamento, tirada do Salmo 95.8-11, já anteriormente citada no capitulo 3.7-11. O escritor quer demonstrar que o Senhor Jesus é maior do que todos os homens. Os que saíram do Egito deveriam ter entrado no descanso em Canaã, mas pela desobediência e incredulidade, seus corações foram endurecidos e Deus jurou na Sua ira que não entrariam no Seu descanso. Este fato serve de exortação aos leitores, para que não venham a cair no mesmo erro (3.12-13). Poderiam ter ouvido as boas novas, mas se o coração se endurecesse pelo engano do pecado não entrariam no repouso desejado (3.13). Muitos têm mal interpretado esta passagem e, nela baseados, afirmam que o crente pode perder a salvação, mas veja bem que não é isso o que o texto sagrado diz. O Deus afirma e: "A qual casa somos nós, se tão-somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim" (3.6). Note bem que não diz que "seremos", mas que "somos", agora, no presente, a casa de Deus. Ele não diz que somos enquanto conservarmos firme, mas que já somos a casa de Deus se conservarmos firme. Isto é, a palavra "se", neste caso, não introduz uma condição, mas, sim, uma evidência. Os hebreus, a quem a carta foi dirigida, professavam ser a casa de Deus, mas alguns poderiam não ser verdadeiros. A realidade da sua profissão seria manifesta pela sua permanência. Veja isto com mais clareza no versículo 14 – "...nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim". 


O verbo "tornamos"refere-se a algo já acontecido — é o tempo perfeito no texto original. Ele não está dizendo que vamos participar de Cristo se retivermos firmemente, e, sim, que já participamos de Cristo há muito tempo. A palavra se, no caso, não é condicional, pois se o fora, o versículo não teria sentido. O ensino claro destes dois versículos é que aquele que permanece é aquele que creu e aquele que não permanece demonstra que nunca creu. 

No capítulo 4 o Espírito volta a destacar o perigo de não entrar no repouso de Deus: "Temamos, pois que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás" (v. 1). Observe, porém, que o texto não fala da possibilidade de ser expulso dum repouso já alcançado, mas, sim, da possibilidade de não chegar a entrar no repouso esperado. É isto o que vemos no Salmo 95: a geração que saiu do Egito não entrou em Canaã. É isto, também, o que Hebreus 4 ensina: alguns que querem entrar no repouso de Deus poderão não entrar. Aqueles que saíram do Egito ouviram as boas novas e esperavam entrar, mas caíram no deserto. Como o texto afirma, nada disto lhes aproveitou, porquanto não estava misturado com a fé. É possível ouvir as boas novas e abandonar o mundo e, contudo, não entrar no descanso porque, na realidade, não creu. 


Mas o contraste no versículo seguinte é notável: "Nós, os que temos crido, entramos no repouso" (v. 2). Aqui vemos novamente que a fé é o meio pelo qual entramos no repouso. Eles (v. 2) não entraram porque não creram; nós (v. 3) entramos (presente) porque temos crido (passado). Quem não crê, não entra. Quem creu, já entrou.

Tudo é relacionado com o descanso de Deus no sétimo dia (v. 4), mostrando que aquele repouso de Deus na obra completada pela criação era uma sombra do repouso que o crente tem agora em Cristo. No versículo 5 vemos mais uma vez que o incrédulo jamais entrará neste descanso.

A partir do versículo 6, o Espírito Santo torna a falar do descanso concedido em Canaã, mostrando que não correspondeu plenamente à sombra, pois, de outra sorte, Davi não teria, no Salmo 95, falado de outro dia. Isto leva logicamente à conclusão de que "resta ainda um repouso (literalmente, "um sábado de repouso") para o povo de Deus" (v. 9).

O sábado do Velho Concerto, portanto, era uma sombra do descanso que gozamos hoje em Cristo. O assunto é concluído com uma afirmação e uma exortação.

A afirmação: "Aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou das suas obras, como Deus das suas" (v. 10). Quando descobrimos que as nossas tentativas de alcançar a vida eterna eram inúteis e deixamos de confiar em nossas justiças, orações, obras, etc., e confiamos no Senhor Jesus Cristo e no valor da obra consumada na cruz, descansamos das nossas obras e entramos no descanso de Deus.A exortação: É dirigida àqueles que ainda não entraram no repouso de Deus e diz: "Procuremos entrar... para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência" (v. 11).


A Conclusão

O Sábado foi uma dádiva preciosa que Deus concedeu ao povo de Israel, mas aquele povo não apreciou. Era uma parte integrante daquela lei do velho concerto e traz lições preciosas para nós, cristãos, no dia de hoje, sendo uma sombra do nosso descanso espiritual em Cristo. 

Mas aquela "cédula que era contra nós" foi riscada (literalmente, apagada, como quando se apaga o que foi escrito numa lousa) e tirada do meio de nós pela cruz de Cristo (Cl 2.14). Continuando este ensino, o Espírito Santo pergunta: "Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam AINDA de ordenanças...?" (Cl 2.20).

Nesta Escritura Deus mostra claramente que o cristão não deve guardar a lei do velho concerto (isto inclui o sábado), pois tal lei foi apagada e tirada do meio de nós. Na carta aos Gálatas, porém, Deus apresenta, por meio duma alegoria, a nossa responsabilidade nesta parte. 

Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre. Na alegoria, Agar, a escrava, representa o velho concerto firmado no monte Sinai, enquanto Sara representa o novo. Na conclusão da alegoria, Deus diz: "Lançai fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre" (Gl 4.21-31). Temos a responsabilidade de lançar fora o velho concerto, bem como as consequências que ele produz, pois de modo algum poderão os dois concertos conviver um com o outro.

Portanto, em Colossenses vemos o lado divino desta mudança — Ele apagou a "cédula", tirando-a do meio de nós (Cl 2.14), mas em Gálatas vemos o lado humano — nossa responsabilidade de lançar fora o velho concerto, inclusive o sábado.


Por Ronald E. Watterson

2. Somente pela graça

Não foram poucas às vezes em que me perguntei o que poderia fazer para agradar a Deus e ser recebido por Ele. Como resposta, a minha própria consciência, absolutamente carregada de conceitos e concepções h uma nas sobre "justiça", me apontava – "faça isso – faça aquilo" , ou – "não faça isso – não faça aquilo" . Pensava eu que, se fizesse ou não desta, ou daquela forma, iria Agradá-lo e certamente que isto me elevaria em Sua presença e me tornaria um "merecedor" de algo vindo das Suas Santas mãos.

Quando eu descobri que estava enganado, e que não h avia nada em mim que eu pudesse fazer para me aproximar de Deus? Quando, reunido ao Nome do Senhor Jesus para estudo da Palavra, ouvi de um irmão que explanava em voz alta o que lera naquele momento, e dizia:

Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma, pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado;

Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus.Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis.Não há quem faça o bem, não há nem um só. (Romanos 3:9-12)

Estas palavras me trouxeram de volta ao meu lugar! Me relocalizaram, arrastando-me do meu fantástico mundo existencial, onde me achava merecedor de algo, ou sobre alguém, ou de alguma forma. Elas foram ditas pelo apóstolo Paulo com o objetivo de alertar os cristãos de Roma – e consequentemente toda a Igreja de Cristo – de que não há entendimento natural no ser humano para querer Deus, para querer buscar por si mesmo Seus Santos intentos, já que todos os homens extraviaram a ponto de serem considerados inúteis, em razão do pecado matriz (original) cometido no Jardim do Éden e fidedignamente registrado na Palavra de Deus em (Gn 3:1-7):

"Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais.

Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.

E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela .

Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais" .

Daí o leitor da carta provavelmente se perguntará como( eu me perguntei) – "por que há um pecado matriz e isso torna os homens inúteis e injustos por natureza, se eu sou uma pessoa honesta, de bom caráter e fiel aos meus compromissos e à minha família?".

Neste sentido, a Palavra de Deus insiste em fomentar a triste realidade humana, ao mesmo tempo, em que esclarece estes "porquês". A primeira é que, por um homem pecaminoso (Adão), a morte entrou e passou a reinar sobre a raça humana, sujeitando-a à pena da inutilidade e da injustiça, visto que o juízo de Deus sobre aquele pecado fora estendido à natureza dos demais por causa Sua da JUSTIÇA; A segunda, é que por outro homem (Cristo Jesus) uma nova legislação fora instituída e esta pena fora transferida para seus ombros – através do Seu Sacrifício Salvífico – tornando possível que os indivíduos desta mesma raça recebam uma nova natureza e vivam eternamente (Rm 5:12, 16-17 e 1 Cor 15:21-22):

Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram.

E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou. Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.

Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.

Quando entendemos nosso estado de miserabilidade e os motivos pelos quais estamos nesta situação, devemos imediatamente nos colocar na posição de quem precisa ser agraciado para sairmos dela ilesos, caso contrário pereceremos ali, visto que "não há nenhum homem sequer, nem um só" que possa desvencilhar-se das garras da escuridão da morte que o cerca, por conta própria, por natureza, por excelência! Quando entendemos que o nascimento de qualquer pessoa ocorre sob a égide de um pecado matriz, ou seja, original, e que esta novata vida não pode desejar a Deus (seu Criador) por conta da injustiça que impera nela originariamente – em sua natureza – também compreendemos o quão miseráveis e dependentes somos, já que um dia nascemos naquela mesma condição. Pois é meu caro amigo, foi exatamente assim que eu me senti!

À vista destas coisas, pior ainda nos parece saber que há um fim para todas estas coisas. Nascemos, vivemos, trabalhamos, amontoamos tesouros durante nossa vida, geramos filhos, formamos opiniões e influenciamos pessoas, enfim, mas o que não podemos negar é que, fatalmente, MORREMOS ao fim e, tudo que parecia ser abundante, perde a razão de ser! Deixamos nossos filhos, esposas (às vezes até pais e mães), empregos, conquistas, posses, opiniões, influências, qualificações e intelecto para trás, em uma viagem sombria através da morte,que é certa para todo aquele que nasce nesta terra. E neste momento de partir, sejam jovens, sejam velhas, a esmagadora maioria de pessoas se pergunta – "E agora? Para onde eu vou?" . Não se engane, por muitas vezes eu também me perguntei isso.

Embora busquemos opiniões alheias entre amigos, par entes e conhecidos sobre o assunto; embora a televisão, os rádios, a internet e suas redes sociais estejam proclamando algo que pareça soar o gongo do evangelho de Cristo, poucos se indagam sobre: "o que a Palavra de Deus está nos dizendo até agora sobre isto?" É nela (bíblia) que devemos buscar! Há verdades incontestáveis na Palavra de Deus, como a que diz que o nascer e o morrer tem uma razão de ser e que esta condição foi implantada fraudulentamente por um agente extremamente averso à raça humana (satanás), que ludibriou o entendimento do homem para que tentasse buscar ser como Deus. É cristalino que o diabo, na figura daquela serpente no jardim do Éden (Ap 20:2), vendeu para Eva exatamente a ideia que auto alimentou no tempo em que ainda habitava no céu, de que havia possibilidades de alguém ser como ou maior do que Deus (Is 14:12-13)ledo engano.

Como o homem entregou o Senhorio de Deus sobre sua vida "de bandeja" a satanás, foi sentenciado com as penalidades imposta sem Gênesis 3, dentre elas, a pena da morte, que amaldiçoou "toda a terra" por causa da justiça de Deus no julgamento do caso, como vemos: (Gn 3:17-19):

E a Adão disse: Porquanto destes ouvidos à voz de tu a mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.

Assim, prezado leitor, não resta nenhuma dúvida de que a paga pelo pecado original, NADA tem a ver com sua conduta moral, envolvendo seu caráter, fidelidade ou transparência nos negócios, ou na família. Na verdade, o buraco se encontra bem mais fundo do que imaginamos para sequer tentarmos sair dele por conta própria! É inútil tentar, pois somos miseráveis e injustos por natureza, lembra? Nascemos assim.

Então, já se pode resumir alguns porquês e contar com, pelo menos, três respostas sobre a vida e a morte: 

1) que nascemos condenados à morte; 

2) que isto ocorre por causa do julgamento e justiça de Deus sobre o pecado cometido por UM homem no início da criação (Adão), que ficou denominado como "pecado original" e alcançou toda a raça; 

3) que, mesmo diante deste caos existencial, UM outro homem (Cristo) decidiu sacrificar-se para levar sobre si a pena imposta por Deus por conta deste pecado imputado à raça humana.

Este homem é uma manifestação do Próprio Deus, e se chama JESUS CRISTO. Seu nome é doce e sublime, que agrega ao ser humano a mais perfeita paz, da qual é coroado príncipe (Is 9:6). E graças a Ele, as notícias daqui por diante são demasiadamente maravilhosas, pois elas dão conta de que esta anistia, este perdão pelo pecado original é um feito já realizado, consumado e à espera daqueles que creem no Seu Excelso Nome, para a ressurreição da vida!

Isso mesmo, se havia uma última pergunta a ser feita, certeiramente seria esta: "como este homem – JESUS CRISTO – fez para pagar a conta que devíamos a Deus por causa do pecado original?" . Simples, a palavra de Deus nos responderá, sem que seja necessária nenhuma intervenção (Rm: 5-18):

Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida .

Qual ato de Justiça seria este, que trouxe graça sobre todos os homens, de forma que todos pudessem ser justificados para vida eterna e livres da pena imposta por Deus à raça humana, ainda lá na criação? Um ato de amor, de sacrifício, de entrega, de renúncia a si mesmo, quando deixou a sua glória, esvaziou-se de si mesmo, e nasceu em carne, na pessoa de Jesus, até revelar-se o CRISTO – O FILHO DE DEUS – para morrer por você, por mim, por todos nós crucificado, mesmo sem portar nenhum pecado. Desta forma, Deus provou seu amor para conosco, e cumpriu o plano salvífico que havia estabelecido, já que nenhum sacrifício é pleno sem sangue. Neste caso, Ele derramou o Seu, incontestavelmente inocente, mesmo assim o derramou! (Rm 5:8, Fl 2:5-8 e 1 Cor 15:3):

Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.

Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras,

De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.

Não só deixou a Sua Glória para nascer e morrer entre nós (por nós), mas para vencer a morte, ressuscitar ao terceiro dia e ser recebido no céu, à direita de Deus Pai, a interceder pelos homens que creem genuinamente em Seu Nome e Obra, afim de JUSTIFICÁ-LOS diante de Deus, para que não paguem a pena que lhes estava arbitrada na sentença do Éden, conforme já comentamos: (Lc 24:3-7, 1 Cor 15:20 e At 13:30)

Sobre sua ressurreição:

E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus.

E aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes.

E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galileia, Dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite.

Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem.

Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos.

Sobre sua ascensão ao céu e promessa de retorno para buscar aqueles que creram no poder do Seu Nome e Obra (Mc 16:1, At 1:9-11, João 14:2-3, Ap 22:20):

Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus.

E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco.

Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.

Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.

Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém. Ora vem, Senhor Jesus.

Esta é a boa nova não somente de hoje, mas de toda a nossa vida, para mim (que um dia entendi que não havia nada a se feito e m obras para alcançar o favor de Deus) e para você que parou para ler este breve comentário a saber, que Cristo – sendo Deus – esteve aqui nesta terra, foi crucificado e morre u para pagar os pecados que eu e você deveríamos pagar, única e exclusivamente por GRAÇA! Vendo-nos sem condições, Sua Justiça somente permitiria duas hipóteses: ou Ele dizimava (exterminava) a sua criação deturpada, ou Ele pagava legalmente o preço pelo resgate dela, ainda que caríssimo. Pois é, Ele escolheu nos substituiu naquela Cruz e optou pelos cravos, mantendo sua Palavra até o fim! Após triunfar sobre a morte (o que jamais seríamos capazes sem estar em Cristo), deixou as palavras corretas para nos conduzir ao esconderijo da sua graça, através unicamente da FÉ em Seu Glorioso Nome.

Estas palavras ficaram para leitura final do artigo, justamente para que você tenha a oportunidade de parar, acalmar seu coração, e meditar no convite que Cristo hoje te faz neste momento. Afaste de você todos os problemas cotidianos, dívidas, empecilhos, dificuldades, ansiedades, medos. Pare por um momento. Esvazie-se! Jogue fora todas as prerrogativas, pressuposições, opiniões próprias sobre este ou qualquer outro assunto que ocupe sua mente neste momento. Esqueça seus títulos, sua formação acadêmica, sua perspicácia profissional, sua posição social, sua capacidade oratória ou ainda, seu poder aquisitivo, já que é incontestável fato de que nada disso poderemos levar ao partirmos desta terra. Absolutamente nada! (Mt 1:28-30)

"Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimi dos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.

Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve". Deixe estas palavras permearem seu coração, pois elas foram ditas por um Deus que deseja o Senhorio da sua vida de volta, independentemente de ser você um homem íntegro nos negócios, na vida social, profissional, conjugal etc. Como vimos, nada do que você fizer será capaz de restabelecer esta relação pelo simples motivo de sermos pertencentes a uma natureza caída por excelência (Adão provém desta mesma natureza e já nos provou do que somos capazes contra Aquele que nos criou) – enquanto não cremos, somos inimigos de Deus – e a única obra a ser feita para que haja possibilidade de trocarmos de posição, a nos reconciliarmos como amigos Dele novamente, Alguém já fez por você, meu amigo! Alguém já consumou esta empreitada e o que Ele disse ao expirar na Cruz foi exatamente isso – "está consumado" (João 19:30) como o que se diz sobre algo que terminou, não há mais nada a ser feito e está PRONTO E ENCERRADO. A paz passa a imperar no coração humano, quando entendemos que TUDO fora suficientemente realizado por Ele ao render o Seu Espírito na Cruz.

Este alguém é Cristo Jesus, Filho do Deus Vivo, Nosso Senhor e Salvador, e Ele permanece falando aos corações que se reconhece m incapazes de alcançar por conta própria tal feito, através da Sua Eterna e infalível Palavra. Ele não requer nenhuma paga, nenhum encargo, nenhuma demonstração pública de sabedoria ou intelectualidade, não, não! Ele requer FÉ neste "ato de justiça" que Ele praticou deliberadamente em nosso favor e apenas isso, pois é apenas desta forma que reconhecemos, não só o nosso estado miserável e limitado de dependência, mas também a Sua capacidade única para nos resgatar desta condição mortuária, através do Seu Próprio sacrifício, ato que impôs a sujeição de todas as coisas abaixo dos Seus pés, como os anjos, as autoridades, potências celestiais e a própria morte (1 Pd 3:22, 1 Cor 15:26-27 e Hb 2:8).

Caro amigo, no momento em que você CRER que o Senhor Jesus Cristo morreu por você Naquela Cruz, ressuscitou ao terceiro dia e assentou-se à destra de Deus e ainda, que somente te trará à vida eterna por causa da quitação da sua dívida para com Deus através do Seu Sangue ali derramado, então você dará um salto! Sim um salto da morte, para a vida! Esta vida te será concedida em caráter ETERNO e você jamais poderá ser julgado. Isto porque, este sacrifício realizado por Cristo foi assim realizado apenas UMA VEZ, sendo suficiente para pagar toda a nossa dívida e reconciliar-nos com Deus de uma vez por todas. Palavras minhas? De maneira nenhuma. Foi Ele mesmo quem nos disse: (João 5:24 e 1 João 5:11-12)

Na verdade, na verdade, vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.

E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho.

Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.

Ora, a leitura deste singelo artigo pode ter vindo em qualquer momento de sua vida. Na parada para tomar um café, no descanso do almoço, no aguardo para o corte do cabelo, em sua casa, na rua ou em qualquer outro ambiente, ou momento. Também pode ter ocorrido em uma hora de diversas circunstâncias e dificuldades enfrentadas, sejam elas no campo material (crise financeira), físico (enfermidades) ou psicológico (crises existenciais, sentimentais…). As possibilidades são infinitas! O mais importante é considerar que este convite a exercer sua FÉ no Filho de Deus não tem nenhuma ligação com o que você está passando neste momento (até porque você pode estar lendo este artigo em um momento contraposto ao anterior, de existencialismo tranquilo, próspero e de realizações pessoais).

Não importam as circunstâncias temporais meu caro a migo, ao passo que nada do que você possui como capacitação humana ou tenha vivenciado, ou esteja vivenciando, é motivo justificável para que CREIA em Cristo como seu único e pessoal Salvador e logre trocar com Deus o atendimento à sua necessidade momentânea, pela fé a ser exercida acaso seja atendido. Não, não! Deus não barganha com o ser humano.

Não há nenhuma possibilidade de Deus estar te esperando para, em troca de sua fé, te dar um carro novo, uma casa nova, um emprego novo, um novo relacionamento amoroso ou a cura de todas as suas enfermidades, prosperidades financeiras e milagres mirabolantes. Estas coisas que respeitam apenas às questões terrenas poderão ser acrescentadas em sua vida, mas de acordo com a vontade do próprio Deus. Sua fé não as tornará uma obrigação a ser cumprida pelo Seu Criador (Mt 6:31-33)

Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.

O testemunho o qual está sendo dado a você, como ouvinte do verdadeiro e puro evangelho de Cristo, é este, que você creia em Cristo Jesus e entregue a sua vida ao Senhorio Dele, isto porque antes de você ter ciência de que nasceu em pecado, Ele escolheu pagar sua dívida com Deus, entregando Sua vida para viver e morrer como homem, vencendo a morte para que algo muito maior do que bens materiais e interesses próprios (por alguns anos) te seja concedido gratuitamente, A VIDA ETERNA no céu! Esta promessa é garantida aos que creem no Seu glorioso nome e jamais pode ser revogada a partir do exercício da Fé de cada indivíduo, incluindo eu e você!

Em uma era de diversas espécies de "evangelhos" sendo semeados nos maiores e mais poderosos meios de comunicação em massa, como tv's, rádios, e principalmente pela internet, talvez você tenha até certa resistência natural a todo e qualquer que se aproxime de você para falar de Jesu Cristo. Este Nome tem se mostrado o Nome mais vendido de todos os tempos, razão suficiente para que os homens maus, aproveitadores, mercenários e usurpadores de autoridade se aproveitem do carente mercado humano e anexem diversas outras condições à eficácia do evangelho puro de Cristo. Contudo, esta cisma é passível de ser afastada pelo Espírito Santo de Deus, acaso o verdadeiro e bíblico evangelho seja apregoado aos seus ouvidos. Quando bater aquele "sininho" lá dentro de você, o levando a ponderar sobre crer ou não, acredite, é o Santo Espírito de Deus te convencendo da existência e prejudicialidade do pecado original – sobre o qual sua natureza caída insistirá em ignorar – te convidando a exercer a FÉ que uma vez só foi dada aos santos (João 16:7-11)

Todavia, digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei.

E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo.

Do pecado, porque não creem em mim;

Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me verei s mais;

E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.

Este mesmo Espírito Santo de Deus te convida! Venha! Sem interesses materiais e sem pressuposições. Tome de graça da água da vida eterna que Cristo te oferece através FÉ no Seu Nome e Obra, que ora já te está demonstrada nesta simples leitura. Entregue sua vida a Ele, sabendo que receberás gratuita e irrevogavelmente o direito de viver eternamente reconciliado com Deus, através do Seu Sangue derramado na Cruz. Creia nisso, espere isso ansiosamente! Se por um lado não esperarás um novo carro, uma nova casa ou uma nova vida amorosa, dinheiro e prosperidades, por outro, Deus abre seus olhos espirituais para lhe mostrar o cerne da questão que envolve a salvação da vida humana, A ETERNIDADE.

Sob o prisma da eternidade, todas as coisas materiais perdem a razão de ser. Não importa se temos ou não um novo carro, uma nova casa. Não importa se estamos enfermos ou sãos, se nossos relacionamentos estão perfeitos ou não, etc. Importa que viveremos eternamente ao lado de Cristo, adorando somente a Ele, em um corpo incomparável, incorruptível, não passível de dores, amarguras, tristezas, doenças ou corrupções. É isso que nos importa! É isso que nos move a esperar ansiosamente pela vinda do Senhor Jesus, já que todas estas possibilidades e certezas foram propiciadas por Ele, para Ele e por causa Dele, através da Sua GRAÇA para conosco, pois não tínhamos condições de ter a vida eterna na companhia de Cristo e reconciliados com Deus, mas antes, estávamos destinados à passá-la (eternidade) em dor e sofrimento, visto que já nascemos sob o título de seus inimigos, reservados ao lago de fogo que aguarda todo aquele que não for escrito no livro da vida nos céus, através da pura e genuína Fé em Cristo Jesus, a qual hoje te é anunciada: (Ap:20:14-15)

" E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo".

Ao analisar o que hoje nos está possibilitado e proposto por Cristo, não há outra conclusão que não esta: de que esta condição de isenção fora feita possível porque Ele escolheu suportar a vida e a morte aqui, algo que estava reservado somente ao homem pecador, mas nunca a Ele (Cristo) – "ao pó voltarás" – sentença que cabia somente a nós, humanos, lembra-se do início da leitura?

Ele nos amou primeiro, quando ainda sequer sabíamos desta possibilidade.

Hoje você está sendo convidado a CRER, que Cristo Jesus é o único caminho verdadeiro e de vida eterna, capaz de te libertar da corrupção do pecado original, que foi estendido sobre a raça inteira, e te levar a relacionar-se nova e diretamente com Deus, sabendo exatamente de onde veio, onde está, e para onde vai!

Ore, eleve sua súplica a Deus e entregue somente a Ele os seus caminhos, reconhecendo que Cristo é poderoso para salvar-te através de Seu sacrifício, e caminhe na certeza de que NINGUÉM poderá arrebatar você das Suas mãos, uma vez que dali por diante, você passará a ser propriedade de Deus aguardando a volta do Senhor Jesus Cristo, para nos buscar à eternidade: (João 10:28)

As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-a s, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que, mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.

Você notará que os seus sonhos eram pequenos, que suas conquistas eram medíocres e que, do ponto de vista humano, seus interesses só poderiam ser atendidos até o momento da sua morte, pois dali por diante havia um ponto de interrogação em sua mente e coração. Mas vindo Cristo, seu entendimento fora aberto para que cresse em Seu Nome e conhecesse o que é verdadeiro sobre avida e a morte: (1 João 5:20)

E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que conheçamos ao Verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.

Após este exercício de Fé, você não precisará procurar nenhum templo ou "líder" religioso para saber o que fazer adiante, considerando que o Próprio Cristo tomará o controle da sua vida através do Seu lugar de Senhor, pelo que Ele mesmo, pela via do Seu Espírito Santo, te conduzirá ao conhecimento da Sua Palavra, com intuito único de transformar sua vida nesta terra em testemunho para o Seu Nome e Obra, até que outra alma seja alcançada por esta multiforme g raça de Deus, assim como fomos eu, e você!

Serás bem-vindo às fileiras santas, a uma posição que Cristo denominou de IGREJA, onde, uma vez acrescentado unicamente por ter crido Nele, serás parte integrante dela e jamais poderá ser removido por algo ou alguém. Esta possibilidade de reconciliação para com Deus, através da Fé em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, "está consumada" !

Por: Reny Junior

3. Profetas na dispensação da Lei e da Graça

Atualmente, uma exorbitante parte dos cristãos encontram dificuldades na correta compreensão das escrituras sagradas e da vontade de Deus para com o homem e a problemática da remissão de nossos pecados, isso considerando as diferentes formas de Deus tratar com o homem ao longo da história, reservadas à cada época, o que denomina-se "dispensações".

Neste contexto, fica muito visível que, no decurso do tempo, os cristãos foram acrescentando – ou permitindo que se acrescentasse – à igreja, vozes estranhas àquela determinada pelo próprio Senhor Jesus Cristo como a única divinamente inspirada e apta a instruí-los na justiça, afim de torná-los "perfeitamente instruídos para toda a boa obra", conforme dispõe a Sua Palavra em II Timóteo 3:16-17:

"Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra."

Daí, podemos responder alguns porquês do surgimento de tantas dificuldades entre os homens na compreensão da "voz de Deus" ao longo da história e também nos dias atuais, uma vez que os cristãos abdicam de estudar e conhecer a própria Palavra de Deus, representada pela Bíblia Sagrada, ignorando sua PERFEITA capacidade de instruir em toda a justiça, como vimos, para dar ouvidos às vozes estranhas, geralmente suscitadas por homens que usurpam a função bíblica de instrução e aplicam suas práticas e ensinos, logicamente viciados de suas próprias tradições e interesses.

É o gritante caso dos chamados "profetas" da atualidade, distribuídos entre as mais variadas instituições denominacionais, com predominância naquelas intituladas pentecostais, onde, em uma reunião de cristãos, tudo (ou quase tudo) acontece na esfera da "revelação", inclusive o ensino bíblico – que deveras, deve ocorrer somente por meio de um dom outorgado pelo Próprio Senhor Jesus Cristo aos homens, segundo a Sua soberana vontade (confira-se a carta aos Efésios 4:11 – onde consta a existências de homens DADOS para pastores e doutores).

Ora, nota-se que ali a referência é feita a homens que seriam "dados para" determinada função, com propósito de "aperfeiçoar os santos, para a obra do ministério e para a edificação do corpo de Cristo" (V. 12), mas jamais encontramos nas escrituras tal atribuição como sendo fruto da competência de uma imposição de mãos pelo presbitério, de uma conclusão de curso acadêmico teológico, ou ainda da preferência do próprio grupo ao qual tal cristão pertença, seja ele oriundo de quaisquer correntes denominacionais.

É partindo da inobservância desta premissa (de que o ensino bíblico deve ser exercido por aqueles a quem o próprio Jesus escolheu – e tem escolhido – concedendo livre acesso para que o Espírito Santo manifeste suas mais variadas formas de operar como lhe apraz – II Cor. 12:11) é que atualmente, amontoam-se "doutores segundo as suas próprias concupiscências" (II Timóteo 4:3), como é o caso dos intitulados "profetas" de que trataremos nesse artigo, já que não são poucas às vezes que nos deparamos com algum cristão (e também incrédulos) desiludidos da vida, em razão de terem sido alvo de uma profecia ou "profetada", como chamam alguns, originada em "visões" e "revelações" emanadas de algum destes videntes (adivinhadores do futuro), em alguma reunião denominacional que tenham frequentado e – pasmemtudo em nome de Deus.

Com o descaso e abandono das verdades bíblicas no decurso do tempo, atrelado às divisões denominacionais que perduram até os dias atuais, temos que os cristãos perderam a responsabilidade de leitura e compromisso com a Palavra de Deus, passando a necessitar da busca incessante por novas revelações e profecias, que tragam imediato alento ao sofrimento porventura sofrido em suas realidades de vida.

Por outro lado, o que não falta são homens "amantes de si mesmos", ávidos por suprir tal necessidade com a implantação de reuniões e cultos carregados de supostas profecias e revelações, tudo perceptivelmente feito às cegas, sem a autorização ou sequer amparo da Palavra de Deus, mas com um interesse próprio de cada um (seja ele político, financeiro, de influência, egocêntrico…) como se verá adiante. Estas práticas estão muito mais ligadas ao ego do homem que as executa, do que propriamente à operação do Espírito Santo, como se tenta fazer entender por eles – na verdade, nenhuma ligação há entre o Espírito Santo e tais práticas – se não é sobre o que bem advertiu o apóstolo Paulo à assembleia/igreja que estava reunida em Colosso (Colossenses 2:18):

"Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão."

Se parássemos por aqui, já estaria suficientemente comprovado que a bíblia foi compilada por inspiração do Espírito Santo, com conteúdo suficientemente apto a redarguir, corrigir e instruir todo o cristão em toda a justiça, tornando desnecessário ao mesmo qualquer outra revelação ou profecia (no sentido de vidência) pós-testamentária, isto é, proferida após a compilação do Novo testamento.

Contudo, ainda mais profundamente vai às escrituras sagradas, ao demonstrar a ilegitimidade destes chamados "profetas" e denunciar suas práticas, e mais, na diferenciação entre os profetas atuantes e elencados no VELHO TESTAMENTO, em contraste ao dom da profecia e a referência aos profetas atuantes e elencados ao NOVO TESTAMENTO, como se verifica facilmente da análise do conteúdo bíblico e este respeito.

No antigo testamento, o termo "profeta" deriva do substantivo hebraico "nabi", que significa "Proclamar" ou "Aquele que proclama". Nesse sentido, nem precisamos de muito esforço para perceber que esta foi a exata função daqueles que profetizaram durante a antiga dispensação (Lei de Moisés). Estes vieram profetizando (proclamando) as verdades que seriam materializadas no corpo e obra de Jesus Cristo ATÉ JOÃO BATISTA (que foi o último e o MAIOR dos profetas), conforme explicação deixada pelo Próprio Senhor Jesus Cristo em sua Palavra de que nele (João Batista) encerrou-se toda a atuação profética da lei e dos próprios profetas suscitados em razão dela. Para tanto, segue-se Mateus 11:11-15:

"Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele. E, desde os dias de João, o Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele. Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João.

E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir.

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."

Desta forma, não há o que contestar sobre o fato de que TODOS os profetas e a LEI somente atuaram até João Batista, tendo ainda como advertência bíblica que, se temos ouvidos para ouvir esta verdade, que OUÇAMOS! (V. 15)

Entretanto, a maior das dúvidas surge quando encontramos disposições bíblicas com relação ao dom da profecia e citações do termo "profeta" ao longo dos evangelhos e das cartas apostólicas, dando ensejo à interpretações – errôneas – de que se trata dos mesmos profetas que profetizaram durante a dispensação da Lei de Moisés. Pois é, não se trata!

No novo testamento, sempre que encontrado, o termo "profeta" deriva da palavra GREGA "prophetes" ou "prophemis" que significa "Aquele que diz no lugar de outrem" (PRO=DIZER / PHEMIS=NO LUGAR DE ALGUÉM). O sentido da palavra remete a ideia de alguém que falará por Deus, ensinando as suas verdades, aquelas já reveladas no Corpo e Obra do Senhor Jesus Cristo e que deveriam ser, não só ensinadas, mas também registradas em sua Palavra em complemento ao que fora revelado durante toda a compilação do Velho Testamento – que eram sombras das coisas futuras e se materializariam na pessoa e Obra do Senhor Jesus Cristo, Nosso Salvador, deixando sua razão de ser após a consumação de Seu sacrifício, o que ocorreu apenas UMA VEZ. (Col. 2:16-17 e Hb 10:1-10).

Foi neste sentido que Jesus, tendo subido ao céu, levou cativo o cativeiro (o pecado) dos homens e os distribuiu DONS, "uns para apóstolos, outros profetas, evangelistas, pastores e doutores…" (Efésios 4:11), ou seja, no sentido de que os profetas ali descritos, seriam portadores DAS VERDADES bíblicas, já consumadas em seu sacrifício, para ensinar aos demais. Tanto o é, que encontraremos o apóstolo Paulo correlacionando os termos "profeta" e "profecia" à responsabilidade de ensinar as verdades da sã doutrina, afim de que TODOS APRENDAM e sejam CONSOLADOS (1 Cor. 14:26-33):

"E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.

Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro. Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.

Em contrapartida, não há como negar que, para a igreja (assembleia de cristãos), encontraremos a profecia como uma das diversas formas de manifestação do Espírito Santo no homem, contudo, "apenas para o que for útil" e com ênfase no ensino da palavra (não em revelações de algo novo) pois, de tudo o que a igreja necessitava para ser salva, restou registrado NA ÍNTEGRA pelos apóstolos e profetas que compilaram o texto bíblico pela inspiração do Espírito Santo, os quais assentaram os FUNDAMENTOS do evangelho, sobre a principal Pedra angular, Jesus Cristo, permitindo que nós, a igreja formada pelos salvos mediante a fé na Pessoa e Obra de Dele naquela Cruz, pudéssemos crescer "bem ajustados", como as paredes de um edifício, edificados pela doutrina dos apóstolos "para morada de Deus", segundo o que relata a carta aos Efésios 20:22.

Algo lógico demonstrado pela Palavra de Deus, é que não temos autoridade bíblica para conferirmos a alguém o apostolado, nem o título de "profeta" (o que demandaria outro estudo). Entretanto, encontraremos o DOM da profecia (não o título de profeta) discorrido nas cartas dos apóstolos, como é o latente caso da carta à assembleia reunida em Corinto (1 Cor. 12: 4-11):

"Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.

E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.

E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer."

Porém, é crível pela comparação de outras passagens bíblicas, que os profetas para cujo Espírito Santo repartirá tal manifestação, se manifestarão com palavras inteligíveis e de verdades bíblicas, no intuito de EDIFICAR o CORPO DE CRISTO (lembrando que aqui se fala do conjunto formado por TODOS os cristãos, convertidos genuinamente pela fé em Jesus Cristo e em Sua Obra consumada na Cruz – independentemente do local de conversão ou frequência de cada um deles).

Assim, é certo que serão conclamados pelo Espírito Santo a "fazer tudo para a edificação" (1 Cor. 14:26). Se assim não o fosse, o apóstolo jamais teria priorizado o dom da profecia sobre o de línguas estrangeiras (estrangeiras mesmo), sob o argumento de que um (profecia) edifica o Corpo de Cristo – assembleia/igreja local onde portador do dom esteja reunido – enquanto o outro (línguas) edifica somente aquele que o exerce, o que o fez, inclusive, explicando o conceito de "profetizar", quando afirma que "o que profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação" (1 Cor. 14:3).

Novamente, o dom e aquele que o portar, aparecem correlacionados à função de edificar, exortar e consolar – frise-se – OS HOMENS – e não somente o Corpo de Cristo, posicionando o tema muito acima da nossa mera e limitada compreensão (em que pese ampla atuação da manifestação, além dos limites do Corpo de Cristo/Igreja, não há disposição bíblica incitando os profetas – prophemis – a adivinhar o futuro das pessoas, tão pouco a assentar novas doutrinas).

Com atenção em tais homens, Jesus foi categórico em advertir acerca daqueles que reivindicariam para si o título de profeta, mas seriam conhecidos pelos "frutos" que produziriam, nos exortando a ter cautela para com os tais a não sermos enganados por eles (Mateus 7:15-20):

"Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis".

Não muito depois, o apóstolo Paulo sentiu na prática o que Jesus falara aqui, ao atravessar a ilha de Pafos, em uma de suas viagens missionárias, e ali encontrar um mágico, "falso profeta", de nome Barjesus, sendo tão incomodado por tal homem ao ponto de, pelo poder do Espírito Santo, tornar-lhe cego por um tempo, afim de que pudesse continuar na pregação da verdade ao procônsul daquele lugar (Atos 13:6-12).

Seguidos do Apóstolo Paulo, Pedro e João também deram ênfase aos falsos profetas, alertando sobre o perigo e consequências de suas práticas:

2 Pedro 2:1-2

"E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade."

1 João 4:1

"Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo."

Desta forma, seja pela tradução e significado correto do termo "profeta" e suas aplicações para os idiomas hebraico e grego, seja pelas disposições bíblicas que, massivamente, apontam para a distinção dos significados demonstradas em situações de fato narradas por seus escritores sob a égide do próprio Espírito Santo, ou ainda, pela amplitude do conteúdo bíblico que se mostra completamente apto a suprir toda a necessidade humana.

O que não se pode negar, é que devemos ter o máximo de cautela, ao cruzar nossos caminhos com algum "profeta" da atualidade que, utilizando-se de versículos bíblicos isolados (fora do seu contexto), buscarão fazer presas fáceis, proferindo palavras como se originadas de Deus fossem, quando, na verdade, não passam de falácias destiladas pelo ego, em uma demonstração do retrato de homens que insistem em ser "algo" ou "alguém" para reconhecimento próprio no seio do grupo de cristãos que frequenta.

Para aqueles que buscam as verdades da Palavra, dedicando seu tempo a conhecê-las, valem as palavras de alerta do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que insistia: "e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (João 8:32) e ainda: "se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8:36). Repare que há aqueles que se acham livres e aqueles que são VERDADEIRAMENTE livres. Obviamente que somente Jesus Cristo, que é "o caminho, a verdade e a vida", é capaz de tornar um ser humano originalmente pecaminoso em alguém verdadeiramente livre.

Já para aqueles que insistem na comodidade de buscar e repetir as palavras que ouviu alguém proferir como nova "profecia" ou "doutrina" ou buscar aquelas de interesse próprio, sem prová-las ao exame da Palavra de Deus a atestar sua autenticidade, resta a advertência pelo mesmo Senhor Jesus Cristo, que apontou "porventura não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?" (Marcos 12:24).

De qual lado nos encontramos como cristãos? Temos buscado profecias prontas, bem ao estilo fast food, para satisfazer nossas necessidades e urgências (como cura de enfermidades ou dinheiro e prosperidade)? Ou temos sido diligentes e satisfeitos pela Obra já consumada por Jesus Cristo ao nosso favor, em aguardar a vontade Dele em nossas vidas, esperando apenas na suficiência do seu sacrifício e das verdades da Sua Palavra?

A decisão é sempre nossa, ou continuaremos a dar ouvidos às vozes estranhas, abrindo a bíblia somente nos casos em que precisemos utilizá-la como uma espécie de "abracadabra" para nossa satisfação pessoal, ou passaremos a ser "homens", deixando as "coisas de menino" e compreendendo que, quanto ao sacrifício de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo naquela Cruz, a Sua Graça nos basta. Ou não basta? (1 Cor. 13:11 e 2 Cor. 12:9)


Por: Reny Junior

4. Fé — A Centelha da Reforma

Em 1505, Martinho estava voltando para Erfurt quando uma violenta tempestade eclodiu, fazendo-o temer por sua vida. Instintivamente, ele clamou por Santa Ana, padroeira dos mineiros de carvão (o pai de Martinho era mineiro). Sua oração era que se ela o ajudasse, ele se tornaria monge. A tempestade passou e Martin manteve sua palavra. Ele abandonou os estudos universitários de direito e ingressou em um mosteiro agostiniano.

Na sua busca pelo favor de Deus, Martinho Lutero fez tudo o que era humanamente possível para alcançá-lo. Ele jejuou por dias seguidos. Ele recusou cobertores à noite e quase morreu congelado fazendo penitência. Muitas vezes ele batia no corpo pensando que tal sofrimento ganharia o favor do Todo-Poderoso. Ele se confessou tantas vezes que finalmente o padre lhe disse para sair e cometer um pecado que valesse a pena confessar ou parar de ir. Mais tarde, ele escreveu: "Se alguma vez um monge chegou ao céu através do seu monastério, fui eu. Se tivesse continuado por mais tempo, teria me matado com vigílias, orações, leituras e outros trabalhos". [1]

Um dia, em 1508, em seu minúsculo quarto, ele estava lendo o livro de Romanos e chegou a 1:17: "O justo viverá pela fé ". Ele ponderou a possibilidade. A fé por si só foi suficiente?

Em 1510, foi enviado a Roma para apelar por reformas entre os monges agostinianos. Lutero estava em êxtase. Certamente visitar a cidade santa traria a paz que ele procurava. Ele visitou todos os santuários que encontrou na cidade. Ele até subiu a Scala Santa, a famosa escadaria trazida a Roma no século IV, considerada como sendo os mesmos degraus que Cristo subiu na sala de julgamento de Pilatos. Lutero sabia que haviam sido prometidas indulgências para cada degrau subido por um peregrino de joelhos. Mas a sua visita a Roma terminou e Martinho Lutero partiu ainda sem paz.

Enquanto estava no corpo docente da Universidade de Wittenberg, Lutero deu palestras sobre Romanos, onde foi novamente confrontado com aquele texto – "O justo viverá pela fé ". Mas agora ele tinha que ensinar o que isso significava. Logo a luz da verdade de Deus o atingiu, muito mais poderosa do que a tempestade que antes o havia derrubado. Somos salvos somente pela fé em Jesus Cristo, não por esforços humanos (Ef 2:8-9). Mais tarde ele escreveu: "Comecei a entender que a justiça de Deus é aquela pela qual o justo vive por um dom de Deus, nomeadamente pela fé. Aqui senti que nasci de novo e entrei no próprio paraíso através de portões abertos." Lutero obteve a paz que procurava porque a justificação é pela fé (Rm 5:1) e não pelas obras.

E assim foi acesa a centelha da Reforma. Em breve as 95 teses de Lutero seriam afixadas na porta da igreja do castelo, e toda a Europa seria incendiada com a sua exposição de um falso evangelho e a sua compreensão bíblica da justificação pela fé . Nunca renunciemos à preciosa verdade que Lutero e outros recuperaram, de que a salvação "é pela fé , para que seja pela graça" (Rm 4:16).

Peterson, David

 

[1] As citações e o material biográfico foram adaptados de Roland Bainton, Here I Stand: A Life of Martin Luther (Nova York, NY: Penguin Books, 1995).

5. Fé

Este artigo foi elaborado para chamar a atenção do leitor para um uso da palavra "fé" que difere de seu uso usual nas Escrituras. Como mostram os outros artigos, seu principal uso é descrever a atitude de confiança que uma pessoa pode ter em Deus ou em Cristo. Mas há algumas ocasiões nas Escrituras em que "a fé" descreve as crenças centrais do Cristianismo.

Que certas palavras podem "saltar" de um significado para outro é bem atestado. O fenômeno é chamado de metonímia. Metonímia é o processo pelo qual um nome ou substantivo é usado em vez de outro com o, qual tenha estreita relação. Assim, por exemplo, o escritor às vezes é substituído por seus escritos: "Eles têm Moisés [isto é, seus escritos] e os profetas [isto é, seus escritos]; deixe-os ouvi-los" (Lucas 16:29); [1] a língua pelo que é falado por ela: "bajulam com a língua" (Sl 5:9); a espada para a guerra: "Não vim trazer a paz, mas a espada" (Mt 10,34).

O exemplo mais claro deste uso especializado de "fé" está em Judas, onde os cristãos são chamados a "batalhar fervorosamente pela fé que uma vez foi entregue aos santos" (v3). "A fé" aqui é "entregue" aos santos. Judas aconselha os cristãos a "lutar" por esta fé. Contender significa "lutar" ou "lutar". Visto que o contexto desta epístola se concentra na necessidade de defender as crenças cristãs dos falsos mestres, é provável que lutar pela "fé" se refira à defesa do conteúdo da fé. A questão em questão era o desejo de Judas de encorajar os cristãos a defenderem as verdades nas quais a sua fé tinha sido colocada.

Outro exemplo anterior deste uso aparece em Gálatas. Paulo refere-se ao fato de que ele agora pregava "a fé que outrora ele destruiu" (1:23). Mais uma vez, a expressão "a fé" só é inteligível se se referir a certas verdades que definem o Cristianismo. Paulo não teria procurado destruir a fé como uma característica animadora da vida espiritual. Mas ele se opôs ao Senhor Jesus, à Sua morte e ressurreição. Assim, "a fé" só é inteligível aqui se se referir àquilo em que os cristãos acreditavam.

Outro exemplo pode ser encontrado em Filipenses, onde ele encoraja os cristãos a lutarem juntos "pela fé do evangelho" (Filipenses 1:27). Seu propósito é encorajar os cristãos a trabalharem juntos para promover as verdades da morte, ressurreição e ascensão de Cristo. "A fé" do evangelho são as verdades básicas que sustentam o evangelho.

Inevitavelmente, há ocasiões em que pode ser difícil decidir se o que se pretende é a fé pessoal ou o corpo da verdade. Assim, quando Paulo declara: "Tenho guardado [ten pistin] a fé" (2 Timóteo 4:7), ele provavelmente tem em mente "a forma de sãs palavras". A NLT, no entanto, traduz: "Eu permaneci fiel". A seguir estão exemplos de outras ocasiões em que "a fé" se refere ao corpo da verdade (Atos 6:7; 2Co 13:5; Cl 1:23; 1Tm 4:1; 5:8; 6:10).

Seria tentador dizer que sempre que a palavra se refere às crenças centrais do Cristianismo, ela é precedida pelo artigo definido "o". Infelizmente, as coisas não são tão simples. No texto original o artigo definido é usado antes da palavra "fé" quando se trata de fé pessoal. Assim, por exemplo, Paulo fala da "justiça de Deus pela fé" e usa o artigo definido antes da palavra fé ( te pistei ). Da mesma forma, Paulo escreve sobre a fé pessoal de Abraão, "não sendo fraco na fé" ( te pistei ), com o artigo definido (Rm 3:22; 4:19).

Sendo assim, a afirmação de que "a fé" pode referir-se à doutrina depende mais de considerações contextuais do que gramaticais.

Deve-se notar que existem expressões paralelas que se referem à mesma ideia. Paulo se refere à "forma das sãs palavras que de mim ouviste" ( 2Tm 1:13) e "àquilo que está confiado à tua confiança" (1Tm 6:20). Estas expressões devem ser consideradas coextensivas com "a fé".

É também evidente que este termo "a fé" foi usado para definir a doutrina cristã antes de as Escrituras do Novo Testamento terem sido completadas e muito antes de serem organizadas no cânon. "A fé", portanto, não é coextensiva com as Escrituras, embora "a fé" seja encontrada nas Escrituras.

Qual é então o conteúdo da fé? Apesar do valor que a cristandade tem dado aos catecismos e confissões ao longo dos anos, e sem querer sugerir que estas tentativas de destilar "a fé" são totalmente sem mérito, é um fato surpreendente que as cartas e tratados que constituem o cânon do Novo Testamento não faça nenhuma tentativa de produzir uma declaração oficial da "fé". Dito isto, há três porções das Escrituras onde são apresentadas destilações da verdade. A primeira é na forma de um resumo das principais características da assembleia em Jerusalém, à medida que continuava em testemunho de Deus depois do Pentecostes: "Então os que de bom grado receberam a sua palavra foram batizados; e naquele mesmo dia foram-lhes acrescentados cerca de três mil almas. E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações" (Atos 2:41-42).

A segunda é um resumo das principais verdades cristãs relacionadas à Divindade e é encontrada em Efésios: "Há um só corpo e um só Espírito, assim como fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é acima de todos, e por todos, e em todos vós" (4:4-6).

A terceira está em Hebreus. O autor expõe os princípios da doutrina de Cristo e incentiva o público a progredir além destas verdades básicas: "Portanto, deixando os princípios da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição; não lançando novamente o fundamento do arrependimento das obras mortas, e da fé em Deus, da doutrina dos batismos, e da imposição de mãos, e da ressurreição dos mortos, e do julgamento eterno" (6:1-2).

Em 11 de outubro de 1521, o Papa conferiu o título de "defensor da fé" a Henrique VIII da Inglaterra e Irlanda. Quando Henrique rompeu com a autoridade da Igreja Católica Romana em 1530, o título foi revogado. O Parlamento encarregou-se então de reconferir o título. Até hoje é um título reivindicado pelos Reis e Rainhas da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. A lição deste breve artigo é que, na verdade, todo cristão é um defensor da "fé".


[1] Todas as citações das Escrituras neste artigo são da KJV, salvo indicação em contrário.


Summers, Alan

6. Fé: a joia preciosa da vida de um crente


A joia da salvação

Primeira Pedro é uma carta de esperança para um tempo sombrio. Menos de um século depois de a cruz os ter libertado, os crentes na Ásia Menor sofreram perseguições pela sua fé em Jesus Cristo. Alarmados com as suas diferenças, os seus vizinhos gentios falaram contra esta nova fé, e o governo romano pressionou duramente qualquer atividade cristã que sugerisse dissidência (1Pe 2:11-15). Longe de muitas das primeiras assembleias proeminentes e dos exilados dispersos em terras pagãs, esses crentes precisavam de encorajamento.

Numa resposta amorosa, o apóstolo começa sua carta edificante lembrando-lhes que a salvação deles é como uma joia preciosa e brilhante. Ela brilha imperecível, incorruptível, imorredoura e guardada com segurança no céu para eles (1Pe 1:4 HCSB). Porque a sua fé não é apenas um desejo egoísta, mas uma esperança viva assegurada por um precioso Salvador vivo e eterno, nada que venha de dentro deles ou qualquer pressão externa poderá arruinar esta grande herança, nem nunca perderá o seu valor! Nenhuma força da terra pode roubar o que Deus preparou para o Seu povo.


A joia da fé

Pedro lembra aos santos dispersos que a fé genuína de um crente em Jesus Cristo assume o caráter de seu objeto. A fé também é uma joia preciosa e mais valiosa que o ouro. Nem as provações ardentes, nem o cadinho da experiência podem destruí-lo (1Pe 1:7).

Vamos considerar o caráter desta joia preciosa e genuína da fé usando uma analogia. Os joalheiros modernos avaliam a qualidade de uma gema por quatro C's: cor, corte, clareza e quilate. A cor de uma pedra preciosa é a chave para sua identidade. Esmeraldas verdes, rubis vermelhos, safiras de um azul profundo e diamantes brancos brilhantes são conhecidos por suas cores específicas. De forma comparável, toda fé cristã genuína é conhecida pela cor de Cristo. Saturada pelo caráter da Sua pessoa, a nossa fé Nele nos define e o nosso testemunho nos identifica.

O corte de uma pedra preciosa determina seu uso. Solitários, ovais, peras e cortes marquises têm, cada um, um cenário que acentua sua beleza. Assim é com a fé. O caminho que lhe foi proposto nesta vida foi traçado pela mão de Deus; é exclusivamente seu, e a alta qualidade da sua fé, provada no fogo da experiência, traz louvor e honra a Jesus Cristo (1Pe 1:7).

Agora, verdade seja dita, ao esboçar esta analogia, pareceu bom equiparar clareza com pureza, juntar algumas palavras sobre como evitar o pecado e seguir em frente. A analogia provou ser mais verdadeira do que o seu autor. Na realidade, a clareza e a luz do fogo de uma pedra preciosa são grandemente realçadas por pequenas imperfeições naturais de cor chamadas inclusões. Essas cicatrizes aparentes aumentam o brilho e a riqueza do brilho da pedra preciosa. Parece que as múltiplas provações da fé, deixando marcas indeléveis na vida de um crente, podem, na verdade, fazer com que eles ardam mais intensamente do que aqueles que trilham um caminho mais fácil.

De maneira semelhante, vamos repensar o caráter do quilate. Maior nem sempre significa melhor, e o verdadeiro valor de uma pedra preciosa não está no tamanho, mas no peso! Formada sob pressão mais intensa e escura, uma pedra menor pode ter um peso maior em quilates do que uma amostra maior. A pressão do pecado e das circunstâncias que um irmão cristão superou pode não ser aparente para você e para mim. Seria um erro qualquer pessoa que não fosse Deus, que prova o coração e o pesa em Sua balança, julgar a fé de outra pessoa pela vista e pelo tamanho.


A joia do testemunho

A fé genuína em Jesus Cristo teve um efeito notável e invejável nos crentes que receberam a carta de Pedro. Conhecendo e amando o Salvador mais profundamente através da opressão, eles se regozijaram com alegria indescritível e cheia de glória (1Pe 1:8). Tal fé, embora invisível, não pôde ser escondida – tornou-se um grande testemunho! Era óbvio para os seus vizinhos, para o seu governo, e até mesmo para Pedro, que escreveu a centenas de quilômetros de distância, que estes cristãos andavam pela fé, não pela vista, e que andavam com alegria!

Como é essa fé profunda e genuína? Como isso brilha? Que testemunho isso presta? Considere a verdadeira fé de Enoque em Hebreus 11, o maior capítulo da fé. Enoque andou pela fé com Deus. Ele agradou a Deus e conheceu a Deus. Ele não apenas sabia sobre Ele, que havia um Deus distante no céu, mas a própria presença do Deus do céu desceu e caminhou ao lado do querido Enoque.

Imaginamos Enoque reservando um tempo todos os dias para caminhar e conversar com Deus. Agarrando seu casaco perto da porta, Enoque sai de casa e começa a percorrer um caminho duplo sobre colinas selvagens. Não foi feito por carroças ou bois, mas por um homem e seu Deus, caminhando lado a lado em comunhão. Talvez tenham discutido as provações de Enoque. Talvez tenham comentado sobre a beleza da criação ou a promessa de um salvador vindouro para os pecadores. Seja qual for o assunto, Enoque estava plenamente satisfeito na pessoa de Deus e o próprio Deus teve prazer em caminhar com Enoque (Hb 11:5-6).

A fé de Enoque era óbvia para Deus, mas sem dúvida também afetou aqueles que o rodeavam. Qual é o segredo dele? Ele fala sobre o Senhor voltar em justiça, mas como ele sabe (Jz 14)? Como posso ter uma paz como a dele? Enoque carregou a joia preciosa de um bom testemunho no mundo e a luz da sua fé brilhou diante dos outros.

Pedro escreveu aos crentes fiéis e alegres que eles estavam recebendo o objetivo de sua fé conforme ela brilhava a cada dia, a saber, a salvação de suas almas (1Pe 1:9). O mesmo aconteceu com Enoque, que esperava milhares de anos antes de Cristo. Mas um dia Enoque "não estava lá" porque Deus o levou (Gn 5:24 HCSB). Um hino gospel do sul, "Come Home With Me", sugere divertidamente que naquele dia Enoque saiu de casa para comungar com Deus pela fé, e Deus simplesmente disse: "Venha para casa comigo, estamos mais perto da minha casa do que da sua!" Embora certamente não tenha sido assim que Enoque foi transfigurado, o sentimento prova que a fé genuína receberá a sua herança e recompensa, e o próprio objeto que reflete: a promessa da salvação eterna através de Jesus Cristo.


Coleman, Ryan

7. Fé e Obras: Tiago 2

A interação entre fé e obras tem sido excessivamente intrigante para muitos. A clareza de Paulo sobre a justificação somente pela fé para trazer a salvação foi apresentada como contraditória à expectativa de Tiago de que as obras são coextensivas com a fé. 

O suposto dilema é respondido simplesmente pela compreensão de que eles estão escrevendo sobre coisas diferentes. Paulo frequentemente enfatiza que a salvação como libertação da penalidade do pecado é unicamente baseada na fé (Romanos 5:1; Efésios 2:8-9). 

Tiago discute a importância de que uma vida de fé pós-conversão seja acompanhada de obras, se houver algum valor prático na salvação do poder do pecado. Tiago não está dizendo que fé e obras são necessárias para salvar uma alma do inferno. Ele está dizendo que a fé e as obras são necessárias para representar e honrar a Deus quando alguém é "salvo" nos altos e baixos da vida diária. Veremos isso considerando o uso da palavra "salvar" por Tiago, sua escolha de ilustrações e descobrindo seu propósito pastoral para este ensino.


Salvo de quê?

Muitas vezes, quando a palavra "salvar" ou seus derivados são lidos, o primeiro significado que vem à mente é o de resgate da penalidade do pecado no inferno. Isso é lamentável, pois uma simples leitura do dicionário do Vine produziria vários conceitos para a palavra. Joseph Dillow estima que o conceito de salvação do julgamento do pecado está apenas atrás de cerca de 40% dos usos no NT. [1] 

Isso faz com que a maioria de seus usos seja diferente, e a ideia apropriada para a palavra deve ser derivada do contexto. No caso da carta de Tiago, a palavra é encontrada em 1:21, 2:14, 4:12, 5:15 e 5:20. 

O público de Tiago são crentes, como evidenciado pelo seu apelo recorrente aos seus "irmãos". Além disso, o tom da carta é exortativo, não evangélico. Contextualmente, então, é inapropriado dar um significado de salvação da penalidade do pecado no inferno para os usos de "salvar" na listagem acima. Cada um tem um significado mais provável de algum tipo de salvação prática na vida diária.


A Obra de Abraão

Especificamente no caso de 2:14, Tiago está apontando que a fé sem trabalho não pode salvar no sentido de que não tem valor para você e para os outros. Não está sendo evidenciado por uma mudança na vida – não houve crescimento na experiência com Deus (considere o contexto de provações e tentações no capítulo 1). 

É por isso que a ilustração de Abraão é particularmente apropriada. Abraão foi justificado pela fé muito antes de oferecer Isaque no altar. Contudo, a vida de fé de Abraão pós-conversão está repleta de obras, culminando na oferta culminante do seu único filho. Claramente, sua fé foi útil para ele e para outros, e resultou em ele ser conhecido como "amigo de Deus" (2:23). 

A fé de Raabe no Deus de Israel também se tornou mais tarde útil quando ela providenciou o sustento dos mensageiros e os manteve seguros. Em ambos os exemplos, as obras ocorreram muito depois de a fé as ter justificado para declará-las justas. As obras evidenciaram uma fé viva que atuou diariamente em salvá-los. Nem o destino eterno de Abraão, nem de Raabe dependia da ação ou manutenção de obras.


Fé útil

O que Tiago está querendo dizer? Ele está empenhado em garantir que os crentes vivam vidas que sejam mudadas. Ele não os está ensinando a encarar a fé inútil como prova de falta de salvação da penalidade do pecado; ele os está exortando a que sua fé em Deus seja mais do que uma saída de incêndio para escapar da penalidade do pecado. Ele deseja que a fé reaja às provações da vida com perseverança (cap. 1). 

Ele deseja que os crentes respondam à lei da liberdade e a vivam para seu benefício e bem-estar pessoal. Talvez o mais importante seja o fato de ele estar exortando os crentes a terem uma fé correspondente ao estilo de vida modelado pelo Senhor Jesus (2:1). 

A fé cheia de trabalho os levaria a agir de uma forma desprovida de parcialidade, com os menos afortunados e necessitados tendo suas necessidades satisfeitas simplesmente entrando em contato com um crente. Ele está interessado na dimensão espiritual da fé em Deus sendo traduzida na dimensão física do trabalho para os outros.

Tiago é um sujeito prático. Ele não está argumentando contra a justificação somente pela fé. Ele assume isso. Ele está preocupado, no entanto, que os crentes desfrutem dos benefícios de interações fiéis com Deus evidenciadas em boas obras. 

Paulo concordaria, é claro. Ele também é claro no que diz respeito às boas obras e à sua necessidade de acompanhar a salvação. Ele exortou os crentes filipenses a desenvolverem a sua própria salvação (Filipenses 2:12) – novamente, uma libertação prática e pessoal da ação do pecado nas suas vidas. Paulo coroou o seu resumo da salvação pela graça através da fé em Efésios 2, declarando que o propósito da salvação é uma vida cristã cheia de boas obras. Infelizmente, todos conhecemos crentes que não vivem vidas "salvas". 

Nestes casos, é desnecessário discutir tipos de fé, genuína ou salvadora, temporária ou não. A justificação diante de Deus é somente pela fé – ponto final. O destino de uma pessoa independe das obras, mesmo que a sua vida cristã possa ou não ser visivelmente justificada pelas obras. Tiago conclui a seção com a analogia das obras que animam a nossa fé, assim como o espírito anima os nossos corpos. A fé está presente mesmo que faltem as obras, assim como o corpo estaria presente se faltasse o espírito, mas seria inútil e morto. Pedro, numa linha semelhante, exorta-nos a aumentar a nossa fé (2Pe 1:5-9) para que não sejamos infrutíferos.


Nota : A ideia incorporada na frase "a perseverança dos santos", isto é, o conceito de que aqueles que são verdadeiramente salvos terão boas obras e as terão até o fim da vida, está indo longe demais. As obras não são uma prova de salvação (do inferno), nem a falta de obras indica que não há salvação. Alguns promoveram um conceito chamado salvação pelo senhorio – novamente, isto é desnecessário. Num esforço para que as boas obras acompanhem e sigam a salvação, a justificação somente pela fé pode ser comprometida e ser apenas o primeiro passo de muitos. 

Somente a fé em Cristo nos leva ao caminho do céu; nossa experiência individual na estrada dependerá de nossas obras em resposta à nossa fé.


[1] Joseph Dillow, Destino Final: O Futuro Reinado dos Reis Servos, 2ª Edição (The Woodlands, TX: Grace Theology Press, 2015), 404.


Pratt, Justin

8. A fé é um dom?

O que você tem que você não recebeu?" (1Co 4:7). [1] Há um sentido em que tudo o que você desfruta é uma dádiva de Deus – ar para respirar, suas faculdades mentais, um teto sobre sua cabeça; todas essas são coisas pelas quais você pode agradecer justificadamente a Deus. Mas perguntar se a fé é um dom é diferente. A questão não diz respeito a coisas comumente vivenciadas por vastas multidões, mas a algo especialmente apreciado por alguns. Obviamente, a fé não é algo com que você nasceu; fé é acreditar em um relato de Deus e, portanto, requer uma medida de compreensão que você não poderia possuir na infância. E as pessoas têm fé ou não (João 3:18) – um dia você não confiou em Cristo, e no dia seguinte você confiou. Como isso aconteceu? Não afirmo ter todas as respostas sobre este assunto e assuntos relacionados, mas para nos ajudar a trabalhar em direção a uma resposta, consideraremos brevemente alguns textos específicos, abordaremos uma preocupação teológica mais ampla e concluiremos com o que Deus dá para capacitar a fé.


Alguns textos das Escrituras a serem considerados

Efésios 2:8 diz: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé. E isso não é obra sua; é um dom de Deus." Qual é o "dom" neste versículo – fé ou salvação? No grego, há uma correspondência gramatical de caso e gênero entre as várias classes gramaticais. Neste versículo, a palavra "isto" (na KJV , "aquilo") é um pronome neutro, enquanto "fé" é um substantivo feminino – eles não concordam em gênero (nem em caso). Não há base para afirmar que este texto ensina que a fé é um dom – a salvação é o dom e é recebida através da fé.

Em 2 Pedro 1:1, Pedro escreve "àqueles que obtiveram uma fé igual à nossa". Esta "fé" é a sua confiança pessoal em Cristo, ou é usada num sentido objetivo, significando o corpo da verdade (isto é, o evangelho)? Não há consenso unânime, mas muitos professores e estudiosos do passado [2] e contemporâneos [3] afirmam que é o último – isto é, esses crentes receberam o mesmo evangelho que Pedro e os apóstolos. 

Se a fé em mente é a sua confiança pessoal subjetiva em Cristo, o impulso do texto permanece o mesmo – Deus capacitou estes crentes a permanecerem no mesmo terreno que os apóstolos, através da fé.

Filipenses 1:29 diz: "Foi-vos concedido que, por causa de Cristo, não apenas creiais nele, mas também sofrais por causa dele". Seria um exagero dizer que este versículo ensina que a fé é um dom especialmente concedido. O que é concedido não é crença ou sofrimento, mas a oportunidade para eles acreditarem e sofrerem. Este é um ensino semelhante ao de Deus concedendo arrependimento em outras Escrituras. 

Em Atos 5:31, Pedro diz que Deus exaltou Jesus "para dar arrependimento a Israel e perdão dos pecados". Mas isso não significa que todo o Israel se arrependeu – significa que, pela misericórdia de Deus, foi-lhes dada a oportunidade de se arrependerem.

Nenhum destes textos das Escrituras deve ser entendido como significando que a fé para crer em Cristo para a salvação é um dom que Deus dá ao pecador.


A preocupação teológica mais ampla

A preocupação na mente de algumas pessoas, porém, é que se a fé não é um dom de Deus, então insinuamos que a salvação é uma espécie de empreendimento cooperativo onde o homem pode receber parte do crédito. Mas esse pensamento atribui mérito à fé quando as Escrituras não o fazem. Uma salvação recebida pela fé ainda é uma salvação que é toda de Deus e pela qual todo o crédito vai para Deus. "A salvação pela fé não está em contradição com a salvação pela graça…. Como Romanos 4:16 declara: 'É pela fé, para que seja segundo a graça.' A fé é a condição para receber a salvação, não há base para isso. A expiação de Cristo na cruz é a base para a salvação." [4] 

Uma criança não merece glória quando recebe um presente de aniversário comprado pelos pais; da mesma forma, um pecador que exerce fé para receber a salvação não merece nenhuma glória. Romanos 3:26-27 deixa claro que a doutrina da justificação pela fé proíbe automaticamente a ostentação – não porque a fé veio de Deus, mas porque contrasta com as obras de mérito.

É verdade que a fé é uma responsabilidade humana, mas é apenas a resposta da vontade de um pecador convicto à palavra de Cristo no evangelho e ao trato do Espírito em seu coração. "Nem todos têm fé" (2Tessalonicenses 3:2), mas não é culpa de Deus; e nas Escrituras, o fato de alguns terem fé não é motivo de louvor para ninguém. "Deus justifica o homem que crê, mas não pela dignidade de sua crença, mas pela dignidade daquele em quem se crê." [5]


O que Deus dá para capacitar a fé

As Escrituras não apresentam a fé para confiar em Cristo para a salvação como um dom que Deus dá especialmente. O que Deus dá para capacitar a fé é evidência. Suas obras, Sua fidelidade e a confiabilidade de Sua Palavra combinam-se como uma revelação de Sua credibilidade. Embora Sua graça não seja irresistível, Ele graciosamente nos mostra que é confiável. E na misericórdia de Deus, Ele não apenas fala, mas somos capazes de ouvir e responder – "a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo" (Rm 10:17). A fé não é um dom especial de Deus – isso só pode ser visto se for assumido e lido no texto. Ela surge como uma resposta humana à declaração do evangelho capacitada pelo Espírito, e é a ausência intencional dessa resposta que condena justamente o pecador incrédulo (Jo 3:18). "Não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê" (Rm 1:16). Não há nenhuma glória humana na apresentação bíblica da salvação – Cristo morreu e ressuscitou, o Espírito opera, os pecadores creem e Deus faz toda a salvação.


[1] Todas as citações bíblicas neste artigo são da ESV.

[2] Por exemplo, William Kelly, que diz que o versículo "não levanta nenhuma questão de medida de fé naqueles que crêem, mas afirma que aquilo que se acredita é igualmente precioso para o cristão mais simples como para um apóstolo".

[3] Por exemplo, Peter H. Davids na série Pillar New Testament Commentary.

[4] David L. Allen, A regeneração precede a fé? (Journal for Baptist Theology & Ministry, outono de 2014, Vol 11), 46.

[5] Richard Hooker (1554-1600), A Discourse of Justification, citado pelo Bispo HGC Moule (1841-1920).


Caim, Mateus